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TÊXTIL Vestuário e

João Costa, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal

“A Indústria Têxtil e Vestuário portuguesa teve o mérito de saber resistir” A Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) é mais do que uma associação patronal do sector têxt i l e d o v es t u á r i o . A s s u m e- s e a verdadeira agência de desenvolvimento sectorial, garantindo-lhe um lugar de destaque no conjunto das indústrias tradicionais e afirm a n d o - a c om o u m s e c t or d o s mais exportadores do país. Com uma sucessão de desafios muito com pli cados, e sta in dústr ia soube resistir e é hoje uma área promissora, tal como nos revela João Costa, presidente da ATP.

Sofi fia a Abreu Silva Qual o pape l da ATP no conte xto d o s e c t or t ê x t i l ? A ATP é uma organização representativa de toda a fileira têxtil e do vestuário, dos criadores às marcas e distribuição, passando por todas os subsectores industriais que a compõem, como as fiações, tecelagens, malhas, têxteis-lar, confecções e têxteis técnicos. A ATP tem âmbito nacional, embora os distritos de Braga e do Porto acolham 85% de todas as empresas da fileira. O seu papel é único e indispensável para a Indústria Têxtil e Vestuário, pois além de cumprir as suas funções institucionais, típicas de uma associação patronal, como a representação e a afirmação e defesa dos interesses do sector e das empresas junto do poder político e institucional, nacional e internacional, e a celebração dos contratos colectivos de trabalho com os sindicatos, desenvolve um conjunto valioso de serviços dirigidos às empresas e ao sector em geral, que passam, internamente, pela consultoria jurídico-laboral, fiscal, comercial e comunitária, pela produção de estudos e edição de documentação técnica especializada, pelas ações de promoção e de valorização da imagem da indústria. Externamente, a nossa ação passa pela criação ou participação na fundação e gestão de centros de competência, de alta valia para a atividade, como o Modatex, o Citeve e o Centi; e a

muitas outras tiveram de reduzir parte dos seus quadros de pessoal para poderem prosseguir, até porque as exigências da adaptação impuseram novas qualificações e novos perfis profissionais. Contudo, é certo que a Indústria Têxtil e Vestuário portuguesa teve o mérito de saber resistir, de se refazer com base em novos fatores competitivos, apostando essencialmente na inovação tecnológica, na qualidade, na criatividade e no serviço, em que se inclui a reatividade e flexibilidade, assim como a logística cada vez mais sofisticada, para se poder diferenciar e evitar a armadilha da competitividade demasiado assente no preço. A aposta em grandes séries e baixo preço deixou de constituir vantagem competitiva para o nosso sector, pois haverá sempre quem faça mais e mais barato do que nós. Mas a proximidade geográfica e cultural, os prazos de entrega cada vez mais curtos, o compromisso qualidade/preço imbatível na Europa, a incorporação da inovação tecnológica e de engenharia de produto, a criatividade nas coleções e nas marcas, isso sim, estabelece a nossa diferença e permite à indústria têxtil e vestuário portuguesa continuar a ter o seu espaço e a ter a melhor garantia de sucesso e de futuro.

Associação Seletiva Moda, que desenvolve os programas de internacionalização das empresas, e que possibilita, anualmente, a mais de 180 empresas, de todos os subsectores, estarem presentes em feiras e missões em 35 países, em todos os continentes. É quase impossível falar do têx til sem falar da crise . Fecharam -se m uitas em pre sas, houve d espe dim entos, mas o sec tor não m orreu…P od em os d ize r que se reinve n t o u ? O sector têxtil e vestuário enfrentou uma sucessão de desafios dificílimos ao longo dos últimos 20 anos, com destaque, mais recentemente, para a abertura dos mercados internacionais em 2005 e a entrada da China e da Índia na Organização Mundial do Comércio (OMC) e no negócio têxtil global, que praticamente esmagou a concorrência em todos os segmentos, a que lhe sucedeu a crise económica e financeira internacional, iniciada em 2008, e o resgate financeiro de Portugal em 2011. Mas, apesar de todas as vicissitudes e transformações ocorridas, não pode dizer-se que um sector está em crise num período tão longo. Será mais apropriado caracterizá-lo como um sector instável, fortemente marcado por diversos fatores e circunstâncias, como o geopolítico, o regulamentar, o económico, financeiro e cambial, o climático, o social e cultural, e a dinâmica da moda com a volatilidade e a mudança que lhe está associada. Sendo uma atividade fortemente exportadora, e muito exposta à concorrência internacional, as empresas do setor obrigaramse a realizar frequentes alterações e reestruturações para se manterem competitivas, sob pena de não conseguirem aguentar-se. Mas algumas não se aguentaram m e s m o… É certo que muitas não resistiram à forte pressão a que foram submetidas nos últimos anos e tiveram de encerrar, com destruição de valor e de emprego, e

Agenda A Associação Têxtil e Vestuário de Portugal irá apresentar o seu Plano Estratégico 2014-2020. A 24 de setembro no Edifício da Alfandega do Porto, com a presença do Ministro da Economia, sendo um documento essencial para orientar a estruturação do futuro coletivo do sector e servir de referência para os planos estratégicos que as empresas, ao seu nível, queiram igualmente realizar.

Co m o d e s c r e v e o s e t o r a t u a l m en t e ? O sector Têxtil e vestuário é constituído por uma indústria moderna, gerida cada vez mais com critérios de gestão profissional, orientada para o cliente e os mercados, sobretudo para os mercados externos. Cerca de 70% do seu volume de negócios é exportado, quase 4.300 milhões de euros em 2013 e mais de mil milhões de euros de saldo da balança comercial, algo praticamente único nas atividades económicas do país. Podemos defini-la como uma atividade destinada a oferecer soluções aos clientes e com um produto industrial de excelência. »»»»»


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