Edição 56, março / 1993

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as políticas é através dos conselhos. Temos que lutar para que funcionem os conselhos estaduais e municipais - Meio Ambiente, Saneamento, Urbanismo etc. Lutar para que não só o de Meio Am biente e o de Criança e Adolescente sejam deliberativos. Todos os conselhos devem ser deliberativos. A sociedade civil tem direito a não só dar sua opinião, mas que essa opinião prevaleça numa discussão. Os conselhos têm que ser paritários. A participação popular não pode ficar apenas no reivindicatório, através de manifestações, de atos públicos. Temos que ter uma real participação no poder público. Temos que ver o poder público não apenas como: você elegeu, acabou, daqui a quatro anos tenta de novo. Não. São quatro anos que você tem que acompanhar o tempo todo! Se não há espaço dentro do poder público a maior parte destas propostas caem no vazio. Porque elas dependem do poder público para serem implementadas. A questão das favelas, por exemplo: se o poder público não participar, podemos fazer um projeto bonito de reflorestamento .. . só que é aquela coisa que o ' Etevaldo falou: os projetos que aconteceram antes da Eco-92 foram uma grande maquiagem da cidade, mas não há continuidade. •

O Plebiscito de 1993

Equipe de Aeeeaaoria/ISER Ladeira da Glórta, 98 • Glória 22211-120 • Rio de Janeiro - RJ Teoi. :(021) 265-5747 Fax: (021) 205-4796

proposta n11 56 março 1993

O movimento ambiental e as questões sociais

João Paulo Capobianco*

Atualmente, é inconcebível disdesenvolvimento econômico, seria natucutir o meio ambiente sem tratar das ·ral que as estratégias de atuação também questões relativas ao desenvolvimento. fossem consensuais entre as diversas orA luta pela conservação do patrimônio ganizações não-governamentais brasinatural somente se justifica se for para leiras. Mas isto não é verdade. melhorar a qualidade de vida das atuais e Durante o processo preparatório futuras gerações. Preservar não é um fim da Rio 92, travou-se uma discussão acirem si mesmo. rada entre ONGs. De um lado algumas A correta abordagem sobre o vínentidades ambientalistas reivindicavam culo estreito entre as questões ecológicas, sociais e econômicas foi uma das grandes contribuições conceituais da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92. Diferente da conferência de Estocolmo, realizada pela ONU em 1972, quando a questão ambiental foi tratada de forma ~ isolada, a conferência do Rio ~.. apontou para uma compreensão ~ integrada considerando a questão ~ •"-'Íiorl''!l""'!.r'-"l• ambiental de uma forma inter- ·c: ~ <( relacionada e dinâmica. A própria ONU, que não é nenhuma organização de vanguarda, hoje reconhece que a solução para os gravíssimos proA ONU reconhece que a solução para os problemas ambientais passa pela reformublemas ambientais do planeta paslação do modelo econômlco. sa pela reformulação do atual modelo econômico internacional, responsável pelo empobrecimento, endia exclusiva competência de atuar nas vidamento e degradação dos países poquestões de meio ambiente. De outro, as bres, que possuem dois terços da popuorganizações sindicais e de assessoria aos lação do globo. movimentos sociais exigiam igualmente Se todos concordam com a desua participação no processo. pendência direta entre meio ambiente e Uma análise superficial destes acontecimentos pode levar à conclusão precipitada de que se tratava de uma •Superintendente da Fundação SOS Mata Atlântica. disputa por uma "reserva de mercado". 41


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