01 - Capa - Juliana Morato
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Tablóides banalizam jornalismo Guillermo Tângari
Em outubro, os Diários Associados, uma das maiores empresas jornalísticas do Brasil, lançaram o jornal tablóide Aqui, no intuito de arrebatar o mercado consumidor de notícias das classes C, D e E. O jornal veio para concorrer diretamente com o Super Notícia, publicação controlada pela Sempre Editora que atua no mesmo segmento em BH.
De acordo com o Sindicato dos Jornalistas, o grande problema de um diário como o Aqui é o fato de a equipe contar com apenas editores, não tendo repórteres próprios. Dessa forma, a qualidade da informação fica prejudicada e o novo veículo lança dúvidas no mercado de trabalho. [ página 16 ]
Presos na rede Uma simples brincadeira tornou-se negócio sério: o sucesso das casas de jogos está cada vez mais visível em todo o país. Consideradas uma evolução dos tradicionais cibercafés, as lan houses possuem computadores de última geração, ligados em rede, onde os usuários jogam conectados em um único ambiente virtual. Por trás da
aparente inocência dos jogos, escondem-se grandes riscos. Jovens e adolescentes,maiores freqüentadores dessas casas, tornaram-se dependentes, perdem a noção de tempo e viram a noite jogando.As dificuldades de relacionamento e a competitividade presente nas disputas, ultrapassa o espaço virtual. [ página 14 ] Divulgação
Adolescentes perdem a noção de tempo nas lan-houses
Jornalista Rogério Perez critica árbitros [ página 9 ]
Transposição do rio São Francisco seria a solução para a crise de abastecimento hídrico no Nordeste do Brasil
Artesanato Projeto usa movimenta mobilização cultura mineira contra dengue Além de mobilizar a capital mineira, com a chegada de mais de 10 mil turistas, a XVI Feira Nacional de Artesanato, que acontece entre os dias 22 e 27 de novembro, no Expominas, também gera benefícios para a economia local, com a criação de 2,5 mil empregos temporários durante o evento. A Feira conta com cerca de 7 mil artesãos de vários países. Ao integrar arte e cultura, o artesanato é uma atividade que reproduz as relações dos artesãos com o meio em que vivem, uma vez que transformam matériaprima em mercadoria. [ página 11 ]
O verão se aproxima e a estação mais quente do ano,sinônimo de banhos de sol, piscina, praia e roupas coloridas, também pode significar perigo.A dengue, considerada um dos principais problemas de saúde pública do mundo, volta com tudo nesse período e já preocupa especialistas. Visando amenizar o problema, o projeto Combi, chega a Minas Gerais,mais precisamente em Ibirité, região metropolitana de Belo Horizonte, com o objetivo de informar e conscientizar a população dos riscos que a doença pode trazer. [ página 13 ]
Turquia negocia entrada na União Européia [ página 8 ]
‘Velho Chico’, o rio da polêmica nacional A discussão acerca da transposição do Rio São Francisco, que se estende desde o século XVIII, agrava-se com a crise do abastecimento hídrico da região Nordeste do Brasil. O projeto, que prevê a utilização das águas para a perenização de rios e açudes da região durante os períodos de estiagens, é repleto de polêmicas. De um lado, estão os que defendem a transposição, visto que veêm nela a única solução para resolver os problemas da seca; de outro, os que estão realmente preocupados com as conseqüências ambientais e so-
ciais que esse empreendimento pode vir a trazer. Especialistas afirmam que é preciso avaliar a quantidade de água disponível e a maneira como será utilizada. Além disso, deve-se levar em consideração a poluição e o assoreamento que deixam a situação do Velho Chico cada vez mais precária. O São Francisco possui cerca de 634 mil km2 e sua bacia é composta por 504 municípios. O rio atende cerca de 14 milhões de pessoas e é responsável por 17% da energia elétrica produzida no país. [ página 12 ]
Bossa Nova: 45 anos do ritmo brasileiro [ página 10 ]
02 - Opinião - Daniel Gomes
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Editor e diagramador da página: Daniel Gomes
2 OPINIÃO
O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2005
As damas fatais de George W. Bush Renata Quintão 6º Período O tratado de Kyoto, assinado em 16 de março de 1998, determina que os países industrializados reduzam suas emissões combinadas de gases de efeito estufa em pelo menos 5% em relação aos níveis de 1990 até o período entre 2008 e 2012. Esse compromisso com vinculação legal visava uma reversão da tendência histórica de crescimento das emissões iniciadas nesses países há cerca de 150 anos. Imediatamente após a proposta da convenção,170 países aderiram à iniciativa de limpar o ar poluído do planeta e se propuseram a aspirar o cheiro dos lucros do mercado de carbono. Mesmo sendo uma iniciativa que,em longo prazo,poderia gerar um mercado bilionário de iniciativas de produção limpa, o maior emissor de gases do globo não contemplou o tratado com sua assinatura. Difícil entender quais são as pretensões do presidente George W. Bush. Neste semestre, aproximadamente US$ 100 bilhões de prejuízo,com mais de 270 mil desabrigados em Nova Orleans e mais de 70 mil entre os estados da Louisiana e Mississipi revelaram uma destruição sem precedentes comparada apenas à destruição e aos estragos causados pela bomba atômica de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, por ocasião da Segunda Guerra Mundial,em 1945.A tempestade
que fez o povo americano se submeter a condições de miserabilidade se intitula Katrina. Além dessa,outras duas damas desafiam a soberania norte-americana, Rita e Wilma. Rita não esperou a cidade de Nova Orleans se recuperar do Katrina.A tempestade, que chegou à categoria 5 - a mais alta da escala de intensidade de furacões -, provocou a retirada de dois milhões de moradores no Texas. Já o Wilma é o 12º desta temporada e ameaçou o Caribe e a costa da Flórida, também nos Estados Unidos. O último ano em que foram registrados 12 furacões em uma única temporada, desde o início dos registros meteorológicos, foi 1969. O xerife texano, um tanto quanto insano e até mesmo desvairado, acredita que o mundo lhe concedeu procuração para resolver os problemas causados por seus “inimigos imaginários”. Com isso, causa mais destruição que as três damas juntas. Como exemplo, podemos citar a guerra do Iraque que matou milhares de civis, o conflito de etnias no Afeganistão e a destruição da fauna e flora colombiana, como pretexto do combate ao narcotráfico. O descaso de Bush com a questão ambiental, sobretudo com a biosfera terrestre, avalizada por sua ausência no tratado de Kyoto,nos remete a um velho ditado popular:“quem planta vento, colhe tempestade”.
Craques da bola tipo importação Tiago Nagib 7º Período Este campeonato brasileiro vem revelando uma grande surpresa: os dois maiores craques do torneio são estrangeiros. O argentino Tevez e o sérvio Petkovic são os dois astros da vez. Carlitos (como gosta de ser chamado) vem capitaneando este Corinthians ou,melhor dizendo,Coringón,a equipe mais argentina do Brasil, rumo ao título. Após um início conturbado com outros jogadores,Tevez se mostrou um capitão. Parece ter amadurecido e hoje é constantemente chamado pelo técnico alvi-celeste José Pekerman. Carlitos tornou-se a principal peça do timão, com um arranque fenomenal, belos passes e gols, muitos gols. Carlitos tem ainda se mostrado solidário para com todos os técnicos demitidos da equipe. Apoiou o trabalho desenvolvido por seu compatriota Daniel Passarella em sua fugaz passagem pelo Brasil e também elogiou Márcio Bittencourt, que deixou o timão na ponta da tabela. Sem sombra de dúvidas,o Corinthians é um com Tevez e outro sem ele. Já o sérvio Petkovic vem brilhando no Brasil há tempos.Após longos anos encantando as torcidas deVitória,Vasco e Flamengo, hoje é a torcida do tricolor das
Laranjeiras que desfruta de seus passes e gols.O Fluminense sempre deixou claro que “Pet” é o principal astro do clube, chegando a se dar o luxo de dispensar Felipe, entre outros motivos, por sua rusga com o sérvio. Desde quando chegou ao “Flu”, Petkovic vem mostrando serviço e afirmando-se como um dos melhores do campeonato brasileiro. Apesar do talento, Pet não é chamado para jogar pela Sérvia e Montenegro, sua seleção, que estará na Copa de 2006.Após uma briga há alguns anos com membros da comissão técnica e da federação de futebol sérvia, Pet nunca mais foi chamado para defender as cores de seu país. Para não dizer que a legião estrangeira manda apenas no ataque, temos ainda o uruguaio Lugano do São Paulo, que seguramente é um dos melhores zagueiros deste campeonato.O uruguaio foi uma das armas são-paulinas para a conquista do título da Copa Libertadores de 2005. É no mínimo curioso que o país que diz ter os melhores jogadores tenha em seu próprio campeonato estrangeiros como astros.Sem dúvida,o futebol brasileiro é um dos melhores do mundo, mas será tanto assim? Não se sabe. Sabe-se apenas que os melhores do brasileirão 2005 são importados.
Educação: importante ou prioritária? Daniel Gomes 5º Período
Mercantilização, fé e religião Ernane Léo 5º Período "Pare! Só leia se você quer parar de sofrer” - dizia o folheto anexado à edição do jornal Folha Universal da segunda quinzena de outubro. O folheto vermelho prega a solução de todos os problemas por meio do nome da igreja: "para quem está com problemas no casamento, nunca foi feliz na vida, sofre com problemas familiares, enfermidades, vícios...". Não considero a Igreja Universal um exemplo de igreja cristã, sua ideologia não está ligada a "Salvação" pura e simples por meio do sacrifício de Jesus. O interesse dessa denominação é puramente financeiro. Mantém ridículos rituais simbólicos para induzir a fé na religião, que nada tem a ver com a verdade bíblica. Mas até pela verdade bíblica essa igreja se encontra longe caminho divino, se é que uma empresa religiosa possa estar a caminho de Deus. Mas, além dessa igreja, vemos outras que se dizem igrejas sérias, voltadas
para questões sociais. É indiscutível a mercantilização da fé.A maioria das igrejas evangélicas se baseia no capítulo três do livro de Malaquias, antigo testamento, para cobrar o dízimo de seus fiéis, de forma autoritária ou não. No entanto, quando se trata dos outros mandamentos do antigo testamento, a história não é mais a mesma. Podemos considerar a Santa Ceia como outro forte instrumento de retenção e manipulação do povo. As igrejas, em especial as pentecostais, colocam esse ritual como uma obrigatoriedade para os fiéis ao dizer que o mesmo dará força ao crente e usam o argumento de que só os membros podem tomar parte desse momento. Entretanto, não existe nenhum texto bíblico que justifique tal afirmação. Da mesma forma, ao final de cada culto, faz-se uma dramatização e pergunta-se: "existe alguém para aceitar a Jesus?". "Pode ser a última chance!", diz o pregador ao som melancólico de um teclado. De esquina em esquina, ve-
mos igrejas cristãs, e o trânsito também se tornou alvo de "panfletagem" religiosa. É normal ver nos vidros traseiros dos carros frases como "Igreja do Avivamento", "A Igreja Missionária", "...do Fogo", etc. Isso demonstra a divisão de um povo que, nesse sentido, se julga melhor do que outro. O amor, caráter intrínseco à pregação do evangelho de Cristo, encontra-se decadente nas igrejas Cristãs na medida em que os membros de uma determinada denominação selecionam aqueles que acreditam ou não no mesmo que eles. Esses membros desconsideram o amor pelo próximo, o irmão que acredita no mesmo Cristo que eles. Desconsideram também o pregar da prosperidade ao invés do amor de Deus ao ensinar a religiosidade que nada tem a ver com o sentimento cristão e ao propagandear placas de igreja como se uma fosse melhor que a outra. Tudo isso me leva a crer que a igreja como instituição deixou de ser Cristã, se é que em algum dia tenha sido.
Referendo: a vitória do medo Fernanda Melo 6º Periodo A propaganda do referendo do desarmamento, com o pretexto de inserir uma discussão na sociedade, invadiu o horário nobre da televisão com cenas de violência e artistas convincentes. Entretanto, no quesito reflexão e análise do assunto, deixou muito a desejar. O que era para ser um plebiscito sobre proibir ou não o comércio de armas tomou a forma de uma votação onde se decidia entre desarmar ou não a população, e até mesmo sobre os direitos do cidadão, confundindo os conceitos de liberdade de expressão, patriotismo e cidadania, com o direito de se portar uma arma. Tudo isso sem prévia análise da lei que estava sendo proposta e do seu estatuto.Tendo em vista o momento político e histórico vivido por nosso país, este discurso menosprezava,
com razão, a inteligência do brasileiro, utilizando-se do medo e da insegurança presente em nossa sociedade. Proibir o comércio de armas com certeza não resolveria o problema da violência, mas diminuiria os índices de homicídios domésticos e entre a classe média, que crescem a cada ano. Mas ainda prevalece o pensamento comum de que violência está ligada somente aos bandidos e à favela.A proibição do comércio de armas foi colocada de tal forma como se isso fosse ocasionar um arrastão ou uma chacina, representando o medo de uma sociedade dominada pela televisão e pelo sensacionalismo. A propaganda do “Não” passou a idéia de que qualquer um poderia portar uma arma e que isso seria um direito comum e acessível. Não é tão simples assim. É ingenuidade acreditar que um bandido tenha receio de encontrar um ci-
dadão armado no momento do assalto. O ladrão não tem medo porque ele não tem nada a perder numa sociedade que não lhe dá esperanças.A população querer se armar para se defender é alimentar ainda mais a guerra civil em que vivemos. O resultado do plebiscito nada mais foi do que uma resposta ao governo e à crise política vivida. O povo está tomado pela desconfiança e com a vitória do “Não”, quis ecoar a sua insatisfação. Acredito ser importante discutir não só este assunto, mas vários outros como o aborto e a eutanásia. Mas como discutir pontos polêmicos com uma população totalmente descrente do Estado? É preciso reconquistar a confiança do povo com reformas sociais necessárias e com ações concretas que garantam a segurança. Nas eleições presidenciais de 2002 a esperança venceu o medo; no referendo, o medo venceu a esperança.
Antes de mais nada, é necessário afirmar que tudo o que é prioritário é importante,mas nem tudo o que é importante é prioritário. Dito isso, é notório que o Brasil jamais teve a educação como prioridade. O próprio representante da Unesco no Brasil,Jorge Werthein, em entrevista a O Estado de São Paulo em 2004, aponta que “a educação é muito importante (no Brasil), mas não é prioritária.Sendo assim,nós vamos manter a situação que temos: escassez de recursos, baixa qualidade do ensino e um sistema que não consegue incluir e reter as crianças e jovens”.Além disso, as diversas tentativas de transformar em lei a implementação de políticas públicas de educação já são em si uma forma de alertar a respeito da abordagem errônea sobre um assunto de tal seriedade. As constantes elaborações de leis encobrem um problema importante: a descontinuidade administrativa.Teoricamente, por força da lei, uma política de educação seria levada a cabo independentemente de quem estivesse no poder. Entretanto, um planejamento educacional necessita de diretrizes norteadoras que indiquem caminhos, e não engessem um modelo. Dessa forma, parece óbvio ressaltar que a descontinuidade administrativa ou a alternância do poder seria um obstáculo para uma política educacional eficiente. Por outro lado, essa característica é premissa básica da democracia. Encontra-se então uma profunda contradição que parece ter sua origem no fato de o Brasil viver em um regime democrático. Trata-se entretanto de um regime de democracia como meio, e não como fim. Uma nação não desenvolve uma democracia madura sem educação e cultura. Segundo o filósofo americano John Dewey,“uma sociedade democrática não requer apenas o governo da maioria, mas a possibilidade de desenvolver, em todos os seus membros,a capacidade de pensar, participar na elaboração e aplicação das políticas públicas e julgar os resultados”.A presença de políticos no Legislativo como representantes de um povo deseducado nada demonstra a não ser o sucesso do “pleito mais informatizado do mundo”, que é o brasileiro. Um pleito que facilita a votação inclusive para analfabetos.A garantia de direitos,a cobrança dos deveres e a defesa dos interesses do cidadão são apenas fábulas democráticas no imaginário popular. Diante do exposto, é ainda mais alarmante a constatação de que a educação no Brasil não é prioridade para os quadros políticos do país. O exercício da democracia e, por conseguinte, da cidadania só se torna eficaz diante de uma população que tem livre e farto acesso à educação de qualidade. Isso permite que ela tenha noção de seus direitos e responsabilidade sobre seus atos de forma a construir uma nação mais justa e autônoma.
Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento
Jornal Laboratório do curso de Comunicação Social da Faculdade de Ciências Humanas-Fumec Coordenação Editorial: Profª Ana Paola Valente (Jornalismo Impresso) e Prof. Leovegildo Pereira Leal (Redação Modelo) Conselho Editorial Prof. José Augusto (Proj. Gráfico), Prof. Paulo Nehmy (Publicidade), Prof. Rui Cézar (Fotografia), Prof. Fabrício Marques (TREPJ II) e Profª. Adriana Xavier (Infografia) Monitores de Jornalismo Impresso: Daniel Gomes, Juliana Morato e Tiago Nagib Monitores da Redação Modelo: Fernanda Melo e Pedro Henrique Penido
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03 - Política - Priscila
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Editora e diagramadora da página: Priscila Piotto
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O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2005
Aldo assume em meio a críticas Articulações elegem ex-ministro de Lula para a Câmara e extrema-esquerda ataca PT e PCdoB Mariana Barros 7º Período Uma diferença de quinze votos mostrou que oposição e governo disputaram a presidência da Câmara com unhas e dentes. Em 28 de setembro, Aldo Rebelo, alagoano do PCdoB, foi eleito presidente da Câmara dos Deputados. Com as votações de pautas atrasadas e depois de um conturbado período com o ex-presidente do “mensalinho”, Rebelo assume a Câmara com desafios “polêmicos” – auto-aprovação de 15% de aumento para funcionalismo, CPI’s, reforma fiscal, política, eleitoral, sindical e por aí vai. A responsabilidade em retomar a credibilidade e a ética da Casa é um dos maiores desafios de Rebelo. À frente da Casa, o palmeirense Aldo, fã de Dom Quixote, ex-Ministro de Lula na Coordenação Política, sofre os ataques da extrema-esquerda, que acusam o comunista de trair a classe trabalhadora. O PSTU afirma que PT e PCdoB têm agora o compromisso de aplicar a política neoliberal, que no passado, tanto condenaram. Formalmente, o PC do B nunca abriu mão do seu programa socialista, mas como base aliada, os comunistas estão contradizendo suas afirmações ao apoiarem o projeto pró-capital do governo Lula. E o gasto de mais de R$1 milhão, saído do Tesouro Nacional três dias úteis depois da vitória de Aldo, divulgado pela Folha de São Paulo, deu margem à acusação de compra de votos para o governo alcançar a vitória na Câmara. Seis dias depois que Rebelo chegou à Casa, o coordenador político do governo, ministro Jaques Wagner, se reuniu com 34 deputados e a pauta era a liberação de dinheiro para as emendas parlamentares. A eleição do comunista foi uma vitória do governo. “E uma perda para os trabalhadores”, como argumenta o assessor do Sindicato dos Gráficos, Adriano Boaventura. Para o jornalista, “os partidos dispu-
tam fatias de poder para representarem seus investidores, que por sua vez cobram o dinheiro público para se realizarem obras em seus currais eleitorais”. Aldo tenta se isentar sobre as críticas à sua posição de aliado em entrevista à impressa, afirmando que sempre respeitou a gestão dos três líderes da Casa durante o governo de FHC e nunca fez acusações sobre estes parlamentares – Luiz Eduardo Magalhães (PFL),Aécio (PSDB) e Michel Temer (PMDB) – mesmo que fossem amigos do presidente ou da base governista.Aldo discorda da suspeita de que as articulações para sua eleição atenderam a interesses de parlamentares.“O governo agora lança mão da verba para os deputados, corrompendo o Congresso e comprovando que a corrupção é o meio mais eficaz administrar os interesses da burguesia”, ataca Adriano. A vice-presidente do PCdoB, deputada Jô Moraes, declara que o “ponto de partida para a vitória de Rebelo foi a recomposição da unidade da esquerda” e que agora se “descortina uma nova fase na crise política”. Mas Aldo mal chegou à Casa e a oposição disparou que a pizza já estava no forno do esquema do valerioduto. Ao mesmo tempo, a Mesa Diretora foi acusada de não dar espaço aos direitos dos acusados e ainda ter "atropelado" os procedimentos legais para as acusações. O governo sinalizou o interesse em acelerar o andamento dos processos e finalizar a crise, para que a situação não avance para o ano eleitoral. Mesmo Aldo sendo uma peça importante nos processos contra os parlamentares, os deputados são mais importantes ainda porque a votação das cassações é secreta, o que isenta a culpa do votante publicamente. O líder do PSTU de Minas, Boaventura Mendes, diz que “o governo e o Congresso não têm moral para falar com a classe trabalhadora”, pois Aldo foi “eleito da mesma forma que os anteriores presidentes foram eleitos, com liberação de emendas em troca de votos”.
O QUE MUDA NA LEGISLAÇÃO ELEITORAL Cláusula de Barreira Impõe 5% de votos válidos em 9 estados além de 2% do total de votos em cada um desses estados.
Fim da Verticalização As alianças políticas entre partidos para a disputa federal devem ser obedecidas em todos os níveis da campanha.
Financiamento público de campanha O dinheiro para a realização das campanhas eleitorais deve vir, obrigatoriamente, dos cofres públicos. É proibido o uso de dinheiro da iniciativa privada.
Lista Fechada O eleitor vota nos candidatos apontados pelo partido, ou seja, o partido prepara uma "lista partidária" e o eleitor vota na legenda, não mais votando no candidato
Voto Distrital O eleitor tem de votar em candidatos do seu distrito eleitoral.
Arquivo o Ponto
Victor Gontijo
Mariana Barros
Heranças de Severino na Casa de Aldo Rebelo Aldo Rebelo ainda sente as heranças deixadas pelo ex-presidente da Câmara Federal, Severino Cavalcanti.“A gestão de Severino tumultuou todo o andamento dos trabalhos legislativos”, observa diretor de redação “A unidade da “Corrupção é o “A cláusula de do jornal Hoje em Dia, Carlos esquerda nesse meio mais barreira é Lindenberg. Uma das heranças é o proje- momento foi o eficaz para manobra das to de lei que concede reajuste de elites para se 21% aos servidores da Câmara e ponto de partida organizar os amplia de 20 para 25 o número para a vitória de interesses da manterem no de assessores que os deputados burguesia” poder” podem contratar para seus gabi- Rebelo” netes.A discussão esbarra no nepotismo, que recentemente foi Adriano Boaventura, jornalista Antônio Faria, vice-presidente proibido para os juízes, nega a Jô Moraes , vice-presidente do Sindicato dos Gráficos do Partido Verde validade do concurso público – do PC do B a perspectiva de contratação sem concurso é de novos 2.565 assessores, e onera os gastos públicos em mais de R$378 milhões (a folha salarial da Casa é de atualmente R$1,8 bilhão). O presidente da Casa pode decidir sobre a conveniência de colocar o projeto em votação. Em 1978, o então presiden- exigência dos votos válidos difi- à altura do que o país precisa. Na Pesa sobre essa decisão os 15% de aumento que os deputados te da Câmara, Marco Maciel, culta a situação do partido pe- opinião de Lindenberg, as cláuauto-aprovaram, em setembro, e promulgou a emenda constitu- queno - obriga-o a eleger depu- sulas “limitam os pequenos, mas não pode ser essa orgia de partio fato da própria diretoria-geral cional da cláusula de barreira. tados em um terço dos estados. No último pleito, cinco par- dos.Atualmente, quase 30 partida Câmara ter pedido um com- De 78 para cá, partidos políticos plemento de mais de R$200 mi- se transformaram, alguns surgi- tidos grandes alcançaram os 5% dos têm condição de lançar canlhões para fechar a folha de pa- ram, alguns morreram e outros exigidos pela cláusula – PT, PFL, didatos”.Lindenberg acredita nuforam absorvidos por partidos PSDB, PMDB e PP, enquanto ma reforma “ampla e séria” para gamento de dezembro. Com a pressão para instaurar maiores. Muita coisa mudou nos seis não atingiram o mínimo - o Brasil ficar livre dos escândalos a ordem na pauta das votações, trinta anos que a emenda “flu- PCdoB, PTB, Prona, PV, PL e políticos. O PSTU critica a rePPS,além do PSB e PDT que fi- forma como está sendo proposo novo presidente da Câmara vai tua” na legislação. Pela Lei dos Partidos Políti- caram no limite e alcançaram,res- ta porque não permite a particimesclando a responsabilidade de comandar a Casa com as inter- cos (Lei 9096/95), a cláusula de pectivamente, 5,1% e 5,3% dos pação dos trabalhadores.Boaventura acredita que “o governo inferências do governo para ver barreira estabelece que o partido votos do eleitorado. Para a deputada Jô Moraes, cita a anti-democracia e quer eliaprovados seus interesses. “O que alcançar 5% de votos,em peprimeiro desafio de Aldo é im- lo menos nove estados brasilei- do PC do B,a cláusula diminui o minar os partidos que realmente primir um ritmo mais acelerado ros, e 2% do total de votos de ca- número de partidos e a reforma são da esquerda”. Os projetos pró-reforma, pade negociações com colégio de da um desses estados, tem o di- como está sendo discutida visa líderes pra definir uma pauta de reito a funcionamento parla- “manter o monopólio da repre- ra serem válidos já na próxima trabalho nesse trimestre.Pois à mentar, a partir das eleições de sentação política dos grandes par- eleição, não foram votados denmedida que a pauta continua 2006, em todas as Casas Legisla- tidos”.Jô afirma que “muitos pe- tro do tempo previsto – até 30 de trancada, aumenta ainda mais o tivas para as quais tenha eleito re- quenos partidos surgem das fra- setembro. Resta ao Congresso a desgaste do legislativo perante a presentante.Funcionamento par- ções dos grandes”, e que “muitos tentativa de aprovar uma emenopinião pública”, comenta a de- lamentar significa que a legenda se elegem pelos pequenos parti- da ampliando o prazo para 31 de vai ter acesso ao fundo partidário dos e depois migram para os dezembro, permitindo que a reputada Jô Moraes. O clima de expectativa ins- e à propaganda eleitoral gratuita grandes”. O PCdoB sustenta a forma tenha mais tempo para ser talado pela cláusula de desem- no rádio e na TV, pode formar idéia de que o Brasil necessita de votada, o que possibilitaria a impenho é, certamente, uma pro- bancada, escolher seu líder e par- uma reforma para melhorar a es- plementação da cláusula corrigiva de fogo para Aldo. Os polê- ticipar das jurisdições da Câma- trutura partidária do país. Para o da em 2006.A discussão de uma micos projetos da reforma elei- ra.O não-cumprimento da cláu- vice-presidente do PV de Minas, reforma se aproxima de uma toral podem significar uma “sen- sula não impede a existência do Antonio Faria, a cláusula é “ma- questão delicada - a segurança jutença de morte” para seu pró- partido, mas abala a representati- nobra das elites” para manter o rídica da legislação brasileira.Baiprio partido, o PC do B.“Nos- vidade da legenda, tanto na Câ- poder nas mãos dos grandes par- xar uma emenda toda vez que so partido ficaria de fora da Câ- mara quanto na propaganda. Pa- tidos, muitos deles “herança da grupos,ou o próprio governo,timara, pois não teríamos repre- ra obter o registro do estatuto no ditadura para que a Arena se man- verem interesse em modificar as sentação parlamentar por impo- TSE, o partido precisa ter, pelo tivesse com maioria na Câmara”. regras existentes prejudica a insição e vontade da nossa elite menos, 0,5% dos votos dados na Há quem defenda que uma gran- dependência e a credibilidade do conservadora. Seria um enorme eleição anterior para a Câmara. de quantidade de legendas pode Legislativo e dos direitos indiviO projeto que reduz para 2% a ameaçar a representação política duais. retrocesso”, ataca Jô Moraes.
Cláusula de barreira acaba com pequenos partidos
04 - Economia - Ricardo Santos
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Editor e diagramador da página: Ricardo Antônio Moreira dos Santos
4 ECONOMIA
O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2005
Cidades buscam alternativas à mineração Moradores de pequenas mas importantes cidades na extração de riquezas paralisam suas escavações Bruno Freitas 6º Período A pequena Caeté, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte e berço da mineração em Minas Gerais, tem muita história para contar de seu ouro. Sob os paredões escavados no meio da mata, ainda são retiradas muitas riquezas de nossas terras. Das montanhas do município já foram retirados pela Companhia Vale do Rio Doce mais de duas toneladas de ouro. A atividade encerrou um ciclo de riqueza econômica para a população de 36 mil habitantes, que conta com uma arrecadação municipal de R$793 mil por mês. A dependência gerada pela necessidade do ouro fez com que moradores não percebessem as mudanças econômicas que se apresentavam para o futuro. Hoje a extração requer muito dinheiro para que o ouro possa ser trazido à superfície, pois parece que o mineral chegou ao fim nas redondezas. A recomposição das últimas reservas de ouro, em Caeté, exploradas pela Vale, começa a ser percebida após a desativação da lavra. O subsolo de Caeté é rico em depósitos minerais. Com a desativação das minas, e o trabalho de reposição florestal, os moradores da cidade terão que procurar alternativas para a sobrevivência. A pequena indústria e o turismo são uma saída e
surgem como novas chances para que Caeté e outros municípios voltem a crescer. Cidade dormitório A paisagista Lúcia Regina Pereira Mattos decidiu investir no potencial econômico da região apostando no turístico e na ecologia. Lúcia não tem dúvida s de que a cidade dispõe de patrimônio a ser descoberto. “Falta divulgação dos pontos turísticos e não há profissionais formados para o atendimento aos visitantes, apesar de a infraestrutura na cidade ter melhorado”, afirma. Lúcia Mattos transformou a fazenda de 25 hectares herdada do avô em pousada. O objetivo é segurar os turistas que visitam a região a procura de modalidades que envolvem ciclismo, caminhadas entre outros. A montagem de lojas especializadas para estas práticas e outras estruturas, com o objetivo de melhor atender ao turista, além de restaurantes, novos hotéis e posadas permitiram uma retomada da economia na região. Mesmo com o fim anunciado do ciclo do ouro no entorno da Região Metropolitana de Belo Horizonte ainda há uma movimentação das mineradoras na região.A Anglogold, com sede em Nova Lima, está investindo em um condomínio e parque ecológico fechado, enquanto a MBR de Nova Lima, anuncia a transferência da
sua sede para Minas e investimentos em uma usina de transformação do minério em pelotas, produto valorizado internacionalmente. Fica evidente que a economia do Estado será aquecida, pois só a MBR contribui com 1,5% do PIB do estado, que corresponde a um total de R$ 166,3 bilhões. Este valor possibilita
atrair negócios para o estado, o que resulta na geração de novos empregos e fortalecimento do comércio nas cidades, onde a empresa vai atuar. Desenvolvimento A recém-criada Associação dos Municípios do Circuito do Ouro tem o objetivo principal de que 19 cidades se associem fa-
zendo valer o antigo ditado de que a união faz a força. Como outras cidades,Caeté é apenas um exemplo dos municípios mineiros que se desenvolveram a partir da mineração e não se prepararam para o fim do ciclo do ouro. O projeto Estrada Real, a gastronomia, o patrimônio histórico, o barroco e as matas unem prefeituras,na tentativa de reter o
Tecnologia tenta recuperar extração com investimento alto Mesmo com as novas tecnologias que existiam no século 19, a extração do ouro aos poucos perdeu fôlego . O motivo é a dificuldade de extração em profundidade. O ouro está cada vez mais profundo, o que dificulta sua extração. Porém, o poder e o brilho que o metal reluz faz com que gerações resistam ao desafio de remexer a terra. Novas tecnologias estão sendo exigidas, e com isso o capital há ser investido é alto. Somente empresas fortes do setor de mineração e com um grande aporte financeiro correm o risco de continuar com a extração do metal. Segundo dados fornecidos pelo Departamento Nacional de Produção Mineral, DNPM, no ano de 1814, cerca de 12 mil garimpeiros que exploravam as jazidas em Minas produziram somente 800 quilos de ouro no ano, quantidade bem abaixo das 14 toneladas por ano extraídas no auge da extração do ouro em Minas. Somente com o aprimoramento da tecnologia no século 20, o Brasil volta a aparecer entre os grandes fornecedores de ouro. Em 2004, a produção do metal atinge 47,6 toneladas, de acordo com o DNPM. O ouro industrial apurado pelas técnicas da indústria mineral em grandes profundidades, representou 28,5 toneladas, o que equivale a R$ 1,121 bilhão correspondendo a 60% do total. O governo federal conseguiu contabilizar só dos garimpos em mina e garimpo a céu aberto 19,1 toneladas cerca de R$747 milhões.Tudo, isso significa que Minas detêm 35% das reservas brasileiras, ficando apenas atrás do Estado do Pará que detem 52,3% da extração do ouro. Exportador de diamantes Mesmo assim, Minas Gerais continua a abastecer o mundo com suas reservas minerais extraídas do subsolo. Segundo o coordenador geral para Assuntos
Internacionais da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e EnergiaSamir Nahass, o estado perde na extração do ouro, mas recupera sua hegemonia na produção de 85% dos diamantes exportados pelo Brasil para o mundo. Isto equivale a US$ 18,81 milhões de dólares só no ano de 2004. Garimpagem ilegal Porém existem problemas, que estão sendo investigados pelas autoridades econômicas e policiais. De fato o que tem prejudicado a economia no Estado é a presença de garimpeiros de diferentes partes do país e até gente de fora do Brasil que invadem as regiões de Diamantina, Frutal, São Gonçalo do Abaeté e Coromandel. Estas regiões produzem muito diamante, o que atrai todo tipo de problema como saúde pública, saneamento básico, criminalidade, prostituição, corrupção e muitas outros. Esta invasão gera uma situação econômica adversa ao estado, diminuindo à arrecadação devido ao contrabando e a lavagem de dinheiro. A Polícia Federal têm observado a região, e algumas cidades estão com as investigações bastante adiantadas. É o que diz o delegado da Polícia Federal Dalton Mello Gilliot, que não quis entrar em detalhes para não prejudicar as investigações.A Polícia Federal acredita que compradores de pedras preciosas são responsáveis por quase 80% do contrabando para Bélgica, Estados Unidos, Irlanda, Emirados Árabes e Alemanha, só não se sabe ainda qual a metodologia adotada pelos contrabandistas para sair com as pedras do Brasil.Todo o contrabando proveniente dos municípios em questão implicam na diminuição de receita para as prefeituras e diminuição na geração de emprego para as pessoas provocando uma rede de problemas para a capital e o estado.
Isso transforma as capitais em grande fonte de problemas.A falta de emprego nos grandes centros provoca grandes problemas para a economia Os grupos que exploram a mineração na Região Metropolitana de Belo Horizonte contribuem com as cidades onde estão localizadas as extrações com atividades culturais levando shows, palestras, esportes ligados a natureza, porém se esquecem da capital que absorve um grande contingente de pessoas a procura de melhor qualidade de vida O uso da tecnologia já é evidente, a extração só se dá em grande profundidade, o investimento é muito alto e as pessoas precisam estar preparada.s para absorver e gerar riqueza nas cidades no Estado.
turista entre as cidades.Assim como Caeté, cidades como Sabará, Ouro Preto,Mariana,Ouro Branco, Santa Bárbara, Santa Luzia, Raposos e Rio Acima hoje se preparar para o novo ciclo do ouro das cidades por onde percorreram os bandeirantes. Marcos Lamego,diretor-executivo da associação, diz que vários produtos podem ser adquiridos. Divulgação
Sabará (MG). Draga de alcatruzes no Rio das Velhas
Municípios sofrem grande influência do passado Em 1763, o Rio de Janeiro se torna capital do Brasil através da concentração da força produtiva e da tecnologia da época.A historiadora e professora portuguesa Teresa Vital, cita no suplemento “Ouro de Minas 300 anos de história”, do jornal Estado de Minas de 29 de maio de 2005, que a corrida do ouro criou um grande mercado, o que tornou a então cidade de São Sebastião do Rio de janeiro na capital brasileira. Um dos grandes fatores para a mudança de capital, que antes era Salvador (Bahia), foi o fato das descobertas de ouro e diamante em Minas Gerais, o que passou a movimentar a economia do Brasil colonial. Tão logo confirmada a descoberta das minas, o governo português inicia o controle a partir da nova capital.
Segundo o economista brasileiro Roberto Simonsen, colaborador do livro História Econômica do Brasil, as escolas ensinam que o Brasil foi prejudicado pela exploração dos portugueses. Simonsen alerta para o equivoco dessa informação, que é passada para os alunos em sala de aula até os dias de hoje.“A despeito de todas as ilusões criadas pelo ouro, o balanço geral do ciclo de mineração brasileira deixou saldos reais em proveito da nossa terra”, diz o economista. Se o forte da economia brasileira se concentra na região Sudeste, isso é herança do ciclo do ouro. Se o interior é todo povoado, tal fato se deve à busca das riquezas de Minas, que criou um mercado até então sem precedentes. O enriquecimento daqueles que se
dedicavam ao garimpo e os negócios relacionados também foram outro importante fator de desenvolvimento do Brasil. Segundo Tereza Vital, o abastecimento inicial do Rio de Janeiro a Salvador, da Bahia a Minas, de produtos básicos como farinha, gado, açúcar, feijão arroz foi substituído por mercadorias importadas da Europa como vidros, espelhos, enfeites, louças, tecidos finos, tapeçarias, jóias, vinhos, azeite, armas, pólvora, chumbo ferramentas, sal, ferro e outros. Esta mudança de gosto indicou uma evolução da sociedade. Porém, a mesma sociedade que achava que a riqueza seria eternamente duradoura, não se preparou para o fim da exploração das minas por falta de tecnologia para explorar o fundo das lavras.As cidades não se prepararam.Vilas, guetos e fa-
velas foram formados, milhares de pessoas adoeciam por falta de saneamento básico, fome. Tudo isto refletia e ainda reflete atualmente na economia, devido a escassez. Ainda há um inchaço e esvaziamento das cidades do “Ciclo do Ouro”, como se fossem uma sanfona devido a falta de perspectivas. Diversas localidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte sofrem este efeito, que tem como característica a exploração do ouro ou metais preciosos. A atividade do garimpo, ao ser deixada de lado por quetões de custo desmotiva as pessoas que sem reação se entregam a sorte A escassez do ouro, e a falta de continuidade por parte das empresas desetrutura toda a comunidade que vive em torno da empresa mineradora.
05 - Cidade - Paulo Chaves
21.11.05
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Editor e diagramador da página: Paulo Chaves
CIDADE 5 Camelôs na mira da prefeitura
O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2005
Trabalho informal dimiui com o remanejamento dos ambulantes para os shoppings populares Paula Pereira
Lídia Rabelo, Paula Pereira e Wânia Ferreira 5º Período “Mata barata, mata formiga, é o giz chinês, um real!”,“Compro vale e vendo vale, pago bem no vale!”,“Dois CD por 5 cinco real!”,“Olha o radinho, cinco reais!” Esta é forma que centenas de ambulantes usam para vender seus produtos.A figura do ambulante esteve sempre presente na cena social urbana. É possível estabelecer uma relação de vida dessas pessoas, muitas delas, há anos nesse cenário informal, com o impacto que elas exercem na economia. Para a maioria delas essa é a única forma de sustentar a família e sobreviver diante às crises decorrentes à falta de emprego. São pessoas que já fazem parte da história da cidade e se identificam com ela, mas que muitas vezes ficam no anonimato.Como vivem essas pessoas e, o que elas fazem para sobreviver diante de tantos obstáculos encontrados na economia informal? A prefeitura de BH, com a proposta e execução do projeto de revitalização, está tirando todos os camelôs das ruas e transferindo par aos shoppings populares. Porém, a situação do ambulante ainda está sem uma solução. Historicamene, o comércio ambulante esteve presente na construção da maioria das civilizações modernas.As figuras do mercador e do vendedor tornaram-se constantes na cena social. É possível estabelecer uma relação de vida dessas pessoas, muitas delas, há anos nesse cenário informal,com o impacto que elas exercem na economia da cidade. Para a maioria delas essa é a única forma de sustentar a família e sobreviver diante às crises decorrentes à falta de emprego. O vendedor ambulante, Eliseu Novaes, 37, trabalha há seis anos na rua Rio de Janeiro, es-
quina com Caetés vendendo vales transportes, mas afirma que não consegue mais dinheiro com isso. Hoje, para garantir a renda, além de continuar vendendo alguns vales e também cigarros picados, ele faz pequenos serviços como servente de pedreiro para conseguir cuidar de sua mulher e de sua filha de 12 anos.“Antigamente eu só mexia com vale transporte, mas depois que o prefeito proibiu, acabou e, hoje eu vendo esses cigarrinhos,mas a fiscalização fica de cima. Eles chegam, tomam e a gente fica sem nada”, relata Eliseu. Antes de ser vendedor ambulante Eliseu trabalhava de carteira assinada. Ele conta que trabalhou na Casa das Nações um ano e cinco meses e também trabalhou dois anos na UFMG, mas depois que ele partiu para o emprego informal, nunca mais conseguiu emprego.“Eu já tenho 37 anos, aí fica difícil arrumar emprego, ainda mais que eu tenho pouca leitura e serviço hoje é pra quem tem leitura”, afirma o ambulante. Ailton dos Santos Pereira, 51, vendedor de vales transporte e Tele sena, está a um ano e meio nesse tipo de trabalho.Trabalhava na construção civil. Ficou desempregado e resolveu vender vales porque era mais viável financeiramente.“Dá um retorno mais rápido. Se eu conseguir um emprego fixo, eu paro de vender vales”, garante o vendedor. A economia informal é muitas vezes fruto da falta de estrutura das grandes cidades, que não consegue comportar tanta gente. Não se sabe ao certo que saída esses ambulantes vão encontrar para resolver sua situação,justamente porque sabem que estão sozinhos neste processo radical de retirada destas pessoas que trabalham nas vias públicas do centro da cidade. Mas é importante ressaltar a necessidade de resolução do problema, sem que ninguém seja mais prejudico.
Ataíde Santiago é um dos poucos ambulantes cadastrados que não quer trocar seu ponto pelos shoppings populares Paula Perreira
Fotos Paula Perreira
Trabalho informal vira alternativa de emprego No mercado informal existem pessoas de todas as idades, tendo em sua maioria pessoas com pouco estudo com ressalva de algumas exceções. Ataíde Santiago da Silva, 52, trabalha há 20 anos como ambulante, na avenida Olegário Maciel, esquina com Carijós. Casado e pai de cinco filhos, criou sua família vendendo balas, refrigerantes, sucos e água mineral. É cadastrado pela prefeitura, mas acha que vai ser pior se for transferido para o shopping, pois além de ter que pagar aluguel, o movimento é menor. “Eu trabalho todos os dias, e fico aqui sentado à espera dos clientes”. Jair Santiago da Silva, 56, é casado, tem 12 filhos e trabalha na mesma profissão que Ataíde. Sempre sorridente e satisfeito, trabalha na Olegário Maciel em frente a um colégio da região, há 19 anos. Criou sua família com a venda de água mineral e sucos. Hoje essa renda é só um complemento, pois conta com a ajuda da mulher e de duas filhas que trabalham.“Lá em casa, gasta quatro pacotes de arroz por semana”, ele fala e ainda sorri. Com seu carisma, o senhor Jair conquistou o carinho de todos que trabalham e circulam naquela região. É cadastrado pela prefeitura, mas não tem vontade de sair dali. “Se me tirarem daqui, eu prefiro ir pra casa descansar, pois eu sei que não vou conseguir pagar o aluguel”, afirma.
João de Jesus, 71, é aposentado, mas ainda trabalha como ambulante para complementar a sua renda.Veio da Bahia há doze anos pra tentar melhorar a vida em BH. É divorciado e tem sete filhos que sustenta com seu trabalho. Ele tinha um stand no shopping Tupinambás em sociedade com um amigo no segundo piso, porém, mesmo sabendo que é proibido vender, eles negociaram o stand, pois lá não vendiam nem para pagar o aluguel. João voltou pra rua, mas a prefeitura determinou que ele ficasse na Olegário Maciel com Carijós, mas ele não sabe o que pode acontecer depois. Ele vende capa para celular e outros produtos que estão em evidência.“Eu guardo minhas mercadorias na banca de jornal, onde pago um real todos os dias, às 7 da manhã já estou pronto para o trabalho”, relata o velhinho. Esperança Hélio Henrique Araújo Medeiros, 18, trabalha na rua para ajudar os pais e ter seu próprio dinheiro. Mas isso é temporário, pois assim que sair seu certificado militar, ele pretende sair à procura de um emprego formal. Ele vende acessórios para celular, mas o tempo todo fica de olho na fiscalização. “Eu gostaria de trabalhar de carteira assinada para obter estabilidade e segurança”, declara o esperançoso jovem.
“Se conseguir um emprego fixo, eu paro de vender vales na rua” Jair Silva vende água mineral e suco há 19 anos para completar a sua renda familiar
Ailton dos Santos Pereira, 51 anos, ambulante
Deficientes na informalidade Mesmo com a pensão que recebem do governo, muitos deficientes buscam no mercado informal uma forma de complementar sua renda. Jamil Quintão de Oliveira, 46 anos, deficiente visual e vendedor ambulante trabalha com vendas desde criança e foi cambista durante muitos anos. Com a queda do mercado de loterias passou a vender outros produtos, como pilhas, giz chinês e outros. Hoje, sempre na rua dos Carijós na esquina com a rua São Paulo, trabalha doze horas diariamente. É casado e têm uma filha de 12 anos, sua esposa não trabalha fora. Com a pensão que ganha por ser deficiente não dá pra sus-
tentar a família, por isso ele optou pela informalidade como forma de complementação da renda. Jamil acredita que a prefeitura irá fazer alguma coisa para os deficientes. A proposta da mesma é colocar todos nos shoppings, mas ele alega que será inviável para pessoas como ele, pois além do capital para montar o stand e pagar aluguel eles ainda precisarão de um auxiliar para ajudar na administração de seu negócio. Ele tem esperança que as coisas melhorem se a política econômica do país mudar e aumentar o poder de compra da população. Já Francisco Soares de Paula Filho, 56 anos, ambulante,
também deficiente visual, há 30 anos trabalhando na rua, fica sempre na rua dos Carijós entre São Paulo e Curitiba, não tem a mesma opinião de Jamil. Indignado, fala que existe uma discriminação muito grande por parte das autoridades com relação aos deficientes.“A prefeitura quer colocar todo o mundo no mesmo lugar (shopping), porém será uma concorrência desleal, principalmente por que não existe uma infra-estrutura adequada para que possamos trabalhar”, reclama o vendedor, revoltado porque um dia os fiscais quiseram apreender sua mercadoria à força.
”Eu acredito que o prefeito irá fazer algo pelos deficientes” Jamil Quintão, ambulante
06 - Educação - Pollyanna P.
21.11.05
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Editor e diagramador da página: Pollyanna Palhares
6 EDUCAÇÃO Internet nas escolas faz a diferença
O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2005
Novos caminhos são implantados nas escolas no intuito de promover acesso tecnológico aos alunos Izabela Santos Carolina Jardim 4º Período O desenvolvimento da informática exerce um grande impacto de produção em toda sociedade. O computador e a Internet tornaram-se uma importante ferramenta de trabalho em diversos setores. No Brasil, o acesso a Internet teve início em 1990 pela Rede Nacional de Pesquisa (RNP), que liga as principais instituições de ensino e pesquisa do país. Devido ao uso cada vez mais assíduo do computador em todas as esferas vários projetos estão sendo executados com o apoio do governo, para que a população e as escolas tenham oportunidade de se inserir neste contexto do uso das novas tecnologias. Em Belo Horizonte, a prefeitura tem se empenhado de diversas formas. Em agosto, foi implantado o projeto Escolas em Rede, elaborado pela Secretaria do Estado de Educação, com a proposta de interligar a Internet em 996 escolas das 3925 que compõe a rede estadual de educação em Minas Gerais.Todas as escolas de Belo Horizonte, da Região Metropolitana, e mais 172 escolas espalhadas pelo Estado terão acesso a Internet, até o início de 2007, relata a secretária de Educação Maria do Pilar Lacerda. No total, serão beneficiadas escolas estaduais de mais de 850 municípios mineiros. Já na rede municipal, o projeto Internet nas escolas já está implantado e funcionando em 38 escolas. No setor privado, cerca de 75% das escolas são informatizadas. Entretanto, a informática está sendo cada vez mais utilizada para fins pedagógicos, desencadeando vários questionamentos sobre a sua eficácia no processo da aprendizagem. O problema está em saber se somente a informatização contribui necessariamente na construção de conhecimento e se as pessoas e professores estão sendo capazes de utilizá-la da forma correta, a favor do aprendizado. Segundo a pedagoga Elizabeth Vianna, saber da existência da informática não
significa muito. “Apenas ter acesso à informação não é o suficiente para se construir o conhecimento, por que este implica em trabalhar com as informações obtidas classificando-as, analisando-as e contextualizando-as”. Criam-se todos os dias mais de 140 mil novas páginas de informações e serviços na rede. Há informações demais e muitas vezes, várias delas, não são fontes de conhecimento. Mal uso da Internet A Internet, entretanto, não modifica sozinha o processo de ensinar e aprender, esta depende das atitudes fundamentais das instituições escolares. Gladstone, professor e coordenador da Escola da rede particular Santo Tomás de Aquino, acredita que, geralmente, as escolas que são portadoras e utilitárias da Internet, não possuem programas adequados ao ensino, com uma aparelhagem específica para investir no conhecimento, e também não há uma fiscalização devida para a utilização dos recursos pelos alunos. “Investir em equipamentos tecnológicos não exclui o fato de que os professores precisam ser treinados para saber a melhor forma de utilizar as ferramentas, e muitas vezes, isso não ocorre. Os alunos utilizam a Internet para brincadeiras, e quando o objetivo é a pesquisa, costuma-se ‘cortar e colar’”. As tantas possibilidades de busca que a Internet oferece, faz com que a própria navegação se torne mais sedutora do que o necessário trabalho de interpretação. Os alunos tendem a dispersar-se diante de tantas conexões possíveis e por meio de imagens e textos que sucedem ininterruptamente. Segundo José Manuel Moran, professor do curso de Comunicação Social da UFMG, “Ensinar através dos novos meios tecnológicos como a Internet será uma revolução, se mudarmos simultaneamente os paradigmas do ensino. Caso contrário servirá somente como um verniz, ou uma jogada de marketing para dizer que o nosso ensino é moderno”, afirma José Manuel. Marcela Ziviani
Alunos do Colégio Arnaldino em aula de informática
Marcela Ziviani
Alunos se beneficiam do computador em uma das escolas de Belo Horizonte que são beneficiadas com a inclusão digital
Acesso digital ainda é restrito Com o crescente desenvolvimento tecnológico surgem vários questionamentos em relação ao amplo acesso à informação e à educação. Novos e modernos equipamentos como por exemplo o PowerMac G5, surgem a todo instante e a cada dia que passa o que era novidade já se torna ultrapassado. Entretanto, o que está em questão é se todos poderão ter acesso às novas tecnologias, já que sua implementação está diretamente ligada à necessidade de adquirir novos computadores, programas e o provimento
de acesso à Internet, sendo necessário um alto investimento em se tratando de instituições de ensino e centros comunitários. O alto custo dos equipamentos acaba fazendo com que somente as pessoas que têm boa condição econômica possam participar e usufruir dessas maravilhas da era moderna.Tayane Gonçalves, 16 anos, aluna do colégio particular Arnaldino, afirma que os professores incentivam o uso à Internet, mas o próprio colégio em si não disponibiliza um laboratório para que os estudantes possam utilizá-la.
Escolas são beneficiadas com inclusão tecnológica Através da informatização das escolas da rede pública, a Secretaria de Estado de Educação pretende implantar várias ações para a melhoria das atividades administrativas, pedagógicas e de auxílio ao professor. Já estão sendo desenvolvidos sistemas informatizados de gestão escolar e o Portal de Serviços e Recursos Didáticos além de um Centro de Referência Virtual do Professor. A compra dos equipamentos para as escolas que ainda não possui uma infra-estrutura digital instalada que será feita por meio de pregão. As empresas Copasa e Telemar assinaram termos de parceria com a Secretaria, para doação de computadores e instalação da Conexão Velox, respectivamente.Além do atendimento direto a alunos e professores, o projeto Escolas em Rede vai abrir os laboratórios de informática das escolas para capacitar a comunidade. Por meio de toda esta infraestrutura dedicada aos professores, possibilitará trabalhar com seus alunos, utilizando os grandes potenciais pedagógicos de pesquisa, autoria, co-
municação e a própria colaboração que é comprovada na produção do Software Livre. De acordo com a secretária municipal de educação, Maria do Pilar Lacerda Almeida e Silva,“promover a inclusão de todos na escola significa gerar oportunidades para que as crianças de Belo Horizonte possam conhecer outros mundos e outras realidades para entender e transformar a sociedade. Neste sentido a Internet é uma ferramenta de extrema importância”. Este modelo de trabalho já implementado em algumas escolas proporciona além da interligação de todos os computadores em rede, seja no laboratório, na sala dos professores ou na biblioteca, a criação do espaço individualizado do aluno e professor, no qual podem disponibilizar as suas produções. O professor pode estar mais próximo dos alunos, receber mensagens com dúvidas e passar informações complementares para determinados alunos. O processo de ensinoaprendizagem ganha dinamismo, inovação e poder de comunicação.
“Quando preciso fazer uma pesquisa para um trabalho na Internet eu pesquiso em casa, mas na minha turma há alunos que não têm computador e que acabam prejudicados”, diz Tayane. Raíssa do Nascimento, 14 anos, aluna do Colégio Municipal Central, afirmou que o colégio não possui computadores para uso dos alunos e nem acesso à Internet. Ela diz também que os professores não incentivam muito o uso da Internet como fonte de informação para pesquisa porque a maioria dos alunos não tem computador.
Outras instituições de ensino, por sua vez, estão tendo que se adaptar a essa nova realidade e estão implantando laboratórios de informática em suas instalações, para que seus alunos possam se familiarizar com o ambiente da informática e da Internet. Os estudantes têm que fazer pesquisas para seus trabalhos escolares pela Rede e, como ainda hoje, grande parte ainda não possui seus próprios computadores - ou mesmo possuindo, não têm acesso à Internet. as escolas estão começando a investir em mais laboratórios. Marcela Ziviani
Equipamentos modernos à disposição dos alunos
07 - Mídia - Mariana Alves
21.11.05
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Editor e diagramador da página: Mariana Alves
MÍDIA 7 Concessão é motivo de briga O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2005
Programação é ditada pelo mercado e espaços de interesse público são cada vez mais escassos na televisão brasileira.
de programção
Os excesso e a falta de regulamentação colocaram em debate a qualidade da TV.A sociedade começa a perceber a necessidade de uma programação que valorize o público não apenas como consumidor. Pensando nisso, entidades de todo o país promoveram o II Dia Nacional de Luta pela Ética na TV. Com a campanha "Quem financia a Baixaria é Contra a Cidadania", a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, em parceria com entidades da sociedade civil, busca promover o respeito aos direitos humanos e à dignidade do cidadão nos programas de televisão. O movimento parte de três questões.A primeira é que empresas de publicidade têm responsabilidade sobre a programação.A segunda,é que certas emissoras não têm se sensibilizado com os apelos da sociedade e do Estado por mais ética na televisão. E a última questão apontada é que cabe à sociedade e ao Congresso criar condições para reconhecer o direito à comunicação como um direito humano. O professor da USP Laurindo Lalo Leal afirma que a campanha faz a função do Estado.“Ela faz o papel de um órgão regulador", afirma. Ele propõe a criação de um órgão que possa fazer o controle social da programação.
Henrique Lisboa
Vitrine
Público X Privado A indefinição do público e privado é um assunto recorrente na sociedade. No caso das redes televisivas comerciais,o Estado dá subsídio, tanto política quanto financeiramente, entretanto a interferência na programação é apenas em comunicados executivos, ou em horários eleitorais.A renovação da concessão não é usada como filtro de qualidade. “Nunca teve uma punição com retirada da concessão para nenhum canal” afirma Campello. E em contrapartida, a obtenção de uma concessão é dificultada pela escassez de espaço nos canais, e redes de interesse da população acabam sendo restritas à TV por assinatura, o que é o caso da TV Assembléia.“Só é aberta licitação para concessão de tv aberta se alguma já existente fechar,pois não tem espaço para abertura de mais redes, e nem para ampliação de emissoras que já operam na tv paga.” explica Campello. Para Aloísio a TV pública e privada não é muito definida no país.“Existe uma confusão não só conceitual, mas também porque existem interesses políticos e empresariais”. Lopes acrescenta que as TVs estatais funcionam quase como um canal executivo.“O principal problema enfrentado é a estreita dependência do governo, seja nas diretrizes políticas ou na financeira. O trabalho do jornalista é estabelecido na definição da pauta e não no repórter” afirma Aloísio. As TVs públicas brasileiras enfrentam desafios em diferentes âmbitos, tendo destaque à questão do financiamento. É relevante também a concorrência desleal com as TVs comerciais e a cultura de audiência em massa. Para o gerente geral da rede Assembléia, Rodrigo Lucena, o canal é direcionado a um público seleto e formador de opinião. “Nosso público não é o mesmo que assiste a TV comercials. A nossa programação exige uma reflexão e um acompanhamento de uma atividade política principalmente” ressalta Rodrigo. Colaborou: Mariana Alves
Henrique Lisboa
Rafael Matos 5H
A abertura de canais de televisão no Brasil é dada pelo governo federal através de concessões. Isso difere as radiodifusões para empresas jornalísticas, como jornais impressos. Esta diferenciação deveria estabelecer a qualidade e o papel social, atribuído pelo Estado, da atividade televisa.A Constituição de 1988,no artigo 223 ressalta que "compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão, observado o princípio da complementariedade dos sistemas público, privado e estatal". Entretanto, a realidade não apresenta qualquer referência com o texto legal. Por ser considerada um empreendimento comercial a televisão, na prática, se exime das obrigações, limites e função de bem público, baseada na própria constituição. Por outro lado, a TV pública não se adapta a estrutura dominada pelo modelo comercial, e apenas emissoras estatais garantem seu espaço. Segundo o professor de telejornalismo da Fumec,Alexandre Campello, a falta de esclarecimento da população impede a cobrança.“A população tem que ter percepção da função social que compete às redes de televisão” esclarece Campello. O tripé que deveria funcionar a televisão não tem suportes institucionais. De acordo com o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Geras,Aloísio Lopes, as leis que regulamentem a comunicação ainda são dispersas.
TV no Brasil não segue definição, estrutura legal não prevê controle Campanha luta pela qualidade de qualidade e a população não reconhece sua função social
Projeto
Clarissa Damas Xavier Gabriela Falci 2º Período
População não tem acesso a qualidade da informação.
Aécio Neves veta entidade sindical A Rede Minas volta a contar com um Conselho Curador depois de sete anos inexistente. O Conselho é a instância administrativa máxima da emissora, formada por representantes do poder público e da sociedade através de entidades culturais e de comunicação. A recente nomeação dos sete membros titulares e dos três suplentes causou polêmica no meio jornalístico. Segundo o sindicato dos jornalistas a escolha feita pelo governador não obedeceu critérios, e impediu a participação de nomes ligados a entidade sidincal. O conselho está previsto no Estatuto da TV Minas, pela lei 11.179 de 10 de agosto de 1993, e seu funcionamento era uma cobrança antga do sindicato dos jornalistas. O Órgão determina a política administrativa e aprova as contas da entidade. A nomeação é dada pelo governador, após lista indicada pelos profissionais e sindicatos envolvidos com a emissora, os sindicatos dos jornalistas, dos radialistas e dos artistas. Desta, Aécio Neves escolheu dois representantes, um titular e um suplente. Segundo o presidente do Sindicato dos Jornalistas de MG e um dos indicados na lista apresentada ao governador,Aloísio Lopes, exis-
tiu um veto político à sua entidade sindical já que nenhum dos nomeados é jornalista e ele próprio foi o mais votado pelos funcionários da emissora para ser empossado.“No mínimo o Perí de Souza [a outra indicação do sindicato e o mais votado dentre os que trabalham na emissora] pois trabalha lá na TV Minas, teria que ser ou suplente ou titular” desabafa Lopes. As três entidades sindicais realizaram uma eleição entre os funcionários da TV Minas, e entregaram, junto com a indicação, o resultado. Essa instância é adotada na estrutura de TV pública. Para tanto, criam-se conselhos gestores autônomos, formados por representantes da sociedade. Para Aloísio, o modelo público tem que se manter independente.“A emissora pública deve ter uma gestão pública. Essa gestão pública, pode se dar de diversas formas, como por exemplo, participação da sociedade na diretoria, no conselho de gestão, no conselho de programação, mas o principal como decorrência dessa gestão pública é a não interferência de interesse governamental na sua linha editorial, ou de interesse comercial, como acontece nas outras emissoras” acredita Lopes.
08 - Internacional - Nagib
21.11.05
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Editor e diagramador da página: Tiago Nagib
8 INTERNACIONAL
O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2005
Entre o Ocidente e o Oriente Turquia e União Européia dão início às negociações para adesão do primeiro país não cristão ao bloco Divulgação
Tiago Nagib 7º Período Após longos e delicados debates, a União Européia (UE) acabou decidindo aceitar as negociações para a eventual entrada da Turquia ao bloco europeu. O ingresso turco à UE seria um forte gesto de aproximação da Europa ao oriente, principalmente aos países de religião muçulmana, mas poderiam também criar grandes dificuldades para o funcionamento pleno do bloco. Uma vez incluída na UE, a Turquia seria a maior nação européia em termos de extensão, além de possuir a segunda maior população do bloco, atrás apenas da Alemanha. Apesar disso, ela conta com alguns dos piores indicadores sócio-econômicos do continente, como altas taxas de mortalidade infantil além de baixa expectativa de vida para os padrões europeus e elevados índices de desemprego. Desconfiaça européia Apesar de se ter chegado a um consenso para a entrada turca à UE, alguns governos europeus ainda se mostram reticentes em relação às possibilidade reais da Turquia aderirem ao bloco. O chanceler alemão, Gerhard Schröder, disse que será "longo e complicado" o processo de negociação para a entrada do país na União Européia. Já o presidente francês Jacques Chirac reiterou seu apoio ao início das negociações, mas afirmou que os turcos terão que se adequar aos valores do bloco se quiserem entrar como membros integrais. Para Chirac, será necessária uma “revolução cultural” por parte dos turcos. "A Turquia terá sucesso?", questionou ainda Chirac. "Eu não sei. O que está claro é que ela precisará de tempo, muito tempo, ao menos 10 ou 15 anos", afirmou o líder francês. O presidente gaulês deixou claro ainda que “os franceses devem ter a última palavra, como numa democracia” dizendo que a deci-
Antiga catedral e atual mesquita em Istambul, Santa Sofia é símbolo da dualidade turca entre ocidente e oriente
são final dependerá da realização de um referendo na França. Já o primeiro ministro italiano, Silvio Berlusconi, mostrou otimismo e afirmou que a Europa tem “uma chance, que não deve desperdiçar, de criar uma ponte entre o Ocidente e os mundos árabe e mu-
Dados comparativos entre UE e Turquia Taxa Básica de Juros 2% (zona do Euro) 15,8%
População 459 milhões 70 milhões
Crescimento da Economia - 2004 0,4% 5%
Renda Per-Capita US$26.900,00 US$4.925,00
Expectativa de Vida 78,3 anos 72,3 anos
Taxa de Analfabetismo 0% 13,5%
• União Européia • Turquia Fontes: CIA, UE/Eurostat, Banco Central Europeu e Embaixada da Turquia no Brasil
çulmano”. Vantagens Para o coordenador do curso de Relações Internacionais do Uni-BH e professor da PUC Minas, Danny Zahredine, o ingresso da Turquia na União Européia deve ser visto de forma
positiva, pois todos podem ganhar. A Europa ganharia com uma mão-de-obra mais barata, com altos índices de natalidade e passará a controlar a maior parte do Mar Mediterrâneo e os estreitos de Bósforo e de Dardanelos, deixando assim a Rússia relativamente dependente da
Europa para chegar ao Mediterrâneo. Segundo Zahredine, apesar do apoio explícito dos Estados Unidos juntamente com a Inglaterra para a inclusão turca ao bloco, isso não enfraqueceria o eixo franco-germânico, atual locomotiva da UE. Isso
aconteceria porque tanto franceses como alemães ganhariam com uma maior facilidade para aquisição de matérias-primas e de mão-de-obra mais barata. Para o Brasil, o professor destaca que o impacto seria positivo porque “finalmente um país periférico de grandes proporções começa a entrar para o eixo dos países centrais, criando uma mobilidade maior e permitindo que países em desenvolvimento como o Brasil possam vir a pertencer também ao seleto grupo das nações centrais”. Apesar de todos os ganhos, o professor lembra que a desconfiança ainda é muito forte pela maior parte da população européia, principalmente em países como Áustria, Grécia e nações dos Bálcãs que lutaram no passado contra o então Império Turco-Otomano, além do problema da religião. A Turquia seria o primeiro país não cristão a fazer parte da União Européia.Apesar de 99% de sua população praticar a religião islâmica, desde o fim da primeira guerra mundial e da proclamação da república, o Estado sempre fez questão de manter-se laico e permitir liberdade para a escolha da religião. Hoje a Turquia é moderna e um dos maiores países em desenvolvimento do planeta.Após sofrer uma forte crise econômica em 2001, o que obrigou o governo a promover uma maxi-desvalorização da moeda, o país vem apontando forte recuperação, tendo crescido mais de 8% em 2004. No entanto, ainda há graves problemas em sua balança comercial, tendo acumulado somente em 2004 um déficit da ordem de US$25 bilhões, um dos maiores do planeta. Seu passe ao seleto grupo europeu poderia revolucionar as condições de vida da população, mas exigiria também um grande esforço por parte do governo e da sociedade para se adequarem aos padrões europeus. As negociações já foram iniciadas. Resta saber se os turcos realmente conseguirão adentrar à Europa, em que pese as imensas dificuldades que terão pela frente.
O país dos sultões Em via de tornar-se membro da União Européia, a Turquia durante séculos foi sinônimo de perigo para a Europa. Surgido em territórios do antigo Império Bizantino, os primeiros sultões otomanos rapidamente conquistaram a península da Anatólia e continuaram rumo aos Balcãs onde travaram em 1389 a célebre batalha de Kosovo, derrotando um exército composto por húngaros, sérvios e moldávios. Derrotando ainda uma cruzada envida pelo então papa Bonifácio IX, o sultão Bayazid I, que governou de 1389 a 1403, ampliou as conquistas na Europa e no Oriente Médio. Após diverssas tentativas, os turcos conquistaram em 1453 a cidade de Constantinopla, antiga capital do Império Bizantino e uma das cidades mais importantes de então em todo o mundo.Ao final do século XIV, o Império Turco chegou ao seu auge, após derrotar Veneza e Áustria além de conquistar a Hezergovina, a Síria e o Egito. No século XIX após intensas lutas e severas derrotas para Áustria e Rússia, os turcos foram obrigados a reconhecer a independência da Grécia, que contava com apoio dos ingleses.
• Países que já integram a União Européia • Países que ingressarão na União Européia a curto prazo • Turquia: candidato cujo processo de adesão será mais lento Durante a I Guerra Mundial, apesar de tentar seguir neutra, a Turquia acabou envolvendo-se com a Alemanha e tendo que partilhar parte de seu território com os aliados, provocando assim um sentimento de forte nacionalismo que levou ao fim do sultanato em 1922 e ao início da república pelas mão do general Kermal Ataturk.
Atartuk deu início a profundas reformas, como o estabelecimento do Estado laico e a implantação do alfabeto latino, além de aliar-se à União Soviética. Após a morte de Ataturk, a Turquia pendeu para uma amizade mais estreita com os Estados Unidos e a Europa Ocidental, requisitando seu ingrsso à UE em 1963. Em 1966 o país sofreu um golpe militar
sustentado por medidas de repressão que duraram até 1991, quando ocorreram medidas de flexibilização que tiraram da ilegalidade marxistas e políticos religiosos. Após intensa flexibilizção, a Turquia sucumbiu à crise econômica do fim da década de 90 levando o país ao colapso em 2001. Hoje o país tenta recuperar-se do trauma sofrido.
09 - Esporte - Vanessa Nogueira
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ESPORTE 9
O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2005
“Por que apenas 11 jogos são considerados contaminados?” Jornalista Rogério Perez acha que todas as partidas envolvidas na máfia do apito devriam ser anuladas Camila Leite
Pedro Bcheche Guilherme Barbosa 5º Período
“Não se pode ter a ilusão de que tudo é perfeito. Nada é perfeito, porque só o futebol seria perfeito?”
“O futebol é, atualmente, o maior showbusiness do mundo”
“Não vai ser anulando 11 jogos, eliminando este juiz do futebol e prendendo o apostador, que a corrupção acabará”
“A crise da política não é de uma pessoa nem de um grupo, e sim da política brasileira. No futebol acontece o mesmo”
Rogério Perez é chefe de redação e colunista do diário de esportes do jornal “Hoje em Dia”, onde está desde 1996. Nesta entrevista, ele fala sobre assuntos que estão em todas as rodas de conversa dos torcedores. Dá sua opinião acerca da situação dos times mineiros, da apuração da mídia nos acontecimentos esportivos e ainda sugere soluções para os escândalos do futebol. Rogério é polêmico ao tratar das denúncias de corrupção envolvendo a arbitragem. Para ele, não há máfia, escândalo do apito, e sim uma constatação de uma corrupção sistêmica, algo que já ocorre há algum tempo. Perez é contra a anulação de apenas 11 jogos e tem uma postura radical com relação ao que deve ser feito. “Acho que todo o campeonato deveria ser anulado”. Nem sempre atuando como jornalista esportivo, Rogério Perez começou sua trajetória no jornalismo no final da década de 60, no jornal Estado de Minas. Era uma época em que, segundo ele, as redações eram bastante diferentes. Ficou lá até 1986, quando foi para a Rede Globo de Televisão, onde trabalhou como editor de esportes da emissora, preparando os programas que iam ao ar e coordenando as coberturas esportivas. Nessa época, teve passagens por Brasília. Durante 15 anos, esteve na sucursal de Belo Horizonte dos jornais “O Estado de S. Paulo” e “Jornal da Tarde”.Trabalhou também na TV Alterosa e na Radiobrás.
O PONTO – O futebol brasileiro se vê envolvido em um escândalo de corrupção na arbitragem em meio a um campeonato. Como você avalia esta situação? ROGÉRIO PEREZ – Para mim, não chega a ser um escândalo, e sim uma constatação de uma coisa que já existe. É mais ou menos igual à crise que atribuíram ao Lula e ao PT. A crise da política não é de uma pessoa nem de um grupo, e sim da política brasileira. No futebol acontece o mesmo. Nessa área de vendas de juizes envolvendo apostas, já tivemos uns cinco escândalos desse tipo, só que não há, como agora, interesse de apurar. Se eu tiver autoridade e quiser envolver alguma pessoa em qualquer coisa, eu envolvo, basta escutar uma gravação e atribuir a ela uma importância que ela não tem. Edílson Pereira de Carvalho não é louco, ele é esperto, à sua maneira, mas um espertalhão. Não há diferença entre ele e o Armando Marques (exchefe de arbitragem da CBF). É claro que sua atitude não foi ética, moral.Agora, eu não sou idiota de achar que ele é o único juiz no Brasil que vende jogo. Não se pode ter a ilusão de que tudo é perfeito. Nada é perfeito, porque só o futebol seria perfeito? Diariamente recebo informações de falcatruas no meio do futebol. Pode ser que sejam verdades, mas não se comprovam depois de se apurar. Há coisas que não há como serem apuradas, porque ninguém dá recibo quando comete ilicitude. Porque apenas 11 jogos são considerados contaminados? O PONTO – Você concorda com a anulação destes jogos? ROGÉRIO PEREZ – Eu acho que deveria acabar imediatamente com todo o campeonato. Todo o campeonato está comprometido. Mas o torcedor é muito ingênuo, passional. O torcedor do Cruzeiro, por exemplo, que pagou para ver a goleada do Cruzeiro sobre o Botafogo, jogo que foi anulado, foi novamente ao Mineirão pra ver se o time goleava outra vez a equipe carioca (o novo jogo realizado terminou empatado em 2 a 2). Isso não faz sentido. Se comprovadamente te-
ve algo arranjado, os times teriam que ser eliminados do campeonato. O PONTO – Mas ao que parece, não há times envolvidos diretamente nesse esquema. ROGÉRIO PEREZ – Como não? Como vocês sabem? Não teve apuração nenhuma sobre isso. Quem vive no meio da jogatina falava abertamente que não se aceitava mais aposta do empresário Nagib Fayad, que contratou o árbitro Edílson Pereira de Carvalho. Na Alemanha e na Itália tivemos casos de corrupção também neste ano.
Isso vai continuar existindo. Não será anulando 11 jogos, eliminado este juiz do futebol e prendendo o apostador, que a corrupção acabará. Ela vai continuar pois o futebol é atualmente o maior showbusiness do mundo. É a única atividade de espetáculo na Terra que consegue tanto dinheiro. O PONTO – Como se resolver então esta questão? ROGÉRIO PEREZ – Cance-
“O futebol se tornou o maior espetáculo da Terra e achar que será puro, limpo em sua totalidade é bobagem”
Rogério Perez não mede palavras ao criticar o futebol brasileiro
lasse o campeonato, a partir da 30ª rodada não tem mais. Para que não ficássemos sem um campeão em 2005, poderia se fazer um campeonato rápido, com um turno corrido, só para efeito legal, para se ter um campeão e os rebaixados. Para que não atrapalhe inclusive a máquina que envolve o futebol, que não pode simplesmente acabar. O PONTO – Qual o papel que a TV exerce no futebol e em todos estes casos? ROGÉRIO PEREZ – A TV deve ser a maior culpada de tudo is-
so. É sem dúvida a grande beneficiada com esta anulação dos jogos. Isso porque terão 11 jogos, dentre eles cinco ou seis clássicos. É um pay-per-view a mais. Embora digam que não será cobrado a parte, eu não acredito. O PONTO – Você acredita que a cúpula da CBF pode estar envolvida em corrupção? ROGÉRIO PÉREZ – O Nabi Abi-Chedid, vice-presidente da
CBF, é um pilantra. Pode muito bem estar envolvido em corrupção, assim como Ricardo Teixeira e outros dirigentes. Quando um time chamado grande começa a cair para a segunda divisão, se arranja um esquema para ajudá-lo. É um assunto muitas vezes de interesse público.Tem armação, claro que tem. O Brasil, por exemplo, vai ficar fora de uma Copa do Mundo? Claro que não, eles arrumam um jeito. Podem até virar a mesa, como fizeram quando o Fluminense caiu. Há que se desconfiar deste povo. Até pouco tivemos a oligarquia dos Ferreira, na Federação Mineira de Futebol (FMF). Eles eram considerados sumidades, figuras acima de qualquer suspeita. O PONTO – Trazendo a discussão para dentro do campo, há dois anos, o futebol mineiro está mal, acumulando fracassos. Como você vê esta situação? ROGÉRIO PEREZ – O futebol mineiro está ruim. O Cruzeiro dificilmente vai ganhar alguma coisa, porque quando um jogador surge fazendo sucesso logo é vendido. Para um time ser bom, tem que ter bons jogadores. Já o Atlético tem um time fraco. O que está acontecendo com o futebol mineiro é fruto de uma derrocada não só do futebol, mas de Minas Gerais como um todo, apesar desta fantástica propaganda em cima do governo do Aécio Neves. Minas está para trás há muito tempo, em todas as atividades, e o futebol é o reflexo da nossa sociedade que está estagnada. Mas isso não quer dizer que não estejam acontecendo coisas boas. O Atlético e o Cruzeiro, com relação há 20, 30 anos, melhoraram muito em termos estruturais. O PONTO – Como você avalia a cobertura da imprensa esportiva mineira? ROGÉRIO PEREZ – Na média, a cobertura esportiva em Minas é boa. Não há nenhuma aberração aqui. Perde-se para as coberturas da mídia paulista e gaúcha por existirem lá melhores condições econômicas para que haja independência.
“Edílson Pereira de Carvalho não é louco, ele é esperto, à sua maneira, mas um espertalhão”
“Há coisas que não há como serem apuradas porque ninguém dá recibo quando comete ilicitude”
“Nabi AbiChedid, vicepresidente da CBF, é um pilantra”
Maiores casos de corrupção da história do futebol mundial 1980 - Itália. Totonero era uma espécie de loteria esportiva na qual ganhavam apostadores indicados por uma rede de manipuladores de resultado. Com a denúncia do esquema, a justiça italiana concluiu que a rede aliciou atletas, juízes e dirigentes para manipular resultados de jogos. Paolo Rossi, carrasco do Brasil na Copa de 82, foi um dos jogadores envolvidos e punidos pela justiça.
1982 - Brasil. A revista Placar publicou uma série de reportagens que jogou na lama a credibilidade do futebol brasileiro e da Loteria Esportiva. O escândalo ficou conhecido como a “Máfia da Loteria Esportiva”. Segundo as acusações, uma quadrilha provocava resultados improváveis (a chamada zebra) e pagava propina aos atletas dos times envolvidos.
1993 - França. O time francês Olympique de Marselha corrompeu árbitros e jogadores adversários para conquistar o pentacampeonato nacional e a Liga dos Campeões da Europa. Os títulos foram cassados, o clube acabou na segunda divisão e ainda foi suspenso de competições européias.
1997 - Brasil. Gravações telefônicas reveladas pela Rede Globo apontaram a existência de um esquema de suborno de árbitros comandado pelo então diretor de arbitragem da CBF, Ives Mendes, mas com a participação de clubes. Os presidentes de Corinthians e Atlético-PR, Alberto Dualib e Mário Celso Petraglia, flagrados nas escutas, foram suspensos (hoje, ambos seguem nos mesmos cargos). Mendes foi afastado do futebol.
2005 - Alemanha. Diversos árbitros foram acusados de manipularem resultados de jogos de divisões inferiores do Campeonato Alemão para uma quadrilha de apostadores ligada a loterias eletrônicas da Europa. A justiça alemã concluiu que o árbitro Robert Hoyzer foi subornado e o prendeu. Hoyzer confessou o crime e denunciou outros quatro juízes (um deles da Fifa) e 14 jogadores de estarem envolvidos com o esquema. Fonte: Veja On-line, Portal UOL
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Editora e diagramadora da página: Marina Tofani
10 CULTURA
O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2005
Suavidade Um banquinho, um violão... A Bossa Nova completa 45 anos de pura melodia
dedilhada Divulgação
Enzo Menezes 2º Período Um dos mais importantes movimentos de renovação da música popular do Brasil, a Bossa Nova é um dos estilos mais influentes da música brasileira e o mais difundido no exterior. O movimento se consolidou na década de 60, mas, oficialmente, surgiu em 1958 quando João Gilberto cantou Chega de Saudade com uma batida de violão diferente. No mesmo ano, com o disco “Canção do amor demais” gravada por Elizeth Cardoso com participação de João Gilberto, e exclusivamente dedicado as canções da dupla iniciante Tom Jobim e Vinicius de Moraes, o ritmo que viria ser conhecido como Bossa Nova ganhou o Brasil. A palavra ‘bossa’ que até então era uma gíria carioca que significava jeito, modo, maneira, passa a designar algo maior, um novo gênero musical que surgiu em oposição a tudo que um grupo de jovens considerava superado. Estes jovens, se-
gundo Ruy Castro, em seu livro “Chega de Saudade”, buscavam por meio da composição e interpretação, uma linguagem diferente da que estavam acostumados. Uma maior integração entre melodia, harmonia e ritmo, letras mais elaboradas e uma valorização da pausa e do silêncio, além de uma maneira mais despojada e intimista de cantar são as características, segundo o músico carioca Fernando Castro, daquele novo ritmo, a Bossa Nova. “A Bossa surge como um novo tratamento que se dá a uma música, em termos de batida e ritmo”, explica o músico. Com nomes do porte de Carlos Lyra, Tom Jobim, Roberto Menescal, Nara Leão,Vinicius de Moraes, João Gilberto, entre outros, o movimento musical ultrapassa as fronteiras da zona sul do Rio de Janeiro e conquista o Brasil, para depois ganhar o mundo em 1962, no concerto histórico no Carnegie Hall, em Nova York, que internacionalizou a Bossa Nova como o maior ritmo brasileiro.
Carlos Lyra em momento Bossa Nova na praia de Ipanema, cena do longa- metragem “Coisa mais linda”. Divulgação
Documentário sobre o ritmo carioca
Capa do disco que reuniu brasileiros em Nova York.
Uma nova batida brasileira: samba e jazz juntos
Bossa Nova. 45 anos de história na MPB.
A efervescente juventude carioca influenciada pelo improviso e a modernidade do jazz americano, ao tentar misturá-lo com as raízes do samba criou o ritmo brasileiro mais conhecido no mundo. Nomes como Frank Sinatra e Stan Kenton, influenciaram um grupo de jovens responsáveis pela revolução musical – rítmica, melódica, vocal e poética- chamada Bossa Nova. Este grupo de jovens, entre eles Ronaldo Bôscoli, Nara Leão, Roberto Menescal e vários outros, buscavam uma renovação na música popular , já que os boleros exuberantes dos cantores do rádio, como Vicente Celestino, não chamavam mais a atenção. O preciosismo de Silvio Caldas no samba também não agradava. A saída foi o samba-canção, uma vertente do samba dos morros, que com sua linguagem informal e temática ligada ao cotidiano influenciou as letras simples e coloquiais da Bossa. Segundo Fernando Castro, a maior influência do movimen-
to, o jazz e suas formas de composição, em 1962, transformou um de seus clássicos em sucesso mundial, Desafinado em versão instrumental pela dupla Stan Getz e Charlie Byrd, mestres do gênero. No mesmo ano, a Bossa Nova ganha o mundo através dos palcos do Carnegie Hall, começando assim as carreiras internacionais de muitos músicos, como Tom Jobim, Oscar Castro Neves e João Gilberto, que após o concerto se estabeleceram nos Estados Unidos. Grandes nomes do jazz tornaram se admiradores do ritmo brasileiro, como Dizzy Gillespie e Miles Davis que mostraram um interesse especial , além da gravação, em 1964, de um dos discos mais importantes e bem sucedidos do movimento, Stan/Gilberto, pelo saxofonista Stan Getz, acompanhado de Tom Jobim, João Gilberto e sua mulher, Astrud Gilberto. Algumas das principais músicas da Bossa Nova foram regravadas por ases como Ella Fitzgerald, Herbie Mann, Bill Evans e inúmeros outros.
O documentário “Coisa mais linda – História e casos da Bossa Nova”, do diretor mineiro Paulo Thiago, traça um panorama a partir do depoimento de duas principais figuras do movimento musical, Roberto Menescal e Carlos Lyra. O longa-metragem é um retrato do período concentrado entre a instauração do banquinho e o violão nos apartamentos da zona sul da juventude carioca, no final da década de 50, até 1962, quando os protagonistas da Bossa Nova se reuniram no Carnegie Hall, em Nova York, para um concerto que internacionalizou a batida sincopada própria do novo gênero musical brasileiro. O diretor filmou depoimentos e apresentações de músicos de diferentes gerações como os pianistas João Donato e Johnny Alf e as cantoras Alaíde Costa e Joyce, além de jornalistas, estudiosos e produtores musicais como Sérgio Cabral e Nelson Motta. Junto a isso, foram acrescentadas imagens e apresentações de época. Este material de arquivo, em alguns casos, bastante deteriorado utilizou grande parte do orçamento de R$ 1,5 milhão para ser recuperado. Segundo Paulo Thiago, outra parte do orçamento foi destinada ao pagamento dos direitos autorais das músicas usadas no filme. Histórias e casos Através de ícones daquele tempo como Tom Jobim, João Gilberto,Vinicius de Moraes e Nara Leão, o documentário revela além de curiosidades, muitos casos e histórias sobre a Bossa Nova.Ainda oferece um painel histórico, musical e informativo sobre o movimento. Para Rodrigo Zavala, crítico de cinema, ‘Coisa mais linda’ é uma produção de grande importância pois retrata o estilo responsável por uma revolução na cultura musical brasileira.
11 - Cultura - Renata Vaz
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Editora e diagramadora da página: Renata Vaz
CULTURA 11
O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2005
Feito a
Artesanato pode se transformar em única fonte de renda, além de promover e divulgar arte e cultura Arquivo pessoal
Daniela Venâncio 6º Período Viver da arte, do artesanato, tendo como principais matériasprimas a criatividade e a sensibilidade, não é fácil.“É necessário muita persistência para chegar a ter o artesanato como única fonte de renda.” – diz a artesã Railda Alves. Railda aprecia o artesanato desde criança, quando já fazia bonecas e bordados. Há mais de dez anos, ela faz fachadas de igrejas barrocas das cidades históricas, casarios antigos e fachadas de patrimônio histórico de Minas e do Brasil, feitas com gessopedra e pintadas à mão. O seu trabalho é divulgado e comercializado pelo país com a ajuda da ong Central Mãos de Minas. “O trabalho da ong é fundamental para a maior divulgação do meu trabalho”. – afirma a artesã. Hoje ela consegue viver apenas com a comercialização de suas peças. A ong Central Mãos de Minas presta serviços para tirar o artesão da informalidade, apóia os artesãos com atividades nas áreas de legalização de vendas, central de compras, central de exportação e comercialização. Hoje ela conta com mais de 7 mil artesãos mineiros.“É super importante divulgar o artesanato mi-
neiro pois com isso aumentamos a venda, aumentando a renda do artesão e divulgando assim o Estado. Ganha o Estado e principalmente o artesão”. – diz Roberto Silva, superintendente da Central Mãos de Minas. Há 15 anos, a Central Mãos de Minas e o Instituto Centro Cape (Instituto Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor - departamento de treinamento de artesãos) realizam a Feira Nacional de Artesanato. A ong Central Mãos de Minas promove a Feira Nacional de Artesanato nos dias 22 e 27 de novembro, no Expominas.Além de movimentar o turismo da capital mineira, com a chegada de 10 mil turistas, a XVI Feira Nacional de Artesanato também vai gerar benefícios para a economia local, com a criação de 2,5 mil empregados temporários.A Feira vai contar com a presença de 7 mil artesãos de todo o Brasil, da Indonésia, Paquistão, Bolívia, Quênia, Peru, Uruguai e Índia. Os apreciadores do artesanato ainda têm muito que descobrir sobre a criatividade, a diversidade e a beleza dos trabalhos dos mineiros. Cada peça tem a sua particularidade e divulga muito bem a arte e a cultura. Colaborou: Renata Vaz
Peças criativas atraem público diversificado
Renata Vaz
Peças artesanais de Leila Leite e Railda Alves: complementação no orçamento.
Arte é esquecida no consumo Em 1969 grupo de intelectuais que tinham o objetivo de levar a arte e a cultura para todas as camadas da população,criaram a Feira de Arte e Artesanato de Belo Horizonte, a “Feira da Praça da Liberdade”. Essa Feira foi uma verdadeira expressão de um movimento cultural e artístico da época,fruto de um contexto histórico de manifestação e contestação à repressão da Ditadura, o qual faz com que logo no início a Feira passa a ser identificada popularmente como “Feira Hippie”, denunciando simbolicamente uma postura de contestação típica do Movimento Hippie americano. Apenas em 1973 que a Feira foi oficializada, passando a ser regulamentada pela Prefeitura de Belo Horizonte,que acatou a sugestão do grupo de artistas e críticos de arte que idealizaram a Feira. Em 1991 ocorre a transferência da Feira para a Avenida Afonso Pena, a “Feira Hippie” da arte se transformou na feira do consumo.Um dos elementos responsáveis pela descaracterização
da Feira é o crescimento desordenado do evento.Segundo dados de 2004 da Belotur, a Feira é a maior atração turística de Belo Horizonte, ela atrai cerca de 80 mil pessoas, e movimenta uma parcela significativa do PIB da ca-
“O maior número de produtores culturais de artesanato estão concentrados em Belo Horizonte.” Orlins Pellegrini, artesão e um dos fundadores da Feira da Praça da Liberdade.
pital, cerca de 800 mil reais semanalmente. A Feira de Arte,Artesanato e Produtores deVariedades da Avenida Afonso Pena é o verdadeiro nome da “Feira Hippie”.Todas as pessoas que circulam na Feira,
nem sempre são consumidoras. “O belo-horizontino muitas vezes vai à Feira não para comprar, mas por curiosidade ou apenas para preencher o lazer.”– diz Orlins Pellegrini, artesão e um dos fundadores da Feira da Praça da Liberdade. A “Feira Hippie” têm 2.608 expositores. “Feiras como a da Afonso Pena são essenciais para a divulgação do trabalho do artesão.”- diz a artesã Rosali Milagres. Rosali diz ainda que o contato com as pessoas de todo o tipo é muito importante para o seu trabalho.“Cada gesto, todo comportamento humano me inspira no momento da pintura. O que me toca em relação às cenas do cotidiano é o que eu passo para a tela.”- fala entusiasmada a artesã que tem o artesanato como fundamental para a sua vida. O artesanato muitas vezes se transforma na única fonte de renda de uma família. Pela necessidade de viver apenas desse meio, muitas vezes, ele é feito apenas pensando em qual peça vende mais, deixando para trás a sensibilidade e a criatividade. Divulgação
Para ser criativo, basta ter sensibilidade para extrair o melhor em cada situação.
17 de Novembro dia da Criatividade “Feira Hippie” tem um público estimado de 80 mil pessoas por domingo.
O número de lojas sofisticadas de decoração que vendem peças artesanais cresceu muito. São todas as camadas sociais que se interessam pelo artesanato. “O mercado para o artesanato mineiro está se abrindo, podendo ser vendido em grandes lojas de decoração no Brasil e no exterior.” – alerta Roberto Silva, superintendente da Central Mãos de Minas. Roberto diz ainda que existem muitos compradores internacionais que vêm à Minas Gerais para conhecer comunidades e importar peças diretamente dos artesãos. Muitas pessoas querem ter peças artesanais em suas casas ou no local de trabalho. Com isso, os artesãos que têm criatividade e talento sempre vão encontrar o seu mercado.Um exemplo disso, é a artesã Leila Leite que faz pingüins de cabaça. O seu trabalho é inovador e de qualidade, o que fez com que ela conseguisse apreciadores e compradores de sua arte em várias cidades do estado, como Ouro Preto, São João Del Rey,Paraopeba e Pedro Leopoldo; e também em São Paulo e na Amazônia.
12 - Ambiente - Luísa Gomes
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Editora e diagramadora da página: Luísa Gomes
12 MEIO AMBIENTE
O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2005
TRANSPOSIÇÃO Victor Schwaner
DO RIO SÃO FRANCISCO Com o objetivo de acabar com a seca no nordeste, projeto passa por dificuldades e ainda não tem data prevista para início das obras Flora Libânio 2º Período
Cachoeira Casca Danta, nascente do Rio São Francisco, na Serra da Canastra (MG)
Consequências sócio-ambientais do projeto: •
cerca de 3.500 pessoas serão remanejadas e reassentadas;
O governo federal se prepara para lançar a transposição do rio São Francisco, que consiste em enviar as águas do rio para abastecer o sertão do Nordeste. A discussão existe desde o século XVIII, quando Dom Pedro II era imperador e novamente vem à tona, quase um século e meio depois, ainda sem nenhum consenso. O projeto da transposição tem por objetivo a utilização das águas do rio para a perenização de rios e açudes da região nordeste, durante os períodos de estiagem.Os estados beneficiados seriam Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará,daí a explicação que os políticos desses estados estarem defendendo o projeto.Por outro lado, os políticos de Minas Gerais, Bahia, Alagoas e Sergipe não o aceitam bem, pois demonstramse preocupados com os efeitos em seus respectivos estados e municípios.Além disso, muitos técnicos no assunto acreditam que o rio não oferece condições para atingir tal objetivo, pois o nível de água é baixo e o caminho que ás águas seguirão é relativamente alto, não atingindo os objetivos do projeto, além de deixar as populações ribeirinhas de Minas e Bahia sem água.A transposição também levará muito tempo para ser realizada.Tal contradição gera indícios de que o projeto é mascarado de ação social, mas na
verdade quer beneficiar plantações de políticos. De acordo com especialistas ambientais, a primeira coisa a ser verificada para realizar a transposição é se existe água suficiente e, principalmente, para que ela será usada. Há também os problemas ambientais do São Francisco, como o assoreamento e a poluição, que se intensifica em Minas Gerais e na Bahia. Para a execução é necessário que haja um levantamento sobre a sustentabilidade da transposição e, principalmente, que seja realizado um projeto consistente sobre os possíveis impactos ambientais. Atual situação do rio O Rio São Francisco possui cerca de 634.000 km2 e abrange seis estados (Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Goiânia,Alagoas, Sergipe) e o Distrito Federal. Sua bacia é composta por 504 municípios, atende cerca de 14 milhões de pessoas e é responsável por 17% da energia elétrica produzida no país. A situação atual do rio não é positiva. Ele é bastante poluído por resíduos minerais, industriais e domésticos, sua cobertura vegetal foi reduzida por supressão das matas ciliares e do topo. O volume de água infiltrada é reduzida, e ao mesmo tempo em que há pouca água é disponível, ocorrem inundações, pois não há espaço para a água devido ao assoreamento e a mata ciliar. O Ibama enviou ao governo
federal um projeto de revitalização do rio,que,na opinião do engenheiro agrônomo responsável pelo projeto, Sérgio Luis Ferreira, seria muito mais eficaz e menos custoso que a transposição. A revitalização é um projeto que surgiu em 2001 e agora é um programa.Tem por objetivo a recuperação de lagoas marginais. Se aprovado em Brasília, os recursos serão liberados ao Ibama ainda este ano. Perguntado sobre a transposição, Sérgio afirma que a quantidade de água que será retirada, 25 cm3, além de ser insuficiente, tem destino duvidoso, apesar do projeto constar a melhoria das condições sociais. Edmar Araújo, geólogo do Igam (Instituto Mineiro de Gestão das Águas), também é contra a transposição e acredita que a proposta não será atingida.“O dinheiro desse projeto será mal empregado, e a água por si só não gera riqueza e nem acaba com a seca. Acredito em outras alternativas-como a revitalização e saneamento básico de água e esgotos- para atender as populações ribeirinhas, que são pobres e precisam dessa água”. A situação do rio pode piorar após a transposição. O impacto ambiental será intenso e provocará a vazão do rio São Francisco, que por sua vez leva a salinização da foz. Então, a água do mar será mais forte e adentrará ao rio. Arquivo IEF
•
ampliação de riscos sócio-culturais (comprometimento do patrimônio arquológico e interferência em comunidades indígenas);
•
perda e fragmentação de cerca de 430 hectares de áreas com vegetação nativa e fauna terrestre.
•
perda de capacidade de geração de energia (cerca de 137 megawatts deixarão de ser gerados pelo sistema); Fonte: Ministério da Integração Nacional
Discussão vem desde a época de Dom Pedro O primeiro projeto de transposição do São Francisco surgiu durante o reinado de Dom Pedro II. Foram contratados engenheiros estrangeiros para desenvolverem um desvio na divisa entre Pernambuco e Bahia, mas como a tecnologia da época era insuficiente para superar o relevo acidentado da Chapada do Araripe, foi apenas construído o açude do Cedro, no Ceará. Durante a década de 50, o engenheiro italiano, Mário Ferracuti, apresentou seu projeto de transposição, que tinha como objetivo construir uma barragem perto de Cabrobó, em Pernambuco, de onde a água seria
bombeada até o Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Mas não foi possível concretizar o planejado, pois o engenheiro recebeu muitas críticas na época. No ano de 1983 o ministro Mário Andreazza apresentou sua idéia, até então a mais consistente, mas teve seu projeto esquecido. Em 1993, Aloísio Alves reabriu a discussão, com a idéia de retirar até 150 metros cúbicos por segundo de água do rio São Francisco. Os beneficiados seriam o Ceará e o Rio Grande do Norte. Os paraibanos Cícero Lucena e Fernando Catão, quando ocuparam a Secretaria Especial de Políticas Re-
gionais, redesenharam o projeto de Aloísio, incluindo duas transposições para levar água ao estado da Paraíba. Com um projeto menor, avaliado em US$ 1 bilhão e que aproveita um pouco das experiências anteriores, o ministro da Integração Nacional do governo de FHC, senador Fernando Bezerra, tentou mais uma vez o retorno do sonho da transposição. O plano foi bastante discutido na época, e continua sendo, mas a crise energética de 2001, causada pelo baixíssimo nível do São Francisco e outros rios do país, acabou dificultando o andamento do processo.
O Rio São Francisco pode sofrer consequências irreversíveis com a transposição
Soluções para o problema A maioria dos técnicos no assunto é contra a transposição. É o caso de Renata Filipe Silveira, bióloga e professora de engenharia ambiental.“A situação do rio é miserável.As hidrelétricas contaminam as águas e impedem o desenvolvimento das comunidades biológicas, o que deixa o rio parado e provoca desequilíbrio nos ecossistemas locais”. Renata alega que a transposição diminuirá a vazão de água e a energia cairá. Paula Balabram, engenheira civil, fica “em cima do muro”. “Eu seria a favor se o projeto realmente cumprisse os objetivos propostos. Porém, sabe-se
que o histórico de obras do Brasil não foi satisfatório, com isso sou contra”, afirma. Ainda podemos observar uma certa insatisfação por parte de estudantes.Ludimila Carmo da Silva, estudante de administração ambiental demonstra sua opinião. “Somos contra porque poderiam ser usadas alternativas mais baratas e eficientes como a exploração dos açudes alinhada a programas sociais que lidam com a questão de equacionamento hídrico”, comenta. Patrícia Paula Leite, também aluna de administração ambiental, acrescenta que a transposição pode acarretar danos irre-
versíveis para o meio ambiente, tais como a extinção de espécies animais e vegetais. Renata Filipe acredita que as sisternas poderiam solucionar a falta de água, são mais acessíveis e poderiam ser providenciadas pelo Estado e Ong´s ligadas ao meio ambiente. As alternativas mais viáveis seriam a revitalização do rio, para consertar os danos do assoreamento e contaminação, a dessalinização da água, a plantação de matas ciliares,a construção de estações de tratamento de esgotos e, claro, a conscientização ambiental da população para evitar a poluição no rio.
13 - Saúde - Rodrigo Élcio
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SAÚDE 13 INFORMAÇÃO no combate à
O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2005
DENGUE
Arquivo Pessoal
Comunicação e mobilização social são medidas para prevenção da doença Daniela de Castro 5º Período O verão se aproxima e a estação mais quente do ano também pode significar perigo.Segundo a consultora do Programa Nacional de Combate à Dengue (PNCD), JussaraVersiani,a dengue é considerada um dos principais problemas de saúde pública do mundo. Para evitar o avanço no número de casos,a Organização Pan-Americana de Saúde (OPS), ligada a Organização Mundial de Saúde (OMS),lançou em 2003 o projeto Combi, "um processo de planificação para a comunicação e mobilização social para a prevenção e controle da dengue", que ano passado começou a ser implantado no Brasil. Segundo a consultora em comunicação Mônica Prado o desafio do projeto é fomentar no indivíduo e na comunidade a incorporação de práticas de conduta que permitam um impacto no aspecto social,mesmo que em longo prazo. Para a também consultora Linda Lloyd, "haverá impacto no comportamento somente se utilizarem programas de comunicação efetivos,cujas metas se dirijam à integração multidisciplinar de educação em saúde". O Estado de Johor, na Malásia,foi pioneiro na experiência da aplicação do Combi no combate à dengue. O projeto piloto, proposto pela OMS, iniciou-se em julho de 2001,e teve um custo inicial de US$100 mil. O Combi propôs a inspeção da casa pela família uma vez por semana,durante 30 minutos,o tratamento imediato para qualquer cidadão que aparecesse com febre e a formação de grupos voluntários para inspecionar as áreas vizinhas. Com o programa, o número de casos mostrou uma tendência decrescente em áreas onde a mobilização social foi mais intensa. No Brasil, o Combi foi implantado em São Luís,Porto Alegre, Sobral, no Ceará e em Ibirité, na Região Metropolitana de
Belo Horizonte.A cidade,que está situada na Zona Metalúrgica de Minas Gerais e conta com uma população de quase 160 mil habitantes, já vivenciou duas epidemias, em 1998 e 2001. Favela Vila Ideal De acordo com o gerente de controle de zoonoses da Secretaria de Saúde do município,Catulino Versiani, o bairro escolhido para iniciar o projeto piloto é a favela Vila Ideal, que possui aproximadamente 18 mil habitantes e altas taxas de incidência de dengue. Este bairro vem apresentando o maior índice de infestação pelo mosquito transmissor nos últimos tempos e tem como depósito predominante a caixa d'água. "A estratégia de comunicação para mudança de comportamento no controle da doença é realizada entre os moradores que não possuem tampa, mas que podem comprálas,e também para aqueles que não podem comprá-las",esclarece Versiani. As ações se baseiam na formação de uma equipe de campo multidisciplinar que visita os domicílios;da equipe "Saúde da Favela", que incentiva o fechamento das caixas d'água e de material publicitário,que é distribuído nos estabelecimentos comerciais. Há, também, lembretes nas contas de água,luz e telefone e atividade nas escolas,a fim de abordar a importância do projeto na prevenção da transmissão da enfermidade. "Para as pessoas carentes que não podem comprar as tampas, a Administração Municipal fornece o material", conclui o responsável. Para Catulino, o mais difícil para a execução do Combi é que a Vila apresenta alto índice de violência, diretamente relacionado ao tráfico de drogas, o que dificulta o acesso de pessoas que não são da comunidade. De acordo com Cláudia Gontijo, há grande expectativa quanto à realização do projeto em outras cidades de alta incidência da infecção, como é o caso de Belo Horizonte. Daniela de Castro
Consultora do PNCD menciona os perigos da doença
Centro de treinamento para o combate da dengue impulsiona o projeto Combi Arquivo Pessoal
Formas da infecção caracterizam sua gravidade
Caixas d’água são os alvos preferidos para a proliferação dos mosquitos
Mosquitos domésticos proliferam pelo Brasil A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 80 milhões de pessoas se infectam anualmente pelo vírus da dengue em todos os continentes,exceto na Europa.Dessas,cerca de 550 mil são hospitalizadas e, pelo menos, 20 mil morrem em decorrência da enfermidade. O mosquito transmissor, Aedes Aegypti, que foi erradicado em vários países do continente americano nas décadas de 50 e 60, retorna na década de 70, "por falhas na vigilância epidemiológica e pelas mudanças sociais e ambientais propiciadas pela urbanização acelerada dessa época",destaca JussaraVersiani.Ela acrescenta que o Aedes é encontrado, atualmente, numa larga faixa do continente americano, que se estende do Uruguai até o sul dos Estados Unidos, com registro de surtos significativos na Venezuela, Cuba, Brasil e Paraguai. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Vigilân-
cia em Saúde (SVS), órgão ligado ao Ministério da Saúde, em 2005, até o mês de setembro, foram notificados quase 160 mil casos de dengue no Brasil. Um aumento de 70% no número de notificações, quando comparado com o mesmo período em 2004. "Esse aumento se deve à dificuldade de erradicar um mosquito domiciliado e, também, à possibilidade de ocorrência de falhas nas ações do Programa Nacional de Combate à Dengue (PNDC) em alguns municípios.", afirma o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa. Previsões O governo federal tem um gasto estimado em quase R$ 1bilhão por ano, quando computados todos os custos com o PNDC. O secretário confirma as previsões de que no Brasil, de janeiro a junho, há o risco de ocorrer uma epidemia de dengue. "Até termos uma vacina,
nunca estaremos livres desse perigo, por isso não podemos baixar a guarda", conclui Barbosa. O biólogo Evandro Freitas Bouzada afirma que o mosquito, que se multiplica na água limpa, tem preferência por lugares como os lixos das cidades, garrafas, latas, pneus, caixas d'água, tonéis e vasos de plantas. Segundo Bouzada, "as atividades de prevenção da dengue perpassam o setor saúde e necessitam ser articuladas com outras políticas públicas, como a limpeza urbana, a conscientização e a mobilização social,para que a população mantenha o ambiente livre da presença do mosquito". O médico veterinário Aloysio Nogueira, que trabalha em saúde pública há mais de 10 anos, destaca que a incidência da dengue se deve também "à recente introdução de um novo sorotipo, o DEN-3, para o qual, uma grande parcela da população ainda permanece susceptível".
A dengue é uma doença febril aguda, de natureza viral, caracterizada em sua forma clássica por dores musculares e articulares intensas. Segundo o médico João Berto, responsável pelo treinamento da equipe multidisciplinar de combate à virose do município de Santa Luzia, situado na Região Metropolitana de BH, o vírus possui quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. "A infecção causa desde a forma clássica à febre hemorrágica da dengue. Na primeira, a letalidade é baixa e na segunda é significativamente maior", afirma o médico. Desde 1986, vários estados do Brasil apresentam epidemias de dengue clássica, com isolamento do vírus DEN-1 e DEN-2. O veterinário Aloysio Nogueira relata que a doença pode se confundir com outras que também se manifestam por febre hemorrágica, como a leptospirose e a febre maculosa. Ele lembra que o Aedes transmite também a febre amarela, doença febril aguda, de gravidade variável, encontrada no país.“Por sua estreita associação com o homem, o vetor é essencialmente urbano e quando em repouso, é encontrado em quartos, banheiros e cozinhas”. Medidas da Funasa Atualmente, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) adota a utilização de produtos químicos ou biológicos no combate ao vetor, através da aplicação de inseticidas. Em casos de epidemia prega-se a aplicação de inseticidas a baixíssimos volumes, para promover a rápida interrupção da transmissão da infecção, associada a mutirão de limpeza e eliminação de depósitos de água parada. "As pessoas que apresentam alguns dos sintomas da dengue devem procurar atendimento médico para exames confirmatórios e instituição de tratamento adequado", conclui Berto.
14 - Comport - Mariza Procópio
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14 COMPORTAMENTO
O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2005
Arquivo pessoal
Jovens vidrados em jogos virtuais proporcionados por lan-house
Daniel Carlos 6º Período “O grande vírus de nosso tempo é a pobreza nas relações afetivas, que são pouco estreitas”. Assim, o psicólogo Vivaldi Salomon define o motivo principal pelo qual tantas pessoas, principalmente jovens, passam várias horas todos os dias em frente ao computador jogando. Ou seja, neste início de século marcado pelas novidades tecnológicas que deveriam possibilitar o crescimento e facilitar a vida das pessoas, o que pode acontecer é justamente o contrário. O exagero no uso de tais tecnologias é uma realidade na sociedade globalizada. Hoje, um jovem de Belo Horizonte pode jogar em tempo real com um amigo em Tóquio, por exemplo. Graças à modernidade isto é possível, o problema é quando estes jogadores ultrapassam os limites aceitáveis. O estudante de direito, Bruno Augusto, se confessa preocupado com o vício cibernético. “Às vezes, quando não jogo, tenho sensação de abstinência. Já deixei de sair várias vezes para ficar em casa jogando”, afirma. Ele joga, em média, três horas por dia, podendo chegar a dez horas nos finais de semana. Sua história não é diferente da de várias pessoas da capital. Os jovens de até vinte e cinco anos são os que mais freqüentam as lan-houses (locais onde se paga para jogar ou acessar a internet), é o que afirma Marcos de Oliveira, que trabalha na franquia da rede Monkey. Para Vivaldi Salomon, estes jovens que passam mais tempo em lan-houses que em casa -mesmo tendo a possibilidade de jo-
VÍCIO
CIBERNÉTICO
O excesso nos jogos virtuais interfere na vida dos jovens, o que gera dificuldades de se relacionar, de lidar com seus medos gar no próprio lar- usam os jogos justamente como uma maneira de suprir as precariedades afetivas, como uma maneira de vetar suas próprias verdades.“A necessidade de se expor, o medo de conversar; as pessoas estão se fechando por falta de comunicação.Além disso, essa nova geração tem desprivilegiado as grandes artes em detrimento das novas tecnologias, que são altamente sedutoras”, explica. Um exemplo é o jogador conhecido como Sic, que, mesmo possuindo infra-estrutura para jogar em casa, gasta entre R$600 e R$700 por mês em uma lan-house.“Ele vem aqui todos os dias, joga no mínimo cinco horas, inclusive nas madrugadas dos finais de semana”, diz Rafael Teixeira, o Ninja, que trabalha com Marcos Oliveira na
Lan-houses abertas em BH
15 10
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2004
comodidade, muitas vezes passamos em uma lan-house após irmos ao cinema. O jogo é atraente, é um novo universo”, afirma. Mercado Na Savassi há cerca de três anos, a lan-house Monkey foi uma das primeiras a serem inauguradas na cidade. Em 2001 havia apenas uma. Hoje, só na região existem cinco. Este rápido crescimento se explica pela grande popularidade dos jogos cibernéticos. Alguns freqüentadores, mesmo possuindo computador e internet em casa, jogam por até vinte horas seguidas nestes locais. “Tem gente que chega aqui às quatro da madrugada para comprar cartões que possibilitam passar de nível em jogos de RPG online, como o Ragnarok”, co-
menta Oliveira. O funcionamento destes cartões é muito parecido com os de recarga de créditos para celular. O preço pode variar de R$10 a R$49. Henrique Lommez, dono da primeira lan-house de BH, também confirma que o público principal da loja é formado por jovens.“Os adolescentes são os que mais freqüentam a loja”. O maior mercado para jogos eletrônicos do mundo é a Coréia do Sul. Neste país os campeonatos chegam a ser televisionados e prêmios milionários são distribuídos aos vencedores, mas muitos pagam o ônus desta grande febre. Para se ter idéia, na década de 90 um coreano morreu após passar 50 horas praticamente na mesma posição jogando. Algumas horas após sofrer uma trombose
Alerta O excesso de tempo dedicado aos jogos pode gerar dificuldades de relacionamento, déficit intelectual gradativo, além de abrir uma grande lacuna na perspectiva de futuro.“O jogo é sedutor, gera falso glamour. Muitas pessoas têm dificuldades de falar de seus medos, é mais fácil estar diante do que não se vê”, alerta Vivaldi. Para ele, o fato de tantos adolescentes se divertirem mais com os jogos que com outras atividades preocupa. “Muitos jovens não querem estudar, não se preocupam com o crescimento intelectual, também não querem praticar esportes. O esporte que praticam é cibernético”. Algumas lan-houses oferecem pacotes chamados corujão, para adeptos que jogam de madrugada. O freguês que escolhe este tipo de pacote paga menos que nos outros horários para jogar das 11 da noite às 6 da manhã. Menores de 18 anos não podem jogar nestes horários. Crianças de até dez anos só podem entrar nas lojas até as 6 horas da tarde, acompanhadas dos pais ou responsáveis, e as de dez a 12 anos só entram até as seis horas da tarde. A lan-house que não respeitar essas normas pode ser multada e perder o alvará.
Falta apoio aos profissionais Lorena Campolina
fonte:PBH
2003
maior casa de jogos cibernéticos da cidade. Sic, que estava jogando, não quis conversar com a reportagem de O Ponto. O preço médio da hora nestes locais é de R$3,00, valor acessível aos jovens que circulam na região. “É comum adolescentes matarem aula para vir jogar aqui”, confirma Ninja. Outras pessoas já preferem jogar em casa. O casal de namorados Carolina Debrot e Gustavo Castro são acionistas (assinantes) do Ragnarok. “A gente brinca que é vício. Muitas vezes deixei de sair com amigos para jogar à noite”, conta Carolina, que joga pelo menos três horas por dia e paga R$15,90 por mês pelo jogo. Para Gustavo, jogar é um programa de casal. “Apesar de preferirmos jogar em casa, devido à
na perna, o jovem teve uma parada cardíaca e não resistiu. Histórias como esta são bem conhecidas dos adeptos dos jogos.“Tem uma senhora,com cerca de 50 anos, que vem todos os dias,passa a madrugada inteira jogando ‘buraco’ em rede. Eu mesmo já deixei de fazer muita coisa, pois passava 18, 19 horas jogando, por isso sempre trabalhei em lan-house”, comenta Ninja.
2005* *até o mês de outubro
Muitos jogadores que passam horas “a fio” frente uma tela de computador encaram as aventuras como uma profissão. Pedro Rocha, 23 anos, conhecido como Soja, disputou vários campeonatos desde 95 e ganhou muitos deles. Mesmo assim, afirma que o apoio aos jogadores mineiros ainda é pequeno. “Em São Paulo e em Curitiba, que são os melhores mercados do país, as equipes de ponta são patrocinadas por multinacionais, o que não acontece aqui”. Algumas equipes da capital recebem o apoio das lan-houses mais estruturadas.“Aqui em BH nenhuma equipe ganha dinheiro, o que se recebe são horas para treinar e as viagens para disputa de campeonatos”, conta Soja, que é penta campeão mineiro e campeão brasileiro de Quake. Para ele, as equipes daqui ainda não têm nível para disputar com os grandes centros.
“Para se ter uma idéia, um profissional em São Paulo ganha em média R$2500, além do patrocínio das viagens”. Muitos profissionais não estão isentos dos problemas que o exagero pode causar. Soja, que venceu com sua equipe sete campeonatos regionais de Counter Strike, jogo de mira baseado na estratégia das equipes, afirma que as exigências para ser um profissional são muitas. “Parei de estudar por um ano, pois jogava, em média, 16 horas por dia. A maioria dos profissionais é tão viciada que até as conversas deles giram em torno dos jogos”. Soja não joga mais. De acordo com ele, a diversão deu lugar ao profissionalismo, o que não estava em seus planos. Ele admite que é complicado quando os jogos se tornam excessivos, pois começam a atrapalhar as atividades sociais, profissionais e a saúde.
Pedro (Soja) já competiu em campeonatos regionais.
15 - Fumec - Olavo Botelho
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FUMEC 15 Debate desmistifica o antigo tabu O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2005
Psiquiatra Aluísio Andrade discute com estudantes da FCH a discriminalização da maconha Divulgação
Eduardo Roedel 6º Período A Semana da Comunicação promovida pela FCH realizou diversas atividades pedagógicas, entre cursos, debates, grupos de estudo e palestras. Um dos destaques da programação foi o debate sobre a descriminalização da Cannabis Sativa, mais conhecida como maconha, que aconteceu no Espaço Phoenix, no dia 26 de outubro.A atividade foi ministrada pelo psiquiatra Aluísio Andrade, e foi dirigida aos alunos de Comunicação Social e Psicologia. Aluísio, que é especialista no estudo de substâncias psico-ativas, iniciou sua fala com um histórico da legislação de entorpecentes no Brasil. O palestrante evidenciou as falhas dessa lei, que não determina a quantidade de maconha que distingue o usuário do traficante, deixando que os juízes decidam de forma subjetiva e quase aleatória.“Outra dificuldade é que não podemos colocar no mesmo balaio quem fuma maconha e quem usa, por exemplo, cocaína ou craque.” Ele ressaltou também o fato de que o tráfico de drogas é considerado crime hediondo pela lei, que inclui no artigo vários verbos que freqüentemente são praticados por usuários, como plantar, transportar e fornecer gratuitamente.“Quantos indivíduos, que de algum modo se envolveram com certa
quantidade de maconha, têm suas vidas arruinadas com condenações de até quinze anos de prisão, sem que tenham ganhado sequer um centavo como traficantes de drogas?”. Além da questão legislativa, Aluísio Andrade abordou também o uso de maconha e outras drogas sob o aspecto psiquiátrico. Explicou o “vazio interior” causado pela dualidade do ser, e as diversas formas procuradas pelo homem para tentar preencher esse vazio.“Todo ser humano já nasce pré-dependente químico. E quando encontra algo que o desvie da sua consciência normal e entediante, ele tem a tendência de ser apegar à essa coisa. Seja ela droga, sexo, comida, dinheiro, poder, conhecimento ou Deus”. Segundo ele, a maneira mais eficaz de lidar com isso é estar coerente com suas idéias e atitudes. Apesar de considerar positiva a ampliação de percepções proporcionada pela maconha, Aluísio alertou a platéia para seus malefícios: usada freqüentemente, a maconha causa perda de memória, queda na capacidade de concentração e aprendizagem, dependência, falta de motivação e depressão, além dos prejuízos no sistema respiratório causados pela fumaça ingerida. Indagado pelos alunos presentes,Aluísio Andrade revelou que é a favor da legalização da maconha, porém com a restrição de uso em locais públicos.
Fumec é destaque no 2º Criafest Daniel Gomes 5º Período
Aluísio Andrade costurou um debate maduro e esclarescedor no auditório Phoenix.
Alunos do curso de Publicidade e Propaganda da Fumec foram destaque no 2º Criafest. A Agência Modelo Reflex concorreu com o filme de apresentação da agência na categoria Design em Movimento e ficou com o 2º lugar. Outro destaque ficou por conta do aluno do 5º período Daniel Mazzochi, que também conquistou o 2º lugar na categoria Fotografia. A Agência Modelo Reflex Comunicação é formada por alunos do 4º, 5º e 6º períodos do curso de publicidade e propaganda. De acordo com o coordenador da agência,Admir Borges, o prêmio é resultado de uma proposta de trabalho e de desenvolvimento de um projeto editorial.“É um reconhecimento imediato do trabalho iniciado e da qualidade que nossos alunos já no 4º período conseguem demonstrar", afirma Borges. O Criafest (Festival Universitário de Criação Publicitária de MG) visa contribuir para a formação profissional dos estudantes.Este ano foram 190 universitários incritos.
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Cobertura em mídia convergente Daniel Rabello 6º Período
Estudantes do ensino médio movimentam as instalacoes do Campus I da Universidade Fumec
Mostra Fumec 2005 integra estudantes e profissionais João Marcelo Passos 6º Período Entre os dias 24 e 28 de outubro, a Universidade Fumec abriu suas portas à comunidade através da segunda edição da Mostra Fumec. O evento foi criado com o objetivo de fazer a indispensável ponte entre a formação acadêmica e o mercado de trabalho, e é também uma oportunidade para que os alunos do ensino médio conheçam a universidade antes do vestibular. Durante a semana da Mostra 2005, uma ampla e atualizada programação movimentou o Campus I da Universidade: no Ginásio, os alunos dos colégios visitantes puderam se informar sobre cada um dos 26 cursos de graduação oferecidos pela Universidade Fumec nos estandes montados pelos próprios alunos dos cursos, que relatavam suas experiências e apresentavam um pouco da realidade de cada profissão. Para os interessados, um teste vocacional ajudou a orien-
tar quem ainda não decidiu em qual área do conhecimento estudar. Na Área de Convivência, estandes de empresas de renome se apresentavam e recebiam currículos de estudantes de todo o estado, tornando o elo entre a teoria e a prática mais estreito.Ali aconteceram também as exposições de arte, apresentações de dança, ginástica, shows e novos talentos que entreteram os visitantes. Na FCH e na FEA, diversas palestras, oficinas, debates e cursos resultaram numa programação cultural ampla e variada para os alunos de cada faculdade. Paralelamente à Mostra Fumec 2005, a Semana Pedagógica do Curso de Comunicação Social realizou atividades importantes para os estudantes da área, como as palestras que revisitaram Marx, um debate sobre a descriminalização da maconha, discussões sobre tópicos de arte, grupo de estudos de audiovisual, entre outros. A Mostra serviu também uma
atividade prática para os alunos de jornalismo que participaram da cobertura do evento. Após conhecerem as instalações da Universidade Fumec e seus cursos de graduação, os alunos dos diversos colégios que estiveram presentes na Mostra tiveram também a oportunidade de se inscreverem com desconto para o Vestibular 2006. A Mostra Fumec 2005 parece ter cumprido seus objetivos: “Achei muito interessante visitar e conhecer a universidade antes mesmo do vestibular. Aproveitei a oportunidade para fazer um teste vocacional, e acho que estou mais certo do que quero fazer da minha vida”, afirma Rodrigo Cançado, 17 anos, estudante do terceiro ano do ensino médio. O certo é que, neste espaço voltado para o incentivo ao conhecimento, a informação de qualidade marcou o momento de integração entre estudantes do ensino médio, do ensino superior e de profissionais de diversos segmentos.
Palestra de Beny Cohen na FCH A palestra sobre Jornalismo Regional movimentou e despertou curiosidade dos alunos na terça-feira, dia 25. O jornalista e editor-geral da Tv Alterosa, Benny Cohen resgatou a história da TV Alterosa em Minas Gerais e falou da importância da aproximação da programação da TV com o público. "As pessoas não procuram mais notícias de guerra no Iraque, mas sim notícias de sua rua, seu bairro", destaca Cohen. A palestra serviu também para o jornalista apresentar a novidade na TV mineira que vem sendo utilizada pela TV Alterosa desde abril deste ano.A transmissão via celular de flashes para o Jornal da Alterosa vem inovando o meio televisivo. "Com a transmissão pelo celular nós conseguimos furos de reportagens e uma mobilidade aliada à agilidade do envio dos flashes para a redação da Tv, que proporciona noticiar de qualquer canto do Estado, basta um sinal de celular para enviar as imagens”, enfatizou Beny.
A Mostra Fumec 2005 teve um significado especial para os alunos do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo: pela primeira vez, os laboratórios de diferentes mídias do curso de jornalismo trabalharam de forma integrada, realizando a cobertura da Mostra em mídia convergente. Isso significa que o material produzido pelos estudantes em todas os formatos de mídia existentes foi disponibilizado na Internet, através do site do Ponto Eletrônico. O coordenador do laboratório de rádio, Getúlio Neuremberg, disponibilizou cerca de 50 alunos, entre repórteres, apresentadores, âncoras, apuradores e editores para a cobertura realizada pela Fumec FM, que aconteceu ao vivo na semana da Mostra, das 9h às 21h. Embora não possua um canal à cabo ou em sinal aberto para veicular seus conteúdos, o laboratório de TV , coordenado por Alexandre Campello e uti-
lizado pelos alunos do sétimo período do curso, disponibilizou seu material em formato adaptado para o suporte on-line. Já o laboratório de Jornalismo Digital não sofreu mudanças, a não ser pelo ritmo da produção de seu conteúdo, afirmou o coordenador Jorge Rocha.Trabalharam também na cobertura o laboratório de Fotojornalismo e a redação do jornal O Ponto. O setor de tecnologia interativa da Fumec, o i-net, foi quem apoiou e deu o suporte digital para essa cobertura convergente. Para Huderson Nascimento Alencar, responsável técnico do i-net, este se faz presente em todos os cursos da Universidade: “O i-net é a cara da Fumec na internet.A cada dia que passa a internet está mais presente na vida do estudante através da aproximação da sala de aula com o aluno, qualquer dia da semana, em qualquer lugar do mundo”, explica Huderson. O material produzido pelos alunos de Jornalismo pode ser acessado através do site www.pontoeletronico.fumec.br Divulgação
Alunos de Jornalismo durante cobertura da Fumec FM.
16 - Especial - Daniel Gomes
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16 ESPECIAL
O PONTO Belo Horizonte – Novembro/2005
Descompromisso com o
JORNALISMO Lançamento do ‘Aqui’, tablóide dos Diários Associados, apenas recicla matérias, tem estratégia puramente comercial e acaba deixando de lado os princípios da atvidade jornalística Daniel Gomes 5º Período Mais uma vez o jornalismo mineiro sofre um duro golpe. Ao invés de investir em mão-de-obra mais numerosa e qualificada e trabalhar a qualidade da informação, os Diários Associados, uma das maiores empresas de comunicação do Brasil, lançam o jornal tablóide Aqui. O jornal passou a circular no último dia 17 de outubro.A empresa, que já controla dois grandes jornais de Minas, o Estado de Minas (EM) e o Diário da Tarde (DT), apostou suas fichas na conquista de leitores das classes C e D por meio de uma publicação com diagramação questionável, conteúdo superficial e, sobretudo, um preço mais do que apelativo: R$0,25. O lançamento do jornal, a exemplo do que já havia ocorrido por ocasião do lançamento do Super Notícia, tablóide da Sempre Editora (que também controla os jornais O Tempo e Pampulha), abalou o mercado de trabalho, o mercado consumidor de jornais e contribuiu para a retomada da discussão sobre a qualidade da informação. Qualidade da informação Há quem defenda a iniciativa dos Diários Associados por abrir mais vagas no mercado de trabalho. Entretanto, a mera criação de oportunidades de emprego sem o questionamento da qualidade do veículo em questão não faz jus aos princípios do jornalismo. Além disso, a empresa aproveita a redação de seus outros veículos e “chupa” as matérias feitas pelo DT e pelo EM. De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) e repórter de Cidades do jornal Diário da Tarde, Elian Guimarães, o Aqui parte de uma proposta exclusivamente comercial.“A nossa preocupação é com a qualidade da informação. Isso poderia ser resolvido com mais jornalistas e uma proposta editorial que contemplasse essa qualidade”, propõe. Fim do Diário da Tarde O sigilo do lançamento causou alvoroço dentro da redação do DT, pois o jornal vem sofrendo uma espécie
de boicote por parte da diretoria dos Diários Associados. Conforme Elian Guimarães, a prática dos Diários Associados é a de massacrar o DT.“A gente não sabe que prática é essa da empresa”, diz.“Péssimas condições de trabalho, equipamentos ruins, sucateamento em termos de mobiliário, etc”. Segundo Guimarães, era feita uma pesquisa de vendagem em cerca de 100 bancas de BH e o DT vendia o dobro dos três outros jornais de Minas, o EM, o Hoje em Dia e O Tempo.“É um jornal que tem uma venda imensa e uma faixa de mercado na qual se poderia investir”, explica. A repórter de Esportes do DT Mariana Lara acredita que o diário dificilmente vai acabar, justamente por concorrer diretamente e “segurar as vendas” de O Tempo e do Hoje em Dia, mas não constata nenhuma evolução.“O Aqui chegou pra deixar claro pra nós que não haverá investimentos”, conclui. A editora do caderno de Cultura do DT, Neide Magalhães, que trabalha no diário há 18 anos, não vislumbra o fim do jornal.“O jornalismo impresso perdeu vendagem. É inevitável, pois a concorrência é forte, mas dificilmente o DT vai acabar. Acho que ninguém jogaria um produto dessa natureza fora”, justifica. Entretanto, ela admite que o preço de capa do novo jornal é irreal.“Esse jornal não paga nem de longe seus custos”, revela. Por outro lado, o jornalista Robson Abreu, idealizador da revista independente Pão de Queijo Notícias, acredita sim que o DT pode vir a ser extinto. Abreu, que é um defensor ferrenho dos colegas de profissão, crê que, se o Aqui se firmar, as coisas podem mudar.“Se o jornal fisgar a população, o povo de baixa renda, creio que a redação do DT será absorvida pelo Aqui”, diz. Fórmula popular A editora do Aqui, Liliane Corrêa, que foi trazida diretamente do principal concorrente do novo tablóide, o Super Notícia, afirma que a receita do jornal é simples: polícia, esporte,TV, textos curtos de fácil leitura e vocabulário simples com humor. Entretanto, o jornalista Robson Abreu não tem essa percepção. “Qualidade de informação do Aqui é menos um”, critica. O jornalista Elian Guimarães vai na mesma linha.“Acho lamentável
você lançar um produto ruim ao invés de investir no que já tem”. De acordo com ele, por mais tendenciosa que seja uma empresa jornalística, o produto principal é a informação.“Se a pessoa tem um hábito de consumir baixa qualidade, você tem de resgatá-la. Se existe a oportunidade de dar melhor informação, que seja dada”, pondera o jornalista. A discussão acerca da qualidade da informação gira também em torno da máxima “dar ao povo o que o povo quer”.Tal prática contribui para a manutenção da atual situação e não colabora para que a população de classe C e D possa ao menos vislumbrar uma alternativa. De acordo com a repórter do DT Mariana Lara,“não existe uma preocupação em formar opinião, mas apenas informar”, salienta. Marketing e vendas O lançamento do Aqui foi envolto em um poderoso planejamento de marketing. De acordo com a editora do Aqui, Liliane Corrêa, nem ela soube do preço de capa da publicação até o último momento. Questionada sobre o porquê do sigilo, a jornalista explicou que não se anuncia a entrada de um novo produto no mercado, principalmente com os concorrentes à espreita. “Foram feitas pesquisas durante meses, planejamento e estratégia de marketing antes de eu receber o convite para trabalhar no jornal”, explica. A editora do DT Neide Magalhães não acredita que o lançamento do Aqui prejudicará muito as vendas do diário.“Aquele leitor esporádico pode comprar o Aqui atrás de uma notícia qualquer. Pode ser que ele faça opção pelo jornal mais barato, mas o leitor do DT é cativo”, afirma. A editora do Aqui alegou não poder mostrar os dados do novo tablóide, inclusive qual sua tiragem, mas afirma que os números provam que as vendas do DT não foram abaladas. Segundo ela, há um público fiel.“É inegável que eles têm seu nicho de segurança, de conforto. Essa tensão foi gerada pela boataria.Algumas pessoas do DT não sabiam do lançamento do Aqui e a redação do jornal é ao lado da do Estado de Minas, por isso houve uma certa tensão”, diz.
Sindicato dos Jornalistas pressiona justiça Donos de banca para evitar abusos por parte das empresas também reclamam Uma das principais preocupações dos jornalistas em relação ao lançamento do Aqui é o fato de ele ter editores, que selecionam e formatam as matérias, mas não ter repórteres próprios. Quem abastece o Aqui de informação são os repórteres do Estado de Minas e do Diário da Tarde. Isso gera toda uma discussão a respeito da exploração do material produzido pelo jornalista em vários veículos da mesma empresa. Há pouco mais de dois anos, o lançamento do Super Notícia gerou a mesma discussão, pois era abastecido pelos repórteres de O Tempo. De acordo com o vice-presidente do SJPMG, Elian Guimarães, o sindicato não tem espaço legal para agir. “Oficialmente, o sindicato não fez nem pode fazer nada”, explica. “Não temos como interferir numa empresa. O que cabe a nós é buscar saber com esse profissional que exerce a profissão legalmente se a empresa está cumprindo com a questão trabalhista e acionar os meios judiciais”, esclarece. Apesar de não saber o balanço final do recente dissídio coletivo, Guimarães afirma que uma das antigas reivindicações do sindicato foi julgada e aprovada, apesar de os Diários ainda contarem com recurso. “Pleiteamos que se o profissional tivesse o trabalho usado, teria de ganhar por isso. Estamos aguardando a publi-
cação do acórdão para termos claro se há direito sobre o que você faz”, diz. O dissídio coletivo é uma ação judicial de empregados contra uma empresa, que é julgada pela justiça após esgotamento dos diálogos que, aliás, não existem por parte dos Diários Associados.“Nem o office-boy do sindicato entra na redação do Estado de Minas. É expressamente proibido”, lamenta Guimarães. O repórter exemplifica a situação ao explicar que os Diários têm três jornais em BH, mais o portal UAI. A matéria feita por um jornalista é utilizada nos quatro veículos indiscriminadamente. Seria normal se cada um desses veículos não tivesse sua própria publicidade. A empresa acaba ganhando quatro vezes sobre o mesmo trabalho. “Você tira mercado de trabalho e dá a criação do repórter para outro veículo”, ressalta. O jornalista Robson Abreu lembra que no caso da Sempre Editora, que controla O Tempo, é ainda mais grave. As matérias feitas podem acabar sendo utilizadas em cinco veículos diferentes. A editora do Aqui, Liliane Corrêa, levanta a hipótese de haver contratações no futuro. Segundo ela, entretanto, o momento é de analisar onde o jornal vai necessitar de mão-de-obra extra. “É necessário dimensionar isso antes de contratar, mas o material produzido pelo DT e pelo EM é vasto”, salienta.
O lançamento do Aqui foi motivo de manifestações inclusive dos vendedores de jornais e revistas de Belo Horizonte. De acordo com o Sindicato dos Vendedores de Jornais e Revistas de BH, apesar da confusão causada pela iniciativa dos Diários Associados, as vendas do Aqui vão de vento em popa.A proporção é de três exemplares do Aqui para cada exemplar do Diário da Tarde. Segundo o presidente do sindicato,Altino Pereira, alguns jornaleiros ligaram reclamando do baixo preço.A categoria ganha 30% sobre o preço de capa de tudo o que vende. Com o aumento da venda do Aqui em relação ao DT, o valor do montante das comissões na venda do DT (R$0,36) baixou, causando prejuízo para a categoria, mesmo com as vendas do Aqui aumentando triplamente. O presidente lembra que a instituição não tem como influir no preço dos produtos, pois isso é decisão da empresa.“O sindicato está aqui para mostrar o que é certo para a categoria. Se os Diários quiserem dar o jornal de graça, eles podem. Não podemos fazer nada”, explica. Por fim,Altino salienta que as vendas do Aqui têm aumentado muito e que o jornal é um sucesso.“Eu não posso reclamar do preço, pois as pessoas que não têm condição de comprar têm uma opção”, pondera. O presidente ressalta ainda que, caso se opusesse a essa postura, estaria indo de encontro aos interesses da população.