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Apoio à deficiência

Dia Internacional da Pessoas com Defificciência no dia 3 de Dezembro

Reconhecer o direito à diferença Sofifiaa Abreu Silva Assinala-se a 3 de Dezembro o Dia Internacional da Pessoas com Deficiência. A propósito desta data, o OPINIÃO PÚBLICA dedica o seu Especial às instituições famalicenses que ajudam diariamente crianças, jovens e adultos com deficiência. Hoje, acredita-se que a deficiência já não é tabu porque é continuamente noticiada, trabalhada, apresentada... deixou assim de estar escondida e de não ser abordada. Pelo menos, é nisso que acreditam as instituições que com ela trabalham, em-

bora conscientes de que ainda há muito para fazer neste âmbito. Segundo a Associação Famalicense de Prevenção e Apoio à Deficiência (AFPAD) o trabalho de todas as instituições e serviços públicos e privados têm crescentemente apoiado a integração familiar, social e profissional das pessoas com deficiência. “Os apoios disponibilizados aos pais desde idades muito precoces e a inclusão pré-escolar e escolar têm contribuído muito para se ultrapassar preconceitos, tabus, mistérios e dificuldades variadas”, dizem

aqueles que trabalham na AFPAD, mas “há muito mais para fazer, no domínio da participação das pessoas com deficiências no trabalho, no lazer e noutras matérias que lhes dizem respeito”. Já para outra instituição, a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Braga (APPACDM), com um pólo em Famalicão, as pessoas em geral têm pouca informação sobre a deficiência intelectual, existindo assim, muitos estereótipos (preconceitos) associados à deficiência intelectual que ainda não foram to-

talmente desmistificados, daí para muitos ainda ser tabu. “Actualmente existe uma evolução em termos de intervenção com os cidadãos deficientes intelectuais no âmbito das respostas sociais que visam vários objectivos, entre eles a sua integração na sociedade e consequentemente uma maior aceitação”. Porém, a maior dificuldade das famílias passa, sobretudo, pela falta de apoio nesta situação: “quantas vezes as famílias ignoram ainda os apoios sociais colocados à sua disposição?”, Jornal Opinião Pública 2 de Dezembro de 2009

questiona. Segundo a APPACDM , a educação é um factor determinante, pois ainda se descobrem situações de vergonha. Por outro lado, a sociedade actual não é “assim tão tolerante quanto nos querem fazer crer. As pessoas com um filho deficiente ainda têm razões para se sentirem marginalizadas”, afiançam os técnicos daquela instituição. E quando se fala em inclusão, pelos vistos as coisas não assim tão avançadas. Para a APPACDM “efectivamente,

só um pequeno número de jovens deficientes intelectuais atinge uma autonomia que lhes permite uma verdadeira integração na família e na sociedade”. “Como é que eles se sentirão efectivamente felizes? Não basta reconhecer o direito à diferença”, acrescenta. Também para a AFPAD “é necessária uma acção positiva com o objectivo de garantir o exercício dos seus direitos e deveres corrigindo uma situação factual de desigualdade que persista na vida social”.


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pública: 2 de Dezembro de 2009

especial

Associação Famalicense de Prevenção e Apoio à Deficiência existe desde 1993

AFPAD: o mundo das diferenças é um mundo de oportunidades Sofifiaa Abreu Silva A Associação Famalicense de Prevenção e Apoio à Deficiência (AFPAD) existe desde 1993. O Serviço de Intervenção Precoce (SIP) nasceu em 1995 e o Centro de Actividades Ocupacionais (CAO) em 1997 em estruturas provisórias. Mas, em 2001 foi possível inaugurar a sede da instituição para onde passaram estes dois serviços. Entretanto, e no mesmo ano, foi inaugurado o Lar Residencial em Vermoim. Nestes três espaços, o lema seguido diariamente é “mostrar que o mundo das diferenças é um mundo de oportunidades” Actualmente, a AFPAD trabalha com todas as idades. No Serviço de Intervenção Precoce, com bebés e crianças entre os 0 e os 6 anos de idade e suas famílias; no Serviço de Terapias e Serviços Complementares, com crianças com idades entre os 7 e os 15 anos de idade; no Centro de Actividades, com pessoas a partir dos 16 anos até adultos; no Lar Residencial com pessoas com idades entre os 16 e os 55 anos (idade da cliente com mais idade); e no Serviço de Atendimento à Comunidade com pessoas que precisem de informação e apoio. Num olhar para trás e para o presente, a AFPAD faz um balanço

positivo. A Associação continua a crescer e a sonhar e neste momento “está a implementar sistemas de gestão de qualidade a caminho da certificação”, afirma a direcção, defendendo que “nos nossos dias a qualidade assumiu um enorme valor na gestão das organizações, sendo vista como base de estratégia diferenciadora e competitiva”. Novo lar residencial é objectivo Quem trabalha com pessoas sabe que nunca é tempo de parar. Por isso, a AFPAD gostava de desenvolver um novo Lar Residencial com um Centro de Actividades Ocupa-

cionais agregado, bem como um Serviço de Apoio Domiciliário e um Centro de Actividades de Tempos Livres. Entretanto, a AFPAD está a reforçar as equipas com voluntariado técnico, estágios profissionais e com novos colaboradores, com o intuito de melhorar e alargar os serviços que disponibiliza. No Serviço de Intervenção Precoce pretende-se oferecer mais apoio educacional e terapêutico (terapia da fala e fisioterapia), bem como formação nesta área para profissionais que trabalham na educação, saúde e acção social com crianças pequenas.

“Estamos também a tentar desenvolver um projecto de hipoterapia para algumas das crianças apoiadas”, anuncia a direcção. No Centro de Actividades Ocupacionais a intenção é criar novas actividades, como por exemplo música, e desenvolver iniciativas socialmente úteis em empresas e instituições na comunidade, contribuindo para a promoção da autonomia e participação activa dos clientes. “Estamos já a trabalhar com duas empresas e está para breve a colocação dos dois primeiros clientes em actividades socialmente úteis”, divulga a direcção. Por último, mas de suma importância, no Lar pretende-se apostar em novas actividades de recreação e lazer e reforçar a participação de mais utentes em actividades já existentes, como hidroterapia. Falta de transpor tes A AFPAD vive com os apoios dos acordos de cooperação celebrados com a Segurança Social de Braga, do subsídio da Câmara de Famalicão, da candidatura a projectos nacionais e comunitários, donativos em espécie e monetários, comparticipações dos clientes (utentes), quotas de sócios e venda de trabalhos reali-

zados pelos seus clientes (utentes). Mas, uma das maiores dificuldades da AFPAD é conseguir os apoios financeiros necessários para projectos institucionais, sobretudo, o reforço das equipas com os recursos humanos necessários, além de equipamento. Outra das preocupações prende-se com a insuficiência ao nível do transporte, o que levou a Associação a apresentar dois projectos, um à Câmara Municipal no âmbito da rede social e possível criação de uma rede concelhia de transportes de apoio a pessoas com deficiências e incapacidades; e outro ao Ministério do Trabalho e da Segurança Social para aquisição de três viaturas. Todos os serviços da AFPAD estão lotados e apresentam mesmo lista de espera, excepto o Serviço de Terapias e Serviços Complementares e o Serviço de Atendimento à Comunidade. Para diminuir essa espera das famílias, a Associação está a trabalhar com a Segurança Social o aumento do acordo da Intervenção Precoce para 30 utentes/famílias e do Centro de Actividades Ocupacionais para 22 (estão em apoio 20 pessoas e em lista de espera, neste momento, 18 pessoas). pub.


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especial

Aposta ainda na certificação do Centro de Actividades Ocupacionais

APPACDM abre lar em Lemenhe em 2010 cipações familiares, que já representam cerca de trinta por cento da receita, além de outros apoios que passam, sobretudo, por donativos e quotas dos associados.

Sofifiaa Abreu Silva No próximo ano de 2010, na freguesia de Lemenhe, será aberto um lar residencial para 14 jovens e adultos da APPACDM Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Braga. Esta é, na verdade, uma das grandes novidades previstas para os próximos tempos. Recorde-se que a APPACDM está a comemorar o seu 35º aniversário. O Complexo de Famalicão da APPACDM foi instalado inicialmente no “Solarzinho” da Quinta das Lameiras, a 11 de Novembro de 1977, com a colaboração de algumas entidades públicas e privadas, nomeadamente da Câmara Municipal. No mês de Outubro do ano de 1982, este complexo havia de conhecer novos desenvolvimentos: a inauguração do Centro Educacional, na Quinta do Louredo, mesmo no centro da cidade, onde permanece. No capítulo das novidades, muito brevemente proceder-se-á à bênção e inauguração do novo equipamento, que acolhe dois Centros de Actividades Ocupacionais e um pólo da Escola de Educação Especial da APPACDM de Braga. Em Famalicão, concretamente, a procura dos serviços da APPACDM tem superado as expectativas, uma vez que as solicitações para o Centro de Actividades Ocupacionais têm sido

em número elevado, este ano, dado que “os jovens terminam a escolaridade obrigatória e as famílias não têm para onde os encaminhar”. Neste âmbito, a direcção está a equacionar apostar na abertura de um novo CAO. “ Estamos a ponderar seriamente esta hipótese e, por isso, vamos brevemente avaliar esta possibilidade junto do Centro Distrital da Segurança Social de Braga e junto da Câmara Municipal de Famalicão”, considera a direcção. Apenas neste ano, a instituição investiu cerca de setecentos mil euros, mais de cem mil foram canalizados para Famalicão. Mas, até ao momento, ainda não recebeu qualquer

apoio do Estado, embora as entidades que tutelam as actividades reconheçam que se tratavam de obras “imperativas e inadiáveis”. Recorde-se que a APPACDM é uma entidade pública sem fins lucrativos e as fontes de receita são fundamentalmente duas: o Centro Distrital da Segurança Social e a Direcção Regional da Educação do Norte, entidades com as quais estabelece protocolos de cooperação. A primeira financia os lares residenciais e os centros de actividades ocupacionais, a segunda a escola de educação especial. A par destas duas fontes de financiamento, a APPACDM conta também com as comparti-

Ce r tifi cação a caminh o Neste momento, a APPACDM está a trabalhar no processo de certificação e essa aposta está a implicar uma mudança de mentalidade, inclusive “uma postura diferente”. “Os nossos colaboradores sentem naturais dificuldades nesta adaptação. Ao longo deste ano, fizeram centenas de horas de formação, já tendo em conta estas exigências. Mas, todos estão entusiasmados com o desafio e acreditam que o vão vencer”, afirma a direcção. Aqui, as próprias famílias também já começaram a colaborar neste processo. “Há uma certa expectativa, mas todos reconhecem que este será o único caminho a seguir”, observa. Na realidade, o processo de certificação do CAO, que deve estar concluído em Outubro de 2010, levará a instituição a fazer uma reavaliação de todas as actividades que desenvolve com os seus utentes, em função do Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) que será traçado para cada jovem, acolhendo contributos de técnicos, famílias e, quando possível, do próprio jovem.

No caso de Famalicão, as actividades na APPACDM são variadas de acordo com as necessidades individuais dos jovens. São promovidas actividades desportivas (educação física e natação), de reabilitação (terapia da fala, terapia ocupacional, fisioterapia e psicomotricidade), actividades de formação cívica, de educação visual e expressão plástica, actividades da vida diária, iniciação às novas tecnologias (computadores), escolaridade funcional, actividades nos diversos ateliês (tecelagem, bordados, costura, tapeçaria, serralharia e carpintaria), actividades de horticultura e jardinagem e visitas ao exterior (teatro, cinema, exposições, museus, quinta pedagógicas, e outros). Neste momento, a instituição tem o número máximo de utentes permitido pelo acordo de cooperação, isto é, 54 utentes. Existe, porém, uma lista de espera de algumas dezenas famílias, que a APPACDM pretende diminuir com o alargamento da sua capacidade. Além de Famalicão, também em Braga, em 2010, iniciar-se-á a construção de um novo CAO, no Complexo de Lomar, conjuntamente com um lar residencial, que acolherá 30 jovens em CAO e 18 em LAR. Em Gualtar, também há um espaço que pode ser requalificado para uma residência autónoma, mas é um projecto que implica um investimento avultado. pub.


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