Fernando Xavier, presidente da Associação Comercial e Industrial de Famalicão
“Queremos melhor qualidade de serviços para os nossos associados” O Natal é uma ocasião em que muitas pessoas preferem o comércio tradicional para as suas compras. Este foi um setor que sofreu com a crise e que tem, na verdade, procurado reinventar-se, sem quaisquer apoios. O OPINIÃO PÚBLICA falou com o presidente da Associação Comercial e Industrial de Famalicão, Fernando Xavier, que não esconde as fragilidades do comércio, mas que prefere seguir pela via do otimismo.
Está a meio do mandato como presidente da ACIF, como tem sido este primeiro ano? O início é sempre mais complicado, não posso dizer que esteja insatisfeito, mas estou muito longe de estar satisfeito. As associações têm um papel muito importante, que é mais notório em situações de crise profunda, em que é necessário existir uma posição mais concertada dos intervenientes, ou num outro extremo em que temos muitos fundos comunitários em que há uma atividade extraordinária com a distribuição dessas verbas, através de projetos e eventos. Neste momento, houve alteração do quadro comunitário e de Governo, o que faz com que as associações vivam com grandes dificuldades em termos financeiros e incerteza em relação ao que é o futuro no que diz respeito ao enquadramento em termos de formação e de apoios a pequenas e médias empresas.
Alexandre Ribeiro WAPA1
Sofia Abreu Silva
Dos objetivos a que se propôs, quais os que já foram realizados? A nossa esperança de termos a sede no centro da cidade de Famalicão está a concretizar-se. As obras já e começaram e teremos novidades a curto prazo. O prazo de execução é de 18 meses, o que faz com que antes do final do mandato estaremos no centro. Também o nosso slogan “Compre com o coração, compre em Famalicão” tem sido muito acarinhado pelos associados, o que nos deixa satisfeitos. Curiosamente, numa ocasião em que há uma volatilidade de associados, porque algumas empresas encerram, o número de novos associados tem crescido. Este é um sinal de que, apesar de nem sempre ser visí-
vel, as pessoas valorizam o trabalho da ACIF e faz-nos acreditar que o futuro possa ser melhor. Atualmente, os fundos comunitários não chegam ao comércio? O problema é que estes fundos comunitários estão canalizados para as regiões, que no nosso país são representadas pelas autarquias. Eventualmente num ou outro projeto mais específico poderão haver verbas, mas não é essa indicação que temos. Se recuarmos a uma era da pujança comercial, tínhamos os programas Modcom e o Procom, em que havia fundos para revitalização do comércio, das micro, pequenas e médias empresas, em que eram as associações comerciais que canali-
zam esses fundos. Neste momento, com os dos nossos associados e a previsão é que cada vez mais não que possam ser uma mais-valia para as empresas. sejam as associações a fazê-lo. A ACIF tem 105 anos de história, O que traz dificuldades acrescidas… sendo um referencial de seriedade Eu acredito que a associação tem de e apresenta uma equipa de colaboaprender a viver com a quotização e radores empenhadíssimos. Querecom os serviços que possa prestar mos melhor qualidade de serviços, aos associados, pagos a um preço esse é o caminho. Não podemos simbólico. Não podemos pensar andar eternamente de mão estique o futuro traga grandes volumes cada, porque há muitas associações de verbas para formação e investi- que são subsídio-dependentes. Premento. Em todas as reuniões que ferimos ser pequenos, mas estartemos com a Confederação Comér- mos enquadrados naquilo que são cio e Serviços de Portugal é essa a as necessidades dos nossos assoinformação que tem sido veiculada. ciados. Ou há uma alteração de fundo na política nacional para os fundos Quais são as maiores dificuldades serem distribuídos ou então as as- sentidas pelos comerciantes? sociações vão passar um mau bo- Em primeiro lugar temos uma popucado. A ACIF continua a fazer uma lação envelhecida no comércio, porgestão cuidadosa e cautelosa, por- que as lojas tradição da cidade que não pode gastar o que não tem. estão com as pessoas que as fundaA ACIF vive apenas com a quotiza- ram há 50 anos. A maior dificuldade ção dos seus associados, não tem dos nossos comerciantes é não ter ajuda de ninguém, à exceção da capacidade instalada para aumencampanha de Natal, que é uma par- tar a sua oferta de serviços. Nós ceria com a Câmara de Famalicão, também não temos pessoas na ciem que há uma transferência de ver- dade de Famalicão, porque as cidades que cresceram à nossa volta bas. têm turismo e nós não. Temos tuMas nada se faz sem dinheiro. rismo empresarial, mas não temos Como está a ACIF a encarar o futuro? capacidade hoteleira instalada, o Poderemos ter mais formação indi- que está a mudar felizmente com vidualizada, porque temos essa ca- novos empreendimentos muito inpacidade instalada e já estamos a teressantes. A discussão que tenho estudar isso. Temos de fazer um en- tido, permanentemente, com a Câtendimento que seja benéfico para mara de Famalicão é que temos de todos, em que se possa, por exem- arranjar algum fator diferenciador plo, deslocalizar quadros da ACIF, para atrair pessoas para morarem onerando menos a sua carga em ter- no centro da cidade. mos de custos com pessoal ou ar»»»»»continua ranjar serviços que não colidam pub