Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social
s a f i o r rm á v s a s A
Ano 16 | Número 97 | Junho de 2015 | Belo Horizonte / MG
Distribuição gratuita
de s é er o que Comportamento Max Costa
Conheça a historia do mecanico que possui um estilo próprio e que não se sente intimidado por suas escolhas Pág. 06
Comportamento Laerte Coutinho
De crossdresser a transgênera, a reportagem O Ponto conseguiu uma entrevista exclusiva Pág. 07
02 • Opinião
Editor e diagramador da página: Marcella Souza e Maria Clara Gonçalves
Belo Horizonte, junho de 2015
Afinal, o amor é imoral? Marcella Souza 3ºPeríodo A televisão brasileira se deparou com uma forte cena de preconceito exibida na novela Babilônia no final do mês de abril. Rafael, interpretado por Chay Suede, conta a sua namorada Laís, interpretada por Luisa Arraes, que foi criado por um casal homoafetivo, possuindo assim duas mães. A garota fica transtornada e diz que o amor entre duas mulheres é imoral, é pecado, é doença é uma perversão. Até quando esse preconceito dominará a nossa sociedade? Os tempos mudaram, as configurações amorosas também. Os relacionamentos não são mais somente entre homens e mulheres, mas também entre pessoas do mesmo gênero. Estranho pensar que tem gente que
considera esquisito esse tipo de relação, pois acredito que todas as pessoas têm o direito de amar quem bem entenderem, uma vez que o amor não tem idade, cor, gênero. Alunos da UFMG promoveram no dia 16 de abril de 2015, em frente ao prédio da Faculdade de Direito da instituição, um beijaço em que se manifestaram contra o preconceito e a homofobia. Devemos nos lembrar de que um beijo é uma demonstração de carinho, e que demonstrações de carinho entre homossexuais são iguais aos dos
heterossexuais. A sociedade tem que aprender a não se espantar com cenas como essas, pois é normal pessoas que se amam expressarem seu sentimento em público. Alunos transgêneros, transexuais e travestis de duas Instituições de Ensino Superior de Belo Horizonte adquiriram o direito de serem chamados pelo nome social nas listas de chamadas. O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão do Centro Universitário UNA acatou tal medida no dia 24 de abril de 2015. Já na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC) a medida foi adotada desde o dia 30 de março. Com essa atitude, essas enti-
dades dão um passo importante na luta contra o preconceito, pois respeitam as diferenças e auxiliam os estudantes “excluídos” a se reinserirem na sociedade da maneira que são. As Instituições de Ensino estão sendo fundamentais no processo de inclusão e aceitação social. Elas têm por função nos formarem academicamente, mas mais que isso, elas nos ajudam a construir valores, pois nos permite experiências com culturas e ideologias divergentes e até mesmo desconhecidas por nós. Afinal o que é ser imoral? Imoral: é ser contrário ao conjunto de regras de conduta ou hábitos julgados válidos pela sociedade. Mas os hábitos mudam, porque a sociedade também muda. A escolha sexual não pode ser considerada imoral, só porque foge da tradição que os relacionamentos devem
O Ponto
ocorrer somente entre homens e mulheres. No amor nós não escolhemos quem vamos amar, pois o amor simplesmente acontece. As pessoas têm o direito de serem respeitadas como são, quer sejam gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros... Está na hora de aprendermos a lidar com o diferente de uma maneira mais natural. Reações como espanto, repugnância, preconceito devem ser deixadas de lado, necessitamos trazer conosco respeito e o amor ao próximo. Não é porque esse próximo é diferente de mim que devo desrespeitá-lo. O amor entre duas pessoas do mesmo sexo não pode ser considerado imoral. Imoral é a atitude das pessoas que acreditam que só há uma forma de amar. Como já diria Lulu Santos “Consideramos justa toda a forma de amor”.
o ponto Coordenação Editorial Profa. Ana Paola Amorim (Jornalismo Impresso) Prof. Aurelio Silva (Redação Modelo)
I lust
ena eP : Luis Fil ip o ã ç a r
Do Luto à Luta Frederico Tunes * * Aluno convidado da UFMG, que participou do beijaço. A homofobia é uma opressão que se manifesta de várias formas. Quando se vive rodeado de amigos, familiares e pessoas que nos amam e apoiam, é fácil nos esquecer de que ela está lá, fora da bolha de segurança e conforto que tendemos a criar em torno de nós. Entretanto, reconhecendo sua existência ou não, mais cedo ou mais tarde ela vem à tona e devemos confrontá-la. Sou um indivíduo de muita sorte por poder encontrar refúgio em alguns âmbitos da minha vida. A realidade de milhões de outros gays, lésbicas, bissexuais não é tão simples assim. Na maioria das vezes, o ódio e preconceito vêm de dentro de casa, das pessoas nas quais mais confiamos e amamos. Todos nós sofremos por estarmos no desvio daquilo considerado como normal e natural pela sociedade, embasada em séculos de tradições fundamentalistas e intolerantes perante as diferenças. Nas últimas semanas, pude reviver mais uma vez a experi-
ência de sentir o peso do que é ser gay, assumido e militante da causa. Em um ato de repúdio aos discursos lesbofóbicos sustentados por um professor e até mesmo pela direção na Faculdade de Direito da UFMG, foi organizado um ato de resposta por parte dos estudantes LGBT da UFMG: um beijaço, uma manifestação de homoafetividade para combater os discursos de ódio. Por obra do acaso, eu apareci em uma das fotos selecionadas pela imprensa para a divulgação do evento. Ao ler os comentários da página da notícia online, nada de novo: manifestações de ódio e preconceito eram a maioria dentre as opiniões. Ler esse tipo de comentário enquanto homem gay sempre foi difícil para mim, mas dessa vez foi excepcionalmente doloroso. Logo abaixo de uma foto na qual estou abraçando a pessoa pela qual sinto afeto, ao lado de um casal de amigos próximos, uma enxurrada de ódio e preconceito. Esse é o motivo pelo qual luto, pelo qual me exponho, assim como muitos de meus compa-
nheiros e companheiras. A luta pelos direitos básicos, como o respeito, não é individual, mas sim por toda uma comunidade. Os direitos não nos serão entregues sem resistência, e a homo, lesbo, trans e tantas outras fobias não vão desaparecer sem luta. Por mais que o preconceito seja uma parte dolorosa do dia a dia, é preciso manter a cabeça erguida e enfrentar a sociedade. É preciso coragem, força e orgulho. Orgulho de quem somos da forma que vencemos as dificuldades, das nossas conquistas já obtidas por sangue e suor e, principalmente, da nossa esperança de atingir um mundo melhor, da perseverança numa luta diária que ainda parece estar tão distante do seu fim. Lutamos por todos aqueles que compartilham de nossa realidade e que não podem se levantar contra seus opressores. Lutamos pela transformação da nossa sociedade, ainda tão limitada por seus preconceitos. Por isso, manifestações de ódio não serão capazes de frear o movimento da mudança: serão apenas um sinal de que ainda há muito chão pela frente.
Projeto Gráfico Dunya Azevedo · Professora Orientadora Daniel Washington ( Técnico Lab. Prod. Gráfica) Logotipo Giovanni Batista Corrêa Universidade Fumec Rua Cobre, 200 · Cruzeiro Belo Horizonte · Minas Gerais Tel: 3228-3014 · e-mail: opontofumec@gmail.com Presidente do Conselho Curador Prof. Pedro Arthur Victer Reitor da Universidade Fumec Prof. Doutor Eduardo Martins de Lima Diretor Geral/FCH Prof. Antônio Marcos Nohmi Diretor de Ensino/FCH Prof. João Batista de Mendonça Filho Coordenador do Curso de Jornalismo Prof. Ismar Madeira Técnico Lab. Jornalismo Impresso Luis Filipe Pena Borges de Andrade Monitores de Jornalismo Impresso Clara Barbi e Maria Clara Gonçalves Monitores da Redação Modelo Bruna Oliveira e Cristiana Corrieri Monitores Mídias Digitais Jackeline Oliveira Monitores de Produção Gráfica Ingrid Vieira Monitores Voluntários Amanda Magalhães e Marcella Souza Tiragem desta edição: 3.000 exemplares Jornal Laboratório do curso de Jornalismo
Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento
Opinião • 03
Editor e diagramador da página: Marcella Souza e Maria Clara Gonçalves
O Ponto
Belo Horizonte, junho de 2015
Maioridade Penal
Uma cortina de fumaça Camilla Quirino 3ºPeríodo As desigualdades sociais a cada dia mais acentuadas expõem a juventude, cada vez mais cedo, à falta de oportunidades e perspectivas de futuro. Nesse cenário de desesperança o crime surge como alternativa ao abandono do Estado e como único meio de propiciar acesso a determinados bens inacessíveis por outras vias. No dizer daqueles que defendem castigos mais severos para os crimes praticados por menores está a firme convicção de que o delinqüente juvenil tem perfeita consciência da ação que pratica, razão pela qual pode ser punido com pena de prisão. Do outro lado, as pessoas que duvidam da eficiência dessa proposta asseguram que o mesmo Estado que fracassou em não dar a essas crianças escola, educação, lazer,
oportunidade de trabalho e dignidade não será capaz de administrar um programa de recuperação social do infrator por meio do sistema prisional, de modo a garantir a esses adolescentes o reingresso na sociedade. E é no sistema prisional que está a grande interrogação. Reduzir a maioridade penal significa levar ao presídio, cada vez mais cedo, um contingente de pessoas que deverão se inserir em um processo de ressocialização, para posteriormente reingressar na sociedade. E qual tem sido a atuação do Estado brasileiro nesta área? Desprezível, desumano! As cadeias nacionais são verdadeiras escolas do crime e em nada contribui para a segurança da sociedade e muito menos para a ressocialização do preso. E é para esse ambiente que se pretende levar uma parte da juventude em conflito com a lei. Não à escola, a centros de pro-
fissionalização ou a ambientes saudáveis de prática desportiva, ao cárcere! Por outro lado, há que se avaliar a eficiência do sistema atual de execução das medidas sócioeducativas para menores infratores, que se apoiam no Estatuto da Criança e do Adolescente com propostas de recuperação dos jovens em conflito com a lei. Não há número suficiente de unidades para cumprimento das medidas e quando há, não se tem uma proposta pedagógica suficientemente comprometida com a educação e a reinserção do infrator à sociedade. São depósitos de pessoas com hormônios em ebulição, onde predomina a violência. Contudo, a discussão que se propõe, para devolver a tranquilidade às ruas e às famílias brasileiras, não pode limitar-se apenas à idade do infrator. Se 16, 18 ou 21 anos. Mas o que será feito desse infrator depois de sentenciado e entregue ao
Estado? Como se tem aferido o resultado da política prisional do país? Quantos detentos são recuperados? Omitir da sociedade essas estatísticas é furtar ao debate, pois de nada adianta rebaixar ainda mais o sistema prisional falido e cruel que hoje mantemos. Será como comprimir uma mola. Alguma coisa precisa ser feita. Grita a voz das ruas assustada com a ousadia cada vez mais crescente das infrações juvenis. Mas e daí? Se por acaso a maioridade penal for reduzida aos 16 anos, o sistema prisional terá condições de oferecer uma proposta séria e digna de ressocialização aos detentos que incorporar nessa nova leva de excluídos? Ou teremos uma escola infanto-juvenil do crime mantida pelo Estado com o dinheiro dos nossos impostos?
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Enquanto não se dispõe a uma discussão mais profunda sobre o tema, a proposta desenvolve-se nos discursos políticos descomprometidos e vazios, que servem apenas para desviar o foco dos verdadeiros e sérios problemas que atormentam o país e acabam por alimentar a injustiça social que tem sido a porta de entrada para o mundo do crime.
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FIES em recessão Janderson Silva 5º Período O dinheiro do Fies acabou. Assim, categórico, que o Ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro deu a notícia no dia 5 de maio, terça-feira. A casa está mal arrumada? Muito tem se dito a respeito dos problemas que o Fundo de Financiamento Estudantil vem enfrentando. Criado em 1999, o programa visa financiar a graduação na educação superior de estudantes em instituições não gratuitas. Porém, a casa parece estar em desordem. Muito tem se dito sobre os problemas que o Fies vem enfrentando. A falta de recursos, no entanto, foi o xeque mate. Não é a intenção expor o cada caso um caso. Entretanto, as queixas são várias para um problema comum: o receio de perder o financiamento – da falta de verba a quantidade de contratações limitadas com base nas notas obtidas pelas Universidades; dificuldades de acesso ao site SisFies; do reajuste acima de 6,5% feito por algumas instituições a decisões judiciais que arrastam processos envolvendo o fundo
(a última foi determinada pelo juiz federal Raphael Cazelli, do estado do Mato Grosso, uma tentativa de estender mais o prazo para realização de processos, quaisquer fossem eles). O programa passou por mudanças, mas apesar de todas, o Governo Federal (que carrega o slogan “Brasil, pátria educadora”) tranquiliza a comunidade estudantil garantindo que tudo dará certo. Mas quem tem o benefício não poderia estar em situação mais complicada. Como usuário do Fies desde fevereiro de 2013, nunca vi tamanha desordem e descontentamento – isso em âmbito geral, já que ao me adiantar aditei meu contrato com sucesso. A questão seria então a falta de amparo. A notícia veio como um baque em momento de promessas de melhoras na educação do país. Sabemos que tudo tem um limite, e deveríamos ter sido avisados – por precaução - e não fomos. Resta então mais um voto de confiança na resolução dos problemas para que o Brasil caminhe mesmo para a tão desejada “Pátria Educadora”.
Este espaço está aberto para você manisfetar as suas opiniões e críticas ao Jornal O Ponto jornaloponto@fumec.br
Excelente a última edição de O Ponto, especialmente por ter sido a primeira a ser impressa depois de algum tempo somente online. A matéria “Por dentro da barraca” está especialmente bem feita. Percebe-se o capricho e dedicação, principalmente, quando se nota a foto feita ainda de madrugada. Mostra o empenho dos alunos responsáveis e uma clara intenção de fazer uma boa reportagem. Conseguiram! Uma ótima iniciativa também é a coluna “Eu conto no ponto”, com atenção para a Coluna das Lamentações. Adorei o empenho em procurar e dar o feedback para dúvidas dos alunos. Faltou apenas um e-mail para contato e, quem sabe, a foto da colunista, que se empenhou tanto para fazer acontecer. Já a nota “Corta Cantada” parece não ter se encaixado bem nessa edição, não agregou e nem combinou. Carta enviada pela leitora
04 • Comportamento
Editor e diagramador da página: Clara Barbi
Belo Horizonte, junho de 2015
O Ponto
O tempo não para LUCAS CHALUB THOMAZ BERGO ALEXANDRE CUNHA 1º PERIODO Já dizia Cazuza: “O tempo não para”. É muito comum hoje ao ir a academias, se deparar com um grande número de idosos. Nos últimos anos ocorreu um abundante crescimento da população idosa brasileira. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a quantidade de brasileiros com 60 anos ou mais cresceu 55% entre 2001 e 2011. Outro estudo importante foi feito pela Associação Brasileira de Academias (Acad). Segundo a Associação, 30% dos frequentadores de academia possuem mais do que 60 anos. Há dez anos atrás, apenas 5% dos idosos eram frequentadores. Para o personal trainer e consultor esportivo Victor Arduini, da academia Rondas Personal Studio, um dos fatores que aumentou a presença de idosos na academia foi a prática da fisioterapia: “Esse ano criamos uma parceria com uma fisioterapeuta , o que fez com que o número de idosos aumentasse. Hoje na parte de musculação temos sete alunos idosos e na fisioterapia estamos trabalhando com dez.” O objetivo dos alunos são bastante diferenciados , alguns querem saúde e realizar funções do dia a dia , já outros buscam o fortalecimento. “A academia funciona tanto fisicamente quanto psicologicamente para eles”, conta. Segundo Filipe Elias, educador físico da academia Contorno do Corpo, a parte da manhã é a que possui maior presença de idosos: “Na parte da manhã, o
Foto: Lucas Chalub
População envelhece e número de frequentadores da terceira idade em academias aumenta
Analia Blanco e Lauri Claudino malham em academia no bairro Cruzeiro volume de idosos é maior devido a disposição e disponibilidade, além de ser um horário mais tranquilo e favorável para eles.” Ele afirma que o objetivo maior é voltar a adquirir ou manter a independência. “A preocupação com saúde é um dos fatores que fez com que aumentasse a quantidade de idosos na academia”, observa. A prática de exercícios físicos serve para todas as idades, como diz a fisioterapeuta e educadora física Janine Fontes de Almeida: “O treinamento do condicionamento físico é uma forma de
preparar o corpo, a mente e o espírito em total coordenação para realizarmos todas as atividades da vida diária em harmonia e preparados para tais desafios”, diz. Janine trabalha com vinte e cinco alunos com idade superior a sessenta anos. “Desde que o Pilates foi difundido no Brasil, há aproximadamente 20 anos, tem sido uma atividade muito procurada pelos idosos. Isso acontece por causa dos benefícios proporcionados, pela forma como é instruído e também por ser muito indicada pelos médicos. De acordo com
http://goo.gl/CjKNo9
Janine, os objetivos dos idosos que procuram o Pilates são bem variados, desde reabilitação (alívio de dores, pós cirurgias, readaptação funcional), objetivos relacionados a melhorar a qualidade de vida (melhor execução das atividades da vida diária), objetivos estéticos, alívio dos stress, socialização, entre outros. Um exemplo da prática de atividade física na terceira idade é a de Ieda Marta Costa. Ela tem 72 anos e malha desde 2000: “Em 2000, já fazia fisioterapias por causa de problema nos joe-
lhos, porém em uma consulta o médico me perguntou se eu teria condições de pagar uma academia”, conta. Logo após comunicar seu filho, ele matriculou. Primeiramente ela não ficou muito satisfeita, ia para lá reclamando, mas isso mudou rápido! “Depois de alguns meses eu me apaixonei e hoje não quero é sair mais, o exercício me fez muito bem”, comenta. Ieda diz que entre os diversos tipos de exercícios físicos, prefere os aquáticos: “Nessa mesma academia tentei fazer musculação, mas achei monótono, eu gosto mesmo é de praticar o exercício na água, de vez em quando eu faço outras atividades. Pratico o hidrojump, natação e hidroginástica, isso tudo na própria academia”. Uma curiosidade foi quando perguntada sobre os outros alunos da terceira idade a resposta foi o seguinte: “Nessa academia é grande o número de aposentados, tem ex-combatente, professor universitário aposentado, que tem e contam muitas histórias. É saudável e muito boa a convivência!”. As amigas Analia Blanco e Lauri Claudiano da Silva, comentam que desde que começaram a malhar outros intereses surgiram. “Começamos a fazer outras atividades, como aeróbicos e zumba”, diz Blanco.
“A preocupação com saúde é um dos fatores que fez com que aumentasse a quantidade de idosos na academia”
Filipe Elias
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Comportamento • 05
Editor e diagramadoras da página: Aurelio Silva, Clara Barbi e Jackeline Oliveira
O Ponto
Belo Horizonte, junho de 2015
Pela dupla maternidade Casadas no civil há dois anos, companheiras homoafetivas buscam na Justiça, em Belo Horizonte, o direito de registrar na Certidão de Nascimento dos filhos gêmeos seus nomes como mães
Renata Batista, 30, e Priscilla Kellen, 33, casadas no civil há dois anos e mães de primeira viagem de gêmeos, buscam na Justiça o reconhecimento da dupla maternidade. Após passarem pela turbulência da primeira gravidez, e com os bebês recém nascidos, o casal não conseguiu o que almejava. Lutaram para que o documento de Nascidos Vivos estivessem com o nome do casal, mas a decisão judicial ainda não saiu. Atualmente o desejo é de que a Certidão de Nascimento tenha o nome da ambas figurando como mães dos gêmeos. Os meninos Theo e Arthur nasceram no último dia 22 de Abril, na maternidade Sofia Feldman, pesando respectivamente 2,2kg e 1,5kg. Previamente, com o auxílio jurídico do Escritório Modelo, que integra o Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ) do Curso de Direito da Universidade Fumec, que tem por objetivo prestar assistência jurídica à comunidade, o casal instaurou uma ação na Vara de Registros Públicos na tentativa de fazer constar na certidão de nascimento o nome de ambas as mães.
“Nós não queremos deixá-los desamparados. Por uma questão de segurança, queremos todos direitos das crianças intactos”
Renata
A gravidez foi possível por meio da técnica de fertilização in vitro (os óvulos são fecundados por espermatozoides manipulados e os embriões resultantes são implantados no útero materno). Neste caso, foram usados os óvulos da Priscilla Kellen e o sêmen de um doador anônimo, tudo devidamente documentado. Os embriões foram implantados no útero de Renata Batista, que gestou os bebes durante nove meses. Esse é um dos principais argumentos do casal para solicitar a dupla maternidade.
Foto: Leon Elias
Clara Barbi Jackeline Oliveira Maria Clara Gonçalves 3º Período
Inicialmente, o desejo das mulheres era conseguir registrar os bebês em seus nomes assim que nascessem para garantir a Priscilla, caso – por uma fatalidade – a gestante Renata viesse a falecer durante o parto, o plenos direitos sobre os nascituros. “Nós não queremos deixá-los desamparados. Por uma questão de segurança, queremos todos direitos das crianças intactos”, diz Renata. Segundo as mães, existem várias jurisprudências no Brasil, que tratam do tema, ou seja, decisões sobre interpretações das leis feitas por tribunais de uma determinada jurisdição. Elas afirmam que já é possivel encontrar decisões em vários estados que tratam de casos semelhantes que autorizam a dupla maternidade ou mesmo dupla paternidade na Certidão de Nascimento. “No entanto, precisamos de autorização para registrar nossos filhos com dupla maternidade, afinal nossos bebes possuem de fato duas mães. Estamos buscando resolver este impasse há muito tempo, mas não obtivemos sucesso”, desabafa Renata.
Alternativa Ao contrário da maioria dos casais homoafetivos, que buscam na adoção um meio de construírem uma família, o casal buscou na medicina uma forma de gestarem os bebês pela fertilização in vitro. “Eu tinha o sonho de gestar, e depois de algumas consultas tive a ideia de usar os óvulos da Priscilla, assim todo mundo teria participação, e os filhos vão continuar sendo meus também”, conta Renata. Uma grande parcela do sonho do casal já foi realizada, mas para completar precisam do amparo judicial na falta de uma legislação que permita ou não o registro de filhos biológicos, na nova construção familiar. “A lei é muito omissa, ela te permite um direito e te exclui um que é paralelo a ele. Não faz sentido ter todos os direitos civis de casados, mas não poder registrar os filhos dessa forma”, diz Renata. A advogada Zaphia Boroni, 26, responsável pelo caso, conta que o pedido que está em transito na justiça é que conste na certidão de nascimento das crianças a filiação das duas mães. “Apesar da regulamen-
O casal Renata e Priscilla, antes do nascimento dos desejados filhos ao entardecer no mirante tação do casamento de casais homossexuais eles não conseguem de livre e espontânea vontade registrar as crianças em nome das duas. Atualmente, nas certidões de nascimento consta pai e mãe, queremos que seja filiação Priscila e Renata”, explica. O caso está sendo fundamentado na jurisprudência, por não existir lei a respeito. Não se reconhece casos iguais a esse, mas, em todo o país, já ocorreram fatos semelhantes. Como de casais homossexuais que adotaram crianças e que na certidão consta os nomes de ambos e os respectivos avós. “Ao invés de mencionar avós paterno ou materna constar a ascendência.” Apesar do caráter de urgência no processo, os bebes nasceram antes da sentença final, mas isso não altera em nada o pedido, pois houve uma solicitação de antecipação de tutela, que é uma forma de se antecipar o mérito da questão.
O que é NPJ? O Núcleo de Prática Jurídica é um órgão do curso de Direito da Faculdade de Ciências Humanas, Sociais e da Saúde da Universidade (Fumec) que tem por objetivo prestar Assistência Jurídica à comunidade carente e proporcionar aos seus estagiários a aquisição de conhecimentos para o exercício das várias atividades jurídicas. Toda prestação de serviços jurídicos desenvolvida no NPJ é feita pelos estagiários do Escritório Modelo, com a orientação e supervisão de professores do curso de Direito. Durante o estágio profissional, o aluno patrocina causas cíveis, criminais e trabalhistas.
Escritório Modelo Rua Cobre, 200 andar térreo do prédio da Faculdade de Ciências Humanas, Sociais e da Saúde - FCH. Segunda a quinta, das 8 às 12 horas e das 13 às 17 horas Telefone (31) 3228-3090, ramal 3204.
06 • Comportamento
Editor e diagramador da página: Amanda Magalhães
Belo Horizonte, junho de 2015
O Ponto
“Menina, eu sou é home!” Fotos: Markos Andrade
O mecânico Max Costa, que se classifica como crossdresser, não se intimida e vai aos clubes, boates e shoppings de Belo Horizonte vestindo roupas femininas
Três momentos na rotina de Max Costa: durante um passeio em shopping da capital mineira, chegando para malhar em academia e durante o treino Amanda Bortolini 1º período Ele gosta de sandálias Melissa, roupas femininas com estampas de onça, usa brincos de pressão, porque suas orelhas não são furadas, e também usa roupas íntimas femininas. Max Costa, 39, nasceu em Belo Horizonte, tem 1,80 m, pesa 89 kg, calça sapatos número 42/43 (masculino) e 40 (feminino), e é mecânico. “Sou heterossexual”, afirma, e, nos momentos de lazer, quando vai a clubes, boates e shoppings, se veste com trajes femininos. Quando as pessoas param para perguntar a Max o porquê de ele estar vestido como o gênero, ele explica que é um crossdresser. O termo designa o indivíduo que se veste como o sexo/gênero oposto. Na maioria das vezes, é usado por aqueles que biologicamente são do sexo masculino, mas que se vestem
como o gênero feminino e autodeclaram heterossexuais, como o caso de Max Costa. “Uso roupas femininas desde os 10 anos de idade, quando pegava as roupas da minha irmã escondido,” conta. Max Costa afirma que o maior preconceito que sofre é da própria família, que é tradicional. Seu pai é um ex-militar. Por isso, ele não usa suas vestimentas femininas quando alguém da família está por perto. Entretanto, ele contou que presenciou várias vezes a família o defendendo de insultos preconceituosos praticados por outras pessoas. “A primeira vez que eu vi o Max, com saia e top, na academia, fui logo perguntar se ele gostava de homem ou de mulher”, contou uma amiga do rapaz, que preferiu não ter a identidade revelada. Max afirma que pessoas como essa amiga chegam o tempo todo até ele para perguntar sobre sua aparência e suas
preferências sexuais. As roupas femininas de Max são todas feitas por sua própria costureira, devido ao seu porte físico. Por onde passa – usando salto alto, saia e brincos – Max é notado. As crianças são as que geralmente expõem suas reações espontâneas ao vê-lo. Durante a entrevista, feita em passeio no shopping, foi possível perceber que algumas pessoas o olhavam, encaravam, e até cochichavam. “Elas tentam tirar fotos de mim escondidas”, desabafa o mecânico. A tentativa foi flagrada pela reportagem: uma senhora tentou tirar uma fotografia de Max, durante a entrevista, quando ele estava de costas. “O que é diferente precisa ser registrado”, disse a senhora, que não se identificou. Mas o mecânico disse não se importar mais com a reação das pessoas. Vinicius Rocha, que estava no shopping, acompanhado pelo namorado, disse
que acha Max muito corajoso e que tinha muita curiosidade de conversar com alguém como ele. “Aceita que dói menos”, brinca Vinicius, que também luta contra o preconceito. “É engraçado!”, afirma um funcionário da academia frequentada por Max, que também preferiu não se identificar, sobre o fato de ele malhar usando apenas top, saia e tênis. Max disse que já presenciou um acidente de carro, em Belo Horizonte, pelo fato de o motorista estar olhando para ele em vez de prestar atenção no trânsito. Ele afirma que já recebeu cantadas tanto de homens, principalmente homossexuais, quanto de mulheres, que sentiam curiosidade e queriam experimentar ficar com um homem que gosta de usar roupas femininas. Max teve algumas namoradas e cada uma reagiu de forma diferente a fato de ele ser crossdresser. “Uma me falou que tudo bem usar rou-
pas femininas, mas que quando saísse com ela, teria que estar vestido como um homem; outra já concordava em sair assim e até combinávamos as roupas; já uma outra não aceitou bem isso porque não sabia como me apresentar a sua família como seu namorado”, confessa Max. O mecânico costuma raspar os pelos das pernas, mas não faz as unhas. “Eu já fiz um curso de maquiagem, mas dá muito trabalho fazê-la,” explica. No seu trabalho, na oficina, ele costuma usar vestimentas masculinas e declara que seus colegas ainda não sabem do seu lado feminino. Max Costa tem esperança de, ao se mostrar na mídia, conseguir dar apoio às muitas pessoas que ainda têm receio se revelar devido ao preconceito. “Ainda existe muito preconceito e, por conta disso, acho que muitas pessoas têm medo de assumirem o que realmente são”, afirma.
Comportamento • 07
Editor e diagramador da página: Amanda Magalhães
O Ponto
Belo Horizonte, junho de 2015
Agora é ela, sem dúvida A cartunista Laerte Coutinho afirma que se viu como crossdresser no começo da sua aceitação, mas hoje acredita ser mais adequado se definir como transgênera Amanda Bortolini 1º período
Foto: Rafael Roncato/ Arquivo Pessoal
A cartunista Laerte Coutinho se classificava como crosdressing quando começou a se vestir com trajes femininos. “Eu me vi como crossdresser no começo deste movimento pessoal,” em entrevista concedida ao O Ponto No entanto, atualmente, ela se considera transgênera e gosta de se referir a si mesma no feminino, como explica: “Me parece ade-
quado, considerando o modo como a língua portuguesa se estrutura em relação à flexão de gênero. Eu me entendo como parte das referências femininas,” explica. “Crossdressing é termo em inglês que significa, literalmente, travestir-se - vestir-se como culturalmente se costumam vestir as pessoas de outro sexo. Foi criado nos Estados Unidos tanto como adaptação linguística de um galicismo, quanto por corresponder às
inquietações de comunidades heterossexuais, que queriam travestir-se sem serem identificadas como travestis - vistos, tanto lá como aqui, como pessoas ligadas à homossexualidade. No Brasil, este termo foi adotado, de forma semelhante, por pessoas que preferem se distinguir da população travesti - não tanto por causa da orientação sexual quanto por questão de classe social”, explica Laerte. Para ela, ainda, a travestili-
dade e o crossdressing fazem parte da transgeneridade. Segundo o Manual de Comunicação LGBT, travesti é a pessoa que nasce do sexo masculino ou feminino, mas que tem sua identidade de gênero oposta ao seu sexo biológico, assumindo papéis de gênero diferentes daquele imposto pela sociedade. A maioria modifica seus corpos por meio de hormônioterapias, aplicação de silicone e/ou cirurgias plásticas, sendo que não desejam realizar a mudança de sexo, como ocorre com as transexuais. Para a cartunista, “o termo crossdresser, com o tempo, parece assumir outros contornos - alguns, inclusive, no contexto da prostituição”. “O crossdressing é um termo que não vem sendo muito utilizado, tornando-se passado à medida que vem surgindo outras nomeações, diante da diversidade de gênero e sexual”, afirma Igor Leal, graduado em psicologia pela UFMG e mestre em artes, que atua na articulação de arte e cultura do Grupo Universitário em Defesa da Diversidade Sexual - GUDDS!, onde é membro e fundador. Atualmente, Igor está trabalhando em seu novo projeto “Beijo no seu Preconceito”. No Manual de Comunicação LGBT, encontramos diversas terminologias, inclusive as que se enquadram dentro da identidade de gênero. O transgênero é um termo que designa as pessoas que transitam entre os gêneros, como o caso da Laerte Coutinho. Também podemos encontrar as definições de transexual, travesti, transformista (indivíduo que se veste com roupas do gênero oposto movido por questões artísticas) e dentre outros. O Drag Queen e o Drag King estão inseridos no Transformista, sendo a princi-
pal diferença é que os primeiros se produzem exageradamente, focalizando o humor. Para Igor, as terminologias se tornam confusas quando não distinguimos o gênero do sexo. “À princípio, acreditavam-se que a identidade de gênero era o reflexo do sexo”, explica. “Com os estudos que podemos refletir essas experiências que apontam relações diversas entre sexo e gênero, sabemos que não há necessariamente uma relação mimética entre os dois”, acrescenta. Muitos filmes mostram a questão da identidade de gênero. Um deles é a biografia de Ed Wood, considerado um dos piores cineastas de todos os tempos. O filme, cujo título é Ed Wood, de Tim Burton, conta não somente a carreira de Ed, como também sua vida pessoal. Nela, Ed Wood gostava de vestir roupas de suas namoradas, escondido. A primeira o abandonou por isto. A segunda, mesmo sabendo disso, casa-se com ele. Segundo Igor Leal, o crossdressing se difere da travesti em questão de tempo-espaço, isto é, a pessoa que é travesti está montada quase todo o tempo e tem uma relação mais ambivalente entre o masculino/feminino. “O crossdressing está mais ligado a prática de se vestir como o outro sexo do que querer ou ser como o outro”, reforça. Independente de como a pessoa quer ser chamada e auto identifica, ela quer ser respeitada. Laerte Coutinho deixa sua mensagem para as pessoas transgêneras: “Espero que as pessoas transgêneras que escondem sua condição, por medo das consequências sociais de uma revelação como essa, venham a reunir forças e conseguir sair da clandestinidade”.
A cartunista Laerte, que inicialmente se classificava como crossdressing, e atualmente se considera transgênera
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Editor e diagramador da página: Cristiana Corrieri e Maria Clara Gonçalves
Belo Horizonte, junho de 2015
O Ponto
Atletas aderem à campanha pela melhoria e
Jogadores X A crise parece não ter fim no futsal brasileiro. O lema “Não haverá Seleção Brasileira!” vem sendo adotado pelos jogadores da seleção heptacampeã mundial de futsal e dos demais clubes que se manifestam contra a entidade máxima da modalidade. O movimento liderado por Falcão, eleito quatro vezes como o melhor jogador do mundo, é repercutido com frequência nos bastidores do esporte e apoiado não só pelos jogadores de futsal, mas também pelos jogadores do futebol de campo, como Neymar, do Barcelona, e Kaká, do Orlando City. O fator preponderante ao boicote do futebol de salão é a grave crise política e financeira que se instalou na Confederação Brasileira de Futebol de Salão. Com uma dívida estimada em R$6 milhões, sem patrocinador máster e com multas e proibições de negociar patrocinadores, a Confederação apelou para a antecipação das eleições para presidente da CBFS e o cancelamento da Copa América. A revolta causada pelas decisões da cúpula do futsal atingem todos os setores da área. Luiz Henrique Taveira Cabral, chefe de Departamento de Futsal do Minas Tênis Clube, um dos principais representantes do estado na modalidade esportiva, afirma que a crise é péssima para a imagem da categoria, que, apesar de tudo, é de extrema importância para o esporte brasileiro. Para ele, os patrocinadores aguardavam o posicionamento da nova gestão – e também o nome do novo presidente – para tomarem as decisões necessárias. Agora, com tamanha discórdia em relação ao patrocínio ou não
dos Correios, ele explica que o futsal sofre um retrocesso. E o prejuízo é maior do que se imagina: perdem os clubes, o país, as gerações... em efeito cascata, vemos anos e anos de investimentos em atletas se acabam devido a um problema que parece não ter fim. “Hoje estamos no campo das ideias e das opiniões, ainda não está concretizado se tudo o que está acontecendo será benéfico ou maléfico. Eu entendo que não é bom, pois deveria ter a representatividade, nem que fosse com a equipe B ou C, mas, de forma alguma, o Brasil deveria ficar de fora”, afirma Taveira. Ele reitera a sua opinião afirmando que entende a dificuldade de estabelecer um patrocínio nos dias atuais, pois há burocracias e questões de recurso, mas a falta de representatividade é o pior que pode acontecer com o futsal brasileiro. Confira a seguir, na íntegra, a entrevista feita com Taveira.
Na sua opinião, por que os times de Minas Gerais, principalmente o Atlético
Mineiro e o Cruzeiro, não têm mais a modalidade do futsal? Os clubes de Belo Horizonte e de Minas Gerais, de uma forma geral, quebraram, como o tradicional Ginástico, que não é só renomado no futsal, mas no basquete também. Eles tiveram que se reinventar, vendendo parte de terrenos para sobreviverem. A Confederação ficou na mão de um único senhor durante quatro décadas, assim como a nossa federação mineira, trinta e quatro anos nas mãos do senhor Marcos Madeira. Coincidência ou não, o presidente da Federação promoveu a saída do doutor Aécio, da Confederação. Já havia indícios de desvios de verbas, resultando em julgamento e em seu afastamento do cargo. Quem assumiu foi o Renan Tavares, que também solicitou dispensa, resultando em uma eleição às pressas. O cenário é confuso, cheio de mistérios e complicações e, mais uma vez, quem sofre com isso somos nós.
O que tem levado as equipes de todo o Brasil a extinguirem a modalidade? A liga, atualmente, faz 20 anos. O Minas completa 80 de clube e uma história de criação. É o clube fundador da Liga e é o único que permanece e que disputou todas as edições. A Liga, que é o principal campeonato do Brasil, juntamente com a Taça Brasil de Clubes, o campeonato mais tradicional. Mas a força do futsal brasileiro sempre esteve no Sul, a história começou lá, apesar da força do Nordeste também. No entanto, o que fez com que elas acabassem, primeiramente, foi o fato de que as equipes foram formadas em empresas, fábricas, como a Sadia, Perdigão, e Malwee. No Sul, o histórico nos mostra que elas se originavam em empresas que tinham, na planta, uma quadra, onde os funcionários praticavam o futsal, virando uma tradição, e se tornando um grande negó-
cio. Os donos dessas empresas, hoje, focam apenas nos negócios e nas empresas, e contratam os atletas como funcionários da própria empresa. Vocês, profissionais, estão de acordo com os protestos e boicotes dos jogadores? Hoje, a Liga é uma empresa, com vínculo à Confederação, onde os registros de atletas, inscrições, transferências e a arbitragem pertencem à Confederação. Mas ela tem uma administração própria e não pode responder nem que sim e nem que não. Nós somos a favor de uma mudança. Mas o posicionamento do Minas é muito além do que é o futsal, pela representatividade que o clube tem no cenário esportivo nacional. Entendemos e respeitamos a opinião desses atletas em não querer representar o país diante desse protesto, mas não podemos retirar o desejo dos nossos atletas em serem selecionados, pois é importante para o clube ter essa representatividade.
Esportes • 09
Editor e diagramador da página: Cristiana Corrieri e Maria Clara Gonçalves
O Ponto
Belo Horizonte, junho de 2015
reconhecimento do esporte no país
X
Confederação de Futsal O que os jogadores dizem e pensam sobre o assunto
está brigando tanto e acho legitimo, mas o prejuízo é de todos nós.
O investimento no futsal, hoje, é baixo? Por qual motivo? E por que o futebol de campo tem tanto investimento?
A dívida levou a Confederação a cancelar a organização da Copa América e, consequentemente, retirar o Brasil. Por que os jogadores, times e seleção pagam o prejuízo? Não deveriam. A Confederação tem que fomentar o esporte, tem que promover, mas é compreensível, e isso tudo está acontecendo pelo fato de as coisas terem acontecido durante quarenta anos e ninguém ter se posicionado. Só agora houve uma decisão por parte no Ministério Público, do Governo e do meio. Eu não acho que só a Seleção, só essa turma, está pagando o preço, mas todos nós estamos. Um clube mais sério indaga por qual motivo estão fazendo o esporte e em prol de quê. Hoje, quem paga é essa turma, porque talvez devesse ter maior beneficio, e deve ter mais coisas por trás, como dinheiro. Enfim, não posso ser leviano em acusar ninguém. Mas prejudica todo mundo, e é triste ver o Falcão, em final de carreira, terminar dessa forma. Por isso, ele
É tradição, e é engraçado. O Brasil é notoriamente o país do futebol. Apesar de tudo, tenho certeza de que o Brasil do futsal é muito reconhecido, o que se deve, muitas vezes, à boa preparação de jogadores e craques para o futebol de campo. Isso porque a modalidade de futsal capacita a formação, o desenvolvimento atlético e técnico, que serve de base para o futebol de campo. O investimento no esporte em números, é um absurdo. Hoje você pega um jogador mediano de campo, de qualquer equipe da série A do , e o que ele ganha paga a folha de uma equipe do futsal no ano inteiro. É triste ver isso, mas já existem quatro equipes principais do futsal nacional que têm investimentos que giram em torno de R$10 milhões, que é um investimento de clubes de série B. A televisão já enxergou o futsal como uma modalidade extremamente atraente, e hoje, segundo informações que nós temos vindas do Sportv, um jogo de futsal tem maior audiência que o vôlei e o basquete, só perdendo para o futebol de campo. Um só jogo atinge cerca de 4 milhões de telespectadores. Com a Liga sendo criada, teremos tudo para mudar esse contexto e, talvez, a cifra do futebol de campo possa ser batida pelo futsal, mas pode ser que demore anos, décadas. Porém, é um primeiro passo e essa distância pode ser diminuída.
O Futsal foi muito importante na minha vida, comecei no futsal e tenho muito orgulho disso. Apoio qualquer projeto para o futsal de salão. Valeu Falcão!
O futsal foi muito importante na minha vida, e eu fui descoberto nele. Apoio qualquer coisa e qualquer projeto iniciado pelo Falcão no futsal.
Devo muito ao futsal, eu como ex salonista apoio todo o movimento que for em prol desse esporte. Falcão e a rapaziada, continuem na luta!
Falcão, você é considerado o melhor do mundo com as ideia modernas que tem. Estou aqui para te passar confiança, e estarei te apoiando.
Robinho
Alex
Zico
Roberto Carlos
Quero deixar uma mensagem, como um apoio a todos aqueles que querem o bem desse esporte, que tanto me ajudou profissionalmente e que ajuda tantas pessoas no Brasil e no mundo.
Kaká
10 • Comportamento
Editor e diagramador da página: Bruna Oliveira
Belo Horizonte, junho de 2015
+ estudo + trabalho - reconhecimento
O Ponto
Injusto, machista e estereotipado, é assim que algumas mulheres descrevem seus locais de trabalho
A maior parte da diretoria das empresas é composta por homens
Foto: arquivo pessoal
O problema é antigo, mas começa a ganhar uma visibilidade nova. Neste ano, durante a entrega do Oscar, a atriz Patricia Arquette fez um discurso pela equiparação de direitos e salários entre homens e mulheres no cinema, ao receber o prêmio de melhor atriz coadjuvante. Mas ao fazer isso, ela joga luz sobre algo que as mulheres sentem no dia-adia: elas estudam mais, trabalham mais e, apesar de tudo, ganham menos que os homens. O último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que as mulheres até tiveram um aumento na renda média mensal maior do que os homens entre 2000 e 2010 (elas registram aumento de 12,8% e eles, 3,6%). Ainda assim, a renda do homem brasileiro é maior: cerca de 30% mais do que a renda delas. Pesquisa divulgada pelo portal brasileiro do Observatório da Igualdade de Gênero afirma que mesmo com todo o esforço que vem sendo feito para que exista uma menor desigualdade entre o homem e a mulher, eles ainda recebem salário maior do que elas e essa situação é agravante principalmente em países latino-americanos. A pesquisa também afirma que a mulher recebe menos mesmo quando possui maior nível de instrução, ou seja, não é exatamente a capacidade profissional das mesmas que está sendo julgada mas sim o fato de serem mulheres. Os homens recebem os maiores salários em toda e qualquer área profissional, fazendo com que a mulher receba salário inferior onde quer que trabalhe. Maria Ferreira, 19, foi estagiária em um escritório de engenharia no centro de Belo Horizonte por sete meses e deixou a oportunidade de lado após ser vítima de constantes “ataques” da parte de seus colegas e superiores, mostrando que o salário é um dos vários problemas a serem enfrentados diariamente por mulheres de todo o país. “O fato de eu estar em um ambiente onde os homens predominavam piorava a situação. A minha capacidade era testada o tempo todo e eu me sentia de certa forma perseguida”, afirma Maria. A situação não permaneceu em e zombarias e cochichos, muito pelo contrário, se fez maior. “Algumas vezes tinha uma tarefa específica a ser feita e os nossos chefes geralmente
passavam a maioria para os estagiários homens, alegando que “eles tinham mais experiência em tal coisa” ou “resolveriam o problema mais rápido”. “A gota d’água foi perceber que, no final de tudo, eu acabava realizando tarefas como servir café, anotar telefonemas, ser uma espécie de faz tudo enquanto meus colegas estavam realizando experiências incríveis”, conta. Certo preconceito ainda pode ser visto em outras áreas onde o homem é “maioria”. Amanda Muiños, 22, e relata a discriminação que sente diariamente na empresa de autopeças onde trabalha. Ela conta que a maior parte das vendas é pela internet, mas ela e os demais vendores têm contato com os clientes na loja física e também por telefone. Ela trabalha na empresa há um ano e meio e conta que muitas vezes consegue saber mais do funcionamento da empresa do que os próprios donos. Porém muitas vezes, o seu atendimento é questionado pelos clientes (99,9% das vezes homens mais velhos). “Não sei se pelo fato de ser mulher ou por ser nova, quando informo a peça compatível para o carro da pessoa ou informo que o problema que a pessoa queixa não está na peça, não tenho credibilidade. Coisas que na maioria das vezes meu chefe falaria da mesma forma e não seria questionado”, desabafa.Além disso, Muiños sofre com os assédios de clientes. “Já tive clientes que pararam de comprar comigo depois que disse que não daria meu telefone. Então acabo ficando refém desse tipo de comportamento, pois se ‘dou um fora’ perco o cliente”, diz. A ocupação de cargos altos e de chefia em grandes corporações também é predominantemente masculina. Danielle Angotti, 43, trabalha na Cemig e afirma que no prédio em que trabalha, dos nove gerentes apenas uma é mulher. Na igualmente conhecida Vale, a situação não é muito diferente. “Pelo fato de a empresa ser uma estatal, não acontece o caso de uma mulher e um homem desempenharem a mesma vaga e possuirem salários diferentes”, inicia Jeaneth Benedetto, 59, funcionária da Vale. “Porém 80% dos cargos gerenciais e presidenciais são ocupados por homens e eles não são concursados”, observa. Ou seja, eles chegam ali por indicações/ julgamento de “competência”, que na maioria das vezes é sim influenciado pelo sexo daquele que disputa a vaga.
Foto: Assessoria de imprensa da Vale
Ana Júlia Ramos 1º Período
Danielle Angotti observa: “entre nove gerentes da Cemig, apenas uma mulher”
Comportamento • 11
Editor e diagramador da página: Bruna Oliveira
Cartaz: Divulgação
Cartaz: Divulgação
Cartaz: Divulgação
O Ponto
Belo Horizonte, junho de 2015
A arte imita a vida e discrimina Ainda nas artes como o cinema, o teatro e a literatura, pesquisas são realizadas e a partir delas pode-se reforçar a inferioridade da mulher pregada pelo mercado, e o teste de Bechdel é uma delas. O teste foi assim denominado em homenagem a Alison Bechdel, criadora da teoria. Ele se baseia em três regras básicas e o filme tem que passar em todas elas: 1. Pelo menos duas mulheres conversam entre si. 2. Todas elas têm um nome. 3. Elas conversam sobre algo que não seja um homem. Os resultados são impressionantes e a maioria dos grandes blockbusters não passa no teste, como Piratas Do Caribe 1, 2 e 3, Indiana Jones, Missão Impossível, Toy Story, When Harry met Sally, Pulp Fiction, Up, O Senhor Dos Anéis 1, 2 e 3, entre centenas de outros títulos conhecidos pelo público geral. Isso reforça o fato de que a mulher recebe papéis rasos, sem o devido desenvolvimento e quando ganha destaque geralmente está representando o papel de “mulher forte”, ou seja, quando age da mesma forma de um homem. Ana Furtado, estudante de cinema pela Universidade Federal de Santa Catarina e ativista pelos direitos feministas confirma essa constatação: “aos olhos da indústria, boas histórias sobre mulheres são as que envolvem uma mulher com comportamentos tipicamente masculinos – “mulheres fortes” ou extremas, como Ninfomaníaca, em geral envolvendo sexualidade”. Segundo Furtado, tudo que saia desse esterótipo, cai em outro, o das comédias românticas de água com açúcar. Ela observa que, nesses formatos, as personagens femininas são definidas segundo um critério sexista que rotula as mulheres.. “Histórias sobre mulheres não são avaliadas como complexas e também não são produzidas de forma complexa, a menos que estejam sendo contadas por pontos de vista masculinos”, diz. As pesquisas não se resumem somente ao cinema nem são exclusivamente feitas por estrangeiros. Regina
Dalcastagnè, professora da UnB, é pesquisadora, escritora e crítica literária e assina trabalhos onde analisa a desigualdade social na literatura brasileira. Em sua pesquisa denominada “A construção do feminino no romance brasileiro contemporâneo”, um dos dados pertinentes é o que comprova o fato de que mulheres são minoria também na publicação literária no Brasil. Trecho da pesquisa afirma que de acordo com estudos realizados pela Universidade de Brasília baseados em todos os romances publicados pelas principais editoras dessa área, nem 30% do total de escritores editados são mulheres – isso em 15 anos. Além de ser presença rara por trás dos livros, elas também aparecem pouquíssimo dentro deles. Menos de 40% dos personagens são mulheres e a narrativa é predominantemente masculina. Ainda no universo do Cinema, Fernanda Figueiredo conclui a análise. A graduada em Cinema pela UNA e mestranda pela Universidade do Porto/ Portugal afirma: “A guerra está arraigada nessa indústria que para mim não representa em nada o que é o cinema de verdade, e ao contrário por anos vem manipulando os espectadores com historinhas fáceis de digerir e vender pois não promovem o novo, apenas reproduzem o que já está presente em uma sociedade fracassada e machista. Filmes sobre mulheres em sua maioria são visto só por mulheres, filmes sobre ‘grandes’ homens, são vistos por toda massa não crítica. E o que eles querem? Dinheiro.” Ao questionar o que pode ser feito para que o quadro atual mude, Ana Furtado completa: “A solução é que se continue sendo feito o que já acontece há gerações: resistência e insistência. Resistência à ideia de que somos escadas para a glória masculina nas telas, resistência à ideia de que não somos “feitas” pra um tipo x de trabalho, resistência à ideia de que ninguém vai se interessar pelas nossas histórias. E insistência de trabalhar sempre, criar mais sempre, chamar atenção sempre.”
12 • Tecnologia
Editor e diagramador da página: Amanda Magalhães
Belo Horizonte, junho de 2015
O Ponto
O Ponto foi conferir o serviço do aplicativo que promete um novo conceito de táxi e cobra mais caro por isso
Danielle Dias Lucas Pires Clarice Chacon 2º e 3º Período O serviço se utiliza das vantagens dos avanços da tecnologia da informação para vender as facilidades: um aplicativo de transporte para que as pessoas possam contratar um serviço de motorista particular temporário. Tudo funciona com a facilidade de um clique, sem necessidade de andar com cartão ou dinheiro. Em linhas gerais, assim se apresenta o Uber, que os taxistas já questionaram, em várias capitais do mundo, por concorrência desleal. Mas será que o serviço é mesmo melhor? O aplicativo do Uber oferece o transporte exclusivo, sendo que no carro os motoristas são treinados para abrir a porta do passageiro, oferecer água mineral, perguntar a uma melhor temperatura do ar e a estação de rádio que o passageiro deseja. A forma de pagamento é realizada diretamente no aplicativo, sendo que, no cadastro é obrigatório colocar o cartão de crédito. Como diz Marina Pierazzoli, 20 anos, usuária do serviço: “pelo fato de o pagamento ser debitado direto na conta você não precisa ficar andando com dinheiro e nem procurando táxi que aceite cartão”. A reportagem fez uma experiência por um mesmo trajeto no Uber e por Táxi tradicional. O valor apresentado pelo Uber foi de R$10,00 que inclui taxa de bandeirada, distância percorrida e tempo: (Taxa base ou bandeirada: R$4,50; Distância: R$4,13; Tempo: R$1,40). Vale lembrar que o UBER cobra uma tarifa mínima de R$10,00 e que no caso a equipe gastaria R$10,03 e arredondaram o preço. Já em um taxi tradicional o preço da corrida foi de
R$9,80 (Bandeirada: R$4,40 e percurso: R$5,40). Vale lembrar que a tabela de preço do taxista foi reajustada recentemente no dia 21/02/2015. Ou seja, o Uber foi 2% mais caro do que um taxi tradicional. Para Luísa Ferreira, 19, a diferença entre os dois é inexpressiva. “Acho o preço bem próximo, o Uber às vezes sai mais caro em horário de pico, mas pouca coisa”. Já Allana Sá, 20, fala que às vezes o taxi compensa mais do que o Uber: “Algumas vezes os preços foram bem menores do que se fosse um táxi normal, e outras vezes foram bem maiores, o que não vale a pena. Mas acho que depende da distância, tem que colocar na balança o que vale mais a pena.” Entre os que preferem o serviço, as pessoas destacam que educação e conforto são os motivos de escolher o aplicativo. Como Marina Pierazzoli, para quem as principais vantagens são o ar condicionado em todos os carros e a possibilidade de ver o perfil do motorista antes da corrida. “Assim que o motorista aceita a sua corrida você já tem acesso ao perfil dele, eles usam o melhor trajeto e sempre perguntam se você quer aquele ou tem outra opção melhor, e tem a questão do conforto também. Os carros sempre têm água, balinha e ar condicionado”, afirma. Frederico Santos, 22, fala que educação por parte dos motoristas e, carros novos e modernos são o que fez pegar Uber: “Mais segurança, mais conforto, mais comodidade, menor preço, carros mais novos e modernos, motoristas mais educados, facilidade de pagamento.” O Uber opera em 56 países segundo o site da empresa e hoje no Brasil está em operação na cidade de Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. O aplicativo está disponível para download nas
O aplicativo Uber é acessado em smartphones e traz conforto aos usuários plataformas do IOS (iPhone, iPad e iPod) e para celulares Android.
Motorista Uber O UBER é uma empresa que reúne motoristas para prestar serviço de motoristas particulares. Para isso os motoristas são obrigados a terem carteira de motorista licenciadas para exercer atividade remunerada (EAR), seguro para o motorista e para o passageiro, possuir um sedã preto com menos de 3 anos de uso, banco de couro e ar-condicionado. O motorista para se cadastrar na plataforma passa por uma checagem se possui antecedentes criminais.
Em tempo O Jornal Hoje da Rede Globo denunciou casos de passageiras que utilizaram o aplicativo de taxi e logo após a corrida eram assediadas pelos taxistas. O número aparecia para passageiras e taxistas quando a pessoa pedia um taxi pelo aplicativo. Depois disso o taxista entrava em contato com a passageira. Logo após esses problemas o aplicativo 99Taxis ocultou o número dos passageiros e taxistas. O Uber oculta números de passageiros e motoristas, quando necessário o contato de ambos, um número fictício aparecerá na tela.
Taxistas protestam contra aplicativo O Uber é alvo de protestos de taxistas em várias capitais do país. Em São Paulo, o Sindicato dos Taxistas (Simtetaxi) entrou com uma ação judicial solicitando a proibição o uso do aplicativo em todo país. Os taxistas entendem que os motoristas do Uber deveriam ter licença para atuar no mercado, assim como eles precisam se submeter à fiscalização municipal. A entidade chegou a ter liminar concedida, mas no início de maio o Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu a decisão, alegando que o sindicado não tem legitimidade para ingressar com a ação. Conforme foi noticiado no jornal Hoje em Dia, a juíza responsável pela nova decisão, Fernanda Soares Cançado, afirma que os taxistas deveriam solicitar ao Ministério Público uma apuração sobre as eventuais irregularidades do aplicativo. Concluídas as investigações, o Ministério Público teria competência para entrar com ação. A reportagem do jornal O PONTO entrou em contato
com a empresa que administra o Uber no Brasil, que emitiu uma nota argumentando que seus motoristas têm licença para exercer função remunerada. A reportagem procurou a Empresa de Transportes e Trânsito e Belo Horizonte (BHTRANS). A empresa não comenta as funcionalidades de aplicativos como a Uber. Em nota, esclarece que as permissões de táxi são delegações de serviço público, regidas pela Constituição Federal, pela Lei de concessões (8.987/95) e pela Lei Orgânica do município. Os táxis, afirma a empresa em nota, passam regularmente por vistoria para garantir a condição de trafegar. Para a BHTrans, para que um carro possa prestar serviço de transporte na cidade é necessário que passe por esses trâmites. Para combater o transporte clandestino na capital, a BHTRANS afirma que trabalha em parceria com a Polícia Militar e com o Departamento de Estradas e Rodagens (DER/ MG), além de contar com o apoio do Ministério Público.
O Ponto
Rostos, histórias: motivo de orgulho Elas são as protagonistas. Em uma novela onde o maior vilão é o tempo, elas o vencem a cada dia dentro daquelas gavetas. Elas, as fotos. Aquelas guardadas em mais de seis armários, em uma humilde loja no centro da capital mineira. Rua dos Tamôios 74, é onde esse tesouro está guardado. Chegamos, todos nos receberam com um sorriso simples e uma vontade enorme de contar histórias. Quantas histórias estão guardadas ali, não é mesmo? Na Foto Zatz, os retratos e fotos 3x4 são guardadas há décadas. Ali está um pouco da história da Maria, do João, do José, do Lucas, da Marina, e de muitos que passaram por ali e deixaram seus rostos. Desde 1948 a loja sobrevive de clientes que passam por ali e não tem do que se queixar, segundo os funcionários. Fotografia tirada, o processo de correções, que antes era manual, agora está digitalizado. Passado e presente no mesmo lugar. Velhos rostos, novas faces. Velhas histórias, novos contos. “Ah, mas é muito bom ver um lugar que você trabalhou desde os 17 anos, conseguir se adequar à era digital, sem perder a qualidade. Dá orgulho”, o senhor Nivaldo contou pra gente. Nivaldo Alves da Rocha, que trabalha há 43 anos na loja, brilha os olhos ao contar um pouco da Zatz. “Antes o negativo era feito no vidro, depois veio o papel, depois as cores, e agora é tudo no computador”, disse orgulhoso. Orgulho. Amor pela profissão. Prazer. Tudo isso está estampado na rosto de Douglas Medeiros Chave quando nos conta sua história naquele lugar. “Comecei aqui como revelador, comecei a editar também, e hoje
sou o braço direito dos donos”, relata, abrindo e fechando várias gavetas e nos mostrando aquele enrome acervo. Está tudo ali. Fotos tiradas em 1962, em 1998, e em 2014. “Ih, já perdemos as contas de quantas fotografias são. São armários, e armários lotados”, conta um dos donos, Vander Magno da Rocha. “Está tudo codificado de acordo com o ano. Se você tiver esse código achamos a foto e pedimos um prazo pequeno para tratar e editar, e ela está na sua mão”, fala com carinho Welton de Matos Rocha, sócio e irmão de Vander. A fachada originial foi conservada, os equipamentos fotográficos antigos são mantidos para decoração, e tem até espelhos “velhos” de parede com um pentezinho para àqueles que queiram se arrumar. Ah, a máquina registradora é daquelas antigas, de ferro, que pesavam toneladas, e hoje ladeia uma máquina moderna e leve de cartões de crédito. Tudo isso é uma passagem para antigamente, contrastando com o moderno. “Fizemos questão de manter a fachada para manter a tradição da Famíllia Zatz” contam os sócios e atuais donos. “O primeiro dono já faleceu, mas um de seus filhos vem aqui até hoje ver como a loja está” conta o senhor Nivaldo, que conviveu, também, com os primeiros donos. “Temos o direito de manter a loja se mantermos a qualidade, não queremos desonrar o nome da Zats” diz Welton Rocha. Naquele dia saimos pensando não só que teríamos de escrever algo sobre aquele lugar. Aprendemos um pouco de história, nos transportamos para o passado, vivenciamos o amor ao trabalho e o cuidado com a história do outro. E vale a pena, vale a pena amar o que faz, fazer o que ama, e, principalmente, vale a pena contar e eternizar histórias.
Fotos: Amanda Magalhães
Amanda Magalhães Clara Barbi 3º periodo
CRÔNICA
Editor e diagramador da página: Clara Barbi Caniato
C
14 • Saúde
Editor e diagramador da página: Jackeline Oliveira
Belo Horizonte, junho de 2015
O Ponto
Lúpus: autoimune e silenciosa A doença, que muitos dizem ser rara, afeta hoje cerca de 5 milhões de pessoas no mundo, sendo 200.000 no Brasil; diagnóstico é dificil ser feito e tratamento permite controlar sintomas Jackeline Oliveira 2º Periodo
Foto: Jackeline Oliveira
Embora muitas pessoas possam pensar que o lúpus é uma doença rara, no Brasil, estimativas da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) indicam haver cerca de 200.000 pessoas com a doença. Por ser mais comum em mulheres, acredita-se que uma a cada 1.700 mulheres no Brasil tenham lúpus. A doença é mais comum de aparecer nas idades entre 15 e 40 anos, apesar de poder surgir em todas as idades, atingindo em sua maioria pessoas afro-americanas, hispânicas e asiáticas. Lúpus Eritematoso Sistêmico, (LES) ou apenas lúpus é uma doença inflamatória crônica de origem autoimune com causa desconhecida, que pode afetar principalmente pele, articulações, rins e cérebro. Segundo a SBR existem três tipos de lúpus: o discoide, que a inflamação é sempre limitada à pele; o sistêmico, que a inflamação ocorre no organismo, comprometendo vários órgãos ou sistemas do corpo não sendo restrito à pele; e o lúpus induzido por drogas, que é a inflamação temporária causada por algumas drogas ou medicamentos. O lúpus ocorre quando o sistema imunológico ataca
e destrói alguns tecidos saudáveis do corpo. Não se sabe exatamente a causa para esse comportamento anormal, mas segundo a médica reumatologista e ex-presidente da SBR, Maria Vitória Quintero, não é uma doença emocional, mas ela sofre interferência das variações de humor. É relativamente frequente essa doença aparecer depois de algum baque, perda, trauma, choque, podendo ser até mesmo um choque físico. A doença não tem uma causa definida, ela pode aparecer do nada, mas há indícios de que há uma predisposição genética, mas não necessariamente hereditária”, explica. Pessoas com pré-disposição ao lúpus podem desenvolver a doença ao entrar em contato com algum elemento do meio ambiente capaz de estimular o sistema imunológico a agir de forma errada. O que a ciência ainda não sabe é quais são todos esses componentes. Mas alguns deles são: exposição à luz do sol ou o uso de determinados antibióticos e medicamentos usados para controlar convulsões. Segundo Maria Vitória, os sintomas do lúpus, embora apresentem sinais nem sempre visíveis, podem surgir de repente ou se desenvolver lentamente. Eles também podem ser mode-
Dra. Maria Vitória Quintero em seu consultorio
E SE FOR LÚPUS?
TIPOS DE LÚPUS
PESSOAS AFETADAS
5 MILHÕES MORTES POR ANO
500.000
10% 10% 10%
70%
IDADE MÉDIA DO INÍCIO
15 - 45
IDADE MÉDIA DA MORTE
26
70% LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO 10% LÚPUS CUTÂNEO 10% LÚPUS DISCÓIDE 10% LÚPUS ONDUZIDO POR DROGAS
PREVALÊNCIA MULHER/HOMEM PREVALÊNCIA
9:1
1:600
BRANCOS
1:450
LATINOS
1:200
NEGROS
SÓ UMA DROGA EM 50 ANOS
rados ou graves, temporários ou permanentes. A maioria dos pacientes com lúpus apresentam sintomas moderados, que surgem esporadicamente, em crises, nas quais os sintomas se agravam por um tempo e depois desaparecem. Entre os sintomas mais comuns da doença estão: fadiga, febre, desânimo, dor nas articulações, lesões na pele ou manchas avermelhadas nas maçãs do rosto e dorso do nariz, denominadas lesões em asa de borboleta (a distribuição no rosto lembra uma borboleta), rigidez muscular e inchaços, queda de cabelo, feridas na boca, perda de peso, anemia sem causa, queda das plaquetas podendo causar aumento do sangramento menstrual, dor de cabeça, náuseas e vômitos. A doença pode afetar também o cérebro e o sistema nervoso central causando cefaleia, dormência, formigamento, convulsões, problemas de visão e alterações de personalidade. No coração, causa arritmia. No pulmão causa tosse, com sangramento em alguns casos e dificuldade para respirar. E na pele, deixa uma coloração irregular, conhecida como fenômeno de Raynaud. É difícil realizar o diagnóstico para lúpus, pois os sintomas variam muito de pessoa
para pessoa e pode ser confundido com os sintomas de outras doenças. Como aconteceu com Pricila Cardoso portadora da doença há cinco anos. “O diagnóstico foi difícil e demorado, fui internada por estar com a imunidade muito baixa, o nível de plaquetas baixíssimo, uma febre constante, mas não sabiam detectar o que era. Somente após duas semanas de internação chegaram à conclusão de que era lúpus”, conta. O principal objetivo do tratamento é controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida das pessoas com a doença como explica Maria Vitória. Entre os medicamentos disponíveis no mercado hoje para o tratamento da doença se incluem os corticóides, os antimaláricos, os imunossupressores e a cloroquina, que é indicado tanto para as formas mais leves quanto nas mais graves da doença. É necessário também fazer o uso diário dos protetores solares, que devem ser aplicados em todas as áreas expostas à claridade. Outro método muito usado em casos mais graves da doença é a ”pulso terapia”, que é um tratamento endovenoso com a administração de altas doses de um medicamento por um curto período de tempo, permitindo assim um controle mais rápido
da atividade inflamatória da doença. Alguns efeitos colaterais podem acontecer, principalmente no momento em que o medicamento está correndo na veia, como conta a paciente Mariana de Almeida que recebeu o diagnóstico da doença em 2011. “Fiz seis sessões, foi um momento bem difícil, pois além do mal estar que as aplicações causavam, a queda de cabelo acaba mexendo muito com a autoestima. Mas mesmo assim, enfrentei, porque sabia que era necessário para minha recuperação”, diz. Durante muito tempo os médicos acreditavam que quem tinha lúpus não poderia jamais engravidar. No entanto já se sabe que a gravidez não está proibida para as mulheres com lúpus, mas que ela deve ser programada, como explica a médica ginecologista/obstetra Júnia Crepaldi. Bárbara Emília portadora da doença há 12 anos e mãe de dois filhos, conta que em 2004, ainda em tratamento da doença, foi fazer alguns exames e descobriu que estava grávida do primeiro filho, Cesar. “Foi uma grande surpresa, pois a medicação poderia causar danos ao bebê. Mas deu tudo certo e em outubro, o Cesar nasceu bem magrinho, mas saudável. Na segunda gravidez, estava
Saúde • 15
Editor e diagramador da página: Jackeline Oliveira
O Ponto
Belo Horizonte, junho de 2015 sava que por ser uma doença sem cura, a minha qualidade de vida, iria ser prejudicada”, afirma. Maria Vitória explica que o tratamento para os pacientes portadores de lúpus é justamente para oferecê-lo uma qualidade de vida normal. “Não é para deixar de ir ao cinema, clube, balada, só é necessário que tome alguns cuidados e estar sempre monitorando para se prevenir de futuras complicações”, explica. Muitas vezes é possível até mesmo suspender o uso dos medicamentos. “Hoje me encontro em fase de remissão da doença e levo uma vida totalmente saudável, me alimento da melhor forma possível e pratico atividade física todos os dias. A atividade física foi fundamental para minha recuperação, comecei com pilates, com tempo passei para treinamento funcional e hoje faço musculação com altas cargas de peso e me sinto ótima. Tenho também uma página em uma rede social que uso para postar o meu dia a dia e servir de incentivo para quem esta passando pelos mesmos problemas que passei há algum tempo atrás”, conta a fotógrafa Mariana.
Foto: Arquivo Pessoal
com 30 anos e com a doença ainda em atividade, os medicamentos cortaram o efeito da pílula anticoncepcional e engravidei novamente. E em junho de 2008, o Miguel nasceu lindo e saudável também”, conta. Para Maria Vitória, a gravidez pode piorar a doença, por isso, o ideal é esperar o momento em que o lúpus esteja sobre controle, porque a doença pode interferir de forma negativa na gravidez e no bebê. Mesmo com os avanços recentes da medicina, ainda não se tem uma cura para o lúpus, mas diferente de muitos anos atrás, hoje é possível que o paciente leve uma vida normal, como relata a estudante de fisioterapia Jéssica Soares, portadora da doença há um ano. “Quando descobri a doença, pensei que minha vida acabaria ali, que não poderia mais fazer coisas que pessoas da minha idade fazem, mas hoje vejo como estava enganada, pois vivo a minha vida normalmente”, comenta. Kenya Mota descobriu a doença há dois anos e conta que, no momento em que recebeu o diagnóstico, pensava muito na filha e na família. “Pen-
A fotógrafa Mariana de Almeida durante e depois do tratamento da doença
COMPLICAÇÕES A doença pode levar à insuficiência renal e até a um transplante de rins. Também é possível o desenvolvimento de artrite, trombose, embolia pulmonar e diabetes tipo 2, entre outras
ENTENDA A DOENÇA Mal autoimune atinge mais mulheres do que homens
TRATAMENTO TRADICIONAL O controle é feito com a cortisona, anti-inflamatório hormonal. Ao longo do tratamento, é possível diminuir o uso do remédio e também usar medicamentos imunossupressores
A NOVA DROGA O Benlysta é um anticorpo, um elemento do sistema imune feito sob medida para atacar a proteína BLYS. Essa molécula, que é o alvo da droga, ajuda linfócitos B a sobreviver e a produzir outros anticorpos, que atacam SINTOMAS a pessoa com lúpus Lesões Proteína avermelhadas e BLYS Célula maior sensibilidade mieloide à luz solar
A proteína BLYS é liberada
Alterações de humor ou depressão O QUE É O lúpus é uma doença inflamatória crônica na qual o organismo passa a formar anticorpos que atacam tecidos da própria pessoa. A maior parte dos casos ocorre em mulheres de 20 a 45 anos
Inflamações da pele do cérebro, dos rins e das membranas que recobrem o pulmão e o coração
Perda de apetite e emagrecimento Febre baixa Fadiga crônica
Benlysta
Após se conectar com linfócitos B, a BLYS estimula o amadurecimento dessas células do sistema imune
Linfócito B
Em pessoas com lúpus essas células amadurecidas produzem anticorpos que atacam os organismos delas próprias
O novo remédio se liga à proteína BLYS neutralizando sua ação
Esse processo leva à morte dos linfócitos B, reduzindo o efeito autoimune
16 • Eu conto no Ponto
Editoras e diagramadoras da página: Clara Barbi e Cristiana Corrieri
Belo Horizonte, junho de 2015
O Ponto
Eu conto no Ponto... C o m Cri st
ia na
C o r r ie r i
Coluna das lamentações Bárbara Ferreira, do curso de Arquitetura, lamenta que a Hipercópias não existe mais na FUMEC visto que era uma ótima gráfica, além de ser prática por ser dentro da faculdade. Bárbara quer saber por que a Hipercópias saiu de lá. Resposta: A seção de ensino da FEA respondeu que a Hipercópias existe sim e se encontra no primeiro andar do prédio. Faça uma visita!
Uma noite deCironias C EM DEPOIMENTO A
RISTIANA
ORRIERI
Sábado, dois de maio, o dia mais doido do ano. Tudo começou quando decidimos ir pra balada. Estávamos nos divertindo, cantando, dançando e principalmente: bebendo. Bebendo demais, até o ponto de que meu amigo decidiu que seria legal tirar a camisa em um lugar onde não se tira a camisa. Quem já foi nessa boate sabe que os seguranças de lá não tem paciência, mas não achávamos que era a este ponto. Alguns minutos depois que Pedro* tirou a camisa, os seguranças foram atrás dele e o trataram de forma extremamente violenta: foram socos, mata-leão, imobilizações e muito abuso. Quando meu amigo Iuri* viu isso tudo, não conseguiu se controlar, afinal era seu amigo que estava apanhando e muito. Os outros seguranças vieram atrás dele e o imobilizaram de tal forma que Iuri caiu no chão e estava sem ar, o segurança não o soltava, e ele ia ficando cada vez mais sem ar: tive que intervir. Eu entendo que é o trabalho deles garantir a segurança e a ordem da casa, mas desta forma, só estavam criando caos. Nesse mesmo dia, um amigo meu levou sua recente namorada pra gente conhecer, ela se chama Brisa*. Brisa era inteligente, bonita e muito nervosa. No momento que se passou essa briga de seguranças X clientes ela não hesitou em tentar ajudar e pulou nos seguranças como se fosse uma lutadora. Passado o sufoco, literalmente, pagamos a conta e fomos embora. Continuamos discutindo com o os seguranças, e chamamos a polícia para garantir que teríamos provas para o processo. Todos estavam sérios, afinal, tinha acontecido algo muito diferente do que imaginávamos pra aquela noite. Estávamos meio tristes, meio chateados e muito indignados, foi quando olhei pra frente e vi um taxista moreno e gordo com o seu iPad filmando a confusão toda. A polícia ainda não havia chegado e fomos contestar o fato da filmagem dele, o que sairia de bom daquela filmagem? Baixaria, gritaria e confusão? Ele gostava de rir dos problemas alheios. A primeira a chegar ao taxista e brigar foi Brisa, ela estava descontrolada e gritava coisas que não faziam parte da discussão: ela estava desvirtuando a conversa e levando para o lado pessoal e para o lado da briga. A polícia chegou, fizemos o boletim de ocorrência, e a única coisa que queríamos fazer era sair daquele lugar. Mas Brisa não queria, ela queria arranhar o carro do taxista como forma de vingança e foi o que ela fez, eu apenas não sabia. Peguei meu carro e coloquei todos dentro para irmos embora, quando olhei no retrovisor central vi uma cena que nunca achei que veria: três taxis me perseguindo em alta velocidade. Gelei. Não sabia o que fazer, a não ser acelerar. Eles me alcançaram, me passaram e deram um cavalo de pau na minha frente: não havia como passar dali. Foi quando um ônibus veio e o taxi teve que tirar o carro, aproveitei a brecha e fui, acelerei o máximo mas quando olhei no retrovisor lá estavam eles novamente. Desisti. Eu havia bebido e não aguentava mais, decidi parar o carro. Quando parei Iuri e Brisa desceram do carro para brigar de novo com os taxistas. Eu não havia falado nada até aquele momento, mas não aguentava mais aquela confusão briguei com todos meus amigos, deixei meu carro estacionado lá e fui embora, ironicamente, de taxi.
Cecília Pimenta, aluna do curso de Direito, lamenta que não exista estacionamento da FUMEC e nem segurança. Assim, ela tem de estacionar seu carro longe da faculdade ficando vulnerável as mazelas da noite da Avenida Afonso Pena. Resposta: Segundo o assessor de Imprensa e Comunicação Interna, Marcus Papa: “Recentemente a FUMEC tomou a iniciativa em dialogar com representantes estudantis, Polícia Militar e associações de moradores dos bairros Cruzeiro e Anchieta, com o objetivo de buscar soluções possíveis que melhorem a segurança no entorno da universidade. A FUMEC já utilizou agentes de segurança nas proximidades do campus, porém, a Lei Federal 7.102/83, atualizada pela Lei 8.863/94, proíbe a presença de seguranças privados em vias públicas. Em relação a estacionamento, havia um espaço particular com muitas vagas na rua Trifana (esquina com av. Afonso Pena), porém o serviço no citado local foi desativado devido ao terreno ter sido requisitado pela instituição proprietária do local. Desta maneira não restaram muitas opções de vagas nas adjacências da FUMEC.”
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Anônimo, aluno de Administração. *nomes fictícios
Depois que passa a gente ri THADEU GUADAGNIN, EM DEPOIMENTO A CRISTIANA CORRIERI Era época de aula na faculdade, mas resolvi viajar sozinho, uma dessas viagens repentinas que a gente faz para refletir. Fui pra França, mais especificamente, Paris na Eurodisney. Gosto muito de parques de diversão, principalmente os temáticos, mas alguns não são nem pra minha idade e nem pro meu tamanho. No último dia da viagem resolvi ir ao Parque da Alice no País das Maravilhas e eu achei aquilo tudo tão maravilhoso e fiquei tão empolgado que quis subir em um banco: um banco muito alto, e quando eu subi minha calça rasgou, mas o rasgo era pequeno e eu continuei o dia inteiro no parque sem que ninguém percebesse nada. Até aí tudo bem. Experimentei comidas típicas de parques, vi tudo que precisava ver e quando já era bem tarde da noite voltei para meu hostel. Para quem não sabe, hostel é uma forma diferente de hospedagem que visa que seus clientes se conheçam em áreas comuns ou dividindo quartos. E os hostels oferecem condições econômicas melhores do que hotéis comuns. Quando cheguei ao meu quarto, que dividia com dois poloneses, coloquei meu despertador e dormi, já que teria que acordar as três da manhã para
ir ao aeroporto de Paris para voltar pra casa. Como estava muito cansado do dia no parque, não acordei quando o despertador tocou e acabei atrasando um pouco. Na correria, peguei a mesma calça que usei no dia anterior já que não havia mais tempo para procurar roupas na mala porque estava atrasado, era no meio da madrugada e havia pessoas dormindo ao meu lado. Então peguei aquela mesmo e fui. Chegando ao aeroporto percebi que estava muito frio e senti um “arzinho” entrando no meio das minhas pernas. A segunda dica de que algo não estava certo foram às pessoas apontando e me olhando de frente, de costas e de lado. Achei que estava sujo ou mal arrumado, visto que Paris é um lugar onde as pessoas se vestem muito bem, mas não, era a calça: estava com um buraco enorme no meio das pernas e minha cueca estava toda aparecendo. Pânico. Pensei em correr pro banheiro, mas não podia porque ia rasgar mais ainda a calça então fui andando num passo muito apertado, com as pernas grudadas para ninguém ver o buraco. Finalmente, pus uma calça normal, mas suja. Pelo menos não estava rasgada.