Assalariados rurais: experiências de forlllação sindical A/ex Sgreccia *
Campanha Salarial no Pontal do Triângulo Mineiro ( 1981 ).
O presente texto procura resgatar experiências de formação sindical com assalariados rurais que acumulei nos últimos anos como pesquisador e como assessor do movimento sindical. As referências aos canavieiros pernambucanos, freqüentes no texto, se devem à importância de suas luta e à pesquisa que realizei na região para minha dissertação de mestrado. Outras experiências foram citadas a partir do trabalho como assessor na Fetaemg, como téc-
nico da Escola Sindical do Dieese e como membro da equipe atual de formadores da Escola Sindical 7 de Outubro. O relato das campanhas salariais em · Minas Gerais concentra-se na região sudoeste, onde esses movimentos foram mais significativos. Noções preliminares sobre o mercado de trabalho no meio rural foram introduzidas para situar o contexto das lutas dos assalariados e os elementos que foram incorporados nas atividades de formação analisadas.
Mercado de trabalho no meio rural A análise do mercado de trabalho no meio rural deve considerar dois momentos intimamente relacionados: sua origem e sua dinâmica atual. Na constituição do mercado incluem-se os processos que transformaram o trabalhador em mero assalariado, expropriado dos meios de produção e levado a vender a força de trabalho, único elemento de que dispõe para assegurar a reprodução sua e de sua família. Os processos que estão na origem da transformação da força de trabalho em mercadoria numa determinada região influenciam a forma como o trabalhador assalariado integra-se nesse mercado. Em outras palavras, os mecanismos que asseguram aos proprietários rurais, no presente, determinadas formas de exploração do trabalho têm relação dire-
ta com os processos econômicos e pol íticos em que antigos moradores colonos ou pequenos proprietários foram reduzidos, no passado, à condição de assalariados. O quadro estaria incompleto se não fosse considerado como os atares inte ragem a partir dos conflitos gerados pela relação de compra e venda da força de trabalho. A leitura desse processo, efetuada do ponto de vista dos trabalhadores, destaca a forma como se organizam e lu tam contra a exploração a que estão submetidos. Suas lutas, as greves, a campanha salarial e a negociação coletiva têm estabelecido determinados parâmetros para o funcionamento do mercado, na medida em que os sindicatos conseguem estipular as condições de venda da força de trabalho.
* Sociólogo, coordenador-geral da Escola Sindical 7 de Outubro, em Belo Horizonte (MG) .
64