O movimento em Santa Catarina
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Mirian Prochnov*
O movimento ecológico em Santa Catarina surgiu nos anos 70 com pequenas entidades em diversos pontos do estado, preocupadas com a conservação do meio ambiente local: degradação com a exploração do carvão no sul, ocupação desordenada no litoral pela especulação imobiliária , devastação da Mata Atlântica no Vale do Itajaí etc. Neste período, o movimento ecológico tinha caráter quase exclusivamente conservacio- nista e suas princi. pais táticas eram as denúncias de agressões. A partir dos anos 80 o movimento articulase regional e estadual- ·c: mente ganhando um ~ caráter mais político. ~ o Desta articulação surgiu a ~ ::E Federação de Entidades Ecológicas CatarinensesFeec -, em dezembro de 1988, com 18 entidades. A Feec surgiu de um processo de discussão que durou dois anos e que teve como pontos fortes a elaboração de propostas ecológicas para Santa Catarina e o fortalecimento de cada uma das entidades ecológicas. O objetivo principal da federação é articular as entidades em tomo das lutas comuns, além de manter um constante intercâmbio entre as mesmas, sem nunca
• Presidente da Associação de Preservação do Meio Ambiente do Alto Vale do ltajaí. Coordenadora Geral da Feec 88/89 e representante do Ecofórurn!SC na Coordenação Nacional do Fórum de ONGs Brasileiras, preparatório da Rio-92.
proposta
noss março 1993
assumir a luta individual das entidades e interferir na sua organização e atuação. O número de filiados não é o ponto forte das entidades ecológicas em Santa Catarina . São em geral pequenas, tendo ente 10 e 1 000 integrantes, que fazem do voluntariado a sua principal arma. A falta
Desmatamento desenfreado emperra o desenvolvimento em Santa Catarina.
de entidades profissionalizadas onde os ecologistas possam fazer da luta pelo meio ambiente o seu ganha pão é uma das principais dificuldades.
Individualmente as entida~ não
produzem o mesmo efeito que em ronjunto
A Feec veio para superar alguns problemas, principalmente os relacionados ao lobby político, já que individualmente as entidades não produzem o mesmo efeito que em conjunto. Durante a Constituinte estadual, sob a coordenação da federação, foram coletadas 10.000 assinaturas para uma emenda popular sobre o capítulo do meio ambiente. A emenda no entanto não foi aprovada, dado o caráter conservador dos constituintes. Isso provou que o trabalho em conjunto é possível, mas, mesmo assim, difícil. Depois da Constituinte a prioridade da Feec passou a ser o intercâmbio entre as entidades do estado para aprofundar o conhecimento das diversas realidades regionais e desta forma concretizar a federação. Veio então o boletim informativo Ecologizando, produzido totalmente de maneira artesanal, que passou a ser um dos veículos de comunicação entre e para as entidades. O fortalecimento das entidades também foi favorecido pelos cursos de formação para ecologistas, ministrados em bases voluntárias e sempre em finais de semana. No programa básico os temas: análise do movimento ecológico e suas lutas, análise da estrutura e conjuntura, política nacional e estadual de meio ambiente, legislação ambiental e estrutura dos movimentos populares. A atuallinha de pensar e agir do movimento ecológico catarinense foi em grande parte produzida e aperfeiçoada durante esses cursos, que produziram o conhecimento 9