AD Ninense em desvantagem para a 2ª mão da Taça Entrevista a Jorge Silva, presidente do FC Famalicão
“Tentámos fazer um bom campeonato, mas foi uma época terrível” Uma época que não estava nos planos e que merece, desse modo, uma profunda reflexão. A confissão foi feita pelo presidente do Futebol Clube de Famalicão, Jorge Silva, em conversa exclusiva com o OPINIÃO SPORT, na qual falou, sem rodeios, de uma temporada algo atribulada e em que a permanência foi garantida apenas na última jornada. Grato ao técnico Dito, o líder diretivo não adiantou, porém, detalhes sobre a próxima temporada, insistindo que a formação de uma SAD parece ser uma solução inevitável. Jorge Silva prometeu ainda obras no Estádio Municipal, que o vão tornar “quase irreconhecível” e garantiu que o centro de treinos será uma realidade a breve trecho. José Clemente
OPINIÃO SPORT: O FC Famalicão terminou a II Liga na 15ª posição, um lugar que não estava planeado no início do campeonato. Qual o balanço que se pode fazer? Jorge Silva: Claro que não era este o lugar que queríamos. Iniciámos este projeto com uma ambição bastante maior, pois já temos algum conhecimento da realidade complexa da II Liga. Por isso, tentámos construir um grupo de trabalho que nos permitisse fazer um bom campeonato, mas a verdade é que as coisas foram-se complicando, de diversas formas, ao longo desta época terrível. Mas terminámos, apesar de tudo, numa posição que nos permitiu fugir aos play-offs e à descida de divisão. Mas, efetivamente, isto é um ano de reflexão profunda para percebermos todos as falhas que existiram e percebermos que esta divisão não é possível gizá-la com uma régua e um esquadro para que possamos dizer que não vamos falhar. Quero com isto dizer que, se tivermos presente a responsabilidade, não podemos, em circunstância alguma, prometer o que quer que seja em termos de comportamento e em termos de classificações nesta divisão. Ao longo da temporada, o clube teve três treinadores e quatro diretores desportivos. Já foi detetado o que falhou? Houve muitas circunstâncias que falharam, algumas delas por motivos alheios à nossa própria vontade. Quando contratámos o Rui Vieira para diretor desportivo, fizemos-lhe sentir o que era a realidade e grandeza deste clube. A verdade é que, no
dia em que foi apresentado, o Rui percebeu que teria bastante dificuldade em assumir esta responsabilidade e pediu para não fazer parte do projeto. Quando tínhamos tudo preparado, falhou-nos um elemento fundamental, mas isto é a vida. Escolhemos o Vaz Pinto, que acabou por receber um convite tremendo do ponto de vista financeiro por parte do Recreativo do Libolo. Naturalmente que não iríamos ter aqui alguém presente apenas em corpo e, porventura, com a cabeça distante. O João Tomás (ndr. sucessor de Rui Silva) tem feito um trabalho notável, apesar de estar a acabar a sua formação académica e uma preparação ao nível do treino. É uma pessoa que nós procurávamos porque entendemos ser fundamental neste processo ter pessoas perfeitamente àvontade para se movimentar com conhecimento. Tem-se revelado um homem com o qual o clube pode crescer. Os adversários apelidaram o FC Famalicão como um sério candidato à subida de divisão. No entanto, o clube nunca esteve nos lugares cimeiros. Porquê? O clube fala por si, pois tem uma massa adepta apaixonada à modalidade e ao clube que é reconhecida em todo o país. Na época anterior, estivemos muito tempo nos lugares cimeiros e, depois, naturalmente, colocámos, de forma voluntária ou involuntária, a fasquia alta. Aos nossos opositores também lhes interessou criar esses casos, porque o FC Famalicão é temido por todos. Nessa perspetiva, o facto de ser olhado como candidato resulta a favor da estratégia dos nossos adversários e, por isso, não vamos voltar a cair nesse erro. O presidente chegou, em alguns momentos da época, a ser contestado pela massa associativa. Passou-lhe ao lado ou sentiu esta contestação? Sou humano e tenho uma coisa que me liga ao FC Famalicão: o amor ao clube. Não estou preso nem agarrado ao lugar e, por isso, estou disponível para aquilo que os sócios entenderem que deva acontecer. A contestação é absolutamente legítima, mas temos de perceber o que é bom para a instituição. Entendemos que o clube tem um processo de crescimento que terá de ser gradual e consolidado, para que não aconteça este efeito iô-iô. Como pessoa, não consigo dizer que não me afeta mas não ao ponto de me desmotivar. »»»»»continua