Jornal O Ponto - junho de 2006

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01 - Capa - Daniel e Camila

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Xerox em escolas: opção que virou prática danosa

Farmácia Popular ainda é insuficiente para a capital

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JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

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Palácio das Artes faz aniversário com greve

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H o r i z o n t e / M G

D I S T R I B U I Ç Ã O G R AT U I TA

Falta de planejamento subutiliza potencial

ENERGÉTICO CRISE DO GÁS NA BOLÍVIA REABRE A POLÊMICA: O BRASIL AINDA CARECE DE UMA ESTRATÉGIA QUE VALORIZE A ABUNDÂNCIA DE RECURSOS NATURAIS [ páginas 8 e 9 ]

Henrique Lisboa - 6º Período

Imprudência é regra nas ruas de BH

Partido mais antigo do país vive crise interna

Tragédias no trânsito são, em sua maioria, ocasionadas por imprudência, irresponsabilidade, falta do uso de equipamento de segurança e de atenção. O maior número destes acidentes acontece com motoristas com idade entre 19 e 25 anos. Apesar disso, um projeto de lei em tramitação no país, prevê a diminuição da idade mínima para habilitação de 18 para 16 anos. Segundo a BHTrans, como agravante, o órgão não conta com número de fiscais para um monitoramento eficiente no trânsito.

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O PMDB, maior partido do país, tem se mantido como um partido estratégico no cenário politico nacional. Entretanto, mesmo com a maior bancada no Senado e na Câmara dos Deputados, não lança uma candidatura própria à Presidência da República desde o ano de 1994. Cobiçado tanto pelo PT como pelo PSDB, que buscam seu apoio nas eleições, o PMDB é hoje um partido heterogêneo e fragmentado. Longe de um projeto nacional, atende a interesses pessoais e imediatos de líderes políticos locais.

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Exclusão digital afeta brasileiros Excesso de velocidade é um dos principais fatores de acidentes entre jovens em Belo Horizonte Bruno Figueiredo - 8º Período

Condomínios destroem mata nativa

Apesar do avanço tecnológico, a maioria da população brasileira sequer tem acesso à internet, telefone celular ou ao telefone fixo. A exclusão digital amplia as diferenças sociais e a dificuldade de entrar no mercado de trabalho.Em um país onde quase 60 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, os resultados podem ser nefastos.

[ página 16 ] Aumenta o número de empreendimentos conhecidos como condomínios fechados nos arredores de Belo Horizonte. Os construtores prometem não só habitações e moradias, mas qualidade de vida e proximidade com a natureza. Boa parte são construídos em áreas de preservação ambiental, com matas nativas e mananciais de água. A devastação dessas matas e os manancias sendo usados para escoamento de esgotos dessas residências estão gerando danos ambientais e sociais, dos quais a população ainda não se conscientizou.

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O Ponto: 1º lugar no Expocom-Sul O jornal O Ponto da FCH/Fumec conquistou mais dois prêmios, sendo um internacional e outro mineiro. As premiações foram na XIII Expocom Mercosul na categoria de melhor jornal impresso e no Prêmio PQN 2006, uma iniciativa da newsletter e revista Pão de Queijo Notícias, como o melhor jornal laboratório. Estes dois novos prêmios vêm se somar a um outro anteriormente conquistado no ano passado quando O Ponto foi escolhido como o melhor jornal laboratório de todo o país, na XII Expocom, realizada na cidade do Rio de Janeiro. Mata nos arredores da capital e condomínio ao fundo: eles são os vilões do meio-ambiente

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02 - Opinião - Daniel Gomes

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Editor da página: Daniel Gomes

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O P I N I Ã O

Belo Horizonte – Junho/2006

Jornalismo precisa se reinventar CAMILA COUTINHO 7º PERÍODO Interessantes, criativos, instigantes e de interesse público são as características que os textos jornalísticos deveriam apresentar. Porém, da forma como vêm sendo tratados nos dias atuais, perderam essa capacidade. Os jornais impressos tornaram-se, em sua grande maioria, monótonos e desinteressantes. Por isso, uma reaproximação com a literatura se torna urgente para que o jornalista não se esqueça uma de suas funções primordiais: a de contador de histórias. Desta maneira, o jornalista não pode se esquecer da forma, do uso da linguagem, além de, com o conteúdo, contar a verdade. Os manuais de redação ou de estilo costumam apresentar como única alternativa aquele texto pretensamente objetivo e imparcial, com declarações, para que o leitor tenha a ilusão de que está sendo informado de algo sem a interferência de quem produziu a notícia. Esse tipo de texto é baseado principalmente no critério de verificação imediata, isto é, a possibilidade de o leitor se certificar de que o fato narrado contado é verdade ou não. Por outro lado, também não se pode dizer que toda notícia

Energia: uma questão de pulso firme ANA PAULA MACHADO 5º PERÍODO

é opinativa. Se o padrão de jornalismo mais adotado hoje considera que o papel do jornalista é apresentar fatos sem se posicionar sobre ele e utilizar-se de estatísticas e depoimentos de especialistas no assunto, deve haver alguma razão de seguir esse modelo. Importante também é perceber que, ao padronizar o texto, como verificamos todos os dias ao abrir um jornal, o jornalista perde a sua importância como redator, como intermediário entre o fato e a notícia. Ele se torna uma peça da engrenagem, mais um trabalhador na fábrica. Todas as suas experiências, a sua visão de mundo, anseios e desejos são desprezados. Como uma boa história pode ser contada assim? Portanto, a conclusão a que se pode chegar é que não existe um padrão, uma fórmula de se escrever textos jornalísticos. O importante é dar a cada assunto uma perspectiva inovadora, inédita, interessante. Se o fato não é novo, ainda há a possibilidade de se descobrir um aspecto que ainda não foi explorado. O limite da relação entre jornalismo e literatura vai até onde a forma não se sobrepõe ao conteúdo e é preservada a veracidade do acontecimento, ainda que possa ser contado de várias maneiras diferentes.

os monitores

PMDB: Oscar de melhor coadjuvante DANIEL CARLOS 7º PERÍODO O presidente Lula fechou questão: queria o PMDB com a vaga de vice em sua chapa nas eleições de outubro. Mas isso não vai acontecer. Após um breve namoro, os caciques do PMDB decidiram não apoiar formalmente a candidatura do petista, alegando que, com a regra da verticalização, uma aliança nacional inviabilizaria as alianças nos estados. Isso mostra que o maior partido do país quer ter liberdade para jogar lá e cá, ou seja, apoiar PSDB ou PT, de acordo com os interesses pessoais de seus filiados. Dessa forma, o PMDB fará o papel da noiva cobiçada nos principais colégios eleitorais do país. Em Minas, por exemplo, deve apoiar a reeleição do tucano Aécio Neves. Já em São Paulo, existe a chance de o partido apoiar o petista Aloizio Mercadante, caso não lance candidato próprio. O que o PMDB quer é sair das urnas em outubro com o maior número de governadores e deputados, e ampliar sua bancada no Senado, que já é a maior. É por isso que a ala governista do partido propôs uma aliança branca, ou seja, um mo-

Varig leva consigo memória nacional JOÃO HUDSON 7º PERÍODO Às vésperas de completar 80 anos em 2007, a “estrela brasileira no céu azul” vive o risco de se apagar de vez. Antes um pedacinho do Brasil a voar levando nossa bandeira aos cinco continentes, hoje esquecida e em crise, a “pioneira”, como já foi chamada em seus tempos de glória, não é mais a mesma. Os problemas da Varig são muitos e agudos. Com miasmas e rachas internos, o modelo de gestão, feudal, é terrivelmente anacrônico. Sem dinheiro, a frota foi ficando despadronizada e hoje é antiquada para os padrões da aviação mundial. Funcionários trabalham num clima de incertezas, com salários atrasados e ameaças constantes de demissão. Não há dinheiro para mais nada. Com dívidas que já passam da casa dos R$ 7 bilhões, a Varig não tem mais salvação técnica. Esperar uma ajuda política? Muito difícil. Nem mesmo os governos anteriores, que têm parte na crise da companhia, se atentaram para o que poderia acontecer no futuro. Planos econômicos desastrados, alta carga tributária e pouco apoio às companhias

nacionais penalizaram uma Varig que crescia a passos largos e se tornava um símbolo brasileiro para o mundo. Uma administração visionária fez da companhia uma das mais respeitadas e reconhecidas no mundo, com serviço impecável e uma frota que em nada devia para as gigantes da aviação. O tempo tratou de derrubar o sonho de areia. A concorrência se fortaleceu, dentro e fora do país, com administrações cada vez mais eficientes e enxutas. No Brasil, Gol e Tam disputam o espaço que aos poucos foi sendo deixado e lá fora os altos investimentos em pessoal, tecnologia e gestão revelam um mercado cada vez mais competitivo e exigente, padrão que a nossa Varig não consegue acompanhar. Aos brasileiros que, como eu, um dia se orgulharam de voar nos pássaros de ferro com a figura de Ícaro, só resta torcer para que o vencedor do leilão da nossa querida estrela, hoje cadente, a faça brilhar como antigamente. Espero que o futuro da Varig não seja como o de Ícaro, a voar com asas de cera que derreteram ao se aproximar do Sol. E que o saudoso jingle continue a tocar: “Varig, Varig, Varig!”.

vimento pró-Lula, não oficial, nos diretórios estaduais. O que não satisfez totalmente o presidente que, com o apoio formal, ganharia mais tempo nos programas eleitorais de rádio e TV. Lula também sempre foi contra a candidatura própria peemedebista para a Presidência da República, pois esta poderia complicar sua possível vitória ainda no primeiro turno. Esta possibilidade evitaria a já discutida bipolarização PT–PSDB nas eleições, sendo assim uma terceira via para quem não quer votar no PT, desgastado após tantos escândalos, nem no PSDB, que também teve nomes incluídos nas investigações. Apesar de ser fundamental para a governabilidade do país, independentemente de o vencedor ser Lula ou Alckmin, parece que o partido de José Sarney, Michel Temer e Renan Calheiros se contenta em ser um mero coadjuvante, o que há alguns anos o caracteriza. O PMDB confirma, assim, a tese de que é um partido movido pelos interesses de seus cardeais, que põem suas vontades e deleites acima dos projetos do partido. O partido continua grande, mas com mentalidade nanica.

PCC: Quinto Poder MARINA FONSECA 5º PERÍODO Se ela dança, eu não danço. Taxa mínima de consórcio: R$ 50. Lucro com roubo, seqüestro, tráfico: R$ 1 milhão. Explodir 82 ônibus, decretar toque de recolher nas ruas de São Paulo, matar 41 policiais: não tem preço. Assim, o Primeiro Comando da Capital (PCC) aterrorizou, de 12 a 19 de maio, a maior capital do país. Motivo do ataque: detentos do presídio Presidente Venceslau reivindicam 60 aparelhos de TV para assistir à Copa. O PCC, maior facção criminosa paulista, é um consórcio com 6000 sócios formado por 765 detentos e pela própria população. Isso porque, diferentemente do Estado, o PCC é um grande investidor de movimentos sócioculturais. Controla associações de moradores, clubes, atividades esportivas e bailes funk onde se dança ao som da indústria cultural PCC. Indústria essa patrocinadora de artistas como Renatinho e Alemão, que cantam no seu CD, "Taleban - Parque dos Monstros"–assim o PCC chama o presídio Presi-

dente Venceslau– mensagens ao líder do grupo, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola: “Não corre/não treme/mete bala no PM”. Em contrapartida aos ataques, o governador de SP, Cláudio Lembo, respondeu à população com um discurso com um trecho de um rap dos Racionais MC’s, cujas letras fazem apologia à morte de policiais. A ação da policia também cheira mal. Ainda se pode sentir o odor dos 110 corpos dos inocentes que a polícia matou após os ataques e omite seus nomes apesar de identificados. Na dança das cadeiras, sai o secretário de Segurança e entram na história dois advogados-membros do PCC que pagaram R$ 200 ao técnico de som do Senado pelo CD em que estariam as ações tomadas contra Marcola na CPI das Armas. E a mídia? Esta dança conforme a música. Sua memória é uma ilha de edição, mas em seus arquivos certamente estão as rebeliões do Rio e outros estados que continuam a acontecer e perdem a sua importância. Então, o que fazer? Talvez ler 3 mil livros como Marcola e, aí sim, propor um plano de ação.

O Brasil, pelo seu temerário jeitinho de fazer agora ou deixar para depois, inflama ainda mais o problema da energia, pautada pelo modelo econômico corrompido que reduz sua capacidade de competição e acentua ainda mais a dependência externa. O desenvolvimento econômico brasileiro está diretamente relacionado à produção de energia. No passado o recorde de crescimento do PIB de 4,2% foi acompanhado pelo consumo de energia que aumentou 4,6%. Situação preocupante, ainda mais com a tendência de crescimento da demanda por energia elétrica em que, cada vez mais, as atenções se voltam para as questões energéticas, principalmente combustíveis e eletricidade. Preocupações necessárias em um cenário de demanda e custos cada vez mais crescentes para a geração de energia elétrica. A questão do abastecimento de energia é um problema que se arrasta desde a década de 80, quando o consumo de eletricidade lançouse a frente do PIB com um aumento que superou a capacidade da geração de energia no país. E desde então foram privatizadas, ou melhor, leiloadas, a um preço ínfimo, empresas do setor elétrico sob a alegação de ser essa uma maneira de atrair investimentos externos. Assim foi feito com a Interbrás, importante compradora individual de petróleo, e com o Instituto do Álcool, atuante nas exportações de açúcar e álcool. Em 1997 foi criado o Conselho Nacional de Política Energética tendo por meta prestar assistência ao presidente nas questões relacionadas ao funcionamento do sistema energético do país. Se reuniu em 2000, mas foi efetivo só no papel. Foram definidas apenas regras, regulamentações que, desarticuladas e sem metas claras, ficaram pelo meio do caminho indefinidas, enquanto que a cada ano as fontes de energia iam sendo mais sufocadas para gerar cada real da economia. O maior pecado cometido pelo país é o descaso com seus recursos naturais, que são mal aproveitados. O Brasil, por sua biodiversidade e clima tropical, dispõe de recursos com os quais apenas sonham outros países, que dispõem de opções restritas ou muito dependentes de países vizinhos. Culpa maior que o país arrasta ao longo de sua história, sustentada pelo vício em tomar decisões sem um planejamento claro e bem traçado para o aproveitamento independente e adequado do bem tão indispensável e precioso da energia.

ERRATA: Na edição número 54, de maio de 2006, a charge não foi creditada. A autoria é do aluno Lucas Avelar, do 8º Período de Publicidade e Propaganda.

Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento

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Jornal Laboratório do curso de Comunicação Social da Faculdade de Ciências Humanas-Fumec Tel: 3228.3127 - e-mail: oponto@fch.fumec.br

Coordenação Editorial Profª Ana Paola Valente (Jornalismo Impresso)

Monitores de Produção Gráfica João Hudson e Rafael Matos

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Monitores de Jornalismo Impresso Daniel Gomes, Fernanda Melo e Tiago Nagib Monitores da Redação Modelo Camila Coutinho e Daniela Venâncio

Tiragem desta edição 5000 exemplares Consultora em pesquisa iconográfica Profª. Zahira Zouki Cordeiro Colaboradores voluntários Amanda Vidigal, Larissa Carneiro e Henrique Lisboa

Universidade Fumec Rua Cobre, 200 - Cruzeiro Belo Horizonte - Minas Gerais

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03 - Política - Pedro Bcheche

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Editor: Pedro Bcheche / Diagramadores da página: João Hudson e Larissa Carneiro

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Belo Horizonte – Junho/2006

Em busca da O MAIOR PARTIDO DO PAÍS CONVIVE COM UMA DIVISÃO INTERNA QUE O COLOCA COMO UM INSTRUMENTO PARA COLIGAÇÕES REGIONAIS

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UNIÃO Arte: Rafael Matos

LARISSA CARNEIRO 5º PERÍODO Desde a sua fundação em 1966, o PMDB exerce um papel de destaque dentro da política nacional. Porém, nestes 40 anos, o partido foi marcado também por fortes divergências internas sendo que, continuamente, foi usado como um meio de satisfazer interesses pessoais e imediatos de alguns de seus integrantes, prejudicando, assim, a sua unidade como instituição política. Na convenção nacional realizada no último mês, isso mais uma vez aconteceu, já que ficou decidido que o partido não lançará uma candidatura própria à Presidência da República, algo que não ocorre desde 1994. Como resultado desta decisão, o PMDB está sendo disputado tanto pelo PSDB e quanto pelo PT, que tentam negociar o seu apoio nas eleições de outubro. O senador Pedro Simon (PMDB-RS), em discurso proferido no dia 10 de março, lamentou o destino de seu próprio partido, que ele ainda, às vezes, chama de MDB (antiga denominação da legenda) e que agregou, durante o sistema bipartidário do regime militar, todas as esquerdas que ainda resistiam de alguma forma. Fica indignado pelo fato de que alguns de seus colegas de partido atuam na política para manter “uns carguinhos no Governo”. Lamenta que o partido que, hoje, tem a maior

bancada na Câmara e no Senado, o maior número dos governadores, prefeitos e vereadores eleitos não consiga lançar um candidato próprio à Presidência da República. Para o senador gaúcho, toda eleição presidencial no Brasil é, historicamente, acompanhada por uma crise institucional, e, para ele, destas crises, os partidos políticos não fazem parte. Simon lamenta o destino trágico de todas as legendas em nossa democracia representativa. Se diz decepcionado com os rumos tomados pelo PT, pelos escândalos em que está envolvido, e PSDB, que defende teorias neoliberais apesar de ser formado em sua gênese por diversas personalidades da vida pública brasileira. Para o cientista político Carlos Lindenberg, em se tratando de PMDB, é impossível falar de uma identidade única partidária. Este é um partido “multifacetado”. Longe de conter uma só proposta ao redor de uma legenda, “o PMDB é uma confederação de partidos regionais que está a serviço de lideranças locais”. A isso,em um artigo,Clarice Garotinho, presidente do PMDB Jovem, denomina “visão municipalista”. Todo partido que não tem uma identidade nacional”, diz Lindenberg, “afirma ter uma preocupação com os municípios”. Fragmentado Itamar de Oliveira, diretor da Fundação Ulysses Guima-

rães de MG, utiliza o termo “fragmentado” para definir a situção atual do partido. Das três grandes correntes ideológicas do passado, dirigidas respectivamente por Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e Tales Ramalho, sobraram apenas agrupamentos de interesses, afirma Oliveira. Rodrigo Sá Motta, historiador da UFMG, afirma que o PMDB herdou do MDB não somente as letras, mas a heterogeneidade em sua composição. O que identificava aquele partido era “a oposição ao regime militar”. E hoje, longe de ter uma identidade única, o PMDB “circula em torno de temas vagos.” Entretanto, ressalta Motta, “é interessante pensar que o MDB era um partido somente de grandes centros, visto com desconfiança nas pequenas cidades e hoje se dá justamente o contrário”. No último pleito eleitoral, o partido elegeu 1057 prefeitos dos 5563 municípios brasileiros, sendo somente dois das capitais. Qual a cara do PMDB?”, pergunta Lindenberg. Renan Calheiros, Michel Temer, Orestes Quércia? Para Rodrigo Motta, a presença do deputado Delfim Netto dentro do quadro do partido é simbólica de sua descaracterização. “Ele foi um dos maiores expoentes da Arena (partido governista durante o regime militar). “Não é preciso dizer mais nada”. Lindenberg acredita que o MDB era um outro partido. “Hoje é uma geléia geral. Uma

das alas do partido apóia o governo; a outra, é contra”. Na convenção nacional realizada em maio, a ala do partido que defendia o apoio a outros candidatos e a liberdade para compor nos Estados da Federação venceu. “Como o PMDB não terá um candidato à Presidência, terá a chance concreta de eleger 19 governadores”, afirma Lindenberg. Candidatura Para Rodrigo Motta, aqueles que lutam por um candidato próprio crêem na necessidade de fortalecer os vínculos simbólicos do partido. “Uma das maneiras de se reforçar a legenda é criar laços de identidade”. Oliveira não enxerga outra possibilidade para a construção de um discurso. Porém, ressalta que um candidato próprio à Presidência é somente um dos aspectos de se mensurar a identidade e a coesão partidária. Os outros são propostas claras e unidade ideológica, sentencia Lindenberg. A Fundação Ulysses Guimarães informa que o partido, junto com Carlos Lessa, economista e ex-presidente do BNDES, está escrevendo um programa nacional para a legenda. O PMDB tenta se fortalecer e acredita que a próxima eleição será um marco em sua história e que dela, sairá fortalecido. Aos que decretam de tempos em tempos a morte da legenda, Itamar de Oliveira é contundente. “Claro que não morreu”.

“Igualdade Racial” na berlinda PROPOSTA DE “REPARAÇÃO HISTÓRICA” FERE PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL FELIPE NUNES TORRES E RUBENS MARRA 5º PERÍODO Em breve, os cidadãos brasileiros poderão ter sua classificação racial discriminada em documentos da previdência social, da saúde e educação. A classificação "negro e branco" será compulsória em uma divisão racial semelhante à da África do Sul na época do apartheid . A esta iniciativa se dá o nome de “ação afirmativa”.O pressuposto deste processo é o conceito denominado “reparação histórica”. Tramita no Congresso Nacional, a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, cujo propósito é diminuir a desigualdade social e o preconceito racial no país. O Estatuto fere, entretanto, o princípio constitucional que afirma serem todos iguais perante a lei. O racismo e as desigualdades raciais no Brasil são realidades inquestionáveis, mas os métodos para combatê-los po-

dem ser questionados. O projeto é uma tentativa de se corrigir estas distorções. Possui textos que tocam nos direitos fundamentais dos cidadãos e que estipulam políticas públicas. O autor, o senador Paulo Paim (PT – RS), acredita que conseguirá por meio do Estatuto “reparar a história” e amenizar, segundo ele, “toda a exploração da comunidade branca sobre a negra”. Pretende,assim garantir mais igualdade. “Temos que incluir os negros na sociedade” argumenta o senador. As distorções do projeto começam pelo princípio da “reparação histórica”.“Este conceito só entrou no direito internacional para substituir a pilhagem de guerra, o que claramente não se adequa ao processo histórico brasileiro”, atenta o sociólogo Demétrio Magnoli. O aspecto de beneficiar legalmente somente um grupo específico da população, ex-

cluindo minorias, também é controverso, devido às possíveis futuras implicações e conseqüências que podem inverter os objetivos. A Constituição Brasileira já é clara em seu quinto artigo: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. O conceito de igualdade política e de cidadania será desvinculado e a noção e os valores ligados a uma nação única, brasileira, serão comprometidos. Como diz Magnoli, corre-se o risco do país se transformar em uma “confederação de raças”. Em contraposição, o senador Paim diz que o ângulo de análise dever ser outro, que o país ainda não possui uma igualdade social e que leis complementares são válidas e necessárias. “Os negros não tem direito à liberdade, como lhes é dito. Antes mesmo de ferir a Constituição, ela mesma já vem nos ferindo ao não fazer valer o seu cumprimento” explica ele.

Algumas propostas realmente apresentam seu caráter de legitimidade, como, por exemplo, as que dizem respeito ao reconhecimento de propriedade definitiva das terras ocupadas pelos remanescentes das comunidades de quilombos e a que reforça a liberdade de culto. A exatidão do processo suscita dúvidas, mesmo porque a maioria das pessoas não se dá conta de sua herança cultural. “Muitos de nós não sabemos qual é nossa herança, se portuguesa, indígena, negra ou italiana” afirma o sociólogo Antônio Prates. Sem uma fiscalização rigorosa no processo, deturpações podem acontecer. Os sociólogos Magnoli e Prates apontam como solução investimentos na educação pública. As transformações poderiam ser realizadas, tanto no leque de oportunidades de crescimento intelectual e profissional, quanto nos valores de cidadania.

Situação se repete em Minas Gerais Em Minas, o PMDB é um partido atrelado às lideranças regionais que lutam por objetivos próprios. Com uma bancada de nove cadeiras na Assembléia Legislativa, seis deputados federais, 142 prefeitos eleitos em 2004, o PMDB em Minas Gerais está, também, fragmentado. Quatro correntes distintas não se entendem e este foi o quadro na Executiva Estadual do partido, realizada nos dias 8 e 9 do mês de maio, em BH. Há os que defendem uma aliança com o PT; outros defendem a parceria com o PSDB; há, ainda os que defendem a tese da candidatura própria, e há os defensores de ne-

nhuma coligação e liberdade total de composição nas esferas estaduais e municipais. O deputado estadual Leonardo Quintão afirma ser impossível falar de uma só liderança dentro dos quadros do PMDB. Nele há membros que defendem não o “interesse do PMDB, mas o do PT”. Para ele, o que falta ao PMDB é se valorizar. Itamar Oliveira, diretor da Fundação Ulysses Guimarães, afirma que o drama do partido é que ninguém “se preparou para enfrentar (a candidatura) Aécio Neves”. E ressalta a contradição de um eventual apoio ao PSDB mineiro, maior adversário político do PMDB no interior. Daniel Denisson - 5º Período

Leonardo Quintão defende a tese da candidatura própria

Alerta para fraudes Gabriela Carvalho entrou, no vestibular de 2004, na UNB (Universidade de Brasília). Superou condições difíceis para se preparar para as provas e atualmente cursa Ciências Sociais. Até aqui a história se parece com a de qualquer outro estudante brasileiro que conseguiu, após um esforço pessoal, sua vaga em uma universidade pública. Porém, a trajetória de Gabriela tem uma especificidade: ela é uma das primeiras beneficiadas do sistema de cotas destinadas a estudantes que se declararem negros da UNB. Residente na periferia da capital brasileira, ela é a primeira de sua família a freqüentar um curso de graduação. Por telefone, ela contou sua história. “Pelo menos cinco gerações da minha família foram escravos. Sou a única a ter oportunidade de estudar. Talvez sem o sistema de cotas não a teria”, declara.

Para garantir a sua vaga Gabriela fez o vestibular normalmente e, com o resultado obtido, foi selecionada depois de passar pela comissão avaliadora. Auto-declarada negra, alerta para aqueles que denominam “afro-convenientes”, ou seja, indivíduos que se declaram negros para obter os benefícios de acesso. “Existem pessoas que querem tirar proveito do sistema de cotas”, observa. Ao contrário do que poderia ser esperado, revela que nunca sofreu qualquer tipo de discriminação por ter obtido sua vaga por meio do sistema de cotas, mesmo de alunos contrários ao processo. “Eles vêem que sou aplicada, que sofro dificuldades. A relação não se arranha por causa disso”. Com relação ao racismo, diz que já sofreu, mas acredita que a falta de conhecimento e a ignorância ainda são os maiores obstáculos para se combatê-lo.


04 - Economia - Natália

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Editor da página: Amanda Vidigal Diagramador da página: Natália Andrade

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Belo Horizonte – Junho/2006

Varig em rota de turbulência FALÊNCIA DA MAIOR EMPRESA AÉREA BRASILEIRA ASSUSTA CLIENTES E FUNCIONÁRIOS Raquel Jones - 5º Período

RAQUEL JONES THANIT XAVIER 5º PERÍODO Em 1927 era criada a maior empresa aérea brasileira, a então chamada Viação Aérea Riograndense, que anos mais tarde ficaria conhecida como Varig.Hoje, o pesadelo da empresa é conhecido por muitos.Uma dívida que já chega a R$ 8 bilhões e sem muitos candidatos a comprar a empresa. A proposta formada pelo TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) foi a única apresentada no leilão no Rio de Janeiro que aconteceu no dia 9 de junho. Ela prevê o pagamento de R$ 1,010 bilhão pela Varig, mas somente R$ 285 milhões seriam pagos em dinheiro. O TGV planeja utilizar os R$ 225 milhões que possui de crédito como credora da Varig para o pagamento.Os outros R$ 500 milhões viriam de créditos futuros adquiridos pela Varig. O mercado reagiu negativamente à proposta feita pelos trabalhadores. As ações da empresa que não tem direito a voto, perderam mais da metade de seu valor na Bovespa.Segundo o economista e CBA(certificated in business administration) em gestão de negócios Faither Oliveira,” o país passa atualmente por uma fase econômica muito estável,apesar de todas as turbulências políticas, e ninguém sabe qual poderá ser a reação do mercado a um acontecimento caso haja a falência da Varig”. Ainda segundo o economista, “empresas de aviação com administrações mais modernas têm obtido grandes lucros e um aumento considerável no valor de suas ações”. O juiz responsável pelo caso Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, afirmou em entrevista concedida à Folha de São Paulo que não vai realizar outro leilão.A Procuradoria da Fazenda Nacional emitiu em 7 de junho, às vésperas do leilão da Varig, um parecer que isenta o eventual comprador da companhia de responsabilidade por um

passivo tributário bilionário. O documento contraria outros três textos redigidos pela mesma Procuradoria da Fazenda. Alguns documentos contrários ao que foi divulgado pela Procuradoria sustentam a tese que quem arrematar a Varig levará junto o passivo tributário da empresa. O maior credor da companhia é o próprio governo, que em momento algum manifestou a intenção de transformar a Varig na primeira empresa aérea estatal brasileira, como existe em muitos outros países. A crise da empresa se agravou durante o governo Collor, quando fez um alto investimento em Boeings, a sua maioria em contrato de leasing. Em 2001 com a crise econômica após os ataques de 11 de setembro e a criação da Gol linha aéreas a situação piorou, em pouco tempo a Varig perdeu o posto de segunda maior empresa de tráfego aéreo do Brasil. Hoje ela precisa de 110 milhões de dólares para continuar operando, sem contar os R$ 8 bilhões que deve aos credores. Segundo o ex-presidente da Varig Luiz Martins, que atuou no cargo de 2003 à 2005 “Seria injusto atribuir a crise da Varig apenas à má gestão, pois nenhuma empresa chega a um déficit de R$ 8 bilhões apenas por incompetência administrativa”.Em meio a toda crise vivida pela empresa, quem sai lucrando são as concorrentes, que com promoções e maior número de vôos diários ganharam os clientes que antes optavam pela líder no mercado durante décadas. A Varig foi a primeira grande empresa a se beneficiar do processo de recuperação judicial, lei que substitui a concordata pela nova Lei de Falências. Isto protegeu a empresa de ações movidas por credores, ajudou-a a continuar voando e a iniciar um processo de reestruturação.A participação regional da Varig caiu de 38% para 16,5% em três anos, em 2002 a empresa tinha uma frota de 82 aeronaves, hoje tem 60, mas 14 delas estão em manutenção.

Empresas aéreas disputam rotas “órfãs” da companhia gaúcha Caso haja realmente um colapso da Varig, TAM e Gol passariam a voar com uma média de 87% de seus assentos ocupados, uma taxa considerada alta. Conforme análise divulgada, os trechos mais demandados poderiam ficar muito congestionados no curto prazo. A taxa de ocupação média das três companhias em maio foi de 72%. As rotas que correm risco de congestionamento são aquelas em que a Varig ocupava maior espaço entre as empresas aéreas, que são Congonhas/Curitiba e Congonhas/ Brasília. O trecho Rio/São Paulo, a ponte aérea mais congestionada no Brasil, não seria um problema, pois a Varig apresenta um percentual baixo de passageiros nesta rota. A Justiça fluminense já manifestou a possibilidade de receber novas propostas de empresas que se cadastraram no leilão mas não deram lances. Entre as companhias aéreas, a Ocean Air é a que está mais disposta a, de fato, comprar a Varig. É que, em caso de falência, a empresa teme ser prejudica-

da num eventual rateio das rotas e espaços nos aeroportos e horários, já que a Gol e a TAM têm maior participação no mercado e vão disputar uma redistribuição proporcional do espólio da Varig. A empresa divulgou em nota oficial que não está disposta a pagar nem um centavo a mais do que seu lance máximo idealizado para o leilão -US$ 150 milhões. No início do ano, depois que a Varig deixou de operar algumas rotas no Rio Grande do Sul, a Ocean Air se credenciou a operá-las, mas não foi autorizada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Enquanto a Varig caiu em abril mais de 2% a TAM subiu 2% e a Gol subiu 0,5%. Caso a falência da Varig seja decretada, as concorrentes(TAM e Gol) precisarão rapidamente suprir as rotas deixadas pela empresa, caso isso não aconteça, vários problemas de ausência de vôos poderão ocorrer, não só em trechos domésticos, mas também nos internacioais, com o câmbio favorável e as férias chegando a procura aumenta.

Trabalhadores negociam prazo maior para dívida

Guichê da Varig no aeroporto da Pampulha , funcionamento reduzido dos terminais

O Sindicato Nacional dos Aeronautas e os Trabalhadores do Grupo Varig, junto à administração da empresa, pediram aos credores do governo (BR Distribuidora e Infraero), que dêem a companhia um prazo maior para o pagamento da dívida. Esse prazo faz parte do plano desenvolvido pela Alvarez & Marsal, consultoria contratada recentemente pela Varig para implementar seu plano de recuperação. O gasto mensal da empresa aérea com a Infraero é de R$ 9 milhões e com o combustível a dívida chega a R$ 40 milhões. Além do prazo solicitado pela empresa e funcionários, um grupo de trabalhadores quer retirar R$ 300 milhões do fundo de pensão Aerus para ajudar a recuperar a empresa. No entanto, a SPC (Secretaria de Previdência Complementar) manifestou-se contra essa solução. Segundo a assessoria de imprensa da secretaria, não é possível a utilização do dinheiro de um fundo de pensão para outra finalidade que não seja o pagamento previdenciário. Adriane Maria Monteiro Melo Seixas é supervisora da Varig do aeroporto de Confins e trabalha há seis anos pela empresa. Segundo ela, o tratamento da Varig com os funcionários não modificou. “Esperamos que tudo isso se resolva, continuamos trabalhando com o mesmo espírito de antes”, afirma. Funcionários que trabalham no aeroporto da Pampulha também foram procurados pela equipe de reportagem do “O Ponto”, mas segundo a secretária da empresa, a Varig proibiu qualquer funcionário de dar entrevistas sobre a companhia.

João Hudson e Rafael Matos

CRISE

o ponto

Credores da Varig

CRÍTICO

De toda a dívida da companhia, mais da metade corresponde ao governo brasileiro

EMPRESAS ESTATAIS

ARRENDADORES DE AVIÕES E TURBINAS

Polyanna Rocha 6º Período

OUTROS

GOVERNO

Fonte: Varig

A chamada estrela brasileira, com seus 79 anos de existência vive a pior crise financeira dos últimos tempos. Mergulhada em uma crise de mais de R$ 7 bilhões, a Aérea riograndense têm cada vez menos passageiros, menos voôs e assim, uma receita nem um pouco condizente com a antiga situação. Sem dinheiro, sem ajuda do governo e quase sem fornecedores, a Varig tem um futuro incerto e perde o mercado para as tarifas da novata Gol e até mesmo para a antiga aliada TAM, que, com o mar de dívidas da concorrente, se esbaldou em promoções e arrebatou os clientes discrentes na companhia. A mídia cumpre seu papel na cobertura da crise e mostra a resposta do seu trabalho com a demanda de passageiros da Varig. A cada dia menos clientes usam o serviço da empresa com medo dos atrasos contínuos da companhia que só deixa no “lucro”, os clientes que possuem o cartãode fidelidade da empresa, um dos poucos clientes que ainda acreditam no brilho dessa estrela.


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Henrique Lisboa - 6º Período

IMPRUDÊNCIA SEM LIMITES

SEGUNDO O DETRAN-MG, MAIS DE 300 MIL CONDUTORES FORAM MULTADOS EM BH EM 2005 JULIANA PIZARRO, MARINA RIGUEIRA E ENZO MENEZES 1º E 3º PERÍODOS A estudante de fisioterapia, Renata Criscollo, de 25 anos voltava de uma festa de casamento com familiares quando o carro em que estava foi surpreendido por outro veiculo em alta velocidade em um cruzamento movimentado no bairro Funcionários. Renata foi vítima da imprudência de um desconhecido. O outro carro era conduzido por um menor de idade que depois de ter batido contra o carro da estudante, fugiu. A então adoles-

cente, só conseguiu descobrir a identidade do motorista infrator porque a placa do veiculo caiu com a força da colisão e assim a polícia pode chegar até o menor, na época com 17 anos e filho de um político mineiro. Passado os anos, a estudante não esqueceu do acidente. “Tomei alguns pontos que deformaram meu rosto” diz Renata, que entrou com um processo na Justiça para que o menor pagasse uma cirurgia plástica. O menor não foi punido e pôde tirar a habilitação quando completou a maioridade. O desrespeito às sinalizações, o excesso de velocidade

dos condutores e as ultrapassagens em condições adversas são as principais causas dos acidentes de trânsito, e respondem pelo mesmo nome: a imprudência dos condutores. Os motoristas imprudentes colocam em risco toda a sociedade, e os órgãos competentes tentam evitar que eles fiquem impunes. De acordo com Andréa Vacchiano Bravo, Delegada Coordenadora das Jari´s e Defesa deAutuação do DETRAN-MG (Departamento Nacional de Trânsito de Minas gerais), cerca de 331,2 mil condutores foram multados em Minas Gerais desde 2004. Desse número, 27% dos condutores

Excesso de velocidade, desrespeito às sinalizações são as principais infrações cometidas no estado.

mineiros possuem uma infração de trânsito, e 10% possuem mais de três multas. “É um número até razoável de motoristas autuados, tendo em vista a posição dos mineiros em 3º lugar nos acidentes em todo o país”, analisa a delegada. Entre as multas expedidas pelo DETRAN-MG em 2005 , cerca de 155 mil, mais da metade do total, foi devido a velocidade máxima ultrapassada. Conscientizar é preciso Para o diretor- chefe do Detran-MG, Eduardo Betti Menezes, a educação no trânsito é uma das melhores formas de prevenção dos acidente.“Um

veículo não pode ser usado como arma, é preciso consciência para dirigir e ter noção de todo o trânsito, para evitar situações de risco”, diz o diretor que considera o excesso de velocidade como a infração que mais causa acidentes no estado. “A responsabilidade na maioria dos casos é do próprio condutor, seja pelo abuso da velocidade ou o desrespeito à sinalização”, finaliza Menezes. Carlos Alexandre Dutra,22, se considera um irresponsável. O estudante de direito voltava de uma festa embriagado quando por pouco não atropelou um casal. “Estava muito bêbado e não pensei no que pudesse

acontecer”, diz Carlos, que acabou a festa em casa, e hoje se conscientizou dos males da direção aliada ao álcool. Solange Montezuma, gerente de processamento multas da Bhtrans, acha que a informação é a melhor forma de conscientizar as pessoas. “Contamos com programas de conscientização no nosso site e programas para escolas sobre direção perigosa”. Segundo o Detran, em 2005, mais de 300 mil condutores foram multados na capital.Deste número, mais de 700 motoristas foram autuados dirigindo embriagados ou drogados. Colaborou: Polyanna Rocha

Henrique Lisboa - 6º Período

Projeto de lei reduz idade para dirigir Está em tramitação no país, um projeto de lei que modifica de 18 para 16 anos a idade mínima para dirigir. Criado pelo deputado Albérico Filho, do PMDB do Maranhão, se for aprovado o projeto vai agradar a muitos adolescentes que esperam a maioridade para dirigir. No projeto consta que menores de 18 anos com carteira de habilitação só poderão circular nos municípios que seus responsáveis tenham domicílio fixo, e nas rodovias federais, somente acompanhados por pessoas que tenham a CNH-Carteira Nacional de Habilitação, definitiva. Daniel Castro, 32, dono de uma auto-escola, acha que a mudança na lei pode ajudar alguns menores de idade.“Alguns adolescentes que trabalham têm a necessidade de ter a habilitação” ressalta Castro. O deputado maranhense, autor do projeto, alegou em seu site, que a mudança é necessária “pois permite que os jovens, que vivem em intensas atividades ao longo do dia, tenham maior autonomia diante dos pais”, sem esquecer de que essa autonomia esteja vinculada à extrema responsabilidade. Daniel Castro é a favor da mudança, mas com algumas ressaltas.“Alguns adolescentes gostam de se exibir na direção, isso acaba sendo muito perigoso para os motoristas” diz Castro, que completa com um dado in-

trigante. “Cerca de 75% dos alunos na minha auto-escola têm de 18 a 20 anos”. O que comprova um possível aumento nesse percentual com a diminuição na idade. Para alguns alunos da Universidade FUMEC, os adolescentes de 16 anos de idade não possuem responsabilidade e maturidade suficientes para dirigir. Ernane Léo, 22, aluno de Jornalismo da FCH, acha que “a juventude brasileira não tem maturidade para assumir os seus atos no trânsito”. Já Breno Menezes, aluno de administração de empresas, é a favor da mudança. “Se aos 16 anos é permitido que o cidadão eleja um presidente, também deveria ser permitido dirigir nessa idade”. O diretor-chefe do DETRAN-MG Eduardo Betti Menezes afirma que existem poucas chances desse projeto de lei ser aprovado. “Para que essa lei entre em vigor seria necessária uma mudança nos Códigos de Trânsito, Penal e Civil e também que o adolescente passasse a responder pelos seus atos judicialmente”. Se o projeto for aprovado, ainda existe a possibilidade dos menores de 18 anos serem liberados para a carteira de habilitação provisória na validade de dois anos e os que se habilitarem aos 18, como já acontece, vão permanecer com esta por um ano.

Motoristas imprudentes desrespeitam a sinalização e excedem na velocidade causando situações arriscadas para a população

BHTrans multa mil todos os dias Álcool, carteira vencida e falta do uso dos equipamentos de segurança. Essas são as infrações mais cometidas pelos motoristas e que são consideradas graves ou gravíssimas, ou seja, se o condutor cometê-las, pode perder a carteira de habilitação. De acordo com a gerente de processamento de dados da BHTrans, Solange Montezuma, a faixa etária mais imprudente em Belo Horizonte é de 19 a 25 anos. O órgão tem a competência de registrar as infrações municipais. Só em 2005, foram emitidas 394.550 notificações, com uma média de 1080 infrações por dia, incluindo as emitidas por agentes de trânsito e radares eletrônicos. Solange afirma que os mineiros são muito impru-

dentes, não só dentro do estado. As quatro principais ocorrências notificadas pela Bhtrans são excesso de velocidade, dirigir usando o telefone celular e avanço do sinal vermelho ou parada obrigatória, gerando um total de 203 mil notificações relacionadas ao excesso de velocidade. Mais de 34 mil ocorrências dizem respeito às pessoas que dirigem ao celular e aproximadamente 15 mil são relacionadas aos avanços do sinal vermelho ou parada obrigatória. Renata Criscollo, 25, vítima de imprudência no trânsito, acha que os motoristas, principalmente os adolescentes estão andando muito perigosamente. Para a estudan-

te os motoristas sempre “bebem uma, entram no carro e correm”, assim acaba acontecendo o pior. De acordo com a Bhtrans o centro da cidade de Belo Horizonte é onde ocorrem mais acidentes, devido ao grande fluxo de carros durante todo o dia e a disputa acirrada que existe por estacionamento e espaço. O maior número de atropelamentos ocorre nos cruzamentos das avenidas Afonso Pena com Espírito Santo e com Tamoios, devido ao grande movimento de pessoas, que, segundo Solange Montezuma “vivem constantemente atrasadas”. A secretária Luísa Almeida, 20, acha que os carros não respeitam o pedes-

tre.”Trabalho no centro e sempre vejo acidentes com vítimas, fui atropelada mês passado na Praça Sete”, assim como Luísa, Marcel Henrique Oliveira, 16, foi atropelado por displicência do motorista. “Estava na calçada e mesmo assim o carro me atropelou”, diz o adolescente, que ficou 8 dias internado no hospital. A fiscalização não tem condições suficientes para controlar os infratores, que segundo Solange Montazuma, “é infinitamente maior que o de agentes de trânsito da Bhtrans”. A gerente afirma que “É necessário contar com o trabalho paralelo da conscientização que creio serem as medidas tomadas contra a impunidade”.


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Belo Horizonte – Junho/2006

Exclusão social ameaça aglomerado VILA ACABA MUNDO LUTA PELO BEM-ESTAR SOCIAL FRENTE A HISTÓRICO DE EXCLUSÃO Izabela Santos - 5º Período BÁRBARA FREIRE IZABELA SANTOS 5ºPERIODO Na década de 20, quando o máximo que a população de Belo Horizonte podia fazer era “subir a Bahia e descer a Floresta”, nada existia em direção à Serra do Curral. Era o famoso “Acaba Mundo”, uma antiga fazenda de 1,6 milhão de metros quadrados coberta por mata fechada. Há cerca de 60 anos tornou-se moradia de trabalhadores vindos do interior do Estado e mais tarde passou a condição de Vila. Localizada na região centro-sul, onde estão situados os bairros mais nobres da cidade, a vila que hoje ocupa uma área de 33.313 m2 convive com uma realidade de exclusão social. A região, que desde a década de 40 foi ocupada de forma irregular, situase em uma área de alto valor comercial, entre os bairros Sion, Anchieta, Mangabeiras e Belvedere, é alvo de grande especulação imobiliária. Essa circunstância ocasiona recorrentes ameaças de remoção da população da Vila, que hoje possui na comunidade 329 domicílios e uma população total de 1187 residentes. Atrelada a essa questão, a região é explorada por mineradoras que extraem a dolomita, uma rara formação mineral encontrada no sopé da Serra do Curral. No final de 2004 essa situação foi modificada, o Poder Público Municipal iniciou um processo de licenciamento ambiental das mineradoras que atuam no entorno da Vila, a Magnesita e a mineradora Lagoa Seca. Essa revalidação do licenciamento por mais sete anos de exploração mineral e quatro anos de recuperação ambiental inclui o estabelecimento de condicionantes exigidas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que compensariam através de medidas os danos causados pelas empresas à comunidade. No ano seguinte, lideranças comunitárias formaram o Fórum de Entidades do Entorno das Minerações do Acaba Mundo (Femam), uma comissão institucionalizada que discute melhorias para a Vila e o relacionamento com as mineradoras. “Uma das condi-

cionantes para o processo de renovação da licença de exploração é realizar, a partir de um diagnóstico sócio-econômico, fundiário e ambiental da Vila, um plano de ações que preste apoio logístico, com recursos internos dos empreendedores para a manutenção do Femam”, afirma o sociólogoMárcio César Gonçalves, analista de políticas públicas da SMAMA. Além disso, Gonçalves diz que deve ser apresentado um relatório semestral das atividades do Fórum, caso contrário, a mineradora Lagoa Seca, que possui a licença há mais de 50 anos, corre o risco de não obter a renovação de mais sete anos de exploração. No caso da Magnesita, a licença que foi concedida pode ser suspensa. Segundo Magda Coutinho, do Projeto Querubins, a Prefeitura exige que toda empresa que extrai recursos oriundos do solo ou polua o meio ambiente, deverá trazer benefícios para a sociedade através de recuperação do solo ou por meio de ações concretas. “Apesar disso, até o momento, a única assistência oferecida é o espaço físico onde funciona o Projeto, além de água, luz e brita”, conta Magda. Entre as necessidades manifestadas pela comunidade que ainda não foram atendidas, Maria Celeste Soares, presidente do Femam, cita a reforma do centro comunitário e a doação de um espaço com equipamentos para cursos. A mineradora Em muitas situações, as organizações se envolvem em causas sociais apenas com pretensão de ter o nome associado à um projeto que lhes traga retorno financeiro indireto, uma imagem positiva perante a sociedade. De acordo com Felipe Lavorato, coordenador de Meio Ambiente do Grupo da Magnesita, as ações sociais realizadas na Vila não se limitam às condicionantes do licenciamento, estendemse a diversos trabalhos de parcerias, não só com o Projeto Querubins, mas com o projeto de saneamento básico da Vila. ”A empresa busca manter um relacionamento amistoso, visando a integração dos projetos sociais existentes na Vila”, finaliza.

Favelas e condomínios são impenetráveis incógnitas De um lado a favela, de outro, os condomínios dos bairros mais nobres da capital mineira. Assim é a região sul, que sofre um choque econômico entre classes sociais opostas. Em BH, como em qualquer outra capital ou grande cidade brasileira, existem favelas, vilas, conjuntos habitacionais com uma infra-estrutura essencialmente precária, grandes aglomerados e também os condomínios de luxo. Duas enclaves, entidades autônomas e que representam grande parcela da população de qualquer metrópole brasileira. Dentre os dois, os condomínios talvez sejam o fenômeno que assistiu à maior explosão urbana nas duas últimas décadas. Hoje eles são construídos por todos os lados, seja como loteamentos cercados na periferia, como fortificações residenciais na zona sul ou como mini-cida-

des implantadas nos municípios vizinhos. Condomínios e favelas adotam posturas antagônicas com relação à cidade. Mas as favelas não perdem em hermetismo para os condomínios murados. Também são impenetráveis incógnitas só conhecidas por seus moradores e pela polícia. “As favelas são favelas porque não tem serviços, já os condomínios têm isso em excesso” diz Cláudio Oliveira, morador da Vila Acaba Mundo.“A concentração de coisas em condomínios fechados gera a aparente diferença entre favelas e condomínios ”, completa. As favelas podem ser definidas como tal por serem carentes de infra-estrutura. São territórios onde os habitantes que ali ocupam inventam seus próprios serviços com um processo de auto-organização sem nenhum planejamento prévio.

Favela na zona sul de BH sofre com exploração mineral do terreno vizinho e moradores correm risco permanente de remoção

Bem-estar social vira nova moeda de marketing Cresce a cada dia o número de projetos apoiados pela mídia, que tem como foco a promoção do bem-estar social. É comum vermos e ouvirmos mensagens publicitárias dos governos: Federal, Estadual e Municipal sobre os programas sociais e ambientais que supostamente desenvolvem. A questão é que, muitas vezes, a propaganda e a publicidade estão concentradas no próprio programa do Governo, e pouco sobra para as causas e comportamentos sócio-ambientais. O Marketing Social ou Marketing para Causas Sociais como também é conhecido, diz respeito ao esforço mercadológico no sentido de associar uma marca ou instituição a uma causa social.Segundo Joyce Figueiredo, que estuda o relacionamento entre gran-

des empresas e comunidades que as rodeiam, “o marketing social pode ser o desenvolvimento de campanhas para prevenção da saúde, o estímulo à leitura, doações para entidades assistenciais, parcerias com entidades filantrópicas, ou o desenvolvimento de trabalho junto à comunidades carentes.” No entanto, é empregado para promover aceitação de uma causa ou idéia e tem como principal objetivo, transformar a maneira pela qual um determinado público percebe uma questão social e promover mudanças comportamentais, visando melhorar a qualidade de vida de um segmento populacional. Em algumas situações, essa forma de marketing pode ser utilizada como uma maneira de promover uma deter-

minada empresa e fazer com que a sociedade veja essa instituição de forma positiva, mesmo que esta não comprometa com o bem-estar social de uma comunidade. Joyce diz que a difusão do princípio básico da Responsabilidade Social tem permitido o avanço do Marketing Social, no entanto, “ deve ser tomado no sentido de evitar que empresas e entidades o adotem para encobrir suas mazelas”. Nesse caso, essas ações ainda podem ser consideradas marketing, mas dificilmente poderiam ser consideradas sociais. "É necessário olhar com desconfiança para empresas que se propõem a mascarar sua atuação socialmente irresponsável na comunidadeseja poluindo o ambiente ou até mesmo explorando o tra-

balho infantil-através de doações , apoio a grupos menos privilegiados ou patrocínio de campanhas educativas ou culturais", completa. Quando o marketing social congrega a união da causa social com o mercado, em esforço mútuo, visando demonstrar que há possibilidade de ganho para todos os envolvidos, consegue reduzir as diferenças sociais e, ao mesmo tempo, realizar um trabalho de desenvolvimento sócio-econômico. Essa deve ser a essência do marketing social, para que a qualidade dos serviços prestados por organizações sociais seja difundida e o posicionamento de empresas comprometidas com causas sociais seja verdadeiramente demonstrado. João Hudson e Rafael Matos

BH

Vila Acaba Mundo

• Dados sobre o desenvolvimento da Vila

• Renda mensal em salários mínimos por domicílio

TAXA DE ALFABETIZAÇÃO

ATÉ UM SALÁRIO

88.2%

296 CASAS

ESGOTO SANITÁRIO

ENTRE 1 E 2 SALÁRIOS

89.2%

25,1 CASAS

ABASTECIMENTO DE ÁGUA

ACIMA DE 5 SALÁRIOS

80.2%

36,4 CASAS

COLETA DE LIXO

SEM RENDIMENTO

97.5%

2,8 CASAS Fonte: www.favelaeissoai.com.br e PBH


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Ilha de concreto no meio da mata Bruno Figueiredo - 8º Período

EM NOME DA QUALIDADE DE VIDA, CONDOMÍNIOS DESTROEM A NATUREZA LÍDIA RABELO 6º PERÍODO O município de Nova Lima, localizado ao sul de Belo Horizonte, está dentro da APA-Sul (Área de Proteção Ambiental da Região Sul na Região Metropolitana de Belo Horizonte) e tem, ao longo da MG-30, o predomínio de vários condomínios auto suficientes. São verdadeiros complexos dentro de parques ecológicos, que, além de não participarem efetivamente do crescimento econômico da cidade, ocasionam impactos ambientais e sociais. A estrutura dos condomínios apresenta-se como de uma outra cidade. Antônio Pereira Magalhães Jr, professor e coordenador do curso de Geografia da UFMG, relata que se o condomínio é fechado, o resto da população não terá acesso aos seus bens naturais. “Por que, ao invés de condomínios, verdadeiros guetos restritos, não criar parques abertos a todos?”, questiona Magalhães. As áreas de preservação ambiental abrangem os mananciais para abastecimento de água da população metropolitana. Porém, as autorizações excessivas de construção de moradias podem causar um estresse hídrico em toda região metropolitana, deixando as gerações futuras sem água, relata Edna Cardoso, professora de Direito Ambiental de Mineração e Energia da Universidade Fumec. Para Maria Dalce Ricas, superintendente da Amda (As-

sociação mineira de Defesa do MeioAmbiente), as análises dos empreendimentos não consideram os efeitos ambientais radicais, como conectividade dos fragmentos florestais. Nova Lima detém áreas florestadas, transformadas em “unidades de conservação”, como o Parque Estadual do Rola Moça, RPPNs (Reservas Particulares de Patrimônio Natural do Jambreio MBR - Mineirações Brasileiras Reunidas), Samuel de Paula (AngloGold). Estas áreas correm o risco de ficarem isoladas das florestas dos município de Rio Acima, Santa Bárbara e Caeté trazendo consequências para biodiversidade, diz Maria Dalce. O prefeito Carlos Rodrigues, da cidade de Nova Lima, relata que cuidados são tomados para a preservação destes mananciais, mas que o complicador é a rede de esgoto, pois todos os resíduos são despejados na rede pluvial. Afirma que está tomando providências. O prefeito reconhece que os condomínios empregam mais pessoas de outras cidades do que do município, mas diz que “a Prefeitura, desde 2005, tem realizado um movimento de intermediação de empregos e já gerou 1800 empregos com carteira assinada”. Segundo Magalhães,“se queremos viver num mundo, onde o meio ambiente tem que ser respeitado, é preciso integrar a ética, a econômia e a ecologia, pois, a longo prazo, ela vira a economia social”

Condomínios fechados afetam o equilíbrio ambiental e social, além de não participarem do crescimento econômico da cidade Bruno Figueiredo - 8º Período

População não está preparada Existem dois tipos de loteamentos na avaliação do professor Antônio Pereira Magalhães. Um dos tipos é aquele no qual o público alvo é a classe A e B, com uma infra-estrutura que evita deformações. E o outro, que são os loteamentos clandestinos, quase sem nenhuma infra-estrutura. “Em ambos os casos, as pessoas que vão viver nesses locais não estão preparadas para as questões referentes ao meio ambiente”, diz Antônio Pereira. O professor relata que no primeiro caso os recursos naturais são usados como moeda de troca. Paga-se mais para se ter um riacho passando em sua propriedade, um pedaço de mata, sem uma preparação quanto à importância desses elementos em termos sistêmicos. Ainda segundo Antônio Pereira, é conveniente falar que a

pobreza é um fator de degradação ambiental, mas que não é assim. “Vemos no eixo sul da

“Vemos no eixo sul da cidade que a população de alta renda muitas vezes não tem melhor nível de informação do que a classe baixa”. Antônio Pereira Magalhães Jr, Professor e Coordenador do Curso de Geografia – UFMG cidade que a população de alta renda, às vezes, não tem um melhor nível de informação do que a classe baixa”, completa.

Carlos Augusto Zadorosny, diretor imobiliário da Anglo Gold Ashanti, relata que alguns moradores têm a consciência da preservação, mas é ele quem procura os órgãos competentes para o licenciamento. “Quanto maior a empresa, maior a facilidade de fiscalizála. Fica mais fácil fiscalizá-la do que uma única propriedade, e, então, acontecem os impactos. Quanto à preservação, Carlos Augusto diz que a melhor maneira é desenvolver uma área e cuidar. A empresa Anglo Gold reservou uma área de aproximadamente 14 mil hectares para o empreendimento imobiliário. Dessa área, 70% está destinada à preservação total. “Deixar abandonada não adianta, pois o Governo não tem poder fiscalizatório para conter invasões nesses locais”, enfatiza o diretor.

Fiscalização ainda é precária

Protesto contra a devastação da mata nativa ocasionada pela construção de um condomínio

O licenciamento ambiental no Estado ainda padece de muitos problemas. Maria Dalce Ricas, superintendente da Amda (Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente) diz que “os órgãos são mal estruturados e seus técnicos são mal pagos, ao contrário daqueles que cuidam do desenvolvimento econômico”. Ricas relata que os licenciamentos para empreendimentos imobiliários são recentes. A chamada “agenda marrom" - mineração, barragens e indústrias - prevalecia nos pedidos de licencimentos. “A entidade cumpre o seu papel de denúncia, de cobranças e propostas. É uma luta

difícil, pois além das fragilidades estruturais dos órgãos

“Os órgãos são mal estruturados, seus técnicos mal pagos, ao contrário daqueles que cuidam do desenvolvimento econômico” Maria Dalce Ricas, superintendente da Amda ambientais, existe a má vontade, a falta de planejamento,

e os municípios, de im modo geral, não se importam com os aspectos ambientais”, diz a superintendente. Ela relata não ter dúvidas de que a situação poderia melhorar, se as regras para a obtenção de licenciamentos mudarem e o poder público estadual agir em conjunto com o poder municipal. Para implantar um condomínio, existe um procedimento legal que envolve Planos Diretores, Leis Orgânicas Municipais e Leis Federais. Antônio Pereira Magalhães Jr. afirma que já existe uma legislação ambiental avançada, só que, entretanto, ela não é operacionalizada.


08 e 09 - Especial - Daniel G.

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Editores da página: Daniel Gomes e Priscilla Ca

E S P E C I A L

Belo Horizonte

MARINA FONSECA E ANA PAULA MACHADO 5º PERÍODO

DEPENDÊNCIA BRASILEIRA DO GÁS BOLIVIANO ABRE DEBATE SOBRE AS ALTERNATIVAS ENERGÉTICAS DO PAÍS. ANALISTAS CRITICAM A FALTA DE PLANEJAMENTO E QUESTIONAM A RAZÃO DE O BRASIL NÃO INVESTIR EM SEUS PRÓPRIOS POTENCIAIS ENERGÉTICOS

Impasse

ENERGÉTICO

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O problema não é a escassez de recursos, mas um planejamento inadequado ou nenhum. O Brasil é um país que não possui um plano de energia. Essas afirmações são do professor de Energia da Universidade Federal de Minas Gerais, Ricardo Brant. Falta levantamento da oferta e do consumo de cada tipo de energia e um plano integrado para o futuro. "O que é preciso é fazer um planejamento de longo prazo, porque o país tem recursos, mas os desperdiça muito, eles não são alocados para as coisas corretas", afirma Brant. O fator decisivo na escolha de uma opção energética é o econômico. A partir desse parâmetro, os países escolhem a alternativa mais barata, sendo que no Brasil a usina hidrelétrica é a principal fonte de geração de energia, no raciocínio o tecnologista Vinicius Verna, do CDTN/CNEN (Centro de Desenvolvimento de Energia Nuclear, pertencente à Comissão Nacional de Energia Nuclear). As hidrelétricas respondem por 76,2% da capacidade instalada no país para geração de energia elétrica, por ser muito mais barata e o recurso hídrico, a água, ser abundante. Mas o Brasil possui outras fontes de geração de energia e, segundo o professor Ricardo Brant, deve-se aproveitar todos os recursos que estão disponíveis. O país é rico em vários recursos, não só naturais, mas também o carvão, o urânio, o gás e a biomassa, dentre tantos que deveriam ser melhor explorados, como afirma Brant. Mas sempre se pensando em gerar energia limpa, mesmo com o uso do carvão. Desde 1995, a energia disponível no país não é suficiente para o consumo da população brasileira. O consumo de energia é cada vez mais crescente e a energia nuclear deve acompanhar esse crescimento. Só que é uma fonte de energia cara, por possuir planos de segurança, controle constante de radiação, treinamento das populações dos locais onde estão às usinas, seis barreiras de contenção múltiplas à radiação, além de testes de emergências que o país faz através da Eletronuclear. Segundo Verna, o benefício da energia nuclear é, principalmente, o baixo custo do combustível, já que o Brasil tem possibilidade de enriquecer o urânio com um custo muito menor que a maioria dos países como, por exemplo, os Estados Unidos. “Além disso, o país possui a sexta reserva de urânio do mundo, tendo o recurso disponível e combustível a baixo custo”, completa. A discussão acerca da utilização de determinadas fontes de energia elétrica envolve os possíveis impactos ambientais que cada uma representa. Além da poluição do solo e da água, pela mineração e processamento e poluição atmosférica pela emissão de gases e partículas na combustão, no caso do carvão, petróleo e gás natural, há ainda alterações bruscas na paisagem e grandes áreas alagadas que podem levar à erosões, no caso da energia hidráulica. Já a energia nuclear pode apresentar alto risco de acidentes e sérios problemas com rejeitos. Por outro lado, “é a energia que menos polui porque o lixo atômico que é produzido tem identidade e CPF, e é guardado e estocado com data de produção”, afirma Verna. Qualquer empreendimento que você faça sempre gera resíduos e rejeitos. Dentro do ciclo do combustível nuclear, na geração de energia é preciso várias indústrias. Segundo o pesquisador da área de meio ambiente do centro de pesquisa da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) Otávio Eurico de Aquino, o licenciamento nuclear é bem preocupado com os impactos, as etapas nas indústrias de conversão, enriquecimento e tem todo um processo de licenciamento onde é dada uma ênfase aos possíveis acidentes que possam ocorrer dentro da indústria. Se ocorrerem, tem todo um aparato para minimizar esses impactos”, explica Aquino.

Acaba a água, acaba a luz A energia acabou, o Brasil apagou. Em 2001 o episódio do apagão assombrou o país fazendo com que a população passasse a economizar energia para cortar desperdícios e gastos. E por que a energia acabou? Porque faltou água. O Brasil produz energia a partir de sua fonte mais abundante de reserva natural, a água; outro fator de escolha do governo pela energia hidrelétrica ser a de menor custo econômico. No entanto existem inúmeras desvantagens além do risco de apagão no uso desta energia. Investir só em energia hidrelétrica, segundo o tecnologista Vinicius Verna, gera alguns problemas como a dependência da água que é um recurso natural que não há como ser reposto de outra maneira senão pela própria natureza. Por isso, há a possibilidade da falta d'água, e a escassez de chuvas e o risco de um novo racionamento. Em certas regiões do planeta, a água tem um valor que ultrapassa o mero consum. Ela torna-se palco de disputas internacionais como, no caso do Oriente Médio, a guerra entre árabes e israelenses. Não muito distante de nossa realidade, no Brasil, a escassez da água serve como um instrumento panfletário de políticos, como no caso da transposição do rio São Francisco para a região do Nordeste. O uso da energia hidráulica também gera uma série de danos ambientais como alagamentos das represas, o que leva a grande perda da flora e da faun. A redução da biodiversidade do local e a mortandade de inúmeros peixes que não conseguem mais subir o rio para a desova causa inclusive casos de extinção de espécies. Em Itaipu, de cada 55 peixes, apenas 10 sobreviveram após a construção da usina, ou seja, sobreviveram de 4,5 toneladas só 800 toneladas. Outro dano à natureza é a indução de terremotos, alteração da estrutura geológica e arqueológica, causada pela retenção da água pela barragem da usina hidrelétrica. A população também é diretamente afetada, pois nestas áreas há perda de nutrientes do solo, o que encarece a produção agrícolas que estará sujeita a compensar a perda de vitaminas dos nutrientes através de fertilizantes artificiais o que aumenta o preço do produto. Apesar da água ser a fonte mais facilmente tratada e ser a mais limpa do planeta, oferece sérios riscos à saúde. O Brasil é um país tropical, e um dos riscos no armazenamento da água ; pelo fato de a água estar parada, é a transmissão de doenças como dengue, a febre amarela, a malária, e a oncocercose. Verna conta que, "em Tucuruí já era existente a Febre Amarela na região do Pará, com 168 casos. Após a construção da barragem os casos foram para 3670, após a instalação do lago da usina hidrelétrica.

Congresso discute energia nuclear Um projeto de lei tramita no Congresso para a construção de 10 usinas nucleares em 30 anos. A base é um estudo que projeta um cenário de aumento da demanda por energia, com a estimativa de crescimento do PIB em 4% ao longo dos anos até 2035. A energia nuclear é proposta para obtenção de energia complementar a hidrelétrica, sendo que hoje sua participação na matriz energética é de 2,8% e pode ser mais significativa caso o projeto de construção de 7 usinas no Nordeste seja levado a cabo. A inviabilidade no projeto parte mesmo das questões econômicas, dos custos para implantação das 10 usinas, já que a questão central para escolha de uma fonte de energia hoje é o custo. Com dinheiro que se investe na construção de uma usina nuclear, se constrói quase quatro usinas termoelétricas. Além disso, uma usina nuclear demora muito mais tempo para ser construída. Basta lembrar também da construção de Angra 1 e Angra 2, cujos contratos assinados com a Alemanha eram de implementação de nove usinas, o que não se deu por falta de recursos. A construção de Angra 3 está parada também pelo mesmo motivo. "O país tem recursos, mas os desperdiça muito. Eles não são alocados para as coisas corretas” aponta o professor Ricardo Brant. Mas a questão é a seguinte: onde o país quer chegar daqui a 20, 30, 50 anos?


08 e 09 - Especial - Daniel G.

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E S P E C I A L

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TIAGO NAGIB 8º PERÍODO

Auto-suficiência A saia justa entre Brasil e Bolívia quanto o fornecimento de energia poderia ter sido evitada? A Bolívia afirma que o contrato que a Petrobrás possui com o Brasil é inconstitucional e que o país não investe o suficiente em seu território. Assim a indagação teria uma resposta afirmativa se o país tivesse em suas mangas um plano de sustentabilidade energética; ou seja, se o Brasil não fosse dependente única e exclusivamente de um país e aproveitasse seus próprios recursos, poderia aproveitar a energia externa de forma complementar e não como necessária. Como explica o pesquisador Otávio Eurico de Aquino, da área de meio-ambiente do centro de pesquisa da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), o Brasil recentemente fez a opção pelo gás da Bolívia e, de repente não deu nada certo, pois o país ficou dependente do país para o fornecimento de gás. “O Brasil possui fontes no Espírito Santo, em Santos e outras que deveriam ser melhor exploradas", aponta Aquino. Repúdio Em função das declarações de membros do governo de La Paz, que disseram que a Petrobras operava “fora da lei” na Bolívia, a companhia brasileira chegou a fazer um comunicado em seu site negando a afirmação do governo boliviano. A empresa disse que “sempre atuou estritamente dentro da lei, na Bolívia como em todos os países em que opera ou operou”, ressaltando ainda que sua presença na Bolívia, é “decorrente de acordos bilaterais entre o governo brasileiro e o daquele país”. A empresa lembrou que a YPFB foi sua parceira inicial, tendo deixado de ser em função da “privatização da parcela da YPFB naquela sociedade” além de reafirmar que a companhia brasileira “gera empregos, paga impostos e é responsável por 25% da receita tributária daquele país”. No comunicado, a Petrobras diz “manifestar sua indignação” frente às acusações de que a empresa possa ter atuado fora da lei. Para agravar ainda mais a situação, Morales chegou a afirmar que a “Petrobras chantageia a Bolívia”. O presidente da estatal boliviana YPFB, Jorge Alvarado, chegou a afirmar que a auto-suficiência de gás do Brasil para 2008 é um “conto de fadas”. No entanto, apesar da crise, a empresa segue afirmando que é parceira da YPFB, e que seguirá investindo na Bolívia, mesmo diminuindo a dependência nacional em relação ao gás boliviano. A estimativa é que, em 2010, o consumo de gás chegue a 100 milhões de metros cúbicos, 45 milhões a mais que no momento. Destes, a Petrobras acredita que 70% serão produzidos no Brasil, ao passo que a Bolívia participará com a fatia restante do mercado nacional. Segundo a estatal, isso ocorrerá em função do adiantamento da produção nas bacias de Santos e do Espírito Santo, que deverão estar operando até 2009. Chávez O vice-presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros, Ary Fialho Vianna Júnior, acredita que a decisão da nacionalização da Petrobras Bolívia e de outras empresas energéticas que atuavam no país foi tomada em conjunto com o presidente venezuelano Hugo Chávez, e que a YPFB já conta com consultoria e apoio técnico de funcionários da estatal venezuelana PDVSA (Petróleos de Venezuela Sociedad Anônima). A opinião em relação ao apoio de Chávez à decisão de Morales é compartilhada pelo professor Zahreddine. Ele afirma ainda que o presidente venezuelano “começa a despontar como liderança concreta da América Latina com investimentos diretos”. Chávez realizou grandes investimentos em Cuba e na Bolívia, além de ajudar a Argentina no pagamento de sua dívida externa com a compra de bônus lançados pelo governo argentino com este fim. Coincidentemente, Morales anunciou a nacionalização das empresas do setor energético da Bolívia apenas dois dias após se reunir em Havana com o líder cubano Fidel Castro e com Hugo Chávez, para oficializar a fundação do Tratado Comercial do Povos, entre a Bolívia, Cuba e a Venezuela. Tal tratado é encarado como uma alternativa aos Tratados de Livre Comércio encabeçados pelos Estados Unidos. Alternativa Para Vianna Júnior, não há uma alternativa que mantenha o valor do gás tão baixo quanto o que era estabelecido antes com a Bolívia. Segundo o engenheiro, o Brasil tem reservas suficientes para o consumo interno, mas a Petrobras terá de investir no gás brasileiro. Viana Júnior afirmou ainda que a Petrobras não investiu no gás nacional porque era mais barato importar da Bolívia, e que essa decisão realmente era conveniente, pois não se podia prever há dez anos que uma figura de apelo populista como Morales chegaria ao poder e nacionalizasse as empresas energéticas. Para o engenheiro, a Petrobras levará de 3 a 5 anos para conseguir aumentar a exploração de gás nacional, fazendo então com que, no atual momento, o Brasil seja obrigado a aceitar o preço imposto pela Bolívia. Questionado se o aumento do gás seria repassado ao consumidor após a declaração de Lula de que isto não aconteceria, Vianna Júnior disse que a “Petrobras não tem condição de bancar a diferença”, e que o governo poderá tentar alguma medida como abaixar os impostos, mas provavelmente após as eleições, este aumento acabará sendo repassado ao consumidor. A embaixada da Bolívia em Brasília foi procurada por O Ponto para esclarecer a posição do governo do país. No entanto, após contatos por telefone e e-mail, não responderam às perguntas. Colaboraram: Ana Paula Machado e Marina Fonseca

BRASIL ENFRENTA SAIA JUSTA COM ATO BOLIVIANO DE EXPROPRIAR A PETROBRAS. ESPECIALISTAS CRITICAM POSTURA DO GOVERNO BRASILEIRO E DEFENDEM AÇÃO MAIS ENÉRGICA DO ITAMARATY, ALÉM DE APONTAREM NOVAS FORMAS DE TRATAR OS RECURSOS ENERGÉTICOS NACIONAIS

Especialista critica indecisão de Lula Para o professor do curso de Relações Internacionais da PUC - Minas, Danny Zahreddine, antes do conflito entre a Petrobras e a Bolívia, o governo Lula vinha conduzindo bem a política externa, mas durante a crise, Lula e o Itamaraty pareciam não saber como agir. Zahreddine diz que a posição do presidente Lula foi “frouxa” em relação à crise. Para ele, o presidente deixou que a ideologia passasse a decidir a gestão da política externa Segundo o professor, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que chegou a qualificar de “adolescente” a postura do governo boliviano, e o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, que também criticou e repudiou publicamente as afirmações do governo boliviano de que a Petrobras estaria atuando fora da lei, não encontraram respaldo de Lula “O presidente parecia não saber que posição tomar e acabou não criticando a postura de Morales nem defendendo as críticas de Amorim e Gabrielli”, afirma Zaheddine. O professor explica ainda que Lula tentou inverter o discurso de cooperação com a Bolívia muito tarde, e que a reunião em Puerto Iguazú, na Argentina, entre Kirchner, Lula, Morales e Chávez foi um fiasco para o Brasil. Zahreddine questiona a participação de Chávez na reunião, pois a Venezuela não era envolvida na questão. Na opinião do especialista, o Brasil tenta manter-se como potência apenas no discurso, enquanto a Venezuela começa a despontar com investimentos diretos. O professor critica a postura de Lula ao conversar com Morales naquele momento. Para ele, o Brasil foi muito complacente com Morales, e o Itamaraty atuou com “desesperadora incompetência”.

Argentina negocia gás paralelamente Apesar de comprar apenas 7,7 milhões de metros cúbicos de gás, bem menos que os 30 milhões de metros cúbicos comprados pela Petrobras, o governo argentino tenta com seu ministro da Planificação Federal (equivalente ao nosso Ministério do Planejamento), Julio de Vido, estabelecer um aumento menor do gás. Quem realiza a exploração e importação de gás para a Argentina é a empresa hispano-argentina Repsol – YPF, privatizada durante a década de 90. Curiosamente, dentro do processo de negociação do valor do gás com a Bolívia, Argentina e Brasil não negociam juntos os novos preços, fazendo assim dois processos distintos e independentes para a negociação. A imprensa portenha afirma que Kirchner deve aceitar um aumento de até U$ 1,48 pelo milhão de BTUs (unidade de medida britânica), passando de U$ 4,02 para U$ 5,50. No entanto, o ministro de Hidrocarburos da Bolívia, Solíz Rada, disse que a intenção do governo boliviano é estabelecer um valor de U$ 6 o milhão de BTUs. Na prática, isso significaria um aumento de 200% em relação ao início do ano. Segundo os jornais argentinos, o valor máximo considerado ideal é de U$ 4,50 o milhão de BTUs. A negociação com a Argentina envolve também a exportação para o Chile. O governo de Buenos Aires teria dito que parte do gás boliviano é reexportado para aquele país, com o qual a Bolívia mantém tensas relações em função de seu pleito para ter uma saída par ao mar, justamente na região norte do Chile. O governo de La Paz exige que a Argentina não leve uma gota do gás boliviano para o Chile. O que ocorre é que a Argentina exporta parte de seu gás para o Chile e importa o gás boliviano para consumo interno.

Conflito

DIPLOMÁTIco

Após a declaração do presidente boliviano Evo Morales de que iria nacionalizar as reservas de gás e petróleo da Bolívia, o governo brasileiro se encontrou numa posição complicada. O presidente Lula, que apoiou Morales durante a última campanha presidencial no país vizinho, viu a Bolívia nacionalizar os ativos de empresas estrangeiras que operam na área energética, entre elas a Petrobras, prejudicando assim interesses da maior companhia estatal do Brasil. Para se ter uma idéia da importância do gás boliviano para o nosso país, 53% do consumo nacional de gás provém do país vizinho. Entre os principais consumidores do gás boliviano estão os estados da região Sul e o estado de São Paulo, onde 75% do gás consumido é importado da Bolívia. Para o professor do curso de relações internacionais da PUC-Minas, Danny Zahreddine, o que está em questão não é somente a nacionalização das reservas e das empresas de energia que atuam na Bolívia, mas sim a maneira como as instalações da Petrobras foram tomadas pelo exército boliviano. Zahreddine afirma que “nacionalização é um direito soberano de qualquer nação”, e pode ser realizada desde que haja um ressarcimento no valor dos ativos nacionalizados, mas “uma coisa é nacionalização, expropriação é outra”, explica. Para ele, relação entre a Bolívia e o Brasil é de “amor e ódio”, pois ao mesmo tempo em que o Brasil pode ser visto como parceiro da Bolívia, também uma potência estrangeira que pretende sugar o único recurso boliviano. Na opinião de Zahreddine, o governo de La Paz não pode e nem deve expulsar a Petrobras do país, pois a companhia energética do governo boliviano, YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos), não possui tecnologia ou capacidade de prospecção e refino de gás e petróleo, e depende assim da estatal brasileira para o tratamento de seus recursos energéticos. Segundo dados da assessoria de imprensa da Petrobras, a empresa opera 75% das exportações de gás para o Brasil, 46% das reservas de gás natural, 95% da capacidade de refino, 23% da distribuição de derivados. Produz ainda 100% da gasolina e 60% do óleo diesel consumido no país.


10 - Educação - Mayra Abranches

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Editor e diagramador da página: Mayra Abranches

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DISCÓRDIA

CULTURA DO XEROX PERMITE CORTE DE GASTOS, MAS PREJUÍZO PEDAGÓGICO É GRANDE

Henrique Lisboa - 6º Período

MAYRA ABRANCHES 6º PERÍODO O contato com o livro pode ser firmado por meio de uma tendência cultural e ser capaz de influenciar a vida de uma pessoa tornando-se essencial em sua formação intelectual. Esse é o caso da assessora jurídica, Tânia Alves, 43, que desde sua infância teve incentivo de seus pais para desenvolver o gosto pelos livros “Sempre busquei comprar os livros sugeridos pelos professores. Somente quando não era possível, procurava-os nas bibliotecas”. Porém, nem todas bibliotecas universitárias no Brasil atendem à demanda dos alunos. Por isso, muitos recorrem à cópia reprográfica, o famoso xerox. A aluna de direito da PUC, Marina Gontijo é um exemplo. Ela aponta a falta de livros na biblioteca de sua universidade e afirma que somente tem acesso ao conteúdo didático por meio das pastas de textos que os professores disponibilizam. “A biblioteca está bastante defasada, então, para me manter atualizada nas s leis, recorro ao xerox e a outras fontes fora da universidade”, explica Marina. Prejuízo pedagógico O coordenador do curso de Comunicação Social da Universidade Fumec, Carlos Alexandre, acredita que a prática do xerox causa um enorme e incalculável prejuízo pedagógico. “Este material, perfeitamente legítimo quando feito de maneira legal, como exceção, torna-se uma praga quando é regra”, critica. Segundo ele, cabe aos professores e alunos sugerirem a compra de obras pela biblioteca. Ele acrescenta que deve ser cultivado o hábito da leitura, do empréstimo de

títulos, com devolução, e da discussão dos estudos. De acordo com diretor do sistema de biblioteca da PUC Minas, Cássio José de Paula, a verba destinada a aquisição da bibliografia básica e complementar é prevista no Orçamento Programa da Universidade. Desta forma, é estimado 1 livro, de bibliografia básica, para cada 10 alunos, porém, a demanda define posteriormente o aumento dos exemplares. Segundo a professora de ergonomia do Centro Educacional Roberto Porto, em João Monlevade, Priscila Gianeli, a importância da cultura do livro no aprendizado deve-se, principalmente, à motivação. “No livro, o interesse e respeito por aquilo que está escrito é totalmente diferente. O xerox parece ser descartável .”, afirma. Segundo ela, é fácil identificar o aluno que faz a leitura no livro e o que estuda por meio de xerox Defensores da prática Essa não é a opinião do aluno de administração da UFMG, Guilherme Jeha. Para ele, a prática pode ajudar nos estudos. “Se o professor solicita a leitura de somente uma parte do livro, não vejo porque comprá-lo.” argumenta. O professor de planejamento gráfico da Universidade Fumec, José Augusto Filho, afirma que a “pasta dos professores” não causa prejuízo pedagógico.“Se o próprio aluno não tem interesse, não adianta ele ter o livro.”.Já a bibliotecária geral da universidade Fumec, Eunice Gabriel, entende que a leitura em capítulos satisfaz uma necessidade momentânea do aluno. Segundo Eunice, antes da leitura de uma obra, é interessante fazer um reconhecimento do contexto em que o livro está inserido.

Adivinha quem não fala a nossa língua?

Xerox no Campus da Fumec: prática da xerocópia já está inserida na cultura acadêmica

Preço do livro é Lei quanto ao o grande vilão xerox é clara

A sua língua é patrimônio cultural de um povo. Saber usá-la é dever de todos 10 de Junho - Dia da Língua Portuguesa

Muitas pessoas argumentam que não compram livros devido ao alto preço das obras. O sócio e gerente da livraria e editora Scriptum, Welbert Belfort, apesar de reconhecer a má distribuição de renda do país, mostra-se perplexo em relação ao assunto. “Para um tênis que custa R$ 250 há dinheiro, mas para um livro que custa de R$ 35 a R$ 40, muitos consideram caro”, declara o gerente. A aluna de direito da UFMG Fernanda Razo alega que, se o preço das obras caísse, ela compraria um número de livros bem maior. “Tenho que arcar com vários custos para os estudos, como por exemplo, taxa de matrícula, vale transporte, alimentação e outros. Mas, se as obras tivessem um preço mais acessível, eu compraria toda a bibliografia básica do meu curso”, declara Fernanda. Segundo Welbert, o investimento em encadernações menos luxuosas e materiais menos nobres, porém de qualidade, poderia viabilizar economicamente a compra das obras. Incentivos para o livre acesso e compra dos livros por um preço mais baixo já foram propostos nas bibliotecas das universidades. Em outubro de 2005 até março deste ano, a Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR) realizou uma campanha, com um desconto de 40% nos livros para o ensino superior. “Mas, neste período, a demanda do livro foi muito pouca”, comenta o advogado da associação, Dalton Morato. Desta forma, surge a seguinte questão “ O livro é caro porque vende pouco, ou vende pouco porque é caro?”. Segundo Welbert, o preço dos livros poderia ser mais baixo se a demanda fosse maior . “As editoras contam com a pouca demanda de livros, por isso, diminuem o número de exemplares. Um livro de 2 mil exemplares poderia ter 5 mil e ser vendido por um valor bem menor”, afirma o gerente da Scriptum.

A reprodução de obras literárias a partir de pastas, contendo cópias parciais ou integrais de livros, que ficam armazenadas em copiadoras estabelecidas no interior e nos arredores dos campus das faculdades e das Instituições de Ensino Superior, geralmente, não é permitida pelo ordenamento jurídico brasileiro. Conforme estabelecido pela Constituição Federal Brasileira, (artigo 5°, inciso XXVII) é uma garantia fundamental do autor o direito exclusivo de utilizar, publicar ou reproduzir sua obra. No entanto, a Lei de Direitos Autorais (artigo 46º, inciso II) não constitui como uma ofensa “a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro”. A advogada Jacqueline Borges explica que não existe um conceito legal estabelecido para o termo “pequeno trecho”. Mas, acha razoável interpretá-lo como sendo uma parte da obra utilizada com o fim de orientação, explicação ou com fins de agregar o entendimento ou pensamento de outro autor, sem que, no entanto, constitua plágio. Um exemplo prático de permissão legal citado pelo advogado da Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR), Dalton Morato, é a situação em que o aluno retira um livro emprestado em alguma biblioteca para escanear uma parcela dele e depois devolvê-lo. “Desta forma, a legitimidade permitiu o acesso ao conhecimento e não ao fomento de uma atividade comercial, da reprodutividade ilegal”, afirma Dalton. Morato aponta a produção de livros customizados como uma das soluções para acabar com a prática ilegal do xerox nas universidades, ou seja, a ABDR recebe indicação dos livros necessários para os cursos superiores e edita um livro que atenda às necessidades básicas dos estudantes.


11 - Saúde - Raquel Alves

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Editoras: Raquel Alves e Camila Coutinho / Diagramadora da página: Camila Coutinho

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Belo Horizonte – Junho/2006

Falta de consenso e de remédios PROJETO DAS FARMÁCIAS POPULARES RECEBE CRÍTICAS E NÃO ATENDE TODA GRANDE BH Raquel Alves - 6º Período

ALINE VALÉRIO DANIELA VENÂNCIO 6º E 7º PERÍODOS A Farmácia Popular, que é um projeto do Governo Federal, foi instada em Belo Horizonte no dia 24 de março deste ano e já cria impasses no Ministério Público. Outros órgãos também são contrários à sua implementação, como o Conselho Municipal de Saúde que acredita ser o projeto uma maneira de mascarar o problema da falta de medicamentos nas farmácias básicas das unidades de saúde espalhadas pelas capitais e regiões metropolitanas. Esse projeto conta com a venda de medicamentos para hipertensão, diabetes, alergia, e até alguns antidepressivos, antiinflamatórios, antifúngicos, anticoncepcionais e preservativos masculinos a preços acessíveis ao bolso do cidadão. Apesar de as farmácias terem a pretensão de atender todo o país não existem pontos de atendimentos suficientes para a população. Em Belo Horizonte, por exemplo, existe somente um estabelecimento para toda a capital e região metropolitana, o que faz com que ele esteja sempre lotado. Para o 2º Secretário do Conselho Municipal de Saúde, Willer Marcos Ferreira, a implantação do projeto das Farmácias Populares foi resultado de um acordo político realizado nos altos escalões do Governo do Estado. Ele acre-

dita que o problema com relação aos medicamentos é mais profundo do que simplesmente instalar farmácias que os disponibilizem a preço populares, “esse projeto não foi discutido entre nós da base militante da área da saúde. Infelizmente alguns pontos políticos foram definidos, e não foram ouvidas as bases. Nós que convivemos com esses problemas todos os dis, formamos uma comissão acreditamos que a assistência farmacêutica juntamente com o Sistema Único de Saúde são integrantes universais financiados por verbas públicas, portanto não devem ser vendidos”, afirma o 2º Secretário. População não é atendida Em meio a uma das ruas mais movimentadas do hipercentro da capital, está instalada a Farmácia Popular, dentro de um Shopping Popular. Paulo Cezar foi até lá na segunda quinzena do mês de março com o intuito de comprar remédios para sua mãe, que sofre com problemas de colesterol e hipertensão. “Comparado com o preço de farmácias comuns, vale a pena comprar na Farmácia Popular. O ponto negativo é que na primeira vez em que estive aqui só consegui dois medicamentos dos quatro que eu precisava e a atendente me disse que o restante só iria chegar em alguns dias”, afirma Paulo Cezar. Ele faz parte das 400 pessoas que passam pela Farmácia Popular diariamente.

A aposentada Maria José Almeida, de 67 anos,ressalta a falta de orgaização do estabelecimento. “Deixei meu CPF com a vendedora durante três dias e, mesmo assim, não funcionou. Depois de tantas tentativas o sistema de computadores existente na farmácia constatava que eu já tinha adquirido o remédio”. Segundo a farmacêutica e gerente da Farmácia Popular, Monalisa Lopes Mendes, a farmácia deveria ter um estoque padrão com 94 medicamentos, apesar disso faltam os remédios por atraso dos lotes. Monalisa explica que esses medicamentos são distribuídos para todo o país através de farmácias conveniadas ou pertencentes ao governo. “A distribuição é feita através de licitações em que as farmácias ligadas ao governo têm preferência, como é o exemplo da “Farmanguinhos”, farmácia ligada a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro”. A farmacêutica explica ainda a necessidade de o paciente apresente a receita médica para realizar a compra do remédio. “Ela é carimbada no ato da compra, com o intuito de se controlar o recebimento dos remédios. Desta forma, é garantido que nenhum cliente compre medicamentos com a receita vencida, para evitar que se automedique”.

Colaborou: Camila Coutinho

Cerca de 400 pessoas procuram a única Farmácia Popular de Belo Horizonte todos os dias

MP reprova venda de medicamentos O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou em maio de 2005, uma ação civil pública contra a União e o Município de Belo Horizonte, para impedir a implantação das chamadas Farmácias Populares na capital mineira. Mesmo assim, a farmácia foi implantada e está em pleno funcionamento, já que ainda não houve conclusão do processo. A ação, de nº 2005.38.00.018834-1, é de autoria do procurador da República José Jairo Gomes, e foi ajuizada perante a 16ª Vara da Justiça Federal. Ela reprova esse tipo de comercialização de remédios, já que deveriam ser fornecidos gratuitamente. Durante o processo de investigação, tanto o Ministério da Saúde, quanto a prefeitura de Belo Horizonte, ressaltaram que não existe qualquer objetivo de lucro no que diz respeito ao funcionamento das farmácias populares. Ela estaria fundamentada na Lei Federal nº 10.858/2004, que trata da “disponibilização de medicamentos pela Fundação

Oswaldo Cruz (Fiocruz), mediante ressarcimento, visando a assegurar à população o acesso a produtos básicos e essenciais à saúde a baixo custo”. No entanto, segundo o procurador, o Estado tem o dever de prestar assistência integral, e não o de exercer comércio, mesmo que, à primeira vista, esses fins sejam justificáveis. "O que virá depois? A cobrança de módicas quantias pecuniárias por consultas médico-ambulatoriais nos já exangues Postos de Saúde e Hospitais Públicos? A cobrança de mensalidades para se freqüentar as decadentes e carcomidas escolas públicas?", questiona o procurador. A aposentada Maria José Almeida, de 67anos, é diabética e depende de vários medicamentos. Ela discorda da ação movida pelo MPF e diz que é melhor adquirir os remédios comprando das Farmácias Populares, do que ficar esperando por muito tempo para conseguir de graça no posto de saúde do bairro on-

de mora. “Toda vez que eu procuro remédio lá no posto é a mesma coisa. Sempre falam que não tem e que não sabem quando vai chegar. Prefiro comprar barato a morrer esperando”, conta. A aposentada é uma das 300 pessoas que, em média, procuram os postos de saúde da capital em busca de medicamentos gratuitos. O procurador da república José Jairo Gomes ressalta ainda que, para aumentar o acesso da população a medicamentos, seria necessária a ampliação das Farmácias Básicas, que ao contrário das Farmácias Populares, distribuem gratuitamente medicamentos à população menos favorecida. A dona de casa Ana Cláudia Souza, 45, concorda, mas acha que as Farmácias Populares devem continuar funcionando. “Pelo menos é mais uma alternativa para as pessoas que dependem de medicamentos para viver, principalmente os idosos que são os que mais precisam”, diz.

Particulares participam do projeto

ÁGUA. Essa sim é a mais pedida.

O projeto das Farmácias Populares possui um estabeleimento em BH e possibilita que farmácias privadas também participem, vendendo os medicamentos com o mesmo preço da Farmácia Popular. Na capital, três redes já estão operando em parceria com o governo: a Drogaria Araújo, a Droga Raia e a Drogaria Pacheco. Na Araújo, a maior rede do Estado, com 70 lojas, de cada 100 consumidores que tentaram comprar os remédios por meio do programa Farmácia Popular, apenas 20

conseguiram, informou o gerente.O Ponto esteve na unidade da Avenida Afonso Pena da Drogaria Araújo que participa do projeto e o gerente, que não quis ser identificado, disse que a falta de medicamentos acontece com freqüência e causam transtornos tanto para os clientes, quanto para os funcionários do estabelecimento. “Os clientes chegam a perder a paciência e, muitas vezes, desistem de realizar a compra conosco” afirma o gerente. Já o gerente da Droga Raia,localizada na rua Rio de Janeiro.

A aposentada Maria Lúcia Rodrigues, de 67 anos, foi a uma unidade da Farmácia Araújo e disse que não encontrou o medicamento de que precisava com o preço da Farmácia Popular. O atendente do estabelecimento a informou que o sistema estava fora do ar. “Uma vez eu fiquei cerca de duas horas na drogaria e não consegui comprar o remédio com o desconto. Tenho muita necessidade adquirir esses medicamentos. Eu e meu marido não podemos ficar sem eles”, afirma Maria Lúcia.


12 - Comunicação - Daniela V.

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Editor e diagramador da página: Daniela Venâncio

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o ponto Belo Horizonte – Junho/2006

Jornal Laboratório é tema de livro EX-ALUNOS ESCREVEM OBRA QUE DISCUTE O JORNALISMO LABORATORIAL E FUMEC LANÇA ESFORÇO MONOGRÁFICO EM FORMA DE LIVRO PARA INCENTIVAR A PESQUISA ACADÊMICA GUILHERME BARBOSA 6º PERÍODO Os ex-alunos de jornalismo Rafael Wekema e Renata Quintão lançaram, na Semana da Comunicação, o livro “Jornal laboratório: uma proposta editorial crítica”. A obra é a versão impressa do trabalho de conclusão de curso dos jornalistas recém-formados. Tratase de uma receita para se fazer um jornalismo laboratorial, não perdendo uma de suas maiores essências, a criticidade. É a primeira vez que a Universidade publica um trabalho de conclusão de curso. Os autores e jornalistas Os dois autores do livro que lembraram da importância da prática jornalística experimental para a formação de um bom profissional de jornalismo. “O Ponto não foi só um aprendizado, foi uma lição de vida. O Ponto é onde temos espaço para aprender e escrever o que queremos. Lá fora no mercado é muito diferente”, lembra Rafael Werkema que já foi repórter e monitor do jornal laboratório. Já Renata Quintão frisou a importância do lançamento de sua monografia para novos estudos da prática laboratorial. “Esse livro é uma pro-

posta que tenta aliar o projeto do curso de Comunicação Social às teorias do jornalismo, a fim de criar um projeto editorial para o jornal laboratório baseado no jornalismo cívico”. O professor Carlos Alexandre, que acompanhou todo o processo de produção da obra, lembrou da árdua tarefa de realizar um trabalho como esse. “Não aliviei para os meninos em nenhum momento. Sabia que seria um grande trabalho realizado, pois eles têm potencial para isso”. Alexandre ainda ressaltou a importância da formação de um comunicador social em um curso que busca formar profissionais críticos, que é o intúito do Projeto Político Pedagógico elaborado pela Universidade. A mesa redonda contou com os professores Fabrício Marques, coordenador da Redação Modelo da Universidade Fumec e do jornal laboratório Impressão (UNI-BH), a professora Ana Paola Valente, coordenadora do jornal laboratório O Ponto (Fumec), Carlos Alexandre Freire, coordenador do curso de Comunicação Social da Fumec e orientador do projeto, além dos jornalistas e autores, Rafael e Renata. Com o clima que variava entre descontração e emoção,

Cultura e Educação em pauta na FCH DANIELA VENÂNCIO 7º PERÍODO

ponto de vista que está deixando de ser centralizado. “O mais louvável dessa época é a “O que nos enriquece é diversidade, pela primeira vez quando nós olhamos o olhar no Brasil está se trabalhando do outro”. A afirmativa é de no cinema a descentralização, Alcione Araújo, que além de você conhece o cinema do dramaturgo é roteirista de ci- Maranhão, da Bahia, de cada nema e ex-professor univer- canto do país”. Ele acredita que a indússitário. Alcione ministrou durante a Semana da Comuni- tria cinematográfica está em cação uma palestra sobre cul- crise e até mesmo o jornalista está em crise, pois passa a tura e educação. Alcione iniciou a palestra ser obrigado a se reciclar sefazendo um panorama sobre gundo os avanços tecnológio avanços tecnológicos e os cos. “Assim como as gravameios de comunicação e suas doras de discos estão vivendo uma transimudanças. Pação, por que ra ele, antes a agora você poimprensa code baixar múbria uma funsicas pela Inção secundária, ternet, o mesporém se commo acontece prometia com com o cinema, os valores da pois está crescultura. “Na mi- Alcione Araújo, Escritor cendo o uso do nha época, dvd. Como voquando eu estudava, não existia a internet cês podem ver o avanço tece o livro era a referencia prin- nológico está modificando os cipal e a imprensa ser preo- processos da relação do escupava com valores de cultu- pectador com o produto”. Alcione ressalta a imporra”, afirma Alcione O palestrante diz que a te- tância que a cultura tem na vilevisão, que antes era regio- da das pessoas, para ele a nal, passou a uniformizar a educação e a cultura no país população na medida em que estão em caminhos diferenela deixou de levar em consi- tes. Ele constata uma difederação as características re- rença muito grande entre o gionais do país. Novas mu- número de pessoas que estão danças ocorreram com o sur- envolvidas com educação, engimento da internet, mas fo- tre aquelas que vivem a culram somente mudanças de tura. “62 milhões da populasuporte não de conteúdo. “O ção brasileira está envolvida conteúdo da televisão brasi- com a educação do ensino leira está estagnado, pois ele fundamental ao ensino superepete sua programação e o rior, mas apesar disso, um roque somente vem mudando mance no Brasil tem uma tisão os avanços da tecnologia”. ragem inicial de três mil exemplares, a ocupação méDeclara Alcione. Para o romancista, que foi dia do teatro é de atualmente finalista do Prêmio Jabuti e é de 18% dos ingressos ofeganhou o Prêmio de Melhor recidos, isso significa que as Roteiro nos Festivais de Gra- pessoas desse país deixam de mado e Brasília, o cinema na- absorver cultura embora frecional tem um mérito incrível, qüentem a educação”. lapois, está se diversificando do menta Alcione.

“O que nos enriquece é quando nós olhamos o olhar do outro”

a palavra foi dada ao professor Fabrício Marques, que ressaltou a importância da concretização de um estudo sobre a análise de um jornalismo laboratorial. “Estamos diante de um momento histórico, pelo fato de termos um livro publicado por alunos do curso de Comunicação Social sobre o jornal laboratório a partir de uma monografia de conclusão de curso. O modelo de fazer jornalismo está em crise, é necessário que publiquemos o que não estamos vendo”. Fabrício ainda lembrou da lacuna existente no meio bibliográfico sobre este tema tratado pelo livro e acredita que esse estudo irá ajudar a todos os cursos de comunicação e a novos pesquisadores. A palestra foi encerrada com a participação de Eduardo Martins, professor de Ciência Política e coordenador de pesquisas científicas da Fumec, estimulando os alunos a fazerem grandes monograficas, pois agora, todas as monografias que se destacarem no semestre terão seus trabalhos publicados. “Renata e Rafael são um estímulo para que os outros alunos vejam que uma monografia bem trabalhada pode ser premiada com a publicação no final do semestre”, afirma o professor.

Divulgação

Os ex-alunos Renata e Rafael mostram no evento a importância do livro publicado pela FCH

Alunos em contato com a profissão EDUARDO KLEIN FERNANDO PRADO PAULO CHAVES 7º PERÍODO A Semana da Comunicação, ocorreu entre os dias 15 e 19 de maio e movimentou o prédio da FCH da Universidade Fumec. O evento procurou debater os principais temas relacionados aos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda, além de aguçar a parte teórica do curso, o evento pode proporcionar aos estudantes o contato com profissionais e outros professores do ramo, o que aumenta a bagagem dos futuros profissionais da comunicação. Com uma média de 4 palestras por dia, além de workshops e oficinas, a Semana ocupou um espaço da grade de matérias das 16 turmas do curso. A professora e coordenadora do Jornal Laboratório O Ponto, Ana Paola Valente, considera o período como de extrema importância para os alunos “ A expectativa esteve em apurar esse evento e mostrar a verdadeira cara dele”, admite a professora. Já na Redação Modelo o professor Fabrício Marques, que defende a discussão da litera no âmbito do jornalismo, fala da importância do evento. “O contato com outros profissionais do meio ajuda no processo de formação intelectual dos alunos”, afirma. A Semana pedagógica do curso de Comunicação Social é um evento que vem sendo realizado desde o ano de 1999. Para o coordenador do curso de Comunicação Social da Universidade Fumec, Alexandre Freire, “conciliar dois eventos com objetivos distintos é muito difícil, e se concentrar apenas em uma atividade é importante para a prática profissional”. afirma Alexandre.

FCH. licado pela b u p o rs u c de e conclusão d o lh a b a tão. tr 1º Renata Quin e a m e rial rk e fael W rnal laborato jo m u e Autores: Ra d o roduçã ico tância da p r o p im co-Pedagóg a ti d lí o P to Trata je no Pro tica reflete rá p a s s e o e com l. icação Socia n u m o C e MEC. d do curso da FCH-FU s e õ ç a c li b 109 Setor de Pu Tel: 3228-3 À venda no


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dação, a pós edição, realizada pelos monitores (do jornal)”. Ana Paola Amorim ressalta, ainda neste aspecto, a importância da horizontalização no processo de trabalho na confecção do jornal, que não é centralizado e seu acesso é democratizado a todos os alunos que dele queiram participar. O Ponto, cuja primeira edição foi publicada em 1999, em seus seis anos de vida já tem em seu currículo matérias que foram produzidas à frente dos jornais estabelecidos no mercado. "Procuro na memória um texto de impacto produzido pela imprensa mineira nos últimos anos”, recorda Fabrício Marques, professor da instituição e editor-chefe de outro jornal laboratório, o Impressão do Uni-BH. “Entre as raríssimas exceções está aquela reportagem de O Ponto questionando o Déficit Zero do governo estadual de Minas”.

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tipos de textos além do texto jornalístico trabalhado nas aulas”, afirma. Em sua 1º edição que aconteceu no final do ano passado, o concurso premiou os três primeiros lugares na categoria Poesia e Conto. Para Larissa Soares Carneiro, primeira colocada na categoria Conto, o interessante não é só ganhar. “O concurso abre espaço para que os alunos possam extrapolar as paredes da sala de aula, sair da carteira”, ressalta a estudante do 5º período que disse ter se inspirado em um caso verídico ocorrido em 1906, no Fórum de uma cidade do sudoeste mineiro, para escrever seu conto. A premiação consiste no valor de uma mensalidade integral para o primeiro colocado, 50%¨para o segundo e 30% para terceiro colocado de cada categoria. O resultado será divulgado no dia 17 de agosto, através do endereço eletrônico www.fch.fumec.br .

1

ceu em novembro e dezembro do ano passado, com cerca de 4500 e-mails participando. Na segunda etapa, realizada no iníco deste anos, em que eram votados os três mais indicados na primeira, o numero de e-mails subiu para 6500, aproximadamente. ‘O curso de Jornalismo da Fumec é muito novo, em relação aos outros, e com isso a diagranação, a proposta editorial e as reportagens são melhores’, afirmou Robson justificando a vitória de O Ponto. “Sabemos da qualidade do nosso jornal laboratório, como também sabemos de seus defeitos”, relata Daniel Gomes, estudante do 6º Período de jornalismo e monitor de O Ponto. “Entretanto, é muito difícil ter parâmetros para realmente avaliar o nosso jornal frente a outros de tantas faculdades do Brasil e da América Latina”. Para Gomes, as premiações são os parâmetros externos que faltavam e um reconhecimento da qualidade do jornal, conseqüência do conteúdo de suas reportagens que condizem com o projeto pedagógico da escola. “Muitos falam que a proposta de formar um comunicador social crítico e combater a lógica instrumentalizadora e alienante é remar contra a maré”, acrescenta Ana Paola Amorim, professora e editora-chefe do veículo, sobre a relação da proposta pedagógica da escola com o jornal. “Mas a gente tem visto que isso faz a diferença". “O jornal tem amadurecido em alguns aspectos”, continua Daniel Gomes, “a começar pela reformulação tipográfica ocorrida no início deste ano”, o que demonstra que o jornal não está acomodado e acompanha as tendências contemporâneas do jornalismo moderno, mais ativo, desburocratizado, informativo e com conteúdo humanizado. “O Ponto põe o curso à prova”, diz Carlos Alexandre Freire, coordenador do Curso de Comunicação Social da Fumec. “Há a ousadia de franquear os alunos à experiência completa do newsmaking, da pauta à edição, ao trabalho de secretaria de re-

eress e do

A Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Fumec está promovendo a 2ª edição do Concurso de Literatura da Redação Modelo, que está com as inscrições abertas até o dia 25 de junho, no Setor de Extensão. Com o objetivo de estimular o gosto pela literatura brasileira, a criatividade e o aprimoramento do uso da língua escrita, o concurso é dirigido a todos os alunos do curso de comunicação social, abrangendo os gêneros literários Poesia, Conto e Ensaio. Os interessados devem se inscrever de acordo com as normas do Edital divulgado e afixado no Centro de Extensão da FCH. Para o professor Fabrício Marques, coordenador do laboratório, o concurso permite que o aluno coloque em prática os seus conhecimentos lingüísticos, explorando os recursos utilizados nos gêneros literários. “O estudante de comunicação social não pode se limitar ao que é dado em sala de aula. Ele deve sempre buscar novas formas de desenvolver e aprimorar a sua escrita”, diz. Segundo a aluna Camila Coutinho, monitora da Redação, o projeto estimula o desenvolvimento intelectual, através da produção de textos narrativos e literários. “É uma forma de exercitar outros

A n o

FERNANDA MELO 7º PERÍODO

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Mais dois primeiros prêmios. Este foi o resultado dos concursos que o jornal O Ponto participou, ambos direcionados para estudantes e profissionais da área de comunicação. O jornal, totalmente feito por alunos do curso de Comunicação Social da Fumec, conquistou, em maio e junho deste ano, importantes premiações sendo uma internacional e a outra, mineira. O primeiro foi um prêmio concedido pela 3ª Expocom Mercosul, no qual o jornal conquistou o primeiro lugar na categoria de jornal impresso. Tendo conquistado, no ano passado, a premiação nacional na 12ª Expocom - Exposição de Pesquisa Experimental de Comunicação - o jornal concorreu automaticamente a esta premiação latino-americana. No segundo, com 80% dos votos, o jornal conquistou o primeiro lugar na categoria de jornal laboratório foi concedido pela revista e newsletter Pão de Queijo Notícias, através do Prêmio PQN de Ouro 2006, fruto de uma iniciativa de profissionais das áreas de jornalismo e publicidade mineiros, em votaçõ pela Internet. A 3ª Expocom Mercosul foi realizada em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, entre os dias 18 e 20 de maio, e expôs produtos experimentais dos cursos de comunicação social de todos os países que fazem parte do eixo mercosul. O PQN, abreviação de Pão de Queijo Notícias, é decidido em votação feita por profissionais da área e organizado pelo jornalista Robson de Abreu. Nesta edição, realizada em cerimônia no dia 6 de junho, com a presença de 250 pessoas, foi a primeira vez que a categoria jornal laboratório foi incluída entre as 30 que contemplam os profissionais que atuam nas áreas de mídia impressa, rádio, TV e assessoria de comunicação. A votação foi dividida em duas etapas. Segundo o jornalista organizador a primeira etapa aconte-

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LARISSA CARNEIRO 5º PERÍODO

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L A B O R A T Ó R I O

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13 - Jornalismo - Henrique L. Page 1

Editor e diagramador da página: Henrique Lisboa

J O R N A L I S M O 13 APÓS PREMIAÇÃO NACIONAL, JORNAL CONQUISTA TÍTULO LATINO-AMERICANO


14 - Comportamento - Rafael P.

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Editor e diagramador da página: Rafael Pimenta

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14 C O M P O R T A M E N T O

Belo Horizonte – Junho/2006

Sem mar, mineiros vão para o bar BELO HORIZONTE SE DESTACA NO CENÁRIO NACIONAL COMO A CAPITAL DOS BOTECOS Ana Carolina Cervantes - 6º Período

RAFAEL PIMENTA 6º PERÍODO Dos bares mais requintados até aqueles conhecidos como “copo sujo”, todos atraem os consumidores que não vêem fronteiras para se sentar em uma mesa de bar e se divertir. Esses locais são chamados de botecos. Boteco é o local onde várias tribos se reúnem, desde um encontro a dois, passanso por uma reunião de negócios até uma cervejinha gelada depois do futebol. Esses lugares se destacam por serem diferentes de outros ambientes a que estamos acostumados no dia-a-dia. Diferente das capitais litorâneas do país, Belo Horizonte se destaca no cenário nacional como a cidade destes botecos. De acordo com pesquisa do IBGE de 2005, a população estimada na capital mineira é de cerca de 2,5 milhões de habitantes. Pouco mais de 25 mil espaços são classificados como bares ou botequins, segundo a maior empresa de distribuição de bebidas do país, a Ambev. Isso constitui 1% da população da cidade. Por não possuir praias em sua extensão, os moradores da capital mineira se vêem obrigados a procurar um meio alternativo para se divertir. Entretanto, os mineiros na lista de maiores “botequeiros” do país não assusta os seus moradores. De acordo com o comerciante Lenardo Abranches, 26, a questão financeira ajuda na presença dos consumidores nos bares. “Não pagamos para sentar em uma mesa de bar e a cerveja sai quase a preço de custo, diferente das boates e danceterias que, além de ter que pagar para entrar, cobram um preço abusivo na cerveja.” Localizado no bairro de Santa Tereza, região leste da capital, o botequim Esquina Clube se destaca por manter uma boa movimentação de clientes tanto em dias úteis quanto em finais de semana. “Quando abri o bar no ano de 2004, não imaginava que em

tão pouco tempo estaria com tantos clientes, porém sempre contei com a ajuda dos amigos que, além de freqüentar o meu bar, sempre indicam ou trazem novas pessoas para conhecer o ambiente. Fico feliz por conseguir manter a minha clientela, mesmo estando fora do Cumida (di Buteco)”, destacou o proprietário Wesley Fernandes referindo-se ao festival realizado na capital nesta época do ano. Desde o ano de 2000, entre os meses de abril e maio, acontece em Belo Horizonte o torneio Cumida di Buteco, campeonato do qual são selecionados alguns bares da cidade para que o público, juntamente com os jurados, possa escolher o melhor bar da cidade nos quesitos “tira gosto”, atendimento, higiene e a cerveja mais gelada. Em sua primeira edição, o evento contou com a presença de apenas dez bares, já, neste ano, 36 bares buscaram a consagração. O Bar do Zezé foi o vencedor. Os critérios adotados para a participação no evento dividem a opinião do público e dos proprietários de bares na capital. De acordo com Eulália Araújo, uma das organizadoras do evento, os donos de bares de Belo Horizonte procuram insistentemente por ela e por Eduardo Maya, também organizador, solicitando a participação no evento. "Mas não basta eles quererem participar. Há muitos fatores que influenciam na inclusão ou não de um bar na lista de participantes", afirma a produtora. "Sempre mantemos os primeiros vinte e um colocados da edição anterior além de alguns novos indicados pelo público no site”. A realização do festival atrai turistas de todo o Brasil para Belo Horizonte. Os 36 bares em foco representam a cultura de boteco presente na vida de todos os mineiros, porém, vale lembrar que no período fora do evento, os quase 25.000 bares da capital continuam movimentados, mantendo Belo Horizonte como a capital dos botecos.

Como em todos os finais de semana, os irmãos Leonardo e Claudio sentam-se em uma mesa de boteco para bater papo e curtir

“ O melhor de BH é ir aos barzinhos, ouvir uma boa música tomar uma cerveja gelada e curtir com os amigos.”

“ Nada melhor do que tomar uma gelada com os amigos depois do futebol. O boteco faz parte da cultura dos mineiros.”

Fabrício Araújo, 21, estudante

Frederico Cadar, 23, estudante

Elevado consumo de álcool torna BH um modelo para Ambev Clarisse Mendes - 5º Período

Devido ao alto número de bares e, consequentemente, o elevado consumo de cerveja, Belo Horizonte é considerada a operação mais bem sucedida da Ambev, a principal empresa em produção e distribuição de bebidas do país. Segundo Wagner Castro, produtor de eventos desta companhia na cidade, Belo Horizonte é um de seus principais centros de investimento da empresa.

Papo de boteco “Desde criança frequento o bar do Lúcio, onde ia comprar picolé. Com o passar do tempo, comecei a notar que, com algumas exceções, eram sempre as mesmas pessoas que estavam por lá. Já tinha o dom de desenhar e fazer caricaturas de pessoas e, certo dia, sentado na mesa, resolvi fazer um desenho de uma cena que se repetia diariamente no bar. Isso resultou em um quadro que esta pendurado no bar há, pelo menos, uns dez anos.” Esta é a história contada pelo cartunista Rogério Serqueira, autor de um dos quadros do bar Bocaiúva, localizado no bairro de Santa Tereza. São bares que não tem muito conforto, não possuem diversidades no cardápio e, na maioria das vezes, freqüentados pelas mesmas pessoas, que já se tornaram velhos amigos do dono. “Os botecos ‘copo sujo` fazem parte da cultura do belo horizontino. Quem nunca se sentou em um deles pra tomar uma cerveja?”, pergunta o estudante Fábio Junior, referindo-se ao bar em frente a sua casa, sempre cheio de gente.

Uma loja, uma garagem, um trailer, uma barraquinha ou até mesmo a carroceria de um carro pode ser um local para se abrir um bar. Servindo uma cerveja gelada, tem gente. Este é o caso do comerciante Cláudio Magno que começou a sua história de bar somente com alguns isopores na traseira do carro. Hoje, ele é dono de um estabelecimento: o Bar do Baiano, localizado no bairro Planalto. “Comecei como uma brincadeira entre amigos. Nos reuníamos na esquina de minha casa onde assávamos uma carne e, como eu tenho uma camionete, era o encarregado da cerveja que ficava na carroceria. Daí, comecei a vender a cerveja também para quem não era da nossa turma. A coisa foi tomando uma proporção tão grande que consegui comprar a loja em frente, onde funciona o meu bar. Hoje em dia, tenho meus próprios fregueses e consigo me manter traquilamente”, relata. Estas são só algumas das muitas histórias ouvidas junto à mesa de um bar. É papo de boteco.

OP- Conhecida como a cidade dos botecos, Belo Horizonte está na lista das principais capitais brasileiras em consumo de cerveja. Como a empresa enxerga a cidade? WC- Belo Horizonte é considerada a melhor operação da Ambev em nível nacional. Temos 82% de share (participação de mercado). A cidade recebe visitas dos diretores da Ambev de toda a América Latina para conhecerem a nossa operação e isso é muito importante para a empresa, que usa BH como um modelo para outras capitais.

Wagner Castro, 29, supervisor Trade Marketing da Ambev

Para a empresa, existe diferença na distribuição de cervejas para lojas classificadas como bares, botequins ou restaurantes?

Claro. Um hipermercado não pode ter um atendimento igual ao de um botequim. São atendimentos diferenciados para conseguirmos satisfazer todos os clientes com as suas necessidades especificas. Os bares conhecidos como "copo sujo" exigem atenção especial quanto fornecimento de bebidas? Sim. Geralmente esses bares possuem consumidores de baixo poder aquisitivo e não necessitam de produtos de valores mais caros. Se colocarmos esses produtos do nosso portifólio, eles não irão vender, vão estourar o prazo de validade e teremos que trocá-los, o que eleva o nosso custo. Há diferença em termos de números na distribuição de cerveja na época do festival Cumida di Buteco? Claro. O nosso volume de Bohemia, a marca patrocinadora do evento, dobra durante o festival. As outras marcas pegam carona e também aumentam seu volume de vendas. Os bares ficam cheios, inclusive os que não estão participando do festival. Temos que disponibilizar mais caminhões para atender as nossas demandas .


15 - Cultura - Simone

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Editor e diagramador da página: Simone Monção

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C U L T U R A 15

Belo Horizonte – Junho/2006

Divulgação

PALÁCIO DAS ARTES CENTRO CULTURAL FAZ 35 ANOS COM GREVE DA ORQUESTRA SINFÔNICA DE MINAS GERAIS E ANTIGOS PROBLEMAS ESTRUTURAIS

Operários trabalham na construção do Palácio das Artes da Fundação Clóvis Salgado, considerado o mais importante centro cultural de Minas Gerais, em 1971, quando iniciou suas atividades DÉBORA DRUMOND E BRUNA BONNELI 5º PERÍODO No ano em que comemora 35 anos de vida, o Palácio das Artes ainda apresenta falhas em sua estrutura técnica, principalmente na área de segurança, e administrativa. A Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, fundada em 1977, considerada uma das mais importantes do país, está em greve. Os músicos reivindicam melhores salários. Alegam receber a mais baixa remuneração das orquestras profissionais do país, o que impossibilita até a manutenção dos seus instrumentos. Antes de uma apresentação no dia 9 de maio deste ano, os integrantes da orquestra convocaram o público para um abaixo-assinado pelo aumento dos seus salários. Mas com a mudança administrativa da casa há a possiblidade de mudanças, e é nesse contexto que a Fundação Clóvis Salgado, mais conhecida pelo nome de Palácio das Artes, comemora seus 35 anos de existência e de grandes impasses. Problemas técnicos Em 1997 o Palácio sofreu um incêndio que destruiu toda a área da platéia.De acordo com o engenheiro responsável pela manutenção dos

palcos do teatro, Maximiliano Hermeto, há 27 anos no cargo, o incêndio não foi combatido de imediato porque houve falha no fornecimento de energia elétrica pela Cemig. Como não havia geradores, não foi possível ligar as bombas de água. Na época, também não existiam sprinklers (dispositivos anti-incêndio) nos outros teatros do complexo nem nas galerias. “O risco de incêndio já está bem reduzido. Atualmente, a platéia está totalmente equipada com sprinklers, assim como o palco, mas temos as outras áreas que não foram contempladas, como o foyer (ante-sala dos teatros). Há extintores, mas não sprinklers, assim como nos dois teatros, o Ceschiatti e o Juvenal Dias”, admite. Hermeto afirma que atualmente, o Palácio das Artes possui gerador. No caso do corte da energia pela Cemig, o ele entra em funcionamento e mantém as bombas d’água para combate a incêndio. Um outro problema enfrentado pelo Palácio das Artes é a Feira de Artesanato que, há 15 anos, acontece todos os domingos em frente . Alguns camelôs utilizam sua fachada para expor suas mercadorias, além do público e vendedores na área de alimentação que jogam restos de comida, óleos de frituras e embalagens dentro do “lago”, en-

tupindo os espelhos d’água. Nos eventos, as fontes são ligadas juntamente com as luzes. Mudanças à vista Segundo dados da Fundação Clóvis Salgado, o presidente Chico Pelúcio, há apenas um ano no cargo, já tem feito grandes progressos à frente do Palácio. Muitos equipamentos de som e iluminação já estão obsoletos e não atendem mais à necessidade da casa. Porém, várias medidas já foram tomadas para modernizar e reestruturar os espaços, como a compra de inúmeros computadores, rádios comunicadores, painel eletrônico, desenvolvimento de software específico para a bilheteria do Grande Teatro, novo sistema de som, entre outros, além de reformas significativas nos prédios e setores da Fundação, que não aconteciam desde a inauguração das obras após o incêndio. A professora de percepção musical Eneida Gonçalves se mostra satisfeita com a atual direção da casa e acredita na nova direção da Fundação.“Hoje, na atual direção, há uma pessoa sensível, que se propõe a ajudar todos os setores. O presidente da Fundação Clóvis Salgado, Chico Pelúcio está sempre disposto a ouvir, saber o que está faltan-

do em cada setor. Tem sensibilidade, tem interesse”, garante a professora, que atua há 20 anos na casa, atualmente, responsável pela Musicoteca. O engenheiro Maximiliano Hermeto diz que, realmente, a situação está mudando.“Houve uma alteração muito grande se comparado com a última direção”, declara o engenheiro. 35 anos de história Mas os problemas não são novos. Em 1971 o Palácio das Artes, considerado o centro de cultura mais importante da capital mineira, já iniciou suas atividades em meio a problemas financeiros, estruturais e de gestão política. O local reúne os principais aspectos do patrimônio e da memória artística da cidade e teve seu projeto aprovado após 20 anos. Em sua história recebeu vários apelidos, como por exemplo, “Usina de Arte" e “Mineirão da Cultura”. Ocupando uma área de 18,5 mil metros quadrados, o Palácio das Artes é um grande complexo de entretenimento voltado para um público erudito. Hoje conta com o Grande Teatro e salas de espetáculos como os teatros João Ceschiatti e Juvenal Dias, além de galerias de exposição, salas de aula de música, teatro e dança.

Grande vitrine de talentos Em 2005 mais de 700 mil pessoas participaram de algum evento da Fundação Clóvis Salgado. Só no Grande Teatro, passaram cerca de 181 mil pessoas e até o mês de março deste ano, o Palácio das Artes registrou um público de 75.118 nas dependências da Fundação. É um marco para a cultura. A Fundação também possui vários projetos sociais ligados a atividades artísticas com crianças, adolescentes, pacientes hospitalares, creches e grupos da terceira idade, além de espetáculos de acesso livre para públicos mais amplos. Para os bailarinos profissionais Alex e Dardiet, estar no Palácio é um grande privilégio pela oportunidade que é dada a eles de mostrar o trabalho e levar entretenimento às pessoas. “O Palácio é uma grande oportunidade, não só de transformar a sociedade através da nossa arte, mas também da nossa transformação como seres humanos. Mas esse universo poderia ser mais interligado. Cada um faz a sua arte isoladamente. Se juntássemos essas forças, esse seria um universo com mais categoria”, afirma Dardiet. Já a funcionária da Musicoteca, Helen Novaes, há

apenas um mês na Fundação, diz que está muito bem ambientada. “Aqui cheira arte o tempo todo. É inspirador ver as crianças no balé, bailarinos, músicos, pessoas talentosas, artistas de teatro, também de cinema, a arquitetura. Niemeyer está por aí, por aí nos rodeando”, completa a atriz e diretora teatral. O estudante de música e violino, João Antônio, de 16 anos, só tem elogios às aulas e a Fundação em geral. “É um ambiente especial porque não é uma vida de escola comum, lida com a arte, que é uma coisa suprema, superior. É claro que há competição entre os alunos, mas no fim até isso nos leva a evoluir. Todos estão ligados na mesma idéia, que é buscar o aprimoramento artístico”, define João, que já estuda na fundação há quatro anos, quer se profissionalizar e espera uma chance pra entrar numa orquestra. São 35 anos de história. Uma história construída por problemas estruturais e políticos, mas também por grandes nomes da arte nacional e internacional que continuam fazendo do Palácio das Artes uma importante referência no cenário cultural mineiro.

Divulgação

Cine Humberto Mauro

Grande Teatro do Palácio das Artes, com capacidade para 1707 expectadores sentados

Inaugurado em 1978, o Cine Humberto Mauro é tradicionalmente o cinema de arte e circuito alternativo de Belo Horizonte, e mantém este perfil nestes vinte e cinco anos de atividade no Palácio das Artes. A sala foi batizada segundo o mineiro de Catauguazes Humberto Mauro (1897-1983). O diretor foi um dos pioneiros da arte cinematográfica em Minas Gerais e no Brasil. Criou e dirigiu alguns dos mais importantes filmes do cinema brasileiro, tendo começado a construir sua filmografia ainda no início do século XX. Entretanto, a sala ficou fechada por aproximadamente um ano, em função das reformas no foyer do Palácio, impossibilitando os mineiros de terem acesso a mostras e fil-

mes que não se apresentam no circuito comercial. Equipado com sistema de projeção e sonorização de qualidade, o Cine Humberto Mauro é um tradicional centro de mostras, festivais e lançamento de filmes, assim como seminários, debates e palestras sobre cinema. A sala possui 154 poltronas sendo 2 espaços reservados para deficientes físicos. No ano passado a sala Humberto Mauro registrou um número de 30 mil pessoas que participaram dos diversos eventos. A sala trabalha com mostras de filmes clássicos e alternativos, realiza retrospectivas de diretores importantes e investe em produções com caráter experimental. Além dis-

so, o Cine Humberto Mauro recebe alguns dos mais importantes festivais de cinema e vídeo da cidade, como o Festival de Curtas, o Forumdoc e o INDIE. Semanalmente, a sala também apresenta o Cineclube Curta Circuito e a Mostravídeo Itaú Cultural, ambos com entrada franca. No entanto, é necessário que a sala atue, sobretudo, no sentido de divulgar, difundir e apresentar obras de caráter menos comercial, investindo em trabalhos com maior relevância conceitual, estética e histórica, sem perder sua essência por problemas internos ou de gestão política. O cinema também promove, freqüentemente, debates, palestras e encontros da área audiovisual.


16 - Mídia - Wânia Ferreira

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Editor e diagramador da página: Wânia Ferreira

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16 M Í D I A

Belo Horizonte – Junho/2006

Reprodução

Tribute to James Ensor, por Tony Stanley e Razghul. Ensor (1860-1949) foi um pintor belga e precursor do expressionismo e surrealismo do século XIX

Prefeitura de BH realiza projetos de inclusão digital

LÍDIA RABELO 6º PERÍODO Imagine um telefone celular que possibilite a você acessar a internet, fazer fotos e filmes, editar textos e planilhas, ouvir música e até baixar seus clipes preferidos. Já imaginou? Esse tipo de aparelho já existe no mercado e é conhecido como smartphone. Agora, você consegue imaginar que em um país como o Brasil, que têm uma população de mais de 185 milhões de habitantes, aproximadamente 143 milhões não possuem telefone fixo em casa? Que apenas 12,46% da população brasileira têm acesso a computadores e somente 8,31% estão conectados à Internet? Estes dados expõem o cenário de exclusão digital em que vive grande parte da população brasileira. Segundo dados do último Censo de agosto de 2004, da Fundação Getúlio Vargas/IBGE, 59,43 milhões de pessoas no Brasil se encontram abaixo do nível de pobreza. A maioria dos que têm acesso aos recursos digitais, se concentra na área urbana, cerca de 97% do total. Para acessar a Internet, a rede mundial de computadores, é preciso ter um computador que tem um custo maior do que mil reais e gastar em torno de 60 reais por mês na conta telefônica, pelo uso mínimo de conexão. No livro Exclusão digital - a miséria na era da informação, o sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira diz que “a exclusão digital ocorre ao se privar as pessoas de três instrumentos básicos: o computador,a linha telefônica e o provedor de acesso. O resultado disso é o analfabetismo digital, a pobreza, a lentidão comunicativa, o isolamento e o impedimento do exercício da inteligência coletiva.” Para o psicólogo Cláudio Ferreira Leandro, enquanto os jovens de classe alta têm acesso ao ciberespaço, os jovens marginalizados socialmente não têm qualquer contato com o computador. “As oportunidades de ascensão profissional são bem maiores para os incluídos do que para os que vivem às margens da sociedade da informação”, afirma o psicólogo. Entretanto, Nísio Teixeira , professor de comunicação da Uni- BH, contrapõe este acesso privilegiado ao uso das informações e questiona: “será que é feito um uso pleno do potencial de um computador conectado à Internet, por exemplo? Percebe-se aí uma ignorância muito maior do que aqueles que não sabem como ligar o aparelho.” Para ele, o abismo digital talvez não seja maior que as coisas mais essenciais à população. É o que também pensa a socióloga Maria Helena Barbosa, professora da Universidade Fumec, que diz ser inútil colocar computadores em todas as escolas e entidades públicas, enquanto as classes menos favorecidas não dispõem do básico para sobreviver, como educação, saúde e alimentação. Margarida Vieira, cientista política e historiadora da UFMG, diz que “a convergência de mídias é um avanço tecnológico que só será aproveitado pela grande maioria dos brasileiros quando tivermos ampla cidadania participativa e comportamento ético predominando na vida política e social”. Nísio Teixeira acrescenta que “a oportunidade de um acesso pleno à convergência tem que ser oferecida a uma camada maior da população para que eles decidam se isso vai ser significativo ou não para suas vidas”. Colaborou: Wânia Ferreira

ABISMO X

Evolução Tecnológica

Exclusão Digital

HISTORICAMENTE OS INVESTIMENTOS EM TECNOLOGIA SEMPRE FAVORECERAM A POPULAÇÃO ABASTADA: OS POBRES CONTINUAM À MARGEM DESSA EVOLUÇÃO João Hudson e Rafael Matos

BRASIL

Mapa da Inclusão Digital

24% 18% 14% 12% 11%

2% 1% 0.96% 0.95% 0.65%

Distrito Federal São Paulo Rio de Janeiro Santa Catarina Paraná

Projetos de inclusão digital podem ser alternativas para diminuir o abismo que existe no Brasil quanto à informação e ao acesso a meios tecnológicos. Hércules Macedo, gerente de planejamento e informação da Secretaria Municipal de Educação, fala dos projetos de inclusão que a prefeitura realiza nas escolas da rede municipal, que vão desde educação infantil à educação de jovens e adultos. Dentre os programas estão o “Internet Cidadã”, que é a abertura da biblioteca para a comunidade que mora no entorno das escolas; o “Rede de Letramento Digital”, com a participação de adolescentes e jovens em processos de criação de mídia, estudo das relações da midiáticas, produção de jornais e vídeos - esse programa tem relação com projetos do governo do Estado e da iniciativa privada. Existe ainda a instalação de tele-centros na periferia e no centro da cidade e ainda um caminhão que oferece mini-cursos à sociedade. “O importante é que existe todo um acompanhamento pedagógico nesse processo e podemos verificar o retorno da sociedade. As crianças e adolescentes têm maior facilidade com as novas tecnologias, mas os adultos não são da mesma forma, temos que acompanhar mais de perto para fazer com que eles percam o medo e aí muitos deles se apropriam e fazem uso da internet para resolver os problemas do cotidiano”, diz Hécules. Macedo ainda acrescenta que essa é uma das formas de minimizar a distância que existe entre as pessoas das classes menos favorecidadas e as incluídas digitalmente. Lidia Rabelo - 6º Período

Alagoas Acre Piauí Tocantins Maranhão

“As crianças e adolescentes têm maior facilidade com as novas tecnologias, mas os adultos não são da mesma forma, temos que acompanhar mais de perto para fazer com que eles percam o medo” Fonte: Comitê para a Democratização da Informática

Hércules Macedo, gerente de Planejamento e informação da Secretaria de Educação.


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