Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social Ano 10
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Número 76
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30 de novembro de 2009
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Belo Horizonte / MG
Distribuição gratuita
O fruto da terra Foto: Emílio Fonseca 4º G
Turismo Voos de férias preocupam pais
Cidade Cobrança por vagas nas ruas
Todos os anos, milhares de jovens sonham com uma viagem ao exterior ao completarem quinze anos. Mas, esse sonho muitas vezes tira o sono de seus pais. Para levar um menor ao exterior, vários documentos são exigidos e os pais preocupam-se muito. O temor aumentou após a morte da estudante, Jacqueline Ruas, 15, quando voltava da Disney.
Flanelinhas intimidam motoristas nas ruas do centro de Belo Horizonte vendendo vagas. Amedrontados, os condutores pagam para estacionar em vias públicas para evitar que seus carros sejam arranhados, pneus furados entre outros danos. Mas, muitos flanelinhas têm a confiança dos motoristas e os mesmos deixam até as chaves de seus veículos.
Páginas 08 e 09
Páginas 03
Comportamento Legalize já?
Comunidade de assentados em Brumadinho mostra que trabalho e boa vontade podem garantir uma vida digna no campo, embora as famílias ainda enfrentem o preconceito dos vizinhos. O desconhecimento da realidade desse grupo gera, muitas vezes, hostilidade e conflitos e quem mais sofre, segundo depoimentos dos trabalhadores, são as crianças e adolescentes em idade escolar que frequentam as escolas convencionais. Página 04 e 05 Foto: Roberta Andrade 7º G
Manifestações organizadas em todo o país, denominadas Marcha da Maconha, atualizam o debate sobre a legalização do uso da droga. Páginas 12 e 13
Cidade Os que vão morrer aos que já morreram Mais que um ritual religioso, a celebração do Dia de Finados simboliza o amor à pessoa que se foi. É dia de prestar homenagens à sua memória, à história que se viveu junto. Dia de expressar fé diante do mistério da morte. Enfeitar jazigos e túmulos com flores, limpá-los, dedicar a eles velas e preces. A visita ao cemitério é um ritual cercado pelo silêncio, em respeito ao descanso daqueles que partiram.
Comportamento Rede social Twitter extrapola sua função de contar sobre o cotidiano e passa a ser usado como importante ferramenta de informação. Páginas 14 e 15
Páginas 10 e 11
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Política Esportiva Lei Pelé: discórdias no futebol
Esporte Já ouviu falar de Rugby?
Jogadores, clubes e empresários debatem mudanças sofridas no esporte após a implantação da lei que regulamenta a extinção do passe no país. Nesse jogo, os craques ficam divididos entre as opiniões dos empresários e dirigentes.
A fama de jogo violento e perigoso está ficando para trás e o esporte vem ganhando popularidade mundial. O jogo, que alivia o stress, pode ser praticado em Minas Gerais, além de Belo Horizonte, em Varginha, Nova Lima, Viçosa, Uberlândia, Valadares e Nova Era.
Páginas 06 e 07
Páginas 16 e 17
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02 • Opinião
Editor e diagramador da página: Equipe O Ponto
Belo Horizonte, 30 de novembro de 2009
Editorial
O Ponto
A intolerância que cega
Nas últimas semanas, acompanhamos alguns exemplos de intolerância em fatos divulgados pela mídia. Um dos mais polêmicos envolveu uma estudante da Universidade Bandeirante (Uniban), em São Bernardo, no ABC paulista. A universitária Geysi Arruda, no dia 22 de outubro, usou um vestido curto e justinho, deixando à mostra o par de coxas. Foi humilhada, xingada, escorraçada por uma multidão ensandecida e intolerante, enquanto era retirada da faculdade escoltada por policiais. A intolerância se configura todas as vezes que falta habilidade ou vontade em se respeitar diferenças, sejam elas quanto à opinião, crença ou atitude. O caso da
Uniban expõe a intolerância de universitários, mas, ao mesmo tempo, faz-nos refletir sobre outras situações em que testamos nossas próprias intolerâncias. Nesta edição de O Ponto, além do caso de Geysi, temos reportagem que retrata a intolerância – baseada no preconceito – que gera discriminação aos moradores do assentamento Pastorinhas, em Brumadinho, na região metropolitana. Outra matéria traz à tona a intolerância dos flanelinhas, que intimidam os motoristas no trânsito de Belo Horizonte. E ainda a discussão sobre a legalização da maconha, que também põe em xeque a intolerância de muitos, contrários à liberação da droga.
Mudanças climáticas:
falta de consenso e liderança Feliz foi o autor Richard Jakubaszko em seu artigo “A mídia e o CO2 – Toda unanimidade é burra”, publicado no site Observatório da Imprensa. Toda unanimidade é burra, principalmente quando se trata de um assunto cujos consensos são poucos. Apesar de a mídia divulgar de forma maciça que o aumento da emissão de gás carbônico é o grande responsável pelas mudanças climáticas – que supostamente iria aquecer a temperatura de todo o planeta, tornando-o inabitável –, o meio científico diverge, e muito, nas opiniões sobre o tema. Embora este seja o ponto de vista mais conhecido por nós, leigos, tendo sido abordado no famoso documentário “Uma Verdade Inconveniente”, do ex-candidato à presidência dos Estados Unidos, Al Gore, existem inúmeras teorias diferentes (a maioria, muito bem fundamentada) sobre o futuro da Terra. Tamanhas são as contradições, que há cientistas que afirmam exatamente o contrário, que o planeta segue para uma nova era glacial. Este é o caso do doutor em metepesquisador Carlos Molion, pós-doutor orologia formado na Inglaterra e nos Estados Unidos, membro do Instituto de Estudos udos Avançados érica Latina na de Berlim e representante da América ial. O pesquiOrganização Meteorológica Mundial. sador defende a ideia do esfriamento ento da Terra a das correndevido às mudanças na temperatura nde as águas tes marítimas do Oceano Pacífico, onde dos polos deverão esquentar, provocando cando o dergiões Tropiretimento das geleiras, e esfriar nas regiões ma não seria cais. Dessa forma, a mudança no clima consequência da ação humana sobre o planeta, nem mesmo o gás carbônico o grandee vilão da ecimento humanidade. Para Molion, a tese do aquecimento global não passa de um “terrorismo climático mático (...) ento dos dos países ricos para frear o desenvolvimento emergentes”. Outro pesquisador, o zoólogo alemão Joseph upação Reichholf, propõe a tese de que a preocupação ido, com as mudanças climáticas não faz sentido, pois a pobreza e a fome no mundo são pro-blemas muito mais graves e urgentes. Reichholf também questiona até que ponto o aumento das temperaturas do planeta serão negativas, já que “neste inverno, a chuva aumentou no Deserto da Namíbia. Algumas dunas ficaram verdes. Nos últimos dez anos, o Saara está encolhendo. (...) A Caatinga brasileira ficou mais seca nas eras de clima frio. O aquecimento global pode aumentar as chuvas na região”. Para o pesquisador, ainda existem muitas questões em aberto pois, segundo ele, a elevação das temperaturas nos polos pode significar o crescimento de vegetação – o que seria benéfico para o nosso ecossistema – e também a quantidade de carbono emitida em tempos remotos é muito difícil de ser medida precisamente a ponto de afirmar que hoje ela seja a responsável pelas alterações no clima. Embora a humanidade tenha chegado a um altíssimo nível de evolução científica e tecnológica, nos encontra-
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mos diante de uma questão que, talvez, ainda não tenhamos as respostas corretas. Se nos meios especializados as contradições e dúvidas são enormes, para os leigos, torna-se ainda mais difícil tomar uma posição a respeito do assunto e, principalmente, definir quais as atitudes corretas de preservação do meio ambiente. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos da Religião (ISER) sobre a visão das lideranças brasileiras em relação às mudanças climáticas, a sociedade civil é um dos setores que se mostram mais disponíveis em preservar o meio ambiente, mesmo sem possuir conhecimentos aprofundados do tema. Entretanto, até que ponto somente ações individuais fazem surtir efeito? Nos últimos tempos, apesar de o governo brasileiro estar tentando se firmar como uma liderança mundial frente aos assuntos ambientais, o que se vê é muito discurso e pouca ação. Essa mesma pesquisa realizada pelo ISER mostra a morosidade do governo em tomar decisões sobre uma legislação ambiental e o medo da perda de produtividade do país, ao mesmo tempo que comprova serem os parlamentares os que menos possuem conhecimento sobre mudanças climáticas. O que se vê é um enorme pragmatismo, em que cada esfera da sociedade transfere a resp ponsabilidade para outra e, por fim, todos ficam d de braços cruzados sem que nada seja feito. Na dúvida a respeito de qual teoria é verdadeira, dú se sem pensar muito de quem é a culpa ou a obrigaç gação de agir, creio que a melhor opção seja o empenho de todos neste momento que é novo emp e, q quem sabe, definitivo para o futuro do planeta – tanto em relação às questões ambientais, quanto econômicas e sociais. quan É cclaro que, como jornalista, não poderia deixar de cobrar maior comprometimento da categoria, que apesar de desempenhar o papel categor de form formadora de opinião, primeiro necessita se informar inf melhor – pela pesquisa do ISER, foi o observado que a mídia não está entre os setores com maiores conhecimentos sobre mudanças do clima. Mais que con conhecimento, o jornalismo precisa adotar u um posicionamento de cobrança e de quest questionamento. Em relação ao assunto, um uma das contradições mais explícitas do governo brasileiro corresponde a um dos temas mais presentes nas agendas dos jornais: a exploração do petróleo encontrado na camada de présal na costa do país. Mas qual deve ser o posicionamento do governo, que tanto fala em combustíveis limpos, mas deseja extrair tamanha quantidade de petróleo? Como vemos, há muitas dúvidas e contradições. Sendo assim, qualquer “unanimidade é burra”. Entretanto, antes de tudo, existe a certeza de que o mais importante é a consciência de todos para cuidar do nosso planeta e, principalmente, ter vontade de promover as mudanças que se fazem necessárias.
Podemos ser tolerantes e, ainda assim, discordar pacificamente de algo ou de alguma ideia. A intensidade da emoção é que irá determinar a diferença entre a intolerância e a discordância respeitosa. Quando a emoção foge ao controle, pode levar a ações discriminatórias ou ao racismo, à homofobia entre outras. Se, por um lado, o caso da estudante Geysi Arruda trouxe ao debate público o que fazer com a intolerância dos outros, por outro, trouxe também o alerta para cada um: é preciso retirar o véu que cobre os próprios olhos, e cega, para enxergar as intolerâncias que praticamos no nosso cotidiano.
Erramos Ao contrário do que foi publicado na última edição de O Ponto, a reportagem “Perigo em alta velocidade”, em 2005, os R$130 milhões disponibilizados pelo governo foram utilizados em obras emergenciais de reforma da BR-381. Mas hoje, quatro anos depois das obras, a rodovia já dá sinais de má conservação, além de a reforma de sete pontes ainda não terem sido finalizadas devido ao embargo do Tribunal de Contas da União (TCU), que constatou superfaturamento. Portanto, o embargo refere-se à reforma das pontes e não à duplicação da Fernão Dias.
o ponto Coordenação Editorial Prof. Aurélio José (Jornalismo Impresso) Professores orientadores Profª. Dunya Azevedo (Planejamento Gráfico) Profª. Beatriz de Resende Dantas (Fotografia) Prof. Reinaldo Maximiano Pereira (Produção e revisão de texto) Monitoras do Jornalismo Impresso Amanda Lelis e Juliana Pizarro Monitora da Redação Modelo Bárbara Rodrigues Projeto Gráfico Dunya Azevedo · Professora Orientadora Pedro Rocha · Aluno voluntário Roberta Andrade · Aluna voluntária Logotipo Giovanni Batista Corrêa Universidade Fumec Rua Cobre, 200 · Cruzeiro Belo Horizonte · Minas Gerais Tel: 3228-3127 · e-mail: oponto@fch.fumec.br Presidente do Conselho Curador Prof. Air Rabello Filho Reitor da Universidade Fumec Prof. Antônio Tomé Loures Diretora Geral Profª. Thaïs Estevanato Diretor de Ensino Prof. João Batista de Mendonça Filho Diretor Administrativo e Financeiro Prof. Antônio Marcos Nohmi Coordenador do Curso de Comunicação Social Prof. Sérgio Arreguy Monitores da Produção Gráfica João Paulo Borges e Guilherme de Andrade Meira Monitores do Laboratório de Publicidade e Propaganda Lorena Emídio de Mendonça e Marina Magalhães Barbosa Colaboradores voluntários Claudia Lapouble, Pedro Henrique Leone Rocha e Roberta Andrade Tiragem desta edição: 3000 exemplares Jornal Laboratório do curso de Comunicação Social da Faculdade de Ciências Humanas · Fumec
Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento
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Cidades • 03
Editor e diagramador da página: Michelle Cristina - 6º período
O Ponto
Belo Horizonte, 30 de novembro de 2009
Intimidados por flanelinhas Guardadores e lavadores de carros intimidam motoristas e abusam da lei “vendendo” vagas públicas Fotos: Michelle Cristina - 6ºG
BÁRBARA GUIMARÃES MICHELLE CRISTINA 5º E 6º PERÍODOS Ser abordado pelos chamados “flanelinhas” ao estacionar o carro nas ruas do hipercentro da capital se tornou uma situação pragmática. Perto de bares, casas de show, escolas e padarias, a ação dos lavadores e guardadores de carros se faz com mais freqüência, intimidando os motoristas que se sentem na obrigação de pagar para estacionar seus carros em vias públicas. “Tenho medo de não pagar e ser prejudicada depois, já que alguns flanelinhas arranham e amassam nossos carros quando não aceitamos pagar a quantia que pedem”, afirmou a motorista Érika Magalhães e Silva, de 20 anos. Segundo a advogada Lílian Franco de Paula, existe uma lei de número 6.242/75, que dispõe sobre o exercício da profissão de “guardador e lavador autônomo de veículos automotores”, porém, essa lei não fora regulamentada em todas as regiões do país e pelas autoridades do estado, o que faz com que ela exista, em alguns locais, apenas na teoria. De acordo com dados da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Belo Horizonte, regional Centro-Sul, são hoje, 1.484 lavadores e guardadores de carros credenciados nesta regional. Para se cadastrar, o profissional precisa ser registrado na Delegacia Regional do Trabalho, que direciona cada indivíduo para um ponto de trabalho, que será fixo, estabelecido juntamente com a prefeitura. Regularmente, a PBH faz reuniões e trabalhos sociais junto a esses profissionais para orientá-los e qualificá-los. Além disso, anualmente, todos devem comparecer a sua regional para renovar a licença que dá o direito de trabalhar nas ruas, isso é feito olhando também o seu bom antecedente. Os indivíduos que não usam colete da Prefeitura e não estão registrados, trabalham ilegalmente, cabendo à Polícia Militar fiscalizá-los e notificá-los. O dever desse profissional é combinar antecipadamente com os motoristas um valor que será cobrado pelo serviço prestado. Lembrando que combinar é o ato consensual entre ambas as partes e não a imposição do preço que será cobrado ao motorista. Em caso de extorsão, ou seja, a obtenção de algo pela força, exacção violenta de contribuições forçadas, o condutor deverá acionar a polícia e fazer um boletim de ocorrência. Após isso, a parte lesionada deve ligar para a central de atendimento e reclamações da PBH, no número 156 e delatar o ocorrido com as devidas provas. Se for comprovado o crime, o profissional pode ter sua licença cassada pela prefeitura e ainda ser levado para a delegacia para prestar esclarecimentos.
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A cliente acompanha o flanelinha que ficou responsável pelo seu carro em rua disputada por vagas no bairro Santa Efigênia...
...O flanelinha faz a “gentileza” de abrir a porta para a cliente...
...que deixa assim, como outros motoristas, suas chaves do carro com o homem, que poderá manobrar os veículos livremente
Qualquer indivíduo que praticar a profissão de guardador e lavador de carros sem ter o registro na Delegacia Regional do Trabalho, determinado pelo decretolei nº 6.242/75, estará praticando o crime de contravenção penal proposto no Art. 47 do decreto-lei nº 3.688/41, que diz: “Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que por lei está subordinado o seu exercício”, poderá obter pena simples de até três meses de prisão ou multa. O Deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), autor do projeto de lei nº 4.501/08, pretende acrescentar ao Código Penal Brasileiro o artigo 160-A, que prevê detenção de um a três anos e multa àquele que cobrar para vigiar veículos estacionados em vias públicas. O artigo tem a seguinte redação que torna o ato um crime: “Solicitar ou exigir, para si ou para terceiro, a qualquer título, dinheiro ou qualquer vantagem, sem autorização legal ou regulamentar, a pretexto de explorar a permissão de estacionamento de veículo alheio em via pública”. Segundo a Assessoria de Imprensa do deputado, esse projeto ainda será analisado pelas comissões de Segurança Pública e de Constituição e Justiça antes de ir a Plenário. Confiança Apesar de todos os problemas causados por essa situação de desordem e da dificuldade de fiscalização e cadastramento de todos os guardadores e lavadores de carros que trabalham diariamente nas ruas, ainda há gente que reconheça e até se familiarize com esses profissionais, criando uma relação de amizade e confiança. É como no caso da estudante de Economia Amanda Diniz Malheiros, que se sente confortável com a presença deles: “Eu acho ótimo, economizo no pagamento de estacionamentos e ainda saio com o carro limpo. Já sou amiga de todos que ficam nas redondezas da universidade e dou a gorjeta com gosto. Não me incomoda em nada”, contou Amanda, que disse não saber sobre a lei que dispõe sobre a profissão. Existem flanelinhas cadastrados pela prefeitura (que nesse caso podem ser denunciados por mau comportamento), mas, na sua maioria, os que abusam da lei e aproveitam dos motoristas, são os indivíduos que não possuem cadastro e estão atuando nas regiões de maior concentração de carros e de escassez de vagas públicas. Grande parte deles cobra mensalidade para a garantia de uma vaga, outros vendem o faixa azul por um preço muito alto. Alguns ficam com as chaves do carro e manobram livremente sem ao menos possuir a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Esses e tantos outros absurdos são considerados crimes penais, mas os flanelinhas não cadastrados sempre saem impunes, pois muitas pessoas desconhecem a lei e seus direitos.
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04 • Cidades
Editor e diagramador da página: Equipe O Ponto
O Ponto
Fotos: Emílio Fonseca - 4º G
Belo Horizonte, 30 de novembro de 2009
Problemas de infra-estrutura: um dos assentados em seu barracão feito de lona e pau a pique; faltam luz e água encanada
Falta tudo, sobra preconceito Além da dura lida cotidiana na lavoura, das dificuldades financeiras e de falta de infra-estrutura, moradores de assentamento em Brumadinho, na Grande BH, lutam contra a discriminação EMÍLIO FONSECA, FREDERICO DUTRA RAFAELA GAMA
4º E 8º PERÍODOS A 52 quilômetros de Belo Horizonte situa-se uma comunidade de agricultores que, além de produzir para a subsistência, também comercializa seus produtos nas feiras em colégios da zona sul da capital. Os clientes, geralmente pais de alunos, fazem as encomendas e, na outra semana, recebem as cestas com os produtos. Entre estes, alface de todos os tipos, espinafre, brócolis, tomate. E o melhor, o cultivo é feito sem agrotóxicos. Localizado em Brumadinho, na Região Metropolitana, o assentamento, que foi fundado em 2006, sob supervisão do Incra, foi batizado de “Pastorinhas”. O nome é uma homenagem às mulheres que, no início da ocupação, participaram da luta de 120 famílias para conquistar o direito de produzir e, futuramente, adquirir um pedaço desse chão. Como pastores, elas cuidaram e cuidam de seu rebanho (maridos e filhos). No início da ocupação, as famílias sofreram com a agressividade de militâncias, leis que não beneficiavam a ocupação de terras, falta de conhecimento e, até mesmo, de suporte psicológico. Noites em claro, muitas reuniões, além da falta de condições de vida (alimentação, moradia etc), não foram motivos para que o grupo desistisse da ocupação. “O instinto pela terra é muito maior”, explica Valéria Silva,
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moradora desde o início da ocupação e assentamento das famílias. Embora as conquistas sejam significativas, apenas vinte famílias ainda permanecem na área de 156,44 hectares. Atualmente, eles enfrentam inúmeras dificuldades, como, por exemplo, o preconceito. Neste caso, nem as crianças escapam. Meninos e meninas em idade escolar só conseguiram um ônibus para levá-los à Escola Estadual Paulo Neto Alckmin há um ano, após muita insistência e várias reuniões com autoridades locais. Antes, independentemente do calor, frio ou chuva, as mães tinham que dar um jeito de levar os filhos à escola. Aline de Paula Lobato conta que os motoristas de ônibus não queriam ir buscar as crianças pelo simples fato de elas morarem em um assentamento. “Muitas vezes, tive que carregar minha filha, na época com 4 anos, por terrenos úmidos e irregulares, até chegar ao transporte público (devidamente pago com recursos próprios)”, afirma. Resolvido o problema do transporte, a queixa agora é que os jovens do assentamento sempre são os primeiros a ser apanhados pela condução – ficam na porta da escola ainda fechada, esperando a abertura dos portões – e os últimos a ser levados de volta para a casa. Os moradores do local ainda são rotulados de ‘sem-terra’ e sofrem na pele o preconceito da sociedade. Ao todo, o assenta-
o tênis que você calça, o celular que você leva.” Essa dupla realidade está também dentro da casa da assentada. Valéria Silva, assentada de Pastorinnhas Ela tem duas filhas. Ana Clara, a mais nova, tem 9 anos e foi para o assentamento quando mento abriga trinta e dois jovens de 0 a 17 anos. São eles os que bebê, então, não conhece outra mais sofrem. De acordo com as realidade senão a atual. A vida mães Valéria Silva Carneiro, Selma dela é ali. Nunca teve geladeira, Aparecida da Silva e Aline de televisão e sabe o que é ficar no Paula Lobato, os assentados são escuro. Já a outra filha, Maria muito discriminados na escola. Alice, 13 anos, sentiu o choque Eles são criticados e tratados com quando foi da cidade, onde estudava em escola particular, para hostilidade pelos colegas. A assentada Aline de Paula o assentamento. A mãe conta Lobato afirma que sua filha Iara, que, até o horário que a filha de 13 anos, já chegou a ouvir sai de casa para ir à escola, está de colegas insultos como: “sua tudo bem. No entanto, ela volta família é aquele povo que entra, de lá irritada, arrasada e agresrouba, destrói o que tem lá den- siva. Valéria disse que já chegou tro e mata até o dono da fazenda a ouvir da filha: “você veio por opção, eu vim por imposição. se for preciso”. Para a assentada Valéria Silva, Você me trouxe”. Segundo a assentada, a adoa concepção que a sociedade tem de um lutador da reforma lescente, que cursa a 7ª série do agrária é horrível. “Você é como ensino fundamental, debate, um bandido, que todo mundo principalmente com os protem medo, todo mundo tem fessores de geografia, sobre medo dos filhos da gente”, diz. temas que envolvem a terra. Mas, para ela, na verdade, eles As opiniões divergentes apaformam “um grupo de pessoas recem durante as aulas devido à diferença entre a teoria e a buscando terra para trabalhar.” Segundo Valéria Silva, os cole- realidade vivida, diariamente, gas perguntam às suas filhas se pela aluna. Para Valéria Silva, têm Internet, televisão e se verão a formação dos professores da o último capítulo da novela. A rede pública não é satisfatória, resposta negativa torna impos- tanto que a filha já chegou a ser sível sua interação com o grupo. suspensa por causa de opiniões Valéria, em tom de desabafo, divergentes que apresentou em considera que isso acontece por- uma das aulas. “Ela quer saber que “vivemos em uma sociedade mais do que eu”, teria justificado em que você vale pelo que você a professora quando Valéria foi tem, não pelo que você é. Não é à escola reclamar da suspensão. O não conhecimento da reaseu caráter, não é sua postura. É
“Vivemos em uma sociedade em que você vale pelo que tem, não pelo que você é. ”
lidade alheia gera, na maioria das vezes, hostilidade e conflitos entre os diferentes grupos de estudantes e podem resultar em preconceito. É esse tipo de relação que as crianças do assentamento Pastorinhas estão sujeitas por freqüentar escolas convencionais. A não aceitação se deve, muitas vezes, ao fato de essas crianças e adolescentes possuírem ideias diferentes das outras crianças do mesmo meio. No entanto, a diretora da Escola Estadual Paulo Neto Alkmim, Mercês Maria Moreira, garante que o preconceito não existe dentro dos limites da escola. Mercês, diretora da escola desde 2007, confessa que a intolerância por parte da sociedade existe, mas os alunos nem sequer sabem que há filhos de assentados na escola. A formação das crianças e jovens de Pastorinhas conta com a participação freqüente nas decisões tomadas no assentamento. Desde cedo, eles comparecem a todas as reuniões. “Na maioria das vezes, dão idéias muito melhores que as nossas”, revela Valéria Silva. Isso desenvolve nos jovens, desde cedo, a capacidade de aceitar as diferenças e tomar atitudes. Além disso, fortalece o contato com a terra, que, afinal, será deles um dia. “Os meninos participaram de todo o processo de luta pela terra. Valéria conta que, no processo de ocupação, na frente ficam aqueles que vão resistir. Atrás, estão os mais velhos cuidando das crianças. “Quem tombar primeiro, corre e salva os meninos”.
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Cidades • 05
Editor e diagramador da página: Equipe O Ponto
O Ponto
Belo Horizonte, 30 de novembro de 2009
Parceria da Fumec com Incra vai interagir com Pastorinhas ANTÔNIO MARCELO PROFESSOR E COORDENADOR DO LABORATÓRIO DE RÁDIO
Agrovila: moradora de Pastorinhas cuida da horta coletiva cultivada sem agrotóxicos
Consciência ambiental faz parte da rotina de trabalho de assentados A rotina diária e exaustiva no acampamento começa cedo: cuidar da horta, cuidar da casa, da família, realizar reuniões, buscar novos compradores para os produtos cultivados e trabalhar na capital, na venda da produção do assentamento. Em Pastorinhas, as famílias têm uma capela onde realizam cultos e missas, além do salão onde acontecem as reuniões e todas as decisões são tomadas coletivamente. Com uma vasta plantação, que se perde à vista, os moradores do assentamento mostram com orgulho a crescente produção, vendida em escolas da capital e em restaurantes que conhecem a qualidade dos produtos cultivados. Sem o uso de agrotóxicos, a produção no assentamento é um exemplo de cultivo natural que possibilita renda às famílias e um consumo saudável de alimentos.
Em Pastorinhas, as famílias devem, por exigência legal, reservar 20% das terras para preservação ambiental. Além disso, outros 60% do terreno são de Mata Atlântica e também não podem ser explorados. Sobram, portanto, cerca de 20 hectares para a horticultura. O espaço é pequeno, mas os assentados contornaram o problema. As famílias desenvolvem o projeto chamado Agrovila, no qual cada um tem sua casa, seu espaço, mas quando o assunto é a cultivo de legumes e verduras, todos dividem o trabalho. Não há alguém que seja ‘dono’ da plantação. Todos são responsáveis por cuidar da horta, e o fazem em conjunto. Salvo por alguns poucos investidores, o Agrovila é o meio de gerar renda para Pastorinhas se manter viva. O dinheiro arrecadado com a venda de alimentos orgânicos é investido na
própria região, que ainda carece de saneamento básico e luz. A técnica de cultivo desenvolvida durante o projeto é avançada e já é referência em campos de estudos especializados; plantio, adubação, colheita e rodízio de cultura. Com o cultivo em um só lugar, os assentados não precisam realizar manutenção em grande quantidade de terras, e o solo passa por uma rotatividade de alimentos que fortalece e revigora suas propriedades para os futuros plantios. A utilização de adubo natural também é fator determinante para a produção de alimentos mais saudáveis. Os cuidados diários começam desde a semente, temperatura, clima apropriado até chegar à data correta de colheita. O projeto Agrovila é único em Minas Gerais e já se tornou referência de produção para assentamentos de outros estados.
Conhecer a comunidade das Pastorinhas, juntamente com meus alunos monitores, foi uma experiência forte, marcante e inquietante. Sabia que iríamos encontrar coisas positivas e negativas, mas não esperava sentir tanta emoção. Foram oito horas de entrevista, duas horas de gravação em áudio, mais de cento e vinte fotos e muito aprendizado. Ver uma produção organizada por um grupo de mais de cem pessoas, em comum acordo, com reuniões semanais para avaliação dos problemas e acertos é muito importante. Ao ver os campos plantados, as lagoas com peixes e o aviário com todos os tipos de galinha, dá pra sentir que valeu a pena o esforço e luta dessa gente. Viver sem água encanada, sem esgoto, sem luz e sem apoio de ninguém, principalmente do seu entorno, é um desafio diário, principalmente para os jovens, que são excluídos da sociedade local. “Sem televisão e internet somos considerados marginais”, afirmam. Mesmo com todas as dificuldades, eles conseguem rir e acreditar num Brasil melhor, no futuro de uma nação que busca a igualdade e melhores condições para todos. No final, num restaurante à beira da estrada, eu e os alunos tentamos entender tudo que vimos e ouvimos. Um longo trabalho, uma grande experiência para todos. Um deles pergunta o que podemos fazer por eles. Sinceramente não sei. Mas vale lembrar algumas falas das Pastorinhas: “nós não queremos caridade. Queremos ser tratados como gente, como pessoas comuns, brasileiros que buscam uma nova oportunidade”. Na saída, um pedido dramático: “Gostaria de uma palestra sobre dignidade e auto estima para nossos jovens”, pediu uma das mulheres. “Eles são os que mais sofrem com a discriminação”, ressalta outra mãe aflita com o futuro de seus filhos. O apelo deles foi passado para todas as áreas da Universidade Fumec. Vários projetos de extensão já estão sendo desenvolvidos. Em breve vamos estar mais perto das Pastorinhas, levando conhecimento científico e aprendendo mais sobre a vida e as pessoas que acreditam na transformação da sociedade. Será uma experiência enriquecedora para todos nós.
Prof. Antônio Marcelo (de óculos) e seus monitores Emílio Fonseca (esq.) , Rafaela Gama e Fred Dutra (esq)
Sem energia elétrica, a geladeira funciona com uma bateria de carro. Ao lado, o caminhão que transporta os produtos para seus pontos de venda
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Assentado cuida de aviário, uma das atividades para a subsistência do grupo e venda em Belo Horizonte
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Editor e diagramador da página: Ana Flávia Goulart e Vitor Komura - 6º período
Belo Horizonte, 30 de novembro de 2009
O Ponto
Lei Pelé: empresários e dirigentes em times opostos Jogadores, clubes e empresários debatem as mudanças no esporte após a implantação da lei que regulamenta a extinção do passe no país IGOR MOREIRA 2º PERÍODO No dia 24 de março de 1998, entrava em vigor a lei que prometia mudar a cara do futebol brasileiro. Idealizada pelo então Ministro dos Esportes Édson Arantes do nascimento, o famoso Pelé, a Lei Nº. 9615, que leva o seu nome, trouxe várias mudanças. A principal é a garantia do passe ao jogador que atua no país: depois de dois anos atuando por seu clube, o jogador deixa de ser propriedade do mesmo e passa a ser dono dos seus direitos federativos. A Lei Pelé pretendia, também, estimular a transformação dos clubes em empresas. Porém, devido à desorganização dos departamentos de futebol dos clubes brasileiros, poucos se adaptaram a essa realidade e nenhum dos grandes times do Brasil obteve êxito. Para os criadores da lei, o fim do passe acabaria com a “escravidão” dos atletas profissionais, que, até então, pertenciam aos clubes pelos quais jogavam, tendo estes o direito de segurálos mesmo depois do fim do seu contrato. Acabava o passe e entravam em cena os direitos federativos. A idéia inicial era obter o mesmo sucesso conseguido pelos europeus com a Lei Bos-
Ilustração: Amanda Lelis 7ºG
man anos antes. Porém, seria necessário ter os mesmos recursos financeiros que possuem os clubes de lá. Isso é impossível, já que eles arrecadam verbas milionárias com as vendas de seus carnês e camisas, o que não acontece no Brasil devido à nossa realidade financeira. Sendo assim, o resultado da implantação da Lei foi uma saída, em velocidade espantosa, de jogadores brasileiros para todos os cantos do mundo. Nosso futebol, que já não tinha como competir com as grandes equipes euro-
péias, passou a perder jogadores também para clubes desconhecidos do leste europeu, da Ásia e do mundo Árabe. Para o presidente do TJD-MG, Sílvio Tarabal, o que faltou aos clubes foi competência para se adaptarem à lei, pois a mesma veio para beneficiar tanto o jogador, quanto o clube. “São vários os benefícios que a lei proporciona aos clubes, como angariar recursos públicos, o que não era permitido. Ela também facilita a obtenção de parceiros, já que a Lei
Pelé não obriga mais os jogadores, que são propriedades dos investidores, a terem 51% do passe preso ao clube que defendem. Além disso, os times ainda têm direito de assinar o primeiro contrato com os seus atletas quando ele completa 16 anos”, afirma Tarabal. O advogado do Clube Atlético Mineiro, Lucas Ottoni, ressalta o quanto é importante a existência da multa rescisória, que evita, em partes, o êxodo de atletas. “A chave do sucesso dos clubes brasileiros está em
saber se organizar administrativa e financeiramente, para evitar as brechas que a lei proporciona”, disse o advogado. O vice-presidente do Cruzeiro Esporte Clube, Gilvan Pinho Tavares, tem opinião parecida e afirma que essas cláusulas são a única maneira do clube manter os seus atletas, já que não há como competir com propostas de clubes do exterior. Já para Euller, ex-atacante do São Paulo, Vasco, Palmeiras e Atlético-MG e que atua hoje no América-MG, a lei deu uma brecha muito grande para que a saída de jogadores acontecesse. “O crescimento dos jogadores com as negociações internacionais é um grande benéfico. Mas é preciso reparar alguns pontos, para evitar que jogadores muito jovens saiam do país, antes de terem a formação devida e estarem preparados para tal desafio”, disse o jogador. A realidade dos clubes brasileiros, hoje, é difícil. Talvez devido ao amadorismo com o qual são conduzidos, não souberam se adaptar a lei. Possuem menos recursos e os atletas, cada vez mais cedo, querem ir embora do país, seja para um clube de ponta na Europa, seja para algum time da segunda divisão do futebol japonês.
Infografia:Vitor Komura e Ana Flávia Goulart
Jogadores brasileiros exportados após a criação da Lei Pelé
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Política Esportiva • 07
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O caso Ronaldinho Gaúcho Um dos primeiros casos, e um dos mais famosos, de transferência com a Lei Pelé foi a saída do Ronaldinho Gaúcho do Grêmio para o Paris Saint-Germain (PSG), da França. O jogador era extremamente valorizado pelo time gaúcho, que já havia recusado duas propostas de aquisição: uma de 60 milhões de dólares, de empresários italianos, e uma de 75 milhões de dólares, do Leeds United, da Inglaterra. Porém, o jovem Ronaldinho tinha como agente o seu irmão Assis, ex-jogador do Torino e do próprio Grêmio. Assis achava que era hora de Ronaldinho ir para a Europa e, sabendo dos benefícios que a Lei Pelé proporciona ao atleta, aconselhou o irmão a assinar um contrato às escondidas com o PSG. O conselho foi seguido a risca por Ronaldinho. O Grêmio entrou na Justiça, mas o máximo que conseguiu foi adiar sua estréia. Vale ressaltar que o mesmo Paris Saint Germain (PSG), que aliciou o atleta, recebeu a quantia de 120 milhões de reais pela transferência de Ronaldinho para o Barcelona, em 2003. A Lei Pelé dava aí a primeira amostra do prejuízo que traria aos clubes que não tomassem
os devidos cuidados. E aquele que seria, posteriormente, um dos melhores jogadores de todo o mundo, saia do clube no qual chegou com cinco anos de idade, onde recebeu toda a assistência até se tornar um profissional respeitado, sem que o Grêmio recebesse sequer um centavo pela sua transferência. Como esse foi o primeiro caso de um jogador famoso a obter os benefícios da lei, instalou-se uma grande polêmica: Ronaldinho estava apenas usando os seus direitos ou ele, juntamente com seu irmão, estariam utilizando de má-fé para conseguir os seus objetivos? As opiniões divergiram, mas ficou claro que o Grêmio não se preveniu para não perder seu astro. Depois de Ronaldinho, vieram vários outros casos. Alguns, de jogadores que também viriam a estourar no futebol mundial, como Mancini, que saiu do Atlético-MG para o Roma, da Itália, e Juninho Pernambucano, do Vasco da Gama, para o Lyon, da França. No entanto, nesses casos, a justificativa apresentada pelos jogadores foi o atraso de salário de seus respectivos clubes, mais uma brecha que a Lei Pelé proporciona para os atletas.
Ronaldinho, aos 12 anos de idade, com o irmao e empresario Assis, que ainda jogava pelo Torino/Italia
Nova regra destaca figura do empresário Logo depois da implantação da Lei Pelé, uma figura que passava quase sempre despercebida começou a ganhar destaque: o empresário ou agente de futebol, como gostam de ser chamados. Em diversas situações, essa figura é prejudicial para os clubes, pois são eles quem negociam a debandada de jogadores do futebol brasileiro. “Os empresários foram os grandes beneficiados com a implantação da Lei Pelé e os
clubes de futebol, os grandes prejudicados. Além de ajudar a família do atleta, inclusive financeiramente antes do sucesso, fazem promessas mirabolantes, com as quais os clubes brasileiros não têm condição de competir”, afirmou o vice-presidente do Cruzeiro, Gilvan Pinho Tavares. “Houve um caso recente com o atleta Zé Eduardo, que foi vendido para um grupo de investidores justamente devido à pressão feita por seu agente,
que havia arrumado um lugar para ele no Ajax da Holanda”, exemplificou o vice-presidente. Ele ainda alertou que, se os clubes não fizerem contratos com seus atletas se protegendo, os perderão para os empresários em questão de tempo. O jogador Euller acredita que, atualmente, nenhum jogador profissional está preparado para possuir os seus direitos federativos. “É por isso que, hoje, todo jogador, mesmo nas categorias de base, já tem o seu empresáFoto: Igor Moreira 2ºG
Ângelo Pimentel posa ao lado da camisa com a qual Gilberto Silva, seu cliente na época, jogou a Copa do Mundo de 2002
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rio. Assim, o atleta não precisa se preocupar com seus negócios e transferências, deixando isso por conta de seu agente”, defendeu Euller. Talvez, os agentes sejam aqueles que melhor souberam aproveitar as brechas da Lei Pelé. Mas, segundo os próprios agentes, a história não é bem assim. O vice-presidente da ABAF (Associação Brasileira de Agentes de Futebol) e Agente FIFA, Ângelo Pimentel, classificou como imoral o antigo regime do passe no Brasil. “A lei surgiu apenas para dar o respaldo que faltava ao futebol brasileiro e a implantação do sistema que vigora atualmente não alterou em nada o nosso ramo. A figura do agente sempre foi necessária para intermediar as negociações”, argumentou Pimentel. Para o ex-jogador e hoje agente de futebol Hélcio Alisk, no mundo de hoje há uma busca frenética por dinheiro, não só em sua categoria, mas em qualquer ramo. “A Lei Pelé veio regularizar um sistema de escravidão, no qual os times prendiam os jogadores mesmo após o término de seus contratos. Joguei durante 9 anos no Paraná Clube, sendo o segundo jogador com mais partidas pelo time, mas perdi várias oportunidades de assinar contratos melhores por estar com o passe preso ao clube paranaense”, disse Hélcio. Pimentel e Alisk ainda têm
opiniões semelhantes de que a Lei beneficia os jogadores de grande porte, já que os menos conhecidos, muitas vezes, detém os seus direitos federativos e não existem clubes interessados em seu futebol. Sendo assim, a lei garante que o mais forte sempre vença o mais fraco. O que talvez falte aos clubes e aos jogadores é o bom senso de que um deve valorizar o outro. A busca incessante por dinheiro, das duas partes, é feita sem a astúcia necessária. Provavelmente, esse é um dos motivos de os agentes serem aqueles que souberam se aproveitar melhor da Lei Pelé. Os clubes são quase sempre dirigidos por torcedores amadores e grande parte dos atletas possuem famílias grandes, que dependem deles. Essa combinação faz com que as negociações entre eles, muitas vezes, sejam dirigidas emocionalmente, deixando para os agentes as atitudes movidas pela razão. É inegável que a legislação regente do nosso desporto precisa de reformas urgentemente, pois ainda é muito falha. Não se pode afirmar quem realmente saiu ganhando ou perdendo com a implantação da Lei Pelé, mas é evidente que, se os clubes, atletas e empresários continuarem defendendo seus próprios interesses sem equilíbrio e harmonia, o futuro do futebol brasileiro está fadado a ser cada vez mais sombrio.
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Destino dos sonhos fica um pouco mais distante Descuido de agências de turismo alteram programação de vigens ao exterior para adolescentes ANA CECÍLIA CARNEIRO GABRIEL ASSUNÇÃO 2º E 6º PERIODO Os 15 anos, a passagem da infância para a adolescência, o período em que as transformações se acentuam, as dúvidas se multiplicam e a vontade de ser independente fala mais alto. É nesse período que milhares de jovens viajam, todos os anos, ao exterior por meio de pacotes turísticos que lhe proporcionam, no auge do seu desejo de liberdade, a independência que nesse momento é o que lhes parece mais importante. A viagem dos sonhos dos filhos, no entanto, não raro tira o sono dos pais, que se viram ainda mais receosos após o acidente com a jovem Jaqueline Ruas, em julho passado (veja box). Como proporcionar o prazer e aventura aos filhos sem colocar em risco sua segurança e mesmo sua saúde? A questão, que até então estava adormecida e fora do foco dos consumidores desse tipo de produto, é agora a protagonista, que muda a forma de consumo e venda de pacotes turísticos para adolescentes e oferece risco ao grande e rentável negó-
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cio das agências de viagens. Os escândalos com agências de turismo há muito tempo estão presentes no dia-a-dia dos noticiários brasileiros e existe mesmo uma lenda sobre o que acontece após o embarque dos passageiros para temporadas no exterior. Uma discussão sobre as condições de moradia e alimentação povoa o imaginário de muitas pessoas, que, na maioria das vezes, no entanto, não trocam suas “viagens dos sonhos” mesmo na dúvida de não ter a assistência desejada uma vez no seu destino. De acordo com a Agência World Study, cerca de 500 menores viajam sob sua responsabilidade, sem os pais, anualmente no Brasil. Funcionário da empresa, Gabriel Trivellato faz questão de afirmar a responsabilidade da agência, que, segundo ele, tem um protocolo semelhante ao seguido pela maioria das agências no país. “É um processo muito burocrático levar um menor desacompanhado ao exterior, são muitos documentos, a preocupação dos pais é muito grande e nossa atenção tem que ser redobrada”, afirma o funcionário. Antes mesmo do escândalo com a jovem Jacqueline, entrou em vigor em abril deste ano uma nova norma que
prevê a autorização em firma dos pais ou responsáveis reconhecida por autenticidade para a viagem do menor, o que torna necessário que os pais compareçam pessoalmente ao cartório para autorizar a viagem dos filhos. Além disso, o documento deve ser feito em duas vias, e conter fotografia da criança ou adolescente. Uma via deverá ser retirada pelo agente de fiscalização da Polícia Federal (que passou, a partir de então, a ser responsável pelo embarque de menores), no momento do embarque e a outra permanecerá com o viajante ou acompanhante. As medidas restritivas tomadas para garantir maior segurança podem não assegurar uma viagem tranqüila, contudo. A maior parte dos guias das agências não são treinados para enfrentar as mais variadas situações adversas que podem ocorrer. A maioria das agências funciona da seguinte forma: para cada grupo de 30 pessoas, há um guia mor, mais experiente, que seria responsável por todos; e mais três jovens guias (em geral, jovens que falam inglês fluente e são comunicativos), que auxiliariam na demanda dos turistas durante a via-
gem e passeios realizados no período da estadia no local. O número é visivelmente pequeno, especialmente quando se pensa nos cuidados que exigem uma permanência no exterior, que é ainda maior quando se tem menores em sua responsabilidade. A falta de assistência nas viagens, geralmente, é percebida aos poucos. Foi o que aconteceu com o casal de namorados Rodrigo de Paula e Lívia Rodrigues, que foram ao Havaí em dezembro passado pelo programa Work and Travel (onde os intercambistas passam de três a seis meses no país de destino e têm um emprego temporário durante sua estadia). “Não encontramos o quarto separado que pedimos e tivemos que dormir com outras pessoas. Também não trabalhamos na loja que nos disseram e acabamos em uma rede de fast food. Sem contar que nosso depósito referente à reserva do apartamento jamais foi devolvido”, protesta o casal. A agência brasileira afirma que estava tudo claro no contrato, mas os estudantes garantem que não receberam o contrato pra ler antes da viagem. “Sabemos do nosso erro, mas confiamos demais em uma agência que não nos deu o prometido”, concluiu Lívia.
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Pais na berlinda
“Antes de a minha filha viajar,
Falta de compromisso de algumas agências de turismo faz os pais trocarem viagens por presentes palpáveis para os filhos adolescentes
a fiz prometer que me ligaria e procuraria um hospital se qualquer coisa acontecesse com ela.
Em contrapartida à vontade dos filhos, os pais se preocupam cada vez mais na hora de presenteá-los com viagem ao exterior. A dentista Heloísa Pereira, mãe de Laura Pereira Luz, contou a angústia que viveu durante as duas semanas em que a filha esteve na Disney. “Antes de a minha filha viajar, a fiz prometer que me ligaria e procuraria um hospital se qualquer coisa acontecesse com ela. Ainda a bipava todos os dias pelo rádio e mantive sempre contato com a agência e os guias. Dá certa insegurança, mas era um sonho da Laura que decidimos realizar”, afirma a mãe. Pai de Joana Bastos, 14 anos, o empresário Ronivaldo Oliveira Bastos decidiu levar ele mesmo a filha à Disney. “Minha filha ficou muito insegura com o ocorrido com a Jacqueline, imagina eu então. Já perdi minha esposa por negligência médica, não posso perder a minha menina também.
As agências só andam pensando no lucro e esquecem da segurança”, afirmou. Lidar com um grupo grande de jovens no exterior requer não só experiência, mas habilidades como liderança e planejamento, para que se possa deixá-los aproveitar a viagem com responsabilidade e manter a disciplina em cada dormitório. Ciente dos riscos envolvidos na viagem, a dona-de-casa Maria das Graças Soares, mãe de Camila Carvalho, 14 anos, cancelou a viagem da filha após o ocorrido com Jacqueline. “Fiquei muito assustada com a morte da Jacqueline, deu para perceber certa negligência por parte dos guias e, agora, vou pensar muito antes de mandar a minha filha ao exterior em uma excursão, ainda mais com esse surto da gripe suína”. A bancária aposentada Tânia Vieira também iria dar uma viagem ao Canadá de presente ao filho Pedro, que
completa 16 anos em abril do ano que vem, mas decidiu mudar o presente após assistir ao drama de Jaqueline pela TV. “Ele poderá viajar ao exterior quando estiver mais velho, em um intercâmbio ou mesmo a passeio. Por hora, optei por trocar o computador e o vídeo-game da casa. Assistimos várias vezes ao drama dos pais que tem problemas na viagem dos filhos, não podemos ser negligentes e achar que com o nosso filho não vai acontecer”, afirma. As principais agências de turismo de Belo Horizonte alegaram que o acidente ocorrido com Jaqueline em julho passado não afetou suas vendagens, pois as normas para embarque de menores de idade já são naturalmente muito rígidas e os seus agentes são devidamente treinados. A maioria ressaltou que houve uma queda no número de viagens nos últimos três meses, mas estritamente ligada à crise financeira mundial.
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Heloísa Pereira, Dentista
“ Minha filha ficou muito insegura com o ocorrido com a Jacqueline. As agências só andam pensando no lucro e esquecem da segurança.
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Ronivaldo Bastos, Empresário
“ Assistimos várias vezes ao drama dos pais que têm problemas na viagem dos filhos, não podemos ser negligentes e achar que com o nosso filho não vai acontecer.
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Tãnia Vieira, Aposentada
Aventura se torna pesadelo Jacqueline Ruas, de 15 anos, viajou à Disney no dia 19 de julho deste ano para passar duas semanas em um passeio organizado pela agência de turismo Tia Augusta. A viagem teve seu caráter lúdico interrompido poucos dias após seu início, quando quatro meninas que ocupavam o mesmo quarto do hotel – inclusive Jacqueline – passaram mal à noite. As amigas da menina, após serem medicadas, tiveram uma melhora nas primeiras horas, a jovem, no entanto, não melhorava. Atendida pela segunda vez no hotel e levada ao Hospital de Pronto-Socorro Celebration, Jacqueline foi submetida a
uma série de exames, inclusive para a Gripe A - H1N1, e todos deram negativo. Era véspera da viagem de volta da excursão. No dia da viagem, a menina estava ainda mais debilitada e precisou de cadeira de rodas para trocar de avião em escala no Panamá. Na segunda parte da viagem, ela mal abriu os olhos segundo o relato das amigas. A morte de Jacqueline foi constatada pela amiga Larissa, que percebeu que ela não estava respirando quando tentou acordá-la durante o vôo. Foi constatado que a menina tinha pneumonia. Segundo os pais, a agência os ligou três dias após a menina ter passado mal pela pri-
meira vez e informou que ela já estava melhor e havia sido descartada a H1N1. No relato do hospital, no entanto, não havia uma especificação de que ela poderia viajar de avião. A responsabilidade da agência, neste caso, teve ainda mais peso considerando-se as acusações das amigas de Jacqueline de que a guia Gisele dos Santos as havia orientado a passar maquiagem e usar óculos escuros para disfarçar as olheiras e a palidez e não serem barradas no embarque. Em nota, a Tia Augusta negou veemente as acusações das adolescentes, mas não conseguiu provar sua inocência neste caso.
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Morituri mortuis mor Os que vão morrer aos que já morreram Ritual de Finados: dor da perda, cumprimento do calendário religioso ou crença em vida após a morte? Fotos: Roberta Andrade - 7º G
RENATA VALENTIM 7º PERÍODO Domingo, 2 de novembro, 7h40 da manhã. Apesar da movimentação de um número já razoável de visitantes e trabalhadores – vendedores de flores, limpadores de jazigos – é o silêncio que impera logo na entrada do Cemitério de Nosso Senhor do Bonfim, localizado na região noroeste de Belo Horizonte. A inscrição latina no arco de entrada, “morituri mortuis”, é a síntese de todo ritual que ali se daria ao longo do Dia de Finados: “os que vão morrer aos mortos”. A motivação principal da visita ao túmulo de parentes ou amigos parece ultrapassar o mero cumprimento de calendário religioso. A presença de idosos, sozinhos ou mesmo em grupo de amigos, e também de algumas jovens famílias e seus semblantes de choro e dor – demonstrativo de perda recente – indicam que a proximidade da morte é a razão maior das homenagens àqueles que se foram. Além de evidente saudade, o dia dedicado ao maior mistério da humanidade parece remeter cada pessoa aos seus questionamentos mais particulares sobre o assunto. Testemunha disso é Wellington Luiz de Oliveira, seguidor cristão de Jeová, que vai ao Cemitério do Bonfim todos os anos com o propósito de levar palavras de conforto para os visitantes, baseadas na sua fé: “as pessoas querem ouvir a verdade, de que existe o reino de Deus e que ele está próximo. E Deus é a verdade”. Wellington ressalta que no cemitério a aceitação das pessoas à sua abordagem é maior, porque estão mais aptas a ouvir porque seu pensamento está mais aberto à fé: “em outra situação, a pessoa me daria uma má resposta, fecharia a porta na minha cara. Aqui não, aqui a pessoa ouve melhor”, diz. Voltados para si e para a lembrança de momentos compartilhados com quem se foi, os visitantes vão chegando ao longo
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A data traz o resgate às crenças e a oração traduz o sentimento de perda da manhã, trazendo flores para ornamentar os túmulos e jazigos. A dificuldade na abordagem aumenta nos casos em que se percebe uma morte precoce, um filho ou marido jovem, cuja família, em prantos, dá as mãos e reza ao redor do túmulo. Também em outros, como um senhor, de seus 65, 70 anos, que chega sozinho, ajoelha-se em frente a um jazigo e põe-se a rezar em silêncio e de olhos fechados. E assim permanece, por vários minutos. Mas há casos como o de Dona Ilma, que observando minha movimentação, deixou que me aproximasse, perguntando se eu era parente da pessoa enterrada ao lado dos seus. Enquanto distribuía as flores levadas para o jazigo da família,
contou que vai ao Bonfim todos os anos: “a gente tem que trazer flores e rezar. É a única coisa que podemos fazer por eles, agora. Apesar de que as flores duram pouco tempo, murcham muito rápido”. Dona Ilma visitou o jazigo da família em 2007, e disse que levou a filha e o genro. Neste ano, foi sozinha. E disse logo em seguida: “sempre deixo uma flor e faço uma oração para esse túmulo ao lado. Nunca vi ninguém visitá-lo, pensei até que você tivesse vindo para isso”. A celebração do Dia de Finados, ou Dia de Todos-os-Mortos, em 2 de novembro, logo a seguir do Dia de Todos-os-Santos – celebração em honra a todos os santos e mártires –
foi instituída a partir do século XIII. Mas visitar túmulos e rezar por aqueles que morreram, na Igreja Católica, é costume desde o século II. Segundo a crença cristã, neste dia os vivos rezam por aqueles que estariam no purgatório, o estado no pós-vida onde as almas seriam purificadas antes de irem ao céu. Os cristãos acreditam que as almas no purgatório, que também são consideradas membros da igreja assim como os cristãos vivos, teriam de sofrer para que possam ser purificados de seus pecados. Por meio de orações e boas obras, os membros vivos da igreja poderiam ajudar seus amigos e familiares falecidos. O Dia de Finados remonta, então, a idéia de comunhão entre todos os fiéis, sejam vivos ou mortos, porque acreditam na ressurreição de Jesus. Cristo ressuscitado indicaria a eternidade como destino de todos os seus fiéis; é a morte vista como encontro da vida junto de Deus. Dona Alice, de 80 anos, é mais uma personagem do dia de Finados que concorda em falar comigo. Muito receptiva, apesar do semblante triste, relata que vai todos os anos ao Bonfim e leva sempre um vasinho de flor. No jazigo que adornava enquanto conversávamos, estão o pai, o marido e seus quatro irmãos. E emendou: “tenho só 36% do meu coração, já me sinto preparada para encontrá-los. Mas enquanto ainda puder caminhar, vivo bem. Perdi meu coração de sofrimento”. Dona Alice explicou que permaneceu ao lado do marido durante a doença que o matou, e assim ficou doente do coração. “Ao cuidar de alguém doente, nunca se esqueça de você. É preciso cuidar de nós mesmos”. Ela diz que se sente bem preparada espiritualmente para ir embora, porque reza todos os dias. Certa de que cumpriu o seu papel, diz que foi 18 vezes ao altar para casar pessoas ligadas a ela: “casei muitos. Estive presente na vida de muitas pessoas. Espero que você chegue à minha idade com tanta história pra contar”. Eu também.
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Dona Ilma (à esq.) e Dona Alice (à dir.) acreditam que suas visitas e orações são importantes para os familiares que partiram
O Bonfim nasceu primeiro O Nosso Senhor do Bonfim foi o primeiro e é o mais tradicional cemitério da capital. É mais antigo que a própria cidade: foi fundado em 08 de fevereiro em 1897, enquanto BH foi inaugurada em 12 de dezembro do mesmo ano. Sua projeção e construção contou com a supervisão técnica da Comissão Construtora da Nova Capital – de onde se atribui a semelhança dos dois traçados arquitetônicos. Dedicada ao estudo de História Regional, a pesquisadora Marcelina
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das Graças Almeida conta que o Bonfim foi construído como uma das primeiras medidas da Comissão para organizar espacialmente a cidade, com a proibição de sepultamentos que eram feitos no adro da Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem, a padroeira da cidade, na Rua Sergipe, bem no centro da nova capital. Construiu-se um cemitério provisório, até que o Bonfim estivesse pronto, que ficava onde, hoje, há o cruzamento das ruas Rio de Janeiro, dos Tamóios, São Paulo e dos Tupis. O modelo monumental dos túmulos, observado somente no Cemitério do Bonfim, fez com que fossem encomendados diversos trabalhos no Rio de Janeiro, em São Paulo e em dezenas de ateliês de artistas
locais, entre eles os famosos irmãos Natali, os Lunardi e a Marmoraria São José – todos estes, à época, implicados na construção de prédios públicos e residências ilustres na recém-inaugurada capital de Minas. Percorrendo o cemitério por entre seus jazigos, é possível observar duas fases marcantes de sua história. Os túmulos da primeira delas, contada até a década de 1940, são dotados de elementos artísticos predominantemente feitos em mármore. Na segunda fase, vê-se o bronze e o granito preto como recorrentes. Segundo o IEPHA – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, uma outra forma de diferenciação das fases é a ocupação “temática” de determinadas quadras do
cemitério. Existem quadras com túmulos só de crianças, outras predominantemente ocupadas por personalidades da política mineira. Para se ter uma idéia, no Bonfim estão enterrados, dentre outros, os exgovernadores mineiros Silviano Brandão, Benedito Valadares, Raul Soares e Olegário Maciel, o ex-senador Bernardo Monteiro e o ex-prefeito Cristiano Machado; além de personagens importantes de Minas. Uma aula de história regional a céu aberto.
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LEGALIZE JÁ? Manifestações nas principais capitais do país geram debates acerca da temática da legalização da maconha
Foto: ultimosegundo.ig.com.br
Manifestantes foram detidos pela Polícia Militar por conduta excessiva na Marcha da Maconha, na Praia do Arpoador, na zona sul do Rio. O evento não chegou a acontecer porque foi proibido pela Justiça, a pedido do Ministério Público Estadual
LIRA FAVILLA
6º PERÍODO Ao usar o termo legalização acaba-se esbarrando no fato de que, atualmente, essa palavra carrega um peso tão grande quanto o termo droga. Conhecida cientificamente como Cannabis sativa, a maconha, como é chamada no Brasil, é um elemento muito presente nas polêmicas rodas de discussão que envolvem a liberação de seu consumo. Antes defendida por hippies, seu uso de forma legal, como uma conduta regulada por lei, vem sendo defendida por nada menos que três ex-presidentes latino-americanos e mais uma comissão de 17 especialistas, personalidades e professores. O ex-presidente brasileiro e sociólogo Fernando Henrique Cardoso, 77, é um deles. A comissão, que também conta com os economistas Cesar Gaviria, 61, da Colômbia e Ernesto Zedillo, 57, do México, propõe uma revisão na política mundial de drogas e garante ser de extrema importância o debate das condições legais para seu consumo. Originária da Ásia Central, com os primeiros registros históricos por volta de 200 anos a.C. na China, no Egito e na
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Índia, a maconha tem o THC (tetraidrocanabinol) como o principal causador dos efeitos físicos e psíquicos, os olhos vermelhos, aumento do apetite e do batimento cardíaco, boca seca e coordenação motora prejudicada. A erva foi muito utilizada para fins medicinais reduzindo náuseas e vômitos produzidos por medicamentos anticancerígenos e em alguns casos no tratamento da epilepsia. Diversas outras partes da planta são utilizadas em países como E.U.A, Inglaterra, Espanha, Chile, França, Suíça, Holanda, Canadá para produzir fibras têxteis das mais variadas qualidades, óleos bio-combustíveis, estruturas para construção civil, peças automotivas, cosméticos, medicamentos, alimentos, entre outros produtos. Em fevereiro deste ano, a última reunião da Comissão Latino Americana sobre Drogas e Democracia, realizada no Rio de Janeiro, exaltou os benefícios do consumo da droga nas questões da saúde e números foram colocados na mesa. Bilhões de dólares são gastos por ano para combate ao tráfico e milhões de pessoas perdem suas vidas ou são presas, envolvidas nesse lucrativo “mercado” ilegal. Seguindo a linha de que as proibições estimulam o desvio,
a proibição da droga estimula e sustenta o tráfico. Contudo, é importante ressaltar que substâncias mais pesadas, como cocaína, não estão visadas para entrar na discussão da legalização. Segundo FHC, “a maconha, além de ser a droga menos danosa ao organismo é a mais consumida. Seria leviano incluir drogas mais pesadas nessa proposta”, afirmou em entrevista à revista ÉPOCA. O tabaco e o álcool, considerados legais e que também causam dependência química nos usuários, matam muito mais que a maconha. Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas do UNODC (Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime), o tabaco mata cinco milhões de pessoas; o álcool cerca de 2,5 milhões e as drogas ilícitas cerca de 200 mil pessoas por ano em todo o mundo. Seus fabricantes pagam impostos altíssimos e gastam muito com publicidade, incentivando o uso do produto e agora estão passando por maus bocados. Com a nova lei “antifumo” é proibido fumar cigarro ou derivados de tabaco em ambientes de uso coletivo, públicos ou privado, uma diferença significativa. Todavia, não diminui o fato de o tabagismo ser considerado a maior causa evitável
de mortes e doenças no mundo. Mas há quem discorde dessa visão que parece ser de caráter liberal. Médicos e especialistas acreditam que, com a liberação da maconha e o conseqüente uso maciço da publicidade, um número maior de pessoas experimentariam a droga. Logo, seriam mais pessoas sujeitas aos seus danos, como por exemplo, os problemas de perda de memória e doenças relacionadas ao pulmão. O Dr. Elisaldo Carlini, em entrevista para Drauzio Varella fala que, com a publicidade a droga ganharia mais usuários e “como a maconha faz mal para os pulmões, acarreta problemas de memória e, em alguns casos, leva à dependência, não deve ser legalizada”. Porém, ao ser perguntado por Varella se essa linha de raciocínio também seria aplicada ao álcool, ele responde que não é contra a legalização do álcool “porque vivemos uma situação de fato em que seu uso social é aceito e está consagrado” e completa dizendo que “os resultados da famosa Lei Seca americana já provaram que é impossível proibir o uso do álcool e que, se o fizermos, o tiro pode sair pela culatra.” A ONU recomendou sua proibição em todo mundo e, assim
como o governo americano, considera o controle de oferta das drogas e combate ao tráfico a melhor forma de combater seus males. Essa política norteamericana custa uma fortuna cada vez mais crescente. Atualmente, são gastos 35 bilhões de dólares anuais, contra os 10 bilhões gastos a 20 anos atrás. O ex-deputado federal e subsecretário estadual Antidrogas, Elias Murad, diz que é radicalmente contra a legalização de qualquer tipo de drogas, lícitas ou ilícitas. Ele argumenta que a legalização está ligada à “disponibilidade de drogas no mercado, que seria o caso encontrado em países como Holanda, e quando existe aceitação por parte da comunidade”. Em relação ao pensamento de que a legalização da maconha diminuiria o tráfico, Murad afirma que “sim, é uma forma de mostrar como o governo estaria tentando controlar o tráfico”, mas acredita que “os males que viriam com a legalização seriam muito pior do que os que já existem com o tráfico”. O desafio lançado é para que essas políticas públicas e leis possam ser discutidas e elaboradas seguindo as diretrizes mínimas dos direitos humanos, defendidos pela ONU (Organização das Nações Unidas).
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O Ponto
Belo Horizonte, 30 de novembro de 2009
A marcha pelo direito do uso O Coletivo Marcha da Maconha Brasil é um grupo de indivíduos e instituições que trabalham de forma descentralizada, com um núcleo-central que atua na manutenção do site www.marchadamaconha. org e do fórum de discussões a ele vinculado. Não é um evento de cunho apologético, e seus organizadores não incentivam o uso de maconha ou de qualquer outra substância ilícita. Segundo informações apresentadas no site do movimento, “o objetivo é possibilitar que todos os cidadãos possam se manifestar de forma livre e democrática a respeito das políticas e leis sobre drogas do país. Com essas atividades procuramos ajudar a fazer com que essas leis e políticas possam ser construí-
das e aplicadas de forma mais transparente, justa, eficaz e pragmática, respeitando a cidadania e os Direitos Humanos”. No ano passado, a Marcha da Maconha foi proibida em nove das dez cidades brasileiras que fariam parte do circuito de manifestações que aconteceram em outros 19 países, inclusive na capital mineira. Apesar da proibição, várias pessoas compareceram à Praça da Estação, em 2008, e foram reprimidas pela Polícia Militar. Este ano, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) liberou a realização da Marcha da Maconha em Belo Horizonte. O movimento também foi autorizado no Rio de Janeiro, Porto Alegre,
Recife, entre outros estados. Marcha no Brasil No dia 9 de maio, os estados brasileiros do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Juiz de Fora, Brasília, Curitiba e mais outras 200 cidades em todo o mundo promoveram a manifestação em favor da descriminalização do uso da maconha. Realizada há sete anos no Brasil, a Marcha da Maconha teve sua segunda edição em Minas Gerais este ano. Em Belo Horizonte, entre oitenta e cem pessoas participaram da manisfestação. Os ativistas caminharam da Praça da Estação, passando pela Praça Sete, até chegarem à Praça da Liberdade, onde o movimento se dispersou. A passeata, chamada
de Marcha da Maconha, durou das 16h às 17h20, e, segundo a Polícia Militar, durante a realização do protesto, não houve nenhum registro de violência. No Rio de Janeiro, a mobilização, que aconteceu em Ipanema, reuniu cerca de 1.200 partcipantes, entre eles o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Em Porto Alegre, cerca de 350 simpatizantes da causa participaram da Marcha no Parque Farroupilha. Por acreditarem que a erva é benéfica nos tratamentos de câncer, Aids e glaucoma, os seus defensores também reivindicaram o reconhecimento de seu uso no campo medicinal. O ato, liberado pelo Ministério Público, teve uma hora de duração e também foi pacífico.
FAMOSOS QUE TIVERAM PROBLEMAS COM O USO DA MACONHA Fotos: divulgação
Marcello Antony Preso em 2004 comprando maconha de um traficante.
Foto: www.fac.unb.br/.../ stories/Imagem_1145_ed.jpg
Marcelo D2 Afirma fumar todos os dias e já sofreu várias repressões por isso, chegando a ser preso após um show por defender a liberação da droga.
Marcha da Maconha chegou em Brasília, onde os manifestantes se reuniram em praça pública para protestar
Condição da maconha pelo mundo
BRASIL O cultivo o e porte da maconha é proibid do no Território proibido Brasileiro o, ainda que pela Brasileiro, Lei não h aja mais pena de haja restrição à liberdade. No entanto, na prática, até mesmo a conduta de distribuir panfletoss para divulgar o trabalho de um Movimento Social que qu ue fala sobre maconha pode aca arretar autuação por acarretar “crime dee apologia ao crime” .
JAMAICA Ao contrário do que se imagina, seu consumo é considerado ilegal, mas o uso é altamente popular. por parte da população local.
Michael Phelps O campeão olímpico foi suspenso por três meses por ter sido fotografado utilizando maconha em festa.
CHINA Politica Politi Pol itica ca de tol tolerâ tolerância erânci nciaa zero. zer o. Tra Trafificant ccantes antes es condenados conden con denado adoss à morte morte usuários obrigados e usuá u suário rioss obri o brigad gados os a segu sseguir eguir ir programas progra pro gramas mas de desintoxicaçao. desint des intoxi oxicaç caçao. ao.
HOLANDA Primeiro país a liberar o uso da maconha, em 1976. O consumo em bares especializados é liberado, mas a venda fora deles é proibida.
Giba Suspenso em 2003 por causa do exame antidoping positivo. Fonte: Revista Época nº 561 Infografia: Felipe Chimicatti 7ºG
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O Ponto
Um passarinho me contou... Cada vez mais as redes sociais deixam de ser pura moda e passam a incorporar o dia a dia das pessoas
No Twitter “Obra do Rodoanel desaba sobre a Régis em SP; equipe retira escombros.”
“Falaram para o estagiário em Itaipu: quando sair apaga tudo”. Piada difundida após o blecaute em Itaipu
Estado de São Paulo divulga manchetes antes no Twitter
PEDRO LEONE 7º PERÍODO São Paulo, 10 de novembro de 2009, 22:30h. A cena parecia recém tirada de um blockbuster apocalíptico de Hollywood. Pessoas caminhando pelos trilhos do metrô, carros desgovernados e uma cidade com 11 milhões de pessoas totalmente no escuro. Era assim que se encontrava a capital paulista, após o apagão no fornecimento energético no Brasil causado por uma falha na linha de distribuição de Furnas. Na ocasião, a usina de Itaipu, responsável pela geração de 20% da energia que abastece o país e 85% do Paraguai, teve o funcionamento inteiramente interrompido. Desde o primeiro momento de breu, o que se viu então foi um fenômeno até então pouco conhecido no Brasil. Em questão de minutos, o site de relacionamento Twitter registrou milhares de comentários postados por usuários de todo o país sobre o apagão. O Twitter é a mais recente moda no mundo da internet. Criado há três anos, o serviço consiste em um blog pessoal, um espaço onde o usuário coloca textos com um limite de 140 caracteres (nada além de uma pequena frase), sobre o assunto que quiser. Paula Fabian, excoordenadora de produção do portal Uai e atual responsável pela comunicação e pelo blog da Iveco, acredita, no entanto, que as redes sociais não são apenas moda. “As redes sociais chegaram para ficar e evoluírem, refletem uma mudança de paradigma que a internet já vem proporcionando há algum tempo”, afirma.
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De fato, se, inicialmente, a ideia dos criadores era de que as pessoas contassem o que estão fazendo no momento em que escreveram, hoje, a ferramenta evoluiu e é usada, como outras redes sociais, para uma infinidade de outros fins. Um dos marcos do uso de redes sociais na divulgação jornalística ocorreu durante as eleições presidenciais no Irã, em junho deste ano, quando o mundo se viu inundado por notícias sobre protestos e escândalos na apuração dos votos. O incidente causou uma grande mobilização na mídia mundial. Enquanto isso, o próprio governo iraniano cerceava alguns veículos locais, chegando a fechar websites de oposição. Foi a deixa para o surgimento de uma diversidade de conteúdos em diversos espaços na internet. Vídeos no Youtube, comunidades virtuais em todo tipo de site, e uma infinidade de comentários no Twitter fizeram o evento um dos mais comentados em todo o mundo virtual. Um usuário que se denominava “TheranBuerau” publicava, no Twitter, notícias em tempo real, através do celular, notícias dos protestos de estudantes contra o governo. Itaipu A falha na distribuição de energia elétrica no Brasil causou um efeito semelhante. Enquanto vagavam no escuro em ruas, presos em elevadores, trens e metrôs, e de dentro das próprias casas, centenas de não-iluminados recorreram a seus celulares para postar dúvidas, comentários e notícias na rede. Após o restabelecimento da luz, proliferaram vídeos, fotos e depoi-
“O diabo não tinha chifre até o dia em que alguém mandou Zé Mayer pro inferno.”
“Carini foi contratado! Chegou no vôo 1648 da Gol, hoje a tarde.”
Piadas sobre o ator Zé Mayer são recorrentes na rede
Alexandre Kalil, presidente do Atlético-MG se adiantand à imprensa
mentos dos ocorridos. Durante a madrugada do dia 10, em meio ao blecaute, a assessoria de imprensa da usina de Itaipu criou uma conta no Twitter para divulgar comunicados oficiais sobre o ocorrido e responder as dúvidas da população. “Em instantes publicaremos a nota oficial de Itaipu Binacional sobre o blecaute” foi o primeiro recado da empresa na rede. O uso das redes sociais pelas assessorias de imprensa é um dos casos mais curiosos, e recorrentes da evolução das ferramentas. Canais de vídeos institucionais, comunidades virtuais oficiais para aumentar o contato com o público, blogs e microblogs dando furos de notícias nos veículos, fornecendo informações oficiais em primeira mão. O Clube Atlético Mineiro, além do caso da própria Itaipu, é
um exemplo. Através do Twitter, o presidente do clube, Alexandre Kalil, divulga notícias antes de saírem na imprensa. Esse uso, no entanto, não é considerado por todos como jornalístico. “Na minha opinião, as redes disseminam rapidamente as notícias em pílulas, mas não considero como um trabalho jornalístico.” Afirma Paula Fabian. As ferramentas ampliam o já antigo uso dos websites como contato institucional com o mundo virtual. Segundo Paula, a ampliação é o caminho certeiro das empresas que buscam esse contato, indo além das próprias redes sociais. “O mundo atual solicita presença digital. E não basta estar simplesmente presente na internet ou nas redes sociais. É preciso ser consistente em tudo o que se propõe a participar. É preciso manter coerên-
cia com a atitude que se propõe seguir nas redes sociais.” Outro obstáculo levantado por ela é quanto a confiabilidade das informações da rede. “Não acho que nenhum veículo seja confiável, quem é confiável é quem o faz, quem está por trás. A inocência na internet acabou, a democracia que o meio proporciona abre espaço tanto para o mal quanto para o bem, o verdadeiro ou o falso, o lícito ou ilícito. A escolha é de cada um.”, disse Paula. No fim, jornalístico ou não, confiável ou malicioso, a ampla difusão de informações na internet só é benéfica. Benéfica para os leitores, cada vez mais informados, e para os veículos, que se obrigam a não parar no tempo, mantendo-se em discussões e reciclagens através das novas tecnologias.
O New York Times dispõe, no Youtube, vídeos que ampliam os assuntos abordados no jornal
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Rei do Pop rouba cena no Twitter Pouco mais de quatro meses após a sua morte, em 25 de junho deste ano, Michael Jackson continua a mostrar porque é considerado o Rei do Pop. O documentário “This is it”, em exibição nos cinemas, continua gerando comentários dos mais diversos tipos. No entanto, nenhum espectador tem dúvidas do quanto Jackson merecia este título. O longa mostra os bastidores dos ensaios da última turnê de Michael Jackson, que não chegou a acontecer devido à morte precoce do cantor. O lançamento da obra agitou o mundo real – e virtual. Enquanto os ingressos eram vendidos a uma velocidade exorbitante (só em Londres foram mais de 30 mil ingressos nas primeiras 24 horas), na rede, o nome do cantor está nos Trending Topics
do Twitter desde a noite de estréia do documentário. Ou seja, o Reio do Pop está entre os assuntos mais comentados do microblog. Logo que chegou aos cinemas, os “twitteiros” de plantão já postaram suas impressões sobre o filme. O crítico de cinema Pablo Villaça escreveu: “mesmo longo e visualmente desinteressante, pinta uma imagem tão favorável de MJ que indagamos por que não fez algo assim antes.” Como costuma fazer com as obras que assiste, Villaça dá sua nota: 3 em 5. A atriz Elizabeth Taylor, fã e amiga de Michael Jackson, também recorreu ao microblog para divulgar suas impressões. “Realmente acredito que este filme deveria ser indicado em todas as categorias possíveis. É a obra cinematográfica mais brilhante
Arte: Pedro Leone 7ºG
que já vi”, escreveu Taylor. Mas também há opiniões contrárias. A “twitteira” Laura Andrade critica o filme por considerar desnecessário mostrar a cruel realidade dos últimos dias do artista. O sucesso do documentário é tão grande que a Sony Pictures Entertainment já anunciou que poderá estender o período de exibição, que, em princípio, seria de apenas duas semanas. Com o longa mais tempo em cartaz, o lançamento do DVD foi adiado para o início do próximo ano. Mas para quem é fã, a espera vai valer a pena, já que o DVD vai conter mais três horas de extras, que incluem cenas dos ensaios e versões inéditas de videoclipes.
Minissaia leva a motim de universitários No dia 22 de outubro, a estudante Geisy Arruda, de 20 anos, foi exposta à vergonha pública pelos seus colegas na faculdade Uniban, em São Bernardo do Campo. As injúrias foram desde chingamentos até ameaças de linchamento e estupro, sendo motivadas pelo vestido curto da aluna. O fato, que ocorreu durante o horário de aula, causou tanto tumulto na faculdade que as aulas foram interrompidas. Centenas de alunos foram para os corredores do Campus protestar, e Geisy teve que sair acompanhada de escolta policial. O fato ganhou repercussão nacional depois que um vídeo da retirada da aluna pela polícia,
sob gritos de colegas xingando, passou a circular na internet. O vídeo publicado no site de vídeos Youtube teve milhares de acessos. No Orkut, foram criadas dezenas de comunidades para falar do assunto. Vários comentários na internet se ploriferaram nos textos sobre o assunto. Ricardo, aluno da Uniban, disse no blog de Luiz Nassif estar chateado com o escândalo e, em outro comentário, Josué Mecenas chamou os alunos de hipócritas. No site da revista Marie Claire, profissionais da moda se manifestaram. “ O brasileiro é o povo menos chauvinista em termos vestimentais. So há restrições
para homens, por conta do complexo de machismo.” A jornalista Érica Palomino também afirmou no site: “Eu pensei que minissaia havia sido inventada há 40 anos e não fosse mais novidade”. A socióloga Miriam Abramovay, no site do Correio Brasiliense, afirmou que a atitude dos estudantes é violenta, agressiva e conservadora. Ainda no Twitter também houve quem sugerisse que a garota fez algo além de usar uma minissaia. Em comentário na rede social, Ana Paula Bertoni disse que outro protesto aconteceu na Uniban. Dessa vez, os colegas da aluna agredida se manifestaram com narizes de palhaço.
“Eu pensei que minissaia havia sido inventada há 40 anos e não fosse mais novidade.” Miriam Abramovay, socióloga
Foto: Bruno Gonzales em blog de Jorge Schweitzer
Guerra no Morro dos Macacos invade Web O Rio de Janeiro ganhou destaque na imprensa nas últimas semanas por motivos tanto positivos quanto negativos. A Cidade Maravilhosa foi escolhida como sede das Olimpíadas de 2016 e, dias depois, pautou os noticiários com a guerra do tráfico. O assunto também invadiu as redes sociais (blogs, Twitter, Orkut entre outras) depois da derrubada de um helicóptero no Morro dos Macacos. O jornalista Carlos Castilho, em um artigo intitulado “Do tiro ao Twitter”, no site Observatório da Imprensa, tocou numa questão interessante e pertinente ao contexto “polícia X crime organizado”. Numa pesquisa recente, destinada aos Estudos de Segurança e Cidadania,
Guerra do tráfico no Rio de Janeiro se espalha na web
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provou-se que os policiais consideram os blogs como uma ferramenta política, ameaçadora e subversiva para as tradicionais hierarquias que regem os quartéis no Brasil. Apesar disso, os blogs policiais podem mexer com a verticalização que predomina hoje na estrutura militar, expondo o que há de errado dentro das corporações e colocando em xeque as hierarquias. Espelhado no modelo norteamericano de amostragem de vítimas por guerras civis, o site Rio Body Count foi criado para contabilizar, por aproximação, o número de vítimas na guerra do tráfico no Rio de janeiro, mas já foi desativado na Web. Sobre a atual violência no
Morro dos Macacos, o publicitário e morador do bairro da Tijuca no Rio de Janeiro, Gabriel Wardil, 24, informou, por meio de seu Twitter, que o medo e a impotência são gerais e que as pessoas estão mudando a rotina por causa da violência. “Estamos no meio de uma guerra onde não há como se defender e sendo governados pelo crime e terror”, declarou. Comunidades do Orkut, vídeos no Yotube, posts em blogs, são exemplos de ferramentas que dão força e autonomia para a voz da população. Enquanto o Legislativo toma decisões a portas fechadas, a Internet se torna um ambiente democrático, considerada por muitos como a nova Ágora.
Textos nesta página escritos por: Ana Carolina Amariz, Flávia Leão, Gabriel Assunção, Jaime Hosken, Lívia Martins, Paula Sampaio; Fernando Kelysson; Gabriela Machado, Michele Cristina, Nathalia Magalhães, Raíssa Rodrigues, Rodrigo Otoni (6ºG)
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O Ponto
O Rugby
em três tempos
O Rugby é um dos esportes mais populares do mundo e, cada vez mais, vem ganhando adeptos pelo Brasil, desmistificando a fama de esporte violento e deixando de ser comparado ao futebol americano MARINA CAMISASSA RENATA WILLIG 2ºPERIODO Fotos: Pedro Gontijo
Encerrada a partida, o jovem estudante William Webb Ellis, inconformado com a derrota do seu time, agarra a bola com as mãos e sai correndo em direção ao gol adversário. - Que velocidade! Surpreendidos, seus adversários entram na corrida para tentar impedi-lo. Agarrado pelas pernas, o pequeno Willian vai ao chão e vê a bola esvair-se de suas mãos. Dessa cena que causou estranheza durante um jogo de futebol na Inglaterra, em 1823, surgiu a idéia inicial de um novo esporte: o Rugby. Passados os anos, as regras e números de participantes foram variando, podendo hoje ser praticado com 15, 10 ou 7 (conhecido como 7-a-side) jogadores em cada time, que se dividem em dois grupos. “Os Fowards são jogadores maiores em tamanho e mais pesados, enquanto os Backs são mais rápidos, menores, mais leves e mais ágeis. Eles atacam com velocidade, passam a bola mais rápido, mas também há choques”, explica Ariel Palacios, treinador do time feminino do BH Rugby, o maior da capital mineira. Durante a partida só é possível passar a bola para o lado ou para trás, sendo que os avanços são decorrentes das corridas com posse de bola. Só é permitido passe para frente com pontapés e, no chute, só podem perseguir a bola, além do chutador, aqueles jogadores que estiverem em linha ou atrás do mesmo no momento do pontapé. Muitas vezes, o esporte passa a imagem de violento, mas seus praticantes defendem opinião contraria. “Passa essa imagem porque dentro de campo há um contato intenso entre os jogadores. A agressividade é inerente ao jogo”, explica Vitória, ex-jogadora do BH Rugby. Um fator interessante e que ajuda a aliviar as tensões do jogo é o chamado terceiro tempo. Promovido pelo time da casa, esse é o momento em que os jogadores conversam, fazem amizades, cantam, brincam, bebem e discutem os lances da partida após o jogo, e é uma das tradições do Rugby. Em Minas Gerais, além do BH Rugby, existem mais dois times expressivos, ambos em Varginha. O Minas Rugby, nascido em 1995, e o Varginha Rugby, criado em 2000. Inconfidentes e Poços de Caldas, no interior do estado, possuem equipes menores e algumas outras cidades já esboçam um esforço para montar uma estrutura para o esporte, entre elas Nova Lima, Juiz de Fora, Viçosa, Uberlândia, Governador Valadares e Nova Era. Apesar do aumento significativo da procura pelo esporte, o Rugby ainda
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sofre com falta de verbas para financiar as viagens dos atletas para as competições nacionais e internacionais. A fim de contornar a situação, jogadores e equipe técnica se viram como podem. Alguns fazem uma poupança, onde todo mês uma quantia de dinheiro é depositada, outros vendem brindes, como camisetas, rifas e adesivos, e os mais corajosos, posam para fotos. Foi o caso da seleção brasileira de rugby feminino. Para poder participar do Mundial de Dubai, realizado em março deste ano, criaram um calendário com fotos sensuais das próprias jogadoras. Um meio de chamar a atenção das pessoas e arrecadar dinheiro para a viagem. Não ganharam o campeonato, mas garantiram o 10º lugar no ranking mundial. Vida de Jogadora Jogadora há um pouco mais de dois anos no BH Rugby, Marina conheceu o esporte através de amigos de São Paulo, mas quem a incentivou a jogar foi uma amiga de trabalho: “Um dia, fui para conhecer os treinos, e fiquei”. Amigos e familiares a questionavam sobre por que não fazer ballet ou jazz, atividades tradicionalmente femininas, mas Marina afirma que, apesar de já ter tentado, não combina com ela de jeito algum. A jogadora comenta também que nunca teve rivalidade com outras jogadoras. “Somente dentro do campo, alguns olhares e puxões de cabelos, mas fora do campo, o terceiro tempo tira a tensão um pouco”, afirma a atleta. O administrador Mathias Klaus namora há dois anos a jogadora do BH Rugby Maria Clara. Ele acompanha sua namorada em todos os jogos e diz não sentir ciúmes dos treinos que ela faz com o time masculino de Rugby. “Sempre que dá, eu saio com a turma toda pra tomar umas”. Mathias confessou que reza sempre para que sua namorada saia do campo sem um arranhão, pois a jogadora já quebrou a clavícula e o nariz, mas afirma que o esporte ajuda no relacionamento, “O namoro é
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Esporte • 17
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O Ponto
Belo H Horizonte, 30 de novembro de 2009
Esquema de jogo 1 - Pilar 2 - Hoker 3 - Pilar 4 - Segunda linha 5 - Segunda linha 6 - Asa (tercera linha) 7 - Asa (tercera Linha) 8 - Oitavo (último na formação do scrum)
9 - Half Scrum 10 - Apertura 11 - Ponta cego 12 - Primer centro 13 - Segundo Centro 14 - Ponta aberto 15 - Fullback
1
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Ariel Palacios Técnico do BHRugby
3 4
5 6
9
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7
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11 15
Algumas jogadas do Rugby Passe No rugby só é possível passar a bola para o lado ou para trás, sendo que os avanços são decorrentes das corridas com posse de bola. Só é permitido passes para frente com pontapés. No chute, só podem perseguir a bola, além do chutador, aqueles jogadores que estiverem em linha ou atrás do mesmo do momento do pontapé. Tackle ou placagem O tackle é feito agarrando-se o jogador adversário que está com a bola e jogando-o ao chão para que se possa fazer a tentativa de tomada da posse de bola através do ruck. Ruck Quando um jogador é tackleado, ele solta a bola e é formado um ruck. Jogadores, dos dois times, se jogam em cima daquele que está ao chão e tentam empurrar a bola para o seu lado do campo, com o detalhe de que não é permitido mover a bola com as mãos.
ótimo, quando ela está estressada, ela desconta no campo e com as rivais”. Jogadora do BH Rugby de dezembro de 2005 até Julho de 2007, Vitória nunca praticou outro esporte. Ela fraturou o braço durante uma partida e depois novamente em casa, no mesmo lugar, mas continua defendendo que isso é comum por ser um esporte de muito contato físico. Vitória também afirma que o esporte precisa ser mais divulgado, o que ajudaria a desvincular essa imagem de jogo violento que tem hoje. Vencer as barreiras de um esporte que ainda dá os primeiros passos no país é outro desafio segundo as jogadoras. O BH Rugby participa de pelo menos um campeonato por ano e para custear as viagens, além da mensalidade, paga por elas ao clube. Como há poucos patrocinadores, é preciso fazer rifas e caixinhas para ajudar nas despesas das viagens, que têm custo variado de acordo com o número de jogadoras que participam dos torneios.
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Maul Ocorre quando três jogadores, s, sendo um portador da bola e os outros dois, um de cada time, estão em contato. A diferença entre o ruck e o maul é que, no último, a bola não se encontra no chão, e, sim, na mão do jogador. Os jogadores devem manter a cabeça e os ombros acima da linha da cintura. Não é permitido tirar os jogadores do maul, a não ser que esse seja do time adversário e esteja do lado errado do maul.
Laterais Quando sai pela lateral do campo, Q Quan Qu uan ando do a bola sa do ai pe ela lat ter eral a d o ca camp m o, mp o, é realizado um alinhamento para que a bola volte ao jogo. O Hoker da equipe lança a bola no meio das duas linhas formadas. Um jogador de cada equipe é levantado no ar para tentar agarrar a bola. Quando a bola é posta na lateral, o outro time pode repô-la rapidamente para dentro de campo se esta cruzar a linha de cinco metros, sem formação de linhas.
Scrum O scrum ou formação ordenada, geralmente é usado após uma jogada irregular ou em alguma penalidade. O HalfScrum da equipe que não cometeu a infração insere a bola no meio de um “túnel” formado pelas duas primeiras linhas de cada equipe, para que os jogadores de sua equipe consigam ganhar a posse da bola. Qualquer jogador alheio a formação ordenada tem que estar a 10 m da mesma.
Mark Quando a equipe adversária chuta a bola e o jogador da outra equipe a pega sem quicar no chão e dentro da área dos 22 metros, ele pode chamar um mark ou pedir marco, que é a possibilidade de se dar um chute sem o perigo de ser placado. Serve como um fator de proteção para a defesa da equipe que pediu o marco, pois interrompe o jogo e o time tem direito a um pontapé livre de onde o mark foi pedido.
Em Setembro de 2006, o time feminino do BH Rugby conquistou o primeiro título ao vencer o Campeonato da Independência de 7-a-side, em Varginha, no Sul de Minas. Em Outubro de 2007, conquistou o Torneio de 7-a-side de São José dos Campos, a primeira etapa do Circuito Brasileiro de Rugby. Rugby no Brasil O Brasil conheceu o rugby no século XIX, e foi Charles Miller, o mesmo que trouxe o futebol para o Brasil, que, em 1895, organizou o primeiro time de rugby brasileiro em São Paulo. Mas somente em 1925, o rugby começou a ser praticado com mais regularidade no Brasil, no Campo dos Ingleses, pertencente ao São Paulo Athletic Club (SPAC), em Pirituba, São Paulo. Durante o período de 1926 a 1940, foram organizados jogos interestaduais entre clubes paulista e carioca, além de jogos internacionais, contra os Springboks, da África do Sul, em 1932 ,e contra a seleção Britânica em 1936.
De 1941 a 1946, os jogos foram interrompidos devido à Segunda Guerra Mundial, sendo retomados em 1947. Em 1960, foi formada a Aliança Rugby Football Club, constituída por jogadores ingleses, franceses, argentinos e brasileiros. No dia 6 de outubro de 1963, foi fundada a sede, em São Paulo, da União de Rugby do Brasil, com a finalidade de organizar e dirigir o rugby brasileiro. No ano seguinte, a entidade patrocinava o III Campeonato Sul-Americano de Rugby, quando o Brasil conquistou o vice-campeonato. A partir de 1971, começou a se desenvolver lentamente o rugby Infanto-Juvenil em São Paulo e, em 20 de Dezembro de 1972, foi fundada a Associação Brasileira de Rugby em substituição à União de Rugby do Brasil, sendo reconhecida pelo Conselho Nacional de Desportos (CND). A partir daí, o esporte vem ganhando adeptos no país do futebol e se popularizando, deixando para trás a imagem de violento.
BH RUGBY 12º BI do Exército Rua Timbiras com Barbacena Barro Preto Belo Horizonte - MG
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O Ponto
Projeto Leitura para Todos Com cinco anos de existência, iniciativa ainda passa despercebida por muitos passageiros de ônibus Foto: Divulgação BHTrans
LUCAS RAGE VICTOR DUARTE RENAN BORGES 2º PERIODO Desde 2004, os belo-horizontinos vêm recebendo visitas ilustres nas diversas linhas de transporte público da capital. Já passaram pelos ônibus escritores como Gonçalves Dias, Machado de Assis, Castro Alves e muitos outros. Calma, eles não estão rodando por aí como passageiros, estão presentes por meio de suas obras. É o projeto Leitura para Todos. Idealizado e organizado pelo Programa de Ensino, Pesquisa e Extensão A Tela e o Texto, do curso de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o projeto Leitura para Todos tem o objetivo de levar literatura à grande população belo-horizontina de maneira dinâmica e acessível. O que não falta ao passageiro é escolha na hora de ler. São oferecidas obras dos mais variados estilos, desde crônicas machadianas a poemas de Gonçalves Dias, passando por composições musicais de Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes. Através do site do projeto (www.letras.ufmg.br/atelaeotexto) jovens autores também podem enviar seus textos e já
passam de 155 publicações deste cunho, envolvidas na iniciativa. O projeto contempla hoje 280 carros em 26 linhas distintas. Impressos em frente e verso e laminados, os textos são afixados na parte traseira dos assentos e apresentam fácil acesso. Cada veículo possui uma média de vinte lâminas, dispostas ao longo dos assentos de maneira para atingir todos os passageiros. Os textos são trocados de três em três meses. As formatações variam de acordo com o tema e a forma lúdica com a qual algumas obras são expostas busca atrair o leitor relutante.
Repercussão As estratégias para atrair o leitor, apesar de criativas, não agradaram a todos. “A letra é muito pequena, então eu não leio muito”, diz Amanda Dias, usuária da linha Circular 01 (SC01) e moradora de Betim. Estudante e morador da Savassi, também usuário da linha, Guilherme Carvalho concorda: “não atrai, não chama a atenção. Fica ali, mas a gente nem vê direito, falta alguma coisa para chamar mais a atenção do pessoal.” O maior problema aparenta ser a combinação entre transporte público e leitura, uma vez que nem todos os passageiros podem se sentar durante a via-
gem. “É interessante para quem vai sentado mas, quem está de pé não aproveita muito”, aponta Amanda Dias. Mas a iniciativa possui uma linha de admiradores para quem o incentivo à cultura e a disseminação da literatura não passam despercebidos. Moradora do Taquaril e usuária da linha 9503, Vanusa dos Santos se entusiasma com o projeto: “As histórias são legais. Tem algumas que eu tenho até vontade de levar para casa e ler para os meus filhos. Eu já li quase todas, sempre que acabo de ler a minha já estou logo pegando a do lado”, afirma. Ilza Ferreira Gomes, moradora de Venda Nova e usuária da
linha Circular 02 (SC02) também divide o entusiasmo de Vanusa: “Acho excelente. Incentiva a leitura. A primeira coisa que eu faço quando entro no ônibus é pegar um texto para ler.” Segundo a coordenadora do projeto e do Programa A Tela e o Texto, da FALE-UFMG, Maria Antonieta Pereira, a repercussão do projeto não poderia ser melhor. “Temos recebido muitos textos novos e comentários dos leitores. No mês que vem, entrará em circulação o texto de um usuário sobre o Leitura para Todos”, afirma. De acordo com Maria Antonieta, a maioria dos textos recebidos é de qualidade. Para selecioná-los, o critério utilizado é o valor literário. “Ficam de fora apenas os textos que apresentarem linguagem vulgar ou de cunho agressivo. Mas isso é raro”, conclui. Mais do que uma degustação literária, muitos vêem no projeto um passatempo que possibilita distração durante as longas viagens de volta para casa ou em direção ao trabalho. “Você começa a ler e nem vê o tempo passar”, diz Jidalva da Silva, moradora de Ibirité e usuária da linha 3052. Guilherme Carvalho acrescenta: “É bacana porque a gente não tem nada para fazer no ônibus, então, a gente lê no caminho.”
Faz-de-conta domina a literatura Livros com tramas e personagens fantásticos encabeçam listas de mais vendidos GABRIELA CAMPOLINA 5º PERÍODO As aventuras de um bruxinho, um mundo rodeado por robôs que, de repente, passam a ter sentimentos, o romance entre uma jovem e um vampiro, a cegueira repentina... A ficção oferece um mundo rico de possibilidades estimulantes. O autor fica livre para propor novas abordagens, construir cenários diferentes daqueles que estamos acostumados. O leitor pode se deliciar com estórias divertidas e impossíveis na vida real, mas que povoam a sua mente e são apaixonantes. Para o doutorando em Literatura de Língua Portuguesa e professor da Universidade Fumec, Luis Henrique Barbosa, o sucesso desses livros pode ser atribuído ao grande poder da mídia. “Hoje em dia é difícil esca-
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par dessa influência, até mesmo para quem tenta fugir um pouco disso.” Segundo o professor, os meios de comunicação criam um tipo de “moda”. Atualmente, o livro que está no topo dos mais vendidos é “A Cabana”, do canadense William Young, que narra a história de Mackenzie Allen Philip, personagem principal de uma trama que envolve questões religiosas ao desconstruir os estereótipos de Deus e Jesus, apresentados respectivamente como uma mulher negra, grande e gorda e um jovem do Oriente Médio que conserta e constrói coisas. Outro sucesso de venda foram os livros da série Crepúsculo (Twilight), que conta a história de uma adolescente que se apaixona por um vampiro, recentemente adaptada para o cinema. Os best-sellers de ficção já tomaram as salas de cinema há
um tempo. Em termos de adaptação literária, escritores tendem a achar que o filme deve ser fiel ao texto. Já os cineastas entendem que a linguagem das telas é outra e que o compromisso do cinema é com os espectadores, não com os leitores. Os escritores defendem a fidelidade, os cineastas, não. O sucesso de longas como “O senhor dos anéis”, “Harry Potter”, “Eu, Robô”, “Ensaio sobre a cegueira”, “Entrevista com um vampiro”, de repente, virou febre. Todos parecem querer “viajar” por um mundo desconhecido. Os leitores, principalmente os mais jovens, querem ver seus livros, personagens, e aventuras preferidas de uma forma mais real. Segundo Luis Henrique, “a mídia faz bom marketing; e ainda tem o peso das películas que direcionam ainda mais o foco do interesse do público.” E
independente das inúmeras críticas quanto a isso, o sucesso sso é certo. O exemplo é o das as séries Harry Potter e Twilight - ambos best-sellers mundiais. A internet é também um m terreno que contribui para popularidade crescente da chamada literatura da moda, de acordo com o professor Luis Henrique, a literatura se tornou muito diversificada. “Há um grande aumento, o, por exemplo, na ‘literatura de blog’. Muitos blogueiros escrevem m histórias que depois viram livros” s”, diz. Falando especificamente te sobre os livros de ficção, ele argumenta que muito desse sucesso está em fórmulas que deram certo e se repetiram, no avanço da tecnologia, na busca por respostas, e na tentativa de “fuga” da rotina do dia-a-dia. “Ainda assim, é difícil dizer porquê. É como
querer saber o motivo pelo qual muita gente escuta certo tipo de música, ou assiste a certos tipos de filme. Cada um tem uma razão. Também, não podemos esquecer que estamos falando de moda. E moda vai e volta.”
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Mídias • 19
Editor e diagramador da página: Equipe O Ponto
O Ponto
Belo Horizonte, 30 de novembro de 2009
Mediação chega ao seu oitavo número Revista da Faculdade de Ciências Humanas da FUMEC coloca o tema “Mídias Audiovisuais e Processos Identitários” em debate e tem, como desafio, para os próximos números, ampliar a chamada para o envio de artigos acadêmicos a pesquisadores de outros países PEDRO LEONE 7º PERÍODO A Faculdade de Ciências Humanas da Fumec (FCH) lançou, no dia 20 de novembro, a oitava edição da revista “Mediação”, de cunho científico. A publicação, que desta vez trouxe como tema central “Mídas Audiovisuais e Processos Identitários”, representa um marco da revista por fortalecer a periodicidade das produ-
8ª edição da revista trata das Mídias Audiovisuais e Processos Identitários
ções acadêmicas da faculdade, como reinteraram os diretores Antônio Marcos Nohmi, João Batista de Mendonça Filho e Thaïs Estevanato, em evento realizado na data de lançamento, no auditório da FCH. A revista passa ainda por uma reestruturação editorial, já que a partir da próxima edição não conta mais com a professora Claudia Chaves Fonseca como editora, que passa o cargo para o professor Rodrigo Fonseca e Rodrigues. Segundo Rodrigo, um dos próximos passos na consolidação da “Mediação” no mercado é a ampliação dos pontos de distribuição da publicação, sendo inclusive distribuída em bibliotecas de outras instituições de ensino. Além disso, Rodrigo adiantou o tema-base da nona edição, já sob seu comando, que será “Comunicação e estudos interdisciplinares”. Nela, de acordo com o novo editor, uma das metas será ampliar o leque de assuntos tratados e mostrar o caráter plural da comunicação. Outra meta para os próximos números da revista é divulgar a
chamada para artigos em outros países, com a publicação de textos traduzidos, com exclusividade, pela revista para o português. Alunos como destaque A novidade da oitava edição, segundo a editora Claudia Chaves, fica por conta da publicação da resenha “Ética no ensino
de jornalismo”, de autoria das alunas do oitavo período de jornalismo Ana Lúcia Bahia e Marina Rigueira. Para as alunas, que dizem ter interesse em seguir a carreira acadêmica, a oportunidade é interessante por ser uma primeira experiência na área. O artigo, segundo Ana Lúcia e Marina, é fruto de
um projeto de iniciação científica e a primeira publicação de cunho acadêmico de ambas. A revista “Mediação” tem periodicidade semestral e teve, nesta oitava edição, tiragem de mil exemplares, reunindo dez artigos de professores, pesquisadores e profissionais da comunicação social.
A equipe de professores e convidados que participaram da organização da 8º edição da revista
E agora José? A festa acabou, a luz apagou e ta todo mundo na web. FABIANA SOARES 7º PERÍODO Kotler publicou sua bíblia do marketing e, de repente, todo mundo sabia como posicionar uma marca. Então veio a Era Digital e desafiou todas agências de publicidade e profissionais de marketing. Quais foram esses desafios? O que devemos levar em consideração para posicionar uma marca online? Eu, com meu mero mas engajado conhecimento, elaborei alguns tópicos que podem dar um rumo ao posicionamento digital. 1) Pense e esteja Online. O primeiro item é óbvio e precede todos os outros. Se você quer entrar no mundo digital você tem que estar online. A comunicação digital é instantânea e interativa e se sua marca não está lá quando um usuário a procura, ele vai clicar na outra que estiver mais próxima. Então
esteja sempre disponível e, mais importante, abrace a interação. Não adianta estar online e pensar offline. Converse e escute os usuários, hoje, eles são tão importantes no posicionamento de sua marca quanto a televisão foi na déc. de 50. O que nos leva ao segundo tópico. 2) O usuário constrói a sua marca. Hoje o modelo de comunicação é interativo. O internauta descobriu que pode produzir a mensagem e não só recebê-la pacificamente. Então ele pode dizer que seu produto/serviço é muito ruim ou muito bom e terá várias pessoas para ouví-lo. E não adianta querer abafar a sua voz, isso só vai pegar mal e não vai controlar a propagação da mensagem (lembra do caso da Daniela Cicarelli?). Então o que resta ás marcas é monitorar. Você pode estar sempre alerta ao que estão dizendo sobre você na web,
é como um feedback instantâneo, e se estiverem falando bem, ótimo!, mas se falarem mal pergunte porque, peça desculpas e desconstrua a imagem ruim que aquele usuário tem sobre sua marca. Mas cuidado para não invadir o espaço virtual dele. 3) Cuidado! O usuário pode não querer te ouvir. Você monitora sua marca na web e resolve entrar na discussão dos usuários sobre sua marca. Vá com calma! Ele provavelmente vai estar em uma rede social, conversando com seus amigos e, de repente, você vira um invasor inoportuno. Hoje o usuário quer ouvir e dá mais credibilidade a fala de seu “amigo de rede” do que na auto-afirmação de uma marca. Ele quer ouvir o que sua rede social tem a dizer e não você. Então, uma estratégia muito mais eficiente de conversar com o usuário é sendo um usuário ou tendo como porta voz
algum usuário influente. E se um usuário fala bem da sua marca daqui a pouca serão dois, quatro, seis... 4) O boca-a-boca casou com a internet e teve um filho fofoqueiro. O viral. O viral nasceu graças a velocidade e o tamanho da rede. Enquando na tv temos uma pessoa falando para outras 11 milhões, na rede sua marca pode falar com esse mesmo número de pessoas e essas pessoas com outras 11 milhões de pessoas em uma velocidade muito mais rápida que a de um Vt de 30”. Esse potencial de propagação da mensagem é bom e ruim. Bom por permitir uma comunicação mais eficiente em termos de tempo e ruim pois uma vez lançada na rede é impossível acompanha-la. A melhor maneira, então, de se utilizar um viral é ser cuidadoso com o que se quer propagar. Pense se aquela mensagem
é realmente relevante, se não vai criar uma imagem negativa e se é suficientemente criativo para que os usuários queiram compartilhá-lo. O viral tem sido a menina dos olhos de muitos criativos publicitários e de seus clientes, pois tem um custo relativamente baixo e pode alcançar um grande número de pessoas, mas também tem grandes riscos de ser um total fracasso. A internet aidna tem muito a nos ensinar e tentei colocar acima um pouco do que já consegui obeservar. Mas ainda tenho uma grande curiosidade que até hoje ninguém conseguiu me explicar: como se cobra por estratégias digitais? Como mensurar em dinheiro um viral, por exemplo? Como apresentar uma estimativa de custos honesta para o cliente quando tudo que se tem é uma idéia. Se alguém tiver essa resposta meu email é fabzsoares@gmail.com.
Original publicado em: http://estagiocriativo.blogspot.com/ O texto não sofreu edição nem correções ortográficas, a pedido da autora.
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20 • Cultura
Editora e diagramadora da página: Amanda Lelis - 7º periodo
Belo Horizonte, 30 de novembro de 2009
O Ponto
Ajude a costurar nossa colcha! balaio.retalhos@gmail.com
COLCHA de retalhos Guria
Querer
Rodrigo Guimarães Pena
Amanda Lelis ...quando dedo se lambia tudo era mar-de-rosas, tu levavas vida em verso, eu te via toda prosa,
Sozinha No mato Sem teto Comida Companhia Ou cobertor Sem rastro Barulho Eu-só.
...e tu eras tão pequena, tão cheirosa, tão macia, que o chorar ou fazer cena era manha da guria...
Sozinha Na terra Deitada, até dissolver no tempo...
hoje a vida te vê bela, tão faceira, tão formosa, mas meus olhos vêem aquela, que foi meu botão de rosa...
Amanda Lelis
Eu que não amo você Gabriela Gois
CURTA
retalhos
Era tudo novo ali. No puro prazer na inocência, ele repousava a cabeça sobre o meu colo, segurando minha mão firmemente. Ao longe, o sol ia se despedindo, deixando uma leve e única brisa no fim de tarde abafado. Nós trocávamos algumas palavras bobas, meu coração disparava quando via aquele sorriso sincero. Era tudo parte de um começo de vida, uma iniciação no mundinho chato e triste que é o amor. Tão perfeito, calmo, irreal, verdadeiro e tímido. A rua estava vazia, eu permanecia em silêncio, enquanto ele brincava com meus dedos em suas mãos magrelas e brancas. - E quando tudo isso acabar? - Como assim? – suspirei, afagando seu cabelo bagunçado. - A gente vai crescer…Mudar. Talvez um dia nossos rostos se apaguem. - Eu não sei…Talvez um dia nós vamos estar adultos, andando em alguma cidade no meio do caos e nos reconhecemos por um sorriso. Eu largaria meu namorado, você sua vida boêmia e nós podemos fugir pra França. - Você é tão boba. - E você é tão… Seus lábios tocaram os meus, delicadamente, nada invasivo. Eram macios, tinham sabor de chocolate branco. O que aconteceu internamente não há como descrever, nada comparado à felicidade instantânea de uma roupa nova. Não, era algo bem melhor que isso. Era tudo tão mágico e delicioso, nada de preocupações. Éramos dois na calçada, os pés no chão quente, as mãos entrelaçadas, os sorrisos carregados de felicidade. Hoje, eu ainda olho para aquela foto estranha no fundo da caixa. Ele está longe, provavelmente apagou meu rosto. Eu não consigo sentir, nada comparado àquilo, nada que faça meu coração disparar como aquele dia. Eu só amei uma vez, eu tinha onze anos, um metro e sessenta e cinco e era boba.
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Ode ao pensamento Frederico Porto Todo momento é hora de aventura e fantasia E começa ao raiar do dia Crianças vão à escola e cantam a melodia E a imaginação se mistura com a nostalgia O vento, o sol, a neve e a tempestade Amanhã é o ontem criado com amizade E Deus em seu computador Não procura responder A mensagem deixada será criada por você E sem fim, com mais delongas O encanto se apaixona E começa a respirar Pensamento que virá
Devaneios
Larissa Cardoso Borges
Deixa a mente vagar, Sem rumo, sem freio. Deixa as palavras fluírem, Pulsando pelo seu corpo até chegarem ao destino final. Mão que freneticamente escreve Tentando organizar o fluxo de emoções, de sensações. Rápido pensar, fugaz alívio. O papel suporta as minhas idéias.
GuntaiJoão Paulo Borges
VontadeBárbara Rodrigues
Dúvida Amanda Lelis
Exército
Midori aki hatake dandan akaku naru
Ir além da superfície Que o espelho mostra (e que o ego gosta)
E o que vai ser agora se tudo em mim for silêncio?
Outono verde o campo aos poucos fica vermelho
João Paulo Borges
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