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Documentário aborda a poesia de Manoel de Barros Estudantes e sem-teto se e sua importância para escritores contemporâneos mobilizam nas brigadas populares [ página 12 ]
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JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
A n o
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H o r i z o n t e / M G
D I S T R I B U I Ç Ã O G R AT U I TA
Torcidas dividem-se entre paixão e crime Jornalistas discutem o assédio na redação Aprovado em Congresso realizado pela FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas), o novo código de ética da categoria avança em temas como o combate aos assédios moral e sexual nas redações e tenta acompanhar as mudanças estruturais e tecnológicas que modificaram a prática jornalística nas últimas décadas. Mas o documento não é uma unanimidade entre os jornalistas, principalmente pela dificuldade de adoção de certas propostas - como a que proíbe a exposição da intimidade de pessoas, por exemplo. Outra crítica feita ao novo documento se deve à falta de alcance jurídico das punições previstas, que se restringem à exclusão dos infratores dos quadros dos sindicatos, o que não impede o jornalista ‘anti-ético’ de exercer a profissão normalmente.
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Paulo Autran deixa vazio
Fernando Kelysson 2ºG
Turismo: Noventa e uma famílias do Vale do Jequitinhonha recebem turistas em suas casas para conseguirem seu sustento econômico; trata-se do turismo solidário, que apresenta vários problemas. [ página 10 e 11 ]
Perrela acha Mineirão inviável Cristina Barroca 7ºG
SÍLVIA JUNQUEIRA (...) Paulo Autran foi um dos atores mais completos que o Brasil já teve. Fez comédia, fez drama, cinema, televisão. Mas, principalmente, sabia tocar fundo o coração de quem tivesse a sorte de vê-lo atuando. Na simplicidade, ele atingia grandes momentos de teatro.
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Tropa, droga e moralismo
favor" das torcidas organizadas e envergonhado pela venda de camisas falsificadas. E mais, diz que Pelé prestou um desserviço ao país. Mineiro de São Gonçalo do Pará, Perrela foi eleito Deputado Estadual pela primeira vez em 2006 pelo PSDB. Não descarta desputar a prefeitura da capital em 2008 e vê como desafio conquistar o eleitorado atleticano.
(...) O filme tenta exemplificar os “culpados” via uma crítica moralista e demagoga, como pode ser observado em uma cena em que policiais do BOPE acusam os usuários de drogas pela morte de crianças. Afinal de contas, o verdadeiro problema está na droga em si ou na irracional política de narcotráfico? Perrela aceita o desafio de conquistar o eleitorado atleticano
Condenada em tom uníssono pela comunidade médica (Conselhos federais de Medicina e Enfermagem, secretarias de saúde), a auto-hemoerapia se mostra uma prática eficaz no tratamento de doenças relacionadas à baixa imunidade. Especialistas explicam que a técnica, criada há quase um século, consiste na retirada de cerca de 15 ml de sangue do pa-
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Incêndio ambiental em MG é criminoso
ciente e sua aplicação no músculo do mesmo. Este procedimento, alegam seus defensores, ativa células que ajudam na formação do sangue e mecanismos de defesa. Os benefícios eliminariam infecções pós-operatórias e dispensariam remédios. Para seus adeptos, a condenação se deve a pressões da indústria farmacêutica.
Os incêndios em Minas dobraram em relação ao ano passado. As altas temperaturas de outubro ajudaram, mas o grande vilão é o ser humano. De acordo com as estatísticas do Corpo de Bombeiros, 99% dos incêndios são criminosos. O Brasil já é o terceiro maior emissor mundial de dióxido de carbono. Para combater as queimadas, Minas conta com o PREVFOGO, divisão do IBAMA. Organizações não-governamentais também atuam na preservação do meio ambiente auxiliando os órgãos responsáveis pela proteção ambiental. O tempo necessário para recuperação dos ambientes destruídos varia quanto à extensão e intensidade das queimadas. A destruição da biodiversidade ameaça o planeta.
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Indústria se opõe à terapia com sangue
LUCAS MENDONÇA
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Zezé Perrela não acredita no Mineirão para sediar jogos da copa de 2014. O vice-presidente do Cruzeiro aposta no estádio próprio do clube, que ficará pronto no máximo em dois anos. Entrevistado pelo Ponto e pela rádio Fumec, José Perrela de Oliveira Costa faz declarações inéditas e arranca expressões diversas dos repórteres. Em se tratando de esporte, se declara "não muito a
Criadas para apoiar os times de futebol, as torcidas organizadas se tornaram protagonistas da criminalidade nos estádios. Em entrevista a O Ponto, Ferrugem, líder da Galoucura e Popeye, da Máfia Azul, demonstram a paixão que têm pelos times e se defendem das acusações de violência. De acordo com eles, muitos usam uniformes, mas não fazem parte das agremiações. "Eles usam roupas da Máfia Azul, mas não são integrantes", se defende Popeye. As organizadas também destacaram o papel social que exercem. "A gente tem uma campanha extrema conta vandalismo em ônibus", comenta Ferrugem. Em contraponto, a Polícia Militar expõe sua opinião contra estas agremiações, que os membros consideram como bandidos "Em todo jogo diversos ônibus são destruídos, muitos trabalhadores são prejudicados, torcedores comuns machucados e ocorrem até mortes de membros dessas falanges de bandidos. Se fossem só eles que morressem estava de bom tamanho”, argumenta a PM. Há também um parecer da psicóloga Carla Shffer sobre o comportamento de massa adotado pelas organizadas.
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Editor e diagramador da página: Enzo Menezes 6º período
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02 O P I N I Ã O
Belo Horizonte – Outubro/Novembro/2007
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Camila Piovesana 3ºH
Tempo e fluxo no webjornalismo ANA CECÍLIA FARIA 7º PERÍODO Atualmente depara-se por todos os lados com o relógio indicando que o tempo se esgota e é o momento de entregar aquele projeto inacabado ou de veicular uma matéria com uma série de lacunas.Essa pressão gera uma obsessão no modo das pessoas e organizações lidarem com o tempo, a qual pode ser nitidamente observada no jornalismo contemporâneo, tendo o webjornalismo como sua melhor manifestação. Mas em que medida a excessiva preocupação com o tempo influencia na qualidade da produção jornalística na internet? Os sites jornalísticos são regidos pela lógica da produção industrial em que a eficiência está na maior produção em um menor tempo. Seguir essa lógica é uma demonstração do quanto a notícia está sendo tratada como um produto qualquer. E não é compreensível reduzi-la a um produto que precisa ser tao consumível quanto um tênis. Afinal, trata-se de um bem que lida com mentes humanas. Nesse contexto, no qual o tempo para a produção de uma matéria é mínimo,a qualidade
Fascínio pelo desvanecido, mas imortal
dos textos veiculados transmite a idéia de que as redações online funcionam como uma grande brincadeira. Muitas notícias são produzidas dentro de um estilo textual curto, superficial e fragmentado. Esses fatores refletem a pressa excessiva que permeia a vida dos jornalistas, que não podem "perder" tempo com a apuração e checagem dos fatos recebidos. Diante dessa situação,a veracidade e a credibilidade correm um risco elevado. Pois a probabilidade de veicular uma informação equivocada, em um meio onde grandes portais publicam em média uma notícia por minuto, é bem maior do que em outros veículos de comunicação. Na corrida contra o tempo, o valor-notícia constitui uma outra problemática. O critério de noticiabilidade começou a ser determinado pelo fato mais recente e não por sua própria relevância social. Desse modo, fatos desprovidos de qualquer importância substituem notícias relevantes em espaços de destaque. É essencial que o webjornalismo se preocupe em veicular notícias rapidamente, mas transformar o tempo em um fim em si mesmo já é um pouco demais.
Isso é jornalismo? LEONARDO FERNANDES
8º PERÍODO A prepotência e total desconhecimento histórico da revista VEJA é de provocar náuseas no leitor menos atento. A reportagem mal elaborada, editorializada e completamente empobrecida de fontes intitulada “Che: há quarenta anos morria o homem e nascia a farsa” exprime a campanha fascista encabeçada pelo mau jornalismo que a decadente VEJA representa categoricamente. O desespero por levar a cabo sua estratégia mesquinha de destruir com a imagem do revolucionário argentino, faz com que a VEJA exalte suas fontes, em sua totalidade mercenários capitalistas, refugiados em Miami e responsáveis por incontáveis ataques terroristas que mataram diversos civis cubanos desde o triunfo revolucionário de cuba. A eles a VEJA dedica “grande credibilidade”, demonstrando sua conivência com quaisquer que sejam as práticas contra a liberdade. A VEJA se veste de prepotência e recria a história de acordo com interesses escusos embutidos no seu discurso. Para a revista, a situação difícil vivida pelo povo cubano nada mais é do que um fracasso revolucionário; que resiste há quase 50 anos a um bloqueio econômico desumano imposto pelos Estados Unidos, sequer mencionado pela reportagem.
Os EUA protagonizam a história contada pela VEJA, mas na condição de mocinho, justiceiro. A VEJA utiliza o próprio Partido Comunista da Bolívia como fonte oficial de seu relato injurioso, correndo o risco do leitor desapercebido não notar que este não passava de uma aproximação fiel com política imperialista e desumana do governo Stalinista Soviético, que por inúmeras vezes fora rechaçado por Che devido ao seu caráter contra-revolucionário. Hoje, calçada na ignorância de uma legítima prática jornalística, a VEJA não só atenta contra a memória do Che, mas ataca o espírito de liberdade e humanismo que Guevara representa historicamente. A menção realizada por Che ao “um, dois, três, muitos Vietnãs” faz referência à resistência do povo vietnamita à intentona desumana dos capitalistas norte-americanos em outros tempos, e não ao triunfo capitalista tão deliberadamente proposto pela VEJA. A VEJA atenta contra a imagem daquele que Sartre e Beauvoir definiram, como a própria VEJA reconhece, como “o mais completo ser humano de nossa era”. Cabe ao leitor julgar se a história de fato ocorre, ou se cabe a um veículo, da estirpe deste, recriar a história de acordo com os seus mais medíocres interesses.
CARLOS LAMANA 5º PERÍODO
Uma tropa da Elite LUCAS MENDONÇA 5º PERÍODO Polêmicas discorrem diariamente a respeito do filme “Tropa de Elite”, principalmente por ter sido visto e difundido no mercado informal antes da exibição em cinema. O filme pretende-se numa crítica que demonstra os problemas da não declarada guerra civil vivida nas favelas, porém, em sua abordagem pode-se notar o caráter moral de sua “crítica”. A moral é posta acima de elementos históricos, políticos e econômicos, e, a partir de sua crítica puritana, diz que se vigie e puna aqueles que fogem à legalidade vigente – que só representa os interesses da elite corrupta e corruptora. Uma crítica conseqüente teria como prioridade, necessariamente, resgatar os processos de nossa formação histórica para compreender o recorte da realidade posto no filme como natural. Ora, a pobreza e a existência de pessoas vivendo em favelas são naturais, sempre existiram? Definitivamente, não. Porém, a abordagem proposta pelo filme naturaliza e reifica de forma cruel a nossa realidade, e pior, expõe conflitos vividos nas favelas como se tratasse de “outra realidade”. O imediatismo e o sensacionalismo são recursos recorrentes no filme. Ao exibir um pai de família que trabalha como chefe de operações no BOPE, acaba por criar no espectador uma identidade com o policial le-
galista que sofre diariamente em sua função social: o extermínio de humanos marginalizados. Além disso, o BOPE é posto como uma polícia não-corruptível e heróica, que cumpre sua ordem legal recorrendo a meios desumanos e fascistas, como a tortura e a morte de inocentes. Os meios justificam os fins? O filme tenta exemplificar os “culpados” via uma crítica moralista e demagoga, como pode ser observado em uma cena em que policiais do BOPE acusam os usuários de drogas pela morte de crianças. Afinal de contas, o verdadeiro problema está na droga em si ou na irracional política de narcotráfico? A questão está na produção e nas políticas adotadas em relação a esta, e não na demanda. Sob uma perspectiva humanista, devemos compreender que a questão das drogas está como está por profundas raízes econômicas e políticas na história, e que o processo de produção e circulação das drogas funcionam sob formas capitalistas. A questão das drogas se combate por meios essencialmente racionais como a educação e o tratamento de saúde, em que sejam criadas condições para o usuário emancipar-se da dependência química. Não será com tropas a serviço da elite e não do povo – que assassinam a sangue frio humanos desprovidos de condições dignas de vida que iremos resolver nossos problemas comuns na raiz.
A polêmica da fidelidade partidária PEDRO HENRIQUE VIEIRA 4º PERÍODO Partidos discutem a fidelidade partidária, que coloca em risco mandatos de candidatos eleitos que trocaram de legenda. A princípio, estavam ameaçados apenas os cargos proporcionais, de deputados estaduais, federais e vereadores, eleitos pelo quociente eleitoral, que considera toda a votação do partido. Porém, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu que a medida se estende também aos eleitos pelo sistema majoritário, ou seja: prefeitos, governadores, senadores e o presidente. A polêmica começou quando PPS, PSDB e DEM solicitaram ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT), as cadeiras dos 23 deputados que deixaram estes partidos entre as eleições de 2006 e maio deste ano, após entendimento do TSE de que os mandatos seriam dos partidos e não dos candidatos. Negado os pedidos, as legendas entraram com mandados de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal), que decidiu que
os deputados federais, estaduais e vereadores que trocaram de legenda após 27 de março de 2007 podem perder seus mandatos. O TSE resolveu estender a medida aos cargos majoritários, colocando em risco os mandatos de 156 prefeitos infiéis, que trocaram de paritdo após o dia 27 de março. A PEC (Proposta de Emenda Constitucional) foi encaminhada ao Senado, que, com agilidade, aprovou, a fidelidade partidária, mas começando a vigorar somente a partir das eleições de 2008 (prefeitos e vereadores) e em 2010 (presidente, governadores, senadores e deputados). Agora a proposta vai para a Câmara, onde terá dificuldades para ser aprovada, pois além de não ser prioridade, será votada pelos próprios envolvidos na questão. A mente do eleitor dificilmente vai mudar caso seja imposta a fidelidade partidária, pois o brasileiro é acostumado a votar no político, não no partido. Dados mostram que o eleitor prefere votar em branco ou nulo a votar nas legendas. Mas é importante que seja definida a fidelidade partidária, para evitar o oportunismo eleitoral.
Há quem diga que o cinema moderno nunca chegará aos pés do clássico. Concordando ou não, é deveras importante saber verificar a diferença entre os dois. Hoje conta-se com muitos efeitos especiais. As antigas tramas eram preenchidas com imaginação e histórias que destacavam casais apaixonados em aventuras e desventuras agravadas com a Guerra Mundial como empecilho do amor e da felicidade. A beleza das histórias de amor vividas com sofreguidão e elegância por nomes conhecidos mundialmente. A delicadeza, porém a voz imponente de Audrey Hepburn, os pés ágeis de Fred Astaire, a beleza de Rita Hayworth. Ah, Rita. Morreu 12 dias antes do meu nascimento. Razões do fascínio... Fascínio por algo já desvanecido, mas imortal. Como teria sido bom estar vivo na década de 40. 50. 60. Lançamento do filme Gilda. É de se imaginar filas de pessoas com trajes de gala. Eventos grandes e de enorme importância eram as idas ao cinema. Quase como ir à uma ópera e ouvir os mais belos libretos, nos dias atuais. “Put the blame on Mame, boys” canta Gilda com seu violão. Talvez a fala de maior fama de todo o noir, assim como o vestido branco de Marilyn levantando-se ao vento do metrô subterrâneo em O pecado mora ao lado. Cenas de pouca duração, mas que na mente e na especulação da imaginação duram toda uma vida. O conteúdo melodramático e a imagem em preto e branco (para mim, charme da antiguidade) de Gilda não conseguem desviar a visão, a audição, o tato, o cheiro e o sabor (sim, todos os sentidos) da notória sedução da Dama da Columbia nas cenas descoloradas. Uma sedução condizente com a época. Gestos e palavras que despertavam nos homens (e quem sabe ainda despertam) os mais perigosos pensamentos. Tratado de forma trágica e exagerada no cinema clássico, o amor não aparecia de forma superficial, porém realista, como vemos hoje em comédias românticas. Aventuras amorosas vividas por grandes artistas despertavam a imaginação e provocavam (se ainda não o fazem) os mais nobres sentimentos. As mais belas histórias de amor eram contadas e muitas vezes cantadas. Tão pouco diferente dos outros dramas, Gilda vive com Johnny Farrell um amor transcendental baseado no ódio. Dizem que o ódio é o sentimento mais próximo do amor, pois só se odeia a quem um dia amou-se muito. Talvez seja verdade. Pelo menos em filmes.
Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento
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Código de Ética divide
jornalistas DOCUMENTO AVANÇA EM QUESTÕES COMO O ASSÉDIO MORAL, MAS PROFISSIONAIS CRITICAM SUA APLICAÇÃO NA PRÁTICA DIÁRIA FELIPE CHIMICATTI E ENZO MENEZES 4º E 6º PERÍODOS Em congresso extraordinário realizado pela FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas) na cidade de Vitória (ES), foi aprovado o novo Código de Ética dos Jornalistas, para substituir o texto que continuava intacto desde sua criação, em 85. Reconstruído de forma participativa, o novo código contou com a contribuição de profissionais da categoria, professores e membros da sociedade civil através de um sistema de consulta pública aberto pela FENAJ durante três meses. O texto foi encaminhado posteriormente para novos debates e finalmente para sua homologação em Vitória. Ele se divide em cinco capítulos: o direito à informação, a conduta profissional do jornalista, a responsabilidade profissional, as relações de trabalho e a aplicação do código. Para Aloísio Moraes Martins, editor adjunto de política do Hoje em Dia e membro da comissão de ética do SJPMG (Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais), uma das virtudes do código é criar parâmetros tanto para as relações jornalistas-jornalistas quanto para jornalistas-leitores, com destaque para o tratamento entre os colegas de redação. Aloísio explica que um ponto-chave do novo texto é o artigo que estabelece a denúncia de práticas de assédio moral dentro das redações. “Era uma atualização necessária, as relações de mercado e a prática mudaram e o Código de Ética ficou defasado. Combater práticas de assédio nas redações é essencial, e foi inclusive um ponto que nós mineiros colocamos em discusão”, salienta.
Apesar do debate acerca das retificações se estenderem a mais de duas décadas, a discussão começou realmente no XXXII Congresso Nacional da categoria, em 2004. Dentre as principais mudanças estão a proibição do uso de recursos de edição de imagem ou áudio sem `um aviso claro; o incentivo a prática de denuncias de assédio moral e sexual; a discriminação do papel das assessorias de imprensa, que não devem ter um código próprio por se tratar de uma atividade igualmente jornalística; a restrição a apurações com o uso de identidade falsa ou câmeras escondidas e forma de julgamento das comissões de ética, que se vale de duas instâncias, uma regional e outra federal, tendo sua representação em Minas pelo SJPMG e no âmbito nacional pela FENAJ. Aloísio Moraes ainda analisa seu processo de discussão: “O código novo avança em relação ao anterior em diversos pontos que estavam defasados. O texto foi amplamente debatido até mesmo pela sociedade civil, após nossas discussões em dois Congressos, em Londrina e em Ouro Preto. Foi disponibilizado um rascunho no site da FENAJ, e o enviamos também para a OAB, a fim de estimular sugestões. Foi um processso colaborativo e democrático. É o primeiro código de ética de uma categoria em que houve debate até mesmo fora dela; e na Comissão de Ética do SJPMG há inclusive membros da OAB e da ANDI”, completa. Edição de imagem Leonardo Lara, editor de fotografia do jornal O Tempo, explica que existem dois tipos de edição computadorizadas de imagem: um primeiro que visa ajustar a fotografia aos processos de im-
pressão, e um segundo, que demanda ao ajuste da imagem a determinações legislativas, como por exemplo o estatuto da criança e do adolescente (ECA), que proibe a exposição de menores em fotos que os envolvam em atos infracionais. Nesse caso a imagem que identifica o menor passa por um processo de “embaçamento” que omite a sua identidade, mesma lógica utilizada para não revelar a placa de um veículo, por exemplo. Divergências Há ainda jornalistas que discordam da criação de códigos de ética. Para Paulo Machado, ouvidor da Radiobrás, “a FENAJ tenta reinventar a roda com essa iniciativa. Como dizia Claudio Abramo, ‘o código de ética do jornalista é o mesmo código de ética do marceneiro’, ou seja, é o código de ética da sociedade, da cidadania. Todos têm a obrigação de ser éticos. A FENAJ ao mesmo tempo que fala do direito universal à informação quer tornar privativo dos jornalistas ‘qualificados’ (por eles provavelmente) o direito a produzir informação”, dispara. Plínio Bortolotti, ombudsman do jornal O Povo de Fortaleza, defende um ponto de vista igualmente crítico no que diz respeito a artigos dúbios e carregados de subjetividade: “De modo geral, o código trata de alguns assuntos que podem ser considerados consenso; outros causam confusão, como não expor a vida íntima das pessoas (art. 6o. - VIII: respeitar a direitor à intimidade, à privacidade, à honra e a imagem do cidadão), de cumprimento quase impossível, se levado ao pé da letra -, principalmente se se estiver falando de pessoas públicas”, admite o jornalista.
O novo código e o assédio moral Mesmo encontrando resistência por parte da categoria, o código diz respeito a problemas que eventualmente ganham apelos jurídicos. A diretora da FENAJ e do SJPMG, Janaina da Mata, diz que alguns casos de assédio moral e sexual já motivaram ações, e, apesar de sua maioria ainda não ter um desfecho, ela acredita na importância desse movimento de indignação dos jornalistas envolvidos para coibir práticas abusivas dentro das redações. Janaína admite a falta de punições mais abrangentes aos profissionais que praticarem assédio, que, mesmo tratando-se de uma prática abusiva, remete ao limitado poder coercitivo do código. Como a categoria não conta com um conselho federal ou órgão análogo, a carga de punições se reduz a advertências, exoneração do sindicato (que ao contrário de outras profissões não impede o infrator
de continuar exercendo a profissão) e, como colocado no código, “a publicação da decisão da comissão em veículo de ampla circulação (art. 17)”. Monica Santos, membra da comissão de ética do SJPMG, afirma que há uma crescente conscientização no que diz respeito às práticas de denuncia. Para ela, que vivenciou o assédio moral em 2002 no impresso Estado de Minas, e na ocasião não recorreu à justiça por falta de testemunhas, a discussão amadureceu bastante nos ultimos anos,e, ao contrário do que acontecia no período em que foi assediada, os jornalistas passaram a recorrer às instâncias legais. Na ótica de Aluísio Moraes, o novo código consiste em um inibidor às práticas hierárquicas estabelecidas nas redaçoes. Para ele, além de inibidor, o presente instrumento ainda é um acessório à justiça normal. “Normalmente os jornalistas re-
correm as comissões de ética e a Justiça do Trabalho”endossa. Outro ponto colocado pela diretora da Fenaj em relação à renovação do Código de Ética se refere à discussão dos preceitos éticos nas academia, seu espaço de excelência : “Outro fator importante é provocar o debate nas universidades, que tem esse papel da reflexão sobre a prática, que nem sempre é possível dentro de uma redação”, exemplifica. A necessidade ou não de um código para os jornalistas se configura em opiniões diversas, mas o debate deve ser constante para o fortalecimento da profissão. No entanto, por mais que se tente legitimar o jornalismo através de um aparato ético, o debate leva necessariamente a outra questão: a criação de um Conselho Federal de Jornalismo (CFJ) mais atuante e representativo que a presente Federação Nacional.
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sai em defesa da ética aplicada tanto aos jornalistas quanto às redações (que representam bem mais que as redações da mídia impressa): “A ética jornalística não é apenas um atributo intrínseco do profissional ou da redação, mas é, acima disso, um pacto de confiança entre a instituição do jornalismo e o público, num ambiente em que as instituições democráticas sejam sólidas”. É deplorável que persistam abordagens jornalísticas que se empenham em cortejar o poder, mesmo porque a designação (talvez lúdica) do jornalismo é contrária a isso. Peguemos o caso ocorrido em 1984, onde milhares de pessoas se reuniram na Praça de Sé, em São Paulo, para reivindicar as eleições diretas. Na ocasião, como narrado no livro de Bucci, a Rede Globo tratou o acontecimento como à comemoração do aniversário de São Paulo, mantendo sua falácia por sucessivos dias. Oras, se o discurso jornalístico não prima pelo respeito à esfera pública, como uma empresa midiática do porte da Rede Globo produz uma distorção dessa ordem e continua a ser credível?
Mais recentemente, no ano de 2002, a Venezuela também presenciou uma abordagem midiática amplamente distorcida e falaciosa, como se percebe no ótimo documentário A revolução não será televisionada, dos irlandeses Kim Bartley e Donnacha O’Briain. O longa metragem mostra a articalução da RCTV(Radio Caracas Televisión) com a elite venezuelana e o goveno norte americano a fim de depor o presidente Hugo Chavez através de uma cobertura de discursos distrocidos e tendenciosos. Pois bem, é fácil perceber que o novo código de ética jornalística tenta remeter a fins práticos, mas, mesmo dessa forma, é preciso aprimorar mais a discussão e, ainda mais do que isso, construir algo além de um simples aparelho de resguarde; constituir uma profissão com um conselho federal legitimado nas bases éticas competente para julgar os cortejadores do poder e reger a jornalismo como aparelho de usufruto público, propondo anteriormente a isso, um debate sólido que se estenda não só a categoria, mas a toda esfera pública.
FELIPE CHIMICATTI
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Ao ler os dois códigos, de 1985 e 2007, percebe-se um cuidado importante de aliar a ética às novas tecnologias bem como às relações de trabalho entre jornalistas. É sem dúvida importante essa preocupação, mas acima disso, o debate remete a algo maior: em que medida o presente aparato ético vai motivar a sua aplicação. É fundamental estabelecer preceitos praxiológicos à ética jornalística,pois senão o debate se perde no plano das idéias. O jornalismo é produzido diariamente em ritmo alucinado e para reger as relações e as imposturas da profissão existe a demanda por algo que extrapola a legislação vigente. É nessa linha de raciocínio que Eugênio Bucci, em seu livro ‘Sobre a ética e a imprensa`(2002, Companhia das Letras) ,
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Editores e diagramadores da página: Enzo Menezes e Rafael Barbosa 6º e 8º períodos
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Belo Horizonte – Outubro/Novembro/2007
A vanguarda da saúde na ponta CARLOS EDUARDO MARCHETTI 5º PERÍODO
Indústria Farmacêutica de Pesquisa no Brasil Número de empresas 27
Faturamento em R$ 11,5 bilhões
Empregos 23 mil diretos
Exportações em R$ 391 milhões
Investimentos em P&D em R$ 112 milhões Fonte: INTERFARMA - Identificação e Análise dos Gastos com P&D 2002
Novos Medicamentos em Desenvolvimento HIV/ AIDS
11
Mal de Alzheimer
19
Depressão
13
Diabetes
19
Doenças gastrointestinais
9
Osteoartrite
8
Osteoporose
18
Mal de Parkinson
10
Doenças da próstata
4
Problemas respiratórios
18
Artrite Reumatóide
20
Disfunções sexuais
9
Problemas de pele
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O
debate sobre a auto-hemoterapia recebeu espaço considerável nos meios de comunicação no início deste ano. Após a divulgação de um DVD com uma entrevista com o médico Luiz Moura, o tratamento passou a ser debatido principalmente na internet. Passado quase um ano, os argumentos que o condenaram continuam os mesmos, enquanto o debate sobre seus benefícios, estudos de caso e pesquisas cientificas começam vir à tona. No vídeo de pouco mais de duas horas e meia, gravado em 2004, o médico Luiz Moura fala sobre a auto-hemoterapia (AHT), uma técnica complementar de medicina que teria surgido na França em meados da década de 1910. Na entrevista, o médico explica que a AHT é um procedimento simples que consiste na retirada do sangue do indivíduo (5ml à 20ml, dependendo do tratamento) e sua aplicação no músculo (preferencialmente no braço ou nádega) do mesmo.
Funcionamento da técnica Segundo Luiz Moura, após aplicar o sangue no músculo, uma reação de rejeição é desencadeada pelo organismo, que ativa as células que ajudam na formação do sangue e nos mecanismos de defesa. Já nas primeiras horas, a taxa de macrófagos (células que englobam e digerem elementos estranhos ao corpo) sobe de 5% para 22%, e retorna ao nível inicial após sete dias da aplicação. Daí a necessidade de se manter o tratamento semanalmente, sempre com o acompanhamento médico. Segundo Dr. Moura, a auto-hemoterapia teria ampliado seu campo de estudo a partir de uma premiada pesquisa do médico brasileiro Jésse Teixeira, que constatou em 150 pacientes analisados a ausência de infecções pós-operatórias quando utilizada a técnica. A pesquisa recebeu o prêmio de originalidade pela Revista Brasil Cirúrgico em 1940. De acordo com Luiz Moura, o estudo chamou atenção da comunidade médica, pois os casos de infecção pós-operatórios eram comuns, graças a utilização do éter como substância anestésica, o que afetava diretamente os pulmões. Trinta e seis anos mais tarde, uma pesquisa do médico Ricardo Veronesi ampliava os estudos da AHT em direção à Imunologia. É nessa época que o Dr. Moura passa a utilizar regularmente a técnica em diversos pacientes, o que lhe proporcionaria inúmeros estudos de casos. Com a pesquisa de Veronesi, o papel do macrófago enquanto auxiliar de limpeza do organismo é elucidado. Dentre suas funções estariam a destruição dos vírus, bactérias, células cancerosas, eliminação do excesso de colesterol, limpeza de esteróides, regulação
de hormônios, estímulo de complexos auto-imunes entre outros. Condenação uníssona A reação da “grande imprensa” sobre o vídeo não demorou e recebeu destaque, inclusive, em famoso programa de tevê dominical da Rede Globo. A matéria mostrou a opinião de representantes dos conselhos federais de medicina, enfermagem, secretarias de saúde e usuários da autohemoterapia. Entretanto, os porta-vozes dos conselhos e entidades afins desqualificaram a técnica por não apresentar respaldo científico suficiente. Para o presidente do Conselho Federal de Medicina, Dr. Edson de Oliveira Andrade a divulgação e a venda do DVD seriam resultado de uma “articulação de auto-benefício para auferir lucro em detrimento da saúde das pessoas." “... esse tratamento, na realidade, não tem nenhum embasamento científico. Trata-se literalmente de uma picaretagem. Vem um indivíduo desse, mau caráter, e oferece um tipo de tratamento que não existe nada a justificar a sua existência”, argumentou o presidente do CFM, no programa exibido em abril deste ano. Em carta enviada ao Presidente da República e ao ministro da Saúde, os organizadores de uma campanha em favor da AHT solicitaram uma moção específica de desagravo ao cidadão e médico, Dr. Luiz Moura, movidos principalmente pelas declarações do presidente do CFM. Procurada pela reportagem do jornal O Ponto, a Fundação Hemominas respondeu por meio de uma artigo-padrão os questionamentos sobre a AHT. “Após várias buscas, o corpo técnico da Fundação Hemominas não encontrou nenhum trabalho científico válido que comprovasse o valor terapêutico e a segurança da ‘auto-hemoterapia’. Sendo assim, já no final do ano passado, a Fundação Hemominas, em orientação a todas as suas unidades do estado, contra-indicou e proibiu a realização desse procedimento”. Também sob o argumento de ausência de respaldo científico, o Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais condenou a auto-hemoterapia, em concordância com o Conselho Federal. Em nota assinada pelo presidente Carlos Chiattone, foi a vez da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia SBHH, afirmar que “não reconhece, do ponto de vista científico, o procedimento auto-hemoterapia, além de desconhecer na literatura médica, tanto nacional quanto internacional, qualquer estudo com evidências científicas sobre o tema”. Para Ralph Viana, psicólogo e editor do Jornal Bem Estar, os interesses contrários à AHT começaram a aparecer ainda no final dos anos 70. Em artigo intitulado “Quando o corpo cura ... e é interditado”, Viana destaca uma passagem em que Luiz Moura descreve um
boicote a um de seus trabalhos, originado de um emblemático caso de cura de esclerodermia (doença inflamatória da pele). “Surgiu na ocasião um concurso patrocinado pelo Laboratório Roche e pelo Hospital Central da Aeronáutica. Redigimos então um trabalho minuciosamente documentado com exames complementares e fotografias em slides da paciente. O concurso cujo tema era originalidade não publicou o trabalho”, relatou o médico. Apesar da criminalização da AHT, o CRM do Rio de Janeiro já havia absolvido o Dr. Moura por unanimidade sobre acusações de conduta profissional ilícita. Além disso, a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária - e o CFM não registraram até o momento, nenhum relato de danos provocados pelo tratamento. Dr. Moura foi o primeiro presidente médico do extinto Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social – Inamps, extinto com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Futebol e auto-hemoterapia A AHT também freqüentou as notícias de esporte. No dia 31 de maio, a contusão do jogador Marinho do Clube Atlético Mineiro foi manchete do programa Globo Esporte. Com a chamada “Marinho recorre à fé e a um tratamento pouco comum para se curar de uma lesão”, a matéria contava a história da recuperação de uma contusão sofrida pelo jogador. “Há dez dias, Marinho se submeteu a um método inédito no tratamento médico de um atleta no Brasil. Do braço do jogador foram retirados 30 mililitros de sangue e parte dele foi aplicado na coxa direita para reforçar o processo de cicatrização do músculo lesionado”. A reportagem descreve o tratamento sem, no entanto, citar o nome da técnica. Vinte dias depois foi a vez da rádio Itatiaia noticiar o mesmo fato sem ressalvas. Outro caso conhecido envolve o jogador alemão Franz Beckembauer, eterno capitão da seleção alemã de futebol, que fazia uso regular da AHT antes de entrar em campo. Cidade mineira na vanguarda do tratamento A cidade de Cataguases, na Zona da Mata mineira, foi palco de um importante ato de apoio à auto-hemoterapia. O município recebeu o médico Luiz Moura para o lançamento da Campanha Nacional em Defesa da Auto-Hemoterapia, no dia 04 de agosto. O evento contou com a presença de cerca de 800 pessoas, entre profissionais da saúde, usuários da AHT e curiosos de algumas partes do país.A palestra teve o apoio do prefeito de Cataguases e da Secretaria Municipal de Saúde. “Muitos enfermeiros-chefe e laboratórios locais se colocaram contra o ato, na época. Entretanto já demonstram in-
teresse em conhecer melhor a AHT”, afirmou Joana D’Arc de Oliveira, uma das organizadoras do ato, ao lado do marido, o advogado Ronaldo Brandão. Para Brandão, o resultado da campanha em Cataguases foi positivo e pode ser potencializado. “Uma rádio local nos forneceu o equipamento de som, várias equipes do Programa Saúde da Família apoiaram o ato e não sofremos nenhuma represália por parte da Anvisa, Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e CRM”, argumentou. “Desconfio da presença de alguns fiscais dessas entidades, mas devido a grande participação das pessoas no evento, eles (fiscais) provavelmente acabaram não se manifestando”, especulou. Segundo Brandão, um laboratório da região já realiza a AHT em 430 pessoas e cerca de 100 funcionários de outra empresa também fazem uso o tratamento. Para o advogado, o contato com a AHT começou há 50 anos em decorrência de uma doença, conhecida hoje como febre reumática. Na época, a autotransfusão (antigo nome da AHT) o teria salvo da enfermidade que já comprometia seu tempo de vida. Ele afirma que com a divulgação da AHT, a população será a grande beneficiada, se incentivada por políticas de saúde pública afinal, “a indústria farmacêutica continua enchendo os bolsos dos grandes latifundiários da farmacologia”, criticou. De acordo com Brandão, a secretária de saúde de Ubá também se prontificou a promover uma conversa com o Dr. Moura. A cidade de Juiz de Fora também já recebeu o médico para uma palestra similar à de Cataguases, sob os cuidados da professora do Curso de Enfermagem da Universidade Antônio Carlos (Unipac) de Juiz De Fora, Telma Giovanini. “O evento aqui em Juiz de Fora foi um sucesso e aconteceu na semana de enfermagem da Unipac, em maio, e não houve represálias” afirmou Giovanini. No mês de setembro a AHT foi contemplada em pelo menos cinco estudos apresentados no último Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem, realizado em Curitiba. Para Giovanini, orientadora de uma série de pesquisas que utilizam a técnica da hemoterapia, o simples fato de aceitarem seus trabalhos já caracteriza uma abertura do Coren. Solicitada pela reportagem do jornal O Ponto, a professora encaminhou dois estudos recentes produzidos pela mesma, em co-autoria com outros pesquisadores, onde a AHT teria sido determinante para a cura de um caso de psoríase (doença inflamatória da pele e sem cura pelos métodos tradicionais da medicina) e em um caso grave de esclerodermia. Os estudos trazem fotos e históricos dos pacientes. No endereço www.campanhaauto-hemoterapia.blogspot.com é possível acessar um grande acervo de notícias, pesquisas e vídeos sobre a AHT.
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S A Ú D E 05
Agulha
da
CLASSIFICADA INFORMALMENTE COMO UMA TÉCNICA COMPLEMENTAR DE SAÚDE, A AUTO-HEMOTERAPIA DESAFIA A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA E QUESTIONA SEU MODELO HEGEMÔNICO DE SAÚDE QUE PREGA A CURA AO INVÉS DA PREVENÇÃO
Cultura de medicamentos sob a ótica da mídia Em pesquisa divulgada pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), o mercado de testes clínicos no Brasil já movimenta US$ 8,4 bilhões/ano. Apenas em 2006, 1.738 projetos foram enviados às instâncias regulatórias nacionais e mais de 60 mil pessoas estariam envolvidas em pesquisas. Com relação aos gastos planejados, o montante informado pelas empresas para o período entre 2002 e 2006, foi de pouco mais de R$ 877 milhões, ou cerca de R$ 175 milhões por ano. Para Marileni do Nascimento, socióloga e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, a proliferação das farmácias no Brasil é um reforço de tudo isso. “De acordo com a Organização Mundial de Saúde há um excesso de 30 mil farmácias e drogarias no país”, citou. Em visita recente a Belo Horizonte, a socióloga participou do II Seminário Mídia e Saúde Pública, evento organizado pela Escola de Saúde Pública de Minas Gerais. Na ocasião, Marileni divulgou uma pesquisa realizada para sua tese de doutorado intitulada “A centralidade do medicamento na cultura contemporânea”. O trabalho contou com a análise de 237 reportagens veiculadas em grandes jornais impressos e revistas semanais nas décadas de 1980 e 1990 . Para a pesquisadora, o período pós-II Guerra foi o marco para a expansão da industria farmacêutica. A pressão dos fabricantes, por sua vez, passaram a influenciar autoridades de Estado, médicos, usuários e pesquisadores, construindo, em muitos casos, as demandas por medicamentos, além promover uma grande comercialização, especialmente em países periféricos. Segundo a pesquisadora, o trabalho teve como objetivo relatar o significado e o sentido atribuídos aos medicamentos na cultura, e sua justificação enquanto elemento terapêutico. No estudo, analgésicos (dor), antiinflamatórios, antipiréticos (febre), antibióticos, e vitaminas foram pesquisados a partir do enfoque que recebiam nas reportagens - riscos, benefícios e incentivo ao consumo. Sobre a aspirina e analgésicos a autora destaca uma pesquisa divulgada na revista New England Journal of Medicine e publicada em reportagem do jornal O GLOBO. O estudo aponta que as
ulceras provocadas pelo uso excessivo desses medicamentos são responsáveis pela morte de 16.500 pessoas nos EUA por ano, quase o mesmo número de mortes provocadas pelo HIV. Além disso, a pesquisa afirma que o uso da aspirina pode inibir a coagulação das plaquetas células presentes no sangue formadas na medula óssea. Para Dr. Moura a divulgação da AHT tem como vantagem a substituição de certos medicamentos. “É uma coisa que poderia ser divulgada e usada em regiões sem recursos em que as pessoas não têm condições de pagar estímulos imunológicos caríssimos, como por exemplo, aqueles 'feitos' de medula óssea”. “... eu não posso dizer o nome do medicamento, porque não estou aqui fazendo propaganda, mas é um medicamento caríssimo, que se usa para produzir o mesmo efeito da auto-hemoterapia, que é o lisado de timus de vitela”, explicou no vídeo. Outro exemplo destacado pelo Dr. Moura é o Estimamizol, um medicamento utilizados para combater vermes, cuja matéria-prima genérica chama-se Cloridrato de Levamisol. Segundo Moura, o Estimamizol teria sido usado em uma campanha contra verminose na população pobre da Califórnia, quando foi detectado seu bom resultado nas pessoas que sofriam de leucemia. Tudo isso graças ao grande potencial imunológico que o Cloridrato de Levamisol possuía. Sua eficácia também foi registrada em uma série de doenças como herpes simples, herpes zoster, hanseníase, artrite reumatóide e como complemento da quimioterapia e da radioterapia nos casos de câncer. Entretanto, Moura afirma esse medicamento teria sido retirado do mercado sem explicação alguma. Acontece que a fórmula do Estimamizol é semelhante a do Ascaridil, medicamento que combate a ascaridíase e receitado pelo médico nos casos citados acima. O médico explica que mantém uma cópia da bula dos dois medicamentos para fundamentar que o uso do remédio para vermes no combate de uma artritre, por exemplo, não é mero devaneio. “Estou com herpes zoster e ele está me dando ascaridil. Ele deve estar esclerosado”, brincou o médico.
Debate em congresso aborda consumo racional de remédios "No que diz respeito aos medicamentos, a estratégia da inovação adotada pelos laboratórios farmacêuticos decorre, com maior freqüência, da lucratividade dos novos produtos e não necessariamente de sua essencialidade, caracterizando-os cada vez mais como produtos de consumo. Nesse sentido, as 'novidades farmacêuticas' têm sido dirigidas a grandes massas populacionais, garantidoras da venda em larga escala, ou a nichos muito específicos da população, situação em que a lucratividade advém do elevado valor unitário". É dessa forma que o II Congresso Brasileiro sobre o Uso Racional de Medicamentos apresenta o tema "Incorporando o Uso Racional de Medicamento à Agenda de Saúde do Brasil". Realizado em Florianópolis entre os dias 15 e 18 de outubro, o evento voltado para docentes, pesquisadores, estudantes e profissionais das áreas médica e farmacêutica tratou de questões como a orientação no uso medicamentos, erros de medicação, propaganda de medicamentos e matérias jornalísticas que divulgam informações sobre os mesmos. Para Marileni Nascimento, o consumo de medicamentos não só pode como já é estimulado. "A propaganda é cada vez mais excessiva além da promessa de cura espontânea e acesso facilitado aos medicamentos", afirma. Para a pesquisadora, as pessoas optam pelo uso do remédio ao invés de procurar uma simples mudança nos hábitos, que poderiam trazem efeitos mais significativos em seus tratamentos. "O uso excessivo de medicamentos no Brasil já é a primeira causa de intoxicação e corresponde a
30% dos pacientes internados”, declara. Para os apoiadores e organizadores do Congresso, minimizar o consumo de remédios está ligado ao rearranjo de políticas públicas e a criação de pesquisas que tratem exclusivamente do uso racional de medicamentos. "O Estado, como o grande comprador, sofre direta e indiretamente as pressões do mercado farmacêutico. Essa indústria, em suas estratégias de marketing, explora fortemente os componentes simbólicos que associam os medicamentos a resultados que ultrapassam suas potencialidades reais. Assim, enquanto objeto de consumo, a demanda por medicamentos não necessariamente encontra-se em consonância com necessidades prioritárias da população. Além disso, de seu uso podem resultar intoxicações e doenças iatrogênicas (causadas pelo uso irregular), realimentando o sistema com mais demandas ao setor saúde", resumiu em nota a comissão organizadora do evento. Segundo o professor Valdir Castro, o exercicio do controle público no Brasil é precário ou pouco desenvolvido. Para o professor de Comunicação da UFMG, presente no Seminário Mídia e Saúde Pública citado nesta matéria, o espaço público midiático domina os campos de discussão e não seria diferente nos temas relacionados à sáude. Segundo ele, o processo midiático é um processo que busca reduzir a complexidade, construir uma agenda e dessacralizar o poder. Entretanto, o controle social continua fortalecido dentro do SUS, contrarindo os modelos privatistas de olho no seu quinhão.
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06 E S P O R T E S
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Belo Horizonte – Outubro/Novembro/2007
2014
PARA ZEZÉ PERRELLA, O ESTÁDIO MINEIRO ENCONTRARÁ DIFICULDADES NA BUSCA POR PARCEIROS NA INICIATIVA PRIVADA PARA REALIZAR SUA REFORMA PARA COPA DO MUNDO BRUNO MARTINS OTÁVIO COSTA LUCAS BARBOSA 6º PERÍODO
Vice-presidente do Cruzeiro Esporte Clube, José Perrella de Oliveira Costa foi presidente do time da raposa durante oito anos. Durante sua presidência o time conquistou 14 títulos. Tanto tempo à frente do clube lhe renderam experiência de quem conhece o cenário do futebol no Brasil e no mundo. Atualmente Deputado Estadual, Perrella foi também deputado federal por Minas Gerais em 1998, fatos que o levaram a ser citado em seu partido a uma pré-candidatura a
Clube dos 13 “O Clube dos 13 comemorou em julho, 20 anos de total dertupação. O clube se tornou um clubezinho, onde os dirigentes de Flamengo, Corinthians, São Paulo, Vasco e Palmeiras mandam e desmandam nos clubes ‘pequenos’. Cruzeiro e Atlético abandonaram a última reunião (16\10) porque não concordamos com as divisões das cotas de TV. Os ‘cinco grandes’ recebem 40% do total da cota que é divida para 20 clubes. Tudo gira em torno do dinheiro repassado pela TV, conversamos (Cruzeiro e Atlético) com o presidente do Clube dos 13 para termos pelo menos 4,7% do total das cotas de TV. Porque o total de 300 milhões vai passar para 800 milhões reais e aí a diferença para os outros clubes pode passar para quase R$ 20 milhões . O abandono foi na verdade um protesto, porque sabemos que em todas as votações vamos perder. Nessa reunião, por exemplo, Grêmio e Internacional votaram por receber R$ 15 milhões de cota ao invés de 17. Perdemos a votação por causa desses dois clubes. Isso gera um monte de especulações, será que eles receberam pagamento de outra forma? Outra reivindicação nossa é que queríamos uma democratização no clube dos 13, um conselho administrativo com oito membros que pudesse destituir o presidente da organização se fosse necessário. O Fábio Koff, que é o atual presidente, recebe R$ 80 mil por mês para realizar duas reuniões durante todo ano”.
Rio e São Paulo “Estamos tão por baixo com a mídia em relação a Rio e São Paulo que se não estivermos unidos fica realmente complicado. Temos que ser competitivos mesmo com a receita menor. As grandes mídias estão em São Paulo e no Rio. É difícil fazer futebol fora do eixo, a sorte é que eles são muito incompetentes tirando um ou outro. Nossa preocupação é que o financeiro influa nas competições. Mais que a diferença na divisão das cotas de TV é o desequilíbrio técnico que pode acontecer. Com uma diferença de dez milhões de reais, os clubes desses estados podem contratar dez jogadores de um milhão, por exemplo”.
Futebol Mineiro “Ficou muito caro fazer futebol hoje em dia, clubes como América e Vila Nova não têm recursos. Cruzeiro e Atlético quiseram fazer uma parceria com o América no passado recente e os dirigentes se julgaram tão importantes que recusaram ajuda e hoje o time está em situação de insolvência. Falta dinheiro e não tem receita. Temos jogadores emprestados com Vila Nova e Ipatinga. Estamos sempre dispostos a ajudar. O fortalecimento do futebol mineiro será o fortalecimento de Cruzeiro e Atlético”.
Cruzeiro e Atlético “Cruzeiro e Atlético nunca estiveram tão unidos fora das quatro linhas. A rivalidade não pode extrapolar as raias da razão. Fui em reunião no Clube dos 13 autorizado a falar pelo
prefeitura de BH. No cenário esportivo, ele não poupou criticas ao clube dos 13 que chamou de “clubezinho onde cinco comandam”. Criticou a lei Pelé, que em sua opinião foi feita para transformar seu autor em empresário de futebol.Disse que o futebol se tornou um grande negócio e que por isso o Cruzeiro continuara vendendo jogadores para poder brigar por títulos. Afirmou que o estádio do clube ficará pronto em dois anos e acha que este é que sediará os jogos da Copa do Mundo de 2014 que forem realizados em Belo Horizonte, já que não acredita na reforma do Mineirão. Ele falou em entrevista exclusiva ao jornal O Ponto e a rádio Fumec. Abaixo você confere trechos editados de sua entrevista.
Atlético assim como o Ziza foi em outras autorizado a falar pelo Cruzeiro. O que alguns chamam de G5 no clube dos 13 eu chamo de G2. Com o Ziza a relação é muito boa, ele sabe que a briga com o Cruzeiro tem que ser nas quatro linhas e fora temos que ser parceiros. Os problemas com o Atlético ocorreram com diretorias passadas, principalmente com o Kalil, aonde eu entendi que não estavam respeitando o Cruzeiro”.
Cristina Barroca 7º G
Pesquisa “No dia 14 de outubro foi divulgada uma pesquisa da CNT/Sensus, em que o Santos aparece na sétima colocação no número de torcedores. Segundo a pesquisa, a torcida santista ganhou quatro milhões de torcedores em apenas um ano, é uma pesquisa duvidosa. Se compararmos com as pesquisas anteriores, como a do Ibope, Lance e Datafolha. A torcida do Santos deixou de ser a décima para assumir o sétimo lugar, ultrapassando o Cruzeiro. Para mim essa pesquisa é coisa de Mandrake, porque o Santos já recebia uma valor intermediário das cotas, R$ 18 milhões, com o argumento que está em São Paulo, agora conseguiu outro. Para mim é uma pesquisa manipulada, com todo respeito ao instituto, que ainda coloca a torcida do Cruzeiro (3,3%) com o dobro da torcida atleticana (1,5%). É lógico que a nossa é maior, mas não chega a tanto essa diferença”.
Record x Globo “A concorrência de emissoras é um negócio muito saudável para os clubes. Recebíamos um valor irrisório de cota de TV para o Campeonato Mineiro, eram R$ 2 milhões para ser dividido entre doze clubes. Depois que a Record entrou na disputa pelo direito de transmissão, nós conseguimos fechar um contrato de quinze milhões de reais com a Globo. Ainda é uma valor baixo, mas dá para cobrir as despesas dos quatro meses de campeonato. Antes a gente pagava para disputá-lo. No Campeonato Brasileiro o valor aumentou em 500 milhões de reais com a disputa entre essas emissoras”.
Venda de jogadores “Muita gente critica e diz que devemos vender o espetáculo e não o artista. Essa realidade não é do futebol do brasileiro, e sim do europeu, em que as rendas cobrem 50% do departamento de futebo.No Brasil não chega a 10%,no máximo R$ 800 mil por ano se o time estiver bem. O Cruzeiro gasta em média, 700 mil reais só para colocar o time em campo. Temos que ser competitivos mesmo com a receita menor. Para competir, temos que ser vendedores. Temos que ser fábrica de jogadores e vender pelo menos um jogador por ano. No dia em que o cruzeiro parar de vender seus jogadores, os torcedores podem ficar preocupados, porque com a recei ta fixa de R$45 milhões vamos brigar para não cair”.
Timemania
Lei Pelé
“No caso do Cruzeiro, vamos receber dinheiro. São cerca de R$600 mil por mês com a loteria Timemania. Enquanto isso, outros clubes vão acertar os passivos fiscais e trabalhistas. Demorou para o governo apoiar os times de futebol, porque já há incentivos à cultura e ao vôlei. O futebol que tem grande apoio popular não tinha subsídio estatal. Mas a loteria não é de graça, na verdade eles estarão usando a nossa marca para vender esse produto.”
“O Pelé fez a lei com outras intenções, ele queria virar empresário de jogador e nem isso conseguiu, já que sua empresa fechou em seguida. Ele prestou um desserviço ao Brasil. Falei com ele que a inteligência dele está nos pés. Os empresários compram os passes dos jogadores e manipulam os jogadores como mercadorias. Os empresários passaram a ser donos dos jogadores. Tem jogador que chega à categoria de base com 13 anos já com um empresário e olha que esses nem repassam o dinheiro que ganham aos meninos”.
Dívidas “O único problema do Cruzeiro Esporte Clube é com os famigerados bingos que surgiram como solução e tornaram pesadelo para o clubes. Como não tínhamos nem condições, nem tempo para administrar, eles foram deixados nas mãos de terceiros que sonegaram impostos. Essa é a nossa única dívida, que gira em torno de R$20 milhões que está pactuada com o Refis. Hoje pagamos R$15 mil por mês, que é um valor pequeno, por isso nem entramos na justiça para recorrer. O Cruzeiro sempre cumpriu suas obrigações e é o único clube do Brasil que paga fundo de garantia para todos os seus jogadores. Até os atletas dos anos 60 estão sendo chamados até hoje para receber o dinheiro.”
Torcidas Organizadas “Não sou muito a favor de torcida organizada, muitas vezes elas afastam outros torcedores dos estádios, principalmente as famílias. Exemplos de vandalismo têm aos montes. Não diria para extinguir, mas pelo menos regulamentar e ter um patrulhamento maior, porque há muita gente de bem mas também muito bandido que se mistura para fazer vandalismo. As torcidas de Minas ainda são melhores que as do Rio e São Paulo, porque essas na verdade são bandidos disfarçados, que querem bater nos jogadores e mandar no clube”.
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E S P O R T E S 07
Não
“
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acredito no
Mineirão
Cristina Barroca 7ºG
há um problema jurídico. O terreno é da Universidade Federal e o estádio é do governo. O Aécio disse que passaria a administração do estádio para Cruzeiro e Atlético e nós dissemos que não temos interesse em administrar o Mineirão”.
Estádio Próprio
Pirataria “A pirataria é um negócio vergonhoso, camisas falsificadas são vendidas em frente ao estádio com vários policiais em volta. Por isso não temos quase nenhum retorno com as vendas, enquanto são vendidas 150 mil camisas piratas por semestre, nós negociamos 15 mil por mês. E a concorrência é desigual também, enquanto a oficial custa R$150, a pirata é vendida por cinco reais e não recebemos royalt algum por elas”.
Patrocínios “Nossas principais fontes de renda continuam sendo o patrocinador principal do uniforme e as cotas de TV. Mas para se ter uma idéia, enquanto o São Paulo recebe R$20 milhões por ano do patrocinador, nós recebemos menos da metade. Valor alto, se compararmos com os contratos anteriores. O valor recebido pelo Atlético é ainda menor, sem querer zombar, mas o Cruzeiro recebe mais que o dobro”.
Competições internacionais “Não entendo porque acabaram com a Supercopa, a média de torcedores cruzeirenses nessa competição era de 72 mil por jogo e ainda recebíamos 200 mil dólares por partida. Criaram a Copa Sul-Americana, em que os times jogam com as equipes mistas e recebem 120 mil dólares por fase. Com todo respeito, não dá para disputar um torneio em que entra Criciúma, Figueirense e outras equipes que não tem tradição internacional. Na Supercopa enfrentávamos Boca Junior, River Plate, hoje dificilmente saímos do país para disputar uma partida, as equipes de base viajam mais que a profissional”.A Libertadores paga dois milhões de dólares se o clube chegar à final, não é um valor suficiente, porque há gastos com premiação e bichos aos jogadores, então se empatar já é um grande negócio”.
Mineirão “A reforma do Mineirão vai custa por volta de R$300 milhões (segundo e emissora ESPN Brasil, em programa apresentado no dia 06 de novembro, a reforma pode chegar a R$200 milhões). O governo busca parceiros na iniciativa privada, mas sinceramente acho que não vai conseguir. Falei com o governador Aécio Neves, não acredito no Mineirão, estádios melhores no exterior foram demolidos. O Mineirão hoje é antieconômico, apesar de muito bom para a prática de futebol, um estádio não vive só disso. Atualmente é necessário ter uma arena multiuso, onde você possa utilizá-la para dar mais rentabilidade. O governador está empenhado com a reforma, mas além da dificuldade em encontrar parceiros,
“Tenho um sentimento que os jogos da Copa do Mundo de 2014 que forem realizados em Belo Horizonte ocorrerão no estádio do Cruzeiro. Como já falei, vai ser difícil alguém botar dinheiro no Mineirão. No máximo em dois anos o estádio do Cruzeiro fica pronto, é o tempo que se gastou para construir a mesma obra em Portugal. Já temos o grupo de investidores portugueses, um deles o Banif, banco que captou outros investidores. O dinheiro, cerca de 800 milhões, já está disponibilizadopara o projeto, só estão faltando alguns detalhes. Em janeiro ou fevereiro do ano que vem começaremos as obras, só o estádio vai custar 350 milhões de reais. Os investidores já iniciaram as negociações com os proprietários de um terreno no Buritis e o outro em Nova lima. Eles fazem questão que a obra seja na zona sul, pois o objetivo deles é lucrar com o entorno do estádio,que terá apartamentos, shopping e outros comércios. Vamos receber 30 milhões só com a venda do nome do estádio e o clube vai ficar com toda a arrecadação dos jogos será toda nossa, apesar de não gastar nada com a construção”.
Prefeitura de Belo Horizonte “Meu nome foi citado pela votação expressiva que tenho em Belo Horizonte. É uma coisa que eu gostaria e teria o maior prazer em ser prefeito da capital. Mas falta combinar com a torcida do Atlético. Deixei meu nome a disposição para participar de uma composição, mas não estou aficionado por isso. Vamos deixar as coisas acontecerem. Acho que BH precisa de um gestor, de um gerente e não de um político. Uma cidade é como uma empresa, se for bem administrada apresenta resultados. É uma coisa que eu tenho certeza que faria bem. Me julgo capaz de gerir BH porque toda minha vida fui administrador. Estamos cansados de políticos só com visão política, ele tem que ter principalmente uma visão administrativa sem esquecer o lado social”.
“É difícil fazer futebol fora do eixo RioSão Paulo, nossa sorte é que eles são muito incompetentes.”
“ No máximo em dois anos o estádio do Cruzeiro ficará pronto”
”
De olho no lance
Zezé Perrella cita nesta entrevista a pesquisa CNT/Sensus divulgada no dia 15 de outubro. Segundo a pesquisa, a torcida do Santos ultrapassou a do Cruzeiro se comparararmos com as anteriores, do Ibope de outubro de 2004 e do instituto Datafolha, que foi divlgada em setembro do ano passado. O Ponto não perdeu nenhum detalhe e recuperou essas pesquisas. A torcida do Flamengo aparece na primeira colocação em todas as pesquisas seguida por Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Vasco respectivamente. O que difere são os sextos e o sétimos lugares, nessas posições há uma troca entre Cruzeiro, Santos e Grêmio. Na pesquisa do Ibope a sexta torcida é do Cruzeiro com 3,7% seguida pela do Grêmio(3,5%) e do Santos com 2,7%. Já o instituto Datafolha coloca o Grêmio na sexta posição com 4% e o Cruzeiro e Santos empatados com 3% na sétima posição. Na última, do instituto CNT/Sensus, o Grêmio permanece na sexta posição com 3,9%, seguido pelo Santos que cresceu 0,7% em ano e agora é apontado como a sétima torcida do Brasil com 3,7%, já o Cruzeiro vem na oitava colocação com 3,3%. Perrella também cita que o Atlético aparece com menos da metade torcedores do Cruzeiro na pesquisa do CNT/Sensus e os números confirmam - 1,5% na 11° posição, diferente das anteriores, em que o Galo é apontado como a 10° torcida com 2%. Acompanhe a variação no gráfico abaixo:
Futuro político “Pretendo é cumprir meu mandato e sair da política já que político no Brasil virou sinônimo de ladrão. Você tem até vergonha de falar que é deputado. Isso me incomoda muito. A maioria do povo que chama político de ladrão tem toda razão porque a grande maioria é e essa é”.
Futebol x Política “A grande maioria dos meus eleitores são torcedores do Cruzeiro. Por isso os resultados do time acabam influenciando no resultado das urnas. É ruim fazer campanha quando o time está em má fase e é difícil separar o Zezé político do dirigente de futebol. Em 1998 fui o segundo mais bem votado, com mais de 185 mil votos, porque o Cruzeiro vinha de um título da Libertadores e fazia uma boa campanha no Campeonato brasileiro. Já a última eleição para deputado estadual, uma das eleições mais difíceis, acredito que foi resultado das políticas implantadas por mim quando era deputado federal, nesse período coloquei mais de 150 quadras poliesportivas espalhadas por todo o estado de Minas Gerais”. Confira a entrevista na íntegra no site da Rádio Fumec e click no link Perrella. www.pontoeletronico.fumec.br
“A maioria do povo que chama político de ladrão tem toda razão porque a maioria é e essa é a verdade”
“(..) Essa pesquisa(CNT/Sens us) para mim é coisa de Mandrake(...)” Zezé Perrella, vice-presidente do Cruzeiro
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“Sou contra brigas, mas gosto de ver as torcidas cantando no Mineirão”. Alex
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“Sou contra os baderneiros.Já ouvi falar que a Galoucura desfaz a carteirinha dos baderneiros, mas não conheço ninguém que a tenha perdido”.
Movidas por pa “Nas torcidas organizadas só têm marginal”.
BRUNA NATAL LUCIANA AVELAR GUSTAVO GERKEN PEDRO BETTI 1º PERÍODO
Paulo
E
las estão presentes em todos os jogos, viajavam atrás dos times, dão apoio, cantam, levantam bandeiras, vibram e se emocionam. Cobram quando preciso, xingam jogadores, juízes e diretores. Mas também provocam cenas deploráveis de violência e vandalismo, roubam, batem, quebram ônibus e em alguns casos provocam até a morte. O que será que move as torcidas organizadas? Amor
A voz da Galoucura O líder da Galoucura, torcida organizada do Atlético, William Palumbo, conhecido como Ferrugem, defende a agremiação. Ele garante que é contra a violência, que a torcida é um apoio para o time e destaca um lado positivo da Galoucura. Segundo Ferrugem a violência nas torcidas organizadas é em grande parte um reflexo do que a imprensa mostra. A imprensa relata muitos casos de vandalismos atribuindo-os a Galoucura e assim acaba atraindo pessoas com esse intuito para as torcidas. Ele acredita que se os meios de comunicação mostrassem o lado bom das torcidas, atrairia pessoas com esta mentalidade. “Então eu falo pra imprensa não mostrar só o lado ruim não, tem que mostrar o lado bom também”, argumenta. Ferrugem garante que os torcedores violentos são expulsos, mas defende que muitos dos que são presos com o uniforme da Galoucura não fazem parte da agremiação.“Muitas pessoas infiltram na Galoucura para assistir ao jogo no Mineirão”.(sic) A Galoucura também têm um papel social, “A gente
tem uma campanha extrema conta vandalismo em ônibus”. Ele explica que precisa da mídia para desempenhar este papel social.“Então a gente tem esse compromisso com a sociedade que amanhã o ônibus que você quebrou, pessoas que você ama vão precisar dele. A gente precisa da imprensa”. Um papel importante que as torcidas organizadas desempenham é o de cobrar do time. A torcida apóia o time, mas precisa ver resultados também. “Fizeram um alvoroço danado, mas o título da série B é pequeno. Queremos ganhar uma Libertadores, um Campeonato Brasileiro de série A” desabafa. A torcida quer ver o time dar raça, honrar a camisa e isso segundo ele não está acontecendo. Ferrugem discorda da conduta do presidente, o Sr. Ziza Valadares. “Ele falou no início do ano coisas que não foram cumpridas, que o Atlético iria bem no Campeonato Brasileiro, que no centenário do Atlético a gente ia disputar a Libertadores, ia contratar novos reforços e não aconteceu”. Sobre a diretoria do Atlético ele defende que “falta chegar uma pessoa
de pulso ali e botar as coisas para acontecer e não deixar pessoas que não fazem parte desse cotidiano ai tocar essa nação Atlético”. Para Ferrugem o Atlético não é transparente, as contas não vêm a público, a torcida tinha que saber disso, o que fortalece o clube é a torcida”. De acordo com ele o torcedor colaborador não é um bom negócio, pois não prioriza a maior parte da torcida. “Não fizeram um bom trabalho, não estão sabendo trabalhar o marketing da torcida do Atlético da torcida apaixonada que vai ao estádio, que é uma torcida de periferia”. Ferrugem é contra o alto preço do ingresso e reivindica um preço justo nas arquibancadas para o torcedor de baixa-renda poder comparecer. A Galoucura tem um conselho com dez pessoas que administram a torcida e tem uma eleição de quatro em quatro anos. Ela pretende ter também uma representação política. “Na próxima eleição vai sair um vereador daqui de dentro da torcida, estamos estudando três ou quatro nomes”, adianta.
Foto cedida por membro da Galoucura
PM é contra as organizadas ara a Polícia Militar de Minas Gerais as chamadas torcidas organizadas não deveriam existir. Segundo um coronel da PM que não quis ser identificado Belo Horizonte vem sofrendo há muitos anos com delitos causados por integrantes dessas organizações que considera criminosas. “Em todo jogo diversos ônibus são destruídos, muitos trabalhadores prejudicados, torcedores comuns machucados e até mesmo, algumas mortes de membros dessas falanges de bandidos. Se fossem só eles que morressem, estava de bom tamanho” declara. A PM também utiliza de força, mas segundo ele quando necessário.“Para separar brigas e tumultos de torcedores, que na maioria das vezes são muitos, usamos a força.” Ele explica que não têm como eles pedirem com educação. “Não podemos pedir assim: __ ei vocês, parem de brigar por favor! Usamos os bastões, pimenta e em último caso, balas de borracha e bombas de efei-
P
to moral, aquelas que assustam pelo barulho.” Os cavalos do recat (regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes), também são treinados para ajudar na organização de tumultos ou separar brigas no Mineirão. Segundo o coronel a solução para o problema da violência é a educação e a cultura. É um problema que não se resolve a curto prazo. “A crise é de educação. A Polícia Militar trabalha no efeito e o que precisa ser feito é trabalhar na causa. Por que as pessoas são ou estão violentas? Por que elas brigam pelo time de futebol e não brigam para ter um emprego, para ter educação? São muitas coisas envolvidas que estão muito longe do alcance de um policial que trabalha num estádio e depois ainda tem que voltar são e salvo pra casa, pra sua família” explica. Muitas torcidas desempenham atividades sociais como doação de sangue. Para a Polícia Militar esses momentos de solidariedade são poucos. “As doações de sangue ocor-
Torcidas em estilo arge PEDRO ROCHA 2º PERÍODO
Cenas de violência são recorrentes no entorno do estádio e afastam famílias do campo
rem uma vez ou outra assim como outros compromissos a favor da sociedade, mas a depredação e a violência ocorrem em todos os jogos”.Isso implica que não compensa ser de uma torcida organizada e para a polícia um cidadão que pertence a uma organização dessa, automaticamente já é um suspeito. Quanto a proibição da venda de cervejas no estádio, a Polícia é totalmente a favor.“Depois da proibição da cerveja, as ocorrências dentro e nas redondezas do estádio reduziram em 72%”, argumenta. A polícia tem os seus motivos para ser contra as torcidas organizadas. De acordo com o coronel só esse ano foram mais de 150 armas de fogo apreendidas com torcedores. Além de bombas de bola de sinuca que inclusive já deixaram um morto dentro do Mineirão em 1997, bombas de pregos, bombas de chumbo e foguetes usados para confrontos entre as gangues.
Um novo fenômeno está surgindo nos estádios brasileiros. Cansados das brigas e confusões causadas pelas Torcidas Organizadas, torcedores estão se juntando em grupos e formando as barras bravas no país. As barras surgiram na Argentina e no Uruguai nas décadas de 30 e 40, para utilizar violência no apoio ao time e em resposta aos policiais, na época chamados de barras nos dois países. Hoje em dia as barras estão presentes em toda a América Latina e nos Estados Unidos, o modelo de torcida está muito próximo aos Ultras europeus, que cantam durante todo o jogo, porém em vários jogos cometem atos de violência. A maior barra do mundo é a La 12 do Boca Juniors da Argentina. Os materiais utilizados nas barras são os trapos, faixas nas cores do clube com mensagens de guerra, apoio ou regionalismos, barras, faixas verticais para demonstrar que no setor está presente a barra brava do time, fogos de artifício, sinalizadores, bandeiras do clube, bandeiras do estado e outros itens que variam de torcida para torcida e a principal ideologia da torcida é o apoio incondicional ao clube. Com as constantes brigas nas organizadas, na torcida do Grêmio surgiu a Alma Castelhana,
por volta de 2001, torcida que se espelhava principalmente pelo fato de também fazer a “avalanche”, comemoração típica da torcida do Boca nos gols da equipe, Na época surgiram outras como a Setor 2 do Juventus de São Paulo, porém eram poucas e nenhuma em times de expressão. Com a subida para a série A em 2005, a Alma Castelhana ganhou muita força no Olímpico Monumental e cresceu muito e mudou o nome para Geral do Grêmio. Um dos motivos da mudança é o fato de vários torcedores serem contrários a ideologia “argentinizada” que existia no nome e em vários gritos que eram cantados em espanhol. Tiago, torcedor do Grêmio que entrou para a Geral diz que o método de torcida das barras é mais interessante e atrativo do que o das organizadas, que em vários casos utiliza muito da violência. Ele entrou na torcida por dissidências com a Super Raça Gremista, maior organizada do clube antes do surgimento da Geral. Para Fernando, também integrante da Geral, o torcedor entra para a Barra, pois ama muito o clube e se identifica com a tradição do clube e a barra uma das melhores formas para se mostrar isso. “A Barra dá uma sensação de liberdade e está desconectada de qualquer representação arbitrária” defende Fernando. Do final de 2006 até a metade de 2007 sur-
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ixão e violência “Sou completamente contra as torcidas organizadas. Tenho raiva delas”.
pelo futebol ou violência? Elas dividem opiniões, há quem as defenda e quem as condene. O Ponto entrevistou os líderes das maiores torcidas de Minas Gerais, a Galoucura e a Máfia Azul, um representante da Polícia Militar e uma psicóloga para ouvir a sua opinião sobre as torcidas. As torcidas se defendem afirmando que são contra a violência e que muitos vândalos se infiltram nas torcidas. A PM condena, os considera como bandidos. A psicóloga analisa o comportamento dos torcedores a partir do conceito de massa. Essa matéria traz também um novo conceito de torcidas que está crescendo no país.
que leva os torcedores, pessoas comuns, com diferentes histórias de vida se unirem e cometerem atos de violência? São diversos os fatores que os levam a isso. A professora de psicologia social e processos grupais da Universidade Fumec, Carmem Shffer, explica que o que leva as torcidas a praticarem violência é se esquecer que é um indivíduo e dentro dessa massa, se sentir menos responsável pelos atos como um indivíduo. A professora explica a violência das torcidas a partir de uma análise psicológica, utilizando o conceito de massa.“Quando eles estão na torcida, não há uma identificação, não há responsabilidade por que lá, como torcedor, eles são massa” explica. A massa tem principalmente, um objetivo que os une, mas, não existe uma relação estabelecida, o objetivo é o jogo. Dentro dessa massa existem grupos, ou seja, as torci-
A Voz da Máfia Azul
das organizada., Esses grupos possuem uma relação estabelecida e um objetivo que a principio é o mesmo da massa, a vitória do time para qual eles torcem. O que acontece é que os torcedores vão ao estádio, por exemplo, ao Mineirão, e se juntam à massa. Perante uma derrota, a frustração provocada por causa dessa derrota do seu time, qualquer pessoa, mesmo que não seja aquela da torcida organizada, que tenha um poder de liderança, pode provocar a ira daquela facção da massa que o acompanhar e extravasar sua raiva em qualquer coisa, pessoas ou objetos. “Em caso de pessoas, estas são os torcedores do outro time vitorioso, torcedores do time que tirou a vitória do seu time e, portanto quem deve pagar por isso”. Assim começa a maior violência entre torcedores de times rivais nos estádios. Os torcedores geralmente procuram as torcidas organizadas porque eles se identifi-
cam primeiro pelo time que torcem, por ter algo em comum entre eles e normalmente são acolhidos. “Nesse momento está ocorrendo processo de socialização, também um processo de fortalecimento do grupo torcida organizada, que se torna massa quando se junta com outros grupos com o mesmo objetivo.” Isso pode ser positivo quando a massa está reunida para movimentos pacíficos, doações de sangue e campanhas que ajudam pessoas desabrigadas e outras da mesma natureza, mas normalmente, a massa faz o que aquele que está na liderança manda como um tipo de hipnose. As pessoas ali não são indivíduos são partes da massa, pensando mais uma vez em ganhar ou perder. Isso os leva às vezes a praticar atos em benefício da sociedade como uma doação de sangue em massa. Não é o indivíduo quem está doando e sim a torcida do time que ele defende.
ntino chegam ao Brasil giram barras bravas em todas as regiões do Brasil, principalmente por causa do sucesso da Geral. Para tentar ganhar novos adeptos as organizadas do Grêmio se uniram e fundaram os Ultras, tentando copiar o método europeu, que tem como um dos maiores exemplos no mundo a torcida do Panathinaikos da Grécia e o Porto de Portugal. Uma das primeiras barras que surgiram no Brasil após o sucesso da Geral foi a Guarda Popular do Internacional, que procura se desvencilhar de ser apenas uma concorrente da Geral e também tem crescido muito nos últimos jogos da equipe. No ano passado, surgiu o Movimento 105 Minutos, a barra brava do Atlético, principalmente pelo fato de vários torcedores não concordarem com a maioria dos posicionamentos da Galoucura e também pela vontade de se fazer o apoio incondicional. Graças às desavenças com as organizadas, a 105 teve que se deslocar de setor e a cada dia que passa conquista mais adeptos e seus cantos são incorporados por boa parte da torcida atleticana. Outra barra que está fazendo muito sucesso é a Brava Ilha, do Sport Recife, com posicionamentos semelhantes aos das outras barras, mas o diferencial dela é o apoio em outros esportes, como por exemplo na final do Campeonato Brasileiro de Hóquei, realizada no dia
Josimar
José Pedro
Comportamento de massa O
“Sou a favor das torcidas porque tem que quebrar o pau mesmo, senão o futebol perde a graça. Só quebramos o ônibus da Galoucura, no nosso nós só estouramos o tampão pra surfar”.
“São as torcidas que animam o estádio, dão mais vontade de assistir o jogo. Só que uma quer mostrar para a outra qual é a mais animada, a mais forte e qual consegue roubar mais agasalhos da rival”.
A Máfia Azul torcida organizada do Cruzeiro garante que não prega a violência. A torcida organizada é uma forma dos torcedores se unirem em torno de uma paixão em comum. Para Paulo Augusto da Cunha Fonseca, líder da Máfia Azul, mais conhecido como Paulinho Popeye, muitos casos de violência são ligados a eles injustamente. “O material da torcida é vendido em todo o Brasil, e algumas pessoas usam o material mesmo não sendo membros da torcida” garante. Caso o membro venha a cometer um crime, ele é desvinculado da torcida. Só a polícia pode trazer o nome dos infratores que agem na torcida. “Depois de desvinculado da torcida, a máfia não garante que o torcedor violento vá mais ao estádio; isso é papel da polícia” argumenta Paulinho Popeye. Na semana do clássico, em setembro torcedores foram pegos depredando a sede do Atlético. “Eles usavam roupas da Máfia Azul, mas não eram integrantes”. A Máfia Azul tem uma preocupação social. “Em cada bairro temos um líder, e
cada mês escolhemos um líder para fazer uma ação social em sua região”. O trabalho voluntário inclui: agendamento de doações de sangue,ajuda em asilos e doações de agasalhos. Existem uma parceria entre o Sevac de Nova Lima, a partir do site da Máfia Azul (www.mafiaazul.com.br), e qualquer pessoa pode participar. Com relação ao time, a agremiação mantém uma relação tranqüila Ganha-se uma quantidade mínima de ingressos para a bateria e para as pessoas que ajudam a colocar as faixas. Mas discorda de algumas decisões da diretoria, como o programa de sócio torcedor. Para eles o programa é muito fraco. Em relação ao estádio do Cruzeiro eles concordam com a criação, mas não querem que o Atlético tome o Mineirão que será totalmente reformado para a copa de 2014. “O ideal seria que Cruzeiro e Atlético pudessem administrar o Mineirão”. Mas eles reclamam que “a diretoria do Cruzeiro não escuta muito o torcedor, só escuta o conselho eleito pelos sócios do clube” desabafa Paulinho Popeye.
Segundo Paulinho Popeye, os Perrelas dominam o conselho do Cruzeiro, são grandes administradores, mas precisam pensar mais no torcedor. Todo ano é necessário vender jogadores. A diretoria deveria pensar mais em futebol, ganhar títulos. “Desde 2003 a diretoria não pensa em contratar jogadores de bom nível”. A Máfia mantém uma relação amigável com o restante da torcida do Cruzeiro. “Mas a máfia azul é a única torcida que de verdade vai aonde o Cruzeiro for”. O cruzeirense é um torcedor que exige da diretoria. Ganha títulos, mas cobra do time. Os títulos do cruzeiro trouxeram muitos torcedores ao clube. As músicas da torcida visam apoiar o time. Há um trabalho muito grande da torcida para acabar com as músicas que usam palavrões. No quesito política, a torcida sempre esteve apoiando, mesmo que indiretamente, torcedores do cruzeiro, como o Perrela. Não há representantes da Máfia Azul. “Mesmo o Fubá, que será candidato ano que vem, não terá o apoio da torcida, só em troca de algum benefício”.
Foto cedida por membro da Máfia Azul
13 de outubro e com a promessa de total apoio à equipe de vôlei feminino do clube que fará sua estréia na Superliga de Vôlei 2007/2008. No Rio de Janeiro, os quatro grandes times tem barras, a Guerreiros do Almirante, do Vasco da Gama, Loucos pelo Botafogo do Botafogo,e a Urubuzada do Flamengo. Com exceção da barra do Vasco, que segue traços latinos, as barras cariocas são detentoras de um estilo próprio. O principal questionamento de torcedores que não fazem parte das barras é a cópia dos modelos latinos e não a criação de algo mais próximo da realidade das torcidas brasileiras. Torcedores de equipes que não tem barras ou que não pertencem às barras são críticos da forma de torcer e acham que isso é um plágio de argentinos e demais latinos. Para Tiago, da Geral, o exemplo das barras latino-americanas(em especial as argentinas) servem de ponto de partida para introduzir o conceito das barras no cotidiano dos estádios brasileiros e com o tempo ela ganhará sua identidade e se adequará melhor aos costumes brasileiros e as músicas serão mais regionais, do estado de origem do clube e outros detalhes mais regionais que poderão ser incluídos. * Os entrevistados preferiram não divulgar o sobrenome.
Atos de vandalismo causam danos também ao patrimônio público
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Turismo avança
no Vale do JEQUITINHONHA VISA DESENVOLVIMENTO PELO I FERNANDO KELLYSSON 2º PERÍODO O Vale do Jequitinhonha que é famosamente conhecido por sua pobreza econômica, possui grandes riquezas culturais, naturais e humanas. A região é cheia de histórias fortes, cenários marcantes, possui um rico folclore e muitas manifestações artísticas, além da culinária e do artesanato. Seu povo simples é também hospitaleiro e solidário. A partir destas características, surgiu um programa de governo: o Turismo Solidário, que visa desenvolver as potencialidades da região. A essência do programa é em primeiro lugar promover o desenvolvimento sócio-econômico na região. Para isto é necessário despertar no turista o interesse de ir até as comunidades e povoados dos municípios contemplados e ter contato com sua gente, suas culturas e costumes, fazer intercâmbios, amizades, e permutar conhecimentos pessoais, técnicas profissionais, educação, lazer e entretenimento. Segundo Marina Magalhães, gerente do programa, 91 famílias já foram treinadas e capacitadas pelo Sebrae para receberem os turistas em suas casas. Atualmente existem 73 receptivos familiares. Os municípios contemplados pelo programa são Diamantina, Serro, Minas Novas, Chapada do Norte, Couto de Magalhães de Minas, São Gonçalo do Rio Preto, Turmalina e Grão Mogol, abrangendo 20 comunidades pertencentes a eles. Foram investidos pelos governos federal e estadual R$ 700 mil no programa. A fim de
potencializar os receptivos para que eles mesmos sejam gestores em suas regiões e tenham contato direto com o turista na negociação. As reservas de hospedagem são feitas através da central que está disponível no site www.turismosolidario.mg.gov.br. No Vale do Jequitinhonha, o turismo não se restringe a um mero lazer, ele tem algo mais a oferecer. E o que seria? O que motivaria as pessoas a viajarem para uma das regiões mais pobres do país para fazer turismo? A resposta está nas comunidades, regiões ricas de humanidade, algo cada dia mais difícil de se encontrar nas grandes cidades. O Turismo Solidário é uma alternativa importante para o engrandecimento humano, a emancipação e o desenvolvimento dessa região tão flagelada pela pobreza. Este é um turismo para se sentir. Viagem A reportagem de O Ponto foi para o Vale a fim de conhecer de perto a realidade da população e como funciona o programa. Nossa primeira parada foi na cidade do Serro de onde seguimos para o seu distrito, São Gonçalo do Rio das Pedras e seu povoado, Capivari, situados a cerca de 37 quilômetros da cidade. Procuramos pela casa de Genésio e fomos recebidos por sua esposa Maria, uma jovem senhora e suas três filhas pequenas. Na casa pequena, uma sala de piso de tábua corrida, nela, uma pequena mesa, um radio velho e uma singela estante, no quarto onde ficamos hospedados, duas camas, o chão de cimento batido, sobre
uma mesinha um cântaro de água e no teto, um forro de fios de bambu. Tudo muito simples, porém de uma limpeza exemplar. Na cozinha, o fogão à lenha, uma pequena geladeira, uma mesinha e o banheiro fora da casa, também bem modesto. Sorrisos bailavam nos rostos queimados pelo sol, rostos possuidores de olhos encantadores. O pessoal é franzino, provavelmente a alimentação não é compatível com o trabalho que exercem. Genésio não estava em casa, mas seu pai veio conversar conosco e nos contou sua história. Depois de mais de uma hora de conversa, Maria nos chamava para o jantar: uma comida simples e saborosa. No jantar, todos ao redor do fogão à lenha se aqueciam, pois o local é frio. Em Capivari moram aproximadamente 490 pessoas, e é lá que o turismo solidário está mais avançado. Mesmo em condições tão difíceis, é impressionante a alegria do povo que por influência do programa, já organizaram um grupo de teatro e um conjunto que apresenta modas de viola e recita poemas, todos de autoria própria. Ao amanhecer, nos despedimos e saímos pelo sertão de solo petrificado e de cascalho branco, local onde em uma época foi palco da extração do diamante. Seguimos para Minas Novas no distrito de Campo Buriti, região muito assolada pela pobreza. Minas Novas possui 280 anos de existência e foi marcada pela exploração do ouro. Seu distrito, Campo Buriti, surgiu em 1969. Lá as mulheres praticam o artesanato em argila e produzem belas obras
de arte. A economia na região é realmente complicada. A terra é árida e imprópria para o cultivo e o garimpo não rende mais. A zona rural é muito povoada e o acesso à cidade é complicado, muitos vão a pé, em longas caminhadas. Essas pessoas que viveram muito tempo isoladas, agora recebem visitas, têm contato com pessoas que podem lhes transmitir novos conhecimentos e ouvi--las. Pessoas que também podem ajudar financeiramente, investindo neles e comprando seus produtos e serviços. Isto abre novos horizontes e renova a esperança dessa gente. Desafios O desafio é dar autonomia a esse nova modalidade de se praticar o turismo, que ainda está atrelado a outras modalidades - principalmente a dificuldades econômicas. E também dar condições aos próprios moradores dos locais para que eles mesmos sejam gestores do programa. Em alguns lugares do semi-árido e baixo Jequitinhonha, o atrativo é unicamente a sua gente e sua rica cultura. Quem for visitar esses lugares será movido exclusivamente pelo sentimento de humanidade e pelo interesse de conhecer pessoas imensamente honestas, verdadeiras e corajosas para enfrentar a vida. O interesse será ajudá-las, seja no investimento em infraestrutura, na criação de oportunidades ou na elevação do Índice de Desenvolvimento Humano, almejando o desenvolvimento sócio-econômico dessa região. E em troca, a vivência de experiências humanísticas e duradouras.
Luana Bastos
Receptivo familiar em Alecrim, distrito de São Gonçalo do Rio Preto, onde o programa Turismo Solidário existe desde setembro
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Jequitinhonha INTERCÂMBIO DE CULTURAS E É PIONEIRO EM HOSPEDAGEM FAMILIAR
Os personagens dessa história Fernando Kelysson
O Pai de Genésio se chama José Felix. Ele é um homem de 71 anos, com as mãos grossas e calejadas dedicadas ao trabalho de uma vida toda, que nos recebeu para contar sua história com emoção. Ele nos falou das aventuras como tropeiro, do êxodo rural, do retorno a sua terra, dos momentos de fome e caminhadas à pé pelo cerrado. Disse que agora tudo havia mudado. Segundo ele, o IEF proibiu o garimpo, a extração da Sempre Viva (florzinha linda que não murcha e é comercializada para enfeites e artesanato, muito comum na região) e o plantio em até 30 metros à margem dos rios da região. “Depois disso ficou muito difícil para nós”, afirmou Felix. Ele aprova o projeto de turismo solidário desenvolvido na região, mas assume que a ajuda ainda representa pouco para seu orçamento. Próximo dali, em Campo Buriti conversamos com Dona Dica, uma senhora que cria sozinha dois filhos pequenos e os dois netos abandonados pela nora. Seu filho foi para São Paulo trabalhar na lavoura para conseguir algum sustento. Mas,, mesmo com tanta dificuldade, ela se mostrava feliz e confiante no futuro. De todos os habitantes locais, quem contou a história
mais comovente foi Dona Aparecida. Ela é uma senhora negra de mais de oitenta anos de idade, que mora na beira da rodovia em Couto de Magalhães. Sua casa é feita apenas de terra de formiga e estrume de gado, pintada de cal. Seu quarto comporta duas camas, um criado velho e roupas sujas dependuradas na parede; no meio da sala há um toco, e sobre este um filtro d’água e o rádio. Uma casa minúscula, que abriga ainda no quintal um fogão à lenha e um pequeno banheiro. Mais nada. Dona Aparecida diz que vive da ajuda dos vizinhos desde que perdeu o marido há muitos anos. Em tom emocionado, revela que seus três filhos foram assassinados pelo patrão quando trabalhavam em uma carvoeira. “Encostou um carro na minha porta e eu pensei que eram meus filhos. Eu ia até preparar algo de comer para eles, mas quando fui ver eram os caixões com os corpos”, conta ela com lágrimas nos olhos. Após o choque, tenta dar prosseguimento à vida, mesmo com a tristeza da perda dos filhos. Mas, logo depois, voltou a conversar com seu tom meio brincalhão, de quem ri perante a vida sofrida e não quer se entregar.
Seu Agenor, morador de Capivari, é um dos personagens do Vale do Jequitinhonha e se alegra com o programa na região
Norte de Minas preserva riquezas históricas em meio à pobreza do povo Situada ao norte e nordeste de Minas Gerais, o Vale do Jequitinhonha ocupa uma área de 71.552 km2, onde vivem cerca de 1 milhão de pessoas. O Vale compreende 85 municípios subdivididos nas zonas do Alto Jequitinhonha, Jequitinhonha SemiÁrido, Médio e Baixo Jequitinhonha. A maior parte do seu solo é árido e castigado pelas secas, quando não, por enchentes. Sua gente, em sua maioria, vive pouco acima da linha da pobreza. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é muito baixo, 75% de sua população vive da agricultura de subsistência e o PIB na região representa apenas 2,2% do PIB mineiro. O Vale do Jequitinhonha que antes era habitado por índios, veio sofrendo degradações desde o final do século XVII em virtude da exploração do ouro e do diamante pelos bandeirantes e pela coroa portuguesa. Muitas de suas cidades datam sua origem do século XVIII como é o caso de
suas duas cidades pólo: Diamantina e Serro. A região do Serro e Diamantina possui o solo petrificado e algumas áreas possuem um cascalho branco, local onde se garimpava o Diamante. A região é dotada de belas cachoeiras e parques florestais. Diamantina surgiu em 1722 em função da corrida ao ouro e diamante que margeava o Rio Jequitinhonha e se chamava Arraial do Tejuco. Já a cidade do Serro surgiu antes, em 1702 com a chegada dos bandeirantes e foi o primeiro município a ser tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN em 1938. O Serro possui um rico acervo histórico-arquitetônico, com monumentos religiosos e sobrados, além do folclore e manifestações artísticas e religiosas. Segundo Procópio, “a Associação de Congados do Serro é a segunda mais antiga do triunfo eucarístico em Minas, a primeira é de Ouro Preto.” Vila do Príncipe, como era chamada antigamente, era se-
de de uma das quatro primeiras comarcas da capitania das Minas Gerais e é lá que nasce o Rio Jequitinhonha que percorre todo o Vale e deságua no litoral baiano. O Semi-Árido e Baixo Jequitinhonha são as regiões mais pobres e estão ao Norte e Noroeste do Vale. Paradoxalmente foram regiões ricas em ouro e hoje são pobres. Outra cidade que visitamos, mais ao norte, foi Minas Novas, um município de 280 anos de existência, que possui 30 mil habitantes e também foi marcada pela exploração do ouro. José Baiano, um pequeno produtor rural, nos mostrou um toco que existe no ponto alto da cidade que na época do Brasil Colônia era uma forca usada pelos portugueses para punir os negros que se rebelavam contra a coroa. Segundo os moradores da cidade, é lá que está o primeiro sobrado construído no Brasil, cuja data da construção é desconhecida.
Mapa do PIB mostra a deficiência do Vale do Jequitinhonha
Fonte: Setur
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MORADIA NA MARRA Tereza Lobato 6ºG
UM DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS ENFRENTADOS PELA POPULACÃO DE BAIXA RENDA LEVA GRUPO DE ESTUDANTES A CRIAR AS BRIGADAS POPULARES, UM MOVIMENTO DE LUTA POR MORADIA
Fachada de um prédio ocupado pelas brigadas populares no começo deste ano, localizado em região nobre da capital PEDRO HENRIQUE VIEIRA 4º PERÍODO Atualmente, um dos problemas que mais afetam a população de baixa renda é a questão da moradia, o déficit populacional na capital mineira cresce cada dia mais e os programas de habitação oferecidos pela prefeitura ainda não são suficientes para atender à demanda. Com salários, aposentadorias ou pensões, as rendas familiares não são suficientes para pagar aluguel, muito menos comprar um imóvel. Com o objetivo de construir uma organização em outros moldes com atuação direta dentro das comunidades, em 2004, um pequeno grupo de estudantes das principais universidades da capital, se uniram para criar o movimento das brigadas populares. Utilizando como método de trabalho a realização de assembléias populares, as brigadas são um movimento de luta por moradia, que busca detectar as principais dificuldades vivenciadas pelas comunidades e iniciar a construção do poder popular. Uma das formas encontradas pela organização na efetivação dos direitos da população por moradia foram as ocupações urbanas. Trata-se de ocupações de edifícios ou construções abandonadas, efetivadas pela organização de reuniões e debates dentro das comunidades para as famílias sem casa e para as pessoas que estão no núcleo de moradia da Prefeitura de Belo Horizonte e que há muitos anos estavam na fila e não viam possibilidade de serem contemplados. Famílias que vivem em situações precárias, como nas áreas de risco, aluguel ou na base do “favor”, também são incluídas nas brigadas. As ocupações organizadas pelas Brigadas Populares estabelecem algumas regras para as famílias que participam da luta por moradia em prédios abandonados, como a divisão dos quartos a partir da necessidade de cada um, observando o tamanho de cada família e se tem alguém porta-
dor de deficiência. Aos poucos os ocupantes, na base da improvisação, vão colocando portas, janelas, e buscando meios de instalarem rede elétrica, água e esgoto. Nas ocupações espontâneas não existe muita organização, quem chega primeiro vai se abrigando nos melhores e maiores quartos. Para o advogado Fábio Alves dos Santos, 53, professor da Puc minas, é necessário que se repense a função social da propriedade, pois se ela não for cumprida com essa função, é nociva à coletividade e, portanto, não merece uma proteção jurídica: “Um proprietário que mantém sua propriedade abandonada deverá ser punido com institutos jurídicos que permitam ao poder judiciário expropriá-lo dando-lhe uma função social. A desapropriação tal como concebida na legislação vigente, premia o proprietário absenteísta e por conseguinte onera a coletividade”. Programas oferecidos pela prefeitura A Secretaria Municipal de Habitação tem programas habitacionais em Belo Horizonte voltados para pessoas carentes de moradia. Criado em 1996, o Orçamento Participativo da Habitação (OPH) foi desenvolvido com o objetivo de construir moradias para as milhares de pessoas sem casa. Segundo a Secretaria, o programa atende o movimento de luta por moradia, que é organizado em núcleo, abrangendo 152 associações. Utilizando da verba do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para construir unidades habitacionais visando oportunidades para pessoas com baixo poder aquitivo terem suas moradias, a Prefeitura de Belo Horizonte, em parceria com a Caixa Econômica Federal, conta com o Programa de Arrendamento Residencial (PAR) que oferece aos cidadão condições de conseguir uma moradia. Com taxas mensais de R$152,00 ou R$252,00 pagas durante 15 anos, o programa
funciona como se fosse um aluguel, com opção de compra do imóvel. Entre os quesitos para participar do PAR, os cidadãos precisam ter uma renda familiar entre R$700,00 e R$1.800,00, não ter o nome comprometido no SPC e Serasa e estar com a situação regular do CPF. Segundo dados do programa, 5.728 moradias foram entregues até outubro desse ano. De acordo com a Secretaria Municipal de Habitação, o OPH já entregou 3.155 unidades habitacionais, com 1.468 em construção e 736 em fase de planejamento. Segundo dados da Secretaria, os programas Orçamento Participativo de Habitação (OPH), o Programa de Arrendamento Residencial (PAR) e o Programa de Subsídios Habitacionais (PSH), em parceria com a Caixa Econômica Federal, mais de 17 mil novas moradias já foram entregues. Mas segundo a coordenadora da frente de moradia das Brigadas Populares, Sarah Otoni, os programas da Prefeitura de Belo Horizonte não ajudam como deveriam as milhares de famílias de baixa renda que não têm onde morar: “Há uma fila com mais de 13.000 pessoas inscritas, e o OPH vai construir 300 casas devido a pressão que o movimento faz na prefeitura. Ela trata as ocupações em espaços privados como se fosse algo jurídico, cabendo as famílias e os donos dos imóveis resolverem o problema, e não como uma questão social que cabe ao poder público resolver”. A espera Segundo a Secretaria Municipal de Habitação, existe uma fila pelo movimento de luta por moradia, onde cerca de 10 mil famílias estão na espera. Por isso não tem como abrigar as pessoas que foram despejadas das ocupações irregulares em prédios particulares abandonados. A recomendação da Secretaria é que as pessoas sem moradia se alistem nos programas da Prefeitura de Belo Horizonte e
aguardarem a sua chance de adquirirem uma residência. Aposentada como empregada doméstica, Tereza de Jesus, 71, confirma que os programas da Prefeitura de Belo Horizonte não são eficientes. Sem condições de participar do PAR, pois ganha apenas um salário mínimo, ela está inscrita no Orçamento Participativo de Habitação (OPH), mas espera na fila há mais de seis anos, e como não tem para onde ir, resolveu fazerparte das ocupações. As brigadas contam com alguns apoios, como o do grupo de estudantes de vários cursos de Saúde da UFMG, que ajudam de diversos modos o movimento de luta por moradia. Representados por Ramon Vieira, Isabela Regina, Pedro Henrique Machado, Leonardo Zambelli e Paola Figueiredo, o grupo participa há mais de seis meses das manifestações em prol do movimento. Em Belo Horizonte existem, atualmente, duas Brigadas Populares consolidadas: a Brigada da Serra e a Brigada do Lajedo, e três em processo de construção na Vila Acabamundo, no bairro Novo Boa Vista e na regional noroeste, além dos fóruns de moradia. Na atual ocupação, a João de Barro 2, localizada na Avenida Antônio Carlos, na região da Pampulha, é exposta na sala de reuniões e debates a bandeira em verde e amarelo, com uma faixa central em vermelho, e o nome das Brigadas Populares com o slogan “Pátria Livre / Poder Popular”. Ao término das reuniões, vem em coro os dois gritos de guerra das brigadas: “Pátria Livre! Venceremos!” e “Com luta, com garra, a casa sai na marra!”. Alexandre Moura, 36, que é um dos ocupantes da João de Barro 2, participa ativamente das brigadas, ajudando na luta por moradia. Para ele, as Brigadas Populares mostram para as famílias que participam das ocupações que com organização elas não serão vencidos pelas elites.
Trabalhando como autônomo, Moura é mais um que critica os programas da prefeitura, pois existem regulamentos com exigências que várias pessoas não têm condições de cumpri-las. De acordo com Sarah Otoni, se não houvesse interesses políticos e a justiça se baseasse no estatuto da cidade levandoum instrumento de lei chamado IPTU progressivo, ela desapropriaria os imóveis abandonados. Mas quando os proprietários dos terrenos ou prédios entram com ação requerendo a reintegração de posse, na maioria das vezes a justiça da ganho de causa e ordena a desocupação imediata do espaço ocupado. É nessa hora
que entra a polícia, que cumpre a decisão judicial retirando as pessoas. Segundo a coordenadora da frente de moradia das Brigadas Populares, a polícia tenta passar a idéia de neutralidade, mas o movimento de luta por moradia não confia nela: “Geralmente os ocupantes saem pacificamente, sem violência, mas quando há resistência, a polícia usa da força para retirar as pessoas, os conduzindo à delegacia, e em alguns casos, são até fichados”. Muitos terrenos e imóveis abandonados em Belo Horizonte, e milhares de pessoas desabrigadas. A prefeitura conta com programas de habitação, mas não ajuda de forma eficaz.
Terrenos ocupados É longa a história das ocupações populares em terrenos ou imóveis abandonados em Belo Horizonte. Na constante luta por um lar, o movimento de luta por moradia não descansa quando o objetivo é abrigar famílias que não têm pra onde ir. Nos últimos anos ocorreram várias ocupações na capital mineira. A Caracol e a João de Barro 1, que estavam situadas no bairro Serra, duraram três e cinco meses, respectivamente. No Barreiro também houve uma ocupação, mas durou apenas um mês. Não há caso de ocupações espontâneas ou organizadas pelo movimento conseguirem o prédio ou terreno abandonado, mas a ocupação nas Torres Gêmeas no bairro Santa Tereza, que é apoiada pela pastoral da rua e que já dura anos, parece que será diferente, pois há indícios que as famílias irão sair com um lugar para morar. De acordo com a coordenadora da frente de moradia das Brigadas Populares, Sarah Otoni, as ocupações que mais duram são as espontâ-
neas, pois as organizadas são reprimidas como tentativa de enfraquecer o movimento de luta por moradia. Ela afirma ainda que o movimento está atuando também na Vila da Luz e no Novo Boa Vista, onde abrigam comunidades às margens da BR 040 e que estão para serem desocupadas pelo DNIT. Um exemplo parecido foi a retirada das casas para a obra da Linha Verde, onde houve um grande embate com os moradores: “Se o pessoal não se organiza, não recebem nada ou muito pouco, pois o governo avisa que as pessoas têm que sair e pronto. Como muitos permanecem, acontece a negociação, e quando o governo chega e oferece cerca de 5.000 reais para que as famílias saem, se elas aceitam, é menos um problema para o poder público”. As ocupações populares se estendem há anos, e enquanto o governo e a sociedade não atuarem de forma eficiente para abrigar as milhares de famílias sem casa, elas continuarão na ferrenha luta com quem quer que seja para conseguirem algo tão preciso como ter um lar.
13 - ecologia matheus
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Meio Ambiente ESTATÍSTICAS APONTAM QUE 99% DOS INCÊNDIOS SÃO PROVOCADOS PELO HOMEM
Carolina Miyuki - 5ºH
CLARISSA DAMAS E FRANCISCO MACHADO
6º E 2ºPERÍODOS No ano de 2006 foram registrados 6.293 focos de calor em Minas Gerais. Até outubro desse ano, esse valor superou 15 mil focos, sendo que, somente no mês de setembro, foram registrados 6.607. Existe influência das altas temperaturas, que estão 5,8 ºC maiores do que os valores registrados no ano anterior. Porém, o fator clima perde força quando as estatísticas apontam que 99% dos incêndios são provocados pelo homem, e tem cunho criminoso. De acordo com o Código Penal Brasileiro, essa terminologia abrange tanto incêndios culposos (sem intenção de provocar) quanto dolosos (com intenção). As vegetações predominantes em Minas Gerais são o cerrado e os campos rupestres, caracterizados por árvores de pequeno e médio porte, cascas grossas e galhos retorcidos, resistentes à seca e ao fogo. As folhas têm uma grossa camada de cutícula, que evita a perda excessiva de água, e raízes profundas, que a absorvem do subsolo. “A queimada ocasional é característica do cerrado e as plantas nativas possuem adaptações que lhes conferem resistência, porém a freqüência está aumentando em um ritmo que a natureza não consegue acompanhar, e as árvores que sobreviveriam a uma queimada passam a definhar e morrer” afirma o biólogo Alexandre Motta. A fauna local também sofre impactos com as queimadas. Animais como o lobo-guará habitam esses ecossistemas e estão ameaçados de extinção devido à crescente redução das áreas preservadas. O fogo acarreta a degradação do solo, perda da biodiversidade e acaba atuando como agente seletor de espécies. Os animais percebem o fogo, tentam se deslocar para longe e ficam sem opção de saída, uma vez que as áreas preservadas estão circundadas por cidades e estradas. O Brasil é o 3º maior emissor mundial de dióxido de carbono CO2, gás que, em grande parte, provém das queimadas. Essa posição só é superada por nações desenvolvidas que não assinaram o Protocolo de Kyoto. Atualmente 1,5% das reservas de Minas
A foto tirada no Parque Estadual do Rola Moça, após incêndio, mostra como a vegetaçao foi destruída pelas chamas são protegidas. No país, a média é de 3%, muito abaixo do recomendado pela ONU, que é 10%. Em um país de dimensões continentais, composto por riquezas minerais e naturais diversificadas,é necessário fazer com que a legislação de proteção ambiental se faça valer. Fiscalização O órgão responsável pela fiscalização dos parques estaduais, áreas de proteção ambientais, florestas e estações ecológicas é o Instituto Estadual de Florestas (IEF). Compete ao instituto não só o combate aos incêndios, mas também o monitoramento 24h por dia dos parques. São realizados trabalhos de conscientização junto à população, por meio de palestras. O IEF mantém um projeto chamado Previncêndio, em parceria com o Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e Militar e Defesa Civil, nas operações de combate ao fogo. Segundo relatório encomendado pelo instituto à Universidade Federal de Lavras (UFLA), existe 34% de cobertura vegetal nativa no estado. Esse relatório é baseado em fotos de satélite e não pode ser levado à risca, pois as fotos não diferenciam áreas de transição, em estágio inicial de recuperação e plantações de eucalipto, das áreas florestais. Organizações Não Governamentais, como a AMDA (Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente), buscam proteger a natureza e acabam mui-
tas vezes exercendo o papel do governo na defesa ambiental. A AMDA atua em trabalhos de convencimento de empresas e sociedade, palestras e abrindo e acompanhando processos contra incendiários criminosos. Possui uma brigada voluntária de combate ao incêndio que atua no Parque Estadual do Rola Moça, situado entre os municípios de Belo Horionte e brumadinho. Conta também com a “Brigada 1”, que atua na mesma região. Atua efetivamente na política ambiental do estado, fazendo críticas, cobranças e denúncias de corrupção. Segundo o biólogo e fundador da ONG, Franscisco Mourão, existe cooperação e atritos com os órgãos competentes, principalmente com o IEF. Denunciaram um funcionário do instituto que alterava os laudos e permitia queimadas de áreas de conservação, mas a apuração do processo administrativo pelo IEF alegou que não haviam irregularidades. Ainda segundo Mourão, a pecuária é a atividade mais danosa ao meio ambiente, pois atrapalha a evolução dos ecossistemas, a cadeia alimentar (relação de alimentação entre organismos de um mesmo ecossistema) e a biodiversidade natural ( variedade de vida no planeta - flora e fauna). “Os pecuaristas utilizam fogo na preparação do solo para forçar a rebrota do capim, diminuindo o custo na alimentação do gado, e na abertura de áreas de pastagem. Com isso, eles destroem
A água tratada é cara e preciosa. Não desperdice. Você economiza e ainda colabora com a natureza.
grande parte de mata nativa para compor pastos’, diz. Ele acredita que ainda há muito por fazer na área de controle de incêndios, apesar das melhorias alcançadas” Faltam prevenções e estruturas de contenção ao fogo nos parques, uma rede eficiente de proteção que funcione também nas áreas ao redor. É necessário implantar uma rede de unidades de conservação representativas ( áreas de proteção ambiental), que funcione como uma barreira e impeça o fogo ateado pelos pecuaristas de atingir as reservas florestais”, conclui. O tempo necessário para a recuperação dos ambientes destruídos varia quanto à extensão e intensidade da queimada. A destruição da biodiversidade leva à escassez de mata nativa preservada, pois as regiões de cerrado são extremamente alteradas pelo homem. Como resta apenas uma pequena parcela ainda preservada, sua destruição pode ser irreversível e exterminar espécies animais e vegetais que só existem nesse ambiente. Quando ocorre alguma alteração no ecossistema, espécies exóticas (invasoras) trazidas pelo homem podem competir com as nativas, dificultando ou até mesmo inviabilizando a recuperação do local destruído. É inegável que há muito a se fazer, mas o caminho aponta para o ensinamento de práticas de conservação e trabalho na conscientização da sociedade.
Na luta contra o fogo O estado de Minas Gerais conta com duas grandes frentes de combate ao incêndio, o Corpo de Bombeiros Militar e o PREVFOGO, divisão do IBAMA. Aparelhados com aviões e helicópteros e instruídos com treinamento especial de combate, bombeiros e brigadistas voluntários, em maior parte moradores locais, entram nas matas na luta pela preservação da biodiversidade. A atuação dessas frentes vai além do combate direto ao fogo e consiste na fiscalização das áreas de preservação e em campanhas de conscientização da população vizinha. “Os parques nacionais são de responsabilidade do IBAMA, e, em Minas Gerais, estão localizados nove sob nossa jurisdição. Contamos com o trabalho de 184 brigadistas, que recebem um salário mínimo e seguro de vida, mas vêem na recuperação das matas a maior recompensa”, diz Joelma Corrêa, Coordenadora Estadual do PREVFOGO no estado. Uma medida preventiva adotada para evitar que focos se transformem em
queimadas de grande proporção é chamada de “aceiro”, que funciona como barreira, obstáculo, impedindo que as chamas ultrapassem a área controlada. O aceiro deve ser preparado em volta das áreas de risco. São faixas de terra de 3 a 15 m de largura, limpas e sem vegetação, que não permitem que o fogo se alastre. Segundo o Sargento Brito, da Divisão do Comando Operacional dos Bombeiros do Parque do Rola Moça, as conseqüências das queimadas ultrapassam a degradação dos ecossistemas, afetando diretamente os seres humanos, “durante o combate aos incêndios é normal encontrar animais como cobras, gambás e tamanduás mortos. Além disso, vários incêndios alcançam mananciais, e acabam prejudicando a coleta de água para as cidades,”diz . O papel desempenhado pelos bombeiros e brigadistas é fundamental, uma verdadeira corrida contra o relógio, onde cada momento é decisivo para garantir que os pulmões do mundo continuem respirando.
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M stra J ÚLIA MÓL 2ºG
A MOSTRA FUMEC, EVENTO REALIZADO ENTRE OS DIAS 22 E 27 DE OUTUBRO, TEM COMO ABJETIVO O CONTATO DIRETO DOS FUTUROS ALUNOS COM A UNIVERSIDADE EM SEU UNIVERSO ACADÊMICO. ALÉM DE
CONHECER A UNIVERSIDADE, OS VISITANTES TAMBÉM TEM A OPORTUNIDADE DE VISITAR OS ESTANTES DOS CURSOS E REALIZAR TESTE VOCACIONAL. ESTE ANO, A MOSTRA TEVE A SUSTENTABILIDADE COMO TEMA, TRAZENDO APRESENTAÇÕES DE GRUPOS DE DANÇA, MÚSICA E TEATRO. Fotos: Pedro Queiroz, Elizabeth Freitas e Gabriela Campolina - 7ºG, 7ºH e 2ºG
15 -Enzo cultura
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O FILME “LÍNGUA DE BRINCAR” REVELA A EXUBERÂNCIA DA POESIA DE MANOEL DE BARROS
1.400 quilômetros , ea o
barro
palavra Ilustração: Cristina Barroca 7º G
“ Se a criança muda o sentido do verbo, ele delira. Em voz de poesia, que é a voz de fazer nascimentos, o verbo tem que pegar delírio”
“A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio. Falava que os vazios são maiores e até infinitos”
Do “Livro das Ignorãças”, de Manoel de Barros
E
ENZO MENEZES MARCELA BOECHAT 6º PERÍODO
A garota lê trechos de uma carta. Escorada em uma ponte sobre um rio, lê trechos que sua mãe escreveu para o poeta. Tem a companhia do irmão, do primo, do namorado. Viajaram 1.400 Km de Belo Horizonte a Campo Grande, Mato Grosso do Sul, para entregala. Durante a viagem, a descoberta da poesia e a expectativa de ser ou não recebida pelo destinatário: Manoel de Barros, poeta das pequenas coisas, da desconstrução das palavras e significantes. “Língua de Brincar”, filme de Lúcia Castelo Branco e Gabriel Sanna, caminha no universo da poesia de Manoel de Barros a partir de uma visita inesperada: o grupo vai a Campo Grande e faz da travessia uma experimentação com a linguagem do senhor que em 19 de dezembro deste ano chega aos 91 anos, mas que não perdeu a pureza de brincar com as palavras como uma criança prestes a descobri-las. O filme se sustenta pela imprevisibilidade, nas palavras de Gabriel: “O grande barato da viagem foi que ela não tinha um planejamento desenhado; novos caminhos foram se abrindo à medida que fomos conhecendo o lugar. Chegamos em Campo Grande de surpresa sem nem mesmo saber se o Manoel nos receberia”, explica Gabriel. Mas ele os acolhe e os conduz por sua paisagem. O poeta não enviará outra carta: o filme que se segue é a sua resposta. O autor os conduz em uma viagem pelo seu mundo, das influências pantaneiras da infância aos estudos em Nova York, mas sempre com o pé no seu ‘lugar de ser inútil’: um cô-
modo de sua casa em que Manoel se refugia todas as manhãs, onde guarda seus livros – mais filosofia que literatura – fabrica os caderninhos de rascunhos em que escreve e dá luz à poesia. O contato com o poeta começou há mais de 25 anos, quando Lúcia era estudante de Letras, e em seu primeiro ensaio para o Suplemento Literário, chamado “Palavra, estado de larva” abordou a poesia de Manoel. O ensaio chegou ao autor e ele fez o primeiro contato. “ Eu respondi, e começamos uma correspondência, hoje tenho mais de 50 cartas dele.”De uma conversa entre os dois, no Rio de Janeiro, surgiu a idéia de realizar um documentário fiel ao trabalho do escritor. Imagem regionalista “Tem imagens aqui que você não reconhece como imagens do pantanal. A gente tirou um pouco desse lugar. Esse foi um desafio”, justifica Lúci, doutora em literatura e estudiosa da obra de Manoel de Barros. Ela explora um eixo da produção que é combater a classificação de Barros por parte dos críticos como poeta regionalista. “A luta dele como poeta é recortar essa exuberância do pantanal. Me desagrada, e a ele também, o que é feito à sua poesia, essa mística do poeta pantaneiro. Ele é colocado num lugar muito regionalista, meio Globo Rural, e quero com o filme romper com isso, mostrar que ele trabalha com ‘o lápis na península’, a paisagem da escrita”. Entremeando a entrevista na casa do poeta, o filme traz depoimentos de diversos leitores ilustres da obra de Barros, que demonstram sua admiração pelo trato da palavra dado pelo poeta sem, contudo,
“Exercícios de ser criança”, Manoel de Barros
cair num lugar comum de rasgos elogiosos. Gente como José Mindlin, Fausto Wolf e Maria Bethânia, que faz uma leitura emocionada - tanto o autor quanto a diretora rejeitam a idéia da poesia declamada. Característica marcante do filme, a contextualização fazse essencial para a total compreensão dos depoimentos captados. O modelo convencional de documentário é descartado para que seja feita uma utilização do ambiente corrente do autor. A poesia rompe o Atlântico: também estão presentes escritores como o português João Barrento, o moçambicano Mia Couto e o angolano Ondjaki. Da lista de convidados inicial feita pela diretora, apenas uma ausência: Millôr Fernandes, que se recuperava de problemas de saúde e preferiu não aparecer diante da câmera. “Depoimento só presto na delegacia”, teria dito Millôr a Lúcia por telefone, ao recusar o convite. “Língua de Brincar” não é unanimidade: “Tem gente que critica a leitura da carta durante o filme, ou os cortes que fizemos. Mas buscamos cortar o filme não no sentido de tornar curto, porque o filme é longo, a gente reconhece. Mas no sentido de tornar enxuto, o que é diferente”, explica a diretora. Para muitos, irônica, no filme, a primeira declaração do autor é “Escrever é cortar”. O filme lembra-nos de que estamos falando do poeta das pequenezas e da reinvenção das palavras. Da repetição a exaustão até questionarmos o sentido e o significado daquela palavra. A reação do poeta após assistir ao filme desbanca as críticas: “Ele escreveu o seguinte depois de assisti-lo: ‘tenho pensando muito na carta de
amor’- Manoel chama o filme de carta de amor. ‘Não sei se vocês já mostraram para outras pessoas, e se elas vão entender que aquilo é cinema, mas é muito mais puxado para a espessura de amor’, foram as palavras do poeta. Poeminha Lucia conta que o nome ‘Língua de Brincar’ surgiu no dia em que ela e o autor se encontraram para discutir o filme e ele argumentou que podia não ter inventado nada, mas essa coisa da língua de brincar ele havia inventado. “Fui pra casa, escrevi o argumento e o roteiro, com esse nome, Língua de Brincar, ele me mandou um poema que tinha acabado de escrever, chamado Poeminha em Língua de Brincar. Esse poema já saiu, em um livro infantil”, conta. Língua na academia Mestre em literatura e professor da FCH, Luiz Henrique Barbosa defendeu em 1995 sua tese de mestrado na UFMG sobre a linguagem em Manoel de Barros. Foi a primeira tese sobre o poeta orientada por Lucia Castelo Branco. Luís fala sobre as construções do poeta: “É quase como se a palavra empobrecesse o objeto”, analisa. Para ele, o que chama a atenção no texto de Barros é o uso de elementos inusitados, que não têm muita importância para a sociedade: o lixo, o caracol, a parede, e fazer disso uma busca pelo significado da palavra. “Barros busca usar uma palavra que vai ser utilizada pela primeira vez, sem a roupagem gasta; trazer uma certa virgindade para as palavras. Fazer uma aproximação com a linguagem das crianças, o primeiro contato com a língua. Fazer verbo com um adjetivo”, destaca.
Diálogo poético na obra de Ondjaki Os limites da poesia de Manoel de Barros ultrapassam territórios. Uma amostra disso é admiração que nutrem por ele diversos escritores africanos, que também fazem do gosto pela palavra e da construção de sentidos matéria-prima para suas obras. O angolano Ondjaki, 30 anos e nove livros publicados, foi uma das gratas revelações da FLIP (Feira Literária Internacional de Parati) em 2006. Ele não esconde a admiração por Barros, com quem trava um diálogo poético em seu livro “Há prendisajens com o xão”, de 2002: “Apetece-me des-ser-me, reatribuir-me a átomo; assim esculpir-me a barro e res-ser chão. muito chão”. Em depoimento gravado para o “Língua de Brincar”, o poeta assume o fascínio pela poesia de Barros. Em conversa por e-mail com a reportagem do Ponto, Ondjaki caracteriza sua aproximação com a temática do brasileiro: “A temática de Manoel é muito próxima da terra, da natureza e da infância. Esses universos dizem-me muito, levam-me longe, num lugar que só a poesia pode explicar”. E como alcançar este lugar Ondjaki? “Há que brincar com a língua como as crianças manejam uma tarde, como o jacaré maneja um rio, como o vento freqüenta as árvores. Brincar com a linguagem é celebrar a maleabilidade e as inúmeras variantes da nossa língua”, nos responde.
A poesia de Ondjaki não contém grandes objetivos ou uma reflexão prévia. O poema deve convidá-lo a percorrer o trajeto, com a descoberta do caminho durante a própria caminhada, o que aproxima sua poesia da própria inexistência de um roteiro prévio em “Língua de Brincar”. “Um poema é uma brisa que vem de dentro, e devemos mais ser frequentados pelo poema do que tentarmos dominá-lo. O poema vem chegando, nem sempre chega completamente. É uma errância, uma descoberta, e um des-caminho. Depois há que aceitar o poema, as suas vestes, o seu trajecto. É sempre um sonho subjectivo”, defende Ondjaki. Para Luís Henrique, esse traço de subjetividade é característico de Barros. Sua poesia se apropria das coisas, e, não só as representa, para encurtar o distanciamento entre palavra e seu significado. Ainda segundo o professor, uma outra característica é a busca pela humanização das coisas. É uma expressão de difícil transposição que se apresenta até mesmo no próprio documentário: “O homem em contato com a árvore se transforma na própria árvore, um entrando no outro, sem haver uma distinção. Barros faz isso no sentido de voltar ao sentido do grau zero da palavra, renovar a linguagem para que ela não seja morta pelo uso dos clichês”.
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A MORTE DE PAULO AUTRAN AOS 85 DEIXA VAZIO O PRIMEIRO PLANO DO TEATRO BRASILEIRO “Na simplicidade, ele atingia grandes momentos de teatro.”
“Paulo Autran era um burguês.Mas um burguês iluminado.”
Ângela Leite Lopes, professora da UFRJ Paulo César Bicalho, diretor e produtor
Ilu str aç ão
so br ef ot o:
Ga br iel a
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Autran faz lembrar Schiller em Diesen küss der ganzen welt (Mandem este beijo a todo mundo)
SÍLVIA JUNQUEIRA 6ºPERÍODO despediu-se dos palcos para cair nos braços de Melpômene e viver eternamente na glória do Olimpo. Paulo Paquet Autran, conhecido como o “Senhor dos Palcos”, faleceu dia 12 de outubro aos 85 anos, no Rio de Janeiro. O país perdeu um grande ícone teatral, um ator superlativo que engrandeceu a cultura brasileira de forma heterogênea. De Tartufo a Henry Higgins, passando pela Mancha e pela Grécia de Sófocles, a genialidade inspiradíssima pela musa da tragédia paira agora na atmosfera etérea, garantindo sua imortalidade. Às margens de uma centena de textos encenados, Paulo Autran jamais se engajou politicamente, muito embora desse o devido compromisso às dezenas de personagens em contextos sociais. Nunca foi poeta, mas era um fingidor. Sabia fingir tão completamente que poderíamos chegar a duvidar da veracidade do nome Paulo Autran. “Sou um homem de teatro. Sempre fui e sempre serei um homem que dedica a vida à paixão e à humanidade resistentes neste metro de tablado.” Estas foram as primeiras palavras ouvidas pela voz de Autran na abertura de “Liberdade, liberdade.” Alheio à posição política incorporada às personagens de Millôr Fernandes e Flávio Rangel, Autran encarnava, junto a Nara Leão, Tereza Rachel e Oduvaldo Vianna Filho, trechos que oscilavam de Sócrates a Drummond, perpassando Jesus Cristo e Moreira da
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Silva. O mais ambicioso dos espetáculos de protesto se esquivava, com genialidade, da censura do regime vigente, sob a égide ditatorial de Costa e Silva. O diretor e produtor Paulo César Bicalho assistiu à peça, e com entusiasmo, lembrou: “Eu assisti “Liberdade, liberdade”. Para mim foi uma surpresa! A censura estava violenta, e o Estado de Sao Paulo só podia publicar trechos da peça em que falava da Bíblia, de Platão. Mesmo Autran sendo contra as idéias de Marx e apático em relação à política da época, encarou o personagem com vigor. Paulo Autran era um Burguês. Mas um burguês iluminado. Fez quase 100 peças teatrais, cinema, novela.” Helio Zolini, diretor, ator e produtor de teatro, ainda ressaltou: “ apesar de não ser engajado politicamente, Paulo Autran não se importou com as vaias que a peça recebeu da platéia de direita que foi assistir “Liberdade, liberdade””. É sabido que movia astros e estrelas, como se fosse também inspirado por Urânia (ou Tônia Carrero?), e por Erato, em “Quadrante”, quando incitou todo o público para, em uníssono, declamar com a voz dos palcos. “Paulo Autran foi um dos atores mais completos que o Brasil já teve. Fez comédia, fez drama, cinema, televisão. Mas, principalmente, sabia tocar fundo o coração de quem tivesse a sorte de vê-lo atuando. Lembro especialmente de espetáculos como "Quadrante", em que ele dava corpo e alma a textos curtos, contos, crôni-
cas, poesia e a platéia ia acompanhando-o, dizendo junto com ele longos trechos de poemas. Na simplicidade, ele atingia grandes momentos de teatro” depõe a professora do departamento de Artes Cênicas da UFRJ, Ângela Leite Lopes. A carreira teatral de Autran teve início nos anos 50, logo após largar a advocacia e mergulhar de olhos fechados em águas totalmente diferentes e incertas. Mas era certo que a sua história de vida estaria relacionada com a carreira de ator, pois, enquanto estudava, tinha como hobby a atuação teatral, tendo escrito e interpretado algumas peças na época, passando pelo drama psicológico e pelo musical. Shakespeare, Pirandello, Osman Lins. Qual um Proteu das artes, fosse campo da tragédia ou da comédia, esse homem encarnava com uma seriedade e um profissionalismo ímpares, figuras como um simples mafioso Baldaracci de “Pai Heroi” , a um “Tartufo” de Molière de figuração completamente diversa. Mesmo na vida real, o notável artista era modesto e, às vezes, até irreverentemente sincero, ao ponto de, em entrevista, quando lhe perguntaram a pronuncia correta de seu nome (Autram ou Ôtran), respondeu : “O meu nome é francês, mas estamos no Brasil, e não seria idiota de exigir a pronuncia correta de meu nome”. Em outra entrevista com Boris Casoy, soltou, quando o jornalista perguntou se a Rede Globo não estava exagerando nas cenas de nudez: “ Eu nunca vi ninguém fazer sexo vestido,
Casoy! Então não condeno. Sexo e nudez são inerentes um ao outro.” Sim! Um homem de arte como ele devia amar, de fato, o mundo. Como Schiller, que imortalizou sua “An die Freude” (ode a alegria) através dos altissonantes acordes da “Nona Sinfonia” de Beethoven, Autran, que se transfigurava com a devida seriedade como no “Homem de la Mancha”, em “Édipo, rei” ou “Coriolano”, dentre vários outros, foi nosso intérprete maior. E agora, o que restou da encenação de Pirandello, são milhões de expectadores à procura de outro grande ator.
Principais peças do ator Paulo Autran: "Otelo" - 1956 "My Fair Lady" - 1962/1963 "Édipo Rei" - 1967 "A Vida de Galileu" - 1989 "Rei Lear" - 1996 "Visitando o Sr. Green " - 2000 "Adivinhe Quem Vem para Rezar" 2005 "O Avarento" - 2006/2007