Jornal O Ponto - Dezembro de 2003

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ABORTO

Tabu esconde mortalidade materna O debate sobre o

O aborto realizado clandestinamente e em condições precárias é uma das principais causas de mortalidade materna no país, representando 13% dos óbitos em todo o mundo, de acordo com boletim da Organização Mundial de Saúde de 2000. O ato é crime no Brasil desde 1940 segundo o Código Penal do mesmo ano. Em apenas dois casos a gestante tem o direito ao procedimento sem punição legal: quando o feto foi concebido através de violência sexual contra a mulher e quando se comprova o risco de morte para a mãe. Segundo Mônica Maia, presidente da Mulher e Saúde (Musa) e coordenadora de comunicação da Rede Feminista de Saúde, a legislatura atual é desatualizada e contraria acordos internacionais feitos pelo país. Ela diz ainda que a discussão do aborto está presa à criminalização da prática e apóia seu argumento em realidades internacionais.

aborto inseguro se insere na falta de políticas públicas para a mulher

Antes de discussão sobre a descriminalização é preciso discutir o aborto legal e a sua viabilidade. O primeiro serviço de aborto legal no país foi criado em 1989, no Hospital Jabaquara, na capital paulista. Este foi o passo inicial para a elaboração do projeto de lei 20/91, que regulamentou a realização do aborto legal na rede do Sistema Único de Saúde. Mônica Maia estima que no Brasil existam de 30 a 40 serviços de aborto legal. Em Belo Horizonte, a maior referência em aborto legal é a Maternidade Odete Valadares, apesar de o serviço ser disponibilizado em outros hospitais conveniados ao SUS (Maternidade Odilon Beheres, Santa Casa, Hospital das Clínicas e Júlia Kubitschek). Um ponto de atrito com a igreja é a percepção dos direitos humanos do feto no ventre da mãe, que a instituição defende firmemente. A Igreja não defende a propaganda e a utilização de meios contraceptivos. páginas 6 e 7

Naiade Bianchi

Inovação feminina Desde setembro deste ano, está no mercado editorial mineiro um novo conceito de publicação feminina. A revista “Mininas” mescla poesia, artes plásticas, crônicas, contos e fotografias e promete descaracterizar a imagem “coisificada” da mulher criada pela mídia. A jornalista Milena de Almeida é idealizadora e editora do projeto. Ela explica que a

meta da publicação é abrir espaço para meninas de 20 a 80 anos, se expressarem e mostrarem o universo feminino tal qual o vêem. A revista pode ser encontrada em várias livrarias, cafés e restaurantes de Belo Horizonte. Custa R$ 2 e tem um formato ideal para levar na bolsa, 10 cm X10 cm. página 9 Denise Motta

Inaugurada 1º universidade para negros

“Balança mas não cai” é ameaça no centro da capital

A Faculdade de Administração Zumbi dos Palmares, em São Paulo, é o primeiro passo para a criação da Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares. O objetivo é inserir os negros brasileiros no ensino superior que, segundo dados da instituição, representam 2% dos atuais graduandos do país. Serão oferecidas 120 vagas com habilitação em Administração Geral e Administração Fipágina 8 nanceira.

O edifício Tupis, que fica no centro da capital, está interditado há vários anos, mas ainda oferece risco aos pedestres, lojistas e motoristas que passam pela região diariamente. A gerente de fiscalização urbana, Imaculada Batista Queiroga diz que não mais possibilidades administrativas de revitalizar o prédio. Ele não pode ser demolido nem impágina 5 plodido.

Estados perdem Provão deve deixar com hegemonia de ter foco apenas no universitário de São Paulo O Estado de São Paulo abriga hoje as maiores indústrias, empresas multinacionais, veículos de comunicação e agências de publicidade. Esta situação é refletida nos altos salários pagos na capital e no crescente êxodo de pessoas que migram anualmente para a terceira maior cidade do mundo. Os outros Estados do Brasil se vêem sem ajuda dos página 3 governos.

Estudantes se reúnem em Centro Anti Cultural [ página 09 ]

No último dia dois de dezembro, o ministro da Educação Cristóvam Buarque apresentou ao Congresso Nacional o projeto para o Exame Nacional de Corpo Discente. Um dos pontos mais relevantes é o fato de que a avaliação não será focada e nem resumida aos alunos. O exame terá como indicador o Índice de Desenvolvimento do Ensino Superior página 8 (Ides).

Editorial: Maioridade dos que criticam [ página 2 ]

Times investem nas Categorias de Base [ página 10 ]


02 - Opinião - Tereza

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Editora e diagramadora: Tereza Perazza

2 OPINIÃO

O PONTO Belo Horizonte-Dezembro/2003

O desarmamento te protegerá! Viva! Sinária Ferreira 7º Período O país do estatuto se prepara, ou melhor, prepara-se mais um regulamento de lei emergencial para tapar os buracos que precisam ser preenchidos com a política do bem social. O estatuto agora em questão, que já foi aprovado pelo Senado Federal, é o do desarmamento. O desarmamento é preciso, mas será que através da formulação de uma lei, ele se fará na prática ou será mais um estatuto que não vai pegar? O que todos esperam é a solução imediata para o problema da violência, mas diante de um emaranhado que envolve a inpunidade o ceticismo persiste. O estatuto prevê a punição para o indivíduo que transitar com arma de fogo e que não tenha ligação com o setor de segurança. Será que esse estatuto vale também para o traficante de drogas? Nesse caso a bandidagem terá que devolver as armas oficiais que portam à luz do dia como se fossem autoridades, aliás, em muitos espaços são. Como eles adquirem essas armas? A violência não acabará com a promulgação de uma lei ou a criação de leis, estatutos ou qualquer outro código que proíba o porte de arma. Verdade seja dita, nesse caso teria-se que criar também um estatuto contra o roubo descarado de contas públicas como é visto diariamente nos

noticiários. Como é possível se ater à criação de mais ordens, se a mais complicada forma de violência e, talvez, a iniciação e abertura de várias outras está diretamente ligada aos dirigentes do país, e principalmente àqueles que deveriam cuidar do bem social da população. É propina para policiais deixarem sacoleiros atravessarem fronteiras, propina para apreensão de drogas, é venda judicial... Nesse caminhar, o estatuto será mais uma forma para policiais corruptos ganharem dinheiro e manchar ainda mais o nome da corporação que deveria combater todo e qualquer tipo de crime. Já existem leis suficientes para ao menos tentarmos colocar em prática. O Estatuto da Criança e do Adolescente, por exemplo, prevê vida digna com direito a educação, saúde e lazer. No entanto, meninas de 11, 12 anos, são exploradas sexualmente nas rodovias do país, só para exemplificar um caso. Criar leis emergenciais é necessário, mais necessário ainda é parar com a hipocrisia de ficar maquiando os problemas e deixando-os para resolver em um futuro que nunca chega. Não acredito que seja eficaz, e muito menos que essa medida amenizará o homicídio no Brasil, já que a desigualdade é grande, os guetos enormes e o recrutamento cada vez mais cedo de crianças ao crime organizado é a realidade.

Faça um backup no seu cérebro Denise Motta 8º Período Será que é tão difícil as pessoas serem menos tecnológicas, menos virtuais? Mas que espécie de “eletrônica do bem” é essa que cospe no ouvido um monte de gravações, milhares de números e letras totalmente desconexas? Para Neil Postman, professor do Departamento de Cultura e Comunicação da Universidade de Nova Iorque, a técnica produz a sua influência não só no campo social, mas também no psicológico. É o celular que trava, é o computador que pira, é a superabundância fazendo download, é a insônia que liga. É a máquina que engole o cartão do banco, é o terminal com fila, é o sistema padronizado que esvazia as pessoas cada vez mais... A tecnologia em excesso é brutalmente alienante. Henri Bergson, filósofo francês, dizia que a técnica, responsável por desejos e necessidades artificiais, é culturalmente problemática. Por isso, faça um backup no seu cérebro. O emprego da tecnologia atinge até o sexo, prática que, genuinamente, necessita do contato corpo a corpo. Depois do sexo virtual, agora é a má-

quina de orgasmo que faz sucesso entre as moderninhas de plantão. A notícia foi publicada no início deste mês pela revista britânica ‘’New Scientist’’. Stuart Meloy, cirurgião americano que desenvolveu o equipamento chamado de Orgasmatron, só está com dificuldades em encontrar voluntárias. Parece que pelo menos neste segmento a tecnologia não substitui o homem. Por outro lado, não foram poucos os demitidos em função da modernização. A Revolução Industrial retornou com mais força. No jornalismo já é comum a prática de enxugamento nas redações em função da tecnologia. A mente tem que acompanhar a super velocidade da luz que divulga as informações. Georg Simmel, filósofo alemão, falava que o sujeito tinha seu rumo ditado pela técnica. O pensador dizia que a técnica oferecia tudo, um tudo que era demasiado e, por esse motivo, se transformava em nada. E haja bateria para pôr no cérebro e carregar, recarregar. Até que num dado momento, (antes tarde do que nunca!) neurônios se viciam e... puff: pifam. Como escreveu Artur de Carvalho em uma de suas crônicas, a vida não tem CTRL+Z.

“Maioridade” da responsabilidade dos que criticam Rafael Werkema 5º Jornalismo

Dogmas na discussão do aborto Tereza Perazza 6º Período É tabu. Aborto é tabu. Corpo. Sexo. Mulher. Mulher é tabu. Sexualidade feminina. Isso é ainda pior. Nem existe! Hipocrisia não falar de aborto. Todos conhecem alguém que conhece alguém... É verdade, não se deve tocar no assunto. Deve-se mergulhar toda a mão até sentir nela o sangue dos 13% de mortes maternas resultantes de curetagens mal feitas em todo o mundo. No Brasil uma média de 700 mil a 1 milhão e 400 mil mulheres realizam aborto clandestino por ano. E o governo assiste da platéia. Demagogia não mudar o artigo 124 de Código Penal de 1940 que criminaliza o aborto. Quem pode paga R$ 2 mil por um aborto realizado com toda a segurança, quem não pode pagar, corre risco de morte nas mãos de curiosas ou em procedimentos caseiros. Um cabo de mamona com vinagre, uma agulha de crochê, um remédio para úlcera aplicado na vagina... E mortes. Mulheres inférteis, histerectomia, tratamento punitivo nos hospitais (“ah, fez aborto, agora fica sem anestesia...”). É imprescindível saber diferenciar o que é uma política de necessidade pública do que é uma opinião pessoal e as convicções éticas de cada um. A descriminalização, acompanhada de um eficaz e extenso planejamento familiar, é o único meio possível de reduzir as mortes

maternas por aborto clandestino no país. Náo existe apologia nesse discurso de descriminalização. Existe entendimento de que a decisão é de foro íntimo (íntimo: de cunho pessoal, no âmago da alma, essência de alguém ou alguma coisa) e intransferível. E entendimento de que atualmente o aborto é uma questão de saúde pública. E de que a Igreja que pune também pune o planejamento familiar através da camisinha e da pílula e dos métodos acessíves gratutitamente em qualquer posto de saúde. A mulher então só serve para procriar. E ai de quem tiver prazer com sexo. É um fardo. Falta pouco para o retorno de aquelas camisolas do século XVIII, com um buraco no meio. Ah... os bons e velhos tempos. A discussão dos direitos do feto é uma discussão de valores pessoais e morais. Pode ser vida, pode ser potencial de vida. Para a Maria. Para o João é outra coisa. Para a Roberta outra. A discussão sobre a possibilidade de se evitar o aborto é insustentável. Primeiro porque nenhum método contraceptivo é 100% seguro. Segundo, porque deve-se então aplicar a mesma lógica aos portadores do vírus HIV. Todos sabem do risco da camisinha estourar ou de compartilhar agulhas. Foi contaminado? Está com Aids? Então será jogado aos ratos! Sem coquetel AZT para você! Ora... chega a ser desumano, punitivo, julgador, sentenciador... Quem é o júri dessas mulheres que abortam? O Estado!? Deus!!? Você!!!!? Tem júri?

Facetas de um governo petista Bernardo Alencar 8º Período O ano de 2003 foi aguardado com muita esperança pelos brasileiros. Foi o primeiro ano do governo de Luís Inácio Lula da Silva. A expectativa era a de que ocorresse uma guinada no rumo e na maneira como se faria política. Mas isso não aconteceu. O Brasil ainda é refém de um conservadorismo, de uma forma de fazer política subalterna. Não se quer aqui dizer que nada foi feito. As reformas tributária e da previdência, a maneira como está sendo conduzida a política externa, principalmente no que se refere às negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), entre outras atitudes adotadas pelo governo mostram que há uma vontade muito grande de transformar o Brasil. Porém, o PT ficou mais realista. Mesmo que já soubesse que para administrar um país não basta alcançar o poder máximo do Executivo, a Presidência da República. Hoje o partido demonstra isto. Sabe que sem uma bancada forte no Legislativo, e para isso é necessário mais do que seus correligionários, qualquer movimento nas engrenagens da sociedade brasileira é impossível. Sabe também que sem o apoio de meios de comunicação, principalmente a Rede Globo, é impossível alcançar e obter apoio e compreensão de uma opinião pública muito influenciável.

O PT de hoje diz não ser mais intransigente, pois negocia na avenida Paulista, centro financeiro do país. Mais expulsa a senadora Heloísa Helena, e os deputados Babá, Luciana Genro e João Fontes, vozes críticas da maneira como o partido se aproxima de políticas-econômicas ditadas pelo Fundo Monetário Internacional. Com a presidência da república, com uma bancada forte na Câmara, o Partido dos Trabalhadores precisa de um apoio quase uníssono, não é mais tolerável ser crítico. Votar contra reformas necessárias ao país como fizeram a senadora e os deputados expulsos é inadmissível. Porém, ser crítico também é apoiar e contribuir. Sem crítica e sem a possibilidade da auto-crítica o governo de Lula torna-se um governo parcial. A incapacidade de ouvir e escutar contestações dentro de seu quadro partidário afasta distancia o discurso da prática. Aonde está o pacto social tão dito por Lula? Que pacto é este que pune com expulsão representantes legítimos de uma parcela da sociedade? Este foi o primeiro ano do governo Lula. Nos jornais, na mídia é possível perceber em estatísticas e informações que o país irá crescer o ano que vem. Que o desemprego irá diminuir. Notícias que mais uma vez enchem o brasileiro de esperanças que as coisas realmente mudem por aqui. Resta-nos saber se toda essa esperança não se transforme em frustração.

O assassinato do casal de namorados Felipe Caffé e Liana Friedenbach, cometido por um menor de 16 anos, em São Paulo, trouxe à tona novamente uma discussão que há muito tempo não era colocada na mídia: a maioridade penal. O arcebispo de Aparecida do Norte, Dom Aloísio Lorscheider, disse no mês passado, em protesto ao crime, que a maioridade penal deve ser de 16 anos. Ele alegou que a inimputabilidade de menores faz crescer a onda de violência, banalizando a morte e o delito. “Decisão radical”, retrucou o Ministro da Justiça, Márcio Thomaz, que explica que encarcerar menores com adultos pode fazer com que o jovem se torne muito mais perigoso. Enquanto as autoridades discutem sobre a redução da idade penal, crianças e adolescentes das periferias se armam e entram no mundo do tráfico de drogas e do crime organizado. E enquanto a mídia cria enquetes sobre um problema muito mais complexo do que as respostas “sim” ou “não”, o número de crimes cometidos por jovens aumenta assustadoramente. Segundo a Delegacia de Orientação ao Menor (DEOM), foram registradas em Belo Horizonte a passagem de 11 mil e 400 infratores pela Delegacia neste ano. Cem deles envolvidos com assassinatos ou latrocínio. E esses números, que crescem a cada ano, refletem o quadro geral do Brasil. Mas será que o número de centros de recuperação para menores está crescendo assim como os dados da DEOM? Será que os centros de recuperação existentes têm reais condições de reabilitar o jovem infrator? É preciso levar em conta hoje que a estrutura carcerária brasileira passa por uma grave crise. “O sistema penitenciário brasileiro está falido”, denunciou o secretário Nacional de Direitos Humanos, Nilmário Miranda. Reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos é simplificar um problema complexo, resultado de um processo histórico-cultural da sociedade brasileira. É esquecer que a maioria das penitenciárias e dos centros de internação de menores estão superlotados e não possuem condições de recuperar, realmente, o infrator. Generalizar o caso que ocorreu em São Paulo é colocar em uma mesma cela, menores infratores, ladrões, assassinos e estupradores. E, ao mesmo tempo em que se discute a maioridade penal, a população, aterrorizada, se esconde casas e edifícios com cercas elétricas. E, enquanto a mídia questiona se deve o não reduzir a idade penal, a sociedade se isola, com medo de se tornar a próxima enquete dos meios de comunicação.

Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento

Jornal Laboratório do curso de Comunicação Social da Faculdade de Ciências Humanas-Fumec Coordenação Editorial: Profª. Edson F. Martins (Jornalismo Impresso) e Prof. Alexandre Freire (Redação Modelo) Monitoras do Jornalismo Impresso: Patrícia Giudice, Sinária Ferreira e Tereza Perazza Monitores da Redação Modelo: Isadora Doehler e Renato Torres

Monitores da Produção Gráfica: Luíz Oswaldo Abreu e Kátia Resende Projeto Gráfico: Prof. José Augusto da Silveira Filho Tiragem desta edição: 5000 exemplares Lab. de Jornalismo Impresso: 3228-3127 e-mail: redacao@fch.fumec.br

Centro Universitário Fumec Rua Cobre, 200 - Cruzeiro BH/MG Prof. Eugênio Frederico Macedo Parizzi Presidente do Conselho Curador Profª. Divina S. Lara Vivas Reitora do Centro Universitário Fumec

Prof. Amâncio F. Caixeta Diretor Geral da FCH/Fumec Profª. Audineta Alves de Carvalho Diretora de Ensino Prof. Benjamin Alves Rabello Filho Diretor Administrativo Prof. Leovegildo P. Leal Coordenador do Curso de Comunicação Social


03 Política - Sissi

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Editora e diagramadora da página: Sinária Ferreira

POLÍTICA 3 São Paulo mantém sua hegemonia O PONTO Belo Horizonte – Dezembro/2003

O Estado concentra as principais atividades econômicas e políticas do país desde sua construção Infoarte: Sinária Ferreira

A história política e econômica de São Paulo

Patrícia Giudice 7º Período Não é recente o hegemônico crescimento do Estado de São Paulo. Desde a política do café com leite, em que o Estado alternava o poder político com Minas Gerais, os paulistas vem fazendo sua história dentro do cenário político e econômico do país. Ao longo de sua construção, São Paulo recebeu grandes corporações industriais do país e multinacionais, se transformando no centro da economia brasileira. Toda essa ascenção acabou causando o contínuo favorecimento dos governos sobre o Es-

tado de São Paulo em detrimento dos outros. Para o economista da Fundação João Pinheiro César Medeiros, o empresariado de Minas Gerais é muito apático dentro do segmento mercadológico, o que cria maiores possibilidades para o Estado de São Paulo, já que as grandes corporações são comandadas por empresários paulistas. “As principais empresas de Minas como a Usiminas está sob direção de paulista”, diz o economista. Ele diz que não se vê empresário mineiro fazer parte da comitiva do presidente Lula em encontro empresariais ou até mesmo internacionais, diferente dos empresários do Rio Grande do Sul.

Minas Gerais se tornou o estado da economia secundária, produz a matéria prima, vende para São Paulo e depois compra o produto final. Nesse ciclo de produção São Paulo concentra em seu Estado toda a mivimentação financeira e política do país. Segundo Medeiros o governo Lula está mantendo a hegemonia paulista como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no entanto com o projeto de integração e desenvolvimento regional do Ministro Ciro Gomes, a expectativa é que haja o desmembramento dessa concentração e beneficie as outras regiões. A força política do governo

Lula, os ministérios de articulações econômicas e o comando de bancos como o BNDES e a Caixa Federal são de articuladores paulistas, apesar do diretor de finanças do BNDES ser mineiro, não tem autonomia nas decisões, já que o conselho é formado por paulistas. São Paulo concentra as decisões políticas e econômicas do Brasil através da união dos diferentes setores como o tripé CUT, USP e FIESP que congrega as classes de trabalhadores, estudantes e empresários, por isso, segundo o economista César Medeiros, não só Minas Gerais, mas outros estados também, encontram dificuldade de impor suas

decisões políticas e financeiras. Até outubro deste ano, o Estado de São Paulo já havia arrecadado mais de R$ 88 bilhões, enquanto Minas Gerais, cerca de R$ 10 bilhões. Segundo Medeiros, se as estratégias sociais não estiverem acima das macroeconômicas, voltaremos a repetir o governo de Fernado Henrique Cardoso, “cresceremos em 2004, mas com queda em 2005”. Ele observa que a parte social precisa estar nas pautas de urgência para que o crescimento seja seguro. Segundo o economista “Minas é um estado pobre que se dá ao luxo de madar dinheiro para fora”.

Os paulistas ocupam importantes Ministérios: da Fazenda, Antônio Palocci, principal articulador financeiro do governo. Guido Mantega do PTSP ocupa o Ministério do Planejamento e é um dos conselheiros do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento). Ministro da Previdência, Ricardo Berzoini (PT-SP). O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP). A economia paulista só até outubro deste ano arrecadou R$ 88 bilhões. Essa hegemonia reflete diretamente nos vários segmentos, como nos meios de comunicação, em que as principais empresas publicitárias paulistas estão entre as 15 primeiras no ranking nacional. Somente no ano de 2000 cinco agências publicitárias do Estado de São Paulo faturaram juntas aproximadamente R$ 530 milhões. As raízes dessa hegemonia vem de sua formação, de acordo com o livro de Sônia Regina de Mendonça, “Ruralismo”, o momento da construção paulista se deu na produção rural que já abastecia o mercado interno. São Paulo desde então soube escolher seus aliados e parceiros para controlar o poder político e o mercado.

Projeto “Digna Idade” beneficiará mais de 2 mil idosos em Minas Rafael Werkema 5º Período Mais de 2 mil idosos de 50 instituições asilares de Minas Gerais serão beneficiados com a primeira fase do Programa “Digna Idade”, projeto que foi lançado em outubro deste ano pelo governador Aécio Neves. O projeto, criado pelo Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas) em parceria com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Esportes (Sedese), tem o objetivo de garantir que instituições que cuidam das pessoas da terceira idade tenham melhores condições de realizar seu trabalho. Segundo a Sedese, o “Digna Idade” investirá na estrutura física das instituições asilares, através de pequenas reformas e aquisição de equipamentos. Além disso, o programa vai capacitar os cuidadores de idosos e gestores de asilos, através de cursos que vão abordar temas como envelhecimento humano, necessidade nutricional e cuidados com higiene e conforto. A diretora de Programas e Projetos do Servas, Maria Albita Roberta de Lima, afirma que o “Digna Idade” vai melhorar o cotidiano dos idosos. “Ao qualificarmos o trabalho de quem atende o idoso proporcionamos uma melhora no atendimento e, conseqüentemente, uma melhora no dia-a-dia das pessoas da terceira idade nos asilos”, re-

lata. Segundo a diretora do Servas, até o final de dezembro, 407 pessoas, entre gestores de asilos e cuidadores de idosos, serão capacitadas. Além disso, será divulgado o resultado das avaliações feitas por técnicos do Servas e da Sedese sobre as condições das instituições asilares conveniadas com a primeira fase do projeto. Assim, os parceiros do “Digna Idade” vão saber quais as principais reformas a serem feitas nos asilos. A assistente social Terezinha de Fátima Ferreira Hagen avalia o projeto de forma positiva, mas faz algumas ressalvas. “Esse programa tem que estar dentro da Política Nacional do Idoso, atendendo às necessidades das pessoas das terceira idade. Hoje existem vários asilos em péssimas condições que precisam ser totalmente reformados. Isso sem contar que existem também vários cuidadores de idosos que não têm a menor condição e preparo”, denuncia a assistente social. Conclui dizendo: “Se o programa conseguir acabar ou minimizar esses problemas, com certeza ele vai ser muito bom para os idosos”. A presidente do Conselho Estadual do Idoso (CEI), Cleonice de Alencar Bahia, elogiou o “Digna Idade” e disse que é preciso que o programa seja ampliado para todas as instituições asilares de Minas através da Sedese e da Secretaria Estadual de Saúde. “É preciso

criar multiplicadores a partir dessas secretarias. Só assim é possível conseguir maior capilaridade e penetração do programa em todas as regiões de Minas. A SES e a Sedese precisam se organizar para distribuir melhor essa ação”, sugere a presidente do CEI. Maria Albita Roberta de Lima, afirma que a ampliação do “Digna Idade” só será possível se forem disponibilizados mais recursos para o projeto. Um dos asilos beneficiados é o Lar Cristo Rei, que fica no Conjunto Teixeira Dias, em Belo Horizonte. Segundo a presidente do Lar, Márcia Regina Sansão Mendes, os cursos oferecidos pelo projeto estão sendo bastante aproveitados pelos cuidadores. “Cursos que teríamos que pagar estão sendo oferecidos de graça. Os idosos só têm a ganhar com isso”, conclui Márcia Sansão. Ela conta que hoje quase todas as instituições asilares de Minas passam por dificuldade e o programa tem que ser implantado em todo o Estado. Um milhão e 200 mil reais serão gastos na primeira fase do “Digna Idade”, que é financiado pelo Governo do Estado em parceria com o Servas, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e a CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração). Os asilos avaliados na primeira fase do “Digna Idade” vão começar a ser reformados em janeiro de 2004.

O Brasil sem Pelé. A Inglaterra sem os Beatles. A Índia sem Gandhi. O Mundo sem Propaganda. Imagine o inter valo das no velas, dos programas, sem o garoto Bom Brill, o baixinho da Kaiser ou o cachorrinho Cofap? A criatividade que mo ve a economia do mundo também deixa seu dia-a-dia mais feliz. Sem a propaganda, o mundo não teria tanta graça.

Arquivo do Lar Cristo Rei

4 de dezembro - Dia Mundial da Propaganda. Lar Cristo Rei participa da primeira fase do projeto com orçamento de R$ 1 milhão 200


Economia - sissi

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Editora e diagramadora da página: Sinária Ferreira

4 ECONOMIA O bom negócio do ensino superior em Minas Gerais

O PONTO Belo Horizonte – Dezembro/2003

Arquivo: O Ponto

O crescimento de intituições privadas na capital aumentou nos últimos dois anos e vem se tornando fundamental na economia mineira

O aumento do número de instituições privadas de Ensino Superior em Minas Gerais é responsável pela intensa movimentação da economia mineira: só este ano, 18 instituições privadas (entre universidades, centros universitários e faculdades) foram instaladas no Estado, ultrapassando a casa de 200 estabelecimentos. Nem a Secretaria Estadual de Educação e nem mesmo o Ministério da Educação (MEC) têm controle de quanto as instituições privadas com fins lucrativos geram de renda para o Estado. A dificuldade de se encontrar o valor exato se dá principalmente porque as faculdades particulares com fins lucrativos pagam impostos aos municípios onde estão localizadas e à Receita Federal, ficando o Estado fora da arrecadação, de acordo com o diretor e professor da Faculdade Novos Horizontes, Alfredo Alves de Oliveira Melo. Ele afirma que a Faculdade Novos Horizontes, assim como qualquer Instituição de Ensino Superior Particular, paga hoje os impostos que incidem sobre a Receita, como a Cofins(Contribuição para Financiamento Social), o ISS (Imposto sobre Serviços) e o PIS (Programa de Integração Social). E isso sem

contar os encargos trabalhistas, lhões obtidos pelas faculdades. como a contribuição patronal No final do ano, mais de R$500 sobre os salários de professores milhões. Mas é importante rese funcionários, o FGTS, o Im- saltar novamente que isso é soposto de Renda e o IPTU. “Pa- mente uma estimativa, não exisgamos todos os impostos que te nenhum órgão ou pesquisa uma empresa privada tem que que forneça esses dados. pagar”, conta o diretor. Ele ainSegundo o diretor Alfredo da revela: “O Estado não fatura Melo, a Faculdade Novos Horinada porque as faculdades par- zontes paga 3% de COFINS, ticulares não contribuem com 1,5% de PIS e 2% de ISS. ConICMS (Imposto de Circulação siderando que esses valores são de Mercadoos mesmos parias e Servi- Diversas regiões ra todas as ouços)”. tras faculdades Com al- da capital miparticulares, guns desses neira se tornaobtém-se a dados é possíconta: por mês, vel estimar o ram grandes o Governo Fevalor mensal áreas comerderal arrecada arrecadado R$ 1 milhão e pelo Governo ciais depois da 320 mil reais Federal em instalação de fa- de COFINS e impostos paR$660 mil de gos pelas fa- culdades PIS; em Minas, culdades parcirculam ticulares de R$880 mil de Minas Gerais. E isso sem con- ISS pagos pelas faculdades aos tar ainda com a média do valor municípios onde são instaladas. que circula em impostos muniEsses números se referem cipais. É só fazer a conta: se- somente às Instituições Privagundo o Instituto Nacional de das de Ensino Superior com fins Pesquisas Educacionais Anísio lucrativos, já que existem difeTeixeira (INEP), em 2002 foram rentes categorias administratiregistrados, em Minas, cerca de vas de Ensino Superior Priva110 mil alunos matriculados em do, como instituições filantrófaculdades particulares com fins picas (é o caso PUC) e fundalucrativos. Considerando que a ções (como a Fumec). Segundo média das mensalidades das fa- o MEC, esses dois tipos de caculdades está em torno de tegoria são isentas e imunes de R$400 reais, calcula-se então um alguns impostos que incidem faturamento mensal de R$44 mi- sobre a Receita.

Estudantes movimentam economia informal e também livrarias, papelarias e publicidade

Instituições de

Ensino EnsinoSuperior Superior em Minas Gerais Total Capital Interior Pública 17 5 12 Privada 118 19 99 2003

Rafael Werkema e Thomás Bertozzi 5º e 7º Período

2000

04

Total Capital Interior Pública 17 5 12 Privada 136 24 112

Economia informal gera renda com faculdades e é meio de sobrevivência A Educação Superior movimenta também a economia informal como ambulantes, transporte, livrarias e lanchonetes.A instalação de uma faculdade é vista como um bom negócio. O aposentado Fernando “Espanhol”, que há dois anos vende sanduíches, cachorrosquentes e refrigerantes próximo a uma faculdade particular no bairro Santo Agostinho, região Central de Belo Horizonte. Ele chegou ao local pouco tempo depois da instalação da faculdade: “Eu trabalhava em uma faculdade em outro bairro, mas ela se mudou para Nova Lima. Pouco tempo depois abriram essa faculdade e eu vim vender aqui”. Ele tem licença da prefeitura para trabalhar no

local mas ainda assim há algumas restrições. “Nós não podemos vender na porta da faculdade, devemos ficar aproximadamente há 100 metros da entrada e também não podemos vender bebidas alcoólicas. Além disso, temos que contar com a colaboração da cantina porque, se eles não deixarem, nós somos expulsos da região”, comenta. Ele afirma que essas restrições existem para que a cantina da faculdade não seja prejudicada com o comércio informal. Espanhol, que vende em média 30 cachorros-quentes por dia, diz que a atividade o ajuda bastante no seu faturamento mensal: “O dinheiro que ganho aqui é um complemento na minha renda”.

A vendedora Maria das Graças também possui um carrinho em frente à mesma faculdade. Há um ano ela trabalha no local vendendo cachorros-quentes, espaguetes, salgados e refrigerantes. Mas prefere não falar sobre seu faturamento mensal, com receio de que concorrentes se instalem também próximos à faculdade. Mas ela afirmou: “Em época de férias ou recesso da faculdade, não tenho nem o trabalho de vir aqui na região. Meus clientes se resumem nos alunos que estudam na faculdade”. Outro comerciante que está faturando com a faculdade do bairro Santo Agostinho é Watson Martins. Empregado do estacionamento Super Park, ele conta que o es-

tabelecimento existe há quatro anos, mas que com a instalação da faculdade, seu faturamento aumentou entre 15% e 20%. “Hoje em dia possuímos mensalistas, sem contar aqueles que estacionam usualmente”, diz. E a economia informal não se baseia somente na alimentação. Livrarias, papelarias (especializadas em xerox) e as diversas empresas de transporte que faturam com a instalação de uma faculdade. Não só o bairro Santo Agostinho, mas diversas regiões da capital mineira se tornaram grandes áreas comerciais depois da instalação de faculdades. Como no bairro Cruzeiro (Fumec), o Caiçara (Newton Paiva), o Prado (Estácio de Sá), entre outras regiões de BH. Infoarte: Sinária Ferreira

Governo contribuiu para o crescimento “O crescimento se deve à trizes e Bases e o segundo foi a política do governo anterior de flexibilização proporcionada Fernando Henrique Cardoso pelo governo de Fernando (FHC), orientada para o au- Henrique Cardoso às instituimento no ensino superior pri- ções de Ensino Superior, desvado”, é o que constata a asses- burocratizando o processo de sora de imprensa da Secretaria credenciamento e autorização de Ensino Superior do MEC feitos pelo MEC. (SESU), Rosana Tonetti. SeAlfredo Melo acredita que, gundo ela, o há alguns aumento foi A cada dia qua- anos, o auconstatado mento se denão só em Mi- tro cursos são veu também nas, mas em criados no País. porque havia todo país. uma demanda. De acordo Ano passado Hoje em dia com o Censo totalizaram ele conclui: “Já da Educação não existe essa Superior, a ca- 14 mil 400. demanda. Ela da dia quatro está se exaucursos são rindo”. criados no país. Eles totalizaEvandro Martins, estudanvam 14 mil 400 no ano passa- te de Contabilidade do Centro do. Em cinco anos, o número Universitário Newton Paiva, de cursos de graduação pre- acha que o aumento do núsenciais cresceu 107%. No País, mero de faculdades particulahavia 6 mil e 950 cursos em res é resultado de um proble1998, e no ano ma comum passado, já so- Rede privada nos estados mavam 14 mil brasileiros: a 399. A expan- passou de 3 mil falta de vagas são ocorreu, 980 para 9 mil nas universiprincipalmendades públite, na rede pri- 147 cursos, concas. “O auvada, que pas- centrando 63,5% mento do sou de 3 mil e núºmero de 980 para 9 mil do total. faculdades foi e147 cursos e uma maneira agora concende oferecer tra 63,5% do total. oportunidades aos alunos que O diretor da Faculdade No- não tiveram uma boa base de vos Horizontes, Alfredo Melo, ensino e que não ingressaram afirma que esse crescimento se em Universidades públicas, deu a dois fatores: o primeiro onde a concorrência é maior”, foi a mudança da Lei de Dire- afirma Evandro.


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Editor e diagramador da página: Patrícia Giudice

CIDADE 5 Edifício ameaça pedestres do centro O PONTO Belo Horizonte – Dezembro/2003

Segundo laudo do Corpo de Bombeiros “Balança mas não cai” oferece risco aos transeutes Isadora Doehler

Isadora Doehler e Carolina Ximenes 6º período O edifício Tupis, mais conhecido como “balança mais não cai” foi construído no centro de Belo Horizonte, na esquina da avenida Amazonas com a rua Tupis. O edifício já está interditado há vários anos, e é visível o descaso dos donos com a manutenção e restauração da fachado e interior do prédio. Seus dezenove andares maltratados oferecem risco aos transeuntes, lojistas, moradores e motoristas que trafegam pela região. No último acidente, uma das marquises caiu e forçou a estrutura das lojas que funcionavam debaixo dele. Elas tiveram que ser interditadas e transferidas. Desde então, nada mais funciona ali. A fachada e o reboco do prédio caem aos pedaços e as telas de proteção não atendem às medidas de segurança da Secretaria de Regulação Urbana. Os proprietários das salas não tomam as devidas providêncais e acumulam multas que chegam ao valor de R$8 mil. A gerente da loja que funcionava no térreo do prédio, Magda Coelho Barbosa, diz que o edifício é todo oco por dentro. “Eles tinham tirado o elevador para diminuir o peso, mesmo assim moravam duas pessoas lá clandestinamente”, afirma. Ela informa ainda que em um dia de chuva, chegou para trabalhar e tinha caído uma marquise, a prefeitura analisou e fechou tudo. Suas mercadorias ficaram dentro da loja interditada por muito tempo. Reformas Segundo a gerente de fiscalização urbana, Imaculada Batista Queiroga, não há mais possibilidades administrativas de revitalizar o prédio. “Após a última ação, passamos a responsabilidade à Procuradoria para que as medidas judiciais fossem tomadas como penalidades. Temos um relatóri com todas as ações fiscais realizadas desde março de 1990. O principal fiscalizado é a faixada do prédio no que diz respeito à segurança dos transeuntes e até hoje nenhuma medida eficaz foi tomada por parte dos responsáveis do edifício”, informa. Em entrevista dada no mês de setembro deste ano, Imaculada Batista afirmou não ter uma avaliação de um profissional sobre a estrutura do prédio. “A última visita do fiscal de obras foi apenas para olhar a questão da recomposição da fachada, que permanece em péssimas condições, com telas de arame que não atendem às medidas de se-

gurança”, informou ela. Mas o engenheiro e professor da PucMinas, Ilídio Valentim Lobato foi o responsável pela avaliação apresentada pelo proprietário Luís Ferreira dos Santos Neto ao Corpo de Bombeiros. Ilídio alerta sobre os riscos da chuva e possíveis infiltrações na estrutura do edifício. O Edifício Tupis não possui condições relativas à área de segurança, principalmente de prevenção de incêndio e pânico e portanto não pode ser habitado. O capitão Anderson de Almeida afirma que o edifício não foi concluído, que o sistema de segurança de incêndio nem chegou a ser instalado. “Fizemos vistoria em abril de 2002. Foi constatado que toda a marquise que fica em volta do prédio estava caindo e deveria ser demolida. Ele não tem condições para habitação”, disse Sem o interesse na sua reestruturação e impedido de ser implodido ou demolido por dividir parede com outro prédio em funcionamento, o “balança mas não cai” permanece abandonado e como símbolo histórico e contemporâneo da capital. Apesar das condições do prédio, vendedores da loja ao lado do edifício dizem que dois homens moram no prédio, mas não foram encontrados. Em maio do ano passado aconteceu uma audiência pública para discutir o prédio e os procedimentos relativos à reforma com a presença do presidente da comissão de administração, Corpo de Bombeiros e membros da fiscalização regional Centro-Sul, mas nada de concreto foi resolvido. Este ano, outra reunião deu prazo para recomposição da fachada, mas o prazo foi prorrogado e até hoje nada mudou no edifício. Visão romântica O poeta mineiro Olegário alfredo é formado em letras pela Puc-Minas, mas é na poesia que ele reflete suas idéias. Depois de muita observação, Olegário escreveu em cordel o edifício Balança mas não cai. A poesia de cordel é originada do Nordeste do Brasil e pode ser considerado a partir do tripé: poesia narrativa, popular e impressa. A publicação “Balança mas não cai e Pirulito da Praça 7” é veiculada a preços populares e busca resgatar o valor histórico e cultural do prédio Tupis na capital. Para ele, o prédio já faz parte do lendário urbano do povo belohorizontino. “Deve haver uma recuperação do Tupis no sentido de criar um Centro Cultural. O Balança mas não cai é referência turística e não pode ser deixado de lado, como se não existisse”, acredita o poeta Olegário Alfredo.

Belo Horizonte convive com mais descasos A avenida Antônio Carlos é a principal via de acesso ao aeroporto e ao conjunto arquitetônico da Pampulha, mas vive duas realidades distintas. Do viaduto do bairro São Francisco até a região da Lagoa, ela é arborizada, com canteiros bem cuidados e pista exclusiva para ônibus. Do outro lado, em direção ao centro da cidade, sofre com o estreitamento da pista, sujeira em calçadas e pichações. Alguns dos principais problemas que a avenida apresenta em seus trechos mais críticos são a violência e o abandono. O aposentado Jesus André, 72 anos, é morador do conjunto IAPI (Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários) há mais de 20 anos e acredita que a situação atual da avenida acaba se espalhando pelo seu entorno, prejudicando moradores e comerciantes. “No conjunto, é possível perceber isso claramente. Os prédios estão todos pichados. É uma praga”, lamenta. A grande quantidade de lojas e prédios abandonados no bairro Lagoinha confirma a crítica do aposentado. Em alguns locais, é possível encontrar até quatro estabelecimentos vizinhos fechados. Eles estão no trecho que mais sofre degradação, do Viaduto São Francisco em direção ao centro. Para a cabelereira Maria Aparecida Machado, de 30 anos, moradora do bairro São Cristóvão, outro grande problema é a segurança. “A iluminação é ruim e isso ajuda os marginais. Muitas senhoras de idade são roubadas quando vão atravessar de um lado para o outro da avenida, pela passarela perto do conjunto IAPI”, reclama. As promessas de revitalização e duplicação do trecho entre o viaduto São Francisco e o bairro Lagoinha, região Nordeste da capital, ainda estão longe de sair do papel. Segundo informações do secretário de Política Urbana da prefeitura de Belo Horizonte, Murilo Valadares, publicadas no jornal Estado de Minas do mês de novembro, o custo total da obra é estimado em R$120 milhões. Metade deste valor deve ser gasto na desapropriação de imóveis ao longo da avenida, mas ainda não há dinheiro suficiente para financiar a duplicação. Dos R$210 milhões liberados pela Infraero para reformas no aeroporto da Pampulha, uma parcela promete ser para reforma na via.

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Editora e diagramadora d

6 ESPECIAL

O PO Belo Horizonte –

Tereza Perazza 6º Período Permeada por hipocrisia, e resumida dentro de um contexto religioso, a discussão do aborto ganha, na sociedade brasileira, pouco espaço de esclarecimento. O debate evitado, pode até parar. Enquanto a sociedade se depara com uma realidade brutal: o aborto realizado clandestinamente e em condições precárias é uma das principais causas de mortalidade materna no país, representando 13% dos óbitos maternos em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde de 2000. A percepção da questão do aborto clandestino como um problema de saúde pública foi evidenciada na Conferência Internacional de População e Desenvolvimento das Nações Unidas no Cairo, no ano de 1994. O encontro prevê, em seu Programa de Ação, aos governos dos países assinantes (dentre eles o Brasil), “considerar os efeitos do aborto inseguro sobre a saúde como um problema crucial de saúde pública”. A discussão que se abre, então, é como o Estado deve intervir na questão dos abortos inseguros, um alarmante número de 20 milhões ao ano em todo o mundo (OMS, 2000). O debate sobre o aborto inseguro se insere na falta de políticas públicas para a mulher. É inegável a importância da educação sexual na prevenção do aborto. Estatísticas de 2001 da ONU, no seu boletim de Fundo para a População, estimam que, cada U$1 milhão cortado em políticas sobre métodos contraceptivos resulta em 360 mil gravidezes indesejadas, 150 mil abortos induzidos e 800 mortes maternas. “Nós temos um dos melhores programas do mundo de atendimento à saúde da mulher, e não é aplicado devidamente”, questiona Hercília Levy, presidente do Movimento Popular de Mulheres. Levy se refere ao programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Paism), existente desde 1985 no papel e fora da realidade das brasileiras até hoje. Ela defende o acesso popular aos métodos anticoncepcionais para evitar as práticas clandestinas de aborto. “Se houvesse um bom serviço de planejamento familiar, educação sexual bem feita, tudo isso evitaria um número enorme de abortos”. O aborto é crime no Brasil desde 1940, baseada no Código Penal de mesmo ano. Em apenas dois casos a gestante tem o direito ao procedimento sem punição legal: quando o feto foi concebido através de violência sexual à mulher e quando se comprova risco de morte à mãe. Para Mônica Maia, presidente da Mulher e Saúde (Musa) e coordenadora de comunicação da Rede Feminista de Saúde, a legislatura atual é caduca e contraria acordos internacionais feitos pelo país. Segundo ela, a discussão do aborto está presa à criminalização feita pelo Estado e à culpabilização da igreja. Maia defende a descriminalização do aborto e apóia seu argumento em realidades internacionais. “A experiência dos países que legalizaram é exatamente o contrário dessa que se tem um boom de abortamentos. A hora que descriminaliza num contexto de garantia de acesso a todos os meios de contracepção tem uma queda no número de abortos”, diz. Maia acha que as visões pessoais sobre a interrupção da gravidez não deveriam interferir no interesse público. “Aborto é uma decisão de foro íntimo. A gente não é a favor nem contra, não fazemos apologia. Queremos é descriminalizar”. A Rede Feminista de Saúde estima que são realizados, anualmente, entre 700 mil e 1,4 milhão de abortamentos clandestinos no país. Esse dado foi retirado do número de atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) por curetagens pósaborto, aplicando fator de corre-

ção por abortos espontâneos (0,84%) e abortos clandestinos que não chegaram a ser registrados no SUS (5%). Maia afirma que o debate sobre o direito ao aborto se insere na discussão dos direitos reprodutivos da mulher. Porém, ela não visualiza um espaço digno para se manter esse diálogo no país. “O que a gente avalia em termos de contexto internacional repercutindo no Brasil é um recrudescimento de discursos fundamentalistas e religiosos”, afirma, fazendo referência à política de abstinência implantada pelo presidente George W. Bush nos Estados Unidos. O conservadorismo do presidente estadunindese põe em risco a legislação permissiva ao aborto, que existe no país desde 1973. Bush chegou a impedir que o país assinasse, em 2002, tratatado da ONU, na Conferência pela Infância, para implantar políticas de educação sexual nas escolas. Ele bloqueou os fundos das organizações internacionais que os EUA ajudavam porque estas implantam planejamento familiar e incluem o aborto na sua pauta de trabalho. As opiniões sobre o aborto envolvem crenças religiosas e filosóficas que emperram um debate democrático e racional sobre o assunto. Em 1994 o ex-pastor presbiteriano Paul Jennings Hill matou, com 12 tiros, o médico John Bayard Britton, nos Estados Unidos, que realizava abortos. Hill recebeu pena de morte e foi executado no dia 3 de setembro deste ano. “É uma perspectiva de direito à vida até distorcida”, afirma Maia. Este não foi o único caso de ataque contra clínicas de aborto nos Estados Unidos. Em março de 1993 o médico David Gunn foi assassinado por Michael Griffin (que está cumprindo prisão perpétua) em frente ao seu consultório. Aborto no SUS O primeiro serviço de aborto legal no país foi criado em 1989, no Hospital Jabaquara, na capital paulista. Este foi o passo inicial para a elaboração do projeto de lei 20/91, que regulamentou a realização do aborto legal na rede do Sistema Único de Saúde, em meio a debates teológicos. Na época, dom Lucas Neves, então presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), chegou a pedir uma “postura mais católica” dos senadores quando fossem votar o projeto. Dom Célio de Oliveira Goulart, presidente da Regional 2 da CNBB, defende a atitude de dom Lucas Neves, afirmando que uma postura contra ou a favor minimizaria o debate. “Não dá para você falar de maneira generalizada. O dom Lucas quis fechar a discussão. A posição dele foi de particularizar situações, nesse sentido”, afirma. Apesar de aprovado pelas Comissões de Constituição e Justiça e de Seguridade Social e Família, o projeto ainda não foi votado pelo plenário da casa, a pedido do então deputado Aécio Neves (PSDB), alegando falta de quórum. A prática do aborto já previsto em lei só foi regularizada no SUS pela norma técnica de José Serra, assinada em 1998 prevendo atendimento à mulher vítima de violência sexual. Dentre estes atendimentos, condições para a realização do aborto, que pode ser feito mediante três laudos médicos e apresentação de boletim de ocorrência. Mônica Maia estima que no Brasil existam de 30 a 40 serviços de aborto legal. “Num país com mais de cinco mil municípios”, contesta. Em Belo Horizonte a maior referência em aborto legal é a Maternidade Odete Valadares, apesar do serviço ser disponibilizado em outros hospitais conveniados ao SUS (Maternidade Odilon Beheres, Santa Casa, Hospital das Clínicas e Júlia Kubitschek). Segundo Maia, faltam informações dos direitos que a mulher que foi violentada

O CÁL

ABO Cada U$ 1 milhão cortado de gravidezes indesejadas, 150 m

possui no atendimento emergencial, dentre eles o anticoncepcional de emergência. Outro ponto a ser trabalhado é a sensibilização do profissional de saúde. Hercícilia Levy alerta para a necessidade de fornecer um atendimento diferenciado à mulher vítima de estupro, para facilitar o procedimento. A organização fez, há dois anos, uma campanha levando a discussão do aborto aos órgãos de saúde, na tentativa de sensibilizar os profissionais para o atendimento da mulher que chega ao ambulatório com conseqüências de uma curetagem mal feita. “Existem casos de muitas mulheres serem ‘castigadas’ em sistemas de saúde por terem realizado o aborto”, como, denuncia, a realização de procedimentos sem anestesia e demora no atendimento. José Maurício Roseas, ginecologista e diretor da Maternidade Odete Valadares, estima que o hospital realize mensalmente apenas dois abortos legais. Apesar da normatização dos procedimentos abortivos legais no hospital, o índice de curetagens provocadas (ilegais) se mantém o mesmo ao período em que o aborto legal não era praticado pelo SUS, revelando que a procura por abortos não reside, em sua maioria, nos casos de violência sexual. “O número que a gente tem atendido de curetagem por aborto provocado continua”, uma média de seis por semana. Para ele, é necessário conscien-

tizar e educar as mulheres sobre a gravidez e métodos contraceptivos. Nessa equação, Roseas acha que se deve dar destaque às jovens menores de 18 anos, que respondem por 25% dos partos do hospital. No procedimento de aborto legal a mulher é atendida por profissionais capacitados, enfermeiras e acompanhada por psicólogos. “Ela fica no hospital o tempo necessário para que se possa ter garantia que não vai dar problema nenhum”, como sangramentos e infecções. Outra medida que o Estado deve tomar para diminuir os óbitos por aborto inseguros, segundo ele, é punir as clínicas clandestinas e quem realiza o aborto. Roseas concorda que a igreja interfere muito na discussão. “Esse aborto legal é muito sensibilizado por várias igrejas. O espírito religioso impede que haja algumas modificações em aceitar o aborto por lei”. Para ele, o aborto legal é um direito da mulher e em nenhum momento se pode negar isso. O ginecologista é contrário ao aborto não previsto em lei e à descriminalização. Segundo ele, o que se deve fazer é evitar a gravidez indesejada. Ele chega a pregar a abstinência sexual, já que nem todos os métodos contraceptivos são 100%. “Se a chance de ovular é durante três dias no mês, se você quer ter segurança, você deve evitar até ter relação nesse período”, afirma. A deputada estadual Jô Moraes (PC do B) revela-se revoltada com o


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da página: Sinária Ferreira

ESPECIAL 7

ONTO – Dezembro/2003

LICE DO

ORTO métodos contraceptivos, resulta em 360 mil mil abortos induzidos e 800 mortes maternas

pensamento de José Maurício Róseas. “É muito estranho que um profissional da área de saúde chegue a formular um pensamento deste, impregnado de conservadorismo, tentando penalizar a mulher em coisas de que ela não é responsável. O corpo da mulher, incluindo aí a dinâmica da sua ovulação, sofre impactos de fatores emocionais”, argumenta. Direito Para Sergimar Miranda, presidente da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia de Minas Gerais, o problema é bem claro. “A descriminalização geral do aborto é uma luta . É um direito que a mulher tem, mas não encontra respaldo na legislação para fazêlo”, condena. As conseqüências físicas de um aborto provocado vão de perfurações uterinas, infecções (infecção generalizada, podendo causar morte), embolia e até a necessidade de uma histerectomia (retirada do útero). Em outros casos pode levar a mulher à infertilidade. Miranda é incisivo ao afirmar que a população está infantilizada. “Essa briga é filosófica, religiosa, teológica. Vamos demorar muito a conseguir a legalização do aborto frente aos valores brasileiros. Essa medida está de encontro com o amadurecimento da sociedade”. Ele concorda com Mônica Maia que a escolha pelo aborto não é algo tranqüilo e simples para a mulher, indo contra a ideologia de que, uma vez le-

galizado, o aborto será uma prática rotineira. “Ninguém faz o aborto porque quer. A opção ou não de fazer um aborto é um momento difícil, que gera muito conflito, e a mulher vai carregar isso para o resto da vida”. Miranda diz que o ginecologista deve informar a paciente sobre as suas opções, já que independente da legalidade, a prática do aborto é real entre as mulheres com gravidez indesejada. “O que todo ginecologista deve fazer nessa situação é ouvir a paciente e mostrar os prós e os contras da decisão dela. Essa é uma decisão de foro íntimo e aí o papel do médico é um papel de fornecer as informações. E aí a decisão é exclusivamente da mulher”. Sergimar Miranda não visualiza a medida da descriminalização de modo isolado e confia que será fornecida uma base de apoio à mulher que decida pelo aborto. “A decisão é tomada dentro desse processo. Isso, sem dúvida, vai caminhar”. Atualmente a sociedade assiste no Congresso a tramitação de um projeto de lei que expanda a permissão do aborto legal aos casos de anomalias fetais incompatíveis com a vida. Esta resposta pode demorar um pouco mais, já que todos os projetos tramitando no Congresso ampliando o leque de situações que permitem o aborto foram anexados ao Projeto de Lei 1135/1991, de autoria do exdeputado Eduardo Jorge (PT-

SP). O texto prevê suprir o artigo 124 do Código Penal, que cita: “Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: pena - detenção, de um a três anos”. Apesar de perceber a questão como um problema de saúde pública, Miranda afirma não saber a dimensão do problema. “Qualquer dado sobre o aborto no Brasil é passível de crítica. Mesmo o caso de mortalidade materna é subestimado. Nós estaríamos fazendo um exercício de futurologia sem nenhuma precisão”, contesta. A Secretaria Estadual de Saúde afirma que a taxa de mortalidade materna por conseqüências de abortos gira em torno de 10% em Minas Gerais, dado que se mantêm nessa constante desde 2000. Inseridos aí os abortos espontâneos, clandestinos e legais. “Mas a gente também tem de pensar na questão da sub-notificação e sub-registro, ainda nessa questão da ilegalidade. A gente não conhece a real situação de óbito materno por aborto”, afirma Ilca Weneck de Castro, referência do Comitê Estadual de Mortalidade Materna. Castro é a favor de medidas educativas para combater os óbitos por abortos clandestinos, apesar de concordar que eles não funcionam em caráter emergencial. “Essas ações educativas podem não ter um efeito imediato, mas com certeza impactam”. O comitê trabalha educação sexual em 15 filiais regionais e 80 mu-

nicipais, faltando ainda suprir 50% das regionais do Estado. A deputada Jô Moraes (PC do B) também resume o impasse no que considera ser a raiz do problema: “Em primeiro lugar a sociedade tem de romper com a sua hipocrisia no caso do aborto”, dispara. Essa relação de fingimento é levada adiante porque existe uma disparidade em relação ao abortamento clandestino. As mulheres mais atingidas pelas conseqüências físicas do aborto são de classe baixa: utilizando chás, agulhas de tricôs, quedas, enquanto as clínicas fornecem um bom atendimento às mulheres de classes média e alta. A intromissão judiciária no debate também é uma questão que é vista como violação dos direitos de autonomia da mulher. Ela dispõe nesse pensamento preconceituoso, percebendo a mulher como um ser procriatório, os limites para o debate sobre o aborto. “O Brasil tem uma tradição de tratar o problema do aborto e de outros aspectos da sexualidade da mulher como um problema da interferência do poder público nele para coibí-lo ou normatizá-lo”, dispara Moraes. Assim como Mônica Maia, Moraes acha que o julgamento pessoal não deve desviar o debate sobre o interesse e a necessidade pública da descriminalização do aborto. “Não podemos misturar uma política pública de apoio ao fenômeno que é com uma política que vai fazer proselitismo da escolha ao aborto como método contraceptivo”, contesta, se mostrando favorável à descriminalização. Para a deputada, as mulheres devem ter informações suficientes para terem consciência da sua escolha, seja qual for. Humberto Vieira, presidente da Associação Nacional PróVida e Pró-Familia, é conservador ao responsabiliza a mulher pela gravidez indesejada, chegando a propor a abstinência sexual. Para ele, existe uma teoria conspiratória em promover a descriminalização do aborto no Brasil, chegando ao extremo de contestar a sua relevância no quadro de mortalidade materna. “Colocar o aborto como questão de saúde pública interessa aos grupos internacionais e aos grupos nacionais financiados, por esses grupos, para forçar a legalização do aborto no Brasil”. A visão religiosa é predominante na fala de Vieira a ponto de ele não conseguir perceber na mulher que opta pelo aborto consciência de sua escolha. “Ela também é vítima. É vítima da pressão social, da propaganda pelo aborto e é vítima de situações evidentemente emocionais”. Vieira afirma que é necessário fornecer educação às mulheres, mas condiciona essa educação às políticas dogmáticas que defende. O argumento é explicitado quando é citado o caso de Paulina Ramirez. A garota aos 13 anos, foi estuprada em sua casa, no Estado de Baja Califórnia, no México, em 1999. Com a liminar em mãos permitindo o aborto, a garota e a mãe foram ao Hospital General de Mexicali, onde o chefe de obstetrícia se negou a realizar o procedimento. Procuraram então o procurador de Justiça do Estado, Juan Manuel Pimentel, que levou a garota para receber conselhos de um sacerdote. “Acho que está certo, tem que levar ao padre, pastor, qualquer outro. Para informá-la sobre o que é o aborto”, afirma Vieira. Em outra tentativa para realizar a interrupção da gravidez, a mãe da garota foi informada que sua filha poderia ter uma hemorragia ou ficar estéril, decorrência improvável na realização de um aborto feito por profissionais de saúde. Paulina levou a gravidez adiante e espera resposta da Comissão Internacional de Direitos Humanos para entrar com uma ação contra o governo mexicano. Yula Franco Porto, coordenadora de Saúde da Mulher na Secretaria Municipal de Saúde,

acredita que o quadro atual poderia ser evitado com políticas mais rígidas de controle de contracepção. “Hoje o aborto ainda é um problema de saúde pública e é sempre uma das causas importantes dentro da morte materna. Agora, quanto mais a mulher tiver acesso aos seus direitos de saúde reprodutiva, porque isso é um direito, melhor”, afirma. André Roquete, médico legista e professor de Medicina Legal, não acha que o momento atual é propício para a descriminalização. “Eu acho que antes de descriminalizar o aborto a gente tem de ter um planejamento familiar”. Segundo ele, a igreja, por possuir uma comunidade grande em mãos, deveria trabalhar a política educacional de modo mais concreto e menos hipócrita. “Precisa caminhar um pouco mais porque eles são um pouco demagogos na medida em quem o rico tem acesso e o pobre não tem. Talvez a igreja deveria olhar mais os pobres do que os ricos”. Igreja Um ponto de atrito com a igreja é a percepção dos direitos humanos do feto no ventre da mãe, o qual a instituição defende. Para Maia, o direito do nascido (mulher) não pode ser maior do que o direito do nãonascido (feto). “O feto não é vida, ele é potencial de vida”, argumenta. Hercília Levy, acredita que a igreja impede a discussão e alimenta o tabu. “Embora o Brasil seja Estado laico, a igreja tem uma interferência poderosa e a igreja é contra o aborto”. Para ela, esse “tabu” só piora o quadro atual, já que priva a sociedade de informações fundamentais para a escolha. “As pessoas fazem o aborto: não discutem”. Para dom Célio de Oliveira Goulart, presidente da Regional 2 da Conferência Nacional dos Bispos (CNBB), a igreja oferece caminhos de discussão, não limitando o debate. “A igreja oferece pontos que iluminam. O próprio papa quer que a igreja dê respostas muito concretas sobre isso”. Contrária à prática do aborto e também com uma política que impede a utilização completa dos meios para planejamento familiar, a igreja não deixa muitas opções às mulheres com uma gravidez indesejada. A instituição não defende a propaganda e a utilização de meios contraceptivos. “Ela deseduca a pessoa no sentido de sua formação ética e moral”, afirma. Para a igreja, o Estado deveria intervir na questão dos óbitos causados por aborto inseguro fornecendo educação. “A igreja faz a proposta que se faça um trabalho através dos meios próprios, que o Estado tem, para conscientização do valor da vida. A vida da própria mulher e a vida também daqueles que poderão nascer”, afirma dom Goulart. Ele concorda que apesar de trabalharem com uma política restritiva, nem sempre a instituição conscientiza sobre essas restrições. “Nós perdemos a oportunidade para isso também. Tantas pessoas nas mãos e a gente não reflete com seriedade sobre isso”, confirma. “Talvez a postura que nós temos hoje pode ser mudada”. Diz também que “na medida em que se conversa talvez vai ter outras respostas no futuro também. A igreja oferece este espaço ao diálogo”, afirma. A comunicação interna dos membros da CNBB ainda não lançou memorando sobre a “política do diálogo” a dom Serafim Fernandes de Araújo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte. Quando procurado para falar sobre o aborto, se mostrou perturbado afirmando que “nós [a imprensa] tratamos o assunto de modo leviano”. Dom Serafim rejeitou uma entrevista pessoal, disse que poderia responder aos questionamentos através de e-mail, onde “minhas respostas serão publicadas do jeito que eu enviar”.

Artistas abordam o tema As ilustrações destas páginas que aborda um assunto complexo e delicado, são reflexões ou simplesmente retratações do sentimento de mulheres artistas que procuram expor o tema em seus trabalhos artísticos. Frida Kahlo, artista mexicana (1907 – 1954) pintou sua obra de título “O hospital Henri Ford ou A cama voadora” , 1932, retratando a perda de seu bebê após três meses e meio de gestação. A imagem central da página trata-se de “Moisés ou O Núcleo da Criação”, 1945, em que Frida foi premiada no Palacio de Bellas Artes. A inspiração para esta obra foi o livro de Sigmund Freud, “Moisés, o Homem e a Religião Monoteísta”. Os artistas retraram entre suas impressões do mundo, o cotidiano com suas alegrias e tristezas, tiveram uma sensibilidade para tratar da realidade. Edvard Munch (1863 – 1944), representado por sua obra “Madona”, que traz traz em sua moldura os espermatozóides sob um movimento contínuo, revela em seus trabalhos um olhar especial para a doença e a morte, retratada em seus trabalhos pelas cores primárias, de maior poder expressivo. A obra de Munch é compreendida nos termos literários, em que tentou de forma infatigável pintar uma obra que incluísse todos os aspectos da existência humana. Munch buscou em Shakespeare, Herman Melville, Gustave Flaubert e James Joyce. Outra grande contribuição de arte é da artista Georgia O’Keeffe (1887 - 1986), ficou conhecida por suas pinturas de céu claro, flores e areias do deserto mexicano. Keeffe diz certa vez que, seus trabalhos retratando flores não tem uma relação com órgãos sexuais como enxergam os apreciadores de suas obras. Exatamente pela referência à sexualidade, em sua obra “Special 21”, carregada de vermelho, amarelo, laranjado, remete a idéia de um óvulo em fecudação. A arte nos seus mais variados estilos mostram o que o artista enxerga sobre determinado tema, seja ele qual for. Desde o romantismo com o prenúncio da Arte Moderna, as múltiplas manifestações da arte nos últimos séculos, o artista procurou expor, exprimir sua visão do mundo. Sinária Ferreira


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Educação - Tereza

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8 EDUCAÇÃO Ministério dá nova cara ao Provão

O PONTO Belo Horizonte – Dezembro/2003

Termos do

Exame Exame Aprovadas • Escolha de alguns alunos para realizarem a prova; • Exame de 3 em 3 anos, no começo e no final do curso; • Mais força na responsabilidade social da faculdade e no corpo doscente.

Reprovadas • Obrigatoriedade de todos os alunos para realizarem a prova; • Exame anual; • Conceitos A, B e C.

Equipe de Cristovam Buarque reformula o Exame Nacional de Cursos enfatizando o corpo docente e tirando peso dos alunos Tereza Perazza 6º Período O Exame Nacional de Cursos, popularmente conhecido como Provão, recebeu modificações no sistema de avaliação, que começam a vigorar a partir do ano que vem. O ministro da Educação, Cristovam Buarque, apresentou no dia 2 de dezembro ao Congresso Nacional o projeto para o Exame Nacional de Corpo Discente. Um dos pontos mais relevantes é o fato de que a avaliação não será focada e nem resumida aos alunos. O exame terá como indicador o Índice de Desenvolvimento do Ensino Superior (Ides). O Ides se resumirá a quatro tipos de avaliação: avaliação de aprendizagem do corpo discente, avaliação do corpo docente, capacidade institucional e responsabilidade social. Formato A avaliação será dividida em três anos. No primeiro ano, 2004, serão avaliados os cursos de Saúde, Ciências Biológicas e Educação. Em 2005 serão Engenharia, Ciências Exatas e Agrônomas. Ciências Humanas (exceto Educação), Letras, Lingüística, Ciências Sociais Aplicadas, Lingüística e Artes serão avaliados em 2006. Caso o resultado seja negativo, a faculdade assinará termo de com-

promisso para que no período de três anos reformule o curso dentro dos padrões do MEC. Os alunos do curso serão examinados em duas provas, uma no primeiro ano do curso e outra no último ano do curso. Tendo a possibilidade de o mesmo aluno ser examinado duas vezes (no começo e no final do seu curso) ou nunca ser examinado, já que o exame é de três em três anos. As provas terão 70% das questões relacionadas com o curso e 30% demandando conhecimentos extracurriculares. O exame também será feito por amostragem, sendo convocados pelo ministério somente alguns alunos para as provas. Estudantes que não forem convocados podem ainda assim realizar a prova. O corpo docente será avaliado pelo número de professores com mestrado e doutorado e seus respectivos currículos. O exame também levará em conta o terreno físico da faculdade, biblioteca e acervo, campus, laboratórios, entre outros. Outro critério que ganha força nesta versão do Provão é a responsabilidade social. Apesar de existir desde a criação do Exame Nacional de Cursos, pelo então ministro da pasta Paulo Renato, em 1997, o item não tinha o peso que tem agora. As faculdades serão avaliadas pelos seus

trabalhos sociais, como a reserva de cotas para negros. Também ganham pontos aquelas que inserem os alunos em trabalhos de cunho voluntário, com o propósito de elevar o nível de vida de outras comunidades. Exemplificando, uma faculdade de Agronomia será bem avaliada caso possua um programa de treinamento para agricultores assentados em movimentos de reforma agrária ou um curso de Odontologia que atenda crianças moradoras de favela. Viabilidade Para Cecílio Pinto, membro da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), o mérito maior dos novos critérios para a avaliação dos faculdades e não ser focada somente no modelo antigo do Provão, “onde os acadêmicos das instituições eram mal avaliados e a nota recaía sobre a instituição”. Segundo ele, isto gerava um disparate visível: cursos que tinham a nota máxima quando reconhecidos pelo MEC recebiam conceitos D e E no Exame Nacional de Cursos. Cecílio Pinto, que também é professor no Instituto de Educação Bom Jesus de Cuiabá, acredita que as novas regras da avaliação podem acabar com o “balcão de negócios” que viraram as notas do Provão. “Re-

cebemos inúmeras ligações de profissionais ligados ao MEC se oferecendo para nos ‘auxiliarem’ no Provão”, denuncia. Edson Franco, presidente da ABMES e reitor da Universidade da Amazônia (Unama), a iniciativa, por mais que seja bem vinda, tem que limitar rigosamente os critérios de cada item avaliado. “Gosto da proposta do MEC sobre o novo sistema de avaliação das Instituições de Ensino Superior. É mais completo, ainda que mais complexo. Avaliar somente pelo Provão não é a melhor forma”, afirma. Franco deposita confiança na avaliação trianual proposta como uma forma de evitar o boicote dos acadêmicos. “A idéia é de um Provão de ingresso e outro de saída. Aí talvez o MEC consiga mexer na cabeça dos estudantes”, afirma. Resultado Em 2003, o Provão reprovou mais de 70% dos cursos, que receberam conceitos D e E (entre 0 e 40). Não houve instituição que recebeu conceito A (de 80 a 100), e somente 1,5% dos cursos ganhou conceito B (60 a 80). Foram quase 6 mil cursos avaliados divididos em 26 áreas, 11 das quais tiveram pelo menos um curso com nota 0 e somente 2 com média superior a 50.

Arquivo O Ponto

Uern elimina vestibular do exame seletivo A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) é a primeira instituição de ensino superior do país a abolir o vestibular do processo seletivo. A mudança começa a vigorar a partir de 2004 em decisão anunciada, no final de outubro, pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) da instituição. Segundo o reitor da Uern, José Walter da Fonseca, a decisão foi tomada para acatar duas leis estaduais: a primeira impedindo a cobrança de taxa do candidato para o processo seletivo e a segunda reservando 50% das vagas das instituições de ensino superior para alunos de escolas públicas. A seleção será feita pelas médias do aluno no Ensino Médio, apresentadas por um histórico escolar. A média valerá 80% da nota no processo seletivo, e os outros 20% correspondem à redação. A faculdade pretende também criar um ranking das médias dos alunos de cada escola e enviar para o Ministério Público, Secretaria de Educação do Rio Grande do Norte e Conselho Estadual de Educação. Estudantes e pais insatisfeitos com o fim do vestibular na Uern fizeram um movimento no começo deste mês na Praça Rodolfo Fernandes, centro de Mossoró, em frente ao prédio da Reitoria da Uern. O protesto reuniu 200 manifestantes que argumentam que a medida prejudica os atuais formandos do Ensino Médio. (T.P)

O descanso é merecido.

Descendentes afros terão 50% das vagas garantidas

Universidade é a 1ª de negros no país A ONG paulista Sociedade Afro-Brasileira de Desenvolvimento Sócio-Cultural (Afrobras), inaugurou a primeira faculdade voltada principalmente para a formação de negros no país. A Faculdade de Administração Zumbi dos Palmares, em São Paulo, é o primeiro passo para a criação da Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares. O objetivo é inserir os negros brasileiros no ensino superior que, segundo dados da instituição, representam 2% dos atuais graduandos do país. Inicialmente serão oferecidas 120 vagas com habilitação em Administração Geral e Administração Financeira e 50% das vagas de cada curso já estão previamente reservadas para os que se declararem negros na ficha de inscrição ao processo seletivo. Segundo o presidente da ONG, José Vicente, um dos pontos positivos da universidade é perceber o negro como protagonista do processo e ir além da discussão sobre cotas. Joseanes Lima, diretora executiva da Sociedade Afrosergipiana de Estudos e Cidadania (Saci), a iniciativa é uma passo

fundamental e politicamente estratégico para combater o racismo. “O espaço universitário vigente nunca analisou os motivos pelos quais a população negra estava fora dele”, denuncia. Ela acredita que a universidade criará uma espaço no Brasil, onde se discutirá o impacto das relações sociais no cotidiano da população. Neide Aparecida Fonseca, presidente do Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial (Inspir), aplaude a iniciativa e a considera mais um dado que comprova o descaso governamental com políticas sociais. Fonseca ressalta que o governo não cumpre o dever de fornecer educação de qualidade para todos e “também não resolve o problema da discriminação pela cor da pele do indivíduo”. “Uma faculdade voltada para a raça negra significa que algo de errado acontece nesse país, onde a discriminação é tão intensa que se necessita criar uma escola superior para aquele segmento”, critica. Para ela, preconceito é “a universidade pública ter cota de 99% para brancos”. (T.P.)

C h e g o u o f i m d e m a i s u m a n o d e t r a b a l h o. É h o r a d e d a r u m a p a u s a p a r a vo c ê m e s m o, descansar e fazer o que gosta. Aproveite s u a fo l g a . N a d a m a i s j u s t o q u e u m t e m p i n h o p a r a q u e m t eve u m a n o c h e i o e i n t e n s o.


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Editora e diagramadora da página: Tereza Perazza

CULTURA 9 “Mininas” inova mercado editorial

O PONTO Belo Horizonte – Dezembro/2003

Publicação inédita em Minas Gerais, que mescla poesia, artes plásticas, crônicas e fotografia, busca descaracterizar a imagem coisificada da mulher moderna trabalhada pela mídia Denise Motta

Denise Motta 8º Período Está circulando na capital mineira um novo conceito em publicação para o público feminino. A revista “Mininas”, lançada em setembro deste ano pela jornalista Milena de Almeida, tem como proposta reunir talentos recentes e já reconhecidos do cenário cultural de Minas. A idealizadora e editora do projeto explica que a meta da publicação é “abrir espaço para meninas, de 20 a 80 anos, se expressarem e mostrarem o universo feminino tal qual o vêem”. “Mininas” tem um formato ideal para ser levada na bolsa (10cmX10cm). A distribuição é feita em várias livrarias, cafés e restaurantes de Belo Horizonte. Também é possível solicitar uma assinatura por meio do site www.mininas.com.br ou pelos telefones (31) 3291-0961 e 9942-0961. O exemplar custa R$ 2,00. Linha editorial Os assuntos abordados na revista passam por artes plásticas, poesia, crônica, conto, fotografia. De acordo com a editora Milena de Almeida, a proposta é que a publicação se transforme em uma vitrine da produção cultural feminina de Minas Gerais. A idéia, segundo a colaboradora Kity Amaral, artista plástica, é mesclar aspectos da feminilidade pouco explorados, sem necessariamente, contudo, cair no estereótipo de mulheres feministas. “Antes, a mulher era mal descrita pelos homens.

Agora, é ela quem se descreve. ´Mininas` é voltada para a mulher que se permite, que se conhece, que tem uma sexualidade mais aflorada. Para algumas pessoas, a publicação assusta, mas isto pode transformar”, explica Kity, graduada em Ciências Sociais. A tiragem inicial da revista é de 1 mil exemplares, porém a editora está bastante otimista com a receptividade do público. “O mercado editorial está aberto a novas idéias. As pessoas adoram a novidade e estão bastante empolgadas”, revela. Mesmo ainda em fase de se firmar no mercado, a repercussão da revista já chegou em nível nacional. “Mininas” foi indicada pelo jornalista Lucas Mendes, no programa Manhattan Connection, e pelo site da revista “TPM”, publicação voltada para mulheres. “O retorno da visibilidade na mídia está sendo muito bom. Recebemos vários e-mails”, anima-se Milena. A editora espera que no próximo ano a revista conquiste mais leitores e consiga maior reconhecimento por parte dos anunciantes. Público alvo Apesar dos produtores da publicação serem, em sua maioria, mulheres, isto não quer dizer que a revista é voltada unicamente para este público, afirma a editora. “Os homens também se sentem atraídos pela linha editorial”, ressalta Milena de Almeida. Alexandre Milagres, diretor de arte da publicação, revela que “Mininas” tem como uma de suas funções chamar as pes-

Jornalismo de MG ganha revista ‘Voz’ Divulgação

Denise Motta 8º Período O jornalismo voltado para o serviço público ganha espaço no cenário de periódicos mineiros com o lançamento da revista “Voz”. A publicação é produzida por uma cooperativa com 20 profissionais de comunicação, como jornalistas, publicitários, relações públicas e fotógrafos associados. De acordo com o editor, Adriano Messias, a “Voz” tem como essência o fato de que o “repórter tem de sair do pedestal e olhar para o público, pois só assim um projeto deste tipo pode ser feito”. A revista tem uma tiragem inicial de 2 mil exemplares e duas editorias: Cidadania e Cultura. Bianca Melo, repórter de “Voz”, acha relevante destacar que a revista possui um nível de independência importante, uma vez que uma das propostas da revista é não depender de interesse pessoais e políticos. Segundo o editor, um dos pontos mais interessantes da revista é a profundidade das matérias publicadas, o que a torna pioneira neste tipo de abordagem da informação. A maioria da equipe que compõe “Voz” se formou recentemente. Um dos fatores que impulsionaram a criação foi a dificuldade de inserção no mercado de trabalho, explica Bianca. “A idéia surgiu no começo deste ano, a cooperativa teve início em maio e seis meses depois saiu a primeira edição. As pessoas têm que começar a pensar no tipo de im-

soas a discutirem novas idéias. Milagres destaca a proposta da revista de retratar a mulher de uma forma inovadora, mostrando que ela tem uma participação na sociedade. Na diagramaçao, o que vale é a liberdade de criação, explica Milagres. “A cada edição trazemos uma revista diferente e isto acontece porque a linha editorial da publicação enfoca justamente a criatividade e independência seja no projeto editorial ou gráfico”, ressalta o diretor de arte. Flausina Márcia da Silva, poeta colaboradora da revista, destaca que não tem observado a circulação de muitas revistas voltadas para a literatura. “´Mininas` tem como característica estar voltada para a mulher como agente social. O foco da publicação é muito interessante. Ela divulga o trabalho de mulheres de várias idades. Uma revista deste tipo é muito importante”, conclui a poeta. A proposta da revista de trazer novas discussões levou Alencar Fragas Perdigão, proprietário do Café e Livraria “Quixote”, a apoiar a publicação. Para Alencar, a revista preenche uma lacuna no mercado editorial e combina com a livraria que é um espaço de discussão cultural. Camila Lobo, estudante de Comunicação e leitora da revista, declara que “Mininas” consegue ser marcante e feminina. A leitora destaca o agrupamento de elementos tradicionais e clássicos (poesia, artes plásticas, fotografia) com conceitos modernos, presentes na diagramação e linha editorial.

prensa que elas querem. ‘Voz’ funciona como um chamado para a responsabilidade“, afirma a jornalista. Democracia A cooperativa que dá consistência aos produtores de “Voz” quer democratizar a informação, explica Bianca. Trabalhar com autonomia dificulta um pouco o apoio por parte dos anunciantes. A repórter revela que o mercado mineiro é muito desconfiado e, por esse motivo, quer esperar a publicação se firmar para depois se envolver. “Minas precisa de uma mudança de postura para que haja abertura do mercado. As pessoas devem comprar, ler, divulgar, pois o Estado precisa de uma revista desse porte, que valorize o seu público”, enfatiza. Para saber informações sobre a “Voz”, ligue para (31) 3272-6134. O exemplar custa R$ 4,00.

Denise Motta

A revista está no terceiro número e já conquistou espaço no mercado literário de Minas

Centro (Anti) Cultural Gato Negro é refúgio anarquista Tereza Perazza 6º Período

Cooperativa edita a revista

As criadoras de “Mininas” buscam fugir do estereótipo de “Amélias” e feministas

Um espaço para se debater políticas governamentais, assistir sessões de filmes e documentários e ler sobre o movimento anticultura: assim é o Centro (Anti) Cultural Gato Negro. Um grupo de dez pessoas, a maioria estudante universitário, criou o projeto, que antigamente ficava localizado nos fundos de uma casa na Savassi e há cinco meses mudou de locação e está agora no centro da cidade, no Edifício Maletta. O espaço na Savassi, segundo uma das criadoras – preferem não se identificar, para “descongestionar a individualidade” -, restringia o público que freqüentava o espaço. “Todo mundo é responsável, todos que participam são

ativos”, afirma um dos membros da equipe, cuja estrutura organizacional é horizontal, onde não existe hierárquia. A busca por uma sociedade de auto-gestão, pregada pelo anarquismo, é apoiada por esses jovens que oferecem 400 livros e 120 fitas para quem colaborar com uma taxa semestral de R$ 2,00. Os títulos vão desde anticultura e contracultura (movimentos que pretendem combater os elementos culturais vigentes na sociedade) até filosofia, literatura brasileira, anarquismo, psicologia e antipsicologia. A maior procura acontece nos finais de semana, quando chegam a passar pelo local 300 pessoas interessadas nas sessões piratas de filmes que ainda irão estrear nos cinemas e palestras sobre política e sociedade. Tereza Perazza

O espaço oferece 400 livros e 120 fitas para empréstimos

Uma grande parte do material foi doada por editoras e pelos próprios realizadores. Para deixar claro o trabalho voluntário, os estudantes pregam na porta do espaço a prestação de contas e ainda vendem comida vegetariana para auxiliar na renda. “A cozinha é um dos nossos recursos financeiros”, afirma um dos criadores do projeto. Outra fonte de renda é a venda de cd’s, livros e fitas. Pode-se encontrar, por exemplo, uma cópia de “Muito além do Cidadão Kane”, documentário sobre o império da Rede Globo de Televisão, proibido por decisão judicial de ser lançado no Brasil. No próximo dia 20 será apresentado o documentário Mira, dirigido por um grupo de seis mineiros, sobre o cotidiano de Cuba e os ideais revolucionários da população.

Outra fonte, e a mais principal, de renda do espaço é o Carnaval Revolução, evento anual em resposta à cultura de “apatia e ócio” que o carnaval comercial leva à população, no entender do grupo. Toda a renda do projeto, que recebe pessoas de todo o país e do exterior – Chile, Argentina, África do Sul - é revertida para o espaço. São oficinas, debates, palestras, mostras de filmes e shows. Em 2004 o evento irá acontecer no Hotel Bragança, nos dias 22, 23 e 24 de fevereiro. Informações pelo site: carnaval.linefeed.org O Centro (Anti) Cultural Gato Negro funciona de segunda à sexta, das 14 às 19 horas e sábado, de 12 às 18 horas no Edifício Maletta, na Avenida Augusto de Lima, 233, sobreloja 74. Tereza Perazza

Sessão pirata de “A Última Noite”, de Spike Lee


10 esporte Patty

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Editora e diagramadora da página: Patrícia Giudice

10 ESPORTES Clubes apostam nas categorias de base

O PONTO Belo Horizonte – Dezembro/2003

Cerca de 12 mil meninos por ano tentam ingressar em um dos três grandes clubes mineiros Patrícia Giudice

Daniel Ferreira Arantes 3º período As categorias de base ainda são a grande alternativa encontrada por meninos do Brasil inteiro para jogar nos maiores clubes de futebol do país. Em Minas Gerais, cerca de 12 mil garotos são submetidos a testes por ano nos três principais times do Estado, Clube Atlético Mineiro, Cruzeiro Esporte Clube e América Futebol Clube, com o sonho de, um dia, se tornarem ídolos de suas respectivas torcidas. A categoria é dividida em cinco outras: pré-mirim, mirim, infantil, juvenil e juniores e têm o propósito de formar atletas para o futebol profissional. Dois exemplos são Arthur Pedra e Marcelo Luíz, ambos com 20 anos e jogadores do América. Quando questionados sobre qual o principal objetivo na vida, a resposta é única. Chegar ao time profissional e crescer na carreira, levando o nome do clube. Arthur entrou no clube em 1997, aos 13 anos no préinfantil e Marcelo está no clube desde outubro de 2002 e entrou direto no juniores. No Atlético, 8 mil atletas fazem avaliações especiais e as chamadas “peneiradas”, que são os telefonemas dos garotos interessados e a sua apresentação no campo determinado pela comissão técnica. Neste campo, passam 250 meninos por mês para serem observados e avaliados por dez pessoas do clube. De todos os avaliados, são pré-escolhidos apenas 25, e desses são selecionados dois ou três que são colocados para treinar junto com o grupo formado por, no mínimo, quinze dias. Futuramente, eles passam por uma nova avaliação. “Mas existem também os testes especiais, que são os atletas que chegam com procedência. Esses não passam por peneiradas, entram direto nas categorias de base”, informa Cleocir Marcos dos Santos, coordenador geral das categorias de base do Atlético. Estrutura A estrutura oferecida aos futuros atletas consiste em alojamentos, escola com uma pedagoga responsável pelos boletins, alimentação coordenada por uma nutricionista com refeitório (dentro do Centro de Treinamento de cada clube), assistência médica e odontológica. Segundo o coordenador técnico das categorias de base do Cruzeiro, Carlos Eugênio Souza, o time foi um dos principais clubes do Brasil a implantar uma escola dentro do CT que oferece ensino fundamental e médio. O acompanhamento dos garotos é feito por professores, nutricionistas, psicólogos, médicos e também por empresários e procuradores. Ele diz ainda dos três mil meninos que fazem testes anualmente no clube, poucos são aprovados. “200 a 250 são testados para duas vagas. O nível exigido é alto. O parâmetro para a seleção são os garotos que já estão no clube e, portanto, para superá-los tem que ser acima da média”, informa Carlos Eugênio. Empresários X Atletas O coordenador das categorias de base do Atlético diz que o pensamento no clube tem sido o de afastar os atletas mirins de seus empresários. “Poucos são os interessados no crescimento cultural, físico e profissional deles”, explica. Mas são eles que têm vínculo direto com o atleta e podem cuidar do futuro da carreira deles. “A partir

do momento que um sai do time, os empresários ou procuradores é quem comandam. Eles têm direito sobre o atleta fora do clube, mas enquanto estão no time, somos rigorosos com os meninos”, explica Cleocir Marcos. As negociações para o exterior também acontecem, mas em menor escala do no grupo dos profissionais. Os atletas Samuel, do América, Geovanni e Ronaldo, do Cruzeiro e Afonso, Cacá e Paulinho Guará, do Atlético são alguns exemplos de transferência. De acordo com o coordenador geral das categorias de base do América, Guilherme Espanholo, isto acontece devido ao fato de serem meninos muito novos e que não se sabe ainda o verdadeiro potencial desses atletas. Quanto ao aproveitamento dos meninos no time profissional, o coordenador técnico do Cruzeiro diz que depende muito da filosofia do técnico. Mas, no América Futebol Clube, do time profissional atual, apenas o zagueiro Jean Elias e o volante Luís Carlos Goiano não passaram pelas categorias de base do clube. Segundo previsões do coordenador Guilherme Espanholo, quatro ou cinco jogadores da base devem subir para o time dos profissionais. Salários O coordenador das categorias de base do Atlético diz que aqueles que sobem para o time profissional no clube normalmente têm o valor do seu salário aumentado. Nos últimos dois anos, cerca de 17 atletas subiram das categorias de base para o time profissional e 12 foram convocados para as categorias de base da seleção brasileira. Ele diz que outra forma de valorizar os chamados “prata da casa” é a de aumentar o valor da ajuda de custo que eles recebem. Um atleta infantil, por exemplo, se é convocado para a seleção brasileira de sua categoria, recebe um aumento de R$100 para R$200. Quando um jogador da base passa para o time profissional, o aumento do salário é discutido entre ele e a diretoria do futebol profissional. Os contatos entre as categorias de base e o futebol profissional acontecem na forma de coletivos entre a equipe júnior e a profissional, nos jogos ou amistosos da base que acontecem nos Centros de Treinamento, em que alguns atletas profissionais se encontram. As parcerias nacionais e internacionais em intercâmbios para esses atletas, atualmente são mais informais, segundo Carlos Eugênio. Fazer parcerias com times profissionais é um projeto do Atlético a partir das novas instalações da base que estarão prontas no ano que vem, em Vespasiano. “Com uma estrutura maior e mais adequada, a idéia é buscar parcerias com times profissionais”, fala o coordenador do time de base Cleocir Marcos dos Santos. Hoje, as categorias de base do Atlético estão concentradas na Vila Olímpica. Cleocir diz que o desafio do Atlético está sendo tentar melhorar a estrutura para as categorias. Sob nova direção, o objetivo é que a estrutura das categorias de base passe por uma total reformulação visando maximizar sua eficiência, dentro de um novo modelo de gestão mais ágil e competitivo. Mas, Cleocir diz que “desde julho de 2001, quando assumi até hoje, não melhorou muito não. Apesar disso, ganhamos pela terceira vez o campeonato estadual na categoria juvenil”, comemora.

Enquanto os atletas das categorias de base treinam são observados por pessoas que querem descobrir talentos Tereza Perazza

Em busca de talentos Observar futuros atletas e descobrir novos talentos. Essas são as principais funções dos chamados “olheiros”, atividade muito comum nos clubes de futebol atualmente. Trabalhando junto com a comissão técnica, eles têm respaldo das diretorias para indicarem garotos das escolinhas de futebol espalhadas pelo país, das peladas de rua e de outros clubes para serem avaliados, e se aprovados, incorporados às categorias de base. Prometendo uma reformulação administrativa no América Futebol Clube para tirar o clube da crise financeira e organizacional em que se encon-

tra, o presidente Afonso Celso Raso anunciou em de outubro, a contratação de quatro ex-jogadores para exercerem a função de olheiros. São eles Vicente Toledo (ex-lateral direito que jogou no clube nas décadas de 60 e 70), Roberto Castro (ex-zagueiro que atuou como lateral nos anos de 1964 a 1962), Amarelinho (ex-volante que era considerado um craque por seus contemporâneos) e Ali (que já trabalha em conjunto com a coordenação das bases do América, como representante do patrocinador do time). Dos quatro, apenas Roberto Castro não confirmou se aceita a proposta.

“Tenho o sonho que todos aqui têm. Chegar ao profissional do meu clube e, quem sabe, ir para o exterior levando o nome do América” Arthur Pedra - 20 anos

jogador do Juniores

Tereza Perazza

Pratas da casa viram grandes craques do futebol nos maiores clubes do Estado Não se sabe se os jogadores que saem das categorias de base têm mais amor à camisa. Ou se os jogadores já consagrados têm tanto empenho quantos os iniciantes. As questões implicam na formação ideal de um time de futebol. O Cruzeiro, que sempre relutou em usar jogadores da base no time profissional, começou a mudar isso no segundo jogo válido da final pela Copa do Brasil deste ano, contra o Flamengo no Mineirão. Segundo o coordenador técnico das categorias de base do clube, Eugênio Carlos Souza, “nesta partida haviam seis atletas da base na equipe titular e dois no banco de reservas”. Os

seis que começaram jogando foram os seguintes: o goleiro Gomes, os zagueiros Luisão e Gladstone, os volantes Augusto Recife e Jardel e o meia Wendell. De acordo com Eugênio Carlos Souza, esta é a maior prova de que a prata da casa deve ser valorizada pelos clubes. “Esses seis jogadores passaram pelo menos nos juniores do Cruzeiro, que é o último estágio da categoria de base antes do profissional”, explica. Desses seis atletas, o mais velho na casa é o zagueiro Gladstone, que está no clube desde o pré-mirim e o que chegou com mais idade foi o goleiro Gomes, que já veio para o juniores.

“Vim do profissional do Tupi de Juiz de Fora e agora quero crescer dentro do América. Meu próximo objetivo é fazer uma boa Taça São Paulo” Marcelo Luíz - 20 anos

Jogador do Juniores


11 -Fumec - Tereza

18.12.03

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Diagramadora da página: Tereza Perazza

FUMEC 11

MELHORES

O PONTO Belo Horizonte – Dezembro/2003

PÁGINAS

2003

Edição: professor José Augusto da Silveira Filho

M S NOVEMBRO ED O ESPEC AL ED O D G M DO PATR C A G ÚD CE

MÊS JULHO EDITORIA ESPECIAL EDITORA E DIAGRAMADORA SINÁRIA FERREIRA

M S UNHO ED O CAPA ED O D G M DO TEREZA PERAZZA

Editor e diagramador:Rodolpho de Castro

4 ECONOMIA Reforma da previdência é prioridade

O PONTO Belo Horizonte-Abril/2003

Editora e diagramadora da página: Sinária Ferreira

14 FUMEC

Editor e diagramador da página: Patrícia Giúdice

2 OPINIÃO

O PONTO Belo Horizonte – Maio/2003

Henrique Molinari

Pura fantasia: entenda o RPG

Mudanças como o aumento de contribuições e teto máximo são essenciais no governo Lula Aléxis Lino e Cleyton Ferreira 4º Período

A reforma da previdência vem sendo considerada, junto com a reforma tributária, uma das prioridades para o governo Lula. O modelo atual usado se baseia no princípio da previdência distributiva que, para garantir seguridade social, acaba não sendo financiada exclusivamente pelas contribuições, mas também por recursos orçamentários. A assessoria de comunicação do deputado federal Virgílio Guimarães (PT) acredita que problemas graves devem ser considerados.“Pouco mais de 40% das pessoas que trabalham contribuem para o sistema. Em 2001, mais de 80 milhões de pessoas eram economicamente ativas no país e apenas 35 milhões contribuíam. O buraco é muito grande. O setor público é complexo. Há tratamentos distintos nas três esferas, sendo que no nível federal, onde localiza o maior déficit, o que se vê de fato são problemas gravíssimos de definição estrutural do sistema, de superposição dos regimes, de desigualdades e também de privilégios”, destaca a assessoria do deputado. Segundo a economista Liliana Resende que participa

ativamente de vários fóruns de discussão sobre a reforma da previdência junto aos Sindicatos, ressalta que o problema não é apenas do setor público. “Colocar a maior parte da culpa do rombo da previdência somente no setor público é um erro, já que em se passando a reforma, eles já chegaram à conclusão que ainda sim ela não será suficiente. O que o governo está esquecendo é que a grande maioria dos servidores públicos não pode ser incluída no teto estipulado, pois não se aposentariam com salário próximo ao teto proposto. O problema está situado muito mais nos servidores públicos inativos do que nos servidores públicos ativos”, indaga a economista. Ela explica que o déficit da previdência compromete o orçamento e a possibilidade de uma melhoria nas políticas sociais. “Isso pode ocorrer nos investimentos a curto, médio e longo prazo. Se nada for feito, a tendência é de agravamento nos próximos 10 anos”, completa Liliane. Para Liliane Resende, o novo modelo da previdência social trará grandes transformações. “Os contribuintes que ingressarem no sistema, bem como aqueles que trabalham na informalidade após a reforma poderão ser os maior esprejudicados com perdas de benefícios e direitos”,

A comodidade das novas instalações aumentaram a frequência dos alunos, com ampliação dos espaços de estudo em grupo e cabines individuais

Com um acervo de 52 mil volumes e ampliação do espaço de estudo, alunos ganham facilidades Joyce Grazielli 4° período Aposentados e servidores públicos em filas de banco para o pagamento dos benefícios

Mudanças consideradas mais relevantes Adoção de critérios similares para contribuição e pagamentos de benefícios, reduzindo as diferenças entre os diversos regimes atualmente existentes. Criação de um fundo específico de previdência para os servidores públicos, mantidos por contribuições dos próprios funcionários e da União. O tempo de serviço seria transformado em tempo de contribuição. A criação de regimes de aposentadorias complementares patrocinadas pelas empresas que poderão ter contribuições do empregado e empregador.

suficiente para atender ao aumento do número de alunos, abrigar o acervo e para dar melhores condições de estudo”, afirmou. Segundo ele, a proposta é aumentar o acervo em 5 mil títulos anualmente. A nova biblioteca está subdividida em dois andares. No primeiro piso, encontrase toda a estrutura administrativa e operacional, espaço para estudo em grupos, parte do acervo, terminais de consulta e acesso à Internet.

No segundo piso (mezzanino) encontramos o acervo de periódicos, hemeroteca, videoteca, mais cabines para estudos individuais, além de mais computadores para consulta e acesso à Internet. Atualmente o acervo é de aproximadamente 52 mil volumes, podendo chegar a 85 mil, 18 computadores com acesso à Internet, nove para consultas ao acervo além daqueles já utilizados na parte administrativa e operacional. De acordo com Eunice

Gabriel, bibliotecária da FCH e responsável pela manutenção do local, a nova biblioteca é a realização de um sonho de quase 30 anos, desde a antiga sede da FUMEC, no Colégio Santo Agostinho. Já havia a idéia da construção de uma nova biblioteca concebida como um espaço cultural, um lugar de aprendizagem e lazer, com condições ambientais, proporcionando bem estar aos usuários.“Hoje podemos afirmar que temos uma das me-

Pessoas de baixa renda sofrem com aumento de energia

Mais um aumento na taxa de energia Maria Mourão e Cristiano Batista 4º Período

Investimentos no turismo rural Geração de rendas e criação de novos postos de trabalho nas propriedades rurais Promoção de intercâmbios entre o homem urbano e o homem do campo, conservando os recursos naturais, propiciando maior interação entre os dois setores Incentivo à formação de uma consciência ambientalista Aumento do investimento no desenvolvimento sustentável

secretário de Agricultura Familiar Valter Bianchini. Neste encontro serão definidas as propostas contendo as prioridades de investimento de cada estado. “Em Minas, estas questões serão detalhadas buscando-se proposições para a superação dos entraves”, afirma a coordenadora de Turismo Rural da Emater-MG, Cléa Venina.

Está em processo a revisão tarifária periódica de energia que vai vigorar neste mês. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) tal revisão tem o objetivo de restabelecer o equilíbrio econômico e financeiro da concessão. Além da Cemig, outras companhias elétricas de outros estados terào reajuste. Para Assessoria da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) o índice proposto foi de 27,49%, levando-se em conta o “fator x” (mecanismo que repassa o ganho de produção da empresa para os consumidores) estabelecido em 1,02%. Há também a possibilidade do aumento ser maior para os consumidores industriais que são responsáveis por 58,9% do consumo. Segundo o economista Fernando Nogueira, da FCH-Fumec, essa medida não resolveria o problema, pois atingiria em cheio

o mercado financeiro. “O último racionamento de energia no ano de 2001 provocou uma grande queda na produção de alumínio. Queda que provocou a exportação de 172,1 mil toneladas a menos no ano interior, uma perda de US$316 milhoes.”. Nogueira explica também que um aumento nesse patamar está muito acima do reajuste no salário mínimo “Esse fator aumenta progressivamente o gasto com os chamados preços administrativos e compromete a renda familiar. As famílias de baixa renda da região metropolitana serão as mais prejudicadas com o reajuste”, ressalta. Em março, ocorreu a auditoria pública em Belo Horizonte responsável pelas etapas da revisão e contou com explicações da Aneel sobre cálculos e procedimentos. “Como o número de consumidores de energia cresce assustadoramente, o aumento nas tarifas atinge cada vez mais a população de todas as rendas e o mercado financeiro”, afirma.

MÊS ABRIL EDITORIA ECONOMIA EDITOR E DIAGRAMADOR RODOLPHO DE CASTRO

lhores bibliotecas do estado, contando com acervo e em recursos como a base de dados Ebsco, em que o aluno poderá consultar o terminal sobre a disposição dos livros, ou mesmo fazer as reservas em casa”, confirma a bibliotecária. O sistema custará U$ 7 mil anualmente à faculdade. A antiga sede irá abrigar os laboratórios de Análise Experimental de Comportamento e Neuratomia e Fisiologia e também será transformada em salas de aula.

O Programa de Pesquisa e Iniciação Científica (ProPICFumec), que visa uma formalização da política de produção científica, teve sua primeira etapa, iniciada em maio de 2002 e concluída em janeiro de 2003. Em março deste ano realizou-se o 1º Seminário do programa anunciando o início da segunda etapa com fim previsto para fevereiro de 2004. Para o coordenador geral do ProPIC, Eduardo Martins, o programa abre a possibilidade para estudantes e professores que estão na graduação a desenvolverem a investigação científica. O programa tem possibilitado aos alunos apresentação dos trabalhos em congressos e publicação de artigos em revistas científicas. Esta segunda etapa concederá cinco bolsas da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) aos alunos envolvidos com o ProPIC. Segundo Eduardo ainda tem muito a ser feito, “acredito que ainda estamos no começo, mas com a publicação dos anais, com o seminário e pelo depoimento dos alunos e professores, esse programa tende a se expandir rapidamente. Tivemos 15 projetos aprovados e as atividades

Projetos aprovados Dentre um dos empreendimento aprovados, está o projeto “A doença mental e o crime: incidências do ato, da palavra e da transferência”, coordenado pelo professor de psicologia Sérgio de Laia. De acordo com o professor, este projeto consiste em recolher e analisar dados empíricos, em que a doença mental e o crime se presentificam, avaliando quando um doente mental pode ou não ter responsabilidade jurídica. “O projeto tem como objetivo contribuir para o encontro de soluções relativas ao tratamento psíquico e à desestigmatização social dos doentes mentais infratores, e para o desenvolvimento de uma metodologia de investigação que, levando em conta a palavra do sujeito, se orienta por referenciais psicanalíticos sem deixar de visar a objetividade exigida em toda pesquisa científica” conclui o professor. Info Arte: Luiz Oswaldo

2003 PROPIC

Projetos

a p com rovados

financiamento

(de pesquisa e interdisciplinar)

FCH

9 projetos

FA C E

3 projetos

FEA

6 projetos Fonte: www.fumec.br

Adolescentes recebem aulas de design através do Projeto “Sol da Terra”

Alunos do Design de Moda ensinam bordados a jovens Anna Cláudia Foureaux e Cláudia Giúza 5º período

que vai desde a elaboração do projeto, até a confecção de roupas”, enfatiza.

O curso de Design de Moda do Centro Universitário Fumec, agora em seu 2º ano de existência, participa de eventos que inserem seus alunos no mercado profissional. Os alunos conquistaram os 3º e 4º lugares no concurso de Estilismo do Minas Shopping, realizado no ano passado, com sua 2ª edição em setembro deste ano. Em São Paulo os alunos participaram do concurso realizado no “Salão Infantil Bebê”, concorrendo com vários cursos de moda de todo o país, onde a aluna da Fumec, Ana Paula Freitas, conquistou o primeiro lugar nesta categoria. Para a coordenadora do curso de Design de Moda da Fumec, Gabriela Torres, esses eventos potencializam a criação e produção do aluno, que busca sua superação no decorrer do evento. “O aluno é responsável por todo o processo

Projeto Sol da Serra Em parceria com a Organização Não Governamental “Sociedade Laura das Chagas Ferreira”, que existe há 45 anos na favela do Cafezal, alunos de psicologia e pedagogia da Faculdade de Ciências Humanas da Fumec realizam trabalho voluntário desde 2001, e agora os alunos de design de moda também se propuseram ao projeto. Os alunos participam do projeto “Sol da Serra”, que ensinam adolescentes de 14 e 15 anos, que concluíram a 8ª série a bordar e costurar, criando alternativa de sustentabilidade e aprendizado de uma profissão. As aulas acontecem nas dependências da faculdade e são ministradas por professores e alunos voluntários de Design de Moda. Os adolescentes estão aprendendo principal-

mente pontos de bordados brasileiros, que são aplicados em pequenos quadros de sacos de linhagem retratando figuras que representam cenas de seu cotidiano, para se transformar em colchas. Trabalho em site Todo o trabalho está sendo registrado em fotografias e filmagens para composição de um site que irá disponibilizar as peças confeccionadas. “A idéia é que as colchas sejam colocadas à venda em duas grandes galerias, sendo uma em São Paulo e outro em Nova Yorque”, informa Gabriela. Se as vendas tiverem êxito, parte do dinheiro será repassado aos adolescentes, e o restante doado à “Sociedade Laura Chagas de Freitas”. Além da confecção de colchas, os adolescentes vão utilizar esses bordados em camisetas que serão vendidas para o público em geral. Posteriormente será criada uma grife para valorizar o trabalho.

Belo Horizonte será novamente sede do 13º encontro nacional de Design, o “N Design”, maior evento deste segmento realizado na América Latina, que envolve design de moda, design gráfico, interiores e de produto. O evento acontece entre os dias 12 a 20 julho, e oferece oficinas e palestras que vão explorar aspectos sobre o tema “Design por necessidade”. O grande momento do encontro será quando os participantes terão uma atividade surpresa para estimular a criatividade e a responsabilidade social e ambiental. Será realizado uma exposição de design contemporâneo mineiro dentro da galeria do rio Arrudas. O objetivo é a reflexão sobre o impacto do design de embalagens no lixo urbano. O Centro Universitário Fumec também realiza, junto a Sindicalçados, o “Primeiro Concurso de Design para Calçado e Bolsa” que tem sua premiação marcada para junho deste ano, nas categorias estudante e profissional.

Ordem Draco Caliginis

Tereza Perazza 6º período

São, no Estado, 19 pólos de saúde, teoricamente com condições para médio e alto atendimento. Bem distribuídos e capacitados seria possível pensar em saúde para todos – tomando Minas Gerais com 853 municípios, cada cidade pólo ficaria responsável por uma média de 44 cidades. Aí sim a Larissa (que veio de Turmalina para ser atendida em Belo Horizonte) pode se dar ao luxo de brincar no pé de mangueira sabendo que, se cair da árvore, não precisará agonizar 11 horas para ser atendida. O que acontece, então? Porque, com 19 cidades pólos no Estado, o atendimento todo se concentra na capital? Interesses partidários, racha entre prefeitos? Falta de verbas? Apesar das farpas atiradas, não me interessa se a culpa é de interesses do setor privado ou público. O que me interessa e não me sai da cabeça é a imagem de Regina, mãe de Larissa, do lado do leito da filha, no quarto 207 da Enfermaria de Pediatria do João XXIII, com as mãos ainda tremendo de nervoso, resíduos das 11 horas à procura de atendimento para sua filha. E Larissa, no telefone com a irmã e o pai, seis horas longe e 21 horas depois do acidente, para avisar que estava bem, apesar da fratura no crânio.

Mesquinharia por mesquinharia, vamos entrar numa discussão de virar o estômago. Qual o valor da vida humana? R$ 2,50? Porque é isso que o governo repassa aos médicos por cada consulta feita através do SUS. Cada vez que a saúde de uma pessoa é tratada. Dado que saiu da boca do presidente do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, Edilson Corrêa de Moura. Para os médicos, que também têm filhos cujas saúdes devem ser tratadas, esses são míseros R$ 2,50. Melhor ficar no setor privado. O que acontece muito. Já que, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, 60% dos atendimentos de emergências na capital são de pacientes vindos do interior. Isso na rede pública. Casos vindos desde Turmalina. Turmalina fica no Médio Jequitinhonha, 500 km de Belo Horizonte. Seis horas de viagem. A pé seriam 90 horas, caminhando uma média de 5,5 km/hora. Quase quatro dias. Tempo suficiente para admirar a paisagem, ajuda a enganar a dor. Se puder correr o tempo diminui drasticamente, aí são 50 horas de viagem.

Outras edições O evento já aconteceu em nove estados brasileiros, onde Belo Horizonte que sediou a edição em 1993. A capital mineira fará páreo com Recife em número de edições, já que a capital pernambucana foi palco de duas edições. O Cone Design (Conselho Nacional dos Estudantes de Design) foi fundado em 1998 durante o “N Design” de Curitiba. Esse é o órgão responsável para representar os futuros profissionais das quase cem faculdades de Moda do país e pela luta do aprimoramento do ensino superior em Design.

O necessário para ser campeão Luís Henrique Duarte 7º período Quem vê o título dessa opinião deve se perguntar, com certeza, a que ela se refere. Afirmo desde já que não é ao Cruzeiro, que lidera o Campeonato Brasileiro com sobra, e vêm demonstrando o melhor futebol do país. A meu ver, não há o que dizer sobre esse assunto. Na verdade, o foco dessa opinião é o Atlético. Este texto não busca tratar sobre este campeonato nacional e nem necessariamente o atual elenco e sim, o que acontece fora do campo. Mesmo com dívidas que surgem a cada dia, a atual diretoria tenta, desde meados de 2001, dar um formato para a o Clube. Ainda assim, as cobranças da torcida e imprensa continuam sendo pesadas e muitas vezes injustas. É preciso aprender que sem infra-estrutura e planejamento não se vai a lugar nenhum. Mas a torcida, carente de títulos, quase sempre não se atém a isto. De alguma forma seria até injusto exigir isso de uma torcida, mas infelizmente é necessário. Para se ter uma idéia, toda a estrutura que es-

tá sendo montada hoje pela atual diretoria atleticana já existe no Cruzeiro. Tudo que se conquista na metade azul de Minas é resultado de pelo menos 30 anos de estruturação, com planejamento e com diretorias que souberam pensar o futuro. Já o Atlético, infelizmente para o futebol do estado, foi quase sempre comandado por presidentes que não tiveram essa visão. Além disso, nos últimos anos, o galo teve o pouco que tinha dilapidado por estes dirigentes que agiam sem nenhum profissionalismo e amor ao clube. É importante então, dentro de uma visão sensata, cobrar de quem realmente deve e provocou tudo. A falta de punição aos últimos dirigentes é uma coisa que chateia qualquer pessoa que se indigne com as coisas erradas. A imprensa mineira, ao invés de procurar bombas dentro do cotidiano atleticano, deveria enumerar tudo que aconteceu de errado e expor à opinião pública. Já a torcida, apesar de ser uma das partes mais prejudicadas, deveria sim cobrar, mas daqueles que fizeram selegalos, trazendo jogadores caros e em fim de carreira ou daqueles que fizeram um clube social que nunca foi o que se vendeu.

Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento

Coordenação Editorial: Profª. Ana Paola Valente e Prof. Edson Martins (Jornalismo Impresso) e Prof. Alexandre Freire (Redação Modelo)

MÊS NOVEMBRO EDITORIA CAPA EDITORA E DIAGRAMADORA TEREZA PERAZZA

Monitores da Produção Gráfica: Luíz Oswaldo Abreu e Kátia Resende Projeto Gráfico: José Augusto da Silveira Filho

Centro Universitário Fumec Rua Cobre, 200 - Cruzeiro BH/MG

Monitoras do Jornalismo Impresso: Patrícia Giudice, Sinária Ferreira e Tereza Perazza

Tiragem desta edição: 4000 exemplares

Profª. Divina S. Lara Vivas Reitora do Centro Universitário Fumec

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Editor e diagramador da página: Laila Porto

10 SAÚDE

CIDADE 7 Igreja fica sem verbas para reforma

Renata Quintão e Daniel Gomes 5º e 1º períodos

Elisa Magalhães e Esther Mesquita 4º período O projeto de recuperação da fachada externa da Capela de São Francisco de Assis, na Pampulha, apresentado em março deste ano, ainda não saiu do papel, comprometendo a estrutura da famosa Igreja, cartão postal da cidade. Feito pela Prefeitura de Belo Horizonte, através da Sudecap (Superintendência de Desenvolvimento da Capital) e da empresa de engenharia Recuperação, o projeto foi cedido à Cúria Metropolitana, que tenta, através da Fundação Roberto Marinho e da Fundação Zôo-Botânica, captar recursos da iniciativa privada e do Governo Federal, para iniciar o projeto de revitalização. Participação Popular Evandro Xavier, presidente da Fundação Zoo-Botânica, que cuida de todo o projeto arquitetônico e social da Pampulha, acredita ser um papel de todo cidadão se preocupar com o patrimônio histórico da cidade. No entanto, a fundação ainda não

conseguiu arrecadar verba suficiente para a igreja, cujo projeto também espera resposta da Lei Rouanet, de incentivo fiscal à cultura. “Para nós é muito importante a revitalização da Igreja porque a Fundação cuida de toda a área da Lagoa da Pampulha, onde já estão ocorrendo uma série de intervenções bem sucedidas. Mas nenhuma negociação para a captação de recursos foi concluída”, afirma Evandro. O projeto receberá do governo estadual parte da verba necessária para sua conclusão, se for considerado apto pela Lei Rouanet. Situação A parte externa da capela, inaugurada em 1945, apresenta rachaduras e buracos que estão depreciando o cartão postal da cidade. O orçamento de sua reforma, segundo a prefeitura, ficou avaliado em R$ 616 mil e incluiu pesquisas que possibilitaram um diagnóstico completo da estrutura e da construção da Igreja. O diretor técnico da empresa Recuperação, José Eduardo Aguiar, acredita que se as obras não começarem em um curto prazo, a Igreja po-

de vir a ter problemas estruturais mais sérios. “A manta de impermeabilização está ficando exposta com as fissuras que estão surgindo nos azulejos. Logo podem ocorrer infiltrações, o que prejudicará também a parte interna”, alerta o diretor. A fotógrafa Denise Macedo acha que a reforma pode atrair mais visitantes para a região, pois não vão mais se decepcionar com o famoso ponto turístico da cidade. “Junto com a Lagoa da Pampulha, a igreja está muito depredada. Fica até difícil conseguir uma foto boa. Com a lagoa limpa e a igreja em boas condições, muita gente vai querer visitar os painéis de Portinari novamente”, espera a fotógrafa. A capela não está mais agendando casamentos nem batizados, com esperança de que as obras comecem ainda este semestre. Segundo Evandro Xavier, a expectativa é que logo toda a verba necessária para a conclusão da reforma esteja arrecadada. “Estamos ansiosos e não vai mais demorar muito tempo para conseguirmos captar toda a verba necessária”, acredita Evandro.

Fé fica abalada com o descaso público A Igreja da Pampulha é considerada por historiadores e admiradores da arte uma jóia, tendo obras de Portinari, esculturas de Ceshiatti, jardins de Burle Max, e projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer. Mas todo esse patrimônio, tão admirado, é constantemente atacado pelo descaso da população. Além da Capela São Francisco de Assis, existem diversas outras igrejas e capelas em Minas Gerais que necessitam de reformas. Vítimas do vandalismo, esses santuários sofrem ainda com falta de verbas. A verba destinada pelo governo estadual à revitalização não é suficiente para cobrir tantos patrimônios depredados. Uma alternativa apontada para sanar essas dificuldades são os programas de parcerias viabilizados pelo IEPHA/MG - Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. O objetivo é dinamizar as ações de restauração e preservação do patrimônio cultural mineiro, proporcionando maior facilidade para empresas que desejam investir na revitalização de imóveis tombados pelo patrimônio histórico. Exemplo disso é a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, situada na região central de Belo Horizonte, que necessitará de R$ 33 mil para a conservação de seus vitrais. Para os fiéis, enquanto os patrimônios culturais continuam sofrendo com o descaso do poder público, a palavra fé perde o seu significado: fidelidade à cultura, à história e à memória.

Patrícia Giúdice

Cláudia Giuza 6º período

Obras do metro vão aumentar o atual fluxo de 110 mil passageiros por dia para 400 mil

trução desta linha está sendo realizada com recursos exclusivos do governo federal. Esta deverá transportar 140 mil passageiros por dia e proporcionar uma redução de mais de duas mil viagens diárias de ônibus. A comissão do Metrô de Belo Horizonte, da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, presidida pelo deputado Célio Moreira (PL), está tentando obter mais verbas para a continuidade das obras da Linha 2 Segundo informações da Companhia Brasileira de Trens Urbanos, estão previstos, ainda, as obra de implantação para uma nova linha Norte – Sul, li-

gando a região do Aeroporto da Pampulha até a região comercial da Savassi, cruzando o hipercentro da capital. Esta operação foi denominada Linha 3 (Pampulha / Savassi), abrangendo a região hospitalar. Para Luiz Carlos D’Ávila, assessor de comunicação do órgão, este trecho irá contribuir para o desafogar o fluxo no trânsito do hipercentro da capital. Porém, a CBTU ainda necessita de verbas para dar início ao projeto. Segundo a assessora técnica da superintendência da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Madalena Garcia, com a conclusão das linhas 1, 2 e 3,

MÊS OUTUBRO EDITORIA CIDADE EDITORA E DIAGRAMADORA ISABELA LAURIA

estima-se um aumento dos atuais 110 mil passageiros diários do Metrô de Belo Horizonte para 350 a 400 mil. História O Metrô de Belo Horizonte foi projetado no final dos anos 70 pelo GEIPOT, órgão do Ministério dos Transportes, visando melhorias no sistema ferroviário urbano de passageiros e para melhorar a capacidade de transporte de cargas ferroviárias na travessia da Região Metropolitana de Belo Horizonte. São 19 estações, atendendo as regiões Oeste, central, Leste e Norte da capital mineira.

Traçados urbanos são empecilhos Mirian Corrêa e Ricarda Caiafa 6º Período José Carlos Roberto Arantes, deficiente visual e vendedor de bilhetes de loteria, tem muita dificuldade de se locomover no centro de Belo Horizonte e reclama das calçadas irregulares, dos degraus e da indiferença dos governantes, que não se preocupam em oferecerlhes melhores condições. O que, segundo ele, justifica o olhar preconceituoso da população. “Eles não fazem nada pelos deficientes, como as pessoas não vão ter preconceito com a gente?”, desabafa o vendedor. A reivindicação de José Arantes já é discutida na Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Tramita no plenário da Casa o projeto de lei 902/3003, que estabelece o planejamento de políticas públicas urbanas para facilitar a acessibilidade dos portadores de deficiência visual, física e de mobilidade reduzida na cidade. Medidas como a implantação de banheiros públicos e lavatórios adaptados, além de orelhões instalados em locais de fácil acesso e que contenham informações para os deficientes visuais estão previstas. O texto aguarda parecer da Comissão de Constituição e Justiça. O deputado estadual Viana de Melo, autor do projeto, acredita que a resolução do problema da acessibilidade é medida primordial que deveria re-

O PONTO Belo Horizonte – Outubro/2003

DOAR

VIDA

MG Transplantes inicia campanha “Informar, tão importante quanto doar” e transfere sua sede para o Hospital João XXIII Saiba quais são os órgãos que podem ser transplantados Medula Óssea: se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue.

Ossos: retirados do doador até 6h depois da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por até 5 anos.

Rins: retirados do doador até 30 min após a parada cardíaca e mantidos fora do corpo até 48h.

Parceria aumenta captação de córneas

Isabela Lauria

Obras de implementação do metrô recomeçam em 2004

a compatibilidade entre doadores e receptores, um procedimento que retarda, ainda mais, algo que tem caráter de urgência. Segundo o ex-coordenador do MG Transplantes, a conscientização é fundamental: “A família deve estar segura sobre a decisão da doação e não precisará resolver no momento em que acontecer a morte”. Os profissionais de saúde também são alvo da campanha, pois, como estão em contato direto com possíveis doadores, podem informar imediatamente a instituição sobre a possibilidade de transplante, aumentando assim as chances de novos órgãos ficarem disponíveis. O MG Transplantes conta com núcleos regionais nas cidades de Montes Claros, Uberlândia, Governador Valadares, Juiz de Fora e Pouso Alegre. A descentralização da instituição é importante para não sobregarregar a sede na capital mineira, além de disponibilizar vários outros locais para a receptação de novos órgãos. As filiais receberam um treinamento específico para lidar com seis aparelhos de diagnóstico de morte cerebral, o que proporcionará uma otimização do processo de doação. Neste ano, 710 transplantes foram realizados de janeiro a julho, indicando que os esforços realizados até agora pelo MG Transplantes e pela Secretaria de Saúde não foram em vão. Só no mês de agosto, mês do início da campanha, foram efetivados cerca de 180 transplantes, sendo 140 de córneas, três de medula óssea, 23 de rins, 14 de rins intervivos, dois corações, um pulmão, sete fígados, quatro com rim e pâncreas conjugados, três pâncreas e um com rim e fígado (transplante duplo). O Secretário Estadual de Saúde, Marcus Pestana, afirma que a meta para o ano de 2004 são 2.500 transplantes. O número atual gira em torno de 1.300 transplantes anuais.

O MG Transplantes, Central de Notificação, Captação e Distribuição de Orgãos de Minas Gerais, iniciou no mês de agosto uma campanha para incentivar famílias a doar órgãos de parentes que apresentarem morte cerebral. Com o slogan “Informar, tão importante quanto doar”, a campanha está sendo veiculada nas emissoras de televisão, em cartazes, folders e banners. De acordo com o ex-coordenador estadual da instituição, João Carlos Araújo, são 5.016 pessoas na fila de espera por órgãos e tecidos no estado. A sede do MG Transplante funcionava no Hospital das Clínicas desde 2000 e a partir do dia cinco de agosto desse ano, passou a funcionar no Hospital João XXIII (HPS). O Pronto Socorro não realizará os transplantes, mas vai captar os possíveis doadores. Segundo a coordenadora metropolitana do MG Transplantes, Maria Aparecida de Paula, o fato do HPS ser um dos maiores hospitais de politraumatizados da América Latina, grande parte dos possíveis doadores encontram-se lá. Ele é responsável por 70% das doações feitas no estado. “A proximidade da equipe com o doador agiliza o processo, e, dessa maneira, mais vidas podem ser salvas”, afirma a coordenadora. Com a transferência da sede da instituição para o HPS, a expectativa é de aumentar em 50% o número de transplantes em 2004. A campanha iniciada pelo MG Transplantes visa conscientizar os familiares de potenciais doadores quanto à segurança e a eficiência do processo de doação. A desinformação do doador em potencial acerca do processo faz com que o número de órgãos disponíveis seja insuficiente. Além disso, é preciso averiguar

Cartão Postal de BH sofre com demora na captação de recursos para as obras

A implantação da sinalização automática no Metrô de Belo Horizonte, prevista para estar pronta em 2004, irá permitir que o trecho compreendido entre as estações São Gabriel e Vilarinho deixe de operar em caráter parcial, como ocorre atualmente, com 30 km de extensão. A obra irá contar com financiamento do Banco Mundial (BIRD) e do governo federal, que aprovou verba de R$ 35 milhões para 2004. Enquanto o trecho não está em funcionamento pleno, o intervalo entre as viagens realizadas é de 26 minutos. Para que fosse concluído o trecho Eldorado / Vilarinho, obra iniciada em 1981, o governo federal já investiu US$ 750 milhões. A assessora técnica da superintendência da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Madalena Garcia, alega que a morosidade para a conclusão das obras da linha 1, que integra a estação Eldorado à estação Vilarinho, é devido uma liberação mais efetiva de verbas. “Os investimentos para o metrô da capital estão sendo liberados a conta-gotas, o que dificulta a finalização do projeto”, explica. Além deste trecho, está em implantação a Linha 2 – Calafate / Barreiro, com 10 km de extensão e seis estações. A cons-

Prof. Benjamin Alves Rabello Filho Diretor Administrativo

MÊS OUTUBRO EDITORIA OPINIÃO EDITORA E DIAGRAMADORA PATRÍCIA GIÚDICE

O PONTO Belo Horizonte -Outubro/2003

A Secretaria de Estado da Saúde fez parceria com o Serviço Funerário da Santa Casa para intensificar a captação de córneas. As mortes confirmadas pela funerária serão informadas aos assistentes sociais do MG Transplantes, que entrarão, imediatamente, em contato com as famílias na tentativa de obter novos globos oculares. A parceria já conseguiu captar 44 córneas. “É uma conseqüência da mobilização de nossa equipe, que desde a volta para o Hospital de Pronto Socorro João XXIII (HPS), trabalha com maior eficiência técnico-

ger a atuação política . “Basta os parlamentares realizarem suas funções, resguardar o direito de todos e devolver a cidadania a estas pessoas”, afirma Viana. Situações rotineiras na vida de uma pessoa sem deficiência visual se transformam em um grande transtorno para os cegos. Dados do Instituto São Rafael, referência educacional dos portadores de deficiência visual em Minas Gerais, relatam que dos 400 deficientes que a entidade recebe diariamente muitos chegam machucados em acidentes causados, na maioria das vezes, pelos telefones públicos, dispostos sem nenhum critério nas ruas da capital, dificultando a detectação do aparelho. A falta de políticas públicas que promovam apoio e atividades aos deficientes visuais também é apontada por Antônio Márcio Lima como um fator que contribui para a percepção errônea da população de que o deficiente não é capacitado. Antônio trabalha em um banco em Belo Horizonte. Apesar de já ter ingressado no mercado de trabalho ele ainda sofre preconceito. “As pessoas não acreditam na capacidade do deficiente, eu trabalho porque sou capacitado, estudei para isso”, indigna-se. Lima ressalta que com uma infra-estrutura adequada os deficientes visuais teriam capacidades para se tornarem indivíduos independentes e aptos a realizarem todas as tarefas que qualquer outra pessoa.

administrativa”, afirmou a coordenadora metropolitana do MG Transplantes, Maria Aparecida de Paula. Segundo o gerente do Serviço Funerário da Santa Casa, Jefferson Florêncio, caso aprovada a doação, a equipe do MG Transplantes poderá ir ao local onde o paciente estiver para realizar o procedimento de retirada dos órgãos. Caso contrário, a retirada pode ser feita na própria funerária. “A nossa participação tem caráter cívico e é preciso que todos se conscientizem e colaborem com a doação de órgãos”, disse Florêncio.

Pulmão: Retirado do doador antes da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por até 6h.

Córneas: retiradas do doador até 6h depois da parada cardíaca e mantidas fora do corpo por até 7 dias.

Coração: Retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por até 6h.

Não é difícil se tornar doador. O passo principal é conversar com a família, deixando clara a decisão durante a vida. Não é necessário deixar nenhum documento que comprove sua vontade. Os familiares devem, porém, se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte. Em caso de falecimento, deve-se comunicar, imediatamente, a intenção de doar os órgãos da pessoa para o médico responsável, para o hospital ou para a central de transplantes mais próxima. Quanto aos gastos, o Sistema Único de Saúde (SU

Infoarte: Geek industries

MITOS E VERDADES ◗ Qualquer pessoa pode doar? Idade, o diagnóstico que levou à morte clínica e tipo sangüíneo são itens estudados do provável doador para saber se há receptor compatível. Aidéticos e pessoas com doenças infecciosas ativas não podem doar.

◗ Pode-se escolher a quem doar? Os órgãos disponibilizados através da morte de alguma pessoa são classificados e encaminhados de acordo com critérios da Central de Transplantes responsável.

Conheça alguns fatos relevantes sobre transplantes ◗ Existe a possibilidade de não se ter certeza da morte encefálica? Não. A morte encefálica é caracterizada pela ausência de fluxo sangüíneo em quantidade necessária no cérebro, além de inatividade elétrica e metabólica cerebral.

◗ O corpo do doador fica deformado após a retirada dos órgãos? Não. Os hospitais autorizados a retirar os órgãos têm que recuperar a mesma aparência que o doador tinha antes da retirada.

◗ É caro doar ou receber um órgão? Mais de 90% das cirurgias são feitas pelo SUS. A maioria dos planos privados de saúde não cobre este tipo de tratamento, cujo custo pode variar entre R$ 5 mil e R$60 mil.

◗ É possível doar órgãos em vida? Apesar de ser algo não muito comum pelo fato de não haver informação suficiente acerca do assunto, é perfeitamente possível com a ajuda de um clínico e de exames. Fonte: Ministério da Saúde

MÊS MAIO EDITORIA CAPA EDITORA E DIAGRAMADORA SINÁRIA FERREIRA

M S OUTUBRO ED O SAÚDE ED O D G LA LA PORTO

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Irregularidades atrasam doações de rim em MG Apesar das ações do MG Transplantes e da Secretaria de Saúde do Estado (SES), com objetivo de aumentar o número de transplantes em Minas Gerais, uma auditoria divulgada pelo secretário de Saúde Marcus Pestana indicou irregularidades nos testes de antígeno leucocitário humano (HLA). O exame indica que tipo de sangue o órgão do doador é compatível, influenciando diretamente na fila de espera de transplantes de rim. O laboratório denunciado pela SES é o Sociedade - Serviço de Imunologia e Pesquisa S/C Ltda, que prestou serviços à SES de 1998 a 2002. A empresa é autônoma e, por meio de contrato com o Biocor Instituto, funciona dentro do hospital, em Nova Lima, na Grande BH. Os técnicos da auditoria verificaram que pacientes que apresentaram resultados dos exames não tiveram sangue coletado. Outros apresentavam resultados iguais, o que é cientificamente improvável. Além disso, havia atraso na entrega dos exames ao SES e à Prefeitura de Belo Horizonte. Segundo Pestana, as medidas estão sendo tomadas. “Todos os casos serão investigados rigorosamente. O que nos move é a solidariedade das famílias dos doadores, nosso compromisso com a qualidade e acesso aos serviços de saúde para o cidadão usuário do SUS, com justiça e eqüidade”, completou.

Ato de doação não enfrenta burocracia

Pâncreas: retirado doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por até 24h.

Fígado: Retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por até 24h.

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M S OUTUBRO ED O ESPORTES ED O D G M DO DAN EL CARVALHO

Aqui no Brasil, já sofremos durante 500 anos sem haver mudanças. E agora que um governo competente sobe no poder, querendo mudar, o povo reclama. Parece os anti-Chavez na Venezuela. Os servidores deviam deixar de ser egoístas e parar para pensar que um dia estarão aposentados, recebendo um salário pequeno. Então eles devem ajudar contribuindo com a reforma, assim como os aposentados também contribuirão, pois com o Brasil afundado, o povo é a esperança. E por falar no povo, esse não pode reclamar do governo. Lula disse que o povo teria que ajudá-lo, ele sozinho não poderia fazer nada. Não pode haver uma mudança estrondosa no sistema se não o País quebra. O país ainda não tem uma forte base econômica para se sustentar num eventual socialismo que se Deus quiser, um dia ainda será implantado. O Fome Zero está avançando, o relacionamento com os Estados está bom e dólar se desvalorizou. Quem não gosta do governo, pode dar sugestões racionais e não absurdas como dobrar o salário mínimo. O país ainda não tem condições de fazer algo assim. O povo que por tantos anos sofreu nas mãos dos que ele próprio elegeu, agora vai ter que dar duro durante alguns anospara subir o país. E aliás, a maioria do povo aprova o governo que aí está.

A falsa entrevista proporcionada por Augusto Liberato em seu programa Domingo Legal, veiculada pelo SBT em setembro, levantou polêmica acerca da função e do uso do jornalismo como instrumento de utilidade social. Não é de hoje que o jornalismo tem sua função questionada, pelo fato de, cada vez mais, se aproximar da fábrica do entretenimento. Era previsível que, na guerra pela audiência, se usasse da seriedade do jornalismo para dar crédito a algo totalmente mentiroso. Afinal, quão envolvido o jornalismo está com o entretenimento? E quão abalada fica sua credibilidade a partir dessa farsa? Na realidade, o casamento entre o jornalismo e o entretenimento está cada vez mais consolidado por uma questão cultural. É difícil definir ao certo, principalmente na mídia televisiva, o que tem caráter jornalístico e o que tem caráter de entretenimento. A programação dominical vista na TV é de tal forma imbecilizante que, além de não suscitar a crítica de quem assiste, ou consome, contribui de uma forma cruel com o status quo. O pouco que resta de autonomia nesse público apático se esvai a partir do momento em que algo sério, que tem suposto compromisso com a verdade e com a ética, é usado para os mesmos fins inescrupulosos, como foi o caso do jornalismo. Isso leva à reflexão sobre a credibilidade do jornalismo. A função é simples: levar ao público de uma forma concreta e imparcial, a realidade. O desempenho dessa função não é tão simples, mas deve ser o objetivo final de qualquer jornalista. A partir do momento em que o caráter mobilizante do jornalismo é usado em favor de uma farsa, fica difícil sustentar um argumento sobre a idoneidade da profissão. Os jornalistas que buscam seriamente o exercício de sua profissão são atingidos quando um colega empresta o nome do jornalismo para dar credibilidade a uma farsa. A união entre jornalismo e entretenimento é inevitável, principalmente por causa do dinheiro. Porém, quando um começa a controlar o outro, os valores se subvertem e fica difícil enxergar com clareza o que é real e o que é imaginário. A indústria do entretenimento é poderosa, mas o jornalista deve buscar sempre a independência exercendo corretamente sua função. Episódios como esse, uma farsa em prol de interesses inescrupulosos, envergonham o jornalista sério que procura ser, sobretudo, um comunicador social. Alguém que deve dar à sociedade a chance de pensar por si só, e não ser uma (tele) espectadora de um teatro de marionetes.

Jornal Laboratório do curso de Comunicação Social da Faculdade de Ciências Humanas-Fumec

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M S SETEMBRO ED O ESPEC AL ED O D G M DO S NÁR A FERRE RA

Aléxis Lino 5º período

Editora e diagramadora da página: Isabela Lauria

ESPORTES 13 Desa o é a ng r “Topo do Mundo”

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Radicalismo no Governo Lula Em janeiro de 2003, Luis Inácio Lula da Silva, assumiu o cargo de Presidente da República, com uma carga pesada de mais de R$ 700 bilhões, de dívida externa e com várias empresas que durante o governo de oito anos FHC, foram vendidas para companhias estrangeiras. Quando Lula anuncia os planos da Reforma da Previdência e da Reforma Tributária, radicais tanto da ala esquerda como da direita, começam a se revoltar com as propostas do novo governo que sempre defendeu princípios diferentes. Espera aí! Princípios diferentes não. O que o PT não aprovava, era o modo com que o PSDB estava tratando da questão dessas reformas tão necessárias para o crescimento. O PT ao invés de adotar uma posição radical sendo contra o plano, só porque o PSDB também o tinha em mente e tentou executar e não conseguiu durante oito anos, simplesmente conseguiu aprovar a Reforma da Previdência em pouco mais de oito meses. Vários países evoluídos da Europa, realizaram sua Reforma da Previdência há mais de 40 anos. Todos eles se levantaram trabalhando duro, porque sabiam que o governo queria empurrar seu país para frente.

Vida humana: troco para R$ 10

“N Design” debate papel social em BH

de área de conhecimento estavam movimentadas”, conclui. Para o professor não houve nenhuma falha no programa, mas será necessário expandi-lo através de parcerias com empresas públicas e privadas e fazer um ajuste em relação aos recursos de investimento da própria Fumec.

MÊS MAIO EDITORIA FUMEC EDITORA E DIAGRAMADORA SINÁRIA FERREIRA

MÊS OUTUBRO EDITORIA ESPECIAL EDITORA E DIAGRAMADORA TEREZA PERAZZA

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Daniel Gomes e Fábio Campos 1º e 7º períodos

Naiade Bianchi

Programa de pesquisa concede cinco bolsas Aléxis Lino 4º Período

Parque ecológico de Betim: opções atrativas contribuem para o desenvolvimento rural

tiva para elas voltarem às suas origens”, afirma o gerente. Para organizar o turismo rural, novas políticas estão sendo estabelecidas pela Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério de Desenvolvimento Agrário. A Emater-MG, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais participa neste mês do encontro com o

teca, possibilitando duplicar o acervo existente, como também os espaços de estudos individuais e em grupos. De acordo com o professor Amâncio Caixeta, diretor geral da FCH, a nova sede é fundamental para o crescimento intelectual do aluno de ciências humanas. “A biblioteca é um ponto central para os nossos cursos, que dependem muito de literatura, de bibliografia. Chegamos a conclusão de que a antiga sede estava pequena e in-

Naiade Bianchi

Divulgação

Ana Helena Miranda 7º Período

feridos são o sul do estado e o circuito das águas. “Ao escolher um pacote para esses destinos o turista procura por belas paisagens, cachoeiras e conseqüentemente mais contato com a natureza”, afirma Paulo Tarso. Uma nova opção de turismo rural no estado é o Parque Ecológico Vale Verde, localizado em Betim, região metropolitana de Belo Horizonte. O parque, antes um local apenas de produção de cachaça, reúne várias atrações, que vão desde um orquidário e um criatório de aves até um restaurante internacional. Segundo o gerente do parque, Rafael Gonçalves Horta, o parque é mais freqüentado por famílias da capital que querem fugir da rotina. “É também uma alterna-

O Centro Universitário FUMEC inaugurou no início de abril a nova biblioteca do prédio da Faculdade de Ciências Humanas (FCH), com um investimento de aproximadamente R$1,8 milhão na implantação da biblioteca. Há dois anos, foi feita uma expansão provisória na biblioteca existente, até que no final de 2001, decidiu-se pela construção da nova biblio-

Jornalismo ou entretenimento? Eis a questão

Pode perceber suas ações em situações pouco prováveis e assim se conhecer... Você pode estar se perguntado como funciona este jogo... Uma “partida” de RPG não pode ser jogada com apenas uma ou duas pessoas sendo um jogo que visa a união de seus jogadores ao redor de objetivos semelhantes. Os jogadores devem se unir para que seus personagens sobrevivam ou evoluam no decorrer da aventura. Sem competição, você pode até duvidar da graça de se jogar algo onde jamais você será nomeado vencedor, mas, ver seu personagem escapar de dragões famintos, dançar nos bailes da Europa vitoriana com belas donzelas, encontrar tesouros perdidos há séculos pode mudar sua concepção de diversão. Basicamente deve ser entendido que durante um jogo deste você vive um personagem (criado por você mesmo) em histórias fantásticas e cheias de aventura e glória. O RPG é uma diversão única capaz de garantir horas de muita emoção e aventura em mundos distantes e diferentes, mas, quando associado a quaisquer entorpecentes o RPG pode ser perigoso, afinal, mexe com a percepção da realidade de seus jogadores e com o efeito de drogas ou bebida o jogador pode não saber discernir onde começa a brincadeira e termina a realidade. *Fundador e Narrador-mestre do grupo

RPG é a sigla do termo inglês Role Playing Game, que é de maneira geral traduzido como “jogo de interpretação de papéis”. Portanto, quem joga sabe que o jogo vai muito além de apenas uma nova maneira de se distrair e se divertir. É fato que o mundo fantástico dos jogadores de RPG está em constante divergência de opiniões. Existem aqueles que seguem a trilha do “jogo de final de semana”. Existem aqueles que integram o grupo dos “já que não tem nada pra fazer... a gente joga!”. Posso citar ainda os “perigosamente fanáticos” que acabam transformando fictícias concepções do jogo em modelos de vida(fanático tem em qualquer lugar e são, de igual maneira, muito perigosos se não procurarem ajuda). Enquadro-me na academia dos “cavaleiros intrépidos” do RPG, isto é, dedico-me a divulgar o jogo e a ampliar consideravelmente os jogadores arriscandome muito no ato desta difusão. Como dizia, o jogo de RPG não se baseia apenas na interpretação de personagens... Este hobby, na verdade, é uma divertida e saudável fuga da realidade. O mundo do RPG é dinâmico, é interativo... Você não tem um manual de regras a seguir... As portas quando não podem ser abertas, podem ser evitadas ou derrubadas. Você pode explorar os seus limites...

Nova biblioteca movimenta FCH

Turismo cresce em Minas

O turismo é uma das atividades econômicas que mais colaboram com o desenvolvimento do país atualmente. Dentre os vários segmentos da atividade turística, o turismo rural vem ganhando destaque. Segundo pesquisa da Embratur, que relata a evolução do turismo no Brasil de 1992 a 2001, o turismo rural só perde para a praia no quesito atrativo turístico. O litoral aparece em primeiro lugar com 28, 4 % das escolhas. Em seguida, com 21,6 %, aparecem as opções como campo, montanha, locais de caça e pesca, reservas ecológicas, estâncias climáticas e hidrominerais, todos segmentos da atividade turística rural. Outro fator que contribui para o crescimento do turismo rural são os motivos que levam o turista a viajar. No Brasil, 50,2% das pessoas viajam para visitar parentes e amigos e 27,5% para fugir da rotina e descansar. Viajar para o campo ou para a montanha torna-se então uma excelente alternativa quando se quer fugir da rotina. Ainda de acordo com a pesquisa da Embratur, outro fator que contribui para o turismo no campo é o tempo de permanência. Os fins de semana prolongados, que duram de dois a cinco dias, são os preferidos, com 41,9% das escolhas. Para o proprietário de uma agência de viagens,Paulo Tarso de Araújo, o aumento do dólar é um dos fatores determinantes para a crescente procura pelo turismo no campo. “Com a queda das viagens para o exterior e com os preços dos roteiros para as praias do nordeste exageradamente mais caros, o turista procura opções como hotéis fazenda e estâncias hidrominerais.” explica. Segundo o proprietário, em Minas Gerais, os destinos pre-

Pedro Henrique Nogueira* 2º período

Sônia Regina Pimenta

afirma. O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) foi procurado para falar sobre o assunto, porém sem retorno. O instituto está organizando fóruns de discussão sobre o tema.

Mudanças x Benefícios O engenheiro aposentado da Usiminas, Jaime Eustáquio Lino, disse que a reforma pouco afetará quem já está inativo. “Acho que os benefícios deveriam corresponder às contribuições realizadas, sem privilégios para ninguém. Quem quiser ter uma aposentadoria superior ao teto estipulado pelo governo, que pague um fundo de pensão. O setor público insiste dizendo que terá perdas, simplesmente perderá privilégios”, conclui Ana Lúcia Novaes Konarzewski, coordenadora do núcleo de Minas Gerais da Associação dos Sevidores do IBGE, acredita que o governo está pressionado pelos bancos para implantar os fundos de pensão. “Enquanto os trabalhadores da iniciativa privada ao se aposentarem recebem o fundo de garantia que de certa forma possibilita que se invista em um negócio próprio, o servidor público só tem a aposentadoria, o que considero um lamentável problema difícil de ser alterado”, contesta.

O PONTO Belo Horizonte – Outubro/2003

Nayara Menezes

M S SETEMBRO ED O FUMEC ED O D G M DO ANA CAROL NA L NS BRANDÃO

M S MA O ED O CULTURA ED O D G M DO FERNANDA AVELAR

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12/18/03

11:23 AM

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Editora e diagramadora da página: Patrícia Giudice

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O PONTO Belo Horizonte – Dezembro/2003

FOTOS

GALERIA DE Carolina Coutinho - Página 11/Cultura - Junho de 2003

Sônia Regina Pimenta - Capa de Abril de 2003

Patrícia Giudice - Capa de Outubro de 2003

Intervenção de Ho Chich Min/Foto de Vladimir Oliveira - Página Opinião - Maio de 2003

Naiade Bianchi - Página 06/Educação - Novembro de 2003

Agnus Moraes - Capa de Setembro de 2003

Edição das fotos: Professor Rui Cesar e dos monitores do Laboratório de Fotografia da FCH - Fumec, Alexandre Megale e Maria Fiuza Sérgio Lucarelli - Página Especial Outubro de 2003

Tereza Perazza - Página 14/Comportamento - Setembro de 2003


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