Jornal O Ponto - outubro de 2009

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Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social Ano 10

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Número 75

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27 de Outubro de 2009

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Belo Horizonte / MG

Distribuição gratuita

Supergoleiros em alta Política

Cidade

Café com leite entre tucanos

Risco nas estradas

Competição pelo posto de canditado à Presidência coloca Aécio e Serra em disputa interna no PSDB

A BR-381, recordista em acidentes, aguarda há anos obra de duplicação e outras reformas Página 4

Wellington Pedro / Agência Minas

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Foto:Vipcomm / Arte: João Paulo Borges

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Cultura Mesmo errando, famosos brilham Na mira da imprensa, quando se envolvem em escândalos e polêmicas, celebridades do show biz dão a volta por cima e mantêm a admiração de seus fãs.

Técnicos apostam nos goleiros e investem em treinamento, fazendo com que seus reflexos na defesa e velocidade na reposição de bola se tornem uma arma contra os adversários. Os jogadores da linha final da defesa superaram a visão negativa da posição, como a mais ingrata do futebol, e conquistaram a confiança e simpatia dos torcedores, vivendo hoje uma fase de heróis. Páginas 8 e 9

Comportam ento Michael Jac k son está vivo? O astro, a exem plo de Élvis, teria saído de cena porque co ncluiu que pod er ia render mais depois de morto. Acusaçõ es de pedofilia, racism o seriam esquec idas e o sucesso póstu mo pagaria su as dívidas.

Página ina 7 Foto: Pedro Gontijo - 6ºG

Página 11

Cultura Toca Rauuulll!

Saúde Anorexia agride além da beleza

Nova mania da internet, o Flash Mob presta homenagem aos 20 anos da morte de Raul Seixas. Cerca de 300 pessoas cantaram, juntas, metamorfose ambulante em telão-karaokê na Savassi.

O transtorno responde também por alterações nos rins, pele, intestino, coração, ossos e no psicológico das vítimas.

Página 10

Página 5

Cultura Obra de Darwin faz 150 anos Nos 200 anos do maior cientista do século XIX, Charles Darwin, sua mais importante obra “A origem das espécies” ainda não foi superada e é tema de debate entre aqueles que defendem o Criacionismo naw origem do homem. Páginas 12 e 13

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Festivais elegem BH como palco Os moradores da capital curtiram uma invasão, no mês de setembro, de bandas de vários estilos. Páginas 14 e 15

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02 • Opinião

Editor e diagramador da página: Equipe O Ponto

Belo Horizonte, 27 de Outubro de 2009

O Ponto

Feito por jornalistas que serão diplomados! Caro leitor, Iniciamos, nesta edição – a primeira após o número comemorativo de 10 anos de O PONTO –, nossa campanha pela valorização do diploma do curso superior de jornalismo. Neste sentido, estampamos na capa do Jornal Laboratório o carimbo: “Feito por jornalistas que serão diplomados”. De antemão, convidamos a todos que se manifestem e apóiem a iniciativa. Com a apresentação de um produto feito por estudantes em constante aperfeiçoamento e que assumem, desde a preparação para suas carreiras, todas as

responsabilidades no cumprimento de suas funções, buscamos assegurar à sociedade, desde já, o direito à informação de qualidade e com ética. Esses futuros profissionais, entre outros ensinamentos primordiais, são imbuídos, durante o curso, da missão de defender os interesses sociais para além de seus egos, interesses pessoais e políticos, tanto na teoria quanto na prática. Quando deixam os bancos das universidades, juram responsabilidade e ética na profissão. Nesse sentido, esse jornalista, hoje em formação, terá mais subsídios para lutar, após sua diplomação,

contra os ataques ao cerceamento da profissão, não raros no nosso país, por motivações econômicas, políticas, sociais e morais. Muitos jornais, país afora, também estão protestando contra a decisão do STF, reafirmando em suas publicações que as mesmas são feitas por “jornalistas diplomados”. Será que os donos de publicações feitas por não-jornalistas teriam coragem de explicitar isso, na capa de seus produtos, ao leitor? Você confiaria em informações produzidas por qualquer pessoa? Quais interesses irão prevalecer nas redações? Ficam as questões para reflexão...

O universo particular de Vik Muniz LUCAS RODRIGUES 4º PERÍODO No dia 10 de setembro, visitei a exposição de Vik Muniz, no museu Inimá de Paula. Apesar de já ter uma boa expectativa acerca do que iria ver naquele espaço, confesso que fiquei surpreso e até extasiado com a exposição. Simplesmente admirável o trabalho de Vik Muniz! Fotógrafo e artista plástico, nascido em São Paulo, mas morador de Nova Iorque há muitos anos, Muniz faz arte com praticamente tudo o que encontra. Seus trabalhos são feitos a partir do lixo, ou com linha, prego, caviar, diamante, soldadinhos de brinquedo e até arte escavada por tratores. Sua obra se revela através de pedaços do nosso cotidiano, de objetos que recriam possibilidades de perceber o mundo. Basta olhar à nossa volta e acreditar que uma infinidade de coisas que não damos a menor importância têm, sim, algum significado, e quantos significados podemos descobrir! Somos instigados por variadas sensações, seja de nossa insignificância perante o mundo, quando vemos a magnitude de um de seus desenhos na terra escavada, ou de um prazer quase incontrolável, quando observamos um dos quadros feitos com calda de chocolate. Como

o próprio artista garante, ele faz apenas a metade do trabalho. A outra parte, não menos importante, é feita por nós, espectadores, curiosos em ousar e reinventar o nosso olhar. Detalhes que não passam despercebidos na nitidez de nossas observações, que aguçam os nossos sentidos, graças às ilusões geradas pela combinação de materiais incomuns e pelo contraste revelado em perspectivas surreais... Afinal, um lixo pode ser muito mais que apenas lixo. Vik Muniz não é um mero executor de páginas. Ele tem tarefas a cumprir e elas são reveladas numa quarta-feira de cinzas, depois do Carnaval, quando a cidade não cabe mais lixo e o artista transforma todo aquele entulho em arte, estimulando os nossos pensamentos, os sentidos que queremos dar pro nosso Eu. E ele faz tal transformação com as próprias pessoas que trabalham com o lixo, que o reciclam pra sobreviver, talvez os maiores personagens da interação entre aquele espaço e as pessoas que o preenchem. Se eles nunca foram valorizados, a arte de Muniz os mostra para o mundo. Também são reveladas nas perspectivas surreais que defino agora: imagens de linhas, algumas em grande quantidade que dão uma sensação de proximidade, e outras bem separadas que transmitem distâncias consideráveis. Detalhes minu-

ciosos que a linha nos oferece se transformam num todo coerente, uma paisagem incrível. Ou as imagens das escavações que ele faz com os tratores, quando desenha uma tomada gigante na terra e tira a foto dela do alto de um helicóptero. Ao lado dessa foto, outra do mesmo desenho da tomada, reduzido a uma folha de papel e com o fotógrafo a uma curta distância. O tamanho dos desenhos fotografados se tornam iguais e confundem nossa percepção sobre qual fotografia representa qual cenário. Descobrimos e nos encaminhamos ao próximo quadro, a fim de termos novas sensações.

o ponto Coordenação Editorial Prof. Aurélio José (Jornalismo Impresso) Professores orientadores Profª. Dunya Azevedo (Planejamento Gráfico) Profª. Beatriz de Resende Dantas (Fotografia) Prof. Reinaldo Maximiano Pereira (Produção e revisão de texto) Monitores de Jornalismo Impresso Amanda Lelis, Bárbara Camargo, Juliana Pizarro Monitores da Redação Modelo Bárbara Rodrigues, Felipe Chimicatti Projeto Gráfico Dunya Azevedo · Professora Orientadora Pedro Rocha · Aluno voluntário Roberta Andrade · Aluna voluntária Logotipo Giovanni Batista Corrêa Universidade Fumec Rua Cobre, 200 · Cruzeiro Belo Horizonte · Minas Gerais Tel: 3228-3127 · e-mail: oponto@fch.fumec.br Presidente do Conselho Curador Prof. Air Rabello Filho Reitor da Universidade Fumec Prof. Antônio Tomé Loures Diretora Geral Profª. Thaïs Estevanato Diretor de Ensino Prof. João Batista de Mendonça Filho Diretor Administrativo e Financeiro Prof. Antônio Marcos Nohmi Coordenador do Curso de Comunicação Social Prof. Sérgio Arreguy Monitores de Produção Gráfica João Paulo Borges e Guilherme de Andrade Meira Monitores do Laboratório de Publicidade e Propaganda Lorena Emídio de Mendonça e Marina Magalhães Barbosa Colaboradores voluntários Claudia Lapouble, Pedro Henrique Leone Rocha e Roberta Andrade Tiragem desta edição: 5.000 exemplares Jornal Laboratório do curso de Comunicação Social da Faculdade de Ciências Humanas · Fumec

Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento Ilustração: Rodrigo Zavagli

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Política • 03

Editoras e diagramadoras da página: Taissa Renda e Carolina Costa 6º período

O Ponto

Belo Horizonte, 27 de Outubro de 2009

O ‘Café com Leite’ tucano Marcadas para janeiro, as prévias do PSDB agitam os bastidores do partido. Paralelamente, partidos da oposição já preparam as suas estratégias para 2010 dade, e aposta que Aécio saia o vencedor. E nesta toada, o rumo do PSDB segue indefinido para 2010, e o resultado final só poderá ser conferido na abertura das urnas peessedebistas, sem antecipações. Porque afinal, a política também é uma caixinha de surpresas.

FRANCO SERRANO RENATO WERNECK 2º PERÍODO Mais uma vez, o Brasil entra no período pré-eleitoral e, como de costume, os partidos começam a se articular para lançar os seus candidatos à presidência do país. Porém, desta vez, o panorama está um pouco diferente. A disputa interna do PSDB, entre José Serra e Aécio Neves, começa a esquentar, e permanece a incessante dúvida dos tucanos em escolher seu candidato. Por sua vez, o Partido dos Trabalhadores (PT) passa por um processo delicado, na qual a ex-ministra do meio-ambiente, Marina Silva, desligou-se do partido para lançar candidatura própria, filioando-se ao Partido Verde (PV). Enquanto isso, Dilma Roussef, candidata petista, e Ciro Gomes, do PSB, começam a formar alianças. O Café com Leite Para saudosistas, mineiros e paulistas dominavam o cenário político nacional desde a época do café com leite, no início do século passado, quando os dois estados revezavam o comando da República Velha. Na época, o acordo ficou conhecido como “café com leite” devido ao monopólio de São Paulo e Minas sob o cultivo dos dois produtos, respectivamente. Atual governador do estado de Minas Gerais, Aécio é um dos cotados para ser o candidato do PSDB para as próximas eleições presidenciais. Ele é dono do primeiro lugar no ranking de melhores governadores do país, segundo pesquisa realizada em março deste ano pelo Instituto Datafolha. Segundo o sociólogo Emmanuel Costa Dias, formado pela Universidade Federal de

Juiz de Fora (UFJF), Aécio possui características diferenciadas do seu concorrente, caminhando a passos largos para uma excelente estratégia de marketing, o que tende a beneficiá-lo frente ao partido. “Eu gosto da forma dele governar e de fazer política, ele não é político de quatro anos, e sim, de abraçar e apoiar causas que trarão benefícios a longo prazo.” disse a Secretária de planejamento e gestão do Estado de Minas Gerais, Renata Vilhena, observando que Aécio seria a escolha ideal para o partido neste momento. A secretária ressaltou que o governador de Minas é bem mais articulado que Serra, seu adversário dentro do partido, possibilitando uma maior base de apoio para o primeiro turno. Já o governador de São Paulo, que foi derrotado por Lula em 2002 nas eleições presidenciais, pretende participar mais uma vez do pleito, e traz consigo,

Índice de Rejeição Eleições 2010

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Aécio Neves (PSDB)

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Ciro Gomes (PSB)

Dilma Rousseff (PT)

Heloísa Helena (PSOL)

José Serra (PSDB)

Marina Silva (PV)

desde já, o apoio de 11 diretórios estaduais, em contraponto a Aécio, que tem apenas o apoio do diretório mineiro. Desde que foi eleito governador, em 2006, Serra aprovou em São Paulo leis que obtiveram repercussão nacional, como, por exemplo, a Lei Cidade Limpa, que baniu os outdoors da capital paulista, e a Lei Antifumo, que foram ambas copiadas por alguns estados. Serra tem o apoio da imprensa paulista que insiste em exaltá-lo frente a Aécio Neves. Contudo, Renata Vilhena se mostra extremamente irritada com a postura dos jornalistas paulistas, que por terem um maior alcance nacional, usam desse artifício para expor mais a imagem do paulista. Afinal, quem tem mais chances? A última pesquisa divulgada pela CNI/Ibope com intenções de voto para a presidência, ouviu 2.002 eleitores em 142 municípios brasileiros entre os dias 11 e 14 de setembro. A nova pesquisa revelou um novo cenário eleitoral. O surgimento de Marina Silva como possível candidata presidencial provocou um impacto na pesquisa, que revelou uma queda no desempenho de Dilma Rousseff, mesmo com o apoio do presidente Lula. No primeiro cenário, José Serra lidera a pesquisa com 34% das intenções de voto. Ciro Gomes e Dilma Rousseff aparecem logo depois com 14%.

E agora? Marina! A possível candidatura de Marina Silva mexe muito com o cenário político e com a estrutura das próximas eleições. Nessa questão, encontramos opiniões bem divergentes com relação ao peso da candidatura para cada partido. A professora Maria Helena diz que, com Marina confirmando sua candidatura, possivelmente ocorrerá um segundo turno, o que não aconteceria em uma disputa “pura” entre Serra ou Aécio e Dilma Russef. Isso sem, é claro, considerar os candidatos do “baixo-clero”, que não somam nem 10% dos votos válidos. Já para Renata Vilhena, a candidatura de Marina só tende a atrapalhar Dilma, facilitando uma vitória em primeiro turno de qualquer um dos candidatos do PSDB.

Em quarto lugar, com 8%, aparece a vereadora Heloísa Helena (PSOL) e em quinto lugar a senadora Marina Silva, com 6%. Em um segundo cenário, com o mineiro como candidato do PSDB, Ciro Gomes sobe para o primeiro lugar, com 28% das intenções de voto. A candidata petista aparece em segundo lugar, com 18% e Aécio Neves surge em terceiro, com 13%. Logo em seguida vem Marina Pesquisa CNT/Sensus Embora tenha um desemcom 11% dos votos. Enquanto Aécio corre contra penho inferior ao do governao relógio, Serra torce para que o dor de São Paulo, Aécio Neves tempo passe e que a “gordura” é o pré-candidato com menor que acumulou não se esgote até índice de rejeição entre os eleijaneiro. Porém, existe também tores brasileiros. O governador a possibilidade de Chapa Puro- de Minas Gerais carrega 26,3% Sague, ou seja, a junção dos dois de rejeição enquanto José Serra pré-candidatos em uma única tem 29,1%. A ministra Dilma candidatura, podendo Aécio Rousseff tem rejeição de 37,6% ser vice de Serra ou vice-versa. dos eleitores. Ciro Gomes e Marina Silva Independentemente das chanficaram tecces desse cenánicamente rio se confirmar, empataa certeza é uma dos, com só: nenhum dos o segundo dois vencerá maior índice sem o apoio do de rejeição outro. - 39% - perPor Maria Helena, socióloga dendo apeenquanto, o nas para a franco favorito é o paulista, mas de acordo ex-senadora Heloísa Helena com a socióloga e professora da que soma 43% de rejeição dos Fumec, Maria Helena Barbosa, eleitores. A pesquisa CNT/Sensus foi “a política é como as nuvens, a cada momento elas se movi- realizada entre os dias 31 de mentam e trocam de lugar, ou agosto e 4 de setembro, em seja, não podemos prever nada 136 municípios de 24 Estados. antes que ocorra”. A socióloga Foram ouvidas 2.000 pessoas, complementa dizendo que os e a margem de erro é de três dois postulantes devem chegar pontos percentuais, para mais às prévias quase em pé de igual- ou menos.

“A política é como as nuvens, a cada momento elas se movimentam e trocam de lugar.”

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04 • Cidade

Editor e diagramador da página: Raoni de Faria Jardim 6º período

Belo Horizonte, 27 de Outubro de 2009

O Ponto

Insegurança em alta velocidade Recordista em número de acidentes, o trecho da BR-381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares aguarda obras de duplicação e outras reformas que deveriam ter começado há anos Serão reativados sete radares no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares Trecho onde passa 18 % do PIB B Brasileiro

Diariamente, 82.000 Diar D veículos circulam na veíc Região Re egião do Vale do Aço áOito praças de pedágio foram instaladass para a manu o manutenção da rodovia

Aproximadamente 220 curvas estão com o raio fora do padrão exigido pelo Dnit

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tros de Belo Horizonte até Governador Valadares seja duplicado; que as obras fossem pagas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal e que se realizem mudanças no traçado da rodovia para diminuir a angulação das curvas e construir novas pontes mais largas, mas segundo o superintendente do DNIT, Donizete de Souza, as obras não vão começar tão cedo, pois a elaboração dos projetos estão no início. Em 2005, R$130 milhões foram disponibilizados pelo governo federal para uma reforma da rodovia em caráter emergencial até que o processo licitatório fosse concluído. Teoricamente as obras iniciariam em 2007, mas não ocorreram, pois o tribunal de Contas da União (TCU) constatou superfaturamento por parte do consórcio Egesa/Fiddens. Em novembro de 2008, o Dnit realizou uma audiência para apresentar o projeto de duplicação da BR-381 com um custo de R$ 1,6 bilhões que seriam disponibilizaos pelo PAC. A reforma teria início em 2010 e término previsto para 2015. Outro contraponto para a realização da duplicação foi a audiência pública promovida pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) no mesmo dia da realizada pelo Dnit, que apresentava propostas divergentes da concessão da rodovia e cobrança de pedágios até o fim das obras. As entidades envolvidas na luta pela reforma das estradas esperam por explicações por parte dos órgãos públicos, que ainda não se pronunciaram.

Foto: http://picasaweb.google.com/carloseller

Detentora da maior malha viária do país, Minas Gerais apresenta, também, os mais elevados índices de mortes nas estradas. A rodovia federal Fernão Dias, a BR-381 principal meio de ligação de de São Paulo ao Espírito Santo passando por Minas - é a mais perigosas do país segundo o Portal G1. Em território mineiro encontra-se a maior parte da estrada (950 KM) que, por ter sido planejada na década de 50 e ter passado por poucas reformas desde então, segue um traçado cheio de perigos. Com pistas simples, sequências de curvas muito acentuadas, ladeiras, pontes estreitas e pavimentação mal conservada, a estrada de rodagem vem sendo chamada de “rodovia da morte”. Os 95 quilômetros da Fernão Dias entre as cidades de São Paulo e Belo Horizonte, por onde, de acordo com a Fundação Dom Cabral (FDC), circulam diariamente 18% do PIB brasilero, sofrem por má conservação do pavimento e, em decorrência disso, um grande montante de acidentes. Parte dos problemas foram resolvidos em 2007 quando a estrada foi reformada e privatizada. Houve, inclusive, a instalação de 8 praças de pedágios para sua constante manutenção. Entretanto, para os pontos mais críticos da rodovia, nos 110 quilômetros que ligam a capital mineira a João Monlevade (região leste do estado) que ainda se encontram sobre a administração do governo

federal, a manutenção e reforma ainda são precárias. Na BR-381, trecho importante para o desenvolvimento econômico da Região do Vale do Aço, passam diariamente 82 mil veículos e, só no ano de 2008, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), aconteceram 8.254 acidentes, com 227 mortes e 1.275 pessoas gravemente feridas. Na falta de iniciativa do governo brasileiro, os municípios cujo acesso é feito através da rodovia criaram associações e frentes parlamentares para pressionar a aprovação das licitações e o início das reformas. Quem precisa trafegar pela BR-381 sabe dos riscos que a estrada apresenta: o tráfego de veículos de passeio e de caminhões é intenso no trecho em direção ao Espírito Santo. Nos 110 quilometros entre Belo Horizonte e João Monlevade são aproximadamente 220 curvas, muitas delas com raios fora do padrão exigido pelo Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes, o Dnit. Diante das estatísticas alarmantes da rodovia, os municípios da região estão se mobilizando para que as obras da duplicação se iniciem o mais rápido possível para garantir a segurança dos viajantes. Além de audiências públicas e marchas até o Congresso Nacional, está sendo realizado pelas frentes parlamentares dos diversos munícipios um abaixo assinado que foi encaminhado para os Ministérios do Transporte e da Casa Civil. A reivindicação é de que o trecho de 320 quilôme-

Foto: http://www.band.com.br

NATHALIA DRUMMOND 7º PERÍODO

Foto: Divulgação

Fonte: http://www.transportes.gov.br/bit/trodo

Buracos na pista e curvas acentuadas são as principais causas de acidentes na BR-381 sentido Governador Valadares

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Saúde • 05

Editoras e diagramadoras da página: Ana Paula Marum e Paula Sampaio 6º período

O que o espelho mostra

Belo Horizonte, 27 de Outubro de 2009

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O Ponto

vejo

A aparência de uma pessoa que sofre de anorexia não é o único problema que a doença pode causar ANA PAULA MARUM, PRISCILLA MENDES 6º E 2º PERIODOS “No espelho, via refletida uma imagem que não era minha. Eu sentia fome, mas alimentar era uma tarefa muito difícil, eu me privei tanto da comida que sentia fortes dores no estômago e comer qualquer coisa me fazia sentir muito pior. Um iogurte talvez me fizesse bem, mas não era o suficiente para me dar energia, me fazer levantar da cama e ir para a faculdade. ‘Você está muito magra... Você está doente!’. Era o que mais ouvia, mas eu parecia não acreditar no drama que estava vivendo”. O depoimento acima, de uma vítma da anorexia, reflete uma situação corriqueira na vida de milhares de adolescentes. Ao contrário da imagem que a maioria das pessoas acredita e a idéia que, muitas vezes, é veiculada na imprensa, de quem sofre de transtornos alimentares, como a anorexia, não está ligada diretamente à preocupação com a estética. A anorexia nervosa é um transtorno psicológico que aparece com grande freqüência entre adolescentes e adultos na faixa etária de 13 a 30 anos. Apesar de a maior incidência ser de mulheres, o número de homens com esse distúrbio vem aumentando, de acordo com uma pesquisa na USP, em 1990 apenas 3 homens

eram internados, hoje esse número subiu para 20. O sujeito liga a magreza ao sinônimo de sucesso e o problema começa com a distorção da imagem. Mesmo estando magra, a pessoa se enxerga gorda e por isso exagera nos exercícios físicos, toma laxantes e diuréticos. Os transtornos alimentares mais comuns são: A anorexia nervosa e a bulimia. A primeira é quando o indivíduo para de comer definitivamente e emagrece muito a olhos vistos; já a segunda está relacionada ao vômito provocado pelo doente que se sente culpado ao ingerir alimento. Aos 22 anos, pesando 42 Kg distribuídos em 1,72m de altura, B.G. (que preferiu não se identificar) sofre de bulimia e anorexia nervosa. A jovem percebeu que estava doente quando forçava o vômito colocando o dedo na garganta eliminando o que tinha comido e logo após chorava muito sozinha no banheiro. Essa atitude é muito comum entre os doentes, a anorexia surge em pessoas muito perfeccionistas, inseguras e que desenvolvem um grau de depressão capaz de fazê-la inimiga da comida. Isso funciona como um mecanismo de defesa. Quando se sente triste, o doente

procura uma forma de se punir e o castigo é não comer ou provocar o vômito logo após as refeições. O sentimento de culpa, tristeza, a cobrança feita pelo próprio doente em se manter sempre magro gera momentos de muita tensão e uma angústia muito forte que pode ter uma dimensão muito maior quando se junta ao estresse psicológico da fome. O papel fundamental do psiquiatra é auxiliar no tratamento fazendo com que vítma de anorexia a ansiedade do paciente diminua e, assim, ele se sinta disposto a se alimentar normalmente sem medo. Para a obtenção deste resultado, a medicação de antidepressivos tem sido a mais comum no tratamento da anorexia nervosa, são chamados de inibidores da recaptação da serotonina, uma molécula que tem como uma das diversas funções a regulação do sono e do apetite. Os antidepressivos tricíclicos (que possuem como efeito colateral o ganho de peso) são os mais indicados. B.G. possui ainda transtorno afetivo bipolar, em que a pessoa transita entre períodos de euforia e depressão, e problemas do intestino por causa da bulimia. Ela conta que seu tratamento

“Você está doente!. Era o que mais ouvia, mas eu parecia não acreditar no drama que estava vivendo”.

é feito por acompanhamento médico e sessões de psicoterapia e que hoje se sente bem melhor e juntamente com sua família, torce por sua recuperação. O tratamento A psicóloga e coordenadora do curso de psicologia da Universidade Fumec, Tânia Nogueira, diz que “a psicoterapia tem o papel de possibilitar o autoconhecimento do cliente com transtorno alimentar, trabalhando sua baixa auto-estima, redefinindo a sua concepção de mundo e a transformação de valores e crenças que dificultam a relação consigo mesmo (e consequentemente com seu corpo) e com o outro.” Tânia diz que qualquer abordagem psicoterápica e suas teorias, podem ser utilizadas no tratamento de clientes com transtorno alimentar. “Duas abordagens se destacam: a CognitivaComportamental, que tem tido bons resultados quanto à redução da ansiedade diante da aparência, modificação de crenças sobre o ideal de beleza e valor pessoal, possibilitando a mudança de hábitos; a segunda é abordagem Sistêmica, que vai trabalhar a família como um todo. O terapeuta, além de considerar os fatores sociais, culturais, individuais, analisa os padrões de interação familiar, as expectativas e exigências em relação à criança e/ou adolescente. A questão dos víncu-

COMPLICAÇÕES DO TRANSTORNO NO ORGANISMO

Atrofia do nervo óptico e degeneração da retina

Queda de pressão arterial, acompanhado de tonturas, desmaios, confusão mental, tristeza, irritabilidade, mau-humor, lapso de memória

Pele pálida, fácil de ferir, coberta por uma fina camada de pelos, unhas frágeis e quebradiças, cabelos finos, ralos e opacos Baixo nível de potássio no sangue, anemia (diminuição das hemácias), leucopenia (diminuição de glóbulos brancos, responsáveis pela defesa do organismo) Intestino: prisão de ventre e inchaço A desidratação causada pelo transtorno favorece a ocorrência de pedras nos rins e falência renal

Coração: Baixa pressão sanguínea, arritmia, palpitações. Na tentativa de voltar à alimentação normal pode ocorrer colapso cardiovascular no paciente desnutrido Hormônios: amenorréia (ausência da menstruação), prejuízo ao crescimento. Nas grávidas, risco de aborto espontâneo e depressão pós-parto O transtorno interfere no ganho de massa óssea, podendo causar osteoporose. Enfraquecimento muscular e inchaço nas articulações

los desempenha um papel fundamental no processo terapêutico.” Completa a psicóloga. Segundo estatísticas divulgadas no site da psicóloga Olga Tessari (acesse: www.ajudaemocional.com.br), das pessoas que sofrem de anorexia ou bulimia, apenas um terço consegue se recuperar e cerca de 20% morrem em função do estado agudo de desnutrição. De acordo com a nutricionista, Ruth Sampaio, a partir do momento que o organismo sofre severa restrição calórica as reservas corporais de gordura e proteína serão utilizadas como forma de energia. O déficit de peso vai aumentando à medida que a doença avança, levando o paciente ao estado caquético, de magreza excessiva. “São inúmeros os distúrbios que afetam o organismo neste estado, dentre eles podemos destacar: cabelos e unhas quebradiços; constipações; anemia; desnutrição; aumento de fraturas devido ao enfraquecimento ósseo; deficiência do sistema imunológico; convulções; complicações cardiovasculares e em alguns casos até mesmo a morte. Ruth diz que o tratamento frequentemente requer hospitalização do paciente para iniciar o processo de realimentação. “O objetivo é aumentar o consumo calórico gradualmente para que o paciente recupere o peso adequado para sua altura. O paciente com anorexia tem o apetite normal, sente fome como as outras pessoas, mas se recusa a comer, e com isso, o estômago entra em uma fase que não suporta receber uma quantidade maior de alimentos. Em alguns casos especiais, a alimentação precisa ser feita através de sonda naso-gástrica. A família deve ficar atenta à mudança de comportamento e a alguns sinais como: esconder a magreza vestindo roupas mais largas, recusar a jantar com muitas pessoas, ter a preocupação excessiva com calorias presente nos alimentos e a procura de novas dietas. “Foi um momento muito difícil para nossa família, mas com muito carinho e paciência procuramos um tratamento correto para nossa filha e evitamos o pior. É uma doença muito perigosa. Quando você menos espera, o quadro clínico pode piorar rapidamente.”, alerta a mãe de uma paciente em recuperação.

Foto da campanha ‘No Anorexia’ de Oliviero Toscani

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06 • Saúde

Editoras da página: Nathália Drumond e Valquíria Borges 6º período e Diagramadora: Amanda Lelis 7º período

Belo Horizonte, 27 de Outubro de 2009

O Ponto

Você tem medo de quê? Um animal ou objeto pode atrapalhar a vida dos fóbicos e colocá-los em situações difíceis e causar constrangimentos ROBERTA ANDRADE 6º PERÍODO Eu, Roberta Andrade, tenho cinofobia, ou seja, medo de cachorro. Desde criança sofro desse mal. Presumo que ele tenha surgido quando ainda estava na barriga da minha mãe que, ao ser atacada por um cachorro, transferiu para mim o seu enorme susto. No decorrer dos meus 21 anos, minha rotina de vida tem sido enfrentar meu medo todos os dias, mesmo sabendo que cachorro é um animal que posso encontrar em qualquer esquina. De manhã, hora da saída para a faculdade, abro a porta devagar, com o cuidado de olhar se há algum desses bichos no corredor do meu prédio – aliás, desde que dois exemplares se mudaram para o meu andar, a minha atenção redobrou. Tomo a medida preventiva de não trancar a porta, pois se um deles aparecer no corredor, tenho como recuar para casa rapidamente. Depois, abro a porta do elevador e confiro se há algum deles por lá. Todo esse ritual inclui também a certificação de que os botões dos andares dois, seis e oito, onde sei que existem os temíveis bichos, não estão apertados. Se estiverem marcados, espero a próxima viagem. O elevador não é a única situação que me impõe sacrifícios: não frequento casas de pessoas que têm cachorro, pois já percebi que o dono prefere o animal solto e a visita presa; evito circular pelas ruas do bairro para não correr o risco de me deparar com nenhum deles; também não ando próximo aos portões, procuro sempre caminhar no meio da rua, o que já me fez, por algumas vezes, quase ser atropelada. at

Ilustração: Amanda Lelis

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Segundo artigo publiMariana Torres Muller, 17 anos, mora bliem Vitória (ES) e também é uma cino- cado no site Boa Saúde, e, é fóbica. Para ela, não há diferença entre comum o aparecimento o de um cachorro que acabou de nascer e um algumas fobias no início io da enorme – o medo que provoca é o mesmo. infância e é muito raro enconMariana afirma que não passou por trar alguém que não ass tenha nenhum trauma na infância e não sofreu sentido. À medida que o indivínenhum ataque do bichinho. Não se lem- duo cresce, esses medoss se resolbra bem, mas mordida por cachorro tem vem espontaneamente.. A maioria certeza que não foi. Ela convive com a das fobias patológicas começa na fobia desde os oito anos, e sofre precon- idade adulta, principalmente mente depois ceito de pessoas que não dão crédito ao dos 20 anos, quando elas las tendem a seu medo. “As pessoas até dizem que durar mais tempo e apresentar esentar menor acreditam, mas no fundo pensam que é probabilidade de cura ra sem ajuda frescura”. O fato mais marcante para ela especializada. De acordo com a psicóloga Saskia foi quando perdeu a avó, que tinha um pequeno cachorro em casa. Por causa do Andrade de Vasconcelos, los, existem três medo não pôde visitá-la nos seus dias ter- tipos de fobias: a agorafobia, rafobia, que é o minais. Hoje, Mariana frequenta uma psi- medo generalizado de lugares ou situações onde possa ser cóloga, mas ainda difícil escapar; a fobia não viu resultados, social, que é o medo de o melhor apoio se expor na frente de vem da sua mãe: terceiros, gerando uma “ela convive comigo inibição patológica que todos os dias e sabe impede o indivíduo que o meu medo é real”. Bárbara Neves, 21 anos de se socializar, manter uma conversação, ter encontros românticos e, por último, O que é a fobia A palavra fobia origina-se do grego a mais comum, a fobia específica, que é phobia, que significa medo intenso, o medo acentuado e persistente na preaversão, hostilidade. O medo é um sen- sença de fatores isolados, como altura, timento universal e os seres humanos cachorro, barata, sangue etc. nascem biologicamente preparados para senti-lo frente a certos lugares, animais, Pequeno grande problema A estudante de jornalismo Ana Caroou situações. Freud afirma que “toda e qualquer fobia é manifestação de uma lina Bortolo, 23 anos, sofre de uma fobia angústia mais profunda, muitas vezes específica: o medo de agulha é tão grande, sem relação aparente com o objeto do que já a expôs a situações embaraçosas. medo”. Em geral, o medo é desproporcio- Adotada com apenas dois dias de vida, não conheceu sua mãe biológica, mas nal à ameaça, tornando-se irracional. dela herdou alguns problemas respiratórios causados pelo consumo de cigarros e drogas durante a gravidez. Com 30 dias de vida, Ana Carolina foi internada para conter a sua primeira crise de asma. Ao longo da infância, esses episódios se repetiram várias vezes. Carolina conta que na infância, submetia-se às inevitáveis seringas, mas quando veio a adolescência, o medo de agulha se tornou mais forte que ela. Sempre acabava se esquivando, sendo então, submetida a algum tipo de chantagem como, "ou você toma a antitetânica ou eu cancelo sua viagem de 8ª série". Com a chegada da maioridade, começou a recusar qualquer tipo de agulhada. “Fugia da seringa como o diabo da cruz”. No dia em que não conseguiu escapar, Carolina saiu de casa chorando. “Só de lembrar da agulha suava frio e começava a me contorcer”. A exemplo do caso de Carolina, os fóbicos desencadeiam certos sintomas quando estão próximos do objeto que os assombra, como tensão muscular e transpiração. Podem ocor-

“As pessoas costumam subestimar o problema e não entendem que é uma coisa séria”.

rer ainda palpitações e tonturas. Depois desse episódio, Carolina afirma que seu medo piorou e, quando um médico solicita um "exame de sangue", o seu calvário começa. Aracnofobia Bárbara Neves, 21 anos, teve uma infância que considera normal e não consegue precisar a data que começou a sentir pavor de aranhas. Ela conta que seu medo já foi tão intenso, que não podia ver uma aranha de plástico. Bárbara é mais um exemplo de pessoa que tem a vida social afetada por causa de pequenos objetos, no seu caso, pequenos artrópodes. Certa vez, quando estava no primeiro ano do segundo grau, uma pessoa colocou uma aranha de plástico em cima de sua carteira e, quando a avistou, logo entrou em estado de pânico. “Tive o reflexo de jogar a mesa inteira no chão, gritando e chorando”. A reação a levou para a diretoria. Algumas pessoas de sua classe zombavam. “As pessoas costumam subestimar o problema e não entendem que é uma coisa séria”. Bárbara nunca procurou um especialista, e tenta superar o problema aos poucos, trabalhando a ideia na sua cabeça. Para todo mal há cura Não é todo fóbico que procura ajuda de especialistas, mas há tratamento. Quando o medo perturba e interfere nas relações sociais, o mais indicado é recorrer a um psicólogo ou psiquiatra. Geralmente, o tratamento inclui sessões de terapia aliadas a medicamentos. No caso da fobia específica é utilizada a psicoterapia cognitiva comportamental, que consiste em aumentar a exposição gradual da pessoa às coisas que provocam medo, de maneira controlada. Talvez esse seja o problema de muitos não procurarem especialistas, pois, se para curar a fobia temos que ficar perto do temido objeto, a ideia já espanta os pacientes.

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Comportamento • 07

Editor e diagramador da página: Equipe O Ponto

O Ponto

Belo Horizonte, 27 de Outubro de 2009

Verdade ou mito?

Permeando a maioria dos assuntos polêmicos, teorias da conspiração dificilmente são comprovadas JULIANA PIO 2º PERÍODO Alguma vez você já se deparou com algum acontecimento e duvidou da veracidade deste? E já pensou se este pode ou não ter acontecido por acaso? Perguntas como: “Será que Michael Jackson morreu?”, “O homem realmente pisou na lua?”, “A morte da princesa Diana foi acidental?”, “Como ocorreu a pandemia da gripe suína?”, vivem atormentando a mente de milhares de pessoas espalhadas pelo mundo. A verdade é que existe um grande número de fatos que permaneceram misteriosos na história oficial ou que para muitos, são isentos de uma justificativa convincente. É devido a isso, que surge a “teoria da conspiração”, um termo utilizado para se referir a qualquer explicação sobre determinado acontecimento histórico ou atual, resultante de um plano secreto, organizado, na maioria das vezes, por pessoas que reúnem em sociedades ocultas. O plano pode abordar diversos assuntos, desde a manipulação de governos, economias ou sistemas legais, até a ocultação de informações científicas importantes ou assassinatos e fatos relacionados com a vida de pessoas famosas.

De acordo com Landercy Hemerson, repórter policial do jornal Estado de Minas, há cerca de 10 anos, ainda era comum encontrar delegados de polícia apurando homicídios, com base em teorias conspiratórias, para encontrar o autor e a motivação do crime. E, em muitos casos, esses policiais, os últimos de uma era da investigação romântica, muito difundida em produções cinematográfica das décadas de 1950 e 1960, acabavam usando da experiência ou sensibilidade para descobrir o autor. “Toda essa trajetória recheava as páginas do noticiário policial”, conta o jornalista. A teoria da conspiração deve ser iniciada a partir de uma discrepância presente em algum acontecimento e, para que isso aconteça, o teórico, com olhar crítico, será responsável por observar atentamente as irregularidades e perceber aspectos sem coerência na história oficial. No entanto, em certo ponto ele deverá explicar todos os acontecimentos de uma maneira crível, pois caso isso não seja possível, a “teoria” não se sustentará. Devido a isso, o “teórico” deve se empenhar para reunir um grande número de evidências e buscar explicações alternativas com o intuito de criar um conjunto de elementos que possa explicar todos os eventos ocorridos.

Uma teoria da conspiração é precisamente o contrário de uma de cunho científico, já que há uma ausência de uma prova incontestável. Por outro lado, uma vez demonstrada, esta deixa de existir, pois a conspiração se transforma em fato. Assim, as teorias da conspiração estão necessariamente por se confirmar. Atualmente, a origem da gripe A ou suína, como é conhecida popularmente, é um dos assuntos polêmicos que têm se destacado na mídia e que levou os teóricos da conspiração a levantarem hipóteses para o surgimento de tal vírus. A gripe suína é uma doença respiratória causada pelo vírus influenza A, chamado de H1N1. Ele é diferente do que vem circulando nos últimos anos, por conter material genético dos vírus que atingem humanos, aves e suínos. A contaminação inicial se deu por meio de uma mutação, que possibilitou que o vírus contaminasse pessoas em contato com porcos infectados. No entanto, os teóricos da conspiração contestam esta versão, afirmando que cientistas recriaram o vírus responsável pela Gripe Espanhola, que dizimou cerca de 50 milhões de pessoas no século passado, com o intuito de estudarem a sua letalidade. Segundo os teóricos, por motivos incautos dos próprios cientistas

ou mesmo para beneficiar o laboratório farmacêutico responsável pela fabricação do Tamiflu (remédio que combate a gripe suína), o certo é que muitos se beneficiaram com a pandemia e encheram os cofres de dinheiro. Verdade ou mito, o fato é que as conspirações sempre trazem um questionamento polêmico e fértil, uma vez que não são apoiadas por alguma evidência conclusiva. Por isso, são muitas vezes vistas com ceptismo e, por vezes, ridicularizadas. Segundo Landercy, embora o palpite de um experiente jornalista esteja certo, nada é tão convincente quanto os indícios que são conseguidos por meio de levantamentos técnicos. “Além disso, o repórter deve ser bem informado, não se contentando apenas com teorias, mas com os fatos também”, ressalta. Ele ainda diz que, nos dias de hoje, as teorias conspiratórias servem como fonte de inspiração para escritores, autores e diretores produzirem livros, filmes e seriados de televisão, pois aguçam o imaginário das pessoas. O repórter salienta que é a partir de uma suspeita de atentado contra Lady Diana, que essas teorias se multiplicaram. Hoje, existem dezenas de websites dedicados a dar explicações convincentes sobre tudo.

Infografia: Editoria de Arte

Elvis não morreu Elvis Presley teria forjado sua vez que sua vida se tornou um peso par morte, uma v a ele, pois enfrentava diariamente uma sucessao de ˜ turnes ˆ , entrevistas, contratos de gravac oes ,˜ e outros compromissos.

A chegada do homem à lua é uma montagem A te televisiva danaoNAS se passa de

Acredita-se que tudo ˜ ´ io secreto e uma filmagem em um estud ´ ,˜o cientifica que o escritor de ficca da rista rotei o foi e Clark C. r Arthu a cinem de or histo´ria ou que o diret Stanley Kubrick dirigiu o filme da alunissagem.

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John Lennon foi morto pelo FBI

O mundo estremeceu com a morte de John Lennon em 8 dee dezembro de 1980. Ele levou um tiro em frente ao seu apartamento em Nova York, de Mark Chapman. O acusado, segundo alguns teoric ´ os da conspiracao, ,˜ nao ˜ agiu sozinho, como foi divulgado na ´ epoca. John Lennon era um protestante anti-guerra e algumas pessoas acre ditam que Chapman estava trabalhando para o FBI. Ha ´ arquivos sobre John Lennon que ainda nao se tornaram ˜ public os devido a razoes ´ ˜ de seguranca , nacional.

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08 • Esporte

Editores e diagramadores da página: Alexandre Carvalho,

Belo Horizonte, 27 de Outubro de 2009

O Po onto Foto: Divulgação/VIPCOMM - Arte: Henrique Carvalho

Em tempos de atacantes super valorizados, eles despontam e mostram que esta profissão tem os seus prazeres, desafios e ganham a simpatia dos torcedores CÉZAR VOUGUINHA HUGO LACERDA PAULA SOARES 2º PERÍODO “Um atacante, um médio e mesmo um zagueiro podem falhar. Só o arqueiro tem de ser infalível”, disse o escritor Nelson Rodrigues. A vida do camisa um nunca foi fácil. Se na Copa do Mundo de 1950 o goleiro Barbosa foi responsabilizado pela perda do título contra o Uruguai, após ter falhado no segundo gol que resultou na derrota brasileira no episódio conhecido como “Maracanazzo”, 44 anos depois Taffarel foi fundamental na conquista do tetra campeonato mundial brasileiro nos Estados Unidos, após defender o pênalti cobrado por Massaro na final contra a Itália. Os goleiros se diferem bastante dos demais componentes da equipe, a começar pelo seu uniforme. No futebol moderno a agilidade é muito importante, por isso o treinamento dos goleiros vem evoluindo, fazendo com que o reflexo e a velocidade na reposição de bola se torne mais uma maneira de atacar o time adversário. Conhecidos também por serem os primeiros a chegar e os últimos a sair dos treinos, alguns goleiros não ficam apenas dentro da sua área. Arqueiros como Rogério Ceni e o paraguaio Chilavert se consagraram não só pelas suas defesas, mas também pelas suas habilidades com os pés em cobranças de faltas e de pênaltis. Além de goleiro artilheiro, Ceni também se destaca

pela função de líbero que exerce em seu clube, fato corriqueiro no futebol de salão. Rafael Bianchini, goleiro do V&M Minas, confirma a importância dessa função dentro das quadras. “Apesar de não ser a minha principal função, tenho que saber atacar, trabalhando a bola e até fazendo gols”. Nos últimos anos esta posição vem se valorizando cada vez mais. O futebol brasileiro, conhecido anos atrás por exportar apenas camisas dez, hoje é reconhecido e valorizado também pelos seus goleiros que atuam na Europa. Esse mercado ganhou espaço com a ida de Taffarel para o Parma da Itália em 1990 e hoje se fortifica com Júlio César, goleiro titular da Seleção Brasileira e da Internazionale de Milão, considerado por muitos críticos o melhor do mundo em sua posição. Apesar de toda evolução que a posição vem sofrendo, alguns atletas ainda encontram barreiras. A altura pode interferir diretamente na carreira de um goleiro. Os que são considerados baixos para jogar no futebol de campo são dispensados dos clubes e devido à paixão pelo esporte acabam indo para as quadras. Bianchini, que mede 1,78m, passou por este problema. “Comecei minha carreira em Brasília. Cheguei a atuar no futebol de campo, mas com o passar dos anos a minha altura impediu que eu continuasse nos gramados. Só me restou ir para o futsal, já que sempre gostei de ser goleiro e queria seguir

Foi eleito pela FIFA o melhor goleiro da história e figura na seleção do século montada pela entidade. Chamado de “Aranha Negra”, por jogar todo de preto, foi a primeira grande estrela que jogava embaixo das traves.

Na copa de 2002 só não foi capaz de deter Ronaldo na final. A sua atuação pelas semifinais daquele Mundial entrou para a galeria de grandes exibições de um goleiro em Copas.

Sepp Maier Gordon Banks

Imagens da internet

Aposentadoria O ex-goleiro João Leite, foi o jogador que mais vestiu a camisa do Atlético com 684 jogos pela equipe. Foram quase 20 anos de carreira, sendo 17 de serviços prestados ao clube mineiro. Encerrou sua carreira aos 37 anos devido as contusões que se tornaram comuns. “No último ano da minha carreira eu tive uma distensão muscular, contusão que eu nunca havia tido. Então passei a conviver com novas lesões no braço e no ombro, (...) não foi fácil parar de fazer a coisa que mais gosto na vida, que era jogar futebol no clube do meu coração e na seleção brasileira”. Com a evolução dos tratamentos e uma preparação específica as contusões se tornam menos comum. O preparador de goleiros se tornou figura importante em todas as comissões técnicas e também o homem de confiança dos treinadores. O preparador surgiu no futebol por volta dos anos 80, e

Ao lado de Beckenbauer e Gerd Müller, comandou a Alemanha na copa de 74. Deixou um legado para o mundo, iniciando a tradição alemã de goleiros seguros e discretos.

Lev Yashin

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na profissão”. Caso contrário aconteceu com Andrey, 1,94m, goleiro do Cruzeiro, que não teve oportunidade no futsal, pois era muito alto. Ao comparar as duas modalidades ele declara que o futebol de salão é mais complicado que o futebol de campo. Como em toda profissão a decisão de parar não e fácil para nenhum atleta. Se nos dias de hoje os jogadores de linha penduram as chuteiras com uma média de idade de 35 anos, os goleiros vão um pouco além disso.

Era o goleiro da esquadra inglesa em sua única conquista mundial, a copa de 66. A defesa que fez na cabeçada de Pelé em 70, já o colocaria no Hall dos melhores.

Dino Zoff

Oliver Kahn

O italiano disputou 3 copas pela Azurra e foi campeão em uma delas. Ao levantar a taça em 82 bateu dois recordes: o jogador mais velho a conquistar um Mundial (40 anos) e o segundo goleiro a levantar a taça da FIFA

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Esporte • 09

Carvalho, Frederico Rossin, Henrique Carvalho 6º período

O Po onto

Belo Horizonte, 27 de Outubro de 2009 veio para melhorar os exercícios e técnicas específicas para os goleiros. Segundo Fábio, goleiro do Cruzeiro, a evolução nas técnicas básicas para os goleiros é fundamental para a posição. “Se você não estiver preparado para enfrentar as dificuldades que encontramos hoje dentro de uma partida, você não consegue fazer a diferença ajudando a sua equipe”. João Leite também declarou a diferença das épocas: “Hoje desde a categoria mais nova já existe os treinamentos específicos para goleiros. Depois já começa o trabalho de fortalecimento, atividade que não existia no meu tempo. Muito alongamento e flexibilidade. Com o avanço da tecnologia, cada atleta tem praticamente um tratamento individual no clube.” Não é apenas nos treinamentos que os goleiros aprendem, mas também ao observar e analisar as atuações de outros arqueiros. Fábio e Bianchini se espelharam no gaúcho Taffarel. Andrey acompanhou o exgremista Danrlei e atualmente admira Rogério Ceni. João Leite, teve a oportunidade de trabalhar com dois jogadores estrangeiros que o serviram de referência nos treinos e jogos. “Aprendi bastante quando o Atlético contratou o uruguaio Mazurkiewicz, que trouxe consigo toda a escola de treinamentos do Uruguai. Ele era o melhor goleiro do mundo naquela época. E quando o argentino Ortiz chegou ao Galo, aprendi bastante a ter habilidade com a bola nos pés e jogar adiantado para fazer a cobertura da defesa”. Carreira Profissional Devido à competência e as boas atuações dos profissionais brasileiros, as portas do mercado europeu estão abertas para os nossos goleiros trabalharem por lá. Com bons salários e excelente qualidade de vida, muitos jogadores não pensam duas vezes antes de partirem para a Europa, porém há os que preferem fazer carreira nos clubes brasileiros, como é o caso do jovem goleiro atleticano Bruno, 21 anos, e do experiente Fábio. O jogador alvinegro não hesitou em declarar que pretende ficar no nosso futebol. “Sempre tive um sonho de jogar primeiro no Brasil antes de sair. Meu principal objetivo é permanecer em meu país e fazer carreira aqui”. O experiente Fábio, com passagens pela Seleção Brasileira, teve seu contrato renovado com o seu clube e pretende fazer história no time mineiro. Hoje ele é o quarto goleiro que mais defendeu o Cruzeiro e espera ultrapassar Raúl Plasmann, que com 549 atuações é o recordista de jogos com a camisa estrelada.

“O momento que vivo no Cruzeiro é super especial. Já tive oportunidade de sair algumas vezes e o meu contrato que se encerrava agora no final de 2009 foi prorrogado até fevereiro de 2012. Minha identificação com o clube é imensa e hoje não penso em deixar o Brasil”. João Leite deixou o Brasil em 1989 e foi para o Vitória de Guimarães de Portugal, segundo ele era grande a dificuldade dos goleiros de antigamente para se transferirem para o exterior. “O passe do atleta era preso ao time. A lei dizia que para ter o passe livre era necessário ter dez anos no clube e 32 anos de idade”. Oportunidades A primeira chance para um goleiro pode aparecer de um dia para o outro, ou até mesmo demorar anos. Os goleiros do Cruzeiro começaram cedo suas trajetórias. Andrey conquistou sua oportunidade no Grêmio, onde passou por todas as categorias de base até chegar ao profissional. Após ter que escolher entre o futsal e o futebol de campo, Fábio ingressou nos gramados aos 14 anos.

“Comecei jogando como volante e sempre brincava depois dos treinos como goleiro. O treinador viu e me propôs treinar no gol.” Bruno, goleiro do Galo O atleticano Bruno revelou um fato curioso no início de sua carreira. “Comecei jogando como volante e sempre brincava depois dos treinos como goleiro. O treinador viu e me propôs treinar no gol. Daí em diante passei a gostar da posição, treinando cada vez mais para buscar meu espaço. Em 2003 surgiu a oportunidade de vir para o Atlético, quando o dono da escolinha de Limeira, onde comecei, realizou a negociação com o clube”. Entre as características básicas para um bom goleiro, uma das mais importantes é o emocional. Ser goleiro exige muita calma, cautela, concentração e confiança. A pressão exercida sobre esses atletas pode acarretar conseqüências drásticas para suas carreiras, caso eles não consigam lidar com os erros, que normalmente são cruciais e decisivos em simples partidas ou até mesmo em decisões de campeonatos. Em um mesmo jogo o goleiro pode ser o herói e em minutos se tornar vilão. Para Andrey, em seu caso tem apenas uma explicação, o excesso de confiança.

Jogou por vários grandes clubes do Brasil, sendo bicampeão brasileiro. Esteve em 5 Copas do Mundo e foi titular em 2. Tornou-se técnico e conquistou mais 2 brasileiros e uma Conmebol pelo Santos e o bi-campeonato da Conmebol pelo Atlético.

Gilmar No fantástico time do Santos da década de 60, Gilmar conquistou a Libertadores e o Mundial Interclubes de 62 e 63. É considerado o primeiro grande goleiro brasileiro.

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“Todos os momentos de falha na minha carreira foram quando eu estava extremamente autoconfiante. Não tenho tido problemas com as vaias e aplausos. Procuro sempre focar no jogo e não dar muita atenção a isso.” João Leite confessou que no início de sua carreira sofreu bastante com a pressão de ser o goleiro do Atlético. “Eu sempre fui uma pessoa com muito medo de errar. Jogando pelo Atlético, a exigência era muito grande, eu entrava muito pressionado e isso me fez sofrer bastante no início (...) tomei alguns frangos durante estes anos, alguns não acreditavam que eu ia me recuperar, mas eu tinha certeza que ia melhorar e continuava treinando bastante”. Como no campo de jogo só existe vaga para um guardião de metas, os goleiros travam duelos entre si para buscarem a titularidade e oportunidades durante a carreira, o que pode gerar um ambiente não muito agradável entre os que lutam pela posição. Devido às poucas contusões e as raras trocas por opções dos treinadores, o titular é quase insubstituível. Em alguns casos ocorrem desavenças, mas para o goleiro Andrey, a relação com o goleiro titular é muito boa. “Me dou super bem com o Fábio. Não é preciso ser amigo para trabalhar junto, mas ele é um cara que fiz amizade e freqüentamos a casa um do outro”. Goleiro X Atacante Não há dúvidas que os principais inimigos dos goleiros são os artilheiros. Mas ao lado dos goleadores, estão dois fatores que não são bem vistos pelos arqueiros: a tão comum ‘paradinha’ nas cobranças de pênaltis e a evolução dos materiais esportivos. Andrey condenou a artimanha na penalidade. “Só falta amarrar o goleiro, colocá-lo de costas e vendado embaixo do gol, (...) estão fazendo de tudo para que o gol saia”. Bruno concorda e ainda ressalta as inovações na bola e nas luvas de goleiro. “Os fabricantes só olham o lado dos jogadores de linha, principalmente dos atacantes. Porém as luvas estão sendo feitas com um material cada vez mais sofisticado”. “Maldito é o goleiro. No lugar onde ele pisa, nunca nasce grama”. O famoso bordão, atribuído ao humorista Don Rose Cavaca, vai perdendo força com o tempo. Paixão e dedicação são palavras chaves que nunca faltam no vocabulário dos donos da camisa um. A motivação vem sempre das arquibancadas, milhões de corações apaixonados movem esses jogadores dentro de campo. Os goleiros serão eternamente nossos heróis e vilões.

Fez mais de 450 jogos com a camisa alviverde. Ganhou o apelido de ‘São Marcos’ após a conquista da Libertadores de 99, quando defendeu o pênalti de Marcelinho Carioca nas semifinais. Pela Seleção, foi titular e decisivo no pentacampeonato em 2002.

Leão Taffarel Superou o fracasso de 90 para setornaressencialnaconquista do tetracampeonato mundial em 94.Um dos maiores pegadores de pênaltis de história. Por quase 10 anos foi titular absoluto da Seleção Brasileira se tornando o goleiro com maior numero de jogos.

Marcos

Júlio César O nome mais recente da lista mantém a tradição dos goleiros brasileiros. Seguro, calmo já faz história na Inter de Milão e é cada vez mais titular na equipe de Dunga. Hoje é considerado o melhor goleiro do Mundo pelos críticos.

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10 • Cultura

Editor e diagramador da página: Francisco Vorcaro 6º período

Belo Horizonte, 27 de Outubro de 2009

O Ponto

Maluco Beleza por uma Sociedade Alternativa Raul continua conquistando novas gerações de fãs e recebe cebe homenagens aos 20 anos de sua morte

KELLY MARINHO

3º PERÍODO “Toca Rauuulllllllll !”. O grito que ecoa da platéia é um pedido que virou marca registrada em qualquer show pelo país. Seja nas apresentações de Milton Nascimento, Marisa Monte, Zé Ramalho ou outros nomes da música brasileira e até atrações internacionais. Os cantores, sejam iniciantes na noite ou artistas de sucesso, já ouviram a famosa expressão, pelo menos uma vez. Talvez o fascínio exercido por Raul sobre o seu público, mesmo 20 anos após sua morte, se deva ao seu ecletismo autoral. O cantor e compositor, conhecido como “maluco beleza”, tem música para todos os gostos e estilos. Por isso, ele se tornou um artista tão admirado por um público variado, como dizem: dos 8 aos 80, do comportado ao escrachado, dos que gostam de “Medo da Chuva” e dos que gostam do “Rock das Aranhas”. Essa paixão por Raulzito (para os mais íntimos, ou seja, quase todos) reuniu, no último dia 11 de setembro, mais de 300 pessoas na Praça da Savassi, em Belo Horizonte, para homenagear o cantor no seu vigésimo aniversário de morte. A apresentação do evento foi feita pela dupla Caju e Totonho, da TV Alterosa. Independente do estilo pessoal de cada participante do evento, todos incorporaram o espírito espontâneo de Raul para cantar um dos seus maiores sucessos: “Metamorfose Ambulante”. O telão, instalado em cima de uma loja na região, funcionou como karaokê, para evitar improvisos e erros. A produtora do evento Flash Mob Toca Raul,

Márcia Ribeiro, da empresa Nó de Rosa, ressalta a sinergia do projeto com as novas mídias e explica a escolha do artista. “Se o Raul estivesse vivo, com certeza tocaria no BH Music Station!”, afirmou, ao explicar que o evento Toca Raul foi uma das ações para divulgar o Music Station. Embora muitos entrevistados na Praça da Savassi não soubessem muito sobre a vida de Raul Seixas, a companhia da “galera” e a popularidade das músicas do artista, somadas à ampla divulgação do evento feita pelo Twitter, foram responsáveis pelo sucesso do Flash Mob. O artista foi homenageado também no último capítulo da novela das oitos da Globo, Caminho das Índias. Apresentado também no dia 11, o episódio final trouxe o personagem Tarso (representado pelo ator Bruno Gagliasso), um jovem esquizofrênico, cantando Maluco Beleza junto com companheiros da instituição em que fazia tratamento. Baiano de Salvador, Raul foi influenciado pela música de Luiz Gonzaga e pelo Rock dos anos 50. Iniciou carreira em 1960, com o grupo “Os Panteras”. Nesta década, após apresentações em Salvador, gravou, na Cidade Maravilhosa, o disco “Raulzito e os Panteras”, que foi desastre de vendas. Raul passou então a se dedicar à função de produtor musical na gravadora CBS, produzindo para astros da Jovem Guarda, como Jerry Adriani. Após perder o emprego na CBS, participou do Festival Internacional da Canção de 72, onde conseguiu classificar a música “Let me sing, Let me sing”. Em seguida, Raul foi contratado pela Philips e lançou seus primeiros sucessos “Ouro de Tolo”, “Metafomorfose Ambulante”, “Al Capone” e

“Mosca na Sopa”. No final de sua carreira, Raul já tinha mais de 20 LPs. Problemas com alcoolismo lhe causaram pancreatite fatal, falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca. Hoje em dia, Raul Seixas e visto como uma das maiores lendas do rock brasileiro, com uma legião fiel de fãs. Todos os seus discos já foram lançados em CDs, além de diversas coletâneas. Suas músicas continuam sendo regravadas por artistas como RPM (“Gita”) e Caetano Veloso (“Ouro de Tolo”), por exemplo. Para Felipe Barros Santos, 22, estudante, Raul Seixas é um artista inesquecível. A música que mais o marcou foi “Gita”, porque é “surreal, fala de muitas coisas, além de dizer que você pode ser tudo, porque o tempo na Terra é curto, e você tem que aproveitar o máximo possível.” Segundo o estudante de direito João Victor Marques Dornas, 22, “Raul é sinônimo de polêmicas, de grandes pensamentos e atitudes, uma pessoa que alterou uma época.” Já para o músico Inácio Cavalliere, 39, Raul Seixas foi um ícone da indignação. “Ele foi um grande músico e compositor de sucesso na década de 70. Mas caiu no ostracismo devido à sua falta de disciplina”, diz. Conforme Cavalliere, Raul Seixas, assim como Elvis Presley, não morreu. Os dois são sinônimos de ousadia, polêmica, discussão, vida desregrada e sucesso pós-morte. O músico e estudante de farmácia, Natahn Lamas Dias, conta que não tem nenhum show da sua banda “Alna”, que alguém não grita lá do meio da pláteia: toca Rauuulllllllll. “Raul influencioume por causa da loucura. Acho que todo músico tem um pouco de louco.” Fotos: Pedr o Gontijo

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Cultura • 11

Editor e diagramador da página: Jaime Hosken 6º período

O Ponto

Belo Horizonte, 27 de Outubro de 2009 Foto: ww

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Desconstruindo uma celebridade

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Como adquirimos o fascínio pelas celebridades e como nos sentimos sobre seus escândalos CINTIA DABES 2º PERÍODO A celebridade é considerada um semideus na sociedade pós-moderna. As pessoas com o rótulo de famosas são a “realeza”, um grupo à parte da maioria, composta apenas dos meros mortais, a “plebe”. Esta analogia é, sem dúvida, um retrato dos níveis de importância do indivíduo inseridos no contexto do convívio social, não priorizando somente o aspecto financeiro, mas principalmente a quantidade de aparições públicas da pessoa em jornais, revistas, canais de televisão e outros tipos de mídia. A adoração de celebridades não é um fenômeno atual. “Desde a antiguidade, as pessoas tem acompanhado a vida, os amores e as tragédias de figuras famosas” diz a psicóloga Kendra van Wagner, Mestre pela universidade de Boise nos Estados Unidos. Van Wagner ainda afirma que esse tipo de admiração pode levar à depressão, disfunção social, ansiedade, stress e insatisfação com a própria vida. De acordo com a psicóloga Dra. Jennifer Gibson, há dois tipos de adoração de famosos: “quando é puramente com a finalidade de entretenimento, é um passatempo muito saudável para a maioria das pessoas. Esse tipo de admiração possui comportamentos inofensivos, como ler e aprender sobre uma celebridade em particular.” Por outro lado, Gibson destaca também os pontos negativos do culto aos famosos. “Atitudes pessoais intensas para com celebridades, no entanto, refletem traços de neurose. As mais extravagantes descrições de adoração de celebridades exibem comportamentos patológicos e elementos de psicose. Este tipo de fanatismo pode apresentar empatia pelos erros e sucessos de uma celebridade, obsessões por detalhes de sua vida pessoal e uma identificação exagerada com o famoso”, pondera a psicóloga. Algumas celebridades são alvos constantes de perseguições de fãs, os chamados “stalkers”. Sandra Bullock, Richard Gere, Steven Spielberg, Mel Gibson, Janet Jackson e muitos outros famosos já sofreram com esse tipo de problema. John Lennon, o ex-Beatle e ativista político, foi assassinado por um fã logo após

sair de seu apartamento em Nova York. O acontecimento chocou o mundo e até hoje é tema de grande polêmica. Nessa mesma questão, “há diferentes reações para as pessoas que já possuem certos distúrbios, cada caso é singular”, afirma a psicóloga Sandra Espinha. “A pessoa histérica, por exemplo, responde com a inveja; o psicótico, com um amor e ódio doentios e o obsessivo tem sonhos com a celebridade e acredita ter um relacionamento com ela.” Apesar de todo o poder aparente, a maior influência tanto para colocar a celebridade no topo, quanto para destruí-la pertence ao público. Um grande número de pessoas sentem um certo prazer em ver, ouvir e/ou relatar escândalos e tragédias na vida dos famosos. Justificando esse comportamento, Espinha afirma que “apesar do famoso ser admirado, o público sente como se este tivesse roubado algo que é seu. Isso é uma das causas da inveja. O prazer que a pessoa sente ao ver um escândalo ou uma falha de uma celebridade dá-se à satisfação que ela adquire ao saber que tal figura não é tão perfeita, que possui defeitos como toda pessoa normal. Você ataca no outro aquilo que não gosta em você mesmo.” A ex- boa moça, a cantora Britney Spears, é um perfeito exemplo do quão poderoso é o poder do público em relação não só à imagem da celebridade, mas em sua vida pessoal. Desde o começo de sua carreira, Britney foi retratada como um modelo a ser seguido pelos jovens. Ficou muito tempo no topo, como o símbolo teen da perfeição. Contudo, desde 2006 a famosa tem protagonizado cada vez mais escândalos, como o uso constante de drogas e álcool, o divórcio nada amigável com o seu ex-marido Kevin Federline e a luta pela guarda dos seus filhos. Após o divórcio, Spears caiu em depressão e chegou inclusive a raspar a cabeça. Os lucros com as vendas de revistas de fofoca sobre o assunto dispararam e nesse período o nome de Britney Spears foi muito procurado no site de buscas Google. A explicação para este tipo de comportamento não é tão recente. Nas teorias freudianas, as pessoas possuem um mal

estar psicológico ineliminável, e a atitude em relação à esse sentimento é diferente para cada um. Comportamentos como anorexia, bulimia e auto-flagelação resultam desse mal-estar interior, que pode ser causado pela padronização ideal de comportamento e beleza na sociedade contemporânea. A celebridade representa o padrão, o perfeito, o paradigma. Quando quebra-se esse paradigma, o famoso se distancia da figura de semideus e aproxima-se do humano. Segundo a tese do renomado sociólogo polonês Zygmunt Bauman, ao longo da história da humanidade o mundo sempre teve ideais para guiá-lo, exemplo disso são o iluminismo, o nazismo e o anti-nazismo, o comunismo, a Revolução Francesa, o movimento feminista e vários outros; além daqueles defendidos por líderes como Júlio César, a Igreja Católica, Aldolf Hitler, Winston Churchill, Martinho Lutero, Mahatma Gandhi, Napoleão, Karl Marx, o Dalai Lama, etc. Atualmente, com o fortalecimento e o enraizamento do sistema capitalista, a sociedade pós-moderna foi perdendo seus ideais e, consequentemente, seus líderes. Quando os ideais caem, prevalece uma perversão generalizada: o capitalismo promete a felicidade não por um ideal, mas por produtos, que criam a ilu-

são de que irão preencher uma falta existente que varia em cada ser humano. O capitalista lida sempre com a falta, mas não a reconhece e, como mencionado antes, essa falta é uma das razões para a adoração da celebridade e esta, de algum modo, procura saciá-la. Pode-se fazer um paralelo da teoria de Bauman com o fenômeno da fama no mundo contemporâneo. O sucesso dos famosos dá-se pela queda dos ideais no sentido de que, na mentalidade coletiva, as pessoas sentem-se impelidas à se identificar com as celebridades (paradigma de perfeição atual), tentando recuperar os ideais sociais perdidos. Com a padronização baseada nas celebridades, há uma tentativa de igualar as pessoas eliminando suas diferenças. Os grupos de pessoas que se reúnem por algo em comum não suportam as distinções de cada um. Na época dos ideais, os grupos se uniam por amor ao Líder, hoje, as pessoas se organizam por estilo de vida e rótulos (os “emos”, as anoréxicas, os metaleiros, os alternativos, etc). As celebridades são as novas líderes da sociedade, seus estilos de vida e aparência os novos ideais- supérfluos. Estudos afirmam que este fenômeno começou com os “mitos femininos” do cinema, tais como Marilyn Monroe e Sophia Loren.

Celebridades em suas fotos para a polícia

Paris Hilton

Hugh Grant

Lindsay Lohan

Robert Downey Jr

Mischa Barton Fotos: Law Enforcement

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12 • Especial

Editores e diagramadores da página: Felipe Chimicatti e Tarsila Costa 7º período

TARSILA COSTA 7º PERÍODO o próximo mês de novembro completam 150 anos que o cientista e naturalista Charles Darwin publicou sua obra mais importante: A origem das espécies. Sua viagem à América do Sul e às Ilhas Galápagos – situadas na costa do Equador - na primeira metade do século XIX, mais precisamente entre de 1831 a 1836, foi o período que Darwin pôde colher material e observar as espécies em suas variedades distintas, o que seria essencial, posteriormente, para comprovar a hipótese da seleção natural que sustenta a teoria da evolução. O fato de o cientista naturalista Alfred Russel Wallace ter descoberto nos malaios, no ano de 1858, a questão evolutiva vista na seleção natural e ter enviado para Darwin um pequeno ensaio nomeado “Da tendência das Variedades de se afastarem indefinidamente do tipo original” fez com que Darwin organizasse rapidamente a primeira edição da obra. No ano seguinte, então, foi publicada A Origem das Espécies que vendeu todos os exemplares no primeiro dia. Darwin encontrou alguns problemas para explicar a herança das características que eram repassadas às espécies. Na época o nome dado a esse aspecto da teoria da evolução foi a “herança combinada”, segundo Henrique Paprocki, professor especialista em biologia evolutiva da PUCMinas. Darwin acreditava que se houvesse o cruzamento de um filhote de cor preta com um filhote de cor branca, o resultado seria uma espécie de cor cinza. Na época, aspectos da genética não haviam sido considerados pelos cientistas, embora o monge austríaco Gregor Mendel (1822-1884), em seus experimentos com ervilhas e plantas, tivesse observado que as características dos pais repassadas aos filhos como altura, cores e formas eram apresentadas de

N

Afora a Nat urez O Ponto

maneira desigual - diferente do que Darwin ção – formação das espécies. O professor acreditava. Mendel só teve o devido reco- ainda coloca que o princípio da distribuinhecimento depois de 1866 e foi de essen- ção geográfica foi de grande importância cial importância para resoluções acerca da para a teoria da evolução. Um exemplo genética moderna. A dúvida de Darwin apresentado na obra de Darwin foi a disse concentrava na questão da herança das persão no período glacial. Ao considerar características pelos seres vivos, afinal, o que o estreito de Bering entre o continente repasse do repertório genético não seguia americano e o continente asiático teve uma lógica linear; a hereditariedade dos suas águas, na época, 90 metros abaixo do nível atual, pode-se imaginar o grande caracteres era variável, mesmo porcontingente de mamíferos que que havia condições externas atravessaram “essa ponte que poderiam influenciar Charles Darwin natural”: naquele tempo na constituição gené(1809-1882) geológico as geleiras tica das espécies. A retinham muito mais aclimatização foi água que hoje. “Os um dos fatores cavalos e os ancespreponderantes trais do camelo colocado por estavam entre os Darwin para a que passaram da variabilidade América para a da herança Ásia”. Os povos das caracteasiáticos também rísticas: um vieram para a exemplo usado América, e, deles pelo cientista descendem os indíem sua obra foi genas da América à adaptação do do Norte e da Améelefante e rinorica do Sul. Foi ainda ceronte a climas importante para a síndiversos durante a tratese de sua teoria a obra de jetória geológica dessas Thomas Maltus (clérigo e ecoespécies no planeta Terra. nomista) denominada Um ensaio Observe que, antigamente, esses animais suportaram as condições climáti- sobre o princípio da população. cas do período da era glacial e hoje vivem condicionados em climas tropicais e sub- O embate com o criacionismo Além das questões problemáticas da tropicais. A teoria da deriva continental colocava que o planeta teria sido uma pan- teoria darwinista, a perspectiva criacionista géia - massa única – e, que com o passar dos defendia que o homem era imagem e semeanos, os continentes iam se afastando pro- lhança de Deus. “Constituía a base do pengressivamente. A variabilidade das carac- samento da maior parte dos cientistas da terísticas das espécies aconteceu muito em época frente à origem das espécies. Romper função da migração das mesmas. Segundo paradigmas foi uma grande dificuldade de o professor Henrique Paprocki, a migração Darwin, os criacionistas acreditavam que a favoreceu o fluxo gênico e a variabilidade terra tinha 10.000 anos”, salienta Henrique das características conduzindo a especia- Paprocki. Darwin se deparou com o proimagens darwinonlin e.or g.uk :

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THOMAS HUXLEY (1825-1895) O biólogo Thomas Huxley se auto denominava como o bulldog de Darwin - espécie de defensor de sua teoria -, e foi fervoroso em seu apoio a obra do cientista inglês no final do século XIX, apesar de não apoiar totalmente as postulações da teoria da evolução.

blema do tempo, embora a primeira edição da Origem das Espécies tenha apresentado o cálculo referente à estimativa temporal da erosão de Weald, localizada no sul da Inglaterra, mais precisamente entre North e South Downs. Para tanto fosse constatado mais tarde que essa região havia de 20 a 30 milhões de anos, Darwin calculou algo entre 300 milhões de anos para chegar a seu estado atual e, partindo dessa observação, refletia como o tempo geológico da Terra era um mistério: “Como são incompreensivelmente vastos os períodos de tempo passado”(...) Para a resolução dos problemas referentes ao tempo, a obra de Charles Lyell, geólogo escocês, “Príncipios da Geologia, publicada em 1830, auxiliou Darwin na formulação da teoria da evolução, considerando que o tempo geológico da terra antes era um grave problema para o cientista. Vários problemas foram encontrados pelo cientista: a variação, a hereditariedade, o tempo, as adaptações diferenciadas e a origem dos grupos biológicos e os vestígios fósseis. Enquanto isso, a perspectiva darwinista buscava por vias de um olhar naturalista e empirista a origem da variedade da fauna e flora do continente americano, a predominância de determinadas espécies no processo de seleção natural e as subespécies oriundas dessa cadeia evolutiva, embora reconhecesse a importância de todas as espécies e não construísse hierarquia entre as mesmas. Levantou-se uma importante hipótese: de como uma espécie que é predominante em quantidade de gêneros terá maior número de subespécies perpetuando-se e assegurando a permanência de sua espécie, entendendo-se, também, que as condições climáticas entre outras condições - colocadas como externas - podem beneficiar algumas espécies como pode prejudicar outras, selecionando, na “luta pela vida”, as espécies mais aptas.

“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças” Charles Darwin

Herança Combinada

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Em vista do não conhecimento do cientista Charles Darwin das questões referentes à genética - estudadas preelimarmente pelo austríaco Gregor Mendel -, sua teoria sobre a hereditariedade do cruzamento entre espécies consistia em: um animal preto ao cruzar com um animal branco geraria um outro animal cinza. O que na época foi refutado devido a complexidade do caráter variável da engenharia genética.

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Editores e diagramadores da página: Felipe Chimicatti e Tarsila Costa 7º período

eza, t udo é ilusão O Ponto

4.500 bilhões de anos

Especial • 13 Belo Horizonte, 27 de Outubro de 2009

O pensament o darwinist a

Durante a análise da trajetória das espécies, Darwin sugeriu que poderia ser possível, de tempo em tempo, serem adquiridos alguns caracteres. PRÉ-CAMBRIANO A isto se deu o nome de herança combinada. O problema na época foi quando Darwin colocou que esses caractéres adquiridos no fenótipo constituição física e aparência fisiológica do indivíduo - seriam herdados pelos descendentes de maneira a alterar o genótipo – informação genética total contida nos gens , e essas características seriam transmitidas para os descendentes à média dos atributos dos genitores (de acordo com o quadro da página anterior). As críticas a essa colocação de Darwin apareceram; os cientistas acreditavam que se isto ocorresse chegaria a uma situação que os efeitos dessas características desapareceriam. Apesar de sofrer críticas desse aspecto intitulado de herança combinada, PALEOZÓICO Darwin na primeira edição de A Origem das Espécies não julgava importante para sua teoria a questão da hereditariedade das características e, com o passar do tempo, foi criticado pela maneira simplista que colocava MESOZÓICO suas questões. Os cientistas que se opuseram a essa afirmação diziam que não teria havido tempo para que tanta evolução ocorresse apenas CENOZÓICO por meio do acúmulo de variações ocasionais. Antes de Darwin, o cientista francês Jean Baptiste Lamark(1744 -1829) propôs a Lei do Uso e Desuso. Consistia na idéia de que a herança dos caractéres adquiridos seriam conquistados de acordo com as necessidades: o caso da girafa que, na necessidade de se alimentar de folhas suspensas, teria desenvolvido a proporção do pescoço. Ainda que se pareça com as postulações de

Darwin, há uma diferença crassa entre estas: Para Lamarck havia um desejo de mudança que provocava a ocorrência dessa transformação no próprio organismo, e que era então transmitido aos filhos. Para Darwin, contudo, as heranças advinham da maior rotatividade dos genes das espécies mais aptas a um dado ambiente. No problema evidente da transmissão de caractéres através do fenótipo ou genótipo, o biólogo alemão August Weismann (1834-1914) contribuiu em grande medida para a comprovação dessa transmissão por meio do genótipo. Weismann dizia que havia uma substância localizada nos cromossomos presente no núcleo das células chamada “plasma germinarivo”. Essa substância responderia pela transmissão das características que mais tarde seria identificada como a base do material genético. Para ilustrar a complexidade das origens das espécies, observe o caso do diferenciado mamífero ornitorrinco oriundo da Austrália e da Tasmânia. Darwin observou como o Ornitorrinco ou Ornithorhynchus anatinus era um “fóssil vivo” possivelmente devido ao isolamento geográfico dessa espécie. Essa situação não proporcionou uma condição de ampla variedade de fauna, devido a suas características geográficas. Ele ainda coloca que a espécie se adaptou bem ao ambiente, perdurando e perpertuando as pecualiaridades da espécie até os dias de hoje. O cientista reconheceu a importância de todas as espécies para a dinâmica da natureza, todavia postulou que as espécies como o Ornitorrico ocupam um grau mais baixo de importância nos variados grupos biológicos, e, nesta situação, a variabilidade das

características genéticas são maiores do que as das espécies que ocupam graus de importância mais elevados na econômia da natureza. No decorrer de sua viagem a bordo do Beagle, pelas Ilhas Galápagos e América do Sul, Darwin observou na fauna e flora algumas das possíveis causas da variação das características, um exemplo citado pelo cientista no livro “Origem das espécies”: (...) é o das plantas do extremo sul, vivendo em águas rasas que geralmente tem colorido mais vivo dos que as da mesma espécie que vivem no extremo norte(...) pássaros da mesma espécie tem colorido mais brilhante nas regiões mediterrâneas Embora tivesse observado e afirmado como os seres vivos por razões variadas migram e se adaptam a contextos geográficos diferentes. “Os peixes do mar podem ser adaptados lentamente para viver na água doce e dificilmente encontramos um grupo do qual todos os membros vivem só em água doce, de modo que uma espécie marinha que pertencente a um grupo de água doce pode viajar extensamente ao longo das praias oceânicas e adaptar-se à água doce de uma terra distante”, enfatiza Darwin em sua obra. O picapau na América do Sul se alimenta de insetos encontrados nas fissuras dos troncos enquanto alguns pica-paus da América do norte têm sua dieta composta de frutos. Há ainda outro gênero que, segundo Darwin, é dono de asas longas e captura os insetos no ar. A diversidade vista na natureza é repleta de semelhanças entre si, e as diferenças são características e habilidades necessárias para manter determinado grupo em cada contexto geológico que cada espécie está inserida.

4.500 bilhões de anos ORIGEM DA VIDA >> APARECIMENTO DA BACTERIAS >>FORMAÇÃO DA CROSTA

>>APARECIMENTO DOS PEIXES / INSETOS / ANFÍBIOS / REPTEIS

>>APARECIMENTO DOS DINASSAUROS

>>EXTINÇÃO DOS DINOSSAUROS E AUMENTO DOS MAMÍFEROS

(A esquerda) Migração dos mamíferos durante a era glacial da porção americana para porção asiática. (A direita) Aborigenes asiáticos em seus cursos migratórios para a América durante a Era Glacial. A descendência dos indigenas americanos advém dos povos asiáticos. Na ocasião, com a retenção de água pelas geleiras o nível das águas do mar abaixou por volta de 90 metros, possibilitando estas grandes migraçãoes geográficas. Uma espécie de “ponte natural”.

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Editor e diagramador da página: Mariana Campos 6º Período

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O Ponto

Sem estresse, JAZZ invade a Savassi Festival, que ocupa cinco quarteirões, é sucesso de público e recebe apoio dos vizinhos e comerciantes Fotos: Samuel Aguiar 8º G

LUCAS RAGE RENAN BORGES VICTOR DUARTE 2º PERÍODO Ruas lotadas, música alta, trânsito parado. O que se espera desse cenário é uma avalanche de queixas de moradores enfurecidos. A realidade que se vê é bem diferente. Os antes furiosos moradores se tornam efusivos colaboradores. As queixas se transformam em elogios e palavras de apoio. Três da tarde e a rua já está repleta de pessoas vindas dos quatro cantos da cidade. A diversidade de tribos e faixas etárias forma um mosaico que choca o espectador mais desavisado. Estão todos reunidos por um só motivo: o jazz que ressoa dos três palcos situados em plena rua. Em seu sétimo ano, o Savassi Festival Jazz & Lounge transforma a Savassi em um caldeirão efervescente de cultura, diversidade e boa música. O evento acontece nos cruzamento das ruas Antônio de Albuquerque e Alagoas e entre as ruas Sergipe, Cristóvão Colombo e Getúlio Vargas, uma das zonas de maior movimentação da Savassi. Exercendo também uma ação social, o Festival exige de seu público um quilo de alimento não-perecível no ato da entrada. Todo o alimento arrecadado é enviado à Associação Municipal de Assistência Social (Amas), que o repassa àqueles que dele necessitam. Idealizado pelo Café com Letras, o Festival se dá através de uma parceria entre BHTrans, Polícia Militar, Prefeitura e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Para a edição de 2009, estimouse um público de 22 mil pessoas. Como todo grande evento ao ar livre, o festival também gera alguns transtornos como lixo nas ruas, música alta, trânsito engarrafado e dificuldade de acesso aos locais próximos. “Fica muito sujo, mas

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em compensação, se for olhar o custo benefício...” diz Elizabete Mitre, sócia da banca de revistas Albuquerque, na esquina entre as ruas Antônio de Albuquerque e Alagoas. Realizado normalmente aos domingos, o Festival este ano ocorreu em uma data atípica, caindo em uma segunda, feriado por ocasião do 7 de setembro. Alguns comércios, sempre fechados durante a realização do evento, sequer percebem sua ocorrência “Nem ouvimos falar, é neste quarteirão aqui? Se a gente não ouviu falar dele é porque não ta causando muito impacto não”,diz Viviane Pereira Lopes, funcionária da Optical Center localizada na Alagoas em frente ao shopping Quinta Avenida, epicentro do evento.

“Desenvolvemos um festival que tenha o mínimo de impactos negativos e o máximo de positivos (...) é claro que nem sempre é possível satisfazer todas as pessoas” Bruno Golgher Famosa por ser uma das regiões mais boêmias de Belo Horizonte, a Savassi encontra em seus residentes os maiores simpatizantes e defensores de eventos culturais do porte do Festival de Jazz. Os moradores e funcionários de prédios da região ressaltam que os pontos positivos do festival se sobressaem aos pontos negativos. É o que afirma Saulo Gontijo, freqüentador do festival há dois anos: “Afetar afeta, mas aí vai da questão do público resolver aceitar, uma vez que a região da Savassi é uma zona boêmia, muito freqüente e há muito tempo. Todo mundo que mora na região está ciente disso, está propício a isto”.

Bruno Golgher , organizador do evento e co-fundador do Café com Letras, também reitera: “Temos um feedback muito positivo. O evento tem um cuidado muito grande com a comunidade, então, acaba 21h, para que as 22h já esteja tudo em silêncio.” A organização também toma todos os cuidados necessários para que a região esteja, no dia seguinte, da forma qual foi encontrada: “Temos uma preocupação muito grande em lavar tudo depois do evento, deixar tudo limpo”, diz Bruno. O Festival busca também um retorno para a região a longo prazo, segundo Bruno “o evento agora participa de uma iniciativa que se chama “Via Albuquerque”, um projeto de revitalização da Rua Antônio de Albuquerque, que envolve comércio e moradores.” O desafio de realizar um evento de tal porte, em caráter anual, não desanima o organizador: “Desenvolvemos um festival que tenha o mínimo de impactos negativos e o máximo de positivos.É claro que nem sempre é possível satisfazer todas as pessoas”. De acordo com a organização do evento o festival desponta, a passos firmes, como o maior festival de jazz do Brasil em termos de público e obtém, a cada ano, maior repercussão na mídia. Festivais culturais de rua têm se tornado cada vez mais populares em Belo Horizonte, apesar de causarem transtornos à região em que acontecem, suas benesses sempre sobressaem a tais obstáculos e o equilíbrio cabe à organização do evento. Iniciativas como o Savassi Festival Jazz & Lounge, com todos os ônus e bônus que um grande festival possui, só têm a acrescentar a uma região tão rica em cultura como a Savassi e, se depender da organização do evento e dos moradores da região, Belo Horizonte ainda terá muitos anos de integração e cultura pela frente.

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Crítica • 15

Editor e diagramador da página: Pedro Gontijo 6º período

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O belo horizonte dos festivais ÁLVARO CASTRO 7º PERÍODO Desde o início de setembro, a capital mineira foi inundada por musica de qualidade, começando no dia 4 com a primeira noite do Festival Garimpo. Em sua terceira edição, o evento vem se consolidando para colocar Belo Horizonte, clássico celeiro de bons artistas, no cenário musical nacional. Trazendo nomes de peso da cena independente e dando espaço para as bandas que começam a sua caminhada, o garimpo se instalou no confortável Studio Bar, casa que abrigou boa parte das bandas independentes belorizontinas na década de 90 e retomou suas atividades recentemente. Idealizado pela equipe do Alto Falante, programa de música produzido pela Rede Minas e grande apoiador das novas bandas independente do tamanho , mas primando pela qualidade do som. O Garimpo trouxe, este ano, para a capital mineira a possibilidade de entrar em contato com artistas que, infelizmente, não circulam no main stream. Em uma cidade grande, mas com ares provincianos e com a clássica desconfiança dos mineiros, a receptividade não poderia ter sido melhor. O evento foi iniciado com o grupo de rap Julgamento, que mistura na medida certa as pick-ups com a organicidade e o peso do rock, com um trio de dar inveja a muita banda de metal virtuose. Com o jargão “comunicação independente”, título de uma das faixas do grupo, o Julgamento deu o tom do que seria o festival e disse muito de como se faz música independente no Brasil . “Música na raça”, disseram os Mc’s durante a apresentação primorosa, que contou com força e melodia, em conjunto com letras politizadas. “A gente veio aqui para mostrar o nosso som, independente de tocar para

um público ligado ao hip-hop ou não. “O que a gente quer é passar nossa mensagem e isso a gente certamente fez aqui”, disse Roger Deff, um dos responsáveis pela suave acidez saída dos microfones da banda. Além de contar com a presença de nomes novos do cenário mineiro como o Graveola e o Lixo Polifônico, uma das mais promissoras e interessantes bandas da capital, nomes de fora e figurinhas carimbadas dos festivais estiveram presentes para garimpar boas idéias e sobretudo desfilar música de qualidade. É o caso dos pernambucanos do Eddie. Formados em 1989 em Olinda, o Eddie, é um dos precursores do chamado Mangue Beat, movimento que agraciou os ouvidos com o espaço na mídia para bandas como Nação Zumbi, Mundo Livre S/A e Mestre Ambrósio, para citar apenas aqueles que ganharam os ares da grande mídia e por isso puderam fazer o êxodo clássico do sertão para o sudeste. Outro nome de destaque no festival é o alagoano Wado, que acompanhado de um trio cearense “danado de porreta” foi a grande atração da primeira noite e abriu seu camarim para conversar com a equipe d’O Ponto e do Ponto Eletrônico. Em atividade desde 2000, Wado trouxe uma pitada saudável de contemporaneidade para o Studio Bar, ao misturar com maestria elementos de música eletrônica, samba, funk, dentre outros. Em uma conversa bastante descontraída, o catarinense de nasci-

mento, mas alagoano de coração, acredita que a oportunidade de tocar em Belo Horizonte é sempre muito boa, pois amplia o público e favorece a dispersão de suas canções. “Tocar em festival é sempre muito bacana, pois a gente se encontra com gente diferente, escuta música diferente”. Para o cantor, compositor e guitarrista, o advento da internet é fundamental para a circulação da música atualmente. “Com a internet, a gente não fica preso apenas nas pessoas que compram discos. Acaba sendo conhecido em outros lugares, o que é muito bom até do ponto de vista financeiro”, Wado afirmou, ao comentar sobre o que chamou de maneira bastante feliz de “fama anônima”, já que consegue transitar em público sem a loucura das grandes bandas, que precisam de um verdadeiro esquema de segurança para ir à padaria, mas ainda assim se mantém apenas com a sua música, a sua arte.

“Tocar em festival é sempre muito bacana, pois a gente se encontra com gente diferente, escuta música diferente”.

Festivais Fora muito tempo do grande circuito de festivais, saindo atrás de Uberlândia (Jambolada), Goiânia (Goiânia Noise e Bananada) e principalmente do nordeste brasileiro (lar do M.A.D.A. e do grande Abril pro Rock, talvez o maior festival do país e que hoje já se tornou um evento midiático e não mais independente), Beagá foi invadida por festivais e boa música neste mês de setembro. Durante os cinco dias de Garimpo, a Savassi, tradicional bairro boêmio e comercial da cidade e ponto de encontro das mais variadas tribos , contou com mais uma edição de seu famoso Festival de Jazz.

Com produção de altíssima qualidade, superada apenas pelo som de nível internacional, o principal ponto da região, a praça Diogo de Vasconcelos, foi mais uma vez palco para apresentações de grandes músicos, além de uma profusão de cores, raças, cabelos e vestimentas de um público plural que teve a oportunidade de apreciar um excelente som. O evento aconteceu do dia 3 ao 7 de setembro. Bons nomes do jazz, nacional e internacional, destilaram boa música e leituras interessantes de clássicos do jazz, além de trazerem composições próprias. Um espaço para se ouvir jazz do mais careta e conservador até experimentações ligadas ao fusion. Uma grande vantagem do Festival é ser quase de graça, já que um quilo de alimento não perecível é apenas uma contribuição para ouvir bons sons. Para completar a sabatina pelos festivais, outro evento dos mais bacanas teve seu início no sábado dia 19 de setembro. O BH Music Station é uma iniciativa bacana que este ano contou com nomes de grande peso na música nacional, para levar um pouco de cultura para o metrô da capital. Com palcos armados em três estações, Vilarinho (palco principal) Santa Inês e Minas Shopping, o Music Station trouxe a Belo Horizonte três sábados consecutivos de música variada, mas de cunho bastante diferente do Garimpo. Ao invés de primar pelos novos expoentes da música nacional, artistas consagrados como Lenine, Orquestra Imperial e Zeca Baleiro animaram as noites da capital mineira, ajudando a colocar, de vez, BH no mapa dos festivais de música.

Fotos: Pedro Gontijo - 6º G

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Editor e diagramador da página: Amanda Lelis 6º periodo

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O Ponto

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COLCHA de retalhos

Tarde de inverno

Pedro Cunha Uma escuridão surgiu na minha janela, uma escuridão surgiu na minha janela, uma escuridão surgiu na minha mente. De repente um pingo começara a cair do céu, estava caminhando rumo a caminhada que se desfalecia junto aos pingos de água que agora caíam. Uma parada, pois a incerteza era. A casa de Deus tornou-se minha casa naquele momento, foi um abrigo, porém ainda sim frágil contra todo o poder daquele dilúvio que se atrevia a retirar telhas do teto da casa do Senhor. Conformei, rezei, pedi, agradeci, já estava ali. Foi tudo uma curta viagem ao interior, dessas que você vai para se encontrar com seus avós, na morada barroca; dessas que você vai, e se perde na complexidade do seu eu. Sentia o cheiro de mato molhado e da chuva que o molhava, sentia a pele macia e boa de sentir, a pele do aconchego. E as sensações aconteciam como na infân-

Incompreensão Farley Augusto Fonseca

cia, com aquela inocência de uma criança. E a propósito, as crianças eram as que mais aproveitavam aquela água virgem que escorregava pelo petróleo libertino. Eram miúdos legítimos. E eu ia caminhando, caminhava, me encontrava, a inspiração veio com um toque de amor demais, como naquelas belas canções. O mundo virou de ponta cabeça. Agitou-se. Os pingos começaram a ficar escassos, não tinham mais aquela significância nem aquele significado. O caos se esparramou e agrediu a todos que estavam por perto. Os automóveis passavam pelo cruzamento sem lembrarem das drásticas conseqüências. O divórcio com a vida não tinha a menor importância para ninguém. Todos estavam ali, a procura do seu prazer imediato, dos seus objetivos particulares.

Hedonismo. Porém, de repente um barulho estrondoso parou, parou todos, mas não por interesse pelo outro, e sim por um susto individual de cada indivíduo que estava por perto. Era um guri, que sentia seus últimos suspiros no centro do cruzamento, tinha sido pego por um carro que não se incomodava com que estava a sua volta. Todos empacaram, deram uma pequena olhada, e em poucos segundos o trânsito retomou a sua normalidade. E o garoto insignificante continuava no centro do cruzamento se contorcendo e esperando não mais esperar. Foi quando uma escuridão surgiu na minha janela, uma escuridão surgiu na minha janela, uma escuridão surgiu na minha mente. De repente um pingo começara a cair do céu, e o menino foi se desmanchando junto às lembranças de sua morte precoce. E os automóveis continuavam a transitar sem se preocupar...

Contrastes

O homem que trabalha

Pedro Leone

João Paulo Borges Estou desperto hoje, já não posso mais dormir. Neste dia que clareia, a manhã vem me sorrir.

Pensamento que longe vai Muitas vezes não quer mais voltar É alegria, quem sabe tristeza, Que não vai passar

Os pássaros que crocitam, que gorjeiam e regogizam, fazem reclames de meu labor de companheiro felicitam.

A realidade é tão diferente Muitos choram, outros cantam Ou simplesmente desencantam Porém o que mais destrói , A incompreensão

São os últimos instantes, findou meu descansar. Agora é minha hora, devo de ir trabalhar.

Pobre nação Tão cheia de solidão Corações vazios cada dia mais e mais Esperam soluções, Distrações, Emoções, Noções, Mas por ora se detém Apenas em pensar Esqueceu de amar De acreditar Que é possível Alcançar o impossível De tudo realizar

Pause

Bárbara Rodrigues

Parei para organizar a mobília dentro da cabeça Arrastei os móveis Enrolei o tapete E dancei... Pelo único olho aberto espia a tela do MacBook. Fechou um porque a claridade é intensa demais. O canto da boca mordido; ansiedade pura. Ansiedade e luz. É tanta luz que cegaria iluministas. Todos eles. É tanta perspectiva que confundiria Leonardo e Ingres. venha ver (des)virtualmente. Venham todos, seres do sempre. Passado e futuro. Venham ver o Presente que ganhamos. E o curioso é que vacilamos com a embalagem?

CURTA

retalhos

_”Obrigado! Pode rasgar o papel - social?”

Minguante Amanda Lelis Dentre sonhos Eu, gargalhada O céu, sorriso

16 - Cultura - Colcha de retalhos.indd 1

Saudade

Bárbara Rodrigues

...é o bichinho que fica no lugar de quem vai

Diego Suriadakis

Devoção

João Paulo Borges

Às vezes me alegro ao pensar no eterno amor ao qual sou devoto, mas me entristeço ao lembrar, que não sou devoto a nada

Abri as janelas Pus a roupa pra secar Limpei as gavetas Botei água para esquentar Fiz uma sopa De ânimo, coragem e amor Para espantar o frio E curar a dor

Tensão superficial Claudia Lapouble gotas de chuva, pequenos cristais úmidos, água presa em si, ilha líquida no ar

10/27/09 11:00:54 AM


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