ENTREVISTA Manuel Loureiro, presidente da Fagricoop
“Sem agricultura forte um país não sobrevive” Em entrevista ao OPINIÃO ESPECIAL, Manuel Loureiro, presidente da Fagricoop, explica que não se verifica um aumento do número de pessoas que tenham como actividade exclusiva a agricultura. Conhecedor profundo do sector, este responsável critica o Estado que paga aos senhores das grandes áreas, que não são agricultores, para não trabalharem a terra. Diz ainda que houve quem deixasse a agricultura bater no fundo e por isso, recorda, um país que não produz o que come, precisa de comprar fora, desequilibrando a balança comercial. Talvez, por isso, o país hoje enfrente diversas dificuldades financeiras.
tomar a agricultura na terra abandonada nas regiões das grandes áreas, o que eu não acredito, porque esses homens das grandes áreas não são agricultores e o Estado paga-lhes para não trabalharem a terra. Se estiver a falar aqui na região do minifúndio, onde nos encontramos, a grande dificuldade vai ser no futuro encontrar quem dê continuidade às explorações, pois da forma que deixaram a agricultura bater no fundo, agora vai ser difícil encontrar quem tenha coragem para continuar.
sociados os serviços de sanidade animal, medicina veterinária, inseminação artificial e contraste leiteiro. Para além dos apoios ao rendimento, temos sempre presente um atendimento geral, tratando de todos ao aspetos administrativos relacionados com a agricultura.
Quantos associados tem a cooperativa? A Fagricoop tem cerca de 4000 sócios que se dividem em diversas áreas da agricultura, como produção de leite, produção de carne, vinho, hortícolas. Estas são as mais relevantes, no entanto em pequena escala há ainda a produção de frutas, nomeadamente melão casca de Sofifiaa Abreu Silva carvalho, kiwi, cereais, entre outros. Na cooperativa o sector com mais OPINIÃO PÚBLICA: Para quem des- relevância é do leite. conhece, qual o papel da Fagricoop? A Fagricoop é uma instituição sem Que tipos de profissionais trabafins lucrativos em que o seu objec- lham na Cooperativa? tivo principal é servir os sócios. A Na cooperativa neste momento traforma como o faz, é tentar dar-lhes balham cerca de 30 colaboradores, apoio nas diversas áreas de produ- com várias categorias profissionais. ção, assim como colocando à sua Existem médicos veterinários, engedisposição os melhores produtos e nheiros agrícolas, engenheiro informático, auxiliares de pecuária, adserviços para todas as culturas. A cooperativa tem técnicos habilita- ministrativos e funcionários de dos a fazer um acompanhamento armazém. Além dos internos, temos personalizado das diversas culturas, também parcerias nas áreas da cone além disso também desenvolve tabilidade e economia, advocacia e acções de formação, colóquios e pa- higiene e segurança no trabalho. lestras nas áreas da produção de leite, aplicação e manuseamento de De que forma a Cooperativa se tem produtos fitofármacos, milho, ba- adaptado às exigências dos agricultores e produtores? tata, entre outros. Além destes apoios à produção, co- A Fagricoop além de ser uma coopelocamos ao dispor dos nossos as- rativa é também uma casa de negó-
cio e para sobreviver tem, obrigatoriamente, de se adaptar às novas realidades do mercado. Neste sentido, a loja da cooperativa foi remodelada e reorganizada. Tem neste momento à venda produtos mais vocacionados para a pequena agricultura, para a jardinagem e também para os animais de companhia, como rações para cães e gatos. Recentemente, acrescentámos à gama de produtos para venda uma secção de máquina agrícolas, quer para a grande agricultura, quer para a pequena agricultura, incluindo-se aqui também máquinas para jardinagem. Uma outra adaptação foi a abertura da loja ao sábado de manhã para facilitar a deslocação de clientes, que
de outra forma não o poderiam fazer à semana, e deste modo usufruir de uma grande gama de produtos de qualidade a preços acessíveis. É verdade que há um crescente interesse pela agricultura? Existe algum regresso à terra, mais na exploração de pequena dimensão. Hoje, ouve-se muitas vezes falar das hortas das cidades, nesse sentido, se calhar promovido pela crise que atravessamos, existe alguma movimentação nesse sentido. No entanto, ainda não se verifica um aumento do número de pessoas que tenham como actividade exclusiva a agricultura. Quando se fala de regresso à terra, estamos a falar em re-
Qual a sua opinião sobre a Política Agrícola Comum da União Europeia (PAC)? Como disse, continua a haver muitos agricultores que recebem para não produzir? A nova PAC ainda é provisória, mas pelo que já foi dado a conhecer infelizmente é mais do mesmo. Quando digo mais do mesmo, quero dizer o seguinte, até agora os subsídios funcionam no modelo de direitos adquiridos, o chamado RPU (Regime de pagamento único), claramente a beneficiar os grandes proprietários a grandes negócios, enfim o sul. Neste modelo as ajudas estão desligadas da produção, ou seja, um agricultor não precisa de produzir nada na terra para receber o subsídio, criando grandes injustiças e promovendo o empobrecimento do país, pois quem não produz o que come, precisa de comprar fora, desequilibrando a balança comercial do país, e depois chegamos onde estamos agora. »»»»»» continua pub
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especial: 25 de Abril de 2012
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Como descreve os agricultores famalicenses. Há jovens agricultores no concelho? Felizmente o nosso concelho tem alguns jovens agricultores no activo e isso, de certa forma, permite que as explorações tenham continuidade, independentemente da actividade. Tendo em conta que a maioria dos jovens que estão no activo têm origens na agricultura, possuem já muitos conhecimentos que foram adquiridos com o trabalho na exploração familiar e que depois são complementados com formação nas áreas agrícolas, nomeadamente formação para empresários agrícolas, cursos específicos para as diversas áreas da agricultura. Ficam dotados de capacidades e conhecimentos necessários para a produção de produtos de excelente qualidade, dando continuidade à agricultura no concelho, para que este continue a ser um concelho forte na agricultura. Pena que os nossos dirigentes políticos se esqueçam que a agricultura faz parte do sector primário e não a tratem da forma que a agricultura merece, ou seja com respeito.
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Como podem os famalicenses comprar produtos que, de facto, tenham sido produzidos no concelho? O concelho de Famalicão é bastante rico e diversificado no que se refere à actividade agrícola, além do leite, produz vinho, carne, produtos hortícolas e outros. Podemos adquirir estes produtos através de compra directa feita aos produtores de vinho e hortícolas. Existem marcas famalicenses de vinho, queijos e outros produtos que se encontram à venda na maior parte das superfícies comerciais. Quanto à carne dos nossos produtores, serve para abastecer diversos talhos do concelho e por esse país fora. No que se refere ao leite, ao adquirir produtos AGROS, nomeadamente os derivados de leite, certamente que estamos a consumir uma enorme percentagem de leite proveniente das nossas vacarias. Aliás, no bar da Fagricoop existem durante todo o ano toda a gama de produtos AGROS para venda. O Ministério da Agricultura está atento às necessidades dos agricultores portugueses? Bom, o Ministério da Agricultura quero acreditar que está atento, mas no meu entender está mais ao serviço do Estado do que da agri-
cultura, porque quando um agricultor precisa de ajuda do Ministério é empurrado de um lado para o outro, normalmente até desistir do processo. Entretanto, se por qualquer motivo, o Ministério enviar uma coima ao agricultor, nessa situação não há volta a dar, o agricultor tem de pagar ou então é logo ameaçado com tribunal. De uma forma geral, o que me parece é que todas as instituições em que os dirigentes são nomeados não fazem o que devem, mas sim o que podem ou o que quem os nomeou manda. Quais são as perspectivas da Cooperativa em relação ao futuro da agricultura em Portugal? A Fagricoop continua a ter esperança que o poder político acorde e veja que um país sem uma agricultura forte não sobrevive. Os agricultores associados estão dispostos a ajudar o país a sair da crise, só que exigem que esse processo seja feito de uma forma justa e não concordam que quem trabalha, quem produz e factura só sirva para pagar impostos. Se estas e outros injustiças se corrigirem, estou convicto que a nossa agricultura terá futuro, caso contrário penso que lentamente as empresas fecharão umas atrás das outras. Há alguma mensagem que gostaria de deixar, nomeadamente aos associados? Gostava de deixar uma questão, que diz respeito aos preços dos chamados factores de produção para a agricultura. Caso não existissem as cooperativas não existiria o papel de principal regulador dos preços. Se não fossem as cooperativas, certamente os agricultores pagariam bem mais pelos produtos que compram. Um exemplo claro e inequívoco desta importância é que as empresas concorrentes das cooperativas esperam sempre pelas tabelas das cooperativas. Quanto aos cooperadores e agricultores, estes devem lembrar-se sempre o seguinte: de quem lhes trata dos subsídios e ajudas, de quem lhes resolve os problemas com as entidades oficiais, quem os ajuda e orienta nos variadíssimos aspetos da sua actividade, de quem está aberto de segunda a sábado para os servir, de quem tem pessoas durante todo o ano ao serviço dos agricultores e da agricultura do concelho. Ou seja, no momento de compra dos seus produtos e serviços era importante que os cooperadores e agricultores fizessem uma reflexão sobre todos estes aspectos.
Fagricoop: a servir os agricultores desde 1977 A Fagricoop-Cooperativa Agrícola e dos Produtores de Leite de Vila Nova de Famalicão, C.R.L., nasceu pelas mãos de um grupo de produtores de leite de Famalicão em 1977. Ao longo de décadas, a cooperativa tem pautado a sua existência pelo bem servir a agricultura. De apenas a secção Leiteira em 1977, detém hoje seis secções, tentando responder da forma mais abrangente possível à globalidade da actividade agrícola, pecuária e florestal. Efectivamente, quase 80% do volume de vendas da Fagricoop dizem respeito à venda do leite proveniente das explorações dos seus cooperadores. Na realidade, a Fagricoop não comercializa só leite, e muito menos ovos, mas, e nos cerca de 20% restantes do volume de vendas, engloba uma vasta e diversificada actividade de que são exemplo a comercialização de todos os factores de produção necessários ao funcionamento das empresas agrícolas. Além disso, possibilita a prestação de serviços técnicos especializados, tais como o serviço médico veterinário, a inseminação artificial, os conselhos técnicos e económicos prestados por técnicos especializados na área agrícola, o apoio nas
candidaturas às ajudas à agricultura, entre muitos outros serviços. Os sócios da Fagricoop são na sua maior parte empresários e/ou pessoas singulares ligadas à agricultura, silvicultura e pecuária, por isso a Fagricoop vem apostando numa qualificada prestação de serviços aos mesmos, através da experimentação e divulgação de novos factores de produção e novas tecnologias de produção, ou seja, de novas práticas agronómicas tendo presente o bem estar animal, a segurança alimentar, a preservação do solo e da água, com vista à rendibilidade das explorações agrícolas e ao equilíbrio do homem no seu meio.
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especial: 25 de Abril de 2012 III
Vários serviços para corresponder às expectativas
Apoio e aconselhamento gratuitos na Fagricoop Os apoios prestados pela Fagricoop são muitos e variados. Em termos gerais, a cooperativa dedica-se à comercialização de produtos, equipamentos e serviços para a agricultura, pecuária, produção de leite, vitivinicultura, silvicultura e demais actividades ligadas ao sector agrícola. São exemplos de produtos e/ou serviços, as rações para os animais, os adubos e fertilizantes, os produtos fitofármacos, os medicamentos para uso veterinário, os serviços médico veterinários e de inseminação artificial, o contraste leiteiro, a sanidade animal das explorações, a contabilidade das explorações e aconselhamentos de gestão das mesmas e muitos outros. Detalhando um pouco mais e começando pela parte comercial, está implícito no espírito cooperativista um cliente, neste caso um associado/cooperador, adquirir sempre que possível tudo o que necessita para a sua exploração na Fagricoop, pois é essa a razão de ser e a filosofia subjacente à criação das cooperativas. Só com grandes volumes de compras é possível ter melhores condições de aquisição e consequentemente melhores preços. Por outro lado, sustenta a Fagricoop, uma organização forte tem maior poder reivindicativo no que diz respeito às relações por exemplo entre os agricultores e as entidades oficiais. Dadas as características da sociedade actual e nomeadamente no sector comercial, a concorrência é cada vez mais agressiva e feroz, o que faz com que o agricultor/cooperador se sinta aliciado a adquirir os produtos e até alguns serviços que necessita no seu dia-a-dia fora da organização da qual em parte é proprietário. “Esquece-se que ao com-
prar na sua cooperativa, neste caso, na Fagricoop, não está a comprar um produto pura e simplesmente, mas sim um conjunto composto pelo artigo, todo o apoio, formação, acompanhamento técnico para a utilização, aplicação ou consumo do mesmo, o que representa sem dúvida uma mais-valia”, sublinham os dirigentes da cooperativa. Do terreno ao produto final Pelo facto de, contrariamente ao que a lei prevê, existirem pontos de venda de produtos iguais ou similares aos vendidos na Fagricoop, mas que não possuem condições de armazenamento, sem pessoal qualificado para o manuseamento dos mesmos e sem as respectivas licenças e alvarás, torna-se complicada a competição das cooperativas, neste caso da Fagricoop, com os seus concorrentes. Para contornar este cenário, a Fagricoop apresenta sucesso nas vendas devido não só aos preços praticados através de margens reduzidas colmatadas com vendas avultadas, mas também à filosofia do conjunto de serviços associados à venda. Utilizando como exemplo a sementeira do milho, um cooperador compra a semente, o herbicida e o adubo na Fagricoop, como contrapartida tem ao seu dispor desde a fase da preparação do terreno até análise da terra, aconselhamento de adubação e inclusive de máquinas para efectuar sementeira, se isso for pretendido. Já no período de crescimento da planta, a exploração é visitada periodicamente por técnicos que acompanham a evolução da mesma e intervêm caso exista necessidade. Finalmente, depois de feita a colheita o produto resultante é analisado sendo os resultados comunicados.
Direcção Presidente: Manuel Loureiro Secretário: Joaquim Carneiro Tesoureiro: José Lima pub
IV
especial: 25 de Abril de 2012
cidade
Espaço de atendimento ao cooperador
Promover produtos de qualidade é prioridade Tanto no concelho de Famalicão, como nos limítrofes, de acordo com a Fagricoop, existem várias empresas não cooperativas que se dedicam também à comercialização de produtos e equipamentos para a agricultura, “cuja preocupação única é a comercialização do produto e o lucro na venda, levando assim vantagem relativamente à Fagricoop”. Segundo a cooperativa, essas empresas concorrentes não são obrigadas a prestar apoio técnico e a ter de forma permanente nos seus quadros, técnicos, engenheiros e pessoal administrativo, além de uma secretaria. Aliás, é na secretaria da Fagricoop que são prestados variadíssimos apoios aos associados da cooperativa, começando na informação e divulgação de legislação ligadas à actividade agrícola, ao Sistema de Identificação e Registo de Animais (SNIRA), abates para auto agroambientais, benefício fiscal do gasóleo, dências de quotas de leite, informação aos consumo, candidaturas às ajudas ao rendi- manifestos de vinho, informação sobre quotas produtores, dos resultados da classificação mento, RPU, candidaturas às medidas leiteiras, nomeadamente transferências/ce- da sua produção de leite.
Bar
Loja
Armazém
É também na secretaria que se prepara e elabora todo o processo para legalização da actividade pecuária, Regime de Exercício da Actividade Pecuária (REAP), que decorre até Março de 2013. Neste momento, e face à situação de seca que se vive no nosso país, é também nesta secção que se pode efetuar a candidatura à ajuda excepcional da seca, para este ano e só para quem tem animais. Quanto à secção de defesa sanitária, aqui é colocado em prática o programa sanitário estabelecido pela Direção Geral de Veterinária, que implica que os médicos veterinários e auxiliares de pecuária percorram todo o concelho, tendo em vista manter saudáveis os animais, através da prevenção, dos rastreios e inclusive da vacinação e desparasitação dos mesmos. A intenção é promover além da saúde dos animais uma melhor qualidade do leite e da carne produzida no concelho de Famalicão.
Máquinas Agrícolas pub
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Ajudar a implementar medidas que beneficiem os produtores
Olhar a agricultura de forma responsável O sector primário é um dos mais importantes sectores económicos no concelho de Famalicão. Abarca produtores de todas as dimensões, desde a agricultura de subsistência a grandes empresários agrícolas. As áreas de trabalho são variadíssimas, desde as culturas do milho, ferrãs, vinha, hortícolas e a produção de leite. A Fagricoop orgulha-se de experimentar todas estas variantes, tendo para isso ao seu serviço um técnico especializado para apoiar os cooperadores. O objectivo da cooperativa é, claramente, prestar esse serviço de uma forma responsável, olhando para a agricultura como uma actividade sustentável, económica e ambientalmente. Na área da vitivinicultura, o acompanhamento realizado pela cooperativa consiste no apoio integrado da exploração, compreendendo desde a produção de uvas à vinificação dos vinhos. A Fagricoop, desde o início, dá um contributo importante à implementação de medidas que beneficiem os produtores do ponto de vista agronómico, económico e ambiental. Podemos destacar, como dois exemplos, a sementeira directa do milho e das ferrãs e a produção integrada da vinha. De acordo com o engenheiro Rui Pedro, da Fagricoop, o sistema de sementeira directa diminui as emissões de dióxido de carbono para a atmosfera, reduz o escorrimento superficial, aumenta a biodiversidade do solo, permite maior penetração da água no solo e melhora a drenagem do solo, reduz ainda o número horas
de trabalho, poupa combustível, melhora a estrutura do solo e aumenta a matéria orgânica. Na produção integrada, segundo o técnico, a Fagricoop ajuda os produtores a adoptarem um conjunto de medidas que respeitem as boas práticas agrícolas, o consumidor e o aplicador. Aqui, estão presentes três ideias básicas do conceito: estimativa de risco dos inimigos das cultu-
ras; nível económico de ataque a condicionar as intervenções químicas; escolha dos níveis de protecção, favorecendo os métodos de luta cultural e, em último recurso, a luta química. A formação profissional é dos pontos que mais tem mobilizado os cooperadores da cooperativa famalicense. Todos os anos realizam-se cursos de aplicação de produtos fitofarmacêuticos, obrigatório para to-
dos os aplicadores deste tipo de produtos. Outros cursos estão a ser planeados, nomeadamente o de inseminação artificial e o curso de tractorista. A assistência técnica da Fagricoop tem também um papel marcante na formação e apoio aos profissionais da secção de compra e venda. A recomendação de produtos deve ser feita com uma base sólida de conhecimento. Já a análise de terras e de vinhos que a cooperativa realiza é também um exemplo de instrumentos utilizados para um melhor diagnóstico das culturas. Os factores de produção comercializados passam por uma rigorosa selecção técnica, atendendo ao compromisso preço/qualidade. O apoio também se aplica à área ambiental, que consiste no aconselhamento aos agricultores ao nível da gestão dos resíduos orgânicos e não orgânicos das suas explorações. Por último, a Fagricoop organiza também “Dias de Campo” de Milho Silagem e palestras sobre os mais diversos temas, como Projectos Vitis, Licenciamento de Explorações Leiteiras, Resíduos Agrícolas, Conservação de Forragens e Gestão de Efluentes Pecuários, que servem para esclarecer adequadamente os cooperadores. “O serviço de apoio técnico encontrase disponível para ajudar todos os que tenham culturas agrícolas, independentes da sua dimensão, no intuito de encontrar a melhor solução para cada situação, respeitando sempre o ambiente, o produtor e o consumidor final”, afirma o engenheiro Rui Pedro. pub
especial: 25 de Abril de 2012 VII
especial
Produtos que pode encontrar na Fagricoop Medicamentos para uso veterinário
Produtos Agros
FitoFarmacos
Adubos
Milho de Semente
Sobem os factores de produção e desce o preço pago ao produtor
Leite mais barato que a água! A qualidade do leite é um tema da maior importância para todos os intervenientes da cadeia do leite. Os consumidores, por motivos de segurança alimentar, saúde pública e até por questões culturais, querem saber mais sobre o que comem e de onde vem. Para os produtores a qualidade determina o preço a que é pago o leite e é um indicador da saúde e bem-estar dos seus animais. Por força da exigência dos consumidores e da legislação portuguesa e comunitária, hoje o país produz e consome leite de qualidade. “O leite produzido na nossa região, comercializado pela Lactogal da marca Agros, é um produto de muita qualidade, considerado o melhor da Península Ibérica “, referem os dirigentes da cooperativa. Um leite de qualidade é aquele que é produzido por vacas saudáveis, sanitariamente controladas, bem alimentadas, mantidas num ambiente seguro e confortável, e que conserva as qualidades nutritivas e sanitárias ao longo de todas as etapas, desde que é obtido na exploração até chegar ao consumidor. De acordo com a Fagricoop, se consumirmos leite português, saberemos que estamos a optar por um leite de qualidade, pois todos os intervenientes desta cadeia estão hoje dotados dos conhecimentos e capacidades necessárias para a produção de um produto de excelência. O processo de produção de leite tem início com o nascimento de um vitelo. Só assim teremos vacas a produzir leite. Com efeito, os animais são ordenhados todos os dias, pelo menos duas vezes ao dia, e o leite é armazenado na exploração em tanques refrigerados até ser feita a recolha por camiões das empresas que compram o leite aos produtores e que o transportam para a fábrica onde será processado. No caso dos associados da Fagricoop este serviço é feito pela Agros. Custos de produção sempre a subir Hoje, os produtores de leite queixam-se das dificuldades que sentem em manter as suas explorações a produzir, visto que se regista uma discrepância enorme
entre os custos de produção e o preço a que é pago o leite ao produtor. Aliás, actualmente, não existe nenhuma entidade reguladora que controle o preço das matérias-primas necessárias para a produção de leite. Como tal, “sem essa regulação, os preços destes produtos ficam ao sabor de que quem os pretende colocar no mercado e ganhar o que bem entender, consequentemente os custos de produção têm vindo a aumentar dramaticamente, sem que o preço do leite pago ao produtor tenha acompanhado esta escalada de aumentos dos factores de produção”, esclarecem. O que se tem vindo a verificar nos últimos meses é a subida desenfreada dos factores de produção e uma descida do preço do leite pago ao produtor. “Quem é que consegue trabalhar assim?”, questionam. Os consumidores e a população em geral desconhecem quase todos os parâmetros que têm que ser contabilizados nos custos de produção do leite, como a alimentação animal, máquinas agrícolas, instalações, regas, electricidade, gasóleo, custos veterinários e medicamentos, sanidade animal obrigatória, inseminação e mão-de-obra, além de vários programas e aluguer de campos.
Rações para animais
Se somarmos isto tudo e verificarmos que os agricultores recebem em média 30 cêntimos por litro, facilmente percebemos que o leite não é bem pago a quem produz, sublinham os responsáveis, acrescentado que as “vacas não fecham a produção aos sábados, domingos, feriados e dias de festa”. Contas feitas, um produtor de leite trabalha 24 horas por dia, 365 dias por ano. O que não acontece em mais nenhuma outra actividade profissional. Na realidade, se compararmos um litro de leite com um litro de água, qualquer consumidor percebe que o leite, atendendo a todos os custos que envolvem a produção do mesmo, é muito mais barato do que a água. A Fagricoop entende que há uma urgência na intervenção do mercado, defendendo que o Estado deverá tomar medidas no sentido de criar uma entidade que venha ao terreno verificar qual o real custo de produção de um litro de leite e o correspondente preço de venda ao público. Por outro lado, deverá existir um cuidado por parte das entidades oficiais na fiscalização do leite importado para Portugal e comercializado nas grandes superfícies, nomeadamente no que se refere à sua proveniência e qualidade.
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