941-Extra

ROGER 4 de dezembro de 2009 | www.operumo­lha­do.com.br | Edição 941 • ANO XXIX

WRIGHT Um jornal cego, surdo e mudo

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Uma justa homenagem

oger Wright era amigão do Perú Molhado. Sua relação com nosso editor Marcelo Lartigue era bastante fraternal. Sempre que dava, filávamos um almoço nos finais de semana em sua casa em Manguinhos.

Tivemos a idéia de fazer uma homenagem ao Roger esta semana, durante a Regata Barbara Wright. Vários amigos se prontificaram a escrever sobre nosso saudoso amigo. Começamos a homenagem com Márcio Secchin, seu grande parceiro.

Clínio de Freitas, sua esposa Cacau, Roger a sua esposa Lucila velejando em Manguinhos

l i s a r B o u e d n e f e d Ele sempre

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Por Marcio Secchin

om grande emoção falo do Roger, amigo querido e companheiro de tantas aventuras.

Todos nós admirávamos o sucesso do Roger em áreas tão diferentes, como empresário, esportista, colecionador de obras de arte, criador de creches, ótimo pai de família, etc...

Prefiro destacar comportamentos do Roger não tão visíveis. Estávamos passando um fim de semana em Búzios, casa cheia de convidados, quando o Roger se afastou do grupo e ficou conversando durante 1 hora com um menino local. Me chamou atenção, a postura de total concentração do diálogo.

Fiquei curioso, quando acabaram perguntei ao Roger quem era aquele garoto, tão modesto. Ele explicou que patrocinava a carreira esportista de surfista do garoto. Questionei o tempo longo do dialogo, Roger então disse que na realidade, estava orientando o garoto quanto aos estudos e responsabilidades em geral.

Este era o Roger! Dispondo do seu tempo precioso, ajudando, a quem tinha tão pouco.

Participava integralmente da creche de Búzios, detalhe por detalhe, além do total suporte financeiro.

Roger tinha no Botafogo uma grande paixão. Surgia um outro Roger, torcedor apaixonado, brigão, se metia em confusões de torcida, tudo por amor ao Botafogo.

Nascido na Inglaterra, o Brasil era sua grande paixão. Amava profundamente nossa terra, sempre otimista, sempre defendendo o Brasil.

Sinto-me honrado em ter convivido com um Amigo tão querido!

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Con­se­lho edi­to­rial Bri­git­te Bar­dot, Clau­dio Kuck, Ivald Gra­na­to, Jo­mar Pe­rei­ra da Sil­va, Fi­no Quin­ta­ni­lha, Re­na­ ta Des­champs, Ota­vi­nho, Humberto e Clau­dio Mo­dia­no, Er­nes­to Za­bo­tinsky, Tra­ja­no Ri­bei­ro, Re­na­to Pa­co­te, Jor­ge Te­des­co, Clau­dio Co­hen, Lau­ritz Lach­man, Gui­lher­me Araú­jo, Pe­dro Pau­ lo Bul­cão, Pau­lo Ma­ria­ni, Al­ber­to Fan­ti­ni, Ma­rie Anick e Jac­ques Mer­cier, Ara­guacy da Sil­va Mel­lo, Luis Ed­mun­do Cos­ta Lei­te, Mar­cos Pau­lo, Elie Sha­ye­vitz, Jo­nas Suas­su­na, Gló­ria Ma­ria, Rui Castro, Heloísa Seixas, Márcio Fortes, Luiz Fernando Pedroso, Lula Vieira, Antônio Pedro Figueira de Melo e Adriana Salituro.

Di­re­tor Mar­ce­lo Lar­ti­gue

Fun­da­do­res

Ma­rio Hen­ri­ques Jor­na­lis­ta res­pon­sá­vel e Pe­dro Luis Lar­ti­gue Hamber R. de Carvalho (reg. prof. 13.501 DRT/RJ) Ge­rên­cia de Ven­das Rio: Gestão de Negócios Editora de fotografia Tel: (21) 2245-8660 Sylvana Graça Me­ce­nas Re­pór­ter Umberto Mo­dia­no San­dro Pei­xo­to Im­pres­são Anibal Fernando Gráfica Lance Cláudio Kuki Adriana Salituro Diretora de Distribuição Pro­du­ção Grá­fi­ca Cristina Albuquerque Ca­ro­li­ne Moreira Marcela F. Silva Arquivo e Assinatura Valdete Rangel Amaral Diretora Comercial Alessandra Cruz

Roger com seu amigo Márcio Secchin

O Pe­rú Mo­lha­do / Edi­to­ra Mi­ramar CNPJ: 02.886.214/0001-32 Rua Alfredo Silva, 226, casa 4 Cep 28 950-000 – Brava - Ar­ma­ção de Bú­zios – RJ Celular/redação: (22) 8128-3781 / 9216-3361 Comercial: (22) 9898-5052 - (21) 7874-8081 E-mail: operu­mo­lha­do@hotmail.com operumolhado@gmail.com Si­te: www.operu­mo­lha­do.com.br

4 de dezembro de 2009 – O Perú Molhado

Vela e o Botafogo, duas paixões de Roger Roger e Clínio fazendo o que mais gostavam: competindo em Manguinhos

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Por Cláudio Kuck oger Ian Wright viveu intensamente, sempre rodeado de amigos e familiares, junto com sua primeira mulher Bárbara, dividindo-se entre a grande paixão pela vela e outros esportes e suas atividades na área financeiraadministrativa, passando por muitas empresas e instituições, como a superintendência dos Adubos Trevo no Sul, direção do Banco Garantia, consultoria do Crédit Suisse First Boston, sócio-fundador da Arsenal Investimentos e por aí afora. Além do iatismo, das partidas de tênis, squash, de futebol, das idas ao Maracanã levado por seu intenso amor pelo Botafogo (tomara que não caia para a Segundona em homenagem a ele), ainda achava tempo

para pedalar muito, caminhar e correr pelas areias de Manguinhos, ou esquiar no mar ali perto de sua casa, ou no gelo quando andava pela Europa.

Haja fôlego. Nasceu na Inglaterra, filho de uma brasileira, mas logo se naturalizou no Brasil, tendo vivido em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, onde se casou com Barbara e passou alguns anos, participando da Trevo que era da família dela. Seu padrasto russo Andrei Mouraviev amava Armação dos Búzios, passando este amor a ele ao trazêlo sempre para cá.

De meião alvinegro - Felizmente pra nós que podemos assim conviver com figura tão especial. Voltou ao Reino Unido para cursar o segundo grau. Bom de bola e com ginga brasileira conseguiu um lugar no time da escola. Lá, qualquer pelada

4 de dezembro de 2009 – O Perú Molhado

ganha ares de partida oficial, exigindo dos atletas até aquecimento antes do apito inicial Os amigos no Iate Cube de Búzios e o fardamento é impecável, ainda mais nos campeonatos inter-colegiais. As cores do uniforme do time eram rubro-ne- Muitos ventos e barcos em sua vida gras como as do Flamengo, mas ele não se Roger era entusiasta pela classe Tornado conformou. Vestiu a camiseta vermelha e o que ajudou a implantar no Brasil e Búzios, calção preto, mas adaptou ao design seus onde apoiou a realização de campeonatos meiões alvi-negros, do saudoso Botafogo mundiais, brasileiros e pré-olímpicos, além que trouxera do Rio. O técnico e os outros da ajuda a Pedro Bulhões - o ‘Chorão’ – jogadores ficaram espantados quando ele no Clube de Vela de Manguinhos, quase entrou em campo ‘daquele jeito’. Mais tar- ao lado de sua casa. Seu amigo e parceiro de cursou administração na Universidade Clínio Freitas conta que ele comprou um da Pennsylvania nos Estados Unidos, re- Tornado em 1994, que deixou aqui, onde tornando ao Brasil. está também seu A-CAT (foi pioneiro na

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categoria e campeão brasileiro) adotado em 2003 e o HPE-25 pés, em que os dois velejavam com suas mulheres, Cláudia ‘Cacau’ e Lucilla, a segunda esposa de Roger que estava com ele na trágica queda de seu avião King Air, em Trancoso no mês de maio deste ano. Ajudou também a sanear as finanças da Confederação Brasileira de Vela e Motor, incentivando o Projeto Brasil 1 na Volvo Ocean Race.

Mundial de Tornado em Manguinhos, organizado por Roger e pelo Búzios Vela Clube

Por que não trazer seu ’12 metros’ pra cá? - Clínio lembra

que uma das últimas paixões de Wright era a classe 12 metros, em que foi vicecampeão mundial em 2005 no seu barco ‘Wright on White’, comprado na Inglaterra um ano antes, onde permaneceu baseado inicialmente para depois ficar em Newport (EUA), para ganhar o vice-campeonato norte-americano em 2006 e o caneco do campeonato do Circuíto Mundial do Centenário em 2007. O seu barco ficou inativo por lá em 2008, mas Roger dizia para Clínio que seu desejo era recomeçar a velejar com ele antes do final deste ano, para depois trazê-lo para cá. Infelizmente o destino abortou seu sonho no desastre na Bahia. Por que não cumprir seu desejo agora, fazendo o Wright on White ‘aportar’ em Manguinhos? Ele certamente ficaria feliz.

Leitura dinâmica e arte de vanguarda

O mesmo nome dado 10 anos depois por Roger a seu ’12 metros’ adquirido na GrãBretanha.

O barco como diz o nome é todo branco e de acordo com as regras da classe, é oco, sem qualquer comodidade em seu interior, próprio para regatas diurnas e tem uma tripulação de 15 pessoas. Lucilla gostava dele e participou ativamente de várias provas, tendo também se apaixonado pelo mar e o vento, junto com o marido. Clínio Freitas nos mostra outras facetas de Roger que não são tão conhecidas: “Lia muito e velozmente, numa espécie de leitura dinâmica e se interessava pelos temas e estilos mais diversos. Só se detinha e ia mais devagar mesmo, quando achava a obra muito boa”. As artes plásticas também o atraiam, conforme mostram os quadros que tem aqui na Armação e na galeria do subsolo de sua residência paulistana. Gostava principalmente da arte de vanguarda e dos pintores dos anos 70, sendo amigo do grande e polêmico Rubens Gerchman (falecido no ano passado), que convidava sempre para sua casa buziana. Não por acaso um adepto da pop-art, influenciado pelo concretismo e o neo-concretismo, ligado ao excêntrico Hélio Oiticica, Vergara e Ivan Serpa, além de adepto do Carnaval carioca, chegando a desenhar as camisas do tradicional bloco de Ipanema-Lelon ‘Simpatia é Quase Amor’.

Velejou com medalhistas Lars e Clínio

Gerchman batizou ‘Wright on White’ - Freitas lembra que em

1995 conversavam em Manguinhos, quando Roger quis colocar na água um barco novo todo branco que comprara, mas alguém comentou, talvez sua então mulher Bárbara (foi um ano antes de seu acidente aéreo fatal em Congonhas), que primeiro era preciso batizá-lo, senão daria azar.

Ficamos pensando e Gerchman sugeriu “White on White”, em homenagem ao famoso e histórico Quadro Branco (de 1913) do artista russo Kasimir Malevich.

A idéia foi aprovada com pequena adaptação pedida por Clínio: “Wright on White”.

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O iatista e excelente dentista Clínio Freitas depois de ser parceiro por longo tempo de Lars Grael (ganhou com ele no Tornado a medalha de bronze na Olimpíada de Seul-1988), tornou-se amigo e parceiro de Roger com quem chegou a disputar o pré-olímpico para Sydney-2000, também na classe Tornado, mas não conseguiram se classificar disputando a última regata na raia de Búzios. “Ele começou a velejar competitivamente para valer um pouco tarde (depois dos 30 anos) e quando iniciamos a nossa parceria, já tinha mais de 40. Antes chegou a competir com Lars na tradicional Regata Santos-Rio e várias outras. Aliás, depois do trágico acidente na praia de Camburi (Espirito Santo), quando acabou tendo de amputar a perna direita, Grael voltou ao vento num Tornado com Roger na Taça Bárbara Wright de 2000 aqui em Búzios. Amigo de Lars desde os nove anos de idade, Clínio estava num veleiro ao lado no meio-dia do domingo 6 de setembro de 1998, quando se ouviu o ronco de uma lancha conduzida por um alucinado e o choque, na disputa da Taça Cidade de Vitória. Acharam que ele estava apenas um pouco ferido, só quando o puxaram para cima do barco deles é que compreenderam a gravidade do acidente.

O proeiro de Grael era seu amigo Anders Schmidt.

Ajudava sorrindo sem fazer alarde Todos os amigos como Clínio, Zé Leão, Lars, Robert Scheidt, Márcio (não era velejador) e uma imensa lista de outros o descrevem como uma pessoa simples, atenciosa, estimado pelos seus funcioná-

O atleta posando à frente de seu barco

Tempo de Regata,

saudade e boas lembranças Neste final de semana teremos aqui a 14ª Taça Bárbara Wright, que começou homenageando apenas a mulher, que não só Roger perdeu naquele acidente da TAM de 1996, mas também seus familiares, que em grande parte também nos deixaram em maio deste ano. Mas é um momento de lembrá-los nos bons momentos e homenageá-los como merecem. Muitos ídolos do esporte vão participar. Para isto estarão aqui vários companheiros de vela e ventos, amigos de todo lugar, seu irmão Christopher vem da Suíça e a mãe Dona Ellen, José Luiz Alqueres (pai da nora de Roger Heloisa), junto com outros representantes das famílias. O Búzios Vela Club também vai inaugurar sua nova sede “Roger Wright” erguida em terreno comprado por ele.

Serão momentos de muita emoção, saudades e boas lembranças também. (C.K.) rios, dinâmico, ético, com raciocínio lógico, matemático, ótimo profissional das finanças e administração, competitivo, sempre disposto, prático e sem rodeios.

Não perdia tempo e contam que gostava de fazer as coisas sem fazer alarde, como quando criou o Instituto Lob de Tênis Feminino em São Paulo, para ajudar nossas tenistas a evoluírem e subirem no ranking, além de popularizar mais o esporte entre as garotas. Junto com a Creche Bárbara

Wright aqui em Búzios, Roger contribuía para a manutenção de várias outras creches ligadas à Igreja Anglicana em São Paulo.

Quem o conheceu bem destaca ainda seu permanente sorriso contagiante. Claro que sua falta ainda é bastante lamentada, sentimento que deve perdurar através dos anos.

Não é todo dia que temos a oportunidade de conviver com alguém da estirpe, categoria e ‘classe’ de um Roger Wright.

4 de dezembro de 2009 – O Perú Molhado

A sina aérea dos Wright À Por Cláudio Kuck

O King Air que caiu com a família Wright em Trancoso, na Bahia

s 21h13m da sexta-feira chuvosa de 22 de maio deste ano, o banqueiro Roger Ian Wright, financista, administrador e acima de tudo um dos velejadores mais queridos do Brasil, Inglaterra, EUA e de todos os mares e oceanos do mundo, junto com grande parte de sua família, teve mais um encontro trágico e injusto com o destino. Seu avião King Air B350 (PR-MOZ), que partira de Congonhas em São Paulo, para passar o que deveria ser mais um fim-de-semana de lazer e confraternização em Trancoso (Bahia), no agradável Condomínio Terravista Golf Resort no alto das falésias da área, bateu numa árvore a um quilômetro da pista asfaltada (1.500m), caindo na Mata Atlântica a 197 metros da cabeceira.

Uma tragédia tão perto do objetivo dos experientes pilotos Jorge Lang Filho e Nelson Caminha Affonseca, que conheciam bem o local e faziam uma aterrissagem visual noturna. Não houve sobreviventes.

Roger gostava muito de lá porque tinha o mar lindo para velejar, mergulhar, surfar, além de quadras de tênis e squash, outros esportes que praticava. Na confusão inicial sobre as possíveis causas do acidente, chegaram a dizer que o aparelho poderia ter sido derrubado por forte ventania, mas a versão foi abandonada depois. Afinal, um grande iatista como ele, amigo das ondas, da brisa, das correntes de ar, ventos fortes e rajadas, jamais seria traído por eles.

Uma das últimas fotos do Roger

A morte triste de uma família A medida que a notícia do desastre se espalhava e a dimensão da catástrofe era conhecida em São Paulo, Rio, Porto Alegre, Búzios, Londres, Nova York, Newport (a cidade da America`s Cup), Suíça e vários outros países, seus amigos primeiro não acreditavam, depois lamentavam, choravam inconformados e perplexos. Ninguém conseguia aceitar mais um acidente vindo dos ares atingir a família Wright. Lá perto de Porto Seguro Roger se foi aos 56 anos plenos de vida e planos, junto com sua tia-avó Vera Lúcia Mércio, o filho Felipe, a nora Heloísa Alqueres Wright, o neto Francisco ainda bebê e a babá dele Rosângela Pereira Barbosa. Também morreram a filha Verônica Luchsinger Wright Faro com o marido Rodrigo de Mello Faro, além dos dois filhos do casal: Vitória e Gabriel. A queda do King Air vitimou ainda a também velejadora e empresária baiana Lucilla Lins Wright (Delba Marítima e Aeróleo) e sua neta Nina - filha de Isabela Pinheiro do seu primeiro casamento -, com quem Roger se casou alguns anos após a morte de sua esposa Bárbara Luchsinger Wright. Por inacreditável que pareça ela estava no fatídico voo 402 do Fokker da TAM, que caiu no dia 31 de outubro de 1996 sobre algumas casas no Bairro Jabaquara (SP), 24 segundos após deixar o aeroporto de Congonhas com destino ao Rio. Nenhum dos 96 passageiros e tripulantes sobreviveu, tendo sido vitimados ainda três pessoas em terra. Roger, a família, amigos e Búzios perderam Bár-

Verônica e Vitória: filha e neta do Roger

Roger, seu irmão Christopher Apostol e sua mãe Ellen com os netos curtindo um friozinho na Suíça

bara, onde um ano depois deu seu nome a creche criada por seu marido aqui, para crianças entre 1 e 6 anos.

E o raio caiu de novo no mesmo lugar...

A saga aérea de Roger teve ainda mais um capítulo que o marcou muito. No dia 17 de julho de 1997, ele estava a trabalho com outros colegas e a secretária Simone Wetrupp em Porto Alegre. Com alguns contratempos se atrasaram para chegar ao aeroporto Salgado Filho, perdendo o horário e tendo de entrar na lista de espera.

Ao final sobrou apenas uma vaga que to-

4 de dezembro de 2009 – O Perú Molhado

dos ofereceram a ele. Como sabia que sua jovem auxiliar casada há pouco tempo, tinha vários problemas familiares a resolver, gentilmente disse que a poltrona disponível era dela, pois iria num vôo mais tarde sem problema nenhum. A moça não queria, argumentou que a prioridade era dele etc, mas com a insistência de Roger acabou aceitando a oferta, agradecendo muito pela oportunidade de chegar mais cedo em casa. O Air-Bus 320 da TAM decolou às 17h16m e ao aterrissar em Congonhas sob intensa chuva às 18h51m, teve problema na frenagem, no reversor, saiu da pista, passou pela avenida Washington Luiz, bateu contra um posto de gasolina

e se chocou com um prédio de carga da própria TAM. Morreram os 187 a bordo e outros 12 em terra. Simone também para desespero de seus colegas e de Roger. O medalhista olímpico Clínio Freitas, amigo do empresário com quem velejava muito, freqüentador assíduo da sua casa no Rio e Búzios, disse ao Perú que o acidente o abalou bastante. Contou também que muitas vezes as pessoas perguntavam a Lucilla, se não tinha medo de andar sempre voando, diante dos acidentes aéreos que já tinham marcado a vida de seu marido Roger, ela apenas desconversava e garantia: “O raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar”. Infelizmente estava errada.

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Um homem

Roger com o velejador Lars Grael

do mar de Búzios Por Lars Grael

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oger Ian Wright é destes raros amigos que conhecemos em uma existência. Conhecio em um almoço em sua casa alugada na praia de Manguinhos em meados dos anos 80. Jamais esqueço que neste almoço servi-me de pimenta achando que era molho à campanha. Só em pensar, minha boca arde até hoje.

Roger era oriundo da classe Hobie Cat 16, barco em que velejava quando morou em Porto Alegre. Depois, encantou-se com o Tornado, historicamente praticado em Búzios, e tornou-se um de nós.

Nos anos que estive semi-afastado do Tornado, voltei à classe convencido pela empolgação do Roger. Em parceria com ele, retornei às competições oficiais na Miami Olympic Regatta em 1994. E até experimentamos a Vela Oceânica com os competitivos Mumm 36 em Key West, na Florida, mas ele queria mesmo era a velocidade e o desafio dos multicascos.

Em 1995, formou dupla com meu ex-proeiro e amigo-irmao, Clinio Freitas, companheiro no bronze de Seul, outro cúmplice de ideais e valores. Ainda assim, foi capaz de abdicar de seu próprio interesse e adquirir outro Tornado para que eu me preparasse para Atlanta, já em dupla com Kiko Pellicano.

Após a conquista da medalha em 1996 da qual o Roger foi um dos artífices, passamos a pensar em levantar a classe que até então sempre tinha sido pequena no Brasil. Roger deu lição de resiliência após a tragédia familiar ocorrida em 1996, quando sua primeira esposa faleceu em um acidente aéreo e surgiu daí a Taça Barbara Wright realizada anualmente em Búzios entre os amantes de multicascos.

Concebemos um calendário sólido, participações internacionais e a aquisição inédita de 12 barcos em regime de consorcio.

Colocamos 7 equipes brasileiras no Mundial de 1997 nas Bermudas.

O ano de 1998 foi a concretização de nosso projeto com a memorável organização do Campeonato Mundial de Tornado em Búzios. Um sonho da classe Tornado que saiu dos 4 barcos no quintal da casa do Bento Ribeiro Dantas até os cerca de 70 barcos que elegantemente decoraram o mar de Búzios naquele evento.

1998 tinha tudo para ser perfeito, até que a vida pregou nova fatalidade, desta vez comigo. Mais uma vez o destino colocou Roger e Clinio a metros do meu salvamento.

Foi Roger quem tratou de tudo. Da minha remoção para o Hospital Albert Einstein em São Paulo, à escolha dos melhores médicos e até um período de hospedagem em sua casa no Morumbi aguardando que eu

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tivesse condições de regressar para Niterói.

Momentos difíceis onde os verdadeiros amigos mostram seus valores.

Separados por conta do destino, Roger nos multicascos e eu, de volta aos monocascos, tivemos outro susto. Desta vez na Regata Santos- Rio de 2000 quando Roger caiu ao mar na penumbra de uma tarde com mar e vento. Foi prontamente resgatado. Um susto e muita risada!

Vivemos depois uma fase onde o prazer do convívio e as amplas dis-

Lars Grael entrado pela primeira vez num barco de competição após perder a perna. Foi na Taça Bárbara Wright

cussões sobre os rumos de nosso país foram além dos projetos de Vela.

Num jantar em Atenas 2004 regado a bom vinho e na alegria da comemoração da conquista da medalha de ouro de Torben Grael e Marcelo Ferreira, surgiu a discussão sobre qual seria nosso próximo projeto de Vela. Foi o Torben quem concebeu o desafio da Classe 12 metros tomado por sua experiência de America’s Cup, competições de 12 metros em 1999 e 2001 e influenciado pelo ícone material de nossa familia Schmidt que é o elegante e histórico veleiro da Classe 6 metros “Aileen”.

Combinamos tudo e passados meses, achei que era conversa de bêbado. Foi o Roger quem me ligou cobrando se eu não iria viabilizar o nosso “Tratado de Atenas”.

Semanas de consultas à Internet e a permanente consultoria do Torben permitiramnos localizar o sofrido 12 Metros KZ-3 “Kiwi” (ex-“New Zealand”) na Inglaterra.

Algum tempo depois, estavam lá os medalhistas olímpicos Clinio Freitas e Edu

Penido para o reconhecimento de nossa presa. Era o inverno de 2004/2005 quando o KZ3 rumou para Newport para o seu completo refit. Edu Penido tornou-se então o skipper e zelador de nossa imensa nau de competição.

Definimos com clareza nosso objetivo para o ano inicial. Um barco competitivo com uma tripulação mista de amigos brasileiros da Vela com alguns profissionais tarimbados neste tipo de barco. Queríamos adquirir experiência e terminar o ano de 2005 como uma tripulação respeitada na aristocrática casa da America’s Cup de 1851 até 1983.

Excedemos nossa expectativa. Aprendemos muito com erros e acertos e nos sagramos Vice-Campeões Mundiais. Superamos até a temida e experiente equipe do KZ7 comandada pelo lendário Bill Koch, vencedor da America’s Cup de 1993. No final da temporada concebemos com pontaria certeira nosso objetivo para os anos vindouros. Tomamos a decisão de investimentos no “Wright on White” visando 2006 e 2007.

2006 foi o ano que concebemos conhecer profundamente o “Wright on White” com sua nova e revolucionária quilha. Era o momento de lapidar a escolha dos tripulantes e terminar o ano como uma tripulação candidata ao titulo mundial de 2007. E 2007 foi um ano de realizações. Começamos com a conquista marcante da etapa de Valência no próprio palco da America’s Cup. A presença do Torben foi determinante para nossa evolução técnica. Na seqüência, o vice-titulo na etapa de Porto Cervo, Sardenha, ratificou nossa boa fase e evidenciou nossas

pequenas fragilidades.

Chegou o grande momento, o campeonato Mundial em Cannes. Dias tensos e competição feroz contra alguns dos nomes mais importantes da história da Vela. Ao final a contradição da euforia de nossa conquista com a frustração da não validação do titulo mundial porque menos de 4 regatas foram corridas devido às condições meteorológicas, um número insuficiente para a oficialização do campeonato. Pelo menos conquistamos a Regata Royales e o reconhecimento coletivo como a melhor equipe de 12 Metros do Mundo em 2007.

Com a satisfação do dever cumprido, em 2008 tanto Roger quanto eu tivemos que nos dedicar a novos projetos fora da Vela, mas nossa convivência permaneceu inalterada. Ele sempre esteve presente na minha vida e me incentivou com seu jeito amigo em tudo a que me dediquei.

Já 2009 foi um ano trágico. Uma fatalidade destas que se lêssemos em um roteiro de filme nos faria julgar o autor exagerado, levou de uma só vez, em um acidente com seu avião particular, no sul da Bahia, não só Roger, mas sua amada Lucila, seus filhos e netos.

Para mim pessoalmente, para todos os amigos e para o país foi uma perda irreparável. Roger Ian Wright era um homem de grandes predicados e um vencedor nato em tudo que fez. Fosse nos negócios, na Vela ou em qualquer outra atividade, ele tinha o carisma, a polidez, a obstinação e a inteligência que só os grandes homens possuem. Na minha memória e na de todos que travaram contato com Roger vai ficar para sempre a marca do seu exemplo, da sua generosidade e do seu carinho. Que ele permaneça navegando e se divertindo onde quer que ele se encontre. Que os bons ventos lhe sejam eternos meu amigo!

4 de dezembro de 2009 – O Perú Molhado

Festa na inauguração do Búzios Vela Clube em Manguinhos

Um amante

de Manguinhos

Roger voando no mar de Búzios

Por Pedro Bulhões - Chorão

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onheci o Roger em 1997 quando comecei a velejar na Praia de Manguinhos. Havia comprado minha casa lá e ficamos vizinhos. Nesse ano foi realizado por ele um Campeonato Mundial da Classe Olímpica Tornado, naquele terreno ao lado da Peixaria.

Pouco tempo depois veio a ideia de fundar um Clube de Vela em nossa praia, o que aconteceu em 1999, quando nasceu o Búzios Vela Clube.

O Roger não precisava do Clube, pois tinha uma casa ao lado maior que o Clube, e sempre guardou os barcos em casa, mas desde o primeiro momento apoiou a ideia e ficou sócio.

Sempre competia representando o BVC, ou o Rio Yacht Clube, nesse último caso quando estava no barco o Clinio e Freitas, seu inseparável amigo, tripulante e adversário nas regatas de Acat.

Desde 1999 o BVC passou a organizar a Taça Barbara Wright, que aconteceu todos os anos e vai continuar acontecendo todos os anos.

A Taça Barbara Wright é o grande encontro anual de barcos multicascos, que são os catamarãs. Esses eram os barcos que ele mais gostava, embora tivesse tido bons resultados também em HPE e 12 metros.

Vinha sempre toda a família Wright homenagear a Barbara e rever os amigos.

O Roger sempre ajudou todo mundo, desde o Torben Grael até os garotos simples de Manguinhos, a quem deu Pranchas Olímpicas novas para que se tornassem campeões.

E se tornaram: Os quatro últimos campeões brasileiros juvenis de Windsurf são de

Manguinhos, com as pranchas dadas pelo Roger. E mais virão...ainda com as pranchas dadas pelo Roger.

Há um monte de jovens velejando hoje em Manguinhos graças a ele.

Em Manguinhos, o Roger sempre ajudou também ao Toninho, que mantinha sua escola com muita luta.

Em Manguinhos surgiu, na casa do Roger, o movimento que transformou a Confederação de Vela Brasileira em 2006, estabelecendo os padrões atuais de profissionalismo.

Em Manguinhos, o Roger apoiava a fixação da sede nacional da Confederação Brasileira de Vela e Motor, no terreno de 20 mil metros ao lado da Peixaria, que por complicações políticas e legais ainda não pode ser aproveitado.

Quando, em 2007 o Roger soube que o Búzios Vela Clube tinha oportunidade de comprar parte da Casa do Geraldinho, ele e o Zé Leão ofereceram espontaneamente a ajuda financeira necessária para a compra, perenizando a presença da Vela naquela abençoada beira de mar.

O Roger resmungava todos os dias contra aquela absurda língua negra ao lado da casa dele.

Mas o Roger, acima de tudo gostava de velejar. Estava sempre treinando. Mais que todo mundo. Saia para o mar cedo, e sempre. E voltava sempre feliz. Dava pra ver que aquilo fazia bem a ele.

Em Manguinhos ele também pedalava, corria e andava com os amigos. Sempre.

Não era de jogar conversa fora. As conversas sempre objetivas. Sempre com um foco. Mas sorria e brincava. Era sempre franco.

4 de dezembro de 2009 – O Perú Molhado

Seu grande amigo Chorão

Ele ajudava com elegância, sem botar o nome. Sem aparecer.

Mas estava sempre de olho, com a cabeça de quem teve um estrondoso sucesso com competência e sorte, e que entendia que a sorte para os outros era a ajuda dele, mas

a competência era dever de casa de cada um.

O Roger, a Helo, o Felipe, a Verônica, a Lucila e todos os outros que passaram lá pra cima deixaram um vazio surdo.

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Um orgulho para a educação de Búzios

Meu vizinho F Por Bento Ribeiro Dantas

ui vizinho, sócio em uma fábrica de lanchas, sócio num Tornado e parceiro de regatas do Roger, mesmo quando as coisas não davam certo, perdemos muitas regatas juntos! Mantivemos a amizade e a alegria do convívio. Conheci o Roger quando ainda morava em Porto Alegre era casado com a queridíssima Bárbara, uma das pessoas mais encantadoras que conheci, chamava-a de primeira dama de Manguinhos. A melhor obra do Roger em Búzios, a creche Bárbara Wrigth, leva com toda justiça o seu nome.

Quando o nosso amigo conseguiu refazer sua vida ao lado da Lucinha, mais um acidente aéreo, e desta vez além de estúpido como todos os acidentes, perfeitamente evitável, nos privou de seu convívio não só do Roger como de toda sua bela família.

Roger Wright com nosso imortal Bento Ribeiro Dantas

Um botafoguense fanático Por Eva Lartigue

Roger Wright foi um homem legal. Fico feliz em saber que ele era um botafoguense fanático, que não perdia nenhum jogo, assim como eu. Além disso, Roger era bondoso, gostava muito de crianças. Tanto que me permitiu assistir uma entrevista na casa dele feita pelo meu pai. Mas como eu era pequenininha, nem prestei atenção

na entrevista, eu queria era brincar na mansão dele. Nessa brincadeira, resolvi explorar seu quintal.

Percebi então, que tinha uma pequena ponte em cima da grama...

Como eu não tinha noção de nada e nem do porquê de existir uma ponte sobre a grama e não sobre a água, resolvi pular na grama que havia de baixo da ponte. E adivi-

nhem a minha surpresa... NÃO ERA GRAMA! Eram minúsculas folhas de árvores sobre o esgoto! É isso mesmo, eu pulei no esgoto da casa do Roger. Nunca pensei que algo desse tipo me aconteceria, o pior foi que quase morri afogada, sorte que a empregada ouviu meus berros e foi me socorrer.

Lembro que perdi minha sandália

novinha e que tive que atrapalhar a entrevista do Roger na sala para pedir uma toalha. Sim, eu devo ter tomado uns 5 banhos no mínimo aquele dia sem contar que nunca mais meu pai devolveu a toalha (de primeira classe da Varig!) ao Roger. Mas Roger foi um homem muito legal. E botafoguense. E me “deu” a toalha.

Saudades Zé Leão

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4 de dezembro de 2009 – O Perú Molhado

Roger, o economista C

Por Etevaldo Dias onheci o Roger Wright quando ele era diretor do Banco Garantia, em 1994. A Santafé Idéias, agência de comunicação que dirijo, estava no início. O Garantia foi um dos meus primeiros clientes. O Roger e o Bruno Licht, colegas de diretoria e amigos, eram interlocutores do banco junto a Santafé. Conversávamos sobre política e economia várias vezes ao dia. Naquele tempo a política tinha forte influência nos caminhos da economia.

Os humores da política refletiam diretamente no câmbio e nos pregões da bolsa.

Lembro-me que certa vez o Luiz Eduardo Magalhães, líder do governo de FHC, irritado com declarações intempestivas do ministro Sérgio Motta criticando o PFL, anunciou que deixaria a liderança em resposta ao ministro destrambelhado. A bolsa de valores imediatamente começou a despencar e o dólar a disparar. A versão do mercado era que o governo se enfraqueceria sem o apoio do PFL. Eu sabia que as coisas não acontecem assim na política, tudo é muito pensado, articulado e até os rompantes são premeditados. O Luiz Eduardo antecipou-me que a sua renúncia era gesto político combinado com o Palácio do Planalto. Liguei para o Roger e lhe disse que a renuncia não era para valer.

Ele confiava muito nas minhas fontes e sabia que a margem de erro era mínima. No fim do dia Luiz Eduardo, depois de um longo encontro com o presidente Fernando Henrique, anunciou que continuaria na liderança. O Roger vibrou com o furo da Santafé.

Tínhamos com freqüência almoços na sede do Banco em São Paulo. Eu levava ministros, autoridades e políticos para encontro com a equipe do banco. Os almoços eram austeros.

Nada de garçons, vinhos e rapapés. Os diretores ajudavam a servir os convidados no bufê.

Só se bebia cervejas e refrigerantes da Brahma, da qual Jorge Paulo Lemann, presidente do Garantia, é um dos principais acionistas.

Roger atuava como uma espécie de relações públicas do Garantia. Os políticos, e levei muitos deles a estas almoços, gostavam da troca de informações, da economia para a política e da política para a economia. Um relacionamento direto, sem a intermediação da burocracia estatal e sem economês. O Roger fazia o papel de anfitrião. Comandava os encontros com a sua conversa bem humorada, direta e franca e sem frescuras.

O Garantia acabou como banco. Roger fundou sua própria empresa. Nossos contatos se espaçaram ao longo dos anos. Hoje lamento ter deixado passar tantas oportunidades para ter uma nova e boa conversa com o Roger.

O cineasta Federico Fellini dizia que era tão amigo de Marcelo Mastroianni que os dois já nem precisavam se encontrar para conhecer o que cada um pensava sobre cada assunto.

Esta sensação nos leva a ser displicentes com pessoas que gostamos. Achamos que podemos retomar o papo a qualquer momento, e vamos deixando o tempo passar. Só que um dia o tempo acaba. E, às vezes, acaba, assim, de repente, como foi com o Roger.

Roger em seus momentos de economista.

Ele vivia cercado pela intelligentsia brasileira

O

Por Ricardo Fernandes

velejador e entusiasta do esporte Iatismo Roger Wrigth foi um dos maiores nomes deste desporto do município de Armação dos Búzios. Grande incentivador das classes de barcos catamarã, como Tornado e Classe A, este iatista foi de enorme ajuda para o crescimento deste esporte na cidade. Nós da Yacht Escola de Vela e em especial eu, Ricardo de Mattos Fernandes, agradecemos as inúmeras ações deste amigo, que sempre auxiliaram nosso caminhar, que tem o mesmo objetivo, ou seja, o desenvolvimento da vela na região. Com Professor bacharel em Educação Física e mestrando em educação, organização e avaliação do ensino, venho agradecer publicamente o ajuda que este entusiasta e seus amigos empreenderam em prol da concretização da pesquisa e dissertação sobre a metodologia do esporte a vela, que foi entregue e será defendida na Universidade Trás-os-montes e Alto Douro de Portugal.

Um forte abraço, amigo. Estaremos sempre aqui dando continuidade ao seu objetivo no que for possível, sem dúvida você fará muita falta nesta caminhada.

4 de dezembro de 2009 – O Perú Molhado

Me formei graças a ele

Ao fundo, nosso velejador Ricardo Fernandes

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O

casal Regina Araújo e Marco trabalharam com Roger Wright até sua morte.

Foram mais de 18 anos de convivência.Os dois até hoje ficam com os olhos marejados ao falar do ex-patrão. Regina, que começou a trabalhar na antiga casa do Roger, disse ao Perú achar impossível algum dia encontrar uma pessoa tão boa quanto foi o Roger para ela. Roger era muito caseiro, mas não dava trabalho a ninguém. Adorava comer peixe assado no forno. Principalmente anchovas. Mas não era exigente com nada.

- Fiquei sabendo pelo advogado Oswaldo Benjamin, que cuida de creche.Ele me ligou e deu a notícia. Fiquei em estado de choque por alguns dias. Até hoje não consigo acreditar. Penso que eles e os filhos estão em São Paulo e que a qualquer hora vão aparecer, declarou Regina.

Marcos é outro que nunca teve do que reclamar. Pelo contrário, só tem lembranças boas do ex-patrão. Lembra que ele ficava em casa a vontade, fazia poucas exigencias e estava sempre brincando com todos - inclusive com os empregados.

- Ele era demais. Nas datas de nossos aniversários, ele podia estar aonde estivesse, ligava para a gente. Era muito carinhoso.

Não entendo como o destino foi tão cruel.

Seu Roger merecia curtir mais a vida. Ele adora viver. Quando inaugurou essa nova casa foi uma festa. Os amigos se divertiram bastante na piscina. Ele curtiu essa casa por apenas três meses. Foi realmente uma pena ter acontecido aquela tragédia, lamentou o caseiro Marcos Simas.

Roger, o patrão

Está faltando um

Roger

Por José Luis Itajaí

gostava muito de massas

O

empresário Roger Wright, falecido precoçemente em maio deste ano num acidente de avião em Trancoso, sul da Bahia, era um homem discreto.

Pouco era vista na cidade. Quando saia para comer, tinha algumas preferência. Foi durante anos, cliente do Restaurante Le Stregue, onde o maitre Farias (hoje dono do Farias Grill) trabalhava. Farias lembra muito bem do Roger e dos pratos de sua preferência.

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- Seu Roger era um dos melhores clientes do Le Stregue. Uma pessoa muito boa. Gostava de comer de entrada carpaccio de carne e seu prato principal preferido era um raviolle verde e branco recheado com ricota, nozes, manjericão e queijo parmesão. Ele era muito educado. Sempre tranquilo. Nunca foi de beber muito.

Apesar de ser muito rico, era bastante humilde. Sempre chegava com sua esposa Bárbara. Infelizmente depois que o Le Stregue fechou, nunca mais o encontrei, lamentou Farias.

V

oltando há tempos atrás, vendo na Praia dos Ossos os preparativos de uma regata de Veleiro Classe Oceano, me veio na cabeça à figura do casal Bárbara e Roger, que eram assíduos freqüentadores do “Provence“.

Ela com seu sorriso aberto e ele com aquele jeito de bebê chorão, nunca envelheceu.

Quando chegavam, ela já sabia o que queria: o de sempre (Red Label copo longo muito gelo).

Roger arriscava um vinho. Comiam a sugestão por mim apresentada, e batíamos altos papos. Mas esta historia de tão linda, acabou com a prematura morte de Barbara (desastre da TAM) em São Paulo.

Sinto e sentirei sempre falta daquele astral que iluminava o restaurante.

Encontrava-me com Roger nos concursos hípicos em São Paulo onde sua filha iniciava-se no hipismo olímpico.

Nos cumprimentávamo-nos meio que seriedade o que nos leva a crer que era em decorrência do gênio de Roger.

Eis como o tempo e dono de tudo, vim, a saber, que Roger estava se preparando para um novo casamento. Tudo bem!!!.

Depois de algum tempo, num acidente em seu jato particular toda a família se foi...

Menos mal, pois o encontro com Barbara deve ter sido chocante, e tenho certeza que

foi...

Nesta regata que hora se inicia cabe a canção de Paulinho Soledade, oi zumm, zumm, zumzumm esta faltando um!!!

4 de dezembro de 2009 – O Perú Molhado

M

ureb fogueteiro é outro que também conhecia muito bem o Roger. A amizade começou quando os dois ainda eram crianças. Nessa época, André, o pai do Roger, organizava corridas de cavalos em Manguinhos. Os animais corriam na praia, entre a casa dos Wright e a Colônia de Pescadores.

A reta era conhecida “o corredor”.

- O Roger vivia na casa de minha mãe, dona Isaurina. A gente morava ao lado Cilico’s. Vivíamos jogando bola. Fomos criados bem dizer juntos.

Quando ficamos adultos, voltei a encontrá-lo. Como sempre trabalhei com fogos, comecei a fazer o réveillon da casa dele. Fiz todos os anos. Quando a esposa dele faleceu, fiquei receoso e nem liguei para oferecer os fogos. Fui chamado até sua casa. Ele me disse: Mureb, apesar da morte dela e do meu sofrimento, vou fazer nossa festa, pois sei que a Bárbara nos quer feliz. Roger era meu amigo de infância. Sempre deu valor para as pessoas da terra.

O empresário Roger Ian Wright era graduado em administrações de empresa pela Wharton School (University of Pennsylvania) foi sócio fundador da Arsenal Investimentos. Também atuou como conselheiro independente da TAM de 2003 a 2008, entre outras empresas. O executivo foi ainda sócio e membro da Diretoria Executiva do Banco de Investimentos Garantia e do Conselho de Administração do Credit Suisse First Boston Garantia.

e t s e d n o O Réveill

o g o f r e s i a v o an

Perdi Minha Carona

Por Nelsinho Quintal

Quando desejava comer fora de casa, Roger tinha algumas preferências na cidade. O Bar do Zé e também o Restaurante O Quintal, do nosso amigo Nelsinho. No Quintal, Roger pedia quase sempre o mesmo prato. Nhoque com carne seca e queijo Roquefort. Para beber, vinho da melhor qualidade. Finda a ceia, Roger se levantava e a todos cumprimentava. Do salão a turma da cozinha. Com o tempo, o cliente virou amigo, e não foram poucas as vezes que Nelsinho pegou carona no avião do Roger com destino a São Paulo.

4 de dezembro de 2009 – O Perú Molhado

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Nunca perguntou o preço Fotos: Renato Fonseca

Por Hector Echebaster

R

elembrando os campeonatos de Tornado que fotografei em Búzios, incluido um Mundial, guardo boas lembranças do Roger, sempre que gostava de alguma foto, perguntava "...qual era o maior tamanho que poderia ampliá-la..." , e encomendava uma para Clinio, e outra para ele colocar no seu escritório, nunca perguntou o preço, ao receber o trabalho terminado, sua secretária religiosamente fazia os pagamentos, antes mesmo do quadro ocupar seu lugar na parede.

Roger foi muito mais que um "bom cliente", sempre teve um grande respeito pelo meu trabalho.

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Sérgio Tomazini, Fernando Jacobina, Roger e Daniel Passareli

4 de dezembro de 2009 – O Perú Molhado

Um buziano brilhante Por Octavinho

A

ssim como eu, tu, eles, Roger Wright também tinha uma versão que só Octavinho conhecia. Aliás, muita gente percebia, mas Octavinho tinha sua própria maneira de vê-lo. É assim que funciona. Não somos o que somos. Somos o que as pessoas enxergam. Somos único é vários ao mesmo tempo. Mas o que importa é como nossos amigos nos entendem, como somos aos olhos de quem nos ama. Abaixo, um pequeno raio X do saudoso Roger Wright pelos olhos do Octavinho.

- Roger era acima de tudo um homem educado, fino, brilhante, interessado pela cidade e extremamente discreto . Ajudava com uma única condição: não ser citado.

Nunca quis aparecer. Roger fez muito por Búzios, mas se ele nunca quis revelar, não sou eu quem vai fazer aqui.

O arquiteto Octávio Raja Gabaglia na Lagoa da Ferradura

Conheci Roger ainda garoto. Ele era bem mais jovem que eu. Reformei sua casa em Manguinhos.

Reformei é modo de dizer. Pegamos uma casa de pescador e a transformamos numa linda casa. O antigo dono tocava piano na garagem. Nessa época ele já era casado com a Bárbara. Foi para mim uma experiência muito boa.

Já conhecia a familia.

Em 1963 passei um verão maravilhoso na casa da mãe dele, que fica ao lado da outra casa que ele construiu depois em Manguinhos- onde morava o André Mouraviev.

Foi um verão alucinantemente inesquecível. Faz mais de 40 anos e até hoje lembro.

Roger era muito interessado por Búzios. Ele conhecia muito bem nossa cidade e seus problemas. Era muito alerta para os problemas e dava sempre sugestões. Mas sempre de maneira delicada. Nunca determinava o que deveria ser feito, ou não. Era mais de conselhos, idéias.

Perguntava sem se impor. Mas suas colocações eram sempre pertinentes, razoáveis. Mais de uma vez procurei Roger para pedir ajuda para a cidade. Ele tinha muita influência. Um nível relacional muito grande. Sempre que podia, quando que a gente mais precisava, ele arranjava um jeito das coisas acontecerem. Ele queria muito bem a Búzios.

Além de um grande ser humano, o Roger era muito competente.É só ver a creche Bárbara Wright. Qualquer outra coisa empalideçe perto do serviço alí oferecido.

4 de dezembro de 2009 – O Perú Molhado

Enquanto nosso arquiteto curte o mar de Búzios em sua velha traineira, Roger sempre preferiu ficar ao sabor dos ventos

Mas a coisa vai além do serviço social prestado naquela creche. Ela funciona bem! Numa cidade onde nada funciona direito a creche Brabara Wright funciona. É ou não é uma demonstração de competência?

Assim como eu, Roger também amava o mar. Mas curtíamos de maneira diferente. Eu sou o homem da traineira, ele da vela. Mas nosso ponto de encontro era o mar. As águas de Manguinhos era nosso ponto de união. Era muito interessante conversar com o Roger sobre o mar. Era um bom sujeito. Um grande amigo.

Roger era muito caseiro. Adorava ficar em casa com a familia.A mesa do Roger era sempre divertida. uma garotada alegre. Ele teve uma vida brilhante. Deve estár rindo agora, aonde estiver. Olhando para nós e rindo.

O gosto pela vela rendeu a Roger vários títulos

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Búzios é o melhor lugar do mundo para velejar Só falta você, Roger!

Búzios Vela Clube Manguinhos - Búzios