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A viver uma fase de inegável expansão em Portugal, o futsal é, por estes dias, uma das modalidades que atrai mais jovens. Sabendo-se que o futebol é o desporto que move massas e motivo de muitas paixões, - algumas delas exageradas - é uma das suas variantes que está a ganhar protagonismo no contexto desportivo. A entrada de clubes nacionais de nomeada, como SL Benfica e Sporting CP, contribuiu, indiscutivelmente, para este “boom” do futsal. Os amantes do futebol renderam-se aos encantos de uma modalidade que concentra atualmente maior atenção por parte dos órgãos de comunicação social.

Não obstante este maior mediatismo nacional, Famalicão sempre foi uma cidade direcionada para a prática do futsal. Vários foram os clubes que enveredaram pela modalidade e que ajudaram a projetar ainda mais o concelho no panorama desportivo de âmbito nacional. A mais recente demonstração da qualidade e trabalho protagonizado pelos praticantes de equipas famalicenses foi a conquista do título nacional de futsal feminino por parte do Futebol Clube de Vermoim. A equipa orientada por Francisco Paiva superiorizou-se aos rivais lisboetas e acrescentou mais um título ao seu

palmarés, cabendo-lhe, por isso, a missão de defender o cetro esta temporada, numa competição que se prevê ainda mais cerrada. Já no futsal masculino, a Associação Desportiva e Cultural de São Mateus é a única representante famalicense nas competições nacionais. A disputar a 2ª Divisão, o conjunto de Oliveira São Mateus pretende enraizar-se nestas lides, apontando a uma possível presença na fase de apuramento de campeão. Nas competições distritais, o Sporting Clube Cabeçudense juntou-se ao Mouquim Associação Unida na 1ª Divisão. A equipa de Cabeçudos não evi-

tou a descida na última época e enfrenta atualmente um desafio a que não estava habituado nos últimos anos. Em Mouquim, depois de uma época em que a desejada subida ficou comprometida devido a um conjunto de fatores, é altura de estabilizar e olhar para o futuro com ponderação. Com objetivos distintos e adaptáveis às realidades em que se encontram, as equipas famalicenses têm um propósito em comum: dignificar o emblema que representam e contribuir para que Famalicão continue a ser visto como um pólo em que o futsal é devidamente reconhecido.

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ESPECIAL

opiniãosport: 10 de novembro de 2016

Francisco Paiva, treinador e presidente do FC Vermoim

“Iremos lutar obrigatoriamente pelo título nacional” Depois da festa é tempo de arregaçar as mangas. O Futebol Clube de Vermoim tem a missão de defender o título nacional erguido na última época, algo que o treinador e presidente Francisco Paiva assume. Apesar das previsíveis dificuldades proporcionadas pela maior qualidade dos concorrentes relativamente ao ano transato, o caminho só pode ser o de lutar pelo bicampeonato. “Uma equipa que se sagra campeã não pode, no ano seguinte, dizer que não irá lutar pelo título. Iremos fazê-lo obrigatoriamente. No entanto, sabemos claramente que o campeonato será mais difícil pois as outras equipas apetrecharam-se e, por isso, antevejo uma prova bem mais competitiva”, adianta.

Francisco Paiva mostra-se documentado com a realidade atual do Campeonato Nacional, projetando uma 1ª fase, apenas com equipas do Norte, “bem mais competitiva do que nos anos anteriores”. Para além disso, torna-se inevitável olhar para os rivais da 2ª Circular, presumíveis adversários do FC Vermoim na 2ª fase, como opositores de muita valia, já que, revela, “as duas equipas estão mais fortes e equilibradas”. Este crescimento foi mais visível nas últimas temporadas, com o líder técnico e diretivo do emblema de Vermoim a considerar que “os últimos dois anos serviram para as pessoas perceberem o quanto é necessário ter um plantel equilibrado e com qualidade para poder ir mais

longe”. Nessa perspetiva, desvenda que “o pensamento será o mesmo das outras equipas, ou seja, atacar o campeonato”, estando consciente que este “subiu forçosamente de qualidade”. Do elenco que se sagrou campeão nacional há apenas a registar a saída de Filipa Mendes para o AS Montesilvano, de Itália, que foi substituída pela jovem Telma Pereira, jogadora contratada ao Nun’Álvares. A permanência da esmagadora maioria do plantel é uma vantagem para o FC Vermoim, pois, sustenta o treinador, “já existe um conhecimento mútuo entre mim e as jogadoras”. Apesar deste fator favorável às famalicenses, Francisco Paiva lamentou “a pré-época atribulada devido a um conjunto de

FUTEBOL CLUBE VERMOIM

razões”. Ainda assim, o infortúnio já foi ultrapassado e “agora é tempo de consolidar processos”. Processos que estiveram, como referido, devidamente consistentes na última época. A conquista do título nacional foi um marco para o clube e uma proeza que teve algumas repercussões na vertente financeira. “Deu uma ligeira ajuda em termos económicos, mas nada de muito relevante. Tivemos, isso sim, maior visibilidade”, admite o técnico que tem igualmente a missão de presidir o clube. Numa observação mais generaliza da modalidade, Francisco Paiva revela que em Portugal foram dados passos

rumo à projeção do futsal feminino nos últimos anos. A entrada de Pedro Dias para a direção fez com que “as coisas evoluíssem na Federação Portuguesa de Futebol em termos de futsal feminino”. A existência da seleção nacional é mais um estímulo para a expansão da modalidade, mas ainda faltam arestas por limar. “As indefinições em torno da realização ou não do Campeonato do Mundo e o facto de a prova ser ou não homologada pela FIFA pode ter implicações, pois temo que possamos dar algum passo atrás na evolução do futsal feminino”, adverte o responsável técnico mas com funções diretivas. pub


Associação Desportiva Cultural S. Mateus

Carlos Leite, treinador da ADC S. Mateus

“O objetivo é apurarmo-nos para a fase de campeão” Após um ano em que a manutenção na 2ª Divisão Nacional foi a única meta traçada, a Associação Desportiva e Cultural (ADC) de São Mateus apresenta-se com propósitos mais ousados para a temporada em curso. O técnico Carlos Leite assume, sem subterfúgios, que ambição é algo que reina no seio do grupo. “Tentaremos melhorar a classificação do ano passado, ir um pouco mais acima. Ainda é cedo para pensar na subida, mas o objetivo é apurarmo-nos para a fase de campeão”, destaca. Do plantel da época transata saíram dois jogadores para o Rio Ave, equipa que milita na Liga SportZone. O plantel sofreu necessárias alterações, mas Carlos Leite não vê nisso um problema, até porque a política do clube está bem definida. “O plantel não está desfal-

cado, nem melhorado, apenas é diferente da época anterior. Queremos continuar a formar jogadores e lançá-los para a 1ª Divisão. Nesta temporada, os jogadores que entraram têm qualidade, mas agora terão de assimilar o que a

equipa técnica pretende”, assegura. O técnico considera que a Série A “está mais equilibrada, tal como comprova a atual classificação”, em que a ADC S. Mateus é a única formação do concelho, algo que, segundo Carlos Leite, “faz aumentar a responsabilidade”. Uma responsabilidade que se estende à formação de jovens jogadores, nomeadamente os juniores, que são incorporados, pontualmente, no plantel sénior. Uma prática que o treinador quer ver repetida “para que no futuro possam entrar em definitivo nos seniores”. Prometendo muito trabalho e empenho, Carlos Leite já transmitiu aos jogadores uma mensagem de comprometimento: “temos de dignificar o nome do clube, pois ninguém está acima do S. Mateus”.

opiniãosport: 10 de novembro de 2016

ESPECIAL

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André Vale, presidente da ADC S. Mateus

“Não vai ser fácil tirar-nos da 2ª Divisão Nacional” A Associação Desportiva e Cultural de São Mateus parte para a presente temporada como o único representante do concelho na esfera nacional do futsal masculino. A escalada para atingir este nível impôs muito esforço e, por isso, o presidente André Vale refere que o propósito é manter-se neste patamar por muitos anos. “Foi muito difícil chegar aos nacionais mas não vai ser fácil tirar-nos de lá. Prometemos muito trabalho e paixão, com a promessa de dar tudo o que temos e não temos para garantir isso”, assevera. A manutenção é, portanto, o único pensamento da equipa famalicense, com o estímulo de “tentar superar o que fizemos na época anterior”. André Vale confidencia que “essa é a maneira de estar do clube”, aludindo “a uma enorme ambição e força de trabalho para encarar cada jogo como se fosse uma final”. O balneário da ADC S. Mateus é agora frequentado por muitas caras novas, decorrente da saída de alguns jogadores, entre os quais dois para o Rio Ave, da 1ª Divisão. Contudo, o presidente garante que “este foi o grupo que quisemos desde o primeiro momento”, pautando-se pela “juventude, qualidade, ambição e vontade dos jogadores em se afirmar no futsal nacional”. Do plantel fazem parte al-

guns ex-juniores, numa aposta que o responsável diretivo pretende ser efetiva nos próximos anos. “Temos todos os escalões de formação pela primeira vez na história do clube. Somos o único do concelho em que isso acontece, o que é um motivo de orgulho. No entanto, isso dá-nos responsabilidade, pois mais difícil do que os conseguir ter, é mantê-los ao longo do tempo”. Para ajudar a esse facto, André Vale assume, sem rodeios, que a criação de um pavilhão na freguesia “é um sonho que esta direção tem”, pois “treinar em pavilhões fora da freguesia acarreta enormes custos”. pub


SPORTING CLUBE CABEÇUDENSE

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ESPECIAL

opiniãosport: 10 de novembro de 2016

César Dantas, treinador do SC Cabeçudense

“Estamos a dar início a um novo projeto”

Contrariamente ao que acontece em muitos clubes, a descida do SC Cabeçudense não significou uma alteração na equipa técnica. A direção deu um voto de confiança a César Dantas, que terá a missão de recolocar o clube no trilho a que habituou os seus adeptos nas temporadas mais recentes. Feito o diagnóstico ao que se passou no pretérito ano, com realce para as muitas lesões e

castigos, a nova temporada traz desafios distintos da anterior, até porque o elenco à disposição do treinador será muito diferente. César Dantas lembra que 75% do plantel foi remodelado, considerando ter sido feita “uma necessária reformulação devido à média alta de idades dos jogadores, bem como das suas próprias características, e ainda à saída de atletas para equipas de outros campeonatos”. Face a este condicionalismo, o técnico pede alguma paciência, pois “estamos a dar início a um novo projeto, com uma equipa completamente nova. Dessa forma, existe um período de adaptação e de formação coletiva ao modelo de jogo que queremos incutir, algo que demora algum tempo”, frisa. Apesar deste alerta, César Dantas tem noção das dificuldades que se irão erguer ao SC Cabeçudense. O treinador fala de um “campeonato extremamente competitivo, provavelmente o mais difícil dos últimos anos, pois existem equipas com grande capacidade financeira e capazes de recrutar jogadores da 1ª e 2ª Divisão Nacional, o que ajuda a enriquecer o campeonato”. Apesar disso, mostra-se otimista pelo facto de “os reforços se estarem a revelar mais-valias”, pedindo que os sócios e adeptos “continuem a acreditar que o clube vai ultrapassar esta fase menos boa”.

Paulo Costa, presidente do SC Cabeçudense

“Não queremos criar grandes expectativas em relação a uma subida” A corrente temporada trouxe uma realidade a que o Sporting Clube Cabeçudense já não estava habituado. A equipa de Cabeçudos não evitou a descida ao campeonato distrital no final da última época, algo que, assume o presidente Paulo Costa, exigiu uma gradual adaptação do clube a um novo contexto. “No início foi complicado encarar esse facto. No entanto, tivemos de o aceitar com normalidade, até porque o clube não tem assim tantas estruturas para suportar as despesas inerentes à participação na 2ª Divisão Nacional”, louvando, ainda assim, o apoio prestado pela Câmara Municipal, Junta de Freguesia e patrocinadores. Num olhar detalhado sobre a conjuntura atual da modalidade, Paulo Costa concorda que seria benéfico reimplementar a 3ª Divisão Nacional, tendo em conta “existir uma diferença muito grande entre a competição nacional e distrital”. Obrigado a fazer uma acentuada renovação do plantel, o SC Cabeçudense não pensa no regresso imediato às provas nacionais. O responsável salienta a importância “de não criar grandes expectativas em relação a uma subida”, numa época em que o clube apenas compete no escalão de Seniores e de Iniciados, devido “à escassez de jovens com idade de Juvenis e Juniores”. Nesse sentido, “tentar estruturar o clube é a grande prioridade da equipa diretiva”. Para sustentar esta ideia, o presidente revela estar a ser construída a sede do clube – previsivelmente finalizada no próximo ano -, onde será edificado um bar, que será “mais uma fonte de receitas”. pub


MOUQUIM ASSOCIAÇÃO UNIDA

Nélson Peixoto, treinador do Mouquim AU

“Temos uma vontade enorme de disputar cada jogo” Com um plantel que sofreu uma grande remodelação, contando com apenas dois jogadores da época passada, o técnico Nélson Peixoto diz que os objetivos passam por fazer uma época estável, “sem ambicionarmos muita coisa”. “Temos muitas equipas que começaram com esse objetivo de subir, mas nós queremos é disputar todos os jogos e no fim fazermos o somatório de pontos, o que indicará a nossa classificação”, afirma, vincando que para subir de divisão é necessária uma outra estrutura. Ficar acima do meio da tabela é, para já, a vontade da equipa técnica, que sabe que terá dificuldades pela frente. “O plantel é muito curto, não podemos ter lesões, nem expulsões… mas a alma é muito grande e há um grande querer e uma vontade enorme de disputar cada lance e cada jogo”, afirma Nélson Peixoto. A indefinição que existiu na coletividade face à participação ou não no campeonato traduziu-

se em algumas dores de cabeça para o técnico. “Eu fui contratado, porque o presidente convenceu-me a aceitar este projeto e eu tinha apenas dois jogadores. Na primeira semana ainda tínhamos jogadores à experiência”, explica. Sem pagar nada a ninguém, em Mouquim, considera o treina-

dor, “o que há de bom é a capacidade de envolver as pessoas”. “Todos já perceberam isso e tem havido uma capacidade de superação incrível”, diz, considerando que os resultados positivos conseguidos até agora dão outro “alento e vontade de treinar”. Com a ausência de equipas de formação, as dificuldades do técnico multiplicam-se, porque não é possível recorrer aos juniores. “Quando há jogadores que não podem estar, por lesão ou pela vida profissional, recorre-se à formação para dar intensidade ao treino, o que não podemos fazer”, explica, deixando claro que percebe as razões do MAU em não ter essa componente, pela falta de horários e pelos constrangimentos financeiros. Aos adeptos, Nélson Peixoto deixa o compromisso do grupo “em suar a camisola e dignificar a associação e a freguesia… este clube é muito especial, porque aqui as pessoas gostam mesmo da coletividade”.

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ESPECIAL

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Marco Freitas, presidente do Mouquim Associação Unida

“Queremos ser cada vez mais competitivos” Foi praticamente em cima do arranque do campeonato que o Mouquim Associação Unida (MAU) avançou com a sua participação. “Estivemos quase fora da competição e queríamos mesmo parar um ano para estabilizar as coisas e angariar fundos, porque o clube não tem dívidas, mas queríamos ter mais força”, refere o presidente do clube, Marco Freitas, que ainda não desistiu de colocar o MAU na 2.ª Divisão Nacional. “Até dissemos aos nossos jogadores que não iríamos competir e poderiam aceitar outros convites”, recorda, vincando que não havia recursos para continuar. “Hoje, apesar da boa vontade das empresas, os apoios são inferiores ao de anos anteriores, porque compreendemos que a vida não está fácil”, refere. Marco Freitas esclarece que, mesmo não pagando a jogadores, o campeonato acaba por exigir um orçamento elevado, uma dificuldade que acredita ser transversal às outras equipas. “Custa-me não poder dar uma ajuda para o transporte, porque os atletas pagam para treinar e jogar e deixam a família para estar no clube”, refere. Com o granjear de alguns recursos, o MAU conseguiu arranjar uma equipa, composta por alguns atletas da freguesia, sendo que o objetivo passa por fazer o melhor campeonato possível, sem pensar em subir de patamar, porque “não há condições para isso”. “Queremos ser, cada vez mais, competitivos e a andar a chatear as equipas mais fortes”, aponta, considerando que os conheci-

mentos da nova equipa técnica, liderada por Nelson Peixoto, são fundamentais para atingir os objetivos do clube. Para o presidente do MAU, este será o campeonato mais difícil dos últimos anos. “É curto, com 11 equipas, em que muitas desistiram, acabando por ficar os tubarões que querem subir à 2.ª Divisão Nacional”, descreve o dirigente, garantindo que a sua equipa vai lutar em todos os pavilhões para ganhar os jogos e tentar passar à fase final, onde estarão quatro equipas. Este ano, o MAU não tem camadas jovens, porque ainda não tem conseguido obter junto da Câmara horários compatíveis com a vida dos jovens. “Sabemos que as dificuldades são imensas, porque há muitas equipas, mas não podemos ter os miúdos a treinar à noite muito tarde”, afirma Marco Freitas, que deixa agradecimentos a todos os que têm ajudado o clube, nomeadamente a Câmara e a Junta de Freguesia. pub


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