Opinião Especial - 1340

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Bica ou cimbalino? Os portugueses adoram café! Os lisboetas chamam-lhe “bica”, os do Porto “cimbalino”, outros simplesmente “café”. Uns gostam dele curto, cheio, em chávena a escaldar ou um pouco mais para o frio. Há também quem goste dele com um pingo de leite. Independentemente do gosto, a maioria dos portugueses aprecia e, muito, o café, sobretudo tomado fora de casa. Na maioria das vezes, o café é o pretexto para um encontro. O café faz parte das nossas vidas. 80% dos portugueses consomem café diariamente. Na realidade, em média, cada português bebe 2,5 chávenas de café por dia, o que corresponde a uma média de consumo nacional de café de 4,73 quilos por pessoa e por ano. Habitualmente, os portugueses preferem consumir café em pequenas doses, o chamado café expresso, que, na maioria das vezes, não encontramos noutras partes do mundo. Há muitas pessoas que não começam a trabalhar sem antes tomarem um café, porque está comprovado que o café tem propriedades que ajudam a aumentar a nossa memória, melhorar o funcionamento do metabolismo e até pode ajudar na perda de peso, dado que quando se faz exercício, a cafeína ajuda a usar mais precocemente a gordura acumulada, pois durante a torra o café adquire substâncias antioxidantes. É claro que o café além de ser uma bebida é também um espaço social, onde nos podemos encontrar com amigos e família, até mesmo para conversar com alguém que se encontra no mesmo espaço que nós. Numa em qualquer aldeia mais distante, o mais provável é encontrar um café que é um local onde todos se conhecem. Já nas cidades, há sempre cafés de referência, que são conhecidos pela sua história e tradição. Atualmente, os cafés não são apenas espaços onde se bebe o café. Cada vez mais são locais muito agradáveis e bem cuidados, que apostam numa boa relação com o cliente. Cada vez mais os espaços onde tomámos cafés apresentam uma multiplicidade de produtos e até serviços, como almoços e lanches. De uma forma ou de outra, o que conquista a clientela são os sabores e o ambiente proporcionados pelos diferentes espaços. Aos bons produtos, deve estar associado um atendimento distinto, que marque pela eficácia e discrição.

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opiniãopública: 11 de janeiro de 2018

Cientistas dizem que a cafeína… faz bem Parece que não vale a pena continuar à procura de provas de que a cafeína faz mal. É que, segundo os cientistas, ela faz mesmo bem. Segundo o site Quartz, que cita vários estudos e cientistas, os efeitos da cafeína tem vários benefícios, que não se prendem apenas pelo aumento da energia. Isso acontece, em particular nos 45 a 60 minutos após beber uma bebida com cafeína, mas acaba por desaparecer com o passar do tempo. Ao fim de três a cinco horas, voltará a sentir-se sonolento e com necessidade de voltar a beber algo com cafeína. Além de nos dar mais energia, estas bebidas deixam-nos mais bem dispostos. E apesar de uma chávena de café levar rapidamente a outra, e a mais outra e assim sucessivamente, porque vai querer manter a energia, o distúrbio de adição em cafeína ainda não é considerado um diagnóstico pelo Manual Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria. Até porque, por norma, as pessoas não têm dificuldade em cortar nas bebidas com cafeína e acabam mesmo por se autorregular quando percebem que estão a dormir pouco porque estão a consumir demasiada cafeína, reduzem. Há cientistas que defendem que o indicado é mesmo beber entre três a quatro chávenas de café, ainda que o efeito da cafeína varie de pessoa para pessoa. Além destes efeitos a curto prazo, há também os benefícios a longo prazo. Vários estudos avançaram que as pessoas que bebem café ao longo da vida têm uma menor probabilidade de contraírem doenças degenerativas como Alzheimer, Huntington e Parkinson. Fonte: www.observador.pt

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Beber café à noite tira mesmo o sono Beber café ao final da tarde ou ao início da noite tira mesmo o sono. Em causa está o efeito da cafeína no relógio biológico de cada um, cuja principal função é provocar sono na hora de ir dormir. Segundo alguns estudos, o efeito da cafeína é semelhante ao do jet lag. Se o café for ingerido três horas antes de ir para a cama, faz com que o relógio biológico seja retardado em 40 minutos. O estudo dos cientistas da Universidade do Colorado-Boulder e o Laboratório de Biologia do Medical Research Council de Cambridge diz que o café consegue mesmo interferir com o ritmo do organismo, tendo um impacto nas células produtoras de melatonina que ficam sem conseguir provocar sono. Aliás, o café aliado à luz pode mesmo ser uma espécie de mistura fatal que ‘mata’ o sono. Após terem colocado vários participantes em diferentes cenários – uns com presença de pouca luz e ingestão de café, outros em locais apenas com muita luz e, por fim, em sítios com muita luz e ingestão de café – os envolvidos na pesquisa concluíram que a mistura destes dois fatores retarda o ritmo do organismo em 105 minutos. pub


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E como é o café perfeito?

O café português é diferente dos restantes, porque a sua torra é média e lenta. Uma chávena côncava e a temperatura da máquina entre 88 e 96 graus são os segredos da receita para tirar o “café perfeito”, revelou o barista Tiago Costa, profissional do setor. Na apresentação da 4ª. Edição do Campeonato Nacional de Baristas, Tiago Costa afirmou que a chávena é um fator crucial porque o café tem de criar um remoinho para que se crie o creme, que é um importante elemento na hora de avaliar a bebida. O café atinge a perfeição se tiver o "creme com as cores avelã/avermelhada e, por vezes, tigrada”, provenientes dos óleos contidos nos grãos de café. Tiago Costa referiu que “o creme do café ideal deve ter entre dois e três milímetros de espessura”. Um café é perfeito se estimular as cinco partes gustativas da língua e, para isso, requer um sabor redundante”, menciona o especialista. A origem do café tem uma elevada importância, visto que a zona de cultivo dos grãos faz com que o café tenha diferentes paladares. Também a água é, igualmente, um fator muito importante porque “influencia o paladar”. De acordo com o especialista Tiago Costa, “a cafeína não é solúvel e, como tal, os cafés compridos têm mais cafeína do que os cafés curtos “porque a cafeína vai juntamente com a água”. Em Portugal bebem-se 'blends' de café, o que significa uma combinação das espécies de café robusta e arábica.

Sabia que….

 O café é o produto mais transacionado a seguir ao petróleo?  A origem do cultivo do café no Brasil começou com 1727 com sementes provenientes da Guiana Francesa e trazidas de Paris por um diplomata português?  Antigamente, nas cerimónias de casamento, os noivos turcos tinham de prometer que iriam disponibilizar sempre café às suas noivas – caso contrário, isso poderia ser motivo de divórcio.  Adicionar café em pó à terra contribui para que as plantas fiquem mais verdes e saudáveis?  A planta do café demora 5 anos a atingir a maturidade e só produz entre 450 e 900 gramas de grãos por época?  A maior percentagem de café é consumido em casa?  Beethoven adorava café e separava precisamente 60 grãos para cada chávena de café que preparava?  Louis XV gastava cerca de 11 mil euros em café por ano para as suas filhas?  Tanto a Revolução Americana como a Revolução Francesa foram planeadas à mesa de um café?  Em 1785 houve uma Revolução de Café na Prússia porque o consumo de café era apenas permitido à nobreza, Igreja e altos oficiais?  A primeira publicidade ao café surgiu em formato de panfleto em 1651 e está atualmente em exibição no Museu Britânico? Fonte: http://aicc.pt/


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Factos e mitos Beber café faz mal à saúde. MITO: Beber café regularmente, três a quatro chávenas diárias deve fazer parte de uma dieta saudável e equilibrada. Não causa efeitos adversos para a maioria dos adultos saudáveis e traz benefícios terapêuticos.

desidratação ou a perdas significativas de fluidos corporais.

Café desidrata. MITO: As evidências científicas não suportam um efeito diurético significativo e afirmam que o café pode contribuir para a ingestão diária de líquidos, não levando a

Um ou dois cafés por dia é o consumo moderado aconselhado. MITO: Com exceções das grávidas e grupos específicos de doentes coronários e sensíveis à cafeína, o consumo médio indicado é de 3 a 4 chávenas diárias.

Beber café ajuda na concentração e no sentido de alerta. FACTO: Uma porção de 75mg de cafeína, a quantidade encontrada num café, aumenta a atenção e o estado de Beber café aumenta o risco de doença alerta. Os efeitos estimulantes são observacardiovascular. dos entre 15 a 45 minutos após o consumo e MITO: O consumo moderado de café não normalmente duram cerca de quatro horas. está associado a um maior risco de probleO consumo de café vicia. mas cardiovasculares (como doenças e ataMITO: A remoção de cafeína da dieta norques cardíacos, arritmia ou hipertensão). Pelo contrário, vários estudos sugerem que mal pode levar a sintomas temporários de o café pode ajudar a reduzir este tipo de pa- abstinência em algumas pessoas, como dotologia. res de cabeça, que podem ser evitados por uma redução gradual da ingestão de cafeína. Grávidas não devem beber café. MITO: A recomendação é que as mulheres Beber café ao fim do dia ou à noite pode grávidas limitem a dose diária de cafeína afetar o sono. FACTO: Muitos consumidores não têm para 200-300mg/dia, o que não significa eliminar o consumo. Desta forma, não há qual- quaisquer problemas, no entanto, pessoas quer inconveniente em ingerir até duas chá- sensíveis à cafeína sentem a estimulação venas (cerca de 80-100mg) diárias de café. suave do café consumido antes de ir para a cama, afetando o tempo necessário para Beber café aumenta o desempenho des- adormecer. portivo. FACTO: Os efeitos do consumo de café no Descafeinado é mais saudável do que desempenho desportivo estão diretamente café. MITO: O descafeinado é apenas uma opligados à cafeína (3-4mg/kg). Estudos comprovam e relacionam a ingestão de cafeína à ção para os indivíduos que possuem sensiperformance, resistência e a uma redução na bilidade à cafeína ou que sentem dificuldade a dormir. Ambos são ricos em antioxidantes. perceção de esforço.

Bolo de chocolate e café

Pudim de café

Ingredientes (12 pessoas)

Ingredientes

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4 ovos 150g de açúcar 150ml de Vaqueiro líquida 300g de farinha 15g de fermento em pó 3 colheres de cacau em pó 150ml de café 150g de nozes e amêndoas

Preparação: pré-aqueça o forno a 180°C. Bata os ovos e misture com o açúcar até ficar uma pasta cremosa. Adicione Vaqueiro líquida e misture com a farinha, o fermento e o cacau. Misture a massa com a massa dos restantes ingredientes, incluindo o café e os frutos secos. Deite a massa numa forma de bolo inglês (préuntada e polvilhada com farinha). Leve ao forno durante 45 minutos. Deixe o bolo arrefecer, cubra com o chocolate derretido e polvilhe com açúcar em pó.

200g de açúcar 5 ovos 2dl de leite 40g de café solúvel 4 folhas de gelatina

Preparação: Coloca-se as folhas de gelatina de molho em água fria. Mistura-se o açúcar com o café e em seguida as gemas até obter uma massa cremosa. Junta-se o leite a ferver em fio. Leva-se ao lume até o creme engrossar. Tira-se do lume e junta-se a gelatina, mexendo bem para dissolver. Leva-se ao frigorífico.


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Exportações de café continuam a crescer

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O café torrado não descafeinado é o campeão de vendas na Europa, graças à mudança dos hábitos de consumo dos últimos anos em todo o mundo. Assim, o café de saco perdeu terreno para o expresso, abrindo as portas para Portugal vender as suas “torras lentas e médias e blends [misturas] únicas”, explicou ao Diário de Noticias Cláudia Pimentel, secretária geral da Associação Industrial e Comercial do Café (AICC). Em 2016, as exportações de café transformado valeram 79 milhões de euros, um aumento de 26% em relação ao ano anterior. As empresas portuguesas venderam nada menos de 14 mil toneladas, um crescimento de 16%. É mais do dobro dos 28,6 milhões de euros exportados em 2008 e quase o dobro das 7,9 toneladas de café vendido no mesmo ano. “Temos ainda potencial para crescer porque há mercados que não consumiam café, como os asiáticos, que estão a aumentar o consumo. Se conquistarmos o mercado asiático, temos muito ainda para crescer”, aponta Cláudia Pimentel. Portugal não é produtor de café e que importa toda a matéria-prima de meia dúzia de países: Vietname, Brasil, Uganda, Camarões, Índia e até Espanha. Para conquistar o mercado externo, a indústria portuguesa do café lançou há um ano a marca Portuguese Coffee. O objetivo é promover o produto nacional nas feiras internacionais e também junto dos turistas que nos visitam. “O que fazemos muito bem é a torra do café: a nossa é lenta e média, ao contrário de outras que se fazem noutros países, mais rápidas e escuras. E somos muito bons nas combinações de blends que os outros não fazem", explicou a responsável da AICC. Segundo Cláudia Pimental, com a crise as marcas portuguesas tiveram de concentrar esforços na exportação. “Os produtos portugueses não eram, até há poucos anos, associados à qualidade. A mudança no gosto dos consumidores tornou mais fácil o consumo de café ex-

presso e os produtores portugueses começaram a ser apreciados”, refere. E acrescenta: “o turismo também tem ajudado a divulgar a nossa bica, porque os turistas provam-na cá e, depois, querem continuar a bebê-la nos seus países de origem”. Sem que ninguém o previsse, foram as cápsulas que fizeram a revolução do consumo em todo o mundo e acabaram por impulsionar as vendas do café português. O fenómeno das cápsulas já tem décadas, mas acabou por massificar-se, a partir de 2006, a reboque das grandes campanhas de marketing, levando os maiores consumidores de café a substituir as canecas por chávenas.

Consumo aumenta em casa e fora Espanha, Grécia e França são os principais destinos do café português. Curiosamente, cada português consome apenas 4,73 kg de café por ano, menos do que a média europeia de 6,4 kg. Os maiores consumidores estão na Finlândia (11,7 kg), Noruega (9,4 kg), Dinamarca (8,5 kg), Suécia (8,1 kg) e na Suíça (7,5 kg). Em Portugal, no ano passado, o mercado só cresceu 0,6% em volume, mas em valor subiu quase 4%. Este ano as vendas continuam a recuperar. O consumo aumentou fora de casa, sem diminuir no lar, adiantou ainda Cláudia Pimentel.


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