Questões para a chatnada assessoria Regina Novaes*
.. E visível, nos dias de hoje, o significativo crescimento do contingente de trabalhadores assalariados no campo. Assim como é significativo (nas entidades que procuram prestar serviço ao movimento popular) o crescimento da demanda de assessorias às campanhas salariais e greves no campo. O crescimento do contingente de assalariados é um dos reflexos da concentração fundiária e da modernização da agricultura (em parte patrocinada pelo Estado) nas décadas de 70 e 80. O crescimento da demanda de assessoria, por sua vez, não reflete apenas a existência de um maior número de trabalhadores assalariados, mas também reflete a atual conjuntura de redemoeratização do país onde se explicitam disputas pela condução dos movimentos entre correntes e concepções sindicais distintas. Neste sentido a modernização da agricultura e uma conjuntura de redemocratização, que se intercruzam em nosso país, poderiam resultar em melhorias efetivas nas condições de vida da força de •
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trabalho na agricultura, seja através da consolidação do mercado de trabalho, seja através da barganha sindical. No entanto, é voz corrente nos meios sindicais a constatação da situação de instabilidade e a superexploração da força de trabalho no campo. A partir desta última observação, meu objetivo neste artigo é lançar algumas pistas para a reflexão acerca do papel da assessoria nestes contextos de lutas trabalhistas no campo. Baseada em minha própria experiência na Paraíba, e em observação em outros espaços, devo dizer que - no campo da CUT -muitas vezes nos momentos de preparação e/ou avaliação de campanhas salariais destacam-se nas falas dois tipos de "responsáveis" pela situação atual dos assalariados do campo: a) o sindicalismo contaguiano, com suas caracte· rísticas e vícios; e b) os pequenos produtores que, na direção ou na base dos sindicatos, têm contradições com os assalariados. Vejamos cada um destes pontos.
Professora do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (I FCS), da Universidade Federal do Rio de Janeiro ( UF RJ) e colaboradora do Programa Movimento Camponês/Igrejas, do Centro Ecuménico de Documentação e Informação (CEDI) .