Escutismo e Dia do Pai
ENTREVISTA Valdemar Magalhães, chefe do Núcleo de Famalicão
“O CNE não passará por uma crise de efectivos” Valdemar Magalhães é, desde Julho de 2009, o novo chefe da Junta de Núcleo de Famalicão do Corpo Nacional de Escutas, sucedendo a Jaime Rebelo. Em entrevista ao OPINIÃO PÚBLICA, Valdemar Magalhães adiantou que pretende investir mais na formação, quer ver a questão do Parque de Campismo de Gondifelos resolvida e garante que, apesar de uma sociedade agitada, o escutismo não está em crise. Sofifiaa Abreu Silva É o novo chefe da Junta de Núcleo de Famalicão do Corpo Nacional de Escutas. O que o levou a abraçar este desafi fio o? Realmente é um desafio muito arrojado. Depois do anterior chefe de Núcleo ter anunciado que seria o seu último mandato, mais de 50% dos chefes de Agrupamento assinaram um documento onde lançavam o desafio para eu constituir uma equipa e apresentar um projecto para o Núcleo de Famalicão. Após tal mobilização, por um número tão significativo de chefes, não podia ignorar o apelo e o voto de confiança. Afi firrmou que um dos seus objectivos era unifi ficcar o Núcleo. Acha que os agrupamentos andam distantes? Unificar não quer dizer que os agrupamentos andam distantes, mas que era necessário afirmar a identidade do Núcleo, aliás, este é um dos 6 grandes desafios para o triénio. A nossa identidade escutista passa pela ligação ao fundador, BadenPowell, enquanto membros da Organização Mundial do Movimento Escutista. A nossa identidade escutista passa ainda pela ligação à Conferência Internacional Católica do Es-
cutismo. No seguimento destas linhas orientadoras, o Núcleo de Famalicão tem a sua própria identidade assente em cada um dos agrupamentos que, com as suas particularidades, diferentes realidades e inseridos na comunidade local, o constituem. É com esta identidade local, mas ao mesmo tempo universal, que o Núcleo deve orientar a caminhada na concretização da proposta educativa do CNE “Educamos. Para Quê?”. Respeitando as particularidades inerentes a cada um dos agrupamentos, nunca podemos perder de vista esta proposta educativa, matriz do Corpo Nacional de Escutas, Escutismo Católico Português. A formação é também uma aposta sua… Um dos elementos essenciais do Método Escutista é a relação educativa. O adulto é o garante da educação integral das crianças e jovens do movimento. Sendo o seu papel tão marcante no Método, é necessário que, enquanto agente educa-
dor, se mantenha continuamente actualizado, capaz de responder às novas exigências e desafios que lhe são colocadas no dia-a-dia. O CNE, felizmente, tem vários cursos de formação direccionados aos cargos desempenhados pelos adultos no movimento. O desafio maior passa, essencialmente, pela motivação à necessidade de formação. Essa é a grande aposta. Também queremos investir nas lideranças e os principais alvos serão os Chefes de Agrupamentos. Que outros projectos pretende concretizar nestes três anos? O Parque de Campismo ainda é um sonho… Para os próximos três anos pretendemos requalificar a nossa sede, visto já ter dez anos e necessitar de alguns melhoramentos. Quanto ao Parque de Campismo de Gondifelos, estou à espera que a Câmara Municipal cumpra o que já prometeu no passado, ainda com o anterior chefe de Núcleo, e no passado recente. No Dia de Núcleo, realizado no
passado dia 23 de Maio de 2009, o vereador na altura, Jorge Paulo Oliveira, assumiu que a Câmara iria assinar um novo protocolo com a Junta de Núcleo de Famalicão, assunto reforçado pelo seu assessor Hugo Mesquita, na minha tomada de posse em 9 de Julho de 2009. Aguardo ainda uma resposta para a resolução, em definitivo, do Parque de Campismo de Gondifelos. É urgente definir o futuro daquele parque porque está constantemente a ser vandalizado. Cada dia que passa vai degradando-se cada vez mais, necessitando depois de uma maior e mais dispendiosa intervenção. É importante uma intervenção séria e certa nesse espaço e o nosso movimento está em melhores condições para o fazer, mantendo uma presença assídua de escuteiros a nível nacional e internacional, como já tem acontecido. Com tantas solicitações para os jovens, acha que o Escutismo pode entrar em “crise”? Dificilmente. O efectivo do Núcleo de Famalicão tem aumentado e podemos dizer com orgulho que somos a maior associação de juventude do pais, somos cerca de 70 mil. Como já foi referido, o Método Escutista é um processo genial com provas dadas ao longo dos seus 100 anos de existência, onde as crianças e jovens vivem em pequenos grupos, cada qual com tarefas e responsabilidades definidas, criando laços de partilha, amizade e sentido de dever, vivido na natureza, aprendendo fazendo e dentro do “Jogo escutista”. Estão reunidos todos os ingredientes para as crianças e jovens se sentirem atraídos pelo ideal de Baden Powell. Muitas crianças e jo-
vens entram no movimento por aconselhamento médico, devido ao potencial que o movimento tem para o seu crescimento equilibrado. Não tenho dúvidas que com dirigentes com formação e empenhados, capazes de darem respostas aos anseios das crianças e dos jovens, o CNE não passará por uma “crise” de efectivos. Ser escuteiro é para si uma opção de vida? Sem dúvida que para mim ser escuteiro é um modo de vida. Ser escuteiro é ser feliz ao tornar os outros felizes, ser escuteiro é acreditar que se pode deixar o mundo um pouco melhor do que o encontramos, como Baden Powell nos transmitiu.
Perfil Valdemar da Silva Magalhães tem 42 anos, é casado e tem 2 filhos. É Técnico Oficial de Contas (TOC). Entrou para o escutismo em 1976, no Agrupamento n.º 357, de Gavião. Fez a promessa de dirigente em 1989. Já foi secretário administrativo e financeiro do Núcleo Famalicão, além de chefe de núcleo adjunto. Desempenhou funções de secretário no Programa Educativo de Núcleo de Famalicão; e secretário Regional para a área Internacional e para os Projectos. Participou nos Jamboree Mundiais da Holanda e Tailândia, além de acampamentos nacionais. Assume, desde Julho de 2009, funções como chefe da Junta de Núcleo de Famalicão. pub.