Jornal O Ponto - novembro de 2004

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Propaganda de Aécio Neves contamina jornais mineiros Campanha do governo estadual coloca em dúvida a credibilidade do jornalismo Carlos Fillipe Azevedo

Entre os dias 22 e 26 de novembro, os principais jornais mineiros (Estado de Minas, O Tempo e Hoje em Dia) foram contaminados pela milionária campanha publicitária do governo estadual relacionada ao déficit zero, alcançado por estado depois de mais de dez anos no vermelho. Aécio Neves investiu alto nesta campanha. Nos principais jornais da capital, o governo fez diversas inserções publicitárias, chegando a publicar um encarte de oito páginas em alguns veículos. A partir desses fatos, questiona-se: a publicidade está pautando o jornalismo? Os jornais da capital seriam capazes de fazer críticas ao atual governo, sendo que este investiu pelo menos R$ 200 mil por inserção publicitária em cada veículo? Em um artigo especial, O PONTO analisa e critica a postura da imprensa mineira. Anúncio publicitário do Governo de Minas se tornou machete e chamada das capas dos principais jornais de BH

[ página 16 ]

Assessor direto do presidente Lula deixa o governo Em entrevista exclusiva ao jornal O PONTO, o assessor especial do presidente Lula, Frei Betto, revela o porquê de sua saída do Planalto Central em um momento tão conturbado e de perdas para o governo federal, e também analisa a conduta do Partido dos Trabalhadores na administração do país. [ página 5 ]

Brasilcord é alternativa de cura para leucemia O Ministério da Saúde lançou, no dia 23 de setembro, a Rede Pública de Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário - Brasilcord. Esse banco será uma alternativa à coleta particular feita em hospitais privados. A rede entrará em funcionamento no próximo ano em todo país.

[ página 11 ]

Obras na Antônio Carros são alvo Mesa da ALMG pode ser reeleita Carlos incomodam de marginais A prefeitura de Belo Horizonte, através da Urbel, já começa a transferir os moradores e proprietários da Vila Nova Cachoeirinha, à margem da avenida Antônio Carlos.A remoção se dá devido às obras de duplicação, resultante do fluxo intenso de veículos na região.

Não existe prazo definido para que as famílias deixem o local e, caso exista resistência, o proprietário poderá questionar o valor judicialmente. O parâmetro será determinado por artigo constitucional. [ página 3 ]

A insegurança que atinge os proprietários de veículos na capital mineira é estatística da delegacia de furtos e roubos. Segundo o órgão, no último ano, cerca de 39 mil carros foram roubados em Minas Gerais, 18% a mais que em 2002. Os carros mais visados pelos

ladrões são os modelos Pálio e Uno, da marca Fiat, pela facilidade de arrombamento e revenda. Os bairros mais recorrentes para o furto são: Carlos Prates, Padre Eustáquio, Pampulha e Serra. [ página 7 ]

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que permite a reeleição dos membros da Mesa da Assembléia Legislativa de Minas Gerais colocou em alerta os estrategistas do PT. A reeleição da mesa pode atrapalhar os planos do governo federal em relação à manu-

tenção das candidaturas dos presidentes da Câmara e do Senado. Partidos da oposição alertam que práticas como as sugeridas pela PEC são antidemocráticas e ferem a soberania eleitoral popular. [ página 4 ]

Divugação

Tiago Nagib

Esquerda vence no Uruguai após 174 anos de bipartidarismo

Campeonato de Moutain Board invade interior de Minas Gerais

Depois de Brasil,Venezuela e Argentina, agora é a vez do Uruguai ter um governo de esquerda. O socialista Tabaré Vasquéz, do partido da Frente Ampla, pôs fim a 174 anos de bipartidarismo e venceu as eleições no Uruguai em primeiro turno, com 50,7% dos votos contra 34% de Jorge Larrañaga, do Partido Blanco, e 10,3% de Guillermo Stirling, do Partido Colorado. Para cientistas políticos, a vitória de Vasquéz é fundamental para o fortalecimento do Mercosul. Segundo Jaime Yaffé, professor de Ciência Política na Universidad de la República Del Uruguay, a esperança da população é de que o país continue a se recuperar da crise de 2002, que abalou e deixou os uruguaios no “fundo do poço”.

A adrenalina invadiu a pacata cidade de Carandaí, a cerca de 140Km de Belo Horizonte. No feriado do dia 15 de novembro a cidade sediou a segunda etapa do campeonato brasileiro de Moutain Board. O esporte, que atrai jovens de todo o mundo, é um misto de snowboard, skate e surfe e foi criado pelos surfistas do Havai no início dos anos 90. As manobras de 180 a 720º são executadas em uma prancha com quatro rodas com câmara de ar que vôam sob os pés dos profissionais. Em terra, grama ou asfalto os amortecedores egg-shocks aliviam o impacto com o solo dos saltos que chegam a dois metros de altura no estilo Big Air. As quatro categorias nessa etapa foram Free Style, Big Air, Best Trick e Downhill.

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Vazquéz pede votos a uruguaios residentes na Argentina

Grupo mineiro divulga dança pelo mundo [ página 13 ]

Esporte radical atrai espectadores e jovens participantes

Deficientes sofrem com falta de estrutura [ página 12]

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FCS tem sucesso reconhecido por alunos [ página 14 ]


02 - Opinião - Werkema

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Editor e diagramador da página: Rafael Werkema

2 OPINIÃO

O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2004

Ética X política: critérios sombrios Daniel Gomes 3º Período George Walker Bush reeleito. Por aqui, muito se discutiu em relação ao que seria melhor para o Brasil. Especialistas garantiram que, pelo fato de a América Latina não estar na pauta de discussão do primeiro mundo, no limite, pouca diferença faria para o país. O Partido Democrata, de John Kerry, é historicamente protecionista por ter suas bases ligadas a fortes sindicatos. Essa aliança permite o controle da entrada de produtos estrangeiros nos EUA exercendo um importante papel nas transações mundiais. Já o Partido Republicano pratica políticas econômicas mais liberais, defendendo inclusive a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas). No seu primeiro mandato, Bush esteve mais preocupado em reprimir o terrorismo do que efetivamente interferir em relações comerciais internacionais. Fazendo uma análise rasteira, em curto prazo a reeleição de Bush seria providencial para o Brasil continuar com sua economia superavitária e atingir as metas de inflação impostas pelo FMI, o Fundo Monetário Internacional. Não foi por outro motivo que o governo Lula apoiou George Bush, apesar de John Kerry apresentar políticas

A raposa, as uvas e algumas desculpas

muito mais condizentes com os princípios brasileiros. Cabe questionar então os critérios que balizam as decisões políticas de um governo. Desde 11 de setembro de 2001, não é nenhuma novidade a política agressiva e intransigente que tomou conta das ações dos EUA. Em nome da guerra contra o terrorismo, gastaram como nunca em avançadas armas de guerra, promoveram um crescimento absurdo de sua indústria bélica e envolveram soldados de vários países em um combate sem inimigo fixo. De quebra, mataram milhares de pessoas nas terras médias do Oriente, fora os soldados mortos e feridos. Não obstante, o governo Lula ostentou seu apoio a um presidente megalomaníaco, paranóico e, por que não, assassino. Ora, se a razão de Bush é a paz nos EUA, a razão de Lula é a paz no mercado e conseqüentemente menos pressão sobre seu governo.Todos têm uma razão, mas nenhuma delas é regida pela ética, pelos princípios morais e pelos valores cívicos. O terrorismo existe e é perigoso, mas há cidadãos que pagam caro por ações mentirosas. Se os EUA de George Bush não encontram apoio para suas ações, Lula e sua equipe indiretamente apóiam a carnificina em nome da paz. A mesma que reduziu a pó os símbolos gêmeos da egocentria americana.

Caça às bruxas e culto ao corpo Sílvia Junqueira 2º Período A caça ao sexo durante as empreitadas noturnas, nas quais encontramos jovens na maioria das vezes idiotizados pelo culto à forma, vem sendo imposta pelo mercado que dita uma estética perfeita. A necessidade de sair de casa a procura de alguém ou mesmo pela simples vontade de se expor ao meio chega cada vez mais cedo e se prolonga cada vez mais. É o pavoneio de um modismo narcisista. Principalmente no que concerne aos físicos malhados e estereotipados que as academias de ginástica vendem para serem expostos em uma disputa do mais belo. Neste contexto, as mulheres são as principais vítimas de tal tirania, por fazerem parte de um álbum de figurinhas - trocáveis e descartáveis - dos homens. As revistas que trazem corpos nus e perfeitos são as que mais contribuem para este vazio leilão da beleza. Esta, de importância ímpar, determina a “escolhida” da noite. A curiosidade em saber o que o outro sente, como ele é ou que papel exerce em seu contexto social é praticamente irrelevante quando a face ou a estrutura que acompanha são devidamente agradáveis aos olhos. O

modismo é uma macaquice que tem como objetivo chamar a atenção pela simples aparência. As conversas fúteis que se desenrolam após o contato visual são de conteúdo alienante e de ignorância extrema, o que chega a ser preocupante. O “papo furado” que é estendido por pérolas regadas a álcool acabam, não raro, com beijos e afagos. Assim sendo, pergunto: que espécie de profissionais serão estes no cenário de um futuro não muito distante? A incompetência será inerente a este grupo.A falta de interesse por assuntos que exigem um mínimo de raciocínio ou de leitura são alimentados por esta necessidade de sair para “conhecer gente nova”. Novamente indago: que tipo de pessoas interessantes poderemos conhecer em um meio onde se julga a beleza como algo primordial? Uma noite não é necessariamente boa se sairmos para “baladas” a fim de encontrar alguém e nem necessariamente ruim se ficarmos em casa. Não quer dizer, que devemos ficar em casa lendo Hegel ou assistindo a uma obra de Buñuel, mas às vezes uma instigante conversa em um bar ou em qualquer outro lugar pode ser imensamente melhor do que uma frustrante caça ao sexo.

Moisés Lopes Cançado 6º Publicidade

A derrota será de todos Bruno Tostes 2º Período A má campanha dos times mineiros em 2004 assustou os torcedores. Acostumados a equipes capazes de impor respeito seja qual for o adversário, vêem Cruzeiro,Atlético e América nas últimas posições dos campeonatos nacionais.Talvez o maior consolo dos torcedores seja a companhia de seus maiores rivais no fundo do poço. Entretanto, essa “união” dos co-irmãos é terrível para os clubes. Economicamente falando, a baixa será considerável.A queda do América para a 3ª Divisão do futebol brasileiro trará prejuízos,já que as cotas para os clubes nesta situação são irrisórias. Os patrocinadores se distanciarão. Não há interesse em vincular produtos a uma agremiação perdedora e que pouca mídia terá à sua volta. Já o Atlético,constantemente na zona de rebaixamento, vê sua torcida se afastar.A fidelidade dos alvinegros, tão exaltada e valorizada, não tem sido suficiente para alavancar a campanha da equipe. Os péssimos resultados, a não identificação do time com os torcedores e o alto preço dos ingressos fez cair a presença da massa atleticana.A possível queda para a 2ª Divisão acarretará menores patrocínios e cotas de televisão, problema que será estendido ao Cruzeiro. Sem o Atlético na 1ª Divisão,Minas Gerais perde um voto e prestígio na CBF. Conseqüentemente, perda financeira também para os celestes. Sem os recursos financeiros,Atlético e América terão dificuldade em montar equipes com-

petitivas, em especial o Galo. Se o desastre do descenso ocorrer, é provável que seus principais jogadores deixem o clube, pois será prejudicial a suas carreiras não estar na vitrine do futebol brasileiro.Além disso, o mercado estará sempre aberto para eles, já que a nova legislação permite ao jogador escolher seu destino ao final do contrato. Para obter sucesso na 2ª Divisão é necessária uma equipe equilibrada e entrosada. Será muito difícil isso acontecer, já que outro time será montado, possivelmente sem grandes craques e com pouco tempo para os acertos táticos. As categorias de base do Atlético, que poderiam ser a solução, não apresentam boas perspectivas para um aproveitamento futuro na equipe principal. Na verdade, há muito tempo o atleticano não vibra com um jogador de raízes alvinegras. Neste ponto, o Coelho leva vantagem, pois ultimamente seus maiores destaques foram atletas oriundos de sua base. Os três clubes da capital já não desfrutam dos benefícios das equipes do eixo Rio-São Paulo. Caso haja uma separação, enfraquecerão politicamente. Por isso, estou certo que os dirigentes cruzeirenses torcem pelo crescimento do América e pela permanência do Atlético na elite do futebol brasileiro. No campo existe uma grande rivalidade, e é essencial que exista.A graça do futebol esta aí, nas gozações, torcidas, alegria de um, sofrimento do outro.Mas fora das quatro linhas,é a união dos clubes que fará de Minas Gerais uma potência do futebol nacional.

Adeus ao Grande Líder Tiago Nagib 5º Período Ao falecer no último dia 11 de novembro, Yasser Arafat deixou um legado histórico para seu povo. Ele será lembrado como aquele que proporcionou o nascimento de um futuro Estado Palestino. Hoje, nos parece certo que no futuro haverá um Estado Palestino independente e soberano, convivendo, mesmo não agradando a todos, ao lado de Estado de Israel. Para alguns, a morte de Arafat dará uma nova chance para a paz, e a alegação é a de que o velho líder já não dispunha mais de autoridade e controle sobre as distintas facções palestinas. Esse tom é dado principalmente pelo governo israelense do premiê Ariel Sharon, um eterno inimigo da figura de Arafat. No entanto, a realidade é exatamente o oposto, porque entre os palestinos não há uma liderança tão respeitada como a do falecido presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP). Há uma grande preocupação que facções radicais de grupos islâmicos ponham todos os ganhos já conseguidos pelos palestinos a perder.A atual elite política parece que está tentando salvar o processo de paz, procurando criar um clima de tranqüilidade para que se possam realizar eleições gerais no próximo dia 9 de janeiro. O grande favorito para as próximas elei-

ções é o atual presidente interino da ANP, Abu Mazen, considerado moderado. Sua candidatura poderá ganhar ainda mais força se este receber sinal verde de Washington, não for rechaçado por Sharon e conseguir manter uma aliança com algumas das facções radicais palestinas, o que não é impossível de acontecer. Para uma maior agilidade do processo de paz na região,é vital uma pressão mais forte por parte dos Estados Unidos em relação a Israel. Sem essa pressão, dificilmente Israel cederá em algo. Hoje, parece até difícil lembrar que os judeus passaram por todo aquele sofrimento nas mãos dos nazistas, pois o estado israelense lembra um pouco a Alemanha de Hitler,ao expulsar de suas casas e humilhar de diversas outras formas milhares de cidadãos palestinos. É um absurdo que isso aconteça em pleno século XXI. Quem saiu com prestígio e liderança reforçada em toda esta história foi a brava e resistente França, do presidente Jacques Chirrac, que deu todo o apoio necessário para que se tentasse salvar a vida do legendário líder palestino, e despedindo-se de Arafat com as verdadeiras honras que merece um chefe de Estado. A morte de Arafat faz com que não somente os palestinos, mas também todos aqueles que querem a paz, lamentem a perda de alguém que lutou até o final para a causa de seu povo.

Uma raposa solitária, magra de fome,depois de muito perambular chegou a uma plantação de uvas.As parreiras estavam cobertas de frutos maduros e prontos para comer.Como não havia ninguém à vista,a raposa entrou sorrateiramente na plantação,mas logo descobriu que as uvas estavam muito altas, pois os galhos das plantas se enroscavam no topo de um caramanchão, fora do seu alcance .Ela pulou,errou,tornou a pular, mas todos os seus esforços foram inúteis. Cansada, a raposa começou a sentir dores pelo corpo, em resultado dessas repetidas tentativas no sentido de matar a fome.Finalmente,frustrada e zangada,a raposa exclamou:“Ora,eu não quero mesmo essas uvas! Estão verdes, não prestam”. A felicidade é buscada por cada ser humano, mas nem sempre é encontrada.Segundo Marcuse,a verdadeira felicidade é possível de ser vivida a partir da realização das potencialidades humanas: Liberdade,Solidariedade e Alegria,que estiveram mais próximas de serem postas em prática durante a época do Iluminismo,quando a possibilidade da construção da felicidade foi retirada das mãos de Deus e colocada nas mãos dos homens. No sistema capitalista,porém, tais potencialidades foram castradas por uma cultura afirmativa que voltou a depositar no mundo do sobrenatural a possibilidade de ser feliz.Assim, a liberdade se tornou sinônimo de poder e de consumo, o ser humano é tão livre quanto pode comprar e,por isso, quando se depara com a quantidade de escolhas que pode fazer, pensa ser livre, mas na verdade ocorre apenas uma legitimação de um ideal capitalista, o de consumo.A solidariedade,que significa o outro no mesmo nível social e intelectual, é trocada pela caridade social, que se resume em dar esmola.A alegria, enfim, é substituída pelo hedonismo,um prazer descontrolado que ultrapassa o prazer e implica no sofrimento do próximo. Percebe-se, então, que a verdadeira felicidade esta calcada,acima de tudo, na busca de um conhecimento que leve a uma reflexão e a um crescimento intelectual na verdadeira cultura. Essa cultura, porém, que é trocada, no sistema capitalista por produtos e agentes capitalistas, que são elevados ao sagrado, sacralização do banal.Além disso, a partir do momento em que tudo passa a ser visto como mercadoria, vivese uma constante disputa entre as pessoas para se saber quem ganha mais,não importando saber quem são e por quais dificuldades passam os perdedores. Assim,dentro desse âmago de competição, onde os instrumentos da busca para ser feliz estão midiatizados, ou pior, mercantilizados, é que o capitalismo mascara a felicidade e a transcende para um outro plano. É como na fábula “ A Raposa e as Uvas”,onde o capitalismo é a raposa, a felicidade as uvas, e a não capacidade daquela alcançar esta gera uma série de desculpas, mesmo que bem postas, mentirosas.

Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento

Jornal Laboratório do curso de Comunicação Social da Faculdade de Ciências Humanas-Fumec Coordenação Editorial: Prof. Leovegildo P. Leal (Jornalismo Impresso) e Prof. Mário Geraldo Rocha da Fonseca (Redação Modelo)

Monitor da Produção Gráfica: Marcelo Bruzzi Projeto Gráfico: Prof. José Augusto da Silveira Filho

Monitores do Jornalismo Impresso: Carlos Fillipe Azevedo, Rafael Werkema e Renata Quintão

Tiragem desta edição: 6000 exemplares

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Universidade Fumec Rua Cobre, 200 - Cruzeiro BH/MG Prof. Eugênio Frederico Macedo Parizzi Presidente do Conselho Curador Profª. Romilda Raquel Soares da Silva Reitora da Universidade Fumec

Prof. Amâncio Fernandes Caixeta Diretor Geral da FCH/Fumec Profª. Audineta Alves de Carvalho de Castro Diretora de Ensino Prof. Benjamin Alves Rabello Filho Diretor Administrativo e Financeiro Prof. Alexandre Freire Coordenador do Curso de Comunicação Social


03 - Cidade - Fernanda Chácara

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Editora e diagramadora da página: Fernanda Chácara

CIDADE 3 Prefeitura começa desapropriação O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2004

Moradores e comerciantes deixam a avenida Antônio Carlos para o início da duplicação da via Bruno Ferreira

Gilmara Lanzetta e Vinícius Lacerda 1º Período A Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) deu início ao processo de transferência dos proprietários residentes na Vila Nova Cachoeirinha, margem da Avenida Antônio Carlos, desde o dia 25 de outubro. Essa remoção ocorrerá para possibilitar a duplicação da avenida, que liga o centro da cidade à região Norte e Pampulha. A obra começará em janeiro do próximo ano, com um custo total de R$ 120 milhões, sendo que metade dessa quantia será destinada ao pagamento de indenizações. Com um volume de 73 mil carros transitando diariamente, a avenida necessita da duplicação para a melhoria do fluxo dos automóveis, desconcentração de linhas e circulação de ônibus em apenas uma faixa de tráfego. Para a melhoria desse tráfego será implantada uma pista exclusiva para coletivos, com duas faixas de rolamento em cada sentido. No primeiro trecho, que vai do viaduto São Francisco (Anel Rodoviário) à Rua Aporé, 43 proprietários já foram comunicados sobre a desapropriação e informados sobre os valores que serão pagos. Os proprietários com imóveis avaliados em até R$ 12.500 serão reassentados pelo Programa de Remoção e Reassentamento em Função de Risco ou Obras Públicas (Proas). Os proprietários cujos imóveis tiverem valor superior receberão a quantia equivalente e terão liberdade para escolher outro imóvel. Em casos de invasão de áreas públicas, os moradores receberão apenas o valor atribuído à edificação. O processo de avaliação tem como principal parâmetro o Artigo 5°, inciso 24, da Constituição Brasileira, que determina que a avaliação seja feita de forma justa. Os valores dos terrenos serão definidos através de levantamento de dados estatísticos e pesquisas de mercado. Já as edificações são avaliadas de acordo com a área construída, padrão da construção, tipo de acabamento, idade aparente do imóvel, estado de conservação e arquitetura. Além disso, são seguidas as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT) para as avaliações. De acordo com a Secretaria Municipal da Coordenação de Política Urbana e Ambiental, não existe um prazo definido para que as famílias deixem suas propriedades. Caso algum proprietário discorde dos critérios e não aceite a proposta feita pela prefeitura, poderá questionar o valor na justiça. Insatisfação Segundo o advogado Denis Vas Lopes, todos os indenizados têm o direito de entrar na justiça caso não lhes satisfaça as condições estabelecidas pela prefeitura. Com relação aos terrenos invadidos, seus proprietários não podem pedir usocapião de bem público, ou seja, a apropriação do terreno depois de um determinado tempo de instalação, pois são terras públicas. Lopes considerou o ato de desapropriação impactante e até mesmo violento, o que permite que a população entre com uma ação conjunta contra a prefeitura. Contudo, ações dessa origem podem tramitar anos na justiça e se tornarem irrealizáveis e ineficientes. Para grande parte dos moradores, a mudança é ruim. Há queixas quanto ao baixo valor oferecido pela prefeitura, que inviabilizará a compra de um imóvel perto do centro. Dessa forma, isso pode até dificultar o acesso ao trabalho, como acontece com Marília Pereira, 32, diarista. “É muito bom morar aqui. É perto de tudo. Se eu precisar ir ao centro, eu vou a pé”, comenta entristecida. De acordo com a Secretaria Municipal de Política Urbana, as negociações com os proprietários não têm data definida para terminar, já que eles podem aceitar ou não o valor da indenização oferecida.Além disso, as desapropriações serão feitas progressivamente, conforme a disponibilização de recursos financeiros nos cofres da PBH. A Prefeitura Municipal de Belo Horizonte tem a estimativa de que as obras de duplicação da Antônio Carlos ficarão prontas somente em outubro de 2007. Atrasos poderão ocorrer se os proprietários não concordarem com a oferta da PBH. Nesse caso, não é possível fazer previsões. Até lá,500 famílias devem ser indenizadas pela desapropriação.

Os imóveis situados entre o viaduto São Francisco e a rua Aporé começaram a ser desapropriados no fim de outubro Bruno Ferreira

Remoção é pouco divulgada

Moradores não querem ficar longe de pontos comerciais

Uma das moradoras que terá a ser desapropriada de sua casa na avenida Antônio Carlos é a diarista Marília de Jesus Pereira, 32, que reside na Nova Vila Cachoeirinha. Ela disse que ficou sabendo sobre a desapropriação dos imóveis através dos seus vizinhos. “Primeiro, ouvi por ´disse-que-disse`. Depois, foi colocado no poste um papel sobre uma reunião na regional Noroeste. Lá, eles informaram tudo direitinho”. Segundo ela, a prefeitura não lhe enviou nenhum comunicado oficial. Quanto às providências para que Marília seja retirada do local, houve a visita de um engenheiro à residência dela para medir a casa, comunicar o valor do imóvel e dar um prazo até dezembro para que ela deixe a propriedade. Sobre o acompanhamento para a compra de um novo imóvel, Marília descreve que apenas fará o pedido do cheque e, num prazo de quinze a vinte dias, ele

será liberado, sendo de sua responsabilidade o destino do valor recebido. Grande parte dos vizinhos não está aceitando o fato de ter que se retirar do local. Um dos fatores dessa situação é a boa localização dos imóveis.“A gente mora praticamente no centro, existem várias linhas de ônibus e variedade de comércio”, conta a diarista. Segundo ela, outro motivo é o baixo valor da indenização, que no seu caso é de R$ 17.000,00.“Com esse dinheiro que a prefeitura vai me dar, não dá para eu comprar uma casa aqui.Vou ter que morar num lugar mais afastado, e tudo fica mais difícil. Mas, se a gente tem que sair, fazer o que, né?”. Cogitada sobre o que aconteceria se ela não quisesse vender a sua moradia, Marília responde desolada que, se não deixar o local, a PBH derruba a casa de qualquer jeito: “A gente não tem documento de nada, não é da gente”. Douglas Vieira

Confins pode voltar a ser principal aeroporto de BH Eduardo Klein, Fernando Prado, João Hudson e Paulo Chaves 4º Período Foi prorrogada pela terceira vez a transferência dos vôos interestaduais do Aeroporto da Pampulha para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, localizado no município de Confins, região metropolitana de Belo Horizonte. A Prefeitura de Belo Horizonte solicitou ao governo do estado uma prorrogação de 90 dias, a partir de 1º de dezembro, alegando a necessidade de serem feitas melhorias nas avenidas Antônio Carlos, Cristiano Machado e Pedro I, que fazem a ligação entre o centro e a rodovia MG-010, via de acesso ao Aeroporto de Confins. Embora ofereça instalações modernas, confortáveis e seguras, o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, inaugurado em 1984, está operando muito abai-

xo de sua capacidade, principalmente em função de sua distancia em relação ao centro de Belo Horizonte, em 38 Km. No ano de 2003, o terminal de passageiros registrou um movimento de 364 mil passageiros, aproximadamente 7% de sua capacidade total, que é de cinco milhões de passageiros/ano. Com a aparente queda no movimento de usuários, a transferência de vôos para a Pampulha e o cancelamento de algumas rotas, Confins correu o risco de ter seu movimento reduzido ao transporte de cargas. O Aeroporto da Pampulha tem recebido atualmente um fluxo de 2,7 milhões de passageiros por ano, quase o dobro de sua capacidade. Segundo Wilson Fadul, assessor de imprensa da Infraero, já estão em andamento as obras no Aeroporto de Confins de ampliação do número de balcões para o serviço check-in e

o aumento no quadro de funcionários para otimizar os serviços de suporte e movimentação das aeronaves no pátio.“Serão criados novos postos de trabalho além da transferência de cerca de 1000 funcionários da Infraero na Pampulha, muitos dos quais já haviam trabalhado em Confins anteriormente”, argumenta. Estima-se que, com a transferência, o fluxo de passageiros passe dos atuais 300 mil, para quase três milhões de passageiros/ano. Desenvolvimento A transferência dos vôos para Confins faz parte de um esforço do Governo do estado para estimular o desenvolvimento da região metropolitana da capital, mais especificamente a região Norte, onde se encontra o Aeroporto de Confins.As estratégias do governo incluem também a implantação do aeroporto indústria em 2005, no qual

Confins será pioneiro no país. Serão construídos complexos empresariais e algumas empresas já demonstraram interesse em se instalar nas proximidades do aeroporto, tendo como beneficio o fato de estarem instaladas em uma área semi-alfandegária, onde não irão pagar taxas para a importação de componentes para a fabricação de produtos a serem exportados. Estima-se que esta ampliação das atividades do aeroporto gere 24 mil empregos diretos e indiretos. Para que a transferência dos vôos seja efetiva, o Governo do Estado, em parceria com o Governo Federal e a PBH, está investindo também em obras na rodovia MG-010, via de ligação entre Belo Horizonte e o Aeroporto de Confins. O Aeroporto da Pampulha ficará restrito à aviação regional e serviços de táxi-aéreo. O fluxo no terminal deve cair para 400 passageiros/ano.

Infra-estrutura de Confins facilita transferência dos vôos


04 - Política - Isabela (P)

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Editora e diagramadora da página: Isabela Grecco

4 POLÍTICA

O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2004

Mesa da ALMG ganha direito a reeleição Proposta que autoriza recandidatura à Mesa da Assembléia é aprovada em 2º turno Divulgação Assembléia

Melina Rebuzzi

Léo Moreira 3º Período

“A aprovação da reeleição deve interferir positivamente nos projetos” Deputado Estadual Rogério Correa - PT/PCdoB Divulgação Assembléia

“A reeleição é um ato danoso e fere o direito de escolha” Deputado Estadual Jayro Lessa - PL

Mesa diretora da Assembléia Legislativa de Minas Gerais em reunião

Salve, lindo pendão da esperança, Salve, símbolo augusto da paz. Tua nobre presença à lembrança A grandeza da Pátria nos traz. Recebe o afeto que se encerra Em nosso peito juvenil, Querido símbolo da terra, Da amada terra do Brasil! Em teu seio formoso retratas Este céu de puríssimo azul, A verdura sem par destas matas E o esplendor do Cruzeiro do Sul. Recebe o afeto que se encerra Em nosso peito juvenil, Querido símbolo da terra, Da amada terra do Brasil! Contemplando o teu vulto sagrado, Compreendemos o nosso dever; E o Brasil por seus filhos amado, Poderoso e feliz há de ser. Recebe o afeto que se encerra Em nosso peito juvenil, Querido símbolo da terra, Da amada terra do Brasil! Sobre a imensa Nação Brasileira, Nos momentos de festa ou de dor, Paira sempre, sagrada bandeira, Pavilhão da justiça e do amor! Recebe o afeto que se encerra Em nosso peito juvenil, Querido símbolo da terra, Da amada terra do Brasil!

Símbolo do país. Motivo de orgulho de todos os brasileiros.

19 de Novembro

Dia da Bandeira Nacional

Entenda a emenda constitucional nº 81 de 2004 A PEC, Proposta de Emenda Constitucional, nº 81/2004, de proposição do deputado Leonardo Moreira, líder do Partido Liberal (PL), altera o inciso II do artigo 53 da Constituição do Estado de Minas Gerais, que trata da reeleição da Mesa da Assembléia, para o mandato de dois anos, permitindo uma única recondução para o mesmo cargo na eleição seguinte, seja na mesma legislatura ou em legislaturas diferentes. A medida proposta na PEC 81/2004 visa alterar a proposta da Constituição original, que impede a recondução dos membros da Mesa da ALMG para o mesmo cargo, na mesma legislatura. A proposta justificase por causa da possibilidade da obtenção de maior estabilidade e, conseqüentemente, maior eficácia nas políticas administrativas no interior do Poder. Essa mesma fundamentação possibilitou, por exemplo, que fosse aceita a hipótese da reeleição do chefe do Poder Executivo e pode vir a ser a base da mudança que propiciará aos presidentes da Câmara e do Senado gozarem de um novo mandato. Quanto à sua constitucionalidade, afirma-se com segurança que, no entendimento do Superior Tribunal Federal, nada impede que a PEC permita a reeleição dos membros aos seus respectivos cargos por mais dois anos. Ao contrário de um projeto de lei, a PEC não necessita da sanção do governador, cabendo à Mesa da Assembléia promulgá-la e publicá-la na Constituição do Estado.

Foi promulgada, no último dia 10 de novembro, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que permite a recondução dos membros da Mesa da Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para o mesmo cargo na eleição subseqüente. A PEC 81/2004, de autoria do deputado estadual Leonardo Moreira, do PL, foi aprovada em 2º turno por 58 votos favoráveis e três contra. O mínimo de votos exigidos para aprovação de uma PEC é de 48 votos. Por causa disso, os estrategistas do Palácio do Planalto estão alertas à possibilidade de reeleição do presidente da mesa, deputado estadual Mauri Torres (PSDB). O Planalto quer – e precisa – reeleger os presidentes da Câmara e do Senado, o deputado federal João Paulo Cunha (PT) e o senador José Sarney (PMDB), e tem sofrido grande resistência dos partidos de oposição. Assim o Governo Federal entrou na jogada e orientou o PT mineiro a votar contra a proposta de emenda, diminuindo a resistência da oposição tucana e peefelista. Os deputados que apoiaram a reeleição garantem que a aprovação do projeto não significa que os atuais componentes da mesa serão reconduzidos aos cargos.As candidaturas dos deputados estaduais Dilzon Melo (PTB) e Antonio Júlio (PMDB) foram cogitadas para enfrentar uma eventual tentativa de reeleição de Mauri Torres. Jayro Lessa (PL) é o único deputado que se posicionou contra a PEC e diz que ela é uma manobra política do Governo de Minas. Lessa teme que os 850 municípios mineiros se sentirão no direito de levar a reeleição para dentro das Câmaras Municipais, que poderiam ter também seus res-

pectivos presidentes por todo um mandato, seja qual for o tamanho do município. Lessa ressalta ainda que a proposta é um ato danoso, antidemocrático e acabará com a rotatividade e o direito de escolha, o princípio da soberania popular. Para ele, é preciso que existam renovação e mudanças. Já o atual presidente da mesa, deputado Mauri Torres, afirmou que o fato de a PEC ter sido aprovada não implica na candidatura de todos os membros da mesa à reeleição e nem na reeleição de todos os membros desta. O presidente salientou que o Regimento Interno determina que o partido com maior número de parlamentares deve indicar o candidato à Presidência e lembrou que sua re-candidatura depende de uma discussão dentro do partido.“A recondução de cada integrante da mesa depende da decisão soberana do Plenário e também é preciso saber se cada membro se disporá a disputar um mandato”, concluiu. O representante do bloco PT/PCdoB, Rogério Correia, afirmou que a bancada concorda com a proposta e crê que a aprovação da reeleição na ALMG poderá interferir positivamente na tramitação do projeto que estabelece a recondução dos presidentes da Câmara e do Senado. Admitiu ainda que o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT) e o deputado federal Virgílio Guimarães (PT) discutiram com a bancada a importância da aprovação do projeto. O deputado Antônio Júlio (PMDB), que votou a favor da reeleição, destacou no primeiro turno de votação que não havia motivo para rejeitar o projeto. “Isso não quer dizer que vamos eleger de novo o presidente Mauri Torres”, ressaltou Júlio, que aposta no surgimento de três ou quatro candidaturas à presidência. Colaboração: Daniel Gomes

Denúncia quanto aos super-salários não foi apurada Alvo de criticas e de grandes in- nhum santo; todos optaram por recidentes, os arranhões deixados pe- ceber R$ 60 mil ou mais porque los desagradáveis acontecimentos so- quiseram”, afirmou em 2001, Marbre o “Salário Mínimo dos Depu- celo Gonçalves. O país se lembra que tados da Assembléia Legislativa de o senador Antônio Carlos MagaMinas Gerais” em 2001, foram lhães conseguiu, quando presidente abafados. O deputado Adelmo Car- do Senado, reeleger-se. Reeleito, fez neiro Leão (PT) o que fez: fraudou apresentou uma O Legislativo o painel do Senaremuneração mendo e, para não ser sal média de cerca perde poder cassado, teve que de R$ 70 mil, in- quando se recorrer ao artifícluindo os vencicio da renúncia, mentos de R$ 6 transforma na após o que consemil e uma série de extensão da guiu reeleger-se verbas e benefícios senador da Repúpara a chamada vontade ou da blica. É evidente “manutenção do necessidade que a República mandato”. Os safica mais pobre lários chegaram a do governador quando um dos variar entre R$ 60 do estado ou seus senadores usa mil e R$ 90 mil, expedientes como dependendo da da Presidência este para sobreviposição que cada da República ver na política. um ocupava na diAssim ,o Legisreção da Assemlativo perde poder bléia com aumenquando se transtos de até 300%. forma na extensão da vontade ou da O deputado Adelmo Carneiro necessidade do governador do estafoi alvo de críticas dos colegas, in- do ou da Presidência da República, clusive petistas, como Marcelo Gon- ficando evidente que não interessa à çalves (PDT), que lembrou que os democracia nem serve o cidadão. É salários foram definidos em acordo por estes e outros motivos que o presfeito em 1999, inicio da legislatura tígio dos que se dedicam à política vigente, e que foi assinado por todos anda sempre em baixa nos últimos os parlamentares.“Aqui não há ne- tempos.


05 - Política - Carlos e Rafael

11/30/04

11:26 AM

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Editores e diagramadores da página: Carlos Fillipe Azevedo e Rafael Werkema

POLÍTICA 5

O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2004

Cabeças rolam

no Planalto Central

Em entrevista exclusiva ao jornal O PONTO, Frei Betto esclarece os motivos de sua saída do Governo, além de mostrar a mudança política do Partido dos Trabalhadores após Lula assumir a presidência Carlos Fillipe Azevedo 6º Período

FB - Eu acho que sim, sobretudo se houver um segundo mandato. No primeiro, é difícil devido às pressões e limitações, ao jogo de manter coligações partidárias. Como também são difíceis as relações com os outros dois parceiros das instituições democráticas, que são o Legislativo e o Judiciário, ambos com uma tendência conservadora. OP - O senhor concorda com as alianças políticas que o PT fez nas ultimas eleições? FB - Concordo porque, sem essas alianças, Lula não chegaria a presidência. Mas é preciso ter critérios mais objetivos no compromisso dessas alianças. Por exemplo, a mudança significativa na política econômica deveria ter sido mais clara quando o PT fez suas alianças.

perda significativa para o governo Petista. Frei Betto é frade dominicano e conhece o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde os anos 70. Ele é conhecido por apoiar uma política de esquerda e progressista. A sua saída foi bastante polêmica e envolveu boatos de que ele teria se desentendido com o Ministro Desenvolvimento Social, Patrus Ananias.

O mês de novembro foi marcado por perdas importantes no Planalto Central.A saída de assessores diretos e ministros, e a demissão de ocupantes de cargos em alguns dos principais órgãos do governo, como o da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e do Banco do Brasil, foram motivos de apreensão para a ba- O PONTO - Como começou se do Planalto. sua história com o PT? O primeiro sinal de que o FREI BETTO - Eu não sou Governo não militante do anda se enten- “O Fome Zero PT. A minha dendo foi o ligação, na pedido de de- não terá êxito verdade, é missão do mi- se não houver com os sinnistro da Defedicalistas que sa, José Viegas, fiscalização e fundaram o substituído pe- controle pelos partido. Há lo vice-presi23 anos (desdente José de comitês de 1979) fui Alencar, que gestores da nomeado passa a acumupelo até enlar as duas fun- sociedade tão bispo de ções. Na mes- civil e se não Santo André, ma semana, o Dom CláuPresidente Lu- combinar a dio Pumes, la demitiu o política de a assistente presidente do da Pastoral Banco do Bra- transferência Operária do sil, Carlos Cas- de renda com ABC. Daí o seb, e o presimeu vínculo dente do políticas de de amizade BNDES, Car- mudanças de com Lula e los Lessa. Muioutros funto se especula estruturais” dadores do sobre os motiPartido dos vos de sua deTrabalhadomissão. O que Frei Betto res. Sempre é certo é que fui eleitor do ela coincidiu com o momento PT, mas nunca partidário. em que Lessa fez críticas à politica liberal adotada pelo gover- OP - Como conheceu o Lula no. O presidente do BNDES pessoalmente? também crticou o ministro do FB - Estando trabalhando Desenvolvimento, Luiz Fernan- no ABC, a gente se conhedo Furlan, e o presidente do cia apenas por nomes. NosBanco Central, Henrique Mei- so primeiro encontro foi relles.A saída de Lessa foi mui- em João Monlevade, em jato conturbada, uma vez que di- neiro de 1980, na posse do versos setores presidente da sociedade “O PT está do Sindicato cívil se mobilidos Metazaram contra menos lúrgicos da sua saída. O progressista no cidade, João deputado ChiPaulo Pires co Alencar Governo Federal de Vascon(PT-RJ) enca- na medida em celos. minhou um abaixo-assina- que enfrenta OP - Como do com nomes uma série de você definiria o de personaliPT e qual a dades impor- dificuldades postura do partantes, como entre ser tido na luta de Chico Buarclasses na Aque, o jurista governo e dirigir mérica Latina? Fábio Konder, um máquina FB - O PartiOscar Niemado dos Trayer, Ordem de Estado” balhadores dos Advogados foi uma do Brasil grande ex(OAB), Cen- Frei Betto pressão dos tral Única dos oprimidos, Trabalhadores (CUT) e a Asso- dos trabalhadores, dos pociação Brasileira de Imprensa bres. É o partido melhor (ABI), que se manifestaram a fa- constituído e organizado do vor da permanência de Lessa no Brasil. É o partido que lecargo. vantou a bandeira da reforA saída do assessor especial ma agrária, educacional, trado presidente Lula, Frei Betto, balhista, enfim, um partido em dezembro, também é uma que nasceu com característi-

OP - Foi divulgado pela imprensa que o senhor deixará o governo. Por que tomou essa decisão? FB - Primeiro, é o compromisso que eu tinha feito com o presidente Lula, que é meu amigo fraterno. Eu disse que ficaria durante um período apenas, uma vez que não tenho ambições políticas e nem é minha vocação (por isso não fui militante do PT). Além disso, quero voltar à literatura. Então, são motivos de ordem pessoal que me movem a deixar o governo e retomar as minhas atividades em outros âmbitos e contribuir, a partir dessa decisão, para a sociedade civil. OP - O que você achou da saída do ministro da Defesa, José Viegas? FB - Lamentei muito. Ele é um amigo, uma excelente pessoa e acho que fez um excelente trabalho, mas, enfim, os fatos levaram a essa situação.

cas muito progressistas e agora enfrenta as ambigüidades de estar no poder.

prefeituras e em alguns governos estaduais, sobretudo com orçamento participativo. Agora, o Partido dos Trabalhadores está menos progressista no Governo Federal na medida em que enfrenta uma série de

PT foi ocasionada pelas pessoas que Lula colocou no poder ou pelo próprio rumo da conjuntura econômica? OP - É possível dividir a históFB - A culpa é da própria ria do PT em três fases, sendo a conjuntura econômica, que primeira fase marcada pela sua é uma continuidade da pofundação, a segunda, pela luta lítica instituída no governo para chegar ao de Fernando poder e a terceiHenrique Car“O PT está no governo mas ra, pelo atual doso. Uma coiainda tem muito chão para Governo Lula? sa é você estar FB - Tem senno governo e conquistar o poder” tido fazer esoutra coisa e sa análise a você estar no partir dessa Frei Betto poder. O PT esdidática. No tá no governo início, o PT tinha uma ca- dificuldades entre ser go- mas ainda tem muito chão racterística bastante pro- verno e dirigir um máqui- para conquistar o poder. gressista, com horizontes na de Estado que foi orgasocialistas, defensor dos nizada e montada para ser- OP - Existe a possibilidade de oprimidos da sua fundação. vir à elite brasileira, e não que os programas estratégicos que Depois, o partido assumiu a maioria do povo. o partido sempre lutou sejam imuma postura de adminisplantados pelo governo Lula nos tração mais progressista nas OP - A mudança de postura do próximos dois anos?

OP - O senhor possui divergências com o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias? FB - Não. Tenho diferenças com o grupo gestor do Bolsa-Família, e que agora foi demitido do governo. Isso porque o Fome Zero não terá êxito se não houver fiscalização e controle pelos comitês gestores da sociedade civil e se não combinar a política de transferência de renda com políticas de mudanças de estruturais. OP -Qual o futuro que você vê para o Partido dos Trabalhadores? FB - Espero que o governo acerte e consiga implementar as reformas, e que, sobretudo, corresponda à grande expectativa de mudanças substanciais na estrutura social brasileira, criada com a historia do PT, do Lula, das quatro campanhas presidenciais. E espero que o governo reduza a desigualdade social, promova a Reforma Agrária e crie condições para um Brasil com menos violência, miséria e com mais emprego e soberania nacional, também em termos produtivos.


06 - Economia - Ana C. (P)

11/30/04

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Editora e diagramadora da página: Ana Carolina Rocha

6 ECONOMIA Petróleo é estopim de crise mundial

O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2004

Recentes aumentos no preço do barril faz consumidores relembrarem primeira crise, ocorrida em 1973 Tiago Nagib

João Vitor Viana 6º Período Há 31 anos todo o mundo passou por uma grande crise financeira: a crise do petróleo. Intitulada “Primeira Crise”, o fato ocorreu no final de 1973, quando países árabes do Oriente Médio, que asseguravam 60% da produção mundial do composto, entraram em conflito com Israel e decidiram cortar em um quarto o volume produzido. O embargo pretendia ainda pressionar o mundo ocidental a apoiar os árabes contra os israelenses. Nos Estados Unidos houve grande pânico. Filas foram formadas nos postos em busca de combustível que estava em franco aumento. No Brasil, segundo o professor de Economia,Fernando Nogueira, quebrou-se um ciclo de crescimento.“Até a década de setenta,o Brasil vinha crescendo de forma espetacular e isso foi interrompido. Nunca, no mundo, se viu um país crescer tanto quanto o Brasil nessa época”,afirma.“Outro problema, conseqüência da elevação do preço do petróleo,foi o início de uma crise inflacionária no país”, completa. Na crise, os preços quadruplicaram; alguns anos mais tarde, com a revolução iraniana, eles dobraram. A crise do petróleo marcou o fim do crescimento pós-guerra e muito contribuiu para que as décadas

de 80 e 90 fossem consideradas perdidas. Nogueira diz ainda que o marco desse ciclo de não-crescimento se deveu, principalmente, ao aumento do petróleo. Crise atual Diferentemente do que ocorreu há mais de três décadas,o aumento atual do petróleo acontece por outro motivo.“Nos anos 70, a principal razão do aumento do petróleo aconteceu por

“Até a década de setenta, o Brasil vinha crescendo de forma espetacular e isso foi interrompido” Fernando Nogueira, professor de Economia da Fumec

ação sindicalizada da Opep, Organização dos Países Exportadores de Petróleo e isso só existia devido a uma dualidade existente entre Estados Unidos e União Soviética. Com forças militares equivalentes, os Estados Unidos eram impedidos de ter uma ação mais incisiva para que houvesse preservação do preço do petró-

leo”, comenta Nogueira.“Hoje isso não ocorre.Caso a Opep quisesse aumentar o preço, não impediria os Estados Unidos de ter uma reação militar, em caso de necessidade”, explica. O professor ainda afirma que não há mais adversários capazes de ameaçar os Estados Unidos como antigamente.“Não há mais a contraforça, como era a União Soviética.A questão atual é outra: caso a China, a Índia e os Estados Unidos cresçam, a demanda por petróleo aumenta,o que gera ciclos especulativos. E isso gera o aumento preventivo do preço do produto para,no futuro próximo, o país obter lucro. É uma onda especulativa”, completa. Segundo o professor de Radiojornalismo,Getúlio Neuremberg,esse aumento se intensificou nos últimos dias.“Esse aumento causa um certo pânico na população. São indícios de uma nova crise.Exemplo disso é que o Governo Federal previu,para o final do ano, o preço do barril de petróleo em torno de U$ 35.O preço atual já passou dos U$ 50”,diz. O aumento do preço do petróleo remete ao pensamento de alternativas de combustíveis. Fernando Nogueira afirma que isso é um desafio para a humanidade.“Deve-se pensar em como se desenvolver uma matriz tecnológica que possa vir a substituir o petróleo e que seja renovável. O álcool, a energia elétrica e o gás natural seriam as principais”, finaliza.

Em 1973, a busca foi combustível foi alta, resultando em filas nos postos

Juliana Morato e Rodrigo Mascarenhas 4º Período O aquecimento da economia e a expectativa do Natal causou um aumento de 20% nas contratações de funcionários extras no comércio e indústria,com a criação de aproximadamente seis mil empregos temporários em Belo Horizonte. Os varejistas também anteciparam suas encomendas de fim de ano com os fornecedores para evitar o risco de não ter mercadorias em volume suficiente nas prateleiras para suprir a demanda. Segundo a assessoria de imprensa da CDL-BH,Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, o aumento da taxa básica de juros, de 16% para 16,25% na última reunião do Copom, causou certa apreensão entre empresários e executivos do varejo e da indústria de eletrodomésticos, uma vez que a reversão na tendência dos juros pode provocar uma queda de expectativa de vendas.Entretanto,este aumento não foi capaz de provocar mudanças nas taxas cobradas ao consumidor. Os empregos temporários, são, para muitos, a salvação para um ano de crise e desemprego . Um exemplo é Helena Oliveira, 20, que estava desempregada há um ano e três meses. Na semana passada conseguiu uma vaga numa loja de roupas infantis na capital mineira. Ela vai ficar duas semanas em treinamento para começar a trabalhar efetivamente.

“Estou me adaptando a rotina da loja para tentar garantir minha contratação definitiva após o Natal”,afirma otimista a recém-contratada.Além de salvar o fim de ano de muitas famílias, estes empregos podem resultar em trabalho fixo para o próximo ano. Previsão A previsão dos dirigentes dos shoppings é que os produtos mais procurados serão celulares, televisores, DVDs e câmeras digitais. Outros produtos que também devem atender a uma grande demanda são os brinquedos,artigos de perfumaria, calçados e confecções de todas as idades. Mesmo com essa expectativa, o presidente da União dosVarejistas de Minas Gerais, Lázaro Pontes, disse que os setores que vêm historicamente demonstrando uma maior rentabilidade não são os mais custosos e sim os de varejos de pequeno presentes.“ Há venda maior de produtos como tênis,vestuários,brinquedos,livros, bebidas”,afirma. O varejo já comemora a melhora das vendas e torce para que os índices de lucros neste Natal superem as expectativas em relação ao ano passado e impulsionem o consumo e o número de empregos para o ano de 2005.De acordo com dados da CDL-BH, o volume da produção de bens de consumo pela indústria já demonstra aumento e espera-se uma elevação efetiva das vendas para este fim de ano. Arquivo O Ponto

Vendas de fim de ano devem superar o Natal passado

Ter negócio próprio é uma alternativa para desemprego Para tentar “driblar” o desemprego, problema crônico do país, uma alternativa encontrada pelas pessoas é a abertura de um negócio próprio. Além de fazer o próprio horário e não ter patrão, o lucro é todo da pessoa. De acordo comVanusa Maria Ferreira, 30, residente do bairro Caiçara, região Noroeste de Belo Horizonte, a saída encontrada foi começar a trabalhar com o artesanato. “Eu sempre gostei de mexer com isso. Por uma necessidade, isso virou o meu sustento hoje”.Vanusa ressalta que ela deve ficar sempre atenta, já que, durante o ano,as vendas de alguns produtos começam a cair.“ Tenho sempre que estar mudando. Em uma determinada época do ano vendo sabonetes com glicerina. Agora,faço Papais-Noéis e coisas relacionadas à época”. Apesar de conseguir se sustentar com o artesanato, Vanusa ainda sonha em voltar ao seu antigo emprego. “Eu era professora da rede pública e privada. Sempre estou distribuindo currículos para tentar voltar a dar aulas”, ressalta. Raquel Pires, 29, recentemente abriu um bar próximo ao colégio Arnaldo. Segundo Raquel, a esperança é que o estabelecimento dê certo. “Gastamos dinheiro na reforma e esperamos nos estabilizar. Esperamos que as pessoas venham, gostem e voltem depois”, disse. Raquel conta ainda que dá aulas de inglês e de dança, mas que não estão surgindo muitas oportunidades. “Quando acontece um evento, às vezes me chamam. Enquanto isso vamos apostar no bar”, conclui a professora.

T i a g o Pe r e i r a

Vendas de Natal geram empregos temporários


07 - Segurança - Luiz Ciro

11/30/04

11:28 AM

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Editor e diagramador da página: Luiz Ciro

SEGURANÇA 7 Cresce roubo de automóveis em BH O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2004

Número de ocorrências aumenta em 18% de 2002 a 2003, segundo Delegacia Especializada Sérgio Nicácio

Ana Cláudia Esteves, Denise Tolentino, Paula Cerutti e Stella Santiago 5º Período A todo o momento centenas de carros são roubados em Belo Horizonte. Esse tipo de crime, cada vez mais recorrente, gera uma atmosfera de inseguraça entre os moradores da capital. De acordo com dados da delegacia especializada de repressão a furtos e roubos de veículos, somente no ano passado, 39.900 carros foram roubados em todo o estado, um aumento de cerca de 18% se comparado ao ano de 2002. Só no primeiro trimestre deste ano, foram contabilizados 3.460 registros de roubo na capital. De acordo com o inspetor Manoel José Vieira, em média são furtados 35 veículos por dia em Belo Horizonte. A tabela ao lado faz uma comparação do número de veículos em determinado período do ano. Os carros mais visados pelos ladrões são os Fiats Pálio e

Uno, que, por serem veículos populares, têm maior facilidade de arrombamento e revenda. As caminhonetes Saveiro e D-20 também são veículos vulneráveis, por apresentarem carroceria, facilitando o transporte de outros objetos roubados e até mesmo entorpecentes. Terça e sexta-feira são os dias com maior índice de furto de automóveis e os bairros mais atingidos são: Santo Antônio, Carlos Prates, Padre Eustáquio, Pampulha e Serra. Vários são os fatores que influenciam na escolha do bairro para se roubar um veículo, entre eles estão a existência de favelas nas redondezas, o acesso de fuga mais rápido, a falta de policiamento e o valor do veículo encontrado em determinada região. Em Minas Gerais, de 70% a 90% dos automóveis furtados são recuperados.“Esse índice é fruto do trabalho da Polícia Militar junto a outras delegacias especializadas em furto e roubo de carros”, afirma Hudson de Souza, cabo da PM.

Carros clonados preocupam os mineiros

Quando recuperados, os carros roubados são guardados no pátio da Polícia Civil

Sons são o principal alvo O alvo principal desta prática criminosa são os sons automotivos, já que têm alto valor e facilidade para revender. Nem mesmo a Polícia Militar têm estatísticas específicas sobre o furto de aparelhos de som em veículos, somente de arrombamentos em geral englobando qualquer outro objeto de valor. Diante do elevado índice de arrombamentos os consumidores estão se dirigindo às lojas especializadas, para repor os vidros danificados. Na Sociedade AutoVidros,por exemplo,que fica perto da Rodoviária, a troca de vidros em veículos de passeio, vítimas de arrombamento, cresceu 40% nos últimos dois anos.

Laura Garcia, estudante da Fumec, teve seu carro roubado e diz ser uma experiência terrível. “Um homem me arrancou a força do meu próprio carro e me jogou no chão com muita violência”, relata Laura. Ataques como esses são comuns a mulheres, pois os ladrões não se sentem ameaçados e já sabem que dificilmente haverá uma reação. Algumas precauções podem ser adotadas para evitar esses imprevistos, entre elas não estacionar em lugares desertos, não deixar objetos de valor a vista dentro do veículo e fazer um seguro, que garante uma tranquilidade para proprietários de automóveis.

2004 2003 2002 2001 Julho

2314

1997

1590

1518

Agosto

2302

1946

1664

1625

Setembro

2170

1979

1696

1503

Outubro

2300

2023

1872

1670

Além dos roubos, outro fator alarmante é a clonage, tanto dos números de chassi dos veúclos como também da documentação dos automóveis. No Brasil, cresce aceleradamente o número de carros clonados. Cada vez os mais ladrões estão se especializando não só em alterar o número do chassi do veículo, como também o número do documento, que será copiado de um outro veículo da mesma marca e cor. Muitas vezes, a falsificação alcança uma perfeição tão grande que se torna praticamente impossível sua identificação para os menos treinados. Mesmo se forem tomadas as devidas precauções como, por exemplo, a checagem do “nada consta” no Detran, fica difícil detectar a fraude, pois os dados contidos remeteriam ao carro do qual a numeração foi plagiada.“A solução é prestar muita atenção no recebimento de multas incertas, ocorridas em locais que você nem mesmo passou naquele dia e se você desconfiar de uma clonagem registre uma queixa imediata na delegacia” informa o inspetor Manoel José Vieira da Delegacia Furtos e Roubos. Ao comprar um carro, o cliente deve conferir se a agência escolhida possui de sede fixa e também se ela tem credibilidade no mercado, além de verificar sempre a documentação do veículo no Detran antes de fechar negócio.“Em Minas Gerais, principalmente, a clonagem de carros está tomando uma proporção muito grande. É uma nova descoberta, mas estamos nos empenhando nas investigações”, diz o inspetor Vieira.

Sérgio Nicácio

Seguros cobram preços astronômicos

Como reconhecer um carro roubado

Com o aumento do número de furtos nas grandes cidades os motorositas devem recorrer a uma série de medidas preventivas para proteger seus veículos da ação de quadrilhas especializadas em roubo de carros. Antes de investir na compra de um veículo usado ou 0 km, é importante que o motorista procure saber quanto irá gastar com o seguro. O cliente deve ficar atento ao fato de que nem sempre o mais barato é a melhor opção e, de acordo com o levantamento feito pela Seguradora Sul América, o roubo/furto de veículos torna o seguro 35% mais caro em Minas Gerais. Luís Carlos Avelar de Souza, proprietário de uma corretora de seguros em Belo Horizonte, afirma que o seguro veicular está cada vez mais adequado ao risco para o qual o veículo está exposto e o preço doseguro é justo, “atualmente, o seguro está mais vantajoso para o motorista que paga pelo preço do seu risco, do seu perfil”, ressalta Luís. Modelo e marca do veículo, assim como perfil do motorista interferem na cobertura do seguro. O preço do seguro para um cliente de 20 anos e solteiro (perfil considerado de risco pelas seguradoras) será praticamente o dobro do que o seguro de um homem de 40 anos, casado. A falta de experiência no volante também é um dos fatores que ajuda a encarecer o seguro, teoricamente, mais tem-

De acordo com o despachante Geraldo Luiz Neves, existem algumas maneiras de reconhecer e identificar um veículo roubado. Uma delas é verificar a autenticidade dos documentos, conferindo os números do chassi, da placa, o nome do proprietário e o tipo de combustível, analisando cópias de documentos, mesmo autenticadas por órgãos de trânsito. “É preciso comparar se o número do chassi gravado no painel ‘corta-fogo’ bate com o número gravado nos vidros. Geralmente, sempre ficam vestígios de remarcação na numeração original” alerta o despachante. Geraldo Luiz também recomenda levar o carro a alguma oficina de confiança para examinar o painel corta-fogo, onde pode-se localizar a gravação do chassi, que também pode ser encontrada na torre do amortecedor dianteiro. Nos modelos mais recentes, o chassi está presente no assoalho da cabine, atrás e ao lado do banco do passageiro, ou sob o assento.“É importante procurar por sinais de adulteração na carroceria, como marcas de soldas, números e letras desalinhadas ou com espaçamento irregular”, explica. Outra forma de reconhecer um carro roubado, segundo Luiz, é verificar se a placa traseira traz o lacre de chumbo e o arame de licenciamento preso à carro-

po de habilitação possui maior segurança na direção, correspondem a menos chances de se envolverem acidente. O risco de sinistro também interfere na negociação do seguro, pois modelos de carros mais visados por ladrões, fazem com que algumas seguradoras se recusem a fazer o negócio. A indústria de produtos anti-roubo está faturando milhões de acordo com a Indústria de Freios Carneiro. O alto índice de furtos de carros faz as pessoas instalarem em seus veículos alarmes, trancas elétricas e vários outros acessórios que são produzidos para evitar a ação do bandido. Essa situação se agrava devido à falta de investimentos na segurança pública, e a falta de interesse do governo com as situações sociais que a cidade atravessa. A indústria de freios de segurança esta se consolidando no país em razão do crescimento de furtos de carros.Travas e bloqueadores, tornam-seprodutos essenciais, que garantem a tranqüilidade dos proprietários de automóveis. As travas e bloqueadores são fabricados com técnicas exclusivas, conferindo maior confiabilidade aos produtos. Esses bloqueadores e travas têm um baixo custo de instalação, que oscila entre R$ 150 a R$ 200, além de dimunir o custo do seguro automovel.

Carro teve vido quebrado e aparelho de som furtado

ceria e comparar os códigos dos fabricantes das placas dianteira e traseira. “Se os códigos não coincidirem, é porque as placas foram produzidas por indústrias diferentes, o que indica que a placa traseira pode ter sido adulterada”, diz. Portando o nome do proprietário, números do chassi e placa, ano/modelo e cor do veículo, deve-se ligar para o Detran (3236-3518 em Belo Horizonte) ou acessar o site www.detrannet.mg.org.br para levantar o prontuário do carro. Outra alternativa é consultar o Cadastro Nacional de Veículos Roubados ( CNVR) no endereço eletrônico www.seguros.com.br. O despachante ressalta que no caso de suspeitar da autenticidade da gravação de chassi do carro, o proprietário deve levá-lo ao setor de vistoria do Detran, onde é realizada uma inspeção mais minuciosa e providências são tomadas caso seja comprovado que o veículo foi realmente adulterado. “Mesmo com os devidos cuidados relacionados é preciso ficar alerta para a possibilidade de novos meios de adulteração, pois os criminosos estão cada vez mais ousados”, afirma Luiz. E ele ainda propõe: “A sociedade deve trabalhar em conjunto com a polícia civil para que os criminosos possam ser identificados e devidamente punidos”.


08 e 09 - Mundo - Werkema

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Editor e diagramador da

8 MUNDO

O PO Belo Horizonte –

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página:Rafael Werkema

MUNDO 9

ONTO – Novembro/2004

erança que ge à esquerda De oposição, o partido da Frente Ampla põe fim a 174 anos de bipartidarismo no Uruguai, e o Mercosul pode ser fortalecido com a vitória de Tabaré Vasquéz Tiago Nagib 5º Período Pela primeira vez desde sua independência em 1830, o Uruguai terá um presidente que não faz parte dos dois grandes partidos locais, o Partido Colorado e o Partido Nacional, também conhecido como Blanco.A vitória do candidato de esquerda, o socialista Tabaré Vásquez, pela coligação Frente Ampla e Encuentro Progressista, marcou o fim do bipartidarismo no Uruguai.Tabaré ganhou as eleições ainda no primeiro turno ao obter 50,7% do votos contra 34% de Jorge Larrañaga do Partido Blanco e 10,3% do candidato do governo, Guillermo Stirling, do Partido Colorado. Sua vitória já era esperada nas eleições de 1999, quando Tabaré apenas não ganhou do atual presidente Jorge Battle devido à aliança que o Partido Colorado fez com seu tradicional rival Partido Blanco. A vitória de Tabaré é também vista com bons olhos pelos governos argentino e brasileiro, já que o candidato socialista é visto como maior defensor do Mercosul do que Battle, sendo que este chegou até a afirmar uma vez que “os políticos argentinos são todos uma corja de ladrões”, durante uma entrevista a rede de notícias americana CNN, pensando que não estava no ar. Esse episódio gerou uma crise política nos dois lados do Rio da Prata e teve um desfecho melancólico, com o presidente uruguaio indo a Buenos Aires para fazer um pedido de perdão formal em meio a lágrimas perante o então presidente, Eduardo Duhalde. Segundo Carlos Ranufo, professor de ciência política da UFMG, a vitória de Tabaré ajuda a criar uma unidade dentro do Mercosul, e foi até positiva para o Brasil, mas o peso econômico do Uruguai é

muito pequeno.“É muito frágil economicamente além de ser extremamente dependente de Argentina e Brasil”, completa o professor. Já para a cientista política Vera Alice, deve-se levar em conta principalmente o fato de a esquerda ter chegado pela primeira vez ao poder, quebrando assim o bipartidarismo. Para analistas, a vitória da esquerda também representa um triunfo da esquerda em quase todo o Cone Sul, com as administrações de Ricardo Lagos no Chile, Néstor Kirchner na Argentina e Lula no Brasil, sendo todos eles bem avaliados em pesquisas de opinião. O ex-presidente Julio Maria Sanguinetti, que governou o país por duas vezes entre 1985 e 90 e de 95 a 2000 pelo Partido Colorado, lamentou:“Esse é o pior momento do Partido Colorado”. Foi de fato a pior derrota do partido em sua história. Isso se deu devido ao descrédito da população perante Battle, já que em seu mandato o Uruguai passou pela pior crise econômica de sua história, onde ocorreu uma grande desvalorização da moeda, além do corralito ou confisco bancário. Apesar de toda a crise, o Uruguai não decretou o fim do pagamento de sua dívida externa, sendo assim o único país sul-americano que nunca esteve em moratória. Além das eleições presidenciais, foi a plebiscito a proposta de Reforma Constitucional sobre a impossibilidade de se privatizar o sistema estatal de águas subterrâneas e de superfície, onde o sim a esta reforma obteve mais de 60% dos votos, oficializando assim o total controle do Estado sobre os recursos híbridos do Uruguai. Não é a primeira vez que se oficializa a impossibilidade de se privatizar uma empresa estatal, já que em 1992, a maior estatal uruguaia, a empresa petrolífera ANCAP foi também a plebiscito sobre a possibilidade de privatização onde a resposta foi a mesma de agora.

Governo do socialista Tabaré Vasquéz deve priorizar combate à miséria “O país tem a expectativa continuar a se recuperar da crise de 2002”. A frase de Jaime Yaffé, professor de Ciência Política na Universidad de la República Del Uruguay em Montevidéu, revela um pouco da esperança que os uruguaios têm em relação ao novo governo. Em entrevista a O Ponto, o cientista político fez uma análise da chegada do partido da Frente Ampla ao poder e projeções para o Governo Vásquez. O PONTO - Quais são os principais fatores que fizeram a esquerda chegar pela primeira vez ao poder no Uruguai? JAIME YAFFÉ - Primeiramente, é preciso citar o grande descontentamento da população em relação às reformas liberais implementadas pelos governos dos partidos tradicionais nos últimos vinte anos. A esquerda foi capaz de captar politicamente esse descontentamento, posicionando-se como uma força política moderada, responsável e preparada para governar. E durante 15 anos, a prefeitura de Montevidéu agiu nesse sentido: de moderação ideológica e programática do partido da Frente Ampla e de construção de alianças que se incorporaram a forças de centro esquerda, primeiro o partido Encuentro Progressista, e depois, Nova Maioria. OP - O senhor acredita que Tabaré Vasquez dará uma maior atenção ao Mercosul? JY - Todos os pronunciamentos públicos, assim como seu programa de governo, vão nessa direção. OP - O senhor acredita que a relação política de Tabaré com os pre-

sidentes Néstor Kirchner e Lula será melhor que a relação do atual presidente, Jorge Battle? JY - Sem dúvidas. De fato, já é melhor.Tudo indica que o governo de Vásquez priorizará a região e olhará menos que o Battle para os Estados Unidos e seu projeto da ALCA.Além disso, no caso de Lula há uma evidente afinidade ideológica entre o PT e a Frente Ampla, e uma relação de muitos anos, que começou no fórum de São Paulo, em 1990, e vem até hoje. OP - O Uruguai tem boas perspectivas de crescimento com Tabaré? Poderá voltar a ser chamado de Suíça da América do Sul? JY - O país tem a expectativa continuar a se recuperar da crise de 2002 que deixou os uruguaios no fundo do poço e ingressar em um processo de crescimento sustentado a médio prazo. E é preciso que o Uruguai tenha êxito na aplicação do programa econômico-social de porte desenvolvimentista e de redistribuição com o qual ganhou a eleição. No entanto, as restrições são muitas e as margens de manobra estão bem reduzidas pela deteriorada situação atual e os compromisso externos que o país deve fazer frente nos próximos anos. Ninguém pode dizer hoje se o Uruguai poderá voltar a ser chamado de Suíça sul-americana. Pelo momento, apenas se abriu uma grande expectativa de que a economia possa recuperar-se e ingressar numa etapa de crescimento com a redistribuição de renda e que a indigência possa ser radicalmente reduzida a curto prazo e a pobreza a médio prazo.

História e nostalgia Primeiro estado do bem estar social em toda a América Latina, o Uruguai tenta recuperar a vanguarda perdida na segunda metade do século XX.A vitória da esquerda nas recentes eleições presidenciais pode trazer de volta a esperança a este tão nostálgico povo. No início do século, o Uruguai despontava como a exceção positiva da América Ibérica, tendo realizado feitos incríveis naqueles tempos. Esse pequeno país, quase esquecido, pelo mundo soube ter educação laica e gratuita antes da Inglaterra, voto feminino antes da França, jornada de trabalho de 8 horas antes dos Estados Unidos e divórcio nada mais que 70 anos antes da Espanha. Nostálgicos com o passado, os uruguaios pareciam ter perdido a fé e a esperança no futuro, sempre recordando os bons tempos, quando essa pequena nação era considerada a Suíça sul-americana devido à solidez econômica de seus bancos além de possuir uma das melhores seleções de futebol do planeta, ganhando assim as duas primeiras Copas do Mundo que participou, batendo simplesmente seus arqui-rivais Argentina em 1930 e Brasil em 50, calando assim um Maracanã lotado em seu maior feito desportivo, o eterno Maracanazo. Essa mudança política pode significar inicialmente a confiança perdida desde os tempos que seus craques Máspoli, Obdulio Varela e Schiaffino heróis do Maracanazo encantavam o mundo com seus talentos.

URUGUAI

em números

Moeda: Peso Uruguaio População: 3.380.177 Alfabetização: 97% Expectativa de Vida: 75.2 anos PIB: 12.321 Bilhões de Dólares Renda Per Capta: U$ 3.610 Taxa de Desemprego: 18% Dívida Externa Pública Líquida: 6.491 Bilhões de Dólares Fonte: site oficial do Governo do Uruguai


10 - Ambiente - Ana Luiza

11/30/04

11:32 AM

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Editora e diagramadora da página: Ana luíza Gontijo

10 AMBIENTE Cães sadios são sacrificados em BH

O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2004

Mais de 80% dos animais recolhidos pelo Centro de Zoonoses são enviados para câmaras de gás Ana Luiza Gontijo

Ana Cecília Faria e Renata Monteiro 5º período

contaminação que justificaria a eutanásia caso o cão estivesse contaminado. De acordo com o Programa Saúde Humana e Vida Animal, elaborado pelos Ativistas dos Direitos dos Animais, 90% dos animais

Com o objetivo de controlar doenças como a raiva e a leishmaniose, o Centro de Controle de Zoonoses de Belo Horizonte (CCZ), Programa Saúde órgão da Secretaria Municipal de Saúde, recolhe Humana e Vida diariamente através do animal, elaborado serviço da carrocinha cerca de 60 animais que vipelos Ativistas dos vem nas ruas. Segundo daDireitos dos dos do CCZ, cerca de 50 desses animais, ou seja, animais, aponta mais de 80% deles, são saque 90% dos crificados. Os cães capturados permanecem no loanimais mortos cal por três dias úteis e, se estão saudáveis nesse prazo não forem recolhidos pelos proprietários, são enviados para a câmara de gás. mortos estão saudáveis. Já o veA prática do controle de terinário da zoonose, Sérgio animais de ruas, no entanto, Magalhães diz que “desde que vem sendo alvo de críticas por o animal esteja na rua, ele é pogrupos ambientais. Organiza- tencialmente nocivo à saúde”. ções Não Governamentais de Segundo consta no processo proteção ao animal como a judicial, que exige o fim do CãoViver e Animais Urbanos método de matança indiscridenunciam que os animais têm minada de animais, movido pesido sacrificados sem que o lo Ministério Público contra a centro realize os exames de Prefeitura de Belo Horizonte,

Cão abandonado se alimenta de lixo

uma média de 150 animais são mortos diariamente. A voluntária da ONG CãoViver, Estefânia Corradi, garante que “a atuação do CCZ é criminosa e esbarra nas Leis de Proteção ao Animal porque a lei número 8.565, de 13 de maio de 2003, sobre o controle da população de cães e gatos, prevê, em um dos artigos, a adoção de animais no CCZ, o que está distante de ser cumprido”. O veterinário Magalhães, explica que os exames não são realizados nos animais porque mesmo se eles não estiverem com doenças, o centro não dispõe de infra-estrutura para mantê-los até estarem aptos à adoção.A Ativista dos Direitos dos Animais, Marlene Moureira, discorda de Magalhães e afirma que se houvesse boa vontade da Prefeitura, após serem submetidos aos exames, os bichos saudáveis poderiam ser entregues de imediato à feiras de adoção.A ONG CãoViver realiza feiras de adoção de animais todos os sábados de 9 às 16 horas, na praça junto à igrejinha de Sáo Francisco, na região da Pampulha.

Ana Luiza Gontijo

ONGs querem esterilização A política de controle de animais proposta pelas ONGs defende a idéia de transformar o Centro de Controle de Zoonoses em um centro de tratamento de animais, onde estes serão esterilizados e vacinados. Além de considerarem a esterilização um método que não transgride os direitos dos animais, ambientalistas apontam, conforme divulgado pela Organização Mundial de Saúde em 1992, que a captura e sacrifício de cães é caro e ineficaz, uma vez que a taxa de nascimento de animais é muito superior à eliminação. Outro aspecto importante são campanhas de conscientização para a posse responsável de animais já que muitos dos cães capturados

foram abandonados nas ruas pelos proprietários. Segundo Estefânia Corradi, voluntária da ONG CãoViver,“a esterilização e vacinação dos animais de rua, aliadas à educação da população, são medidas mundialmente aceitas porque não infringem as leis e os direitos dos animais, além de serem consideradas mais eficazes e terem menor custo”. Atualmente, a CCZ afirma que possui um gasto mensal de R$ 71 mil,mas as ONGs de proteção animal afirmam que o gasto é de R$ 200 mil. Conforme o Programa Vida Animal e Saúde Humana,cem mil animais poderiam ser vacinados e esterilizados mensalmente com a metade da verba gasta pela CCZ.

Prefeitura realiza campanha de posse responsável de cães

Propaganda orienta a posse responsável de cães

O Programa Posse Responsável, desenvolvido pelo Centro de Controle de Zoonoses, está em fase de implantação. A iniciativa tem o objetivo de sensibilizar e orientar a população quanto ao tratamento dos animais através de propagandas nas traseiras de ônibus, escolas e clínicas veterinárias. O projeto inclui, também, visitas de agentes sanitários às casas que devem começar em novembro para orientar a população quanto às doenças transmitidas por cães bem como os cuidados necessários. A esterilização ainda não possui

Plástico é pouco reciclado em MG Arquivo O Ponto

Daniela Reis, Déborah Arduini, Maria Cristina Chaves e Willian Chaves 5º período

me a Associação Brasileira da Indústria Química, Abiquim, o potencial de mercado de reciclagem de plástico é grande. A capacidade instalada da Abiquim O Brasil produz cerca de já alcança cerca de 340 mil to200 mil toneladas de lixo dia- neladas por ano e, movimenta riamente, sendo que três tone- em valor de produção mais de ladas são resíduos plásticos.Ape- R$ 200 milhões anuais. nas 14% do material plástico é Apesar de nas últimas duas destinado à redécadas, o ciclagem apesar peso médio do grande desdas embalaApenas 5,6% taque dado à gens plásticas de materiais questão, desde ter diminuíos anos 80, do pela meplásticos são quando o pritade havenreaproveitados do redução meiro choque do petróleo no impacto em Minas alertou os estudo descarte diosos dos sédos produtos rios riscos de em aterros Dados da Plastivida esgotamento sanitários e o dos recursos não-renováveis. Em índice de reutilização de embaBelo Horizonte quatro mil to- lagens usadas ter aumentado, neladas de lixo são produzidas ainda é insuficiente o esforço por dia e, segundo o biólogo e para o tratamento adequado dos pesquisador da Bemplast, Leo- detritos. nardo Fittipaldi Torga, não se saSegundo estudos da Plastibe qual a quantidade de plásti- vida, o índice de reciclagem de co recolhida na capital.“O lixo materiais plásticos em Minas não é separado de forma seleti- Gerais é de 5,6%, média inferior va. Para isso deveria ter um pro- à nacional que é de 14%.“Regrama de coleta no qual as pes- ciclar é uma necessidade e, para soas separassem cada material isso, deveria haver um progranos domicílios”, diz Torga. ma de coleta seletiva que gaO descaso com o reaprovei- rantisse a separação do material tamento de resíduos, no entan- pela população facilitando o trato, não diz respeito a sua pouca balho dos órgãos de limpeza urviabilidade comercial. Confor- bana”, aponta Leonardo Torga.

Recipiente de materiais demonstra baixa coleta de plástico para a reciclagem

Resíduos plásticos podem gerar empregos O Serviço Nacional do Comércio, Senac, divulgou dados afirmando que a reciclagem de plásticos, além de prolongar a vida dos aterros sanitários e diminuir a poluição ambiental, representa para a sociedade brasileira, criar postos de empregos diretos e indiretos. A afirmação é baseada no fato de que o plástico é utilizado em quase todos os setores da economia brasileira como na construção civil, indústria têxtil, teleco-

municações, distribuição de energia e diversos outros ramos empresariais. Um quilo de plástico equivale a um litro de petróleo em energia, de modo que a prática da reciclagem contribui para o não esgotamento de recursos não-renováveis como o petróleo, garantindo a economia de energia elétrica e de matéria-prima.Também, a produção de artefatos reciclados chega ao mercado 30% mais

baratos do que os mesmos produtos fabricados com matériaprima virgem. O processo de reciclagem é dividido em coleta, seleção, revalorização e transformação, sendo que, para maior eficácia desses procedimentos, existe atualmente no país um sistema de codificação dos materiais plásticos como os usados em garrafas para refrigerante e o os utilizados em tubos e conexões de água.

previsão para ser implantada. O veterinário do CCZ, Sérgio Magalhães, acredita que o atual quadro de abandono de animais e de superpopulação será revertido a longo prazo através da ação conjunta da sociedade e do poder público. Estefânia Corradi, voluntária da ONG CãoViver, acredita que o trabalho de conscientização contribuirá para resolver o problema de futuros abandonos de cães mas acredita que outros projetos, como feiras de adoção, devem ser implantados para que seja solucionada a superpopulação de animais que estão nas ruas.

Somente 13% dos domicílios participam da coleta seletiva A separação dos diversos materiais que compõem o lixo é o primeiro passo para que a reciclagem seja implantada. Esse procedimento é conhecido por coleta seletiva e consiste em separar detritos que podem ser reaproveitados e transformados em matéria prima para a fabricação de novos produtos.Atualmente, apenas 13% do processo de recolhimento de materiais recicláveis é realizados nos domicílios e a maior parcela, 51%, é obtida através do serviço dos catadores de papel. Segundo Roberto Magno, consultor da Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável (Asmare), a população só passará a contribuir quando se conscientizar da importância de tornar a coleta seletiva em um hábito. A coleta consiste basicamente em separar o material orgânico, lixo molhado, do reciclável, lixo seco, e levar os detritos que podem ser reaproveitados até os locais de entrega voluntária ou solicitar a coleta, no caso de BH, pela Asmare. Para facilitar o trabalho da população existe um padrão de cores adotado mundialmente para os recipientes destinados à coleta seletiva dos resíduos.


11 - Saúde - Carlos e Mari H.

11/30/04

11:30 AM

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Editores e diagramadores da página: Carlos Fillipe Azevedo e Mariana Hilbert

SAÚDE 11 Saúde ganha nova rede de doação O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2004

Bancos públicos de sangue de cordão umbilical são alternativa à doação particular, mas geram polêmica Carlos Fillipe Azevedo e Mariana Hilbert 6º Período

o uso apenas à família”, contrapõe. No Mater Dei o procedimento de coleta particular foi O tema tem gerado diver- implantado no inicio do ano gências agudas em todo o passado. A parceria com a mundo. Agora, o Ministério da Criopraxis garantiu a viabiliSaúde do Brasil colocou sua dade do armazenamento de porção de lenha na fogueira ao materiais colhidos. De acordo inaugurar, no dia 23 de setem- o médico Carlos Henrique bro, a Rede Pública de Bancos Mascarenhas o custo desse tide Sangue de Cordão Umbili- po de procedimento varia em cal e Placentário – Brasilcord. torno de R$ 3.950, preço que A rede servirá para coletar inclui a coleta em Belo Horiamostras de sangue de cordão zonte e o envio e armazenaumbilical com objetivo de co- mento do material no Rio de brir toda a diversidade étnica Janeiro, onde funciona o labobrasileira. Com a divulgação da ratório Criopraxis. implantação da rede, uma poDados do Mater Dei moslêmica discussão no meio da tram que mais de 180 pessoas genética ganha força. É válido já utilizaram esse tipo de servivender o serviço de coleta de ço. No entanto, o que impressangue de cordão umbilical sob siona é o fato de que a maioo argumento de que este ma- ria dessas pessoas sequer tem terial é imprescindível à saúde histórico de doenças do sangue de um filho? nas famílias. A questão “Esse sistema “Muitas pestem sido amsoas procuram plamente de- particular de o serviço parbatida e anali- coleta é inviável ticular porque sada quando não confiam se compara e chega a ser na qualidade banco públi- anti-ético” do serviço de co com colecoleta pública tas particulae se sentem res. Anna Bárbara Proietti, presiden- mais seguras A hema- te da Fundação Hemominas com armazetologista Anna namento parBárbara ticular” expliProietti, presica Carlos dente da Fundação Hemomi- Mascarenhas. Ainda de acordo nas, acredita que o uso de co- com o médico Carlos Mascaleta privada restringe o acesso renhas, o Instituto Nacional do de receptores e o uso do mate- Câncer (Inca), que mantém um rial,“o resultado é muito duvi- banco público, coletou 600 doso, o custo é enorme e, in- bolsas no período de quatro clusive, esse sistema particular anos, “no mesmo período a de coleta é inviável e chega a Criopraxis fez a coleta de 3 mil ser anti-ético”, expõe Anna. bolsas”. Atualmente, o hospital Mater Carlos Mascarenhas acresDei oferece o serviço de cole- centa polêmica ao tema ao ta particular através de uma par- questionar a viabilidade da receria com a Criopraxis, clínica de implantada pelo Ministério que mantém o banco de cor- da Saúde e alerta para uma posdões umbilicais da Universida- sível falta de continuidade do de Federal do Rio de Janeiro. projeto.“O custo para montar Segundo o especialista em Me- e manter uma estrutura como dicina Fetal Carlos Henrique essa de um banco de sangue de Mascarenhas Silva, médico do cordão é muito alto e isso não hospital Mater Dei,“existe es- pode ser um projeto de um gopaço para atuação de coleta par- verno só”. A assessoria do Miticular e pública, isso porque o nistério da Saúde defende o congelamento feito pelo servi- projeto e divulga que investirá ço público pertence a toda so- R$ 46 milhões para criar e esciedade e o particular restringe truturar o Brasilcord.

Vantagens da rede pública O Ministério da Saúde divulgou, através de sua página oficial da internet, que a implantação de uma rede de bancos de cordão umbilical trará diversas vantagens para o sistema de saúde brasileiro. É citada a garantia de que 100% das diversidades biogenéticas dos brasileiros serão representadas, o que significa um aumento de 35 a 90% da probabilidade do paciente encontrar um doador compatível no Brasil. Outra vantagem apresentada pelo Ministério é que haverá uma redução de gastos na busca de um doador.

Dados da assessoria de comunicação do Ministério revelam que, atualmente, para buscar e obter células de cordão umbilical compatível para transplante, é gasto em torno de U$ 23 mil por cordão. Com a implantação do banco esse custo cai para cerca de U$ 2 mil por cordão já no primeiro ano de funcionamento. A rede também irá proporcionar desenvolvimento de pesquisas de genética.Além disso, o Brasilcord será o embrião para uma outra rede, mais ampla, de armazenamento de tecidos, como pele, ossos, ligamentos, vasos e válvulas cardíacas.

Divulgação: Mater Dei

Para manter a integração dos bancos de sangue de cordão umbilical da rede Brasilcord, o Ministério da Saúde vai implantar um sistema de informação com dados de todas as unidades.Através desse sistema será possível fazer o monitoramento e o controle de qualidade e distribuição para os receptores cadastrados no Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Além de proporcionar maior integração entre os bancos existentes no Brasil, o sistema de informação irá auxiliar a busca de material em outros países.

Segundo Anna Proietti o Brasilcord estará ligado aos sistemas internacionais de transplantes de sangue de cordão, o que irá aumentar a possibilidade de se encontrar um doador em qualquer lugar do mundo. “O net-cord, por exemplo, é uma rede virtual de bancos de sangue de cordão européia. Além dela também existe a rede japonesa e a australiana. Sendo assim, qualquer brasileiro que tiver compatibilidade com material armazenado em um destes bancos poderá receber o transplante”, explica a hematologista Ana Proietti. Luiz Ciro

Banco mineiro será no Hospital das Clínicas

Bancos de armazenamentos do sangue de cordão umbilical

A rede Brasilcord vai impantar hemocentros em cinco regiões do país. O Ministério da Saúde investirá R$ 46 milhões para criar a rede e R$ 9 milhões para montar a estrutura física dos bancos. As cidades sede dos postos serão: Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campinas (SP), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Ribeirão Preto (SP), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). Em Belo Horizonte, o primeiro banco público de cordão umbilical vai funcionar nas dependências do Hospital das Clínicas da UFMG e terá parceria com a Hemominas e a Rede Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). De acordo com a presidente da Fundação Hemominas, a hematologista Anna Bárbara Proietti, em Belo Horizonte, o banco de sangue de cordão umbilical vai ser desenvolvido pela Hemoninas, contará com a estrutura física do Hospital das Clinicas e receberá uma verba de cerca de R$ 1,5 milhão, destinada pelo Ministério da Saúde para capacitar mão de obra e comprar

equipamentos. Segundo Anna Proieitti, “o projeto do banco já foi aprovado e a previsão de implantação é para o início de 2005, após o Hemominas receber a verba do Ministério da Saúde”, explica. Em Belo Horizonte, o banco será abastecido com doações de mães que derem à luz em maternidades da rede Fhemig, credenciadas pelo Hemominas. Sangue de cordão e placenta ficarão armazenados por tempo indeterminado, até que seja identificado um receptor compatível. De acordo com Anna Proietti, “a doação do sangue do cordão umbilical é igual à doação de qualquer outro órgão e todos os doadores que quiserem participar da rede pública são anônimos, assim como os receptores”, explica. Especialistas em biogenética afirmam que as chances de achar compatibilidade no banco de sangue de cordão umbilical é muito maior do que no banco de doador adulto de medula óssea. A maior vantagem do sangue de cordão umbilical é a possibilidade de doação imediata.

Brasilcord em BH terá estrutura no Hospital das Clinicas


12- Educação - Carlos F. (P)

11/30/04

11:29 AM

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Editor e diagramador da página: Carlos Fillipe Azevedo

12 EDUCAÇÃO Deficientes esperam por mudanças

O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2004

Escolas públicas ainda não se adaptaram ao manual de acessiblidade para portadores de deficiência Stella Santiago

Fernanda Melo 4º Período

Professora orienta crianças portadoras de necessidades especiais em sala de aula

O Manual de Acessibilidade para Prédios Escolares elaborado pela Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais, já está em vigor desde o 1º semestre deste ano.A cartilha detalha e dá subsídios técnicos para os profissionais da área da construção civil e incentiva diretores de escolas a priorizarem as ações que promovam a acessibilidade dos alunos especiais nas escolas públicas. Estas mudanças sugerem uma adaptação nos pisos, escadas, rampas, portas, banheiros de uso comum, corrimãos e nas carteiras, o que privilegia a locomoção dos alunos que necessitam de cadeiras de rodas.A Secretaria de Educação garante que o prontuário já foi encaminhado a todas as prefeituras de Minas Gerais e há a previsão de que, até o fim do ano que vem, todas as escolas possuam a adaptação necessária. A cartilha tem sido distribuída em todas as escolas estaduais e municipais, para as superintendências regionais de ensino e para as associações de apoio aos deficientes. Segundo a urbanista responsável pelo projeto, Milene Braga Foresti, o manual é apenas uma resposta da Secretaria aos diversos pedidos e reclamações quanto a falta de estrutura de algumas escolas para atender os deficientes.“Em Belo Horizonte ainda

são poucas as escolas que possuem adaptação a não ser aquelas que já são destinadas a deficientes”, denuncia. De acordo com a diretora da secretaria,Tânia Mafra, a partir de agora todas as escolas deverão ter uma adaptação dentro dos padrões

“A minha expectativa é que esta cartilha funcione e não permaneça apenas no papel como outros projetos que já foram elaborados” Adriana Vidigal- Pedagoga

estabelecidos pelo prontuário. “A criação deste manual foi muito importante porque muitas escolas querem fazer uma adaptação mas não possuem as noções técnicas e não sabem as medidas corretas.A cartilha possui uma linguagem acessível e de fácil entendimento para todos”, explica. O Manual é o resultado de uma luta constante por parte de pedagogos e assistentes sociais

em prol dos direitos dos deficientes, acredita a pedagoga Adriana Vidigal Lima, ex-funcionária da escola estadual Francisca Malheiros e da escola estadual Professor Caetano Azeredo. “A minha expectativa é que esta cartilha funcione e não permaneça apenas no papel como outros projetos que já foram elaborados”, ressalta a pedagoga. Ela afirma a necessidade de adaptação não só do espaço físico da escola mas também do processo pedagógico.“Os professores devem ser treinados para ensinar as crianças de maneira adequada. As escolas devem ser adaptadas para todas as deficiências, como a física, visual e mental.”, lembra Adriana Lima. A pedagoga também alega que não teve acesso ao manual e que sua divulgação tem sido bastante tímida.“Entrei na Internet e não consegui localizá-lo no site da Secretaria de Educação. Acho que o prontuário deveria ser de fácil acesso para consultas”, reclama a pedagoga. Segundo dados da Coordenadoria de Apoio e Assistência a Pessoa Deficiente, Minas Gerais possui 350.146 deficientes, sendo que 277.507 estão localizados em Belo Horizonte. A técnica da Coordenadoria, Maria Alice Pessoa, acredita que devido a estes dados é necessário que o Estado dê melhor atenção aos deficientes, promovendo uma maior inserção destes nas escolas da capital.

Modificações nas escolas são importantes para os alunos Vida que corre em suas veias

A escola estadual São Rafael, especializada em deficientes visuais, já possui adaptações desde o fim do ano passado. A instituição localiza-se na rua Augusto de Lima, em Belo Horizonte, e possui cerca de 490 alunos e 147 funcionários.A escola recebe alunos de manhã e a tarde e ainda tem 15 alunos internos. O internato atende deficientes com idade até 18 anos, que geralmente são crianças que vieram do interior ou que possuem uma situação financeira precária.A instituição possui turmas para adultos e idosos e também recebe pessoas com outras deficiências decorrentes da cegueira. Questionada sobre as melhorias que as adaptações trouxeram para o funcionamento da escola, a vice diretora, Elisa-

beth Coelho Santos, afirma que as modificações facilitaram a locomoção dos idosos e dos alunos portadores de deficiência física.“Os deficientes físicos não tinham acesso à biblioteca e não conseguiam chegar na sala da assistente social.Agora, podendo freqüentar todas as áreas da escola, o rendimento escolar desses alunos aumentou”, ressalta a vice-diretora. A escola ainda conta com oficinas de tricô, modelagem, marcenaria e música, fora do horário das aulas, o que contribuí para o desenvolvimento dos alunos. Mas segundo a funcionária Sônia Elias, muitas máquinas estão estragadas e não são trocadas por falta de recursos.“Recebemos, muitas vezes, a ajuda de amigos, familiares e dos professores para conti-

nuarmos funcionando”, conta. A escola também oferece cursos de mobilidade para adultos que se tornaram cegos, ensinando-os a realizar melhor as tarefas do dia-a-dia, e curso de braile. A instituição recebe constantemente a visita da promotoria que fiscaliza se o estabelecimento está dentro das normas, segundo Elisabeth Santos. Ela também alega receber a verba do governo destinada aos materiais escolares e à merenda dos alunos.“Recebemos sempre a verba, mas esta não é suficiente para atender todas as necessidades da escola e muitas vezes temos que buscar recursos em outros lugares, como na prefeitura por exemplo”, desabafa a vice-diretora da escola. Stella Santiago

To d o s o s d i a s , m i l h a re s d e p e s s o a s c o m o v o c ê n e c e s s i t a m d e s a n g u e . H o m e n s , m u l h e re s e c r i a n ç a s p o d e m s e r s a l v a s com a sua doação.Doe sangue, doe alegria, salve vidas. 25 de novembro - Dia Mundial do Doador de Sangue

Modificações melhoram a qualidade de vida de alunos deficientes


13 - Cultura - Marina Leão

11/30/04

11:37 AM

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Editora e diagramadora da página: Marina Leão

CULTURA 13 Minas brilha no cenário da dança O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2004

Amor à manifestação artística é ingrediente fundamental para se alcançar o sucesso nos palcos Nayana Rick

A dança é a arte mais antiga que o homem experimentou e a primeira arte a vivenciar com o nascimento. O homem e a dança evoluíram juntos nos movimentos, nas emoções, nas formas de expressão e na arte. Na evolução das formas de dançar, ela foi se misturando no cenário das antigas civilizações e se diversificando em muitas formas de expressão e interpretação. Segundo certas correntes da antropologia, as primeiras danças eram individuais e se relacionavam à conquista amorosa. É a única arte que dispensa materiais e ferramentas e depende só do corpo e da vitalidade humana para cumprir sua função enquanto instrumento de afirmação dos sentimentos e experiências subjetivas do homem Nayana Rick 5º período Em Belo Horizonte, três companhias de dança de estilos e linguagens diversificadas se destacam no cenário nacional e internacional. Convidadas de honra para abrir os principais festivais de dança e fazerem turnês variadas no exterior, estas companhias levam o nome de Belo Horizonte e Minas Gerais na bagagem e trazem prestígio e repercussão para o estado. A receita de tanto sucesso é unânime para os bailarinos. Para Júnio Teixeira, integrante da Sesiminas Companhia de Dança, o grupo tem um imenso valor na sua vida.“É minha paz e tranqüilidade. Resumindo, é minha vida”, comenta. Já para Danielle Pavam, bailarina do renomado Grupo Corpo, a dança é a representação de seus sentimentos.“O amor pelo que faço prevalece. É por isto que a dança é tão especial para mim”, diz. Casado com Danielle, Dadier Aguilera, integrante da Companhia de Dança Palácio das Artes, acredita que o que predomina é a força de vontade e o prazer pelo que faz “Em cima do palco temos que ter determinação, e passar para o público que temos prazer em mostrar nossa arte”, conta.

à serviço da excelência e da criatividade A Companhia de Dança Palácio das Artes, antes denominada Cia. de dança de Minas Gerais, foi fundada em 1971 pelo professor Carlos Leite, e ao longo de sua trajetória estabeleceu uma linha de atuação eclética, participando de montagens de óperas, eventos e cantatas. Atuando em montagens independentes, graças a critérios de excelência, apuro técnico e criatividade, é hoje um dos mais conceituados grupos de dança do país. Com a direção de Cristina Machado, ex-bailarina de formação moderna e contemporânea, a companhia de dança possui, atualmente, um elenco com 22 bailarinos. “mantemos um processo de reflexão-pesquisa através de conferências, debates e workshops sobre a linha de atuação em novos espetáculos, buscando linguagens e temas em sintonia com as criações artísticas e contemporâneas”, conta a diretora. Para ela, o bailarino deve servir-se das técnicas, estilos e linguagens próprias além das que o coreógrafo estipula. Com o patrocino do grande teatro Palácio das Artes, o grupo segue sua trajetória como uma das companhias de dança mais tradicionais do país, reslizando turnês pelo interior do estado, do país e algumas cidades do exterior. Nas turnês, recebeu vários prêmios como melhor companhia de dança do Brasil, melhor concepção cenográfica, melhores bailarinos e melhores trilhas sonoras.

De acordo com Márcio Melo, coordenador da Sesiminas Companhia de Dança, o crescimento de seus bailarinos e o amor que os mesmos tem pelo que fazem já rendeu a eles o troféu transitório no Festival da Dança de Joinville (maior nota do evento), e passagens pela Bulgária, França, Japão e Argentina. A assessora de comunicação do Grupo Corpo, Cristina Castilho, acredita que a dedicação dos integrantes é o segredo de todo o trabalho.“São feitas em média duas ou três turnês no exterior a cada ano. O grupo já dançou na Alemanha,Austrália, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Itália, França, Suíça e Inglaterra entre outros”, conta ela. Já a diretora da Companhia do Palácio das Artes, Cristina Machado, a maneira como os bailarinos expressam o que sentem em cima dos palcos contribui para o sucesso do grupo. Entre os principais prêmios do grupo se destacam: Prêmio Mambembe 98; Sesc/ sated 2000; Amparc/ Bonsucesso 2000 e Sesc/ sated 2002. Analisando o percurso destas três companhias dentro do cenário nacional e internacional da dança, fica fácil perceber o motivo do brilho e encanto destes grupos nos palcos de todo o mundo.

O desafio do Corpo Seguindo uma linha contemporânea e usando uma linguagem própria, adotada por Rodrigo Pederneiras, o Grupo Corpo ocupa um lugar de destaque no cenário da dança nacional e internacional. Fundada em 1975, por iniciativa de Paulo Pederneiras a carreira do grupo vem sendo marcada por sucessivas metamorfoses, sempre em torno de três preocupações: a definição de uma identidade, a continuidade de um trabalho a longo prazo e a integridade de padrões autoimpostos por elaboração. A assessora de comunicação do grupo, Cristina Castilho, conta que os bailarinos, antes de ingressarem no grupo, passam por uma rigorosa audição, onde são avaliados pela técnica, físico e resistência. ”O Grupo Corpo faz em média 75 apresentações anuais e muitos de nossos bailarinos já atuaram no exterior”, comenta. Tanto esforço e dedicação renderam à companhia o patrocínio exclusivo da Petrobrás e demonstram que o Corpo não é só o nome de uma companhia, represnta uma tradição na dança de Minas. Manter viva esta tradição é a tarefa que a companhia se impõe. “Sua identidade se renova exatamente ao ser capaz de mudar. E é isto que garante sua continuidade, a idéia de que a dança brasileira é vista como representação de um sentimento que desafia a nós mesmos”, conclui Cristina, responsável pela assessoria do grupo.

Bailarinas ensaiam mais de quatro horas por dia como preparação para a apresentação final do espetáculo

Um marco no repertório acadêmico Fundada em 1990, a Sesiminas Companhia de dança, que conta hoje com 20 integrantes, começou com um grupo de jovens bailarinos de formação clássica sob a direção de Cristina Helena. Com 14 anos de existência, a companhia passou a traçar um perfil inédito no país, seguindo a imagem dos “ballets jovens” europeus e resgatando o que de mais precioso há no repertório acadêmico. De acordo com Márcio Melo, coordenador artístico da companhia, além da linha acadêmica, é trabalhado com os bailarinos a técnica clássica de

vanguarda.“Aliados a estas duas linhas e estilos, o grupo criou um compromisso com seus bailarinos de educar o público e formar novos profissionais”, comenta. E acrescenta “o resultado de todo este trabalho está na freqüente participação do grupo em diversos festivais de dança nacionais tornando-se uma grande colecionadora de prêmios”. Para Júnio Henrique Teixeira, 23, bailarino da Sesiminas, os ensaios são pesados, tendo em média cinco espetáculos por mês ,mas o grupo é uma realização para ele. “É a minha segunda

casa, quando ensaio esqueço meus problemas e busco minha tranqüilidade”, conta. Já Ana Caroline Pagano, 28 , a primeira bailarina do grupo, acredita que o local faz parte do seu ideal de vida.“Algo pelo qual eu sempre lutei para ter, luto e quero continuar lutando”. A companhia participou 19º Festival de Joinville em agosto deste ano e, pela terceira vez trouxe o cobiçado 1º lugar como Melhor Grupo do Evento do maior Concurso de Dança do país. Os bailarinos enfrentam a rotina desgastante, porém prazerosa.

“A companhia é a minha segunda casa. Quando ensaio, esqueço meus problemas e busco minha tranqüilidade, minha paz” Júnio Henrique, bailarino

Nayana Rick

As belas apresentações das companhias de dança de Minas Gerais fazem sucesso em todo o mundo


14 - Fumec - Renata (PM)

11/30/04

11:36 AM

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Editora e diagramadora da página: Renata Quintão

14 FUMEC Fumec inaugura FCS com sucesso

O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2004

Faculdade de Ciência da Saúde agrada alunos e acredita numa formação ética voltada para a cidadania Daniel Simão

Polyanna Rocha 3º Período A Faculdade de Ciências da Saúde (FCS) da Universidade Fumec, em funcionamento desde agosto deste ano, se empenha em disponibilizar aos estudantes e professores o que há de mais avançado nas graduações em biomedicina, educação física, enfermagem, fisioterapa, fonoaudiologia e terapia ocupacional. A Faculdade oferece 56 vagas, em duas entradas anuais, para todos os cursos. Segundo a direção da faculdade, no próximo semestre serão 2 novas turmas do curso de Biomedicina, no período da tarde além dos cursos noturnos e matutinos. Os alunos afirmam que a estrutura da FCS é ótima. “Os equipamentos são atualizados e os professores possuem um currículo extenso e muita competência”, afirma Marina Avelino, que cursa Biomedicina. De acordo com a aluna, a estrutura, “atende as necessidades dos alunos a partir da presença de profissionais bem preparados”. A estudante Flávia Rezende se diz satisfeita com a faculdade, porém ressalta a distância como um complicador para os alunos. “É difícil chegar aqui, eu pego dois ônibus”, reclama. A FCS ressalta a especifidade de cada curso e entende as

particularidades dos alunos. Os cursos são bem específicos e oferecem além da parte teórica a estrutura prática para a complementação do aprendizdo. Os estudantes procuram aliar as atividades do dia-a-dia com o curso escolhido. O aluno do curso de fonoaudiologia, Diego Pereira, fala que a intimidade que mantém com a voz pode ser reiterada pelo curso.“Escolhi a fonoaudiologia por já trabalhar com o canto, o que me despertou o desejo de saber sobre a técnica vocal e os distúrbios causados pelo mau uso da voz”.Afirma Pereira. Já a aluna Ana Amélia Mello optou pelo amplo campo de atuação oferecido pela enfermagem que alia as áreas de ensino, assistência, pesquisa, gestão, consultoria e implementações de ações educativas.“O mercado etá aberto à enfermagem, o que pode proporcionar aos profissionais estabilidade empregatícia, além de ensinar às pessoas como melhorar sua qualidade de vida”, relata. O presidente da Fumec, Eugênio Parizzi,ressaltou que o objetivo da fundação é formar profissionais éticos, competentes e com “vontade de atualizaçãoconstante.”A boa convivência na Universidade foi destacada, ainda,pelo diretor geral da FCS,Paulo Roberto Henrique.“Uma instituição que busca sempre o bem servir à comunidade”, definiu.

Melhores laboratórios de Belo Horizonte

Faculdade alia teoria à prática e investe em laboratórios com tecnologia de ponta

A FCS possui além do laboratório de Informática os laboratórios de Anatomia,Técnica de Enfermagem e Microscopia, que dispõe de acervos de peças anatômicas alemãs, peças humanas e lâminas, um grande investimento visando a excelência em ensino. Erlisson Marques, coordenador dos Laboratórios da FCS, diz que “os laboratórios são complementares ao estudo teórico, através de atividades em aulas práticas”, deixando o aluno cada vez mais perto da sua futura profissão. Para a estudante de Enfermagem Maisa Lobo, “a FCS possui ótimos laboratórios que atendem as necessidades das aulas práticas”. A faculdade vai disponibilizar no próximo semestre novos laboratórios, que segundo a coordenadora do curso de Biomedicina,Virgínia Fernandes, “vai ajudar no crescimento do curso que ainda é pouco conhecido em Belo Horizonte”. Os alunos com interesses no estudo de peças anatômicas ou de lâminas microscópicas podem agendar uma monitoria, que é dada mos horários vagos dos laboratórios.

Aproximou o homem da lua. Exibiu guerras e acordos de paz. Diverte e informa o mundo inteiro.

Está sempre presente. 21 de novembro dia mundial da televisão


15 - Esporte - Rafael W.

11/30/04

11:35 AM

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Editor e diagramador da página: Rafael Werkema O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2004

ESPORTE 15

AVENTURA sobre

rodas

Divulgação

O primeiro encontro de mountain boarders em Minas recebeu incentivo de grandes organizadores de provas de mountain bike brasileiro, o que promete alavancar a prática do esporte no estado Bruna Bauer 6º Período A segunda etapa do Campeonato Brasileiro de Moutain Board foi sediada em Carandaí, cidade localizada a 120Km de Belo Horizonte. As montanhas mineiras favorecem a prática do mountain board que ganha mais adeptos a cada dia. Mas o que é o mountain board? O esporte foi criado no Hawaii pelo surfista David Kalama, no início dos anos 90, para satisfazer a cabeça dos surfistas em dias de mar flat (sem ondas).Alguns snowboarders do Colorado, EUA, gostaram da idéia e levaram essas pranchas com rodas para as estações de esqui.A princípio, desciam as mesmas pistas de snowboard durante o verão quando a neve derretia. Hoje em dia, já existem pistas específicas para a prática do esporte. O mountain board começou a ser industrializado em 1996.Desde então,o esporte conquistou caçadores de aventura dos quatro cantos, principalmente os jovens. Para quem gosta de aventura e adrenalina, não há esporte melhor. Quem se empenha e domina a prancha consegue fazer manobras de 180º, 360º, 720º, enfim a criatividade e a ousadia não faltam, principalmente quando se trata de competições, onde os esforços não são medidos para uma boa exibição.“Trata-se de um off-road que mistura sensações de surf, snowboard e skate” afirma Fernando Gazzola que pratica o esporte há alguns anos no Rio de Janeiro. O equipamento completo tem rodas com câmara de ar, suspensões egg-shocks e presilhas para os pés. O esporte pode ser praticado em todo tipo de terreno: terra, grama alta, grama baixa, asfalto, paralelepípedo, areia dura, etc. As molas servem para aliviar os solavancos causados por pedras, buracos e amortecem o impacto com o solo depois de saltos e manobras radicais.Bêzinho,o engenheiro de pista do campeonato brasileiro, conta que, para quem gosta de Downhill (descidas longas) deve-se usar egg-shocks mais duros, e para quem prefere Free style deve usar egg-shocks

com menor densidade ou até não usá-los. Eles servem para dar maior estabilidade à prancha gerando, conseqüentemente, maior velocidade.“Se deixar, os mountain boards chegam a incrível marca de 70 km/h no asfalto”, conta Bêzinho.“É por isso que os equipamentos de segurança são imprescindíveis”, completa Gazzola. As presilhas são essenciais para efetuar manobras aéreas e para dar segurança ao esporte. Sem elas os pés escorregam da prancha por causa dos buracos e da terra. “Com um pouco de prática, pouco mesmo, é possível conseguir tirar os pés das presilhas antes de cair”, afirma Camila Bruno, a primeira mulher mineira a se arriscar no esporte. A segunda etapa do Campeonato Brasileiro de Moutain Board foi realizada em Carandaí, foram montadas quatro provas diferentes.A primeira foi a Free Style. Nessa prova os atletas tiveram um tempo estipulado pelos juízes para treinarem na pista montada previamente. Após o treino, eles fizeram 3 passagens, que foram filmadas para avaliação posterior, feita pela comissão técnica. Os quesitos principais da avaliação foram criatividade, equilíbrio, versatilidade. Após o Free Style, foi realizado o Best Trick, essas manobras também foram filmadas e analisadas após a prova pela comissão técnica. A terceira prova, realizada no dia 15 de novembro, foi o Big Air. Essa sim prendeu a atenção dos espectadores. Os atletas da categoria profissional desceram uma rampa íngreme de 25m de cumprimento e atravessaram uma estrada de paralelepípedos, aterrissando do outro lado em uma rampa que acabava na grama. Os tombos foram muitos, mas graças aos equipamentos de segurança, ninguém saiu ferido. Para fechar a segunda etapa com chave de ouro e muita descontração, os participantes seguiram para a trilha de Downhill. Nessa prova, os atletas desceram um por um uma trilha de 2 Km, contra o cronômetro. A próxima e última etapa do campeonato será realizada em São Bernardo, São Paulo. E definirá o ranking brasileiro de 2004.


16 - Especial - Rafael W.

11/30/04

11:39 AM

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Editor e diagramador da página: Rafael Werkema

16 ESPECIAL

O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2004

Anunciou, virou manchete! Campanha publicitária milionária do Governo de Minas sobre o déficit zero retoma a discussão sobre a influência da Publicidade na qualidade da informação Carlos Fillipe Azevedo

Pedro Henrique N. Penido 4º Período

Carlos Fillipe Azevedo

Carlos Fillipe Azevedo

ficit zero não foram pautadas pela publicidade paga pelo estado e que foram noticiadas como uma informação de tal importância deveria ser. "Essa contaminação de uma coisa com a outra é inevitável", coessência da prática jornalística define-se pela apuração mentou Perez. Sobre a publicidade feita pelo governo de Minas nos dos fatos e relato imparcial destes.A transformação da noprincipais jornais da capital, Rogério concordou que foi demasiada, tícia em mercadoria (a publicação de fatos noticiosos sem uma vez que a notícia por si só já era muito importante. "Eu, partio devido aprofundamento e reflexão) está contaminancularmente, acho que houve um exagero do governo do estado. Fez do a mídia em todos seus âmbitos.Vinculada a essa sicom que uma notícia que, com certeza, seria manchete nos jornais no tuação, a publicidade tem ganhado mais espaço na dia seguinte, fosse incluída também em uma forimprensa e influenciado a prática jornalística. te campanha publicitária; mas isso é uma decisão Segundo o Dois dos principais teóricos da cultura de masdo governo", afirmou o secretário. sa, há anos,Theodore W.Adorno e Max Horkhei- departamento Teodomiro Braga, diretor executivo do mer, previram o momento em que a publicidade comercial do jornal jornal O Tempo, também alegou que o assunto e sua ambição mercadológica começariam a deteve no jornal a importância que devia. "Não tem terminar as pautas da imprensa. Naquela ocasião, Estado de Minas, nenhuma relação entre a publicidade do estado foram chamados de pessimistas e catastrofistas. com o conteúdo das matérias", disse Teodomiro. um anúncio igual Outros estudiosos brasileiros da comunicação Ele foi enfático ao dizer que o jornal apenas fez retomaram o assunto. Gisela Goldenstein, Lean- ao que foi veiculado a cobertura do fato como notícia muito impordro Marshall e Adelmo Genro Filho, em seus tra- no dia 23/11, de tante, o que, de fato, merecia uma chamada na balhos, apontam para o problema, tecendo críticas primeira página. e reflexões sobre a infiltração da indústria cultu- “orelha” da capa, No jornal Estado de Minas, a propaganda ral no cenário da imprensa nacional, onde as ne- custa em média de Aécio foi ainda maior.A manchete de primeicessidades de adequação ao dinamismo selvagem ra página da edição do dia 23/11/2004 repetia a do mercado passam por cima da essência crítica e R$ 200 mil informação da publicidade colocada como "oreimparcial do jornalismo. lha" da capa, ocupando um espaço extenso.A proAté onde a publicidade deve e pode se entrelapaganda do estado continha os seguintes dizeres: çar com o jornalismo? Voltados para questões sumariamente mercado"Um dia histórico para todos os mineiros. Minas Gerais anuncia Délógicas, os anúncios veiculados na mídia vendem idéias para seus conficit Zero." Já a manchete de capa dizia praticamente o mesmo: "Misumidores como uma simples relação de troca, o pressuposto da fantanas zera déficit público". O diretor de redação do jornal, Josemar Gisia. O jornalismo trabalha com o pressuposto da verdade, trocando "conmenez, foi procurado por O Ponto para esclarecer o fato, mas não foi fidências" com o leitor sobre a veracidade dos fatos. Grandes problemas encontrado. O editor da primeira página do Estado de Minas, Ney acontecem quando uma confusão, inocente ou não, acontece. Soares, disse que este assunto só poderia ser tratado pela diretoria.Tal Um dos melhores exemplos para a ilustração correlação entre a primeira página e publicidade desta situação foi a quarta semana do mês de no- Um anúncio de 7 de capa foi inclusive questionada por outros jorvembro, compreendida entre os dias 20 e 26.Ao nalistas e profissionais da mídia. longo deste período, o governo Aécio Neves centímetros de Segundo o departamento comercial do jorapresentou balanço dos resultados da política altura por 6 colunas nal Estado de Minas, um anúncio “orelha de caeconômica adotada. O maior mérito desse repa”, como foi chamada a peça publicitária pelos sultado foi o déficit zero, conseguido depois de na capa do EM e jornalistas, custa ao anunciante aproximadamente 10 anos dos orçamentos de Minas fecharem no um anúncio de R$ 200 mil, por inserção. Baseado nestas inforvermelho. Esta informação, claramente, é notímações faz-se a seguinte pergunta: como os jorcia, pois representa um assunto de total interes- página inteira no nais O Tempo, Hoje em Dia e Estado de Minas se público. A crítica a ser realizada sugere uma primeiro caderno fariam matérias críticas sobre o governo estadual reflexão a respeito da cobertura feita pela imse o próprio governo mineiro é um dos mais imprensa em relação a este fato, uma cobertura, in- custam cerca de portantes anunciantes, investindo mais de R$ 200 felizmente, pautada pela mesma publicidade do R$ 70 mil mil em apenas um dia, em cada veículo? estado veiculada na grande mídia. Desta maneiA situação gerou discussões no meio acara, a credibilidade da imparcialidade fica prejudêmico sobre o que realmente está acontecendicada, pois pareceu-nos a todos que existiu uma do com o jornalismo tanto mineiro quanto naconcordância jornalística generalizada com a manobra publicitária cional. Uma publicidade paga relacionada com a manchete de cado governo mineiro. pa não seria motivo para que a manchete perdesse sua razão de ser Entrevistado a respeito do assunto, Rogério Perez, secretário de "manchete", como é ensinado nos cursos superiores e pregado peredação do jornal Hoje em Dia, informou que as matérias sobre o délos grandes estudiosos?

A


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