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De 5 a 12 de setembro de 2014 • Edição 1210 • ANO XXXIV www.operumo­lha­do.com.br

O MAIOR ­ AL JORN BÚZIOS

Desculpe-nos

Muitas homenagens não puderam ser publicadas nesta edição. Por isso, continuaremos com a campanha de eternas homenagens a Marcelo. Continue contribuindo.

UM JORNAL CEGO, SURDO E MUDO


! i u FA ntes que alguém com pressa de fazer meu obituário escreva qualquer coisa, enchendo o espaço com sentimentalismo barato, prefiro eu mesmo fazer o meu, por mais absurdo que isto pareça. Aliás, comigo nada é absurdo, tudo é absolutamente normal, dentro dos meios conceitos, obviamente. Nada daquele papo de “coitadinho era uma boa pessoa” ou “era tão moço”, até porque faz muito tempo que deixei de ser boa pessoa e não sou tão moço assim. Tem que ser um necrológico sincero, porque de que vale a vaidade depois de morrer – só a vaidade de estar morto. Não fui um bom filho, o que não quer dizer que os meus pais seriam melhores filhos se eu fosse o pai. Bom marido, não fui, bom, também com as mulheres que vivi não me deram esta oportunidade. Nunca roubei – salvo algumas miudezas em lojas de departamento (afortunadamente o alarme nunca tocou), nunca menti conscientemente, aliás considero este meus grandes defeitos. Sacanear os amigos sempre foi meu esporte preferido, mas tive a sorte de mesmo assim continuar a tê-los como amigos. Egoísta fui a vida toda, como todos, porem tratei de nunca revelar a ninguém, como todos. Jamais amei ao próximo como a mim mesmo, em contra partida nunca ninguém me amou como eu mesmo. Fui covarde e fui valente, a única pessoa a que tive medo foi a mim mesmo, isso prova a minha valentia. Nunca tomei nada de ninguém, mas vou deixar tudo que não tenho para os têm menos que eu. Nunca cobicei a mulher do próximo, só a do afastado. Nunca tive inimigos, apenas desafetos, mesmo as aves de rapina travestidas de pássaros silvestres não foram classificadas como tal, afinal como filho de psiquiatras conheço bem as mentes psicopatas. Preocupei-me mais com meus desafetos que com meus amigos, afinam os amigos nem sempre se preocupam com a gente. Defendi minha vida do meu jeito, mas jamais a arrisquei para defendêla. Dinheiro nunca foi uma preocupação,

NOTA DE PESAR O prefeito de Cabo Frio, Alair Corrêa, lamenta a prematura perda do jornalista Marcelo Lartigue, fundador do jornal “O Perú Molhado” e une-se a familiares e amigos em oração de paz e conforto. O prefeito Alair Corrêa reafirma sua admiração e respeito a um dos jornalistas que contribuiu com seus serviços para o fortalecimento da imprensa e da democracia. Alair Corrêa Prefeito de Cabo Frio

Con­se­lho edi­to­rial Bri­git­te Bar­dot, Clau­dio Kuck, Ivald Gra­na­to, Jo­ mar Pe­rei­ra da Sil­va, Fi­no Quin­ta­ni­lha, Re­na­ta Des­ champs, Ota­vi­nho, Umberto e Clau­dio Mo­dia­no, Er­nes­to Za­bo­tinsky, Tra­ja­no Ri­bei­ro, Re­na­to Pa­co­te, Jor­ge Te­des­co, Clau­dio Co­hen, Lau­ritz Lach­man, Gui­lher­me Araú­jo, Pe­dro Pau­lo Bul­cão, Pau­lo Ma­ ria­ni, Al­ber­to Fan­ti­ni, Ma­rie Anick e Jac­ques Mer­ cier, Ara­guacy da Sil­va Mel­lo, Luis Ed­mun­do Cos­ta Lei­te, Mar­cos Pau­lo, Elie Sha­ye­vitz, Jo­nas Suas­su­na, Gló­ria Ma­ria, Ruy Castro, Heloisa Seixas, Márcio Fortes, Luiz Fernando Pedroso, Lula Vieira, Antônio Pedro Figueira de Melo, Eduardo Modiano, Ancel­ mo Góis, Etevaldo Dias, Joaquim Ferreira, Thomas Sastre, Adriana Salituro, Armando Ehrenfreund, Mário Pombo, Nelson Bellotti e José Leão Portinari.

O indrédulo Marcelo colecionava bíblias em várias linguas, justificando que dessa forma não tinha como lê-las, imagens de santos e artefatos sacros de outras religiões. Uma vez nos confessou que conheceu duas pessoas iluminadas: o Papa João Paulo II e Castor de Andrade

pois nunca tive nada. Segredos, nunca tive, como jornalista passei todos adiante. Sempre fui ateu, mas confesso que nos últimos tempos estava acreditando em tudo, a proximidade da morte faz isso. Conquistei varias mulheres, poucas com o coração, algumas com a lábia e muitas com o jornal. Sempre tive pavor a médicos, eles sempre descobrem enfermidades que nunca imaginávamos ter. Um orgulho

Di­re­tor Mar­ce­lo Lar­ti­gue

Copydesk Eva Lartigue

Editor Adjunto Janir Hollanda

Fun­da­do­res Ma­rio Hen­ri­ques e Pe­dro Luis Lar­ti­gue

Jor­na­lis­ta res­pon­sá­vel Victor Pinto MTB 27666 Editor de fotografia Photoshop Re­pór­ter Victor Viana Sandro Peixoto Mônica Casarin Denis Kuck Janir Junior Arthur Veríssimo

é ter vivido 120 anos em apenas sessenta: finalmente livrei-me desta maldita insônia. Tive a fortuna de ter dois amores incondicionais: minha mãe e minha filha, de que levo comigo um pedaço do seu corpo e todo seu coração. Desligo, acabaram os creditos. MINHALAPIDE: Fui, mas a Eva continua na redação aguardando seu anuncio.

Diagramação Caroline Moreira Diretora Comercial Só Jesus sabe!

Ge­rên­cia de Ven­das Tráfego Publicidade & Marketing Ltda. (21) 2532-1329 (21) 9100-7612 Me­ce­nas Umberto Mo­dia­no Im­pres­são Tribuna de Niterói Diretor de Distribuição Muchacho Bicho Doido Depto. Jurídico Dr. Ulisses Tito da Costa

O Pe­rú Mo­lha­do / Edi­to­ra Mi­ramar CNPJ: 02.886.214/0001-32 Rua Alfredo Silva, 226, casa 4 Cep 28 950-000 – Brava - Ar­ma­ção de Bú­zios –  RJ Celular/redação: (22) 98128-3781 / 2623-1422 Comercial: (22) 2623-1422 E-mail: operu­mo­lha­do@globo.com operumolhado@gmail.com Si­te: www.operu­mo­lha­do.com.br

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GASTRONOMIA | PAISAGISMO | DECORAÇÃO

De 5 a 12 de setembro de 2014 – O Perú Molhado


Perú Molhado, 30 anos sem tirar de dentro Escrevi este texto quando o Peru fez trinta anos. De certa forma, é uma homenagem ao Marcelo. Ele era o Perú. Mas algo me diz que como na música popular, morre o homem e fica a fama. Neste caso, morre o homem e fica o Perú. Desta vez, molhado de lágrimas. Mas fica. Acho. Por Lula Vieira

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ra, salve ele! O trintão Perú, com garra de adolescente, ostentando glorioso o prepúcio dos vencedores. Perú Molhado, velho de guerra, 30 anos, quem diria? O único e verdadeiro órgão de grande penetração da imprensa brasileira. Impávido, colosso, um jornal com cabeça e tronco. E membro. Rígido em sua filosofia, duro em sua labuta, altaneiro na sua fé. Um jornal que nunca dá de ombros diante dos problemas sociais. Até porque, como dizia a zelosa mãezinha à sua filha: “não se esqueça nunca – este troço não tem ombros”. Ou seja: o Perú Molhado nunca propôs colocar apenas a cabecinha. Sempre entrou com tudo na luta em defesa da cidade e de seus cidadãos. Em sua longa trajetória jamais ficou murcho diante dos ricos e poderosos. Pelo contrário. Toda vez que um sátrapa de ocasião fez ameaças, o Perú levantou a cabeça e partiu para a peleja, pulsante e firme em suas convicções. Em suas veias corre o sangue dos heróis, daqueles que preferem a morte do que broxar. Não há repouso para os de sua estirpe. Seja qual for o objetivo, sejam quais forem as dificuldades, um Perú que se preze – e o Perú Molhado se preza – vai em frente. Adentra com tudo, não esmorece. Como diria Winston Churchill: “lutaremos nas praias, lutaremos nas ruas e nas colinas, jamais nos renderemos”. Pode não parecer à primeira vista, mas há grande semelhança entre as duas idéias: defender a Inglaterra e editar o Perú. Ambos precisam de entusiasmo, fé, esperança e – sobretudo – espírito de sacrifício. Voltando ao Churchill. Ele disse: “mais do que tudo, manteremos a cabeça erguida”. Também esse é um dos

lemas do Perú. Um jornal de cabeça erguida. Cabeça erguida e olhos fechados, pois Perú que se preza é cego. Cego, surdo e mudo. Um aríete, cuja glória é arrebentar tudo que se lhe opõe. O Perú Molhado não se compara a nenhum outro veículo impresso no Brasil ou no mundo. Quer um exemplo? Nenhum outro jornal, nenhuma outra revista, nenhum outro periódico seja qual for sua denominação, possui santo próprio. Existem até alguns veículos que se inspiram em santos. Mas somente o Perú tem o orgulho e a glória de ter um santo próprio. O São Perú, que tal como a casa do operário descrita por Vinícius de Morais, é um santo sem religião. Não foram de rosas estes trinta anos de permanente ereção cívica. Por suas atitudes o Perú já foi agredido, violado, difamado. Mas, como disse Marcelo Lartigue quando foi estuprado na sacrossanta redação do Perú por uma autoridade menor, antes de desmaiar: “Sou um Perú, não mera binbinha”. Esta frase lapidar, que mereceria estar imortalizada, se perdeu na poeira do tempo, pois como todo Perú, este aqui também tem memória curta. O Perú Molhado é conhecido em quase todo Brasil por suas posições corajosas. O seu coirmão menor editado no Rio de Janeiro, chamado do O Globo, não cansa de registrar acontecimentos relativos ao jornal. Aliás, dizem os mais bem informados, a

Pérola Búzios Hotel, Convention and Academia Mourn the loss of there friend Marcelo. Rest in peace. De 5 a 12 de setembro de 2014 – O Perú Molhado

Marcelo admirava muito este trio: Lula Vieira, Mauro Melli e Luiz Fernando Pedroso, em especial por todo apoio que deu ao jornal na época em era rodado na Ediouro

grande maioria das jornalistas do Globo sonha toda noite com o Perú. Isaura, a patroa do Agamenon Mendes Pedreira, o mais sério colunista do já citado O Globo,

é viciada no Perú. Vai Perú Guerreiro, continue Perú Justiceiro, seja para sempre o nosso Perú Molhado!

“Ao tão querido e irreverente Marcelo, à sua família e aos seus amigos, nossos mais sinceros sentimentos”.

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Marcelo não gostava, mas sempre era capa do Perú

Tem gente que veio pra ficar Por Luisa Barbosa 014 não tem sido um ano fácil aos mortais da Terra de Vera Cruz. Perdemos um dos nossos maiores escritores, um dos nossos maiores cartunistas e humoristas, dos maiores educadores, atores, políticos... A vida é mesmo efêmera e se vai. Um sopro. Um grito. O que permanece são as coisas boas construídas e partilhadas. A graça. Aos que ficam, a memória e a saudade. Recebi com dor o e-mail “uma notícia triste”, que comunicava o falecimento do querido Marcelo Lartigue. Querido mesmo sem querer, sem se esforçar pra tal.

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Um homem autêntico que tive a sorte de encontrar no balneário. E de também ser marcada, como muitos, por sua autenticidade. Li e reli o texto ansiando que na também “efemeridade” do e-mail estivesse a esperança de uma escrita apressada, de uma frase mal lida. Não pude fugir. A matéria se vai na mesma intensidade da vida que se quer viver. Mas Marcelo é desses homens que suplantam o corpo. Desses que não vem ao mundo a passeio. Que não passam despercebidos à história. Por isso ele foge das frases finais típicas dos obituários: Marcelo Lartigue, 60 anos, deixa este, aquilo, aquele. Marcelo não deixa nada. Ao contrário.

Registrando a última Copa

Oferece ao mundo um jornal, com mais de 30 anos de história, que só de ser pronunciado diverte. Que remete à irreverência e ao humor, em tempos que só nos parece restar hashtags, manchetes, caretices e frases de efeito da moral e do bom costume. Nos presenteia com uma filha que de sorrir abraça. Que deu um pedaço de si à esperança da vida. Nos dá um filme so-

bre a história de uma Búzios que é praia de Babel. Outro sobre O Perú. Muitas montagens, imagens, bordões, promessas e processos judiciais. Entrega um legado que orgulha Búzios e os que puderam partilhar um pouco da sua intensidade. O Marcelo vai. Mas fica. Que nós o tenhamos sempre. Amém.

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Queridos colegas do Perú, é com muita tristeza que recebemos a notícia dessa última viagem de Marcelo, nosso querido e maior jornalista, buziano verdadeiro, de corpo e alma, irmão! Parceiro incondicional, Marcelo sempre nos abriu com carinho as páginas do Perú, nosso grande divulgador de projetos e sonhos, força máxima da Céu Aberto Filmes. Obrigado Marcelo! Siga em paz! Saudade sempre, dos amigos Fernanda e Nenéu Foi com muita tristeza que soubemos do falecimento precoce do MARCELO LARTIGUE , este grande defensor, divulgador e amigo de Búzios que conheci a quase 30 anos Certamente é uma perda insubstituível . Búzios perdeu parte de sua alegria com o seu falecimento . .. À sua filha Eva e familiares os nossos pêsames . Alencar Polimeni , Therezinha, filhos e netos. Prezada Família Lartigue, O jornalismo irreverente e ao mesmo tempo profundamente comprometido com a melhoria da qualidade de vida em sua região, a internacional cidade de Armação de Búzios, perde um grande expoente - Marcelo Lartigue. Meus sentimentos à família Lartigue e companheiros de trabalho. Atenciosamente, Otavio Leite - deputado federal Foi informado da amiga Solange do triste accontecimento do decesso de Marcelo. Eu tive por meio da Vera a informacão que o transplante tinha dato certo e fiquei feliz por isto. A tristeza que provei en receber a informacão da morte do meu querido amigo è dificil de descrever. Me comprimento com a Eva pela coragem que tive em ajudar o pai e lhe partecipo toda as minhas condolências. Soube que o enterro foi fantasmagorico no estilo dele, sento muito de estar doente eu também e não ter condicoes de me prontificar para ajudar nos meus limites você Eva. Se precisar de alguma coisa en que eu possa ser de ajuda a distância, por favor me contate. Um abraço, Paolo e Flora Mariani

Meus sentimentos a família e galera da redação pela passagem do nosso amigo para a vida eterna que descanse em paz. Paulo de Deus Marcelo é uma referência nacional. Receba os nossos sentimentos. De fato o Marcelo é uma referência nacional. Receba os nossos sentimentos. Continentino Porto - Presidente do SJPERJ Oi Eva! Meus sentimentos pelo falecimento de seu pai…Só soube agora e estou muito triste!! Conheci seu pai a pouco tempo por intermédio de meu pai e gostávamos muito dele. Todos meus amigos de Buzios também adoravam o Marcelo. Estarei sempre ao seu dispor para o que você precisar. Qualquer coisa que precisar de mim e de meu pai. Sei que nesta hora tudo parece sem sentido mas vamos estar juntos de vce sempre que precisar. Mais uma vez sinto muito mesmo por ele ter nos deixado! Espero que você tenha forças neste momento tão triste. Tenha certeza que ele está bem e logo logo estará olhando por todos nós. beijos. Frederico Rozário. O Perú é uma referência para mim, sempre foi. Anibal, meu pai e Marcelo apostavam em quem iria primeiro. Agora todos se foram e um pouquinho de nós também. Com certeza o jornalismo está mais sem graça agora. Marcelo é um grande cara. Bem que podia ser mais uma brincadeira do Perú... Um forte abraço para todos os colaboradores, quem já passou por lá e para a Eva.

Meu queridissimo amigo, o grande marcelo. Perder um amigo pode causar saudade, mas nunca esquecimento! R.I.P. Um grande abraço, Otto weisser

Denis Weisz Kuck

P A L Á C I O T IR A D E N T E S : L U G A R D E M E M Ó R I A D O P A R L A M E N T O BR A S IL E IR O.

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Búzios perde seu Macunaíma Por Mônica Casarin

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arcelo Lartigue era a versão argentina de Macunaíma! O anti-herói de Búzios! Sem Marcelo a cidade perde sua irreverência, seu charme, seu carisma, sua alma. Búzios nunca será a mesma! Fica difícil pensar em adjetivos para o Marcelon, só fica este sentimento de vazio, de uma história que se partiu. Eu tive três mestres importantes em minha breve carreira de jornalista: Geraldinho Carneiro, em Brasília; Edgar Lisboa, no Rio e Marcelo Lartigue, em Búzios. Destes, o Marcelo foi sem dúvida o mais impressionante, o que mais mexeu com os meus sentimentos. Com ele, tive momentos de profunda alegria, riso solto mesmo; e momentos intensos de raiva. Lembro de brigas homéricas que tivemos nos fechamentos do Perú. Como ele era bom em irritar as pessoas! Aliás, esse período que tive o prazer de conviver com Marcelo, Aníbal, Nélia, Sandro, Carol e Alan foi divertidíssimo e de muito aprendizado. Os fechamentos do Perú eram uma verdadeira odisséia, mas era tão divertido que sempre vinham os à toa de sempre para dar uma pescoçada no que tava acontecendo, ficar batendo papo e filando o rango que vinha do Don Juan ou da Parvati – tudo de graça, claro! Aliás, a boca livre era a marca do Marcelo. É a única pessoa que conheço que viajou quase o mundo todo sem gastar um tostão, só na aba dos amigos generosos e de outros interesseiros. É por isto que foise deste mundo sem deixar nada material. Viveu como uma espécie de Robin Wood anarquista, usufruindo dos amigos ricos e ajudando os amigos pobres. O que deixava a Nélia louca, pois as contas do Perú nunca fechavam. Ninguém fez, faz ou irá fazer um jornal como o Marcelo, não tem outro igual.

Com todo o respeito e carinho que tenho pela equipe do Perú, lamento dizer que este, assim como nós tivemos o prazer de conhecer, não existirá mais! Porque só o Marcelo sabia a receita exata de fazer um jornal irreverente, mas com uma verdade crua e direta. Só ele podia se permitir ‘gozar a cara’ dos amigos e políticos buzianos sem que estes cortassem relações com ele. Claro que ficávamos bravos por um tempo, xingávamos, esperneávamos, mas logo passava porque afinal de contas... era o Marcelo, era o Perú! A perspicácia do Marcelo para fazer piada com coisa séria era algo perto da genialidade. Muitos aqui em Búzios diziam – e dizem - cobra e lagartos sobre o Marcelon, mas no final das contas, sempre iam atrás dele quando queriam criticar os oponentes. Isto porque só ele sabia o tom certo, a critica feroz e acertada. Eu não sei o que falar para a Eva neste momento, pois palavras nunca vão poder confortar esta menina, que em pouco tempo foi obrigada a virar mulher passando por provações que muitos de nós não suportaríamos. Fico chateada comigo mesmo por não ter ido ir visitar o Marcelo nestes últimos tempos, quando ele mais precisa dos amigos. Arrumei mil desculpas para tentar me enganar, mas a verdade é que não consegui enfrentar esta realidade. Sabia que o fim de uma grande história estava terminando e me acovardei, tentando fingir que nada estava acontecendo. É triste ver que Búzios está perdendo suas personalidades mais marcantes, mais especiais; está ficando careta e sem graça. ‘Bolta’ Marcelo, de onde você estiver, ‘bolta’! Porque isto aqui vai ficar uma chatice sem você! FIM DA HISTÓRIA

Búzios sofre uma grande perda com o falecimento do nosso querido e amigo Marcelo Lartigue, com a marcante e irreverência que é o seu jornal, muitas pessoas confundiam e chegavam a odia-lo por algumas matérias que eram publicadas e que com certeza não os agradavam tenho a certeza também que aqueles que tiveram a oportunidade de conviver com ele como eu tive, aprenderam a ama-lo de uma forma muito especial, porque o Marcelo foi muito especial para esta cidade que o acolheu como um verdadeiro buziano, participou diretamente da luta da emancipação do nosso município,um dos grandes responsável por criar a marca Búzios que temos hoje divulgando e fazendo conhecida internacionalmente. Um homem cercado do carinho de pessoas glamorosas mais que nenhum momento ostentava uma posição de glamour, pois soube criar uma maneira simples de viver que para ele estava tudo bem. Um amigo me fez uma pergunta: Ele morreu te devendo? E eu lhe respondi: Não há no mundo dinheiro que pague uma verdadeira amizade, o respeito ao meu trabalho e a gentileza com a qual ele me tratava, ele não foi o meu cliente ele foi e será sempre meu amigo. João Luiz (Jó) - Taxista

Marcelo vai recomeçar em outra praia!

O espetáculo tem de continuar Por Eduardo Almeida

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arecia que uma voadora do Vitor Belfort, havia atingido a minha lombar. Terça feira, 02 de setembro de 2014, um dia ensolarado, mas segundo os moradores, ¨ um dia esquisito ¨. Logo de manhã, a noticia varreu Búzios nas redes sociais: Marcelo Lartigue, morreu. Quem primeiro sentiu a noticia foi a minha lombar, parecia que havia sido atingido por uma voadora do Victor Belfort. Quando alguém muito especial morre,

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a primeira coisa que vem a tua cabeça: nunca mais vou ver esse cara na minha vida. Depois desse pensamento muito doído, a vontade de chorar, depois a vontade de ficar com olhar preso no infinito, pensando a esmo e lembrando de tudo que aconteceu nos últimos dias com o Marcelo. Sacanagem? Nada, para ele como disse a amiga Chris Palomita, foi a cura definitiva. Para nós a dor infinita. Fomos procurar o nosso fisioterapeuta e doublê de analista de plantão, o Antonio Carlos Rocha, o Toninho. Ele sempre tem uma solução para grandes proble-

mas. Lá encontrei outra nocauteada pela morte do Marcelo, a Silvana Graça. Dividir a dor é fundamental nestas horas. Na conversa a luz e na luz as idéias mais loucas. No caso do Marcelo somente idéias loucas, como não poderia deixar de ser. Em minutos incorporamos as idéias de Marcelito e as linhas para uma super produção começaram a surgir. Silvana falou com o Hamber, que falou com o Vitor, que falou com o Sandro, que falou com o Muchacho, que falou com a Carolzinha, que falou com o Mario Paz, que

falou com o Isac, que falou com o Mureb fogueteiro, que falou com o Marreco Botafogo, que falou com o Pitalô, e que falou com o Renascimento, afinal o São Perú, teria de estar avisado e pronto para a cerimônia, e que falou, .... falou-se até com o Gil e a puta que o pariu. Pronto os planos para o velório e o enterro estavam prontos. Muita gente, muitos comes e bebes, muita musica, muito choro e muitos risos. Afinal não é todo dia que morre um Marcelo Lartigue. Marcelo, como diria o Magri, você é imorrível e vai deixar uma puta saudades em todos nós.

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Jornalismo de merda!(Gonzo?) Ao Marcelo Lartigue (In Memoriam) Por Luciano Moojen

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em uns putos que comandam esta porra. Dão ordens nos veículos de comunicação. Impresso, falado e televisado. E os donos obedecem... Vejam bem. Que notícia é esta???? “Sabrina Sato vai retirar uma pinta preta que tem em sua testa!”. Foda-se a pinta da milionária “apresentadora”. Publicação massiva sobre este “fato”. Tem mais. Nosso povo esta fodido. Liberaram a porra do crédito e a metade de nossa população esta no SPC... Duzentos milhões de gente. E a juventude não estuda. Noventa por cento dos “jovens” não completou o primário. Darão em quê??? Tenho medo de usar roupas de marca. Fico preocupado quando meu filho sai de casa bem vestido... Seu telefone é melhor que meu computador... Vamos ao “GONZO”... O comandante da mídia tupiniquim manda botar gente gorda na mídia. Programas de emagrecimento... A rede bobo pagou cinco milhões para emagrecer o tal de ‘fenômeno’. SBT e Record fazem a mesma pantomina. Qual a intenção??? Engambelar a nossa gente. Todo o mundo gordo... Muita comida... Não é verdade!!! Setenta por cento de nossa gente passa fome! Não tem comida. E, esquece-se de suas agruras... Vendo os comandantes desta falácia mostrarem a gordura que não é do meu povo. Tem mais. Mídia de merda. Mora em Roma uma “repórter” da Vênus Platinada.

O porra da mulher é nada menos do que “porta voz do Vaticano” para o brasil, com minúscula. Fala pausadamente do santo papa. Santo é o caralho. O argentino foi eleito. E comanda um dos países mais rico do mundo, incrustrado dentro da capital Romana. Roubam pra caramba e tem ‘imunidade diplomática”. A polícia italiana não entra lá não. Fodem muitas criança... E os empregados desta ‘instituição’ são obrigados a assinarem contrato. Tipo assim... “Não serei veado, não foderei e nem gozarei. E serei pobre a vida inteira”. Fala sério. Inqueri um padreco noutro dia. Quase que dá em merda. Perguntei se ele era veado, se dava a bunda... Ou se ele fodia suas pastoras... E o mané com suas mãozinhas juntas, mandou pra mim... “Afe Maria”. Rapidamente emendei... “Vai enganar o caralho. Se Ave Maria é mãe de Deus, como é que ela e virgem e mãe de Cristo??? O tal de José – pai dele – era corno??? Que porra é esta???”. O tal padre era macho. Pagou um bom vinho, olhando para as bonitas meninas que iam para a vida. Desfile de mulheres bonitas foi no Barceloneta. O bate papo também. Mandaram uma parada desta para o Perú Molhado. E pediram “Destaque”. Vejam que coisa...: “Nasceram gêmeos de ursos Panda em cativeiro”, lá na casa do caralho. Nem uma letra no jornal, sobre este “mandado”. Tenho certeza que o Victor Viana – com suas verve ferina – não abaixará sua cabeça para estes vermes. Gonzo??? Gozaremos estes putos até a morte.

O socialista mais capitalista da história

(quinta a domingo / thursday do sunday 10:00 - 19:00)

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Um argentino que amava o Botafogo

Marcelo nunca escondeu seu amor pela Estrela Solitária. Nas fotos com Márcio Braga, Vera Lilian

Marcelo com o tricolor Gustavo Garcia

É com muita tristeza que tenho que dar esta notícia. O ser humano mais irreverente que tive a oportunidade de conhecer e conviver descansou. Um grande visionário e mestre do jornalismo deixa a vida para entrar na história de um dos mais importantes balneários do Brasil. Armação dos Búzios nunca mais será a mesma. Mas é um erro pensar que Marcelo Lartigue encontrou a liberdade, pois ele, à sua maneira, sempre viveu livre. Descanse em paz, Companheiro! Gustavo Garcia

Marcelo recebendo um presente do Gerson da Mosaicos Portela

Nossa despedida vai em preto e branco! Descanse em paz grande Marcelo Lartingue. Sua irreverência sera lembrada por todos que tiveram o prazer de te conhecer. Obrigada por todo o carinho que sempre dispensou a nós, Gerson e Carlota.

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Penso que até mesmo quem esteve contra Marcelo e seu jornal tem que reconhecer a importância do “maior jornal do mundo” como adjetivavam seus proprietários e colaboradores. Este jornal nunca teve medo nem se rendeu. A liberdade de expressão, a irreverência e criatividade de Marcelo fizeram história. Taí um homem que na sua simplicidade econômica, deixa um legado e um exemplo que deve ser continuado. Fazer notícia local sem perder a importância global. Marcelo teve uma enorme importância para sua cidade Búzios, relevando seus personagens, atacando seus destruidores, abrindo espaços para quem tivesse algo a dizer ou colaborar. Depois de “O Pasquim”, que perdeu força com o fim da ditadura ainda existia e existe um jornal bem humorado, que se coloca nas causas importantes da cidade, sem perder a esfera nacional e mundial. Anarquista, despretensioso, deixa o leitor ir de lá para cá percorrendo noticias misturadas aleatoriamente. Espero que a turma do Peru não deixe a peteca cair, Marcelo está de olho em nós, sentado nos bares da cidade onde filmou com sua lente peculiar tantas histórias, gentes e encrencas. O Peru Molhado é de nós todos. Helena Oestreich

Lamentamos profundamente a noticia do falecimento do Marcelo Lartigue.A equipe de A TRIBUNA presta suas homenagens a família, aos funcionários e colaboradores do Perú Molhado. Gustavo Amora - A TRIBUNA

Grande Marcelo! Os amigos acima de tudo!!! Salviano Leite

Nota de agradecimento A Cidade de Armação dos Búzios lamenta pelo falecimento de Marcelo Lartigue, o criador e diretor do jornal mais irreverente e um dos mais tradicionais do mundo, o Perú Molhado, que foi fundado em Búzios em 1981. Marcelo tinha 60 anos de idade, mais de 30 deles vividos na cidade. O visionário deixa uma filha de 18 anos, muitos amigos e admiradores, e entra para a história como uma lenda do jornalismo brasileiro. Obrigado, Marcelo!

Caro Sandro Peixoto: neste momento de muita dor e perda, transmita aos familiares do marcelo e a todos do jornal perú molhado, minha solidariedade... E, principalmente a eva lartigue, e neste momento de grande dor emocional, física e espiritual... Envio sentimentos de muita força e superação afirmando que com nossos corações e mentes estamos todos juntos. As vezes as grandes tormentas sevem para nos ver e sentir como somos fortes em momentos tão adversos... Vida que segue, e... Cabe a nós vivenciarmos até os últimos instantes. As crônicas cotidianas de nossas vidas... Muita força evinha!!! Na sua superação e rápida Recuperação... E muita saúde!!! É isso aí... As pedras vão continuar rolando, sempre... Chico de Assis - Búzios rj

Marcelo com a formacão inicial da equipe do Perú, felizmente todos ainda vivos, pelo menos por enquanto (Foto: Marcelo Lartigue)

Soube agora que Marcelo nos deixou. Muito triste. Ao mesmo tempo, muito comovente toda essa mobilização dos amigos para tentar mantê-lo vivo. Mais do que um ser humano - contraditório, incoerente, surpreendente - vamos ter que refletir sobre seu papel na história de Búzios, onde se transformou num verdadeiro símbolo de resistência cultural. Através do Perú Molhado, por mais de 30 anos, e de sua vida pessoal inteiramente dedicada ao jornalismo, contribuiu com tenacidade e garra para que a cidade, cada vez mais globalizada, não se afaste de sua identidade, de tudo aquilo que a faz diferente e única. Corre uma lenda entre os jornalistas de que o New York Times nunca desmente uma notícia. Uma vez a “versão” publicada, o “fato” é que dê um jeito de se encaixar. O Perú Molhado segue essa linha. Que pena! Queria muito desmentir essa notícia. Miriam Danowski

allanvaq@hotmail.com Tels.: (22) 2623-0321 (22) 9 9222-3314 | id: 958*26413 Estrada da Usina Velha, nº 444 GR. 7 - Centro - Búzios

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Adeus Marcelo, Só saudades foi o que ele deixou. Só saudades, pois o resto ele levou... Perdi um amigo. O Pelé do jornalismo. Com a mesma simplicidade que escrevia com seriedade. enveredava para outra mátria sobre sacanagem. Pessoa tão maravilhosa que até os idiotas que os criticavam, vão sentir sua falta. Me fez mais popular do que já era. A seu pedido, fui correspondente do Perú Molhado em 4 Copas do Mundo e duas Olimpíadas e recordista da capa do jornal. Saudades dos CoCabelado se descabelou com hibas que degustávamos juntos a morte de Marcelo e periga com as gêmeas, maneira com até parar de beber, ou não... ele se referia as duas garrafas de Whisky Black White que agente tomava. Se for verdade que a saudade mata, vai preparando um lugarzinho para mim, pois estou chegando. Luiz Carlos Gonçalves, O Cabelada

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Descanse em paz meu amigo ! Nossa amizade já leva uns 35 anos e tu sempre foste o mesmo cara irreverente e de bem com a vida! Cristina Süssenbach

Ao Perú Molhado, Infelizmente perdemos o amigo Marcelo. Ficaremos apenas com sua memória de um grande amigo de Búzios. Nossos pêsames a família do Perú Molhado. Ivan do Captain’s Bar

AO NOSSO QUERIDO AMIGO MARCELO LARTIGUE DO PERÚ MOLHADO Ontem te despedimos com profunda tristeza, depois de ter compartilhado uma historia que nos une. A de Búzios, a de ser estrangeiros e ter encontrado nosso lugar no mundo. Inúmeras historias, muitas risadas, algumas brigas passageiras também...rsrsrs, fazem parte da paixão que sentimos pela vida. Búzios perde uma referencia muito forte, o contador de historias, um pesquisador, jornalista de aqueles que vão atrás da notícia, um ser humano incrível, desopilante e irreverente, com um olhar diferente das coisas. Marcelo querido, sentiremos muito tua falta. Bon voyage, a tout a l’heure! Chez Michou Crêperie.

Marcelo nos idos de 80 fotografando a turma do Chez Michou

Marcelo com seus amigos de profissão e amigos do peito: Anibal, Ancelmo e Sandro

“Eu sou da imprensa do interior e sempre gostei muito dela. Por isso, o ‘Perú Molhado’ me fascinava, pois era um jornal engraçado. Eu diria que é um filho temporão do Pasquim. E o Marcelo, que era uma pessoa muito generosa com os amigos, dava humor ao jornal. Outra coisa que me chamava a atenção, que eu só pude observar no Estados Unidos, é que mesmo sendo uma imprensa do interior, ‘O Perú Molhado’ atraia a atenção de pessoas de diversos lugares. Eu costumava brincar que o jornal é o The New York Times de Búzios. Algumas pessoas até reclamavam que eu não dava tanta atenção para outros veículos locais. Eles tinham ciúme. Mas não tem como não gostar e não ter carinho com um jornal que tem um título tão safadinho. Infelizmente não vou poder comparecer ao enterro, mas estarei com o Marcelo no coração.” Ancelmo Góis

Vá de retro, Sataneas disse Arnaldo Cézar Coelho

“Búzios nunca mais será a mesma!” A Associação das Pousadas de Búzios se solidariza com os familiares, amigos e toda a sociedade, pela perda do jornalista Marcelo Lartigue. Rogamos a Deus que console os que sofrem pela sua perda e que Lhe conceda a Paz e a Luz em sua “Búzios” eterna. a Diretoria

O pai do maior jornal de Búzios se foi hoje ! mais um gênio que deixa saudades! Marcelo Lartigue. Sem palavras. Jamaica Magalhes Gomes Desmazieres

Marcelo continua morrendo, não vamos parar de homenageá-lo! Continue mandando sua contribuição! Para doar R$ 300 ligue 2623-1422 10

Vá com Deus, “mala”. Você (diz que) não gosta mas tenho certeza que nesse momento é com Ele que você está. Porque Ele sabe o homem bom que você foi pra todo mundo com quem conviveu. O maluco mais incrível que já conheci. Muito obrigada pela experiência profissional/ pessoal enlouquecedora rs que você me proporcionou no O Perú Molhado. Descanse em paz... Marcela Silva

“Fique na Paz Marcelo” Kupeu/Casamar

De 5 a 12 de setembro de 2014 – O Perú Molhado


Na véspera de sua operação, liguei para Marcelo Lartigue. Conversamos, ele estava apreensivo, porém otimista. Emocionado, mesmo se dizendo ateu, agradeceu o apoio e as orações dos amigos. Irreverente, teimoso, polêmico, desafiador, via humor em tudo e todos, muitas vezes sem medir consequências, fazia disso sua única realidade e principal caminho. Fizemos algumas viagens juntos e ele era, sem dúvida, uma pessoa muito acima do previsível. Fica para a história folclórica e jornalística da política de Búzios. Que Deus possa confortar o coração de sua jovem filha Eva com muita paz nessa hora tão difícil. Mirinho Braga

Marcelo, Sandro e Alan recebendo uma homenagem do Lothar

Marcelo Rezei hoje pedindo para você uma passagem tranquila, suave e em paz. Pedi saúde e Luz para sua filha Eva, agradecendo-a a divina doação que ela fez não só a você, mas também a todos nós para entendermos o que é desapego e compaixão. Pedi para que sua família e seus colegas de trabalho encontrem forças e inspiração para continuar a sua obra, com a alegria e a irreverência que marcaram sua passagem em nossa Cidade. Que você agora esteja usufruindo a paz Celestial. Gabriel Gialluisi

† Obituário H1953 † 2014

A

família do Perú Molhado, comunica o falecimento de seu querido, inestimável, saudoso, amado, irreverente, pidão, comilão, chato pra caralho, mala, mau pagador, bom cobrador, Marcelo Sebastian Lartigue, que dentre seus maiores defeitos estava em ser de procedência argentina, apesar de não ter culpa alguma. O “de cujos” deixa inúmeras dividas, um acervo literário que será entregue ao Lira, quando se eleger vereador, inúmeras guimbas de cohiba para serem entregues ao Cabelada, maquinas fotográficas quebradas para o Muchacho, um celular pré pago sem crédito para o Galiotto, CDs de musica cubana para Marcela Silva, um jaleco puído com os bolsos furados pra Sandro Peixoto e 2 cartões de crédito estourados para Isac Tilinger. A família agradece as notas de pesar e solicita que as contribuições continuem a ser remetidas para que se possa continuar rodando o Jornal.

Estou triste, lá se vai o espírito da minha 1a paixão Buziana... Lá se vai o Argentino que para mim simbolizava aquilo que mais admiro em Búzios, seu jeito sacana, sua irreverência. Esse louco conseguia tudo de mim, uma vez soltou 23 Perus vivos na pista cheia do Privilège para celebrar o aniversario do O Perú Molhado. Imagina a correria e gritaria que não foi. E eu, babaca que sou, adorei, como adorava tudo que esse retardado fazia. MARCELO LARTIGUE, pode ir sacudir o coreto lá no céu, mas fica de olho na gente aqui, e puxa o pé se algum FDP quiser sacanear a nossa Búzios... Fica com os Anjos Meu Amigo. Octavio Fagundes Marcelo Lartigue - Um ícone na história de Búzios. Esse Argentino e amigo que sempre levou o nome de Armação dos Búzios por onde passou, junto com o saudoso Anibal e outros do Perú Molhado e teve participação em atos e momentos importantes nos últimos 35 anos. Merece ser lembrado com uma homenagem , pelos serviços prestados com muito carinho e dedicação. Externarmos aqui os nossos sentimentos a família e o orgulho de ter sido amigo do Marcelo Lartigue. Descanse em paz amigo. Paulinho Ferreira

Dia triste... Marcelo despediu-se de nós. Este argentino conseguiu tocar grande parte dos moradores de Búzios e fazer parte do imaginário da população e do patrimônio da cidade. Hoje morre um pouco mais nossa Búzios... Mas o maior feito de Marcelo foi com certeza sua filha Eva. Menina extraordinária esta! Corajosa, perseverante, amorosa, e um exemplo de filha a ser admirada! Sempre foi característica dos jovens pensarem mais em si mesmos do que em qualquer época de uma vida adulta consciente que, em alguns casos, se atenuam quando vem a paternidade e a história ironicamente se repete, mas existem exceções, e uma delas foi Eva... Só uma filha que amou profundamente se entrega para tentar salvar a vida de seu pai... Não existe amor maior, e Eva conseguiu, seu pai viverá para sempre nesta herança maravilhosa que é Eva Lartigue. Meus sentimentos, Alice Passeri e os arquitetos amigos de Marcelo Búzios de luto. Perdeu um grande personagem e um pedaço de sua alma. Sylvana Graça

Jô Soares abismado com o tamanho e a penetração do Perú

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Marcelo, em seu dia de galã, retocando o pancake

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Tal pai, tal filha

Marcelo com Eduardo Modiano e esposa

Marcelo em seu último dia dos pais no Bar do Mangue

Tuve la suerte de conocer a Marcelo Marcelo Lartigue un “loco lindo” y me apena profundamente su muerte, agradezco la oportunidad que me dió de ser parte del equipo del O Perú Molhado, apesar de las diferencias que nos distanciaron, guardo un enorme respeto y los mejores recuerdos. Búzios perdió a unos de sus más ilustres y excentrícos personajes que quedaron grabado a fuego en el alma de la ciudad Ivan Aros

Marcelo em família com a mãe Nelly e sua filha Eva

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De 5 a 12 de setembro de 2014 – O Perú Molhado


Marcelo de olho na feijoada de Isac

Marcelo com sua DJ preferida

Marcelo com Maria Elvira e Brigitta

O Brasil perdeu grandes homens nos últimos dias. Marcelo Lartigue certamente está entre eles. Conheci o Perú Molhado por acaso, ainda no Rio Grande do Sul, através do saudoso Claudio Kuck. Achei o jornal bastante engraçado e muito original. Quando vim para Brasília, voltei a encontrar um exemplar do jornal, desta vez com o Deputado Sigmaringa Seixas- fã do Perú como eu. Quando estava chateada depois daquelas reuniões infindáveis co m a turma do PMDB, eu ia para a internet ler a ultima edição on-line. Isso sempre me deixava mais relaxada. Gostava de tudo e principalmente das notinhas. Tinha vontade de mandar alguns recados desaforados através do Perú. Espero que Marcelo tenha um bom descanso e desejo boa sorte aos seus colegas de trabalho que certamente irão dar continuidade ao jornal mais interessante do Brasil. Presidente Dilma Rousseff Perdi meus amigos Oscar Niemeyer, Hugo Chaves e agora Marcelo Lartigue. Carajo, que mierda, los comunistas do mundo estão morrendo... Fidel Castro

Marcelo Morreu? To arrasado. Vou ter que tomar uma cachacinha para me acalmar. Luiz Inácio Lula da Silva

A pátria Argentina amanheceu consternada com a notícia da morte do nosso querido Marcelo Lartigue. Sei que ele não era peronista e muito menos Kirchinista, mas eu gostava muito do jeito dele. Do seu anarquismo típico dos portenhos. Queria muito ir ao seu velório, mas como todo mundo sabe minha vida não está nada boa e infelizmente não pude ir a Búzios dar meu ultimo adeus ao Marcelo. Em sua homenagem, decretei luto oficial de três dias aqui em Buenos Aires. Que Deus tenha pena de sua alma. Cristina Kirchner - Presidente da Argentina

Meu Deus! Que notícia triste. Búzios agora acabou... Já tava meio caidinha sem a minha presença e agora então. Tomara que aquele gordo do Isac Tillinger não aproveite a ausência do Marcelo para me sacanear. Ele nunca engoliu meu ´não´ quando ele me convidou para visitar a cidade durante sua estada na secretária de Turismo. O gordinho queria se promover ás minhas custas. Brigitte Bardot

Sentiremos muito sua falta, Marcelo!

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O dia em que o Marcelo tirou a roupa da minha mãe

O

dia em que o Marcelo tirou a roupa da minha mãe. Tive uma boa e longa conversa em fim de praia com o Aníbal no bar Ponto de Encontro ao lado do Posto do Ceceu, Manguinhos. Eu com vinte e poucos anos ainda não sabia o que fazer da vida, não sabia se abria um negócio aqui em Búzios ou se iria para o Rio tentar a faculdade de comunicação, os meus melhores amigos todos já estavam matriculados inclusive o filho dele, o Fernando Martinho hoje fotógrafo. “Morel... amigo você nunca sabe se tem um verdadeiro, só sabe que era seu amigo depois que perde ou briga. Rapaz eu dei sorte, eu arrumei um amigo e sócio ao mesmo tempo. É o único argentino confiável”. - Larga o surfe e vira jornalista igual teu avô, o baixinho era foda, teu pai era bom em tudo, mas o Repórter de verdade era seu avô. Nós trabalhamos juntos no Ultima Hora Depois dessa conversa rodrigueana, no fim voltei ao Rio decidi acabar com o meu desbunde de verão, peguei meu único dinheiro e paguei o vestibular da FACHA. Meses depois Aníbal e Marcelo tiveram a brilhante ideia de fazer uma matéria com a minha Mãe sobre o Camping de surfistas no meio de um bosque, nós tínhamos uma chácara em Manguinhos. São recebidos como reis, com gritaria e carinho, Aníbal fala com ela. - Helô queremos fazer uma matéria sobre o seu camping, e tirar umas fotos. Pode ser? -Claro. O que vocês querem? - Queremos você na capa. Naquela época o Perú só colocava capa jovens bonitas e seminuas, as duas únicas capas com mulheres maduras e igualmente sensuais foram a Heloisa e a Renata Deschamps.

Ela imediatamente pergunta e já decidindo ao mesmo tempo. -Vamos lá para o salão, eu tiro a roupa toda? Aníbal e Marcelo se entreolharam. Marcelo responde, - É, acho que só a camisa eeee .. o biquíni também. Eu estava vendendo cerveja no baixo Gávea, zona sul carioca para pagar meus livros. Passo por uma banca de jornal e o meu amigo Felipe Barra outro fotografo fala: -Morel você tem foto da sua mãe pelada? Eu imaginando a piada de fotógrafo respondi com deboche. –Não, porque você tem um monte né? Ele de pronto. – Eu não, mas o jornaleiro tem. Fui olhar, minha Mãe Helô era capa do Peru Molhado e estava fazendo pose de topless!!!! Era uma matéria sobre o camping Fênix ou qualquer coisa parecida com esse pretexto. Não tinha dinheiro para comprar todos. Não sabia o que fazer. Pensei contei até dez e rangi entre os dentes quando eu encontrar vou matar o Aníbal e aquele argentino safado. Duas décadas depois, reencontro o cara. O Peru e toda a imprensa da região haviam me transformado em um vilão que perseguia as pobres almas dos infratores na cidade. Me apelidaram de Rambo. Fui até a redação e me apresentar e contar minha versão, pedi e contei o pouco que podia. No final não aguentei, e falei Meu irmão você tirou foto da minha mãe pelada, nós temos contas para acertar. A Alessandra estava chegando e ouviu apenas o final, ela com olhos arregalados pergunta, - Tá eu sei que o Marcelo fez isso, mas não foi consentido? Abaixei a cabeça voltei a ter raiva de argentino e admiti, bem que eu gostaria que não fosse, mas foi. – AH então ....Todos riram e muito. Desse dia em diante ficamos amigos e sempre trocamos figurinhas. Marcelo Morel Rambo

India contando a real sobre o tamanho do Perú

Marcelo e seu amigo Paul

Tonight two stars meet in the sky... And will watch from above at their marvelous daughter Eva... I, as the chosen godmother 20 years ago, am here for her... R.I.P Araguacy and Marcelo... I will look upon your daughter, my daughter now Flore Blancpain Filipovic

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Marcelo tirando onda

Certamente, Marcelo, esteja onde estiver, estará em paz, rindo e se divertindo com a festa dolorosa, mas serena, que será o dia de hoje em Búzios. Do alto de seu sabe lá onde, o argentino deve estar fazendo piadas homéricas com os sites de jornais que, ao divulgarem sua morte, não entraram em acordo sobre sua idade - o que, certamente, o fez proferir xingamentos piedosos e celestes aos mesmos. Marcelo, escondido no seu novo mundo, provavelmente passará o dia dançando fanfarras e tripudiando dos críticos e adversários que agora lamentam seu passamento. E que ninguém destas bandas ou das de lá se espante se esse argentino botafoguense se esquivar entre as nuvens para, articulado, fundar o primeiro jornal do além, polemizando com o movimento dos astros; desmistificando heróis falecidos e analisando sarcasticamente a chatice rotineira daquele seu novo viver. Porque, em qualquer mundo, universo ou plano, dá para imaginar Marcelo Lartigue sem tudo - menos sem vida. Vai na paz amigo. Vai ser difícil, mas vamos tentar continuar sem você por aqui. Rafael Peçanha

Marcelo tomando um banho de sal grosso quando Toninho assumiu. Agora não tem mais jeito...

Marcelo, para ti o poema de Vinicius de Moraes Tomara Que a tristeza te convença Que a saudade não compensa E que a ausência não dá paz E o verdadeiro amor de quem se ama Tece a mesma antiga trama Que não se desfaz E a coisa mais divina Que há no mundo É viver cada segundo Como nunca mais... Vinicius de Moraes Bárbara Brandan

De 5 a 12 de setembro de 2014 – O Perú Molhado


Marcelo era uma criança travessa... armava & fazia das suas pra que Búzios fosse mais alegre e brejeira. E conseguiu, com seus amigos e seu O Peru Molhado, fazer com que a nossa aldeia ficasse mais bonita, mais sacana, mais humana, mais feliz. Agora, acho que ele e o Anibal Fernando vão criar e publicar o Peru Molhado nas Nuvens. Que dupla, gente: um argentino e um português ensinando aos buzianos a viver de bem com a vida. Só podia dar nisso: ALEGRIA & FESTA. Para nós buzianos (inclusive os ETs como eu) a perda é ENORME. E acredito que para sua família, para a redação d’O Peru Molhado e seus (muitos) amigos, a perda é INIMAGINÁVEL. Uma coisa é certa: Marcelo vai deixar MUITA saudade. Um forte abraço em todos, Fernando Naxcimento Grande homem da comunicação, pioneiro em Búzios, tenho orgulho do meu arquivo, onde tenho matérias no Globo, Jornal do Brasil, O Dia, etc, etc em ter esses registros, nesse admirável jornal criado por ele. Que esse jornal continua a circular pelas mãos de sua herdeira. RôNascimento Gonçalves

Marcelo e seu São Perú, sempre juntos

VAMOS PARA BÚZIOS AMANHÃ DAR ADEUS A MARCELO LARTIGUE

Adriana Salituro tirando uma casquinha do Marcelo

Marcelo é um pedaço importantíssimo da história de Búzios. Não fosse este jornal alavancando e criando uma mágica em torno da marca Búzios, certamente a história da cidade seria outra. Adriana Salituro

Perdemos hoje um dos jornalistas mais brilhantes que conheci, Marcelo Lartigue, fundador do Jornal O Peru Molhado de Búzios. Era irreverente, crítico, bem informado como ninguém, cheio de humor negro para assustar a gente, mas também para nos divertir. Tive com ele campanhas memoráveis em defesa de Búzios, esse balneário que deveria ser tratado como joia da coroa fluminense e nacional. Ele foi para mim um interlocutor e amigo, que me ajudava sempre de forma inesperada e surpreendente. Sua obsessão de anarquista nada tinha de anarquista no fundo. Ele estava sempre procurando a linha que separa o bem do mal. Tenho uma medalha de Cidadão Emérito para Marcelo, já aprovada na Alerj. Não deu tempo de entregá-la. Será entregue para suas filhas Eva e Susana. O Peru Molhado foi o Pasquim que não quis morrer e resistia a tudo e a todos. Ele tinha um pouco da alma carioca instalada num coração argentino e da Região dos Lagos. Búzios é O Peru Molhado e O Peru Molhado é Búzios. E agora, amigos, como vai ser? Aspasia Camargo

Foi um prazer te conhecer, Marcelo. Boa viagem e obrigado pela força sempre.

Muito obrigado por todo,Marcelo! De 5 a 12 de setembro de 2014 – O Perú Molhado

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CULTURA

Atrações musicais marcaram a abertura do 8° Festival de Cinema Curta Cabo Frio www.cliquediario.com.br

DIÁRIO

DA COSTA DO SOL

da Paz, João Abreu

e o operador Nelso

n Caio junto aos

R$ 1,00

convidados do

projeto social que

programa

Pagode Samba Show é certeza de sucesso absoluto e comemora 23 anos! CADERNO D

Macaé/RJ | Quinta-feira, 4 de setembro de 2014 | Número 3334 | Ano 11

rtigue,

Marcelo ganhou destaque na mídia ainda que não querendo

Marcelo La Corpo dede Procon Rio das inicia fiscalização do MolhaOstras fundador do O Perú zios em Bú direcionada hotéis e pousadas do município é sepultadoaos COMOÇÃO

LHEIROS

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FESTIVIDADES

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Obras de em ampliação do em Macaé iasHPM terminam em 45 dias

PÁGINA 04

TIAGO FERREIRA

PROPOSTA

Câmara de Macaé aprova destinação de 1% dos royalties para a pesca PÁGINA 05 DIVULGAÇÃO

Mais uma casa popular é entregue pela prefeitura de Quissamã

Foi aprovado nesta quarta-feira (3), na Câmara Municipal de Macaé, um requerimento solicitando que 1% dos recursos provenientes dos royalties do petróleo sejam destinados ao fomento da atividade pesqueira na cidade. A proposta foi aprovada por unanimidade entre os parlamentares presentes. A proposição foi encaminhada para a análise do executivo. Roseli Zacarias da Silva, 36 anos, residente do bairro de Canto de Santo Antônio, foi contemplada com uma moradia na Penha

PÁGINA 06

POLÍCIA

Homem é preso por tentar matar prima com facão em São Pedro PÁGINA 07

DIVULGAÇÃO TIAGO FERREIRA

COMOÇÃO

ESPORTE

Corpo de Marcelo Lartigue, fundador do O Perú Molhado é sepultado em Búzios PÁGINA 03

Capa costa do sol 04_09.pmd

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Macaé goleia o Campo Grande na estreia do técnico Josué Teixeira PÁGINA 10

03/09/2014, 21:21

Maria Maria Café está de luto pela perda irreparável de Marcelo Lartigue.

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Assim como você, não deixaremos a luz de Búzios se apagar...

OBRIGADO, MARCELO!

De 5 a 12 de setembro de 2014 – O Perú Molhado


A CIDADE DOS MARCELOS

Marcelo brigando com a tecnologia

Alessandra de Souza Araujo. Coincidentemente ou não, quando o nome é Marcelo, apesar de Búzios estar repleta dos mesmos - Marcelo juiz, Marcelo delegado, Marcelo Rambo, Marcelo surfista ..., não há como hesitar: o Marcelo de Búzios é o Lartigue. Único e incomparável, deixa vários legados, como a adequação do humor no jornalismo, e, indubitavelmente, a importância do amor na família. O reconhecimento de seus direitos da personalidade pela Justiça do Estado do Rio de Janeiro através dos Juízos de Direito das Varas da Comarca de Aramação dos Búzios nada mais foi, nos últimos anos, que a mera aplicação da Constituição e do Código Civil Brasileiro. A Justiça é imparcial e vem tornando-se cada vez mais efetiva, como dever constitucional.

Retocando a tintura do que restou de cabelo com Euler de Castro

Nem santo, nem puta Por Hamber Carvalho Meu primeiro contato mais direto com Marcelo Lartigue aconteceu em 1999, quando ele me entrevistou em sua casa para falar sobre o Partido dos Trabalhadores, pois eu começava a assumir a militância e a direção do Partido em Búzios. Ao começar a entrevista, disse pra ele: grava esta porra, pois se você modificar alguma coisa pra me sacanear, coloco super bonder na fechadura da redação pra você não entrar. Não adiantou, ele não mexeu no texto, mas me sacaneou na foto. Durante muito tempo, tentei entender o seu deboche, a sua falta de compromisso, a sua rebeldia e a necessidade constante de tripudiar contra tudo e contra todos. Mas, convivendo com o maluco, comecei a observar que os únicos personagens do cotidiano que Marcelo mantinha uma distancia e respeito, eram aqueles que a sociedade tinha como loucos ou desajustados, que pouco se importavam com o passado e o futuro e só viviam o presente. Ele tinha uma verdadeira admiração por dois destes personagens. O primeiro era o Gugu, aquele andarilho que perambulava pelas ruas de Búzios e que acabou sendo acolhido pela comunidade dos Franciscanos na Rasa. E o outro era o Dedeco, que morou muito tempo no centro, numa casa abandonada e depois se alojou próximo a prefeitura. Quanto aos demais, incluindo eu, que na realidade representam um papel social, ele era impiedoso, um verdadeiro caricaturista de convicções. Por sua vivencia nas prisões da argentina, pra os que estão chegando agora na militância, a maior ditadura militar e carniceira da América do Sul, o gringo endureceu seus sentimentos e se fechou em sua extrema timidez. O sistema e seus principais atores, virou um alvo constante de suas investidas tra-

gicômicas. Por mais sério e importante que fosse o assunto ou seus personagens, pelo menos do ponto de vista social, Marcelo conseguia expor o lado medíocre, hipócrita, encenativo e as suas verdadeiras intenções. Ele era sim, um artista e mestre na arte de expor o grande teatro mambembe que é a sociedade, não só a buziana, mas a fluminense, a brasileira e por ai vai. Implicava com todos aqueles que desfilavam seus papeis na sociedade sem dignidade, não importava se fossem como diria o velho Raul Seixas, padre, pastor, traficante, juiz, policial, comerciante, politico ou artista. Paradoxalmente, era extremamente carinhoso do seu jeito com aqueles que lutavam para sobreviver e que viviam a margem da sociedade. Marcelo vivia o hoje e para o jornal. O dia de fechamento sempre foi sagrado, se internava na redação ao lado de Alan Câmara, Carol, Victor, Janice, Nélia, Muchacho, eu e todos os visitantes, queridos ou não, comendo queijo branco e biscoito o tempo todo e só saia pra rua quando o jornal era enviado pra gráfica. Ele fazia um jornal que ele mesmo não lia, raramente parava para ler os textos que lhe enviávamos e só o fazia, para se divertir. Vivia duro que nem coco, mas grana pro jornal não faltava, inventava de tudo pra vender espaço, mas seu argumento favorito, ainda que não confesso, era operar a vaidade do ser humano em fotos e textos que massageavam o ego. Marcelo era um pedinte inveterado, ligava 300 mil vezes pra sua vitima, até que ela cedesse as suas intenções, pois o mais importante era colocar o Peru na rua. Marcelo era democrático por interesse e sutil por convicção, pois dava espaço no Perú Molhado para todos, amigos, inimigos, radicais, caretas, o feio, o bonito, o pretencioso, o reacionário, o sem caráter,

De 5 a 12 de setembro de 2014 – O Perú Molhado

Marcelo de putaria com Luiz Fernando, Cristiano Marques e Gustavinho no seu quarto

o muito certinho, todos eram bem vindos, desde que se expusessem, essa era sua maligna vingança. A capa do Perú era seu principal carro chefe para arranjar grana para rodar o jornal, mas ao mesmo tempo seu maior objeto de prazer, explica-se: vendia caro esse espaço e ao mesmo tempo cedia gratuitamente, desde que lhe proporciona-se enorme satisfação. Uma das melhores capas que fiz com ele foi a do Sergio Cabral e do Pezão, peidando em Búzios. Saiu no prazer e no amor. Apesar da barba, sempre ví em Marcelo, uma eterna criança grande, brincando neste parque de diversões que era para ele o Perú Molhado. Cego, surdo, mudo e vendido, foram algumas atribuições que seus desafetos sempre lhe atribuíram. Quer saber, ele não estava nem ai, pois nem ele, nem ninguém, foi ou é proprietário da verdade absoluta. Uns se vendem por grana, outros se vendem por convicções religiosas, politicas, ideológicas ou de opinião. Ele sabia que a pior venda não é aquela que se mensura pela grana que se arre-

cadou, pois a grana acaba. A pior venda é aquela em que se oferece o sonho e se entrega a ilusão. Se oferece a retidão, mas se caminha por vias tortas. Se oferece o amor, mas se mata por ele. Se oferece a solução, mas é o problema que se entrega. Se oferece o céu , mas é o inferno que chega as nossas mãos.. Em sua passagem por esta vida, ele entregou tudo que sempre prometeu, lógico, que ao gosto do freguês. Vida longa para seu modo de viver, pois os valores de nossa sociedade, nunca conseguiram lhe enganar. Se junte aos que se foram e tornaram nossa cidade mais divertida, mais especial. Um único pedido: Vê se encontra o Cazuza por ai e diga pra ele que vamos continuar por aqui em sua vibe, insistindo para que toda a insanidade sobreviva e cantando a sua canção “pros miseráveis que vagam pelo mundo derrotados, pra essas sementes mal plantadas, que já nascem com cara de abortadas. Pras pessoas de alma bem pequena, remoendo pequenos problemas, querendo sempre aquilo que não têm.” Valeu maluco.

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Não leio os textos Por Victor Viana Eu já escrevi em outra oportunidade sobre meu encontro direto com Marcelo, mas vale sempre -ao menos pra mim, lembrar. Primeiro dia na redação do Perú, disse a Marcelo: “Terminei a matéria, quer olhar o texto?”, “eu nunca olho os textos”, ele disse sério, e depois emendou sorrindo: “Só os processos”. A pesar de toda má propaganda que me fizeram sobre Marcelo eu gostei dele logo de cara, e acredito que ele também gostava de mim, gostava da minha família também. Pedia que eu trouxesse a Camila para almoçar com a gente na redação, sempre me dava alguma quinquilharia para levar paras as crianças e quando eu chegava - a não ser quando estava puto comigo por não ter atendido os telefonemas dele - as vezes até depois da meia noite, me perguntava: “E família?”. Eu sei que já falei e escrevi sobre isso, mas eu realmente tenho um puta orgulho de ter trabalhado tão próximo do Marcelo, eu não poderia ter vivido em Búzios como jornalista e não ter tido esse contato mais de perto com Lartigue. Na verdade eu não me perdoaria se daqui há alguns anos fosse falar sobre a minha carreira pros meus filhos e netos e não poder citar Marcelo da forma como estou citando agora, como alguém que fez parte da minha história.

Mais que jornalista, Marcelo era artista. Com ele aprendi a impactar e emocionar, ele sabia como ninguém fazer isso através da criação dos títulos e da escolha das imagens que iriam ilustrar os textos. Ele tinha um olhar que descobria sentido nas coisas mais estranhas. Quando atrasava meu pagamento ele aborrecia a Janice gritando pela redação: “Já pagou o Victor?I Já pagou?!”, é que ele queria me pedir pra fazer alguma coisa e enquanto eu não recebia ele ficava meio travado de me pedir (risos). Mas Marcelo era generoso, quando eu trabalhava além do combinado - e não foram poucas vezes, ele me dava uns trocados a mais, quando não tinha grana me dava qualquer outra coisa: cachaça, vinho, doces, livros, cds, sempre coisas que ele tinha ganhado de alguém. Nesses últimos dias Marcelo estava muito debilitado, e com isso estava mais exigente (chato), mas eu procurava ter paciência, relevar, ouvir com atenção o que ele queria, fazer o que ele queria e depois de tudo pronto mudar tudo porque ele decidia que não era mais o que ele queria, foram dias difíceis, mas quanta saudade . No dia do meu aniversário ele me presenteou com um livro, que já estava na estante dele, é claro. O importante pra mim foi a dedicatória: “ Para o Victor, o repórter dos 30 anos do Perú. Obrigado”. Saudade Marcelo. Marcelo, obrigada por tudo que você me proporcionou nesses últimos 13 anos. Lembrarei sempre da sua bondade, do seu carinho e preocupação comigo. Guardarei cada presente que você me deu, cada risada que demos, cada arranca rabo, tudo que passamos nesta redação no fundo meu coração! Esse passeio que você nos proporcionou foi simplesmente maravilhoso! Com amor, Carol (sua eterna diagramadora)

Marcelo e Victor entrevistando Gilberto Gil em viagem a Piraí

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Marcelo e sua equipe de fiéis. Ele preferia as mulheres, claro!

Marcelo e Miguel Nani e Marcelo, entre tapas e beijos

Ontem o jornalismo ficou mais triste com a morte de Marcelo Lartigue , que junto com meu pai Anibal Martinho “inventaram” O Perú Molhado, o maior jornal de Búzios. Uma grande façanha! Esses dois caras me ensinaram muito mais que qualquer faculdade de comunicação. Conviver com eles foi intenso, sou um cara sortudo por ter tido essa oportunidade. Ficam as lembranças, o legado e uma saudade imensa. Fernando Martinho

Meu até logo ao Marcelo...muito além como mera fotógrafa... Bruna Pozzebon

Gostaria de expressar meus sentimentos a todos vocês do Perú Molhado pela perda sofrida. Zé Leão

Marcelo e Bussunda

Meu amigo querido Marcelo Lartigue que sempre sonhou comigo que me botou na capa do O Perú Molhado por 2 vezes que me botou pra sambar na festa do Jornal em Ipanema que publicou minhas opiniões a cerca de tudo que me fez acreditar nessa Búzios divertida! Meu amigo, com você morre um pouco de mim. Te amo. fica em paz! Cristina Ohana Que vá em paz Marcelo Lartigue que seu caminho seja de luz. Desejo todo amor do mundo para Eva Lartigue. Ela tentou, Deu de si para tentar salvar o pai. Que todos os espíritos de luz enterneçam seu coração. #marcelolartigue#RIP Marcia Bispo Do Nascimento Vá em paz amigo Marcelo Lartigue!!! Junte - se aos bons como você . Edy Fantini

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O MARKETING EM EMPRESAS JORNALÍSTICAS: ESTUDO DE CASO NO JORNAL O PERÚ MOLHADO

Por Adriana Salituro Centro Universitário da Cidade - TCC - Julho de 2012. (Em negrito entrevista de Marcelo Lartigue à autora) ...”A gente botou Búzios Arte, uma galeria de arte. A primeira galeria. Aí o Aníbal pintava e eu fazia fotografias. Enfim, e botamos pra vender. O Aníbal é doido − eu aprendi com ele muito... quase tudo eu aprendi com ele. Botamos preços altíssimos nas pinturas abstratas dele. E a gente ficava numas cadeiras de diretor de cinema... de lona né... sentado na calçada, e passava um monte de gente e ninguém comprava nada. E na época tinha um monte de argentino, que era a época do “dá-me dois” − queria comprar uma televisão, comprava duas. Era tudo assim, mas não vendíamos nada. Aí apareceu um artista paulista chamado Ivaldo Granado − que ele é um cara muito doido também, né − que passava o verão aqui. Ele foi lá e viu e disse “vou trazer um quadro meu para vocês venderem aqui”. Ele é um cara que tinha inventado a pintura por cm². Vendia o quadro por centímetro, multiplicava e era o preço do quadro (risos). Aí eu pus um quadro dele... abstrato, que ele pintou na hora. Era uma pintura assim... que custava uns 200 mil reais − na época era cruzeiro. Mas tinha toda uma fama quem tinha um quadro do Granado e não sei quê. Aí ficávamos sentados, continuamos sem vender nada, mas cada vez vinha mais gente falar... pois ficamos conhecidos como “ex-fotógrafo e ex-repórter” (Entrevista concedida à autora. Ver APÊNDICE B, p. 81). Como é possível notar, nenhum dos idealizadores do projeto sabia “vender” um produto. No caso, os produtos artísticos que eles mesmos produziam. Nem mesmo depois, quando receberam obras assinadas por um artista de renome, eles acertaram nas vendas. Porém, na contramão da falta de retorno financeiro, já existia o retorno quanto à popularidade local. É interessante acrescentar ao quadro da situação que, de acordo com as próprias palavras de Lartigue, se tratava, essencialmente, de duas pessoas, dois profissionais “doidos”, no sentido de não trabalhar guiados por uma lógica ou forma convencional. A descrição de Lartigue avança até o ponto crucial para o nascimento do veículo impresso O Perú Molhado: o surgimento de uma pessoa capaz de propor a iniciativa de um jornal e, ao mesmo tempo, ser a mecenas do empreendimento. De acordo com o hoje diretor, a chilena

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Mirna Cordeiro sempre passava na rua onde estava localizada a galeria Búzios Arte. Sabendo previamente da fama de Lartigue e Fernando, um dia Mirna Cordeiro foi ao estabelecimento e conversou com eles. Mirna queria que eles montassem um jornal, para quando ela retornasse do Chile, e avisou que contrataria os dois. A partir daquele momento estava lançada a ideia que fez deslanchar um produto editorial que, entre outras coisas, pode se orgulhar de ter 31 anos de existência. Ainda mais se for considerada a quantidade de títulos que, neste período, nasceram e não “vingaram”, por quaisquer que sejam as razões. O relato de Marcelo Lartigue, logo a seguir, traz detalhes sobre este surgimento e demonstra que, desde o princípio, características como o bom humor, o amadorismo, o anarquismo, o descompromisso assumido, enfim, um espírito mambembe, sempre estiveram impregnadas na essência de seus idealizadores. Por consequência, no jornal O Perú Molhado também. Aí o Granado, esse pintor, estava com a gente também né, e falou: “por que vocês não dão um golpe nela? E aposto com vocês que vocês não fazem esse jornal sozinho”. Ele falou brincando, né? E o Aníbal disse: “eu faço esse jornal em um dia pra você... em uma noite nós fazemos”. E a gente não apostou nada, foi só uma aposta moral. Aí a gente fez o jornal, botamos o nome de O Perú Molhado, e de manhã quando ele viu o jornal todo desenhado, todo feito, tudo o que estava em alemão, em francês, em várias línguas... e o preço dizia para Argentina 80, para brasileiro 2,50, para italiano não sei o quê... Dependendo do país, você que tinha que pagar. E a gente... todo mundo me pergunta por que esse nome? Mas, Aníbal sempre dizia que era porque tinha um cara que entrava no mar e a água gelava o p... dele, então molhava o seu p... mas é mentira. A gente fez isso − teve sempre muita mentira −, mas eu tenho certeza que a gente acordou e tinha esse nome de porre. Porque todo mundo estava numa ressaca f.... E o nome tinha pintado assim... sei lá porque pintou. Ninguém sabe explicar. Aí ficou assim. Aí eu tive que ir ao Rio, numa gráfica − e eu nunca tinha ido a uma gráfica diagramar o jornal − e eu nunca tinha diagramado um jornal −, e eu nunca tinha feito nada. Tanto é que, eu fui lá uma terçafeira e o jornal sairia na sexta. Era terça-feira 23 de fevereiro. E o cara me falou: “que data eu coloco na capa”? E eu disse: bota a data de hoje (risos). E ele botou 23 de fevereiro, que era a data em que estavam fazendo o jornal. Mas normalmente se faz com o dia

em que vai sair o jornal. Então, já saiu alguns dias atrasado (Entrevista concedida à autora. Ver APÊNDICE B, p. 82). Na concepção dos mentores de O Perú Molhado, o objetivo principal da publicação sempre foi a diversão: a deles e a da população também. Obviamente, sem se preocupar com as consequências do que pretendiam com e para o jornal. Em sua entrevista, Marcelo Lartigue ressalta que o nome O Perú Molhado já foi motivo de polêmicas desde a estreia. Porque cerca de 30% das pessoas da localidade gostaram, e entre os outros 70% que reprovaram o título houve, inclusive, quem atentasse, à bala, contra Lartigue e Fernando. As condições da população local de Armação dos Búzios tiveram seu impacto sobre o material produzido. Àquela época, o déficit de leitura era muito grande. Segundo Lartigue, até mesmo o processo de preparação do jornal tinha sua dose de humor, já que sabiam que estavam preparando um produto editorial para um público que, essencialmente, não sabia ler. A saída encontrada foi encher as páginas com fotos, mas sem descuidar dos princípios motivadores de O Perú Molhado. Pois, para os fundadores, era muito importante divertir sem abrir mão da provocação. Uma provocação que, na visão de Marcelo Lartigue, corresponde a uma certa irritação que se causa às pessoas. Ao ponto daquelas que “estavam dormindo” para algum assunto conseguirem ser “acordadas”. Com o passar do tempo, a busca constante pela diversão acabou se tornando uma das marcas registradas do jornal. E sempre se refletiu nas capas,...” “...Em uma visão muito particular, esta autora se permite a percepção de que Marcelo Lartigue é, na verdade, o último responsável-irresponsável pelo seu jornal. Mais do que isso. Ainda que o diretor argumente que está tentando dissociar sua imagem da imagem de O Perú Molhado e vice-versa, é fato que ninguém tem a sedução irresponsável, marginal e absolutamente amoral dele. Uma sedução que, aliada ao talento para descobrir colaboradores, lhe permite ter pessoas renomadas ajudando seu jornal sem receber nada por isso. Também por estes motivos, esta pesquisadora afirma que, em uma considerável medida, Marcelo Lartigue é O Perú Molhado. E O Perú Molhado também é Marcelo Lartigue. Um complementa o outro. O que faz do jornal O Perú Molhado um case raro, de sucesso como empresa jornalística. Muito mais pelo marketing efetivamente posto em prática do que pelo jornalismo que realiza. “

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Pelo amor de Deus, Marcelo! Por Thomas Sastre

U

m grupo de porcos-espinhos apinhou-se em certo dia frio de inverno, de maneira que aproveitassem o calor uns dos outros e assim salvaram-se da morte por congelamento. Logo, porém, sentiram os espinhos uns dos outros, coisa que os levou a se separarem novamente. E depois, quando a necessidade de aquecimento os aproximou mais uma vez, o mal surgiu novamente. Dessa maneira, foram impulsionados para trás e para a frente, de um problema para o outro, até descobrirem um distância intermediária, na qual poderiam mais toleravelmente coexistir! A existência é um apelo ao próprio ser do homem que vaga inusitadamente pela esfera do universo. É com esta parábola que Arthur Schopenhauer encerra sua obra final: “Parerga e Paralipomena”. Segue-se então que a dor e a destruição fazem parte da ordem das coisas, tudo decretado pelo mundo da vontade, criminalmente indiferente ao destino dos indivíduos. Além disso, a vida humana é dominada por egoísmos rivais, a satisfação de um indivíduo, necessariamente acarreta o sofrimento do outro. O egoísmo é uma atitude natural de um ser em relação ao outro. O mundo vegetal serve de alimento para o mundo animal, este depressa é alimento para outro animal e, assim a vontade da vida não cessa de devorar a si mesma. O homem enfim considera tudo o que é criado como algo que existe para seu uso e contribui deste modo para movimentar ainda mais o combate de todos contra todos. A razão disso está no seguinte raciocínio: só um corpo é habitado pela vontade, capaz de desejo e frustração, suscetível de prazer e dor. Os outros meros corpos, coisas inanimadas, podem ser usados como meios para satisfazer determinados fins, o que resulta para a natureza como um todo, fora ou dentro da sociedade, ser, essencialmente o homem o lobo do homem. Ninguém possui uma escolha livre e fácil, ou seja o indivíduo não dirige seu próprio destino. O homem vaga dirigido por seus impulsos inconscientes fruto apenas de seus desejos. Este indivíduo só se dará conta ou despertará quando tropeçar numa pedra (obstáculo).Este “sim positivo” trazendo-lhe à tona o paradigma tempo-espaço-casualidade. Por isso, devemos recusar a idéia de um Deus como dirigente de nosso destino. Para Ele, seria um verdadeiro sarcasmo deixar o sujeito

à mercê das vicissitudes deste mundo repleto de dores. As “dores do mundo”. O homem no seu egoísmo criou Deus à sua imagem e semelhança conclui F. Nietzsche. Colocando isso de lado, parece que nosso sagrado Senhor criou o mundo em benefício do diabo! Teria sido tão melhor se não tivesse criado absolutamente. No sistema cristão o diabo é o personagem de maior importância. Deus é descrito como absolutamente bom, sábio e poderoso; e se não fosse contrabalançado pelo diabo, seria impossível conceber de onde veio a inumerável e imensurável maldade que predomina neste mundo, se não houvesse um diabo para responsabilizar. Um exemplo recente foi a ridícula interpretação do papa que nem mesmo um diabo seria capaz de imaginar tamanha canalhice. Fustigaram um povo com calúnias ao longo de 2000 anos para depois do trágico resultado do holocausto dizer em voz alta e olhando para o céu: “Onde estava Deus?” e pedir desculpas aos sobreviventes em nome de Deus e seu filho Jesus. Não é demais? O poeta Gregório de Mattos despertou ira na sociedade hipócrita colonial, satirizando o comportamento de políticos e religiosos. Escravistas, após chicotearem no tronco seus escravos, achando essas monstruosidades certíssimas, iam à igreja elevando hosanas a Deus e Jesus Cristo e lavando as mãos com água benta. O crítico poeta Gregório de Mattos, momentos antes de morrer, requisitou a presença do juiz regente e do arcebispo de Recife, obrigando-os a escutar suas últimas palavras: “Estou morrendo entre dois ladrões tal como Cristo ao ser crucificado”, sapecou. “Eu sou o Cadu. Estou em crise com Deus. Fui eu que matei o Glauco”. Com essas palavras e os olhos esbugalhados Eduardo Nunes entregou-se à polícia na fronteira paraguaia após uma troca de tiros. Dois dias antes ele havia matado a tiros Glauco Vilas Boas, um dos mais ad-

miráveis cartunistas brasileiros e diante dele também seu filho Raoni, de 25 anos. O laudo médico concluiu que ele é portador de esquizofrenia, doença mental sem cura que solapa o raciocínio e o afeto e o induz a delírios e alucinações, quando declarou que estava chateado com Deus e com Jesus por tê-lo abandonado. “Deus é a natureza! As leis de Deus e da Natureza são a mesma coisa” proclama Baruch Espinosa, embora reconhecesse em Cristo um profeta mortal de primeira grandeza. Lutero acredita que a vontade não é livre mas está originariamente propensa ao que é mau.Poe isso suas obras são sempre pecaminosas, imperfeitas e jamais podem satisfazer a justiça. Um dos grandes pessimistas, o filósofo romeno Emil Cioram em sua obra carregada de angústia diz: a religião e a relação Homem-Deus é uma batalha em si mesmo. Sua crítica ao cristianismo e à civilização tem origem na análise dos movimentos trágicos que marcaram o avanço do que chama Nova Igreja. Ela soube aproveitar a fraqueza do paganismo, o sectarismo suicida das heresia e a decadência de Roma utilizando-se de uma esfera ideológica e filosófica que prega a lástima de que para chegar a Deus é necessário passar pela fé. Sua reflexão é centrada na idéia de um Deus que criou um mundo por medo da solidão. A única razão de ser das criaturas é distrair o criador. Palhaços engraçados, esquecemos que estamos vivendo nossos dramas para divertir um espectador ao qual até agora ninguém escutou seus aplausos. O cristianismo falhou até hoje em sua missão de pacificação e amor ao próximo. Não há paz e não há próximo. Uma experiência mística está longe de alcançar uma verdadeira virada paradigmática da relação Homem-Deus, Deus-Homem. Parece que o homem fala com um Deus surdo que não nos escuta ou não quer nos escutar. É por isso que Cioram diz em sua oração: “Recuso-me à sedução nociva de

um Eu indefinido. Quero chafurdar-me em minha mortalidade, quero permanecer normal. Senhor dá-me a faculdade de jamais rezar, poupa-me a insanidade de tua adoração, afasta de mim esta tentação de amor que me entregaria para sempre a ti. Que o vazio se estenda entre o meu coração e o seu! Não desejo ver meu deserto povoado pela tua presença, nem minhas noites tiranizadas por tua luz, minhas sibérias fundidas sob teu sol.Mais solitário do que tu quero minhas mãos puras, ao contrário das tuas que sujaram-se para sempre ao modelar a terra e ao misturarse aos assuntos do mundo. Só peço a tua estúpida onipotência e respeito para a minha solidão e meus tormentos. Não tenho nada a fazer com tuas palavras. Concedame o milagre recolhido antes do primeiro instante, a paz que tu não pudeste tolerar e te incitou a abrir uma brecha no nada para inaugurar esta feira dos tempos e para condenar-me assim, ao universo, à humilhação e à vergonha de existir. Deus causa inútil, absoluto sem sentido, modelo dos bobos, passatempo dos solitários, ouro falso ou fantasma conforme liberta nosso espírito e freqüenta nossas febres. O mundo é o pior. Ele é o pior porque não há mais alternativas vigentes neste mundo recém sobressaído da maior catástrofe da humanidade: SER.

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OFÍCIO ÚNICO DA COMARCA DE ARMAÇÃO DOS BÚZIOS/RJ SERVIÇO DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS Av. Jose Bento Ribeiro Dantas, nº 2.000, Manguinhos | Armação dos Búzios/RJ - CEP: 28950-000 Telefax: (22) 2623-6093 | adm@cartoriobuzios.com.br

PROCLAMAS DE CASAMENTOS Neste Ofício estão afixados no local de costume, após a apresentação dos documentos exigidos pela Lei, os seguintes Editais de Proclamas de Casamento: CELSO LUIZ COUTINHO MORAES e FABIOLA RODRIGUES DE SOUZA; Brasileiros, Solteiros. Ele: Pescador, filho de Luiz Guilherme Moraes e Rosagela Moreira Coutinho Moraes, residente neste Municipio-RJ. Ela: Comerciante, filha de Walter Rodrigues e Denise de Souza Rocha, residente neste Município - RJ. Processo nº 2648/14. ROMOLO JOSÉ DA FELICIDADE e GEIZE PORTO DOS SANTOS; Brasileiros, Solteiros. Ele, Barman, filho de Romeu José da Felicidade e Ivanise Pereira da Felicidade, residente neste Municipio-RJ. Ela, Do lar, filha de Ademar Lopes dos Santos e Georgina da Conceição Porto, residente neste Município - RJ. Processo nº 2646/14. WILLIAM PEREIRA GARCIA JÚNIOR e JULIANA BARRETO BATISTA DA SILVA; Brasileiros, Solteiros. Ele, Estoquista, filho de William Pereira Garcia e Edezabeth Suzano de Siqueira, residente neste Municipio-RJ. Ela: Vendedora, filha de Aluizio Guedes da Silva e Ilse Helena Barreto Batista da Silva, residente neste Município - RJ. Processo nº 2647/14. SAMUEL DE OLIVEIRA MEDEIROS e ROSANA DE CARVALHO GONÇALVES SILVA; Brasileiros, Divorciados. Ele, Motorista, filho de Otavio Oliveira de Medeiros e Ignêz Francisca de Oliveira Souza, residente neste Municipio-RJ. Ela, Empresaria, filha de Derli José de Carvalho, residente neste Município - RJ. Processo nº 2652/14. FELIPE DOS SANTOS HENRIQUES e ANA CAROLINA DE OLIVEIRA; Brasileiros, Solteiros. Ele, Funcionário Publico, filho de José Henrique Neto e Celi Andrade dos Santos, residente neste Municipio-RJ. Ela, Aux. Administrativo, filha de José Carlos de Oliveira e Simone Cristina Gomes de Oliveira, residente neste Município - RJ. Processo nº 2653/14. Quem souber de algum impedimento, acuse-me. Eu, Thamires Oliveira da Costa, Escrevente, a extraí. Búzios, 4 de setembro de 2014. Albert Danan – Tabelião Titular

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De 5 a 12 de setembro de 2014 – O Perú Molhado

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Cantiga de amor amigo Descansa, Marcelo, escuta Minha canção de ninar. Foi tão grande tua luta Que precisava acabar. Queria falar de você. Já não sei, fiquei perdida Na sua ausência, na vida. Lembro então teu sorriso Que sorrindo mendigava Uma ajuda aqui, outra ali, E o Perú continuava. E nem se quer atrasava. Naquele sorriso havia Uma dor encabulada Disfarçada em alegria Que a sua cara escondia Mas que nunca me enganava. Quanta dor desperdiçada! E agora, Marcelo amigo? Que faço enfim eu comigo? Uma nuvem negra Envolve o céu, o mar, a ilha E o peito da tua filha. A alegria que havia Chorou muito e foi-se embora

Ficou tudo triste agora Teus amigos, inimigos, Gente assim,desconsolada, Plantas, flores, passarinho, Até gaivota calada. Anoiteceu toda a tarde, Escureceu todo o mundo, Abriu-se um buraco negro, Vazio, oco,profundo, Bem no meio da cidade. Lá no fundo ainda vejo O teu colete puído, Tua máquina apagada E tua Eva arrancada De teu peito, pobre amigo. O tempo passou depressa Nem deu tempo de acabar O teu projeto de vida. Descansa, amigo Marcelo Vê se apaga essa ferida. Descansa Marcelo agora Como se fosse um bebê, Mas antes ensina a gente Como viver sem você.

Abigail Vasthi Schlemm


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