Manuel Loureiro presidente da Fagricoop, Cooperativa Agrícola e dos Produtores de Leite de Famalicão
“O projeto de fusão da Fagricoop com a Frutivinhos está praticamente pronto” Sem querer deixar nada por esclarecer, em entrevista ao Jornal OPINIÃO PÚBLICA, o presidente da Fagricoop, Manuel Loureiro, fala no processo de fusão da cooperativa de leite com a Frutivinhos. Ambas enfrentam adversidades financeiras e o futuro passa por um projeto em comum em novas instalações construídas de raiz, num terreno cedido pela Câmara Municipal. Além disso, o presidente da cooperativa aborda ainda a questão da produção de leite, que enfrenta dias difíceis, avançando que o futuro poderá passar pela aposta em novas áreas de cultivo. Sofia Abreu Silva No ano passado afirmou que este seria um ano de dificuldades. Essas previsões concretizaram-se? Para grande tristeza foi o que já prevíamos. O preço do leite desceu e com o fim das quotas tudo ficou resumido a contratos com cada produtor, em que cada um teve de diminuir à produção, devido ao excesso de leite. Como produziram menos, os nossos cooperadores tiveram de fazer contenção e compraram menos produtos à cooperativa. Essas perdas de 250 mil euros brutos por mês colocaram-nos problemas de tesouraria e agora estamos a realizar uma reestruturação, nomeadamente ao nível de recursos humanos. Teremos, obrigatoriamente, de estar mais focados nas vendas e aumentar o nosso volume de negócios, assim como teremos de depender, cada vez menos, do leite e virarmo-nos para outras áreas. De que novas áreas estamos a falar? Estamos a pensar nomeadamente em ervas aromáticas, mirtilos, kiwis e também na agricultura biológica, em que estamos a dar passos nesse sentido. Este será o caminho do futuro, mas os resultados virão com negócios e faturação que nos permitam sobreviver. O futuro passa por produtos biológicos e produtos gourmet, porque há cada vez mais pes-
soas interessadas nesses produtos de alta qualidade. Quem são as pessoas que estão a apostar no cultivo deste tipo de produtos? Felizmente, temos alguns agricultores jovens, não tantos quanto desejávamos, mas com uma mentalidade muito aberta e muito recetivos a este tipo de atividades e que podem correr o risco de apostar nestas áreas, desde que haja a garantia de escoamento do produto ao consumidor final. E a Fagricoop pode ajudar no escoamento do produto? Pode e tem a obrigação. Neste momento, o que estamos a fazer em relação, por exemplo, ao leite biológico é tentar, através da Lactogal, escoá-lo, porque para podermos avançar temos de ter a garantia de escoamento. Ainda no que respeita ao leite, a União Europeia já disse que pretende avançar, na questão da rotulagem, com denominação de origem do leite. Como veem esta medida? Nós sempre defendemos a denominação de origem e é isso que se pretende, faltando politicamente passar essa medida para o terreno. Não basta colocar a denominação apenas em leite fresco ou UHT, mas sim abranger todos os produtos que são produzidos com leite. Não podemos ter uma empresa a comprar 20 ou 30 toneladas de queijo no estrangeiro e depois a laminá-lo em Portugal e, só por isso, já passa a ter denominação PT. Nós queremos que o produto que está na banca do supermercado indique onde é que o leite, que o compõe, foi produzido. Se um queijo é feito com leite da Polónia isso deve estar claro para o consumidor, que fará a sua decisão. Acredita que os portugueses preferem leite português? Acredito piamente, pelo menos numa percentagem acima dos 90%. Em igualdade de circunstâncias e, às vezes, até mais caro um bocadi-
nho, o consumidor prefere o que é português. E compra bem, porque o leite da zona Norte é do melhor leite do mundo em termos de qualidade, com níveis de microrganismos reduzidíssimos, teores de antibióticos a zero… é incomparável a outro país. Todos na Europa se queixam da desregulação, desde que foi anunciado o fim das quotas leiteiras, e pedem que regresse o sistema público de controlo da produção. Acha que é possível reverter esta situação? Eu confesso que já não acredito em nada no que diz respeito ao leite, mas apoio inteiramente o regresso das quotas, que são o regulador de produção. Era importante que a nível europeu houvesse uma regulação com uma ligação entre o que é o consumo interno e as exportações para se produzir o que realmente é consumido. No que diz respeito às quotas, há um grande problema, pois quando foram fixadas houve agricultores que se hipotecaram junto de bancos para produzir mais e, de um momento para o outro, as quotas desapareceram, mas os créditos ainda estão a ser pagos até hoje. Portanto, a existir, novamente, as quotas tinha de ser algo mais definitivo, que podem baixar ou aumentar conforme o consumo, mas não podemos estar a brincar com a vida dos agricultores. Relativamente à fusão da Fagricoop com a Frutivinhos, como está o processo? Neste momento já temos a aprovação da assembleia para dar início ao processo. Teremos de ver o projeto prévio de fusão, que já está em andamento e temos de chegar a um acordo com a Frutivinhos relativamente ao modelo a adotar: fusão, incorporação ou anexação. Depois, passaremos para a parte do projeto, em que vamos concorrer a fundos comunitários, no qual entrará também a Câmara de Famalicão e o banco Caixa Agrícola, para tentarmos avançar com o projeto. »»»»»continua
II
pública: 23 de março de 2017
ESPECIAL Entrevista »»»»»continua Este projeto com a Frutivinhos implica a construção de novas instalações? Exatamente, aliás a única forma de resolvermos, a curto prazo, os problemas que temos de tesouraria passa por um novo projeto. Estamos a falar de reestruturar tanto a Fagricoop como a Frutivinhos. Neste momento, qual é a dívida à Agros? As nossas contas são públicas. A nossa dívida é grande. Acreditamos que as nossas instalações e o terreno valem mais, o que, à partida, nos dará um saldo positivo. Para nós, na verdade, a Fagricoop, como cooperativa, tanto funciona aqui no centro de Famalicão ou nos arredores. Então, a fusão é mesmo para avançar? Sim, a não ser que haja desistência de alguma das partes. Nós temos um plano de intenções entre a Fagricoop, Frutivinhos, Caixa de Crédito Agrícola e Câmara de Famalicão, que será, da nossa parte, para cumprir.
Nós sempre defendemos a denominação de origem e é isso que se pretende, faltando politicamente passar essa medida para o terreno. Não basta colocar a denominação apenas em leite fresco ou UHT, mas sim abranger todos os produtos que são produzidos com leite. E qual é o vosso objetivo final? É sanear financeiramente a Fagricoop e colocá-la a trabalhar. E se esse é o caminho é o que vamos fazer, porque a Fagricoop fatura, tem sócios, tem negócio, mas precisa, de uma forma urgente, de reduzir os seus encargos financeiros. Aquilo que nós pensamos é que ao vendermos estas instalações e os terrenos, conseguiremos saldar as nossas dívidas. Com as novas instalações, e conforme está estabelecido, apenas pagaremos os encargos do imóvel, uma vez que a Câmara cede o terreno a este projeto.
Qual é a solução que mais lhe agrada? Para mim a melhor solução é a que for melhor para a Fagricoop. Eu, pessoalmente, não concebo a fusão sem que haja um projeto de investimento e novas instalações. Quando se faz a fusão temos de ver qual será Quais são os próximos passos a tomar neste dossiê? o objetivo final.
Vamos trabalhar, para já, para resolver os nossos capitais negativos e depois, a partir de abril, iremos trabalhar no duro para que as coisas aconteçam.
em produtos de armazém. Voltamos a ter um défice de tesouraria, o que, uma vez mais, nos obriga a uma nova reestruturação. Se o preço do leite não baixasse e se não houvesse os contratos do leite, pensaríamos na fusão, mas financeiramente estávamos equilibrados. Agora, a determinada altura deixámos de ter liquidez para suportar os nossos encargos e então há que pensar em novas soluções.
perativas é o estado dos agricultores e hoje há muitos agricultores a fechar as suas vacarias.
E em Famalicão também estão a fechar? Por que razão é que a Fagricoop está Sim, em média, duas ou três por nesta situação financeiramente difímês. Há 30 anos, a Agros tinha 30 cil? mil produtores, hoje tem 1400 e reNo passado havia muito dinheiro e cebe mais litros de leite. As produtodos ganharam dinheiro, mas deções estão, tecnologicamente, mais pois veio a crise e se o dinheiro cá avançadas e as vacarias que fecham estivesse, hoje não teríamos proacabam por ser absorvidas por oublema nenhum. Contudo, quando Estamos a falar de má gestão do tros produtores, que compram a excá chegamos, tínhamos uma dívida passado? ploração e os respetivos contratos. de 5 milhões de euros, que está Estamos a falar de anos de ouro, em agora reduzida. Havia uma série de que se ganhava muito dinheiro, mas Finalmente, tem sido bem aproveidívidas a fornecedores e letras ban- aqui na Fagricoop o dinheiro não re- tado o quadro Comunitário Portugal cárias para pagar. Pagámos, rees- verteu a favor da Cooperativa, teve 2020? truturámos e equilibrámos as coisas outro destino. A somar a isso, com Na minha opinião, nas candidatue a Fagricoop estava a libertar liqui- todas as medidas em relação ao ras aos quadros comunitários há dedez para manter os compromissos, leite, as cooperativas que estavam masiadas exigências para que nem mas veio a crise do leite. Baixámos bem ficaram razoavelmente e as ou- todos possam aceder. Eu costumo 250 mil euros na faturação de leite e tras ficaram mal. O estado das coo- dizer que os quadros comunitários são, politicamente, bem concebidos. Não estamos a falar de um instrumento que se possa pôr à disposição dos agricultores para que eles possam ultrapassar problemas e melhorar as condições de trabalho e qualidade de produto. Há apenas pessoas muito bem colocadas que conseguem ganhar, por vezes, muito dinheiro e resolver os seus problemas. Aqui, na Fagricoop, temos conseguido a aprovação de financiamento para alguns projetos, mas quando há algo de maior dimensão, os problemas começam a ser colocados para ver se as pessoas desistem. Direção e equipa técnica pub
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III
ESPECIAL Loja Fagricoop
Loja agrícola da Fagricoop A Fagricoop possui uma loja que é uma referência na atividade agrícola do concelho, cujo objetivo é ser reconhecida pela qualidade dos serviços e bons preços. Dispomos, por isso, das mais variadas soluções nas áreas da agricultura, pecuária, jardim, bricolage e casa. Em 2011, a loja foi ampliada e renovada para se tornar mais funcional, facilitando a circulação do cliente de modo a que seja mais fácil escolher de acordo com as suas necessidades. Está aberta, durante a semana das 9 às 18 horas (com pausa entre as 12h30h e as 13h30), e aos sábados, das 9 às 12h30. Refira-se que a loja faz entregas ao domicílio no prazo máximo de 24 horas após a compra. Na loja Fagricoop, é feito o acompanhamento das mais diversas culturas, desde a instalação à colheita. É feito, igualmente, o aconselhamento personalizado aos clientes, na área da fitossanidade, fertilização, sanidade e alimentação animal e nos sistemas de rega. Aqui, na loja damos ainda resposta a questões de enologia, viticultura, fruticultura, horticultura, forragens de outono/inverno e primavera/verão e dos pequenos frutos, em voga nos dias que correm. Na área da viticultura, dispomos de enxertos-prontos, postes, arames, tricolores, tutores, fertilizantes específicos para a viticultura, tesouras de poda e de outros acessórios; na enologia, leveduras, desinfetantes, clarificantes, filtros, rolhas em cortiça e garrafões em PET e temos um protocolo com um laboratório
para as análises de vinho. Na fruticultura e horticultura, possuímos plantas e sementes e de um conjunto de fertilizantes e produtos fitofarmacêuticos destinados a uso em culturas tradicionais mas, ao mesmo tempo, de produtos específicos para a agricultura biológica. Na área das culturas forrageiras, temos sementes paras as mais diversas culturas e fertilizantes específicos. Para a casa, apresentamos um conjunto de utensílios como por exemplo recipientes de vários tamanhos, vassouras, sacos de lixo, detergentes para roupa e fertilizantes para plantas de interior. Também dispomos de diversos tipos
de ferramentas e máquinas para jardinagem e acessórios para máquinas agrícolas, como por exemplo bancos para tratores e baterias para todo tipo de máquinas. Para comercializar fitofarmacêuticos para todas as culturas, a Fagricoop tem instalações certificadas e pessoal com formação específica sobre o tema, o que lhes permite aconselhar de forma responsável, conforme obriga a Lei 26/2013 de 11 de Abril. De resto, a loja tem rações para os vários tipos de espécies domésticas: bovinos, caprinos, aves de criação, suínos, coelhos e aves recreativas.
Uma Loja para todos Brevemente, a Fagricoop iniciará uma campanha de divulgação no concelho de V.N.Famalicão para “mostrar quem somos” e “o que fazemos”. Pretendemos mostrar que estamos no concelho ao serviço de todos quantos de nós necessitarem. Criada por agricultores e para agricultores, desde sempre apoiamos, quem nos procura, para auxílio técnico, ou aquisição de produtos. Existe, no entanto, diferenciação relativamente aos sócios e não-sócios. Essa diferenciação fazse essencialmente nos preços e descontos e na possibilidade de comprar a crédito mediante a atribuição de plafond. Sempre que solicitado, procedemos à abertura de ficha de cliente, conseguindo maior rapidez na compra e resposta eficiente em termos de legislação de compra de produtos fitofarmacêuticos, e ainda um registo histórico para futuro apoio técnico. Conscientes que, cada vez mais, deveremos ser de todos e para todos, sem deixar de esquecer que os sócios são aqueles com direito aos maiores benefícios, apelamos a que façam parte desta organização. A a cota paga fica retida, mas a qualquer momento pode voltar a resgatar o valor. Nesta organização todos são bem-vindos. Iniciamos uma política de vendas bastante atrativa com descontos de pronto pagamento para todos (sempre de valor superior para sócios), campanhas de preços baixos e outras ações de Marketing para chegarmos a todos. A finalidade desta campanha é chamar o agricultor profissional, o detentor de pequeno quintal ou jardim, o dono de animal de companhia e aqueles que se dedicam ao bricolage, venham a nossa casa … Visitem a “Loja da Fagricoop”, com parque privativo! Carlos Santos, Fagricoop
Rui Pedro Ribeiro, Fagricoop pub
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pública: 23 de março de 2017
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V
ESPECIAL LWA
LWA: área da parede vegetal Tradicionalmente, expressamos a dose de aplicação de produtos fitofarmacêuticos (PFs) em concentração (g ou ml de produto por 100 litros) e/ou em quantidade (g ou ml) por hectare de terreno ocupado pela cultura. Em pomares e vinha (culturas altas) é mais frequente a expressão da dose em concentração, frequentemente acompanhada de uma limitação da quantidade máxima de produto a aplicar por hectare ou de um volume de calda máximo. Atualmente existe uma tendência para reduzir volumes de calda, seja pela adoção de equipamentos que permitem a cobertura das folhas com menor volume de calda, seja pela adoção de formas de condução da poda, mais simples e compactas. Para além da concentração e quantidade por ha, temos também quantidade de produto por metro de altura da cultura, quantidade de produto por 100 metros de linha, percentagem da dose em função do estado fenológico (usado em vinha), quantidade de produto por m3 de volume de
copa (TRV - tree row volume) e quantidade de produto por LWA (area de parede foliar). Para adequar a quantidade de substância ativa à superfície que se deseja tratar - com óbvios benefícios ambientais e económicos - e harmonizar as unidades em que se expressa a dose entre países europeus, a indústria europeia de proteção de plantas tem promovido a divulgação do sistema LWA. O conceito de LWA - área da parede vegetal - parte de uma observação simples, quando tratamos os pomares ou as vinhas com um pulverizador, a calda é dirigida a uma faixa vertical e contínua de folhas e caules, tão alta quanto a copa das plantas a tratar e tão longa quanto a linha de plantação. Esta faixa ou “parede” é variável em função da cultura, do compasso de plantação, do sistema de condução da poda, do estado fenológico, etc. Numa lógica de adaptar a quantidade de produto ao tamanho das plantas que desejamos tratar, propõe-se dosear o produto em função da
área da parede vegetal. Exprimir a dose em quantidade de produto por metros de área de parede vegetal é adequado para culturas altas (em que a altura da copa excede largamente a largura), dispostas em linhas afastadas entre si o suficiente para que se possa circular pela entrelinha efetuado tratamentos. O LWA é calculado em função da altura das copas a tratar e da distância entre linhas usando a seguinte formula: LWA (m2) = 2 x altura da copa (m) x 10’000 m2 / pub
distância entre linhas (m). A altura da copa é multiplicada por 2 porque as plantas são pulverizadas dos dois lados da linha. A altura da copa calcula-se medindo a altura desde o solo até ao ponto mais alto da planta e subtraindo a altura entre o solo e as primeiras folhas. Por exemplo, para um pomar com 3,5 metros de altura e descontando 50 cm desde o solo até às primeiras folhas, teríamos uma altura de copa de 3 m. A área da parede vegetal varia ao longo do ciclo da cultura, desde o repouso vegetativo até
ao pleno desenvolvimento dos lançamentos ou das varas. Isto implica também que a quantidade de produto usada não é fixa durante todo o ciclo, mas vai sendo ajustada ao desenvolvimento da cultura. Correntemente, este método não se encontra ainda nos rótulos dos produtos homologados em Portugal. Os aplicadores deverão seguir apenas as indicações dadas nos rótulos dos produtos homologados em Portugal.
Rui Martins, Syngenta pub
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pública: 23 de março de 2017
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VII
ESPECIAL Doença Respiratória Bovina
Doença Respiratória Bovina em explorações leiteiras A Doença Respiratória Bovina A Doença Respiratória Bovina, conhecida usualmente pela sigla DRB, é uma das principais patologias dos bovinos, afetando principalmente os animais jovens, mas também os animais adultos, quer com aptidão leiteira, quer de carne. A DRB é causada por diversos agentes víricos e bacterianos, podendo os animais afetados apresentar corrimento nasal, tosse, dificuldade respiratória, perda de apetite, depressão, diminuição da produção de leite ou mortalidade. Impacto económico da DRB O impacto é significativo quer nos jovens quer nos adultos. Observamos nos animais jovens que 19-20% da patologia clínica e cerca de 10% em animais adultos é causada pela DRB. Na recria, os principais custos são devidos a tratamentos, mortalidade e atraso no crescimento, podendo atingir valores de 43€/vitela associado a um menor crescimento aos 8 meses.
O impacto nas futuras reprodutoras é causado pelo aumento da mortalidade (com a diminuição da disponibilidade da reposição), e pelo crescimento mais lento, demorando mais tempo a atingir o peso alvo para a primeira inseminação. Adicionalmente pode aumentar em duas vezes a probabilidade de refugo durante a primeira lactação. Instalações adequadas, densidade equilibrada, ventilação apropriada e um programa alimentar correcto são os principais aspetos do maneio que contribuem para a prevenção da DRB. A estes acresce um factor essencial: um programa vacinal adaptado à realidade da exploração, o qual deve ser desenhado de acordo com os dados epidemiológicos do efectivo. A Merial lançou recentemente duas vacinas para a prevenção da DRB, vacinas cuja composição (antigénios virais e bacterianos) se adapta a diferentes realidades epidemiológicas das explorações e eventuais programas vacinais de controlo de IBR e BVD. Antes de iniciar um protocolo vacinal, devem ser analisados os fatores de risco e a epidemiologia da exploração pelo seu médico veterinário, para que este possa desenhar o melhor plano profiláctico para a exploração. José Miguel Lopes Jorge, Médico Veterinário Merial Portuguesa Saúde Animal, Lda - lopes.jorge@merial.com pub
VIII
ESPECIAL
pública: 23 de março de 2017
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IX
ESPECIAL Leite Biológico
Produtos Fagricoop
Ferramentas de acessorios
O leite biológico é um dos produtos mais valorizados por parte dos consumidores a nível mundial em termos de produção em Modo de Produção Biológico (MPB). Este tipo de agricultura baseia-se em diversos princípios onde se traduz um produto de melhor qualidade para quem o consome, assim como procura respeitar os princípios sustentabilidade e de respeito pelo bem-estar animal. O princípio fundamental deste modo de produção é a minimização do recurso a produtos químicos e a integração da produção agrícola com a envolvente. Por outro lado, a agricultura convencional tende a dar ênfase à produtividade em detrimento da preservação do meio ambiente e à qualidade nutricional dos alimentos. Com a aposta na produção de leite em MPB, para além do ganho na qualidade do produto, ganha-se de forma indireta, através do respeito e fomento da biodiversidade, ajudando a manter o património genético e a evitar
contaminação dos recursos hídricos. Embora a sua comercialização não seja uma novidade, visto termos já produtos à nossa disposição em qualquer hipermercado, a sua produção ainda acarreta desafios aos nossos produtores. A grande diferença entre o MPB e o convencional reside na alimentação das vacas, o que origina diferenças ao nível da composição do leite. No MPB a alimentação está baseada no recurso às pastagens e no modo convencional está baseada em alimentos concentrados. É exatamente por esse facto que a produção de leite em MPB é sobretudo feita em países com acesso a grandes pastagens, não sendo esse o caso de Portugal e muito particularmente do nosso concelho de Famalicão, que se carateriza pelo minifúndio. Além disso, a forma de produção das forragens não poderá ser da forma convencional, ou seja, quer a fertilização, como o ataque a infestantes e inimigos da cultura, terá necessaria-
mente de ser feito recorrendo técnicas e fatores de produção que estejam em consonância com o MPB. A ingestão de pesticidas, mesmo com as substâncias ativas abaixo dos limites máximos de resíduos (LMR), aumentam o stress oxidativo, podendo provocar cancro; problemas na reprodução e desenvolvimento dos fetos (desreguladores endócrinos); alterações do sistema imunitário e do sistema nervoso. De qualquer forma é possível arranjar-se soluções nutricionais que respondam a este problema e dentro das nossas limitações de espaço. A Fagricoop tem como projeto a longo prazo, juntamente com outras entidades competentes, estudar soluções para esta questão em particular e analisar a viabilidade das explorações de leite que visam este tipo de produção.
Marta Moniz, Fagricoop
Acessórios de rega e jardim
A loja da Fagricoop recebe diariamente dezenas de clientes pub
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ESPECIAL Antibióticos
Antibióticos? Outra vez? “Caríssima Doutora” - pensam vocês - “outra vez, os antibióticos? Não chegou o chazinho do ano passado?” Outra vez, sim. Porque são tema recorrente, porque a resistência é cada vez maior, porque vai ser, a par do cancro, a grande batalha da existência humana este século. Batalha essa que não queremos, não podemos perder. O mais curioso é que nenhum de nós está livre da responsabilidade, porque é a conduta conjunta de todos que dará frutos. Devemos olhar os nossos pares e educarmo-nos mutuamente. Os profissionais de saúde têm, pois está claro, responsabilidade acrescida. Há uns anos, fui com a minha filha doente à pediatra. Havia quatro dias com febre. A pergunta impunha-se: “Doutora, será uma questão de antibiótico?”. Após um exame exaustivo, a resposta foi inequívoca e de encontro ao que todos já conhecemos: “sem trabalho, não há ganho”. “Como?”, perguntam os senhores. Nem mais. A doença era uma virose. Claro que com um
antibiótico ela melhoraria mais rápido, não porque estivesse a tratar a doença em si, mas porque estaria a controlar as várias infeções bacterianas secundárias e oportunistas à quebra da imunidade da minha filha. No entanto, o antibiótico em si tem um efeito imunossupressor e, por isso, o que ganharia em rapidez de melhoras, iria perder em eficácia do sistema imune para infeções posteriores. A luta inflamatória é necessária. O antibiótico iria, por um lado, aliviar o “trabalho” do corpo, mas por outro fragilizá-lo para novas infeções. Em tudo a resposta à infeção dos animais se assemelha à dos humanos. O antibiótico é uma arma que deve ser usada com critérios de validação rigorosos. Na veterinária, há dois grandes movimentos de prescrição: os animais de companhia e os animais de produção. Princípios ativos disponíveis para uns e outros nem sempre são os mesmos, devido à metabolização no organismo dos animais, que pode deixar resíduos na carcaça.
O uso correto de antibióticos é basicamente: 1. Usar sempre com a prescrição do médico veterinário 2. Fazer a medicação de forma rigorosa, respeitando a quantidade, intervalo entre medicações, via de administração e a duração do tratamento 3. Fazer tratamento coadjuvante se indicado e.g. probióticos ou anti-inflamatório (influência na eficácia do AB) 4. Se a medicação parecer não fazer efeito, não parar sem reavaliar junto do seu médico ve-
terinário. 5. No caso dos animais de produção, respeitar um plano de tratamentos de primeira linha definido em conjunto entre o produtor e o médico veterinário assistente para os casos clínicos mais recorrentes. No caso de não evolução, contactar o MV para traçar um novo plano terapêutico. Um produtor consciente, ponderado no uso da seringa e da agulha, normalmente sai a ganhar, nem que seja a longo prazo. Com muitos produtores conscientes, saímos todos a ganhar, prin-
cipalmente na segurança dos produtos alimentares que os seus animais produzem e nós consumimos. O leite, em termos de presença de AB, é dos alimentos mais seguros. O controle é feito pelo fábrica a cada tanque de leite que o produtor entrega. O leite com resíduos é incinerado, com encargos imputados ao produtor. Beba leite, pela sua saúde! Leite português.
Andreia Santos, Médica Veterinária Fagricoop pub
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XI
ESPECIAL Silagem
Manter a qualidade da silagem é fundamental
Dada a situação económica que atravessa o sector do leite, é necessário reduzir ainda mais os custos de produção. Uma das soluções é controlar a qualidade da silagem, aquilo que produzimos em casa, quer façamos bem, quer façamos mal, o custo da produção da silagem é o mesmo, daí a questão ser levantada. Se temos que produzir e temos, porque não fazer bem? Teoricamente a silagem é uma técnica de conservação de forragens húmidas e, portanto, para alcançar a máxima qualidade nutricional e sanitária, assim como minimizar perdas de matéria seca introduzidas, é necessário conseguir a ausência de oxigénio (anaeróbico), o máximo de tempo para a maior quantidade de forragem possível. Embora o processo sendo simples na teoria (colheita, compactar e fechar), o seu bom desempenho na prática é muito mais complicado por causa da multiplicidade de factores envolvidos: tipo de forragem e variedade, matéria seca da forragem, condições climáticas no momento da ensilagem, altura do corte da forragem, grau de grãos esmagados e quebrados, compactação da forragem, tipo de silo, tipo de plástico, o tipo de conservantes e inoculantes, assim como o seu modo de aplicação. As silagens bem preservadas devem apresentar um pH na faixa de 3,5 a 4,2. A boa preservação através da fermentação depende da produção de ácido láctico para estabilização do pH e da adequada quantidade de ácidos orgânicos. Outro aspeto importante é o calcamento para impedir a respiração (calcar bem a forragem e fechar rapidamente o silo), quanto mais tempo a forragem fica exposta maior será a perda de nutrientes. Se a compactação é eficaz (imediata, rápida e forte), a expulsão do ar é rápida e, consequentemente, a temperatura no interior do silo não ultrapassa os 20ºC. O calcamento é facilitado com a diminuição
do tamanho da partícula. Quando a forragem não está devidamente compactada, seja por motivos de enchimento de silo muito rápido, pelo tractor compactador ter pouco peso, pela silagem encontrar-se muito seca, ou mesmo nos casos em que a frente do silo é consumida lentamente. Sob tais circunstâncias, a forragem deve ser tratada com conservantes químicos, baseados principalmente em ácido propiónico, que controlam diretamente o crescimento de leveduras e fungos. Em todos os silos, antes do fecho, devemos aplicar um conservante químico nas últimas três camadas, uma vez que é uma zona aeróbica de risco por falta de compactação. Por outro lado, quando estamos perante condições ditas ideais para a conservação da silagem, isto é, matéria seca adequada entre 30% - 35%, bom tempo aquando da colheita, silos estreitos e compridos proporcionando uma compactação adequada, podemos e devemos pensar nos Inoculantes. Os inoculantes são produtos baseados em combinações de diferentes bactérias lácticas que são adicionados à forragem para garantir e controlar a fermentação da silagem, que, de outro modo, dependeria da flora que a forragem pode transportar e que nunca é suficiente para se obter o controlo da fermentação adequada em todas as suas fases. Portanto, a aplicação de inoculantes não isenta a fazer as práticas adequadas na silagem. Um produtor que fez, correctamente, o processo de silagem, a aplicação de inoculante controla a fermentação e melhora a qualidade higiene-saúde e nutricional da silagem, minimizando a perda de matéria seca por processos prejudiciais, tais como a respiração, a podridão ou aquecimento produzido por fungos e leveduras.
Sofia Ferreira, Monseeds
XII
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