Editorial
1m FASE Dlr.torla
Desenvolvimento e meio ambiente Já repararam que quase não existem, no pequeno mundo das ONGs brasileiras não ambientalistas, entidades que se chamam de "desenvolvimento"? Tal ausência pode serreferida à conjuntura na qual a maioria das ONGs nasce: a ditadura. As entidades precisavam se distinguir do projeto de desenvolvimento oficial. Durante os anos 80, essas ONGs contribuíram positivamente à entrada no palco da sociedade organizada, de novos sujeitos sociais. Mas ainda colocavam-se numa atitude de resistência, mais do que propositiva. Virou-se essa página. Queremos que todos sejam sujeitos ati vos na construção de um projeto de desenvolvimento para ·o país. Desenvolvimento que comporta várias dimensões: política, econômica, espiritual, social, cultural e ambiental. Este número de Porposta se insere neste movimento de positividade tomando como referência a questão ambiental. Como disse Renato Cunha em seu artigo: estamos dando um salto de qualidade, passando da denúncia para propostas alternativas ao modelo de desenvolvimento. Não se trata de "crescer a todo custo" , como teme Thomas Fatheuer, caso seja vitoriosa a proposta das economias dominantes. Nem de "privatizar a natureza", o que "resolveria" a degradação ambiental e daria novo alento ao modelo capitalista de desenvolvimento, como analisa Henri Acselrad ao apresentar um dos pólos da discussão sobre desenvolvimento sustentável. Não basta o Brasil planejar novas políticas industriais, necessárias, mas que não responderão à profunda crise social brasileira, como reconhece o economista Fábio Erber. Além do mais, o exemplo da Amazônia no artigo de Paulo Oliveira e Jean-Pierre Leroy mostra como velhas e novas políticas podem se combinar para perpetuar o massacre. Não apresentamos a solução. Mas não faltam neste número "idéias de como fazer": - O neoliberalismo está chumbado. Encolhe o estatismo ( Francisco de Oliveira) mas reaíuma-se o papel regulador do Estado e a nobreza do político. A luta por um meio ambiente para a sociedade no seu conjunto é uma luta a ser travada no campo da política (Henri Acselrad). - Por uma democracia participativa que vai desde os conselhos paritários e deliberati vos até a discussão e intervenção em programas públicos. (Como a cidade vê a luta pela preservação do meio ambiente? ) -Criação de espaços e dinâmicas cole ti vas no respeito às diferenças. (artigos de Sonia Correa, João Paulo Capobianco, Renato Cunha e Mfriam Procbnov). - Incorporação de novos temas à ação tradicional dos atores sociais ( Paulo Sérgio Muçouçah) - Afirmação de outros valores revalorizando ·as regras de reciprocidade, obrigações e deveres que caracterizam as regras tradicionais (Sonia Correa). - Quando Cristóvão Buarque ( p.44 ) propõe subordinar a técnica à ética, ele vai ao encontro do propósito de Proposta: mostrar o movimento de solidariedade ativa na busca da construção de uma terra em que a mesa seja posta para todos, em que as águas, os campos, as florestas nos dêem o prazer de nos sentirmos vivos. Conselho Editorial
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proposta Experi2ncias em Educação Popular Uma publicação trimestral da FASE
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