Jornal O Ponto (nº 93) - Maio 2014 - Ed. 2

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Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social Ano 15

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Número 93

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Maio de 2014 |

Belo Horizonte / MG

Distribuição gratuita

Integração desordenada Foto: Janderson Silva Foto: Janderson Silva

Falta de informação e preços irregulares das passagens, causam transtorno a usuários do MOVE Metropolitano. Passageiros e funcionários das empresas de ônibus se desentendem devido às cobranças indevidas das passagens. Pág. 3

Foto: Bruna Oliveira

Cultura

VOZ NA RUA: Pai e filha levam música e alegria às ruas de BH tocando os mais diversos hits musicais. O palco é a rua e os locais mais costumeiros para shows são a Praça Sete e Feira Hippie. Pág. 7

Especial Copa Manifestantes contra Mundial no Brasil

Comportamento #aftersex e o debate sobre a super exposição

Esporte Ouro inédito do boliche vem para BH

Depois das manifestações que estouraram em 2013 contra o aumento do preço das passagens de ônibus, brasileiros vão às ruas e apontam outros problemas como saúde e educação. As manifestações continuam este ano contra a Copa.

A nova moda mundial das redes sociais é registrar momentos. A mais recente e que tem se destacado até entre as celebridades, é fotografar situações de casais após seus momentos mais íntimos. Até onde esta exposição é saudável?

Estudante mineiro de 20 anos, que treina 4 horas por dia ganha seu primeiro título internacional no esporte. Vindo de uma família de jogaderes de boliche, Bruno Costa não nega as origens e consquista medalhas de ouro e prata.

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02  •  Opinião

Editor e diagramador da página: Janderson Silva

Belo Horizonte, 29 de maio de 2014

O Ponto

Linchamento no Guarujá Rachel duarte azevedo 1º período O que se pode dizer a respeito do linchamento no Guarujá a não ser repúdio pelos atos criminosos que se desencadearam no Brasil há alguns meses, onde “injusticeiros” que não agem pela lei, tomam por si próprios a decisão de sair pelas ruas batendo em pessoas que julgam serem criminosas e muitos só param até o indivíduo estar morto. Algumas vezes estas vítimas dos “injusticeiros” são pessoas inocentes, como no caso da Fabiane Maria de Jesus. Mãe de duas filhas e que foi espancada até a morte por moradores do Guarujá, litoral de São Paulo, tendo como motivo do linchamento um boato divulgado em uma página do Facebook (Guarujá Alerta), onde havia um retrato falado de uma mulher que supostamente estava sequestrando crianças com a finalidade de fazer rituais de magia negra. Esse boato, como já diz a palavra, nunca foi confirmado pela polícia e mesmo com o retrato

falado tendo sido feito há dois anos, ele simplesmente foi postado nesta página e Fabiane foi “pega para Cristo” como pivô desses crimes. Antes já temíamos a guerra da insegurança pública, agora estamos lutando todos contra todos. Mais uma classe criminal surgiu, onde pessoas que se acham no direito de sair linchando, agredindo e matando qualquer pessoa que se faça parecer criminosa. Onde isso irá parar? Até este momento não se vi nenhum pronunciamento das autoridades a este respeito. Nenhum depoimento instruindo as pessoas a não cometerem crimes desta categoria, principalmente sem provas oficiais. Em ano de eleição e de Copa no país, certamente esse problema não é relevante, principalmente por se tratar de uma dona de casa de classe baixa. Parece que o valor da vida dessas pessoas é menor do que o valor da vida das demais. A própria mídia não divulga como deveria divulgar e a repercussão é muito baixa em comparação ao que deveria ser. Pessoas pobres e inocentes estão sendo linchadas nas ruas do Brasil e quando os brasileiros irão acordar para perceber que estamos lutando contra nós

O Enem 2014 no Jornal Nacional

mesmos, quando deveríamos estar lutando lado a lado para conquistarmos um sistema melhor o qual serviria para realmente proteger a vida de todos os cidadãos? Também não vi nenhuma retratação de comunicadores que apoiaram e declararam em rede nacional, que se as políticas públicas não tomam providências à respeito de nossa segurança, então o que deveria ser feito realmente é cada um sair por aí matando quem lhe parecer perigoso. Fabiane foi uma das vítimas inocentes que estão pagando com suas próprias vidas pela falta de segurança neste país. Não tenho a ilusão de que isso parará por aqui, mas temo até onde isso irá e a que proporção estes atos criminosos e essa propagação da violência gratuita, irá. Sinto como se sair de casa hoje neste Brasil brasileiro, seja um ato de suicídio. Espero assim como a família da Fabiane e outras famílias de vítimas da criminalidade imposta no país, que atitudes sejam tomadas pelos nossos líderes os quais colocamos no poder para que nos liderassem com justiça e nos proporcionassem segurança, e isso é o que nos falta.

o ponto Coordenação Editorial Profa. Ana Paola Amorim (Jornalismo Impresso) Professores orientadores Profª. Dunya Azevedo (Planejamento Gráfico) Projeto Gráfico Dunya Azevedo · Professora Orientadora Pedro Rocha · Aluno voluntário Roberta Andrade · Aluna voluntária Logotipo Giovanni Batista Corrêa Universidade Fumec Rua Cobre, 200 · Cruzeiro

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Belo Horizonte · Minas Gerais

Tel: 3228-3014 · e-mail: jornaloponto@fumec.br Presidente do Conselho Curador Prof. Tiago Fantini Magalhães

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Novo portal de conteúdo multimídia do curso de Jornalismo da Fumec

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Novo portal de conteúdo multimídia do curso de

A primeira notícia veiculada pelo Jornal Nacional sobre o Enem 2014, no dia 23 de maio, destacou o número recorde de inscritos e o encerramento do prazo de inscrição, até as 23h59 daquele dia. Em 2014, mais de 9 milhões de pessoas se inscreveram para a prova. A matéria trouxe dados relacionados ao número de inscritos, comparativos com o ano anterior e ainda informações sobre o prazo final de pagamento para os estudantes que optaram pela modalidade. Além disso, entrevistaram alunos inscritos, com destaque para um grupo de estudos formado em uma escola pública. A suíte da notícia, veiculada no dia 24, confirmou o número recorde de inscritos – nove milhões e meio de estudantes, número 22% superior ao ano passado. O destaque, no entanto, foi a nova política de segurança. O Enem deste ano terá a segurança reforçada, com detectores de metais em todos os locais de provas. A notícia trouxe dados do ano anterior que justificam a mudança: Em 2013, 1,4 mil estudantes foram retirados da sala de prova por tentarem utilizar o celular. O Jornal Nacional mostrou ainda como os estudantes estão se preparando para o exame deste ano, com entre-

vistas de alunos e professores. Além disso, reafirmou a necessidade de pagamento (para os estudantes que optaram pelo boleto). O exame nacional sempre pauta notícias nos veículos de comunicação. Sejam de caráter informativo, como as citadas acima ou reflexivo, no que tange aos problemas recorrentes do exame. No ano passado, por exemplo, circularam diversas notícias sobre os estudantes que não conseguiram chegar ao local das provas ou sobre as fraudes e erros apresentados no exame. Há amplo interesse do público no tema, uma vez que atinge telespectadores de diferentes faixas etárias e condição social. As primeiras notícias veiculadas pelo JN este ano também deram destaque aos estudantes que estão comprometidos com a prova, numa tentativa de motivar os demais, bem como dicas de professores para a preparação dos estudos e comportamento na hora do exame. Embora recorrente, o tema não está desgastado. Cada pauta investiga aspectos diferentes, oferencendo mais ângulos e buscando tornar o fato mais compreensivo e claro. Neste caso, o JN presta um serviço tanto à população quanto ao Ministério da Educação. De maneira geral, as matérias abrem também espaço para dúvidas futuras sobre o tema, a exemplo de como funcionarão os detectores de metais, que objetos terão o uso permitido.

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Bruna Marta Bruna Rodrigues 7º Período

Reitor da Universidade Fumec Prof. Dr. Eduardo Martins de Lima Diretor Geral/FCH

Prof. Antônio Marcos Nohmi Diretor de Ensino/FCH

Prof. João Batista de Mendonça Filho

Coordenador do Curso de Jornalismo Prof. Ismar Madeira

Monitores de Jornalismo Impresso Janderson Silva e Rachel Duarte

Monitores da Redação Modelo Bruna Oliveira e Paulo Madrid

Jornal Laboratório do curso de Jornalismo

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Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento

Acesse, informe-se Acesse, informe-se


Cidades • 03

Editor e diagramador da página: Gabriel Capanema e Janderson Silva

O Ponto

Belo Horizonte, 29 de maio de 2014

MOVE Metropolitano: problema no pagamento irrita usuários Diferença no preço da passagem dos articulados, das linhas troncais, cobranças idenvidas e falta de informação irrita usuários do MOVE Metropolitano. “Alguns ameaçam botar fogo nos ônibus”.

“Paguei três e cinquenta no MOVE. Se a passagem é uma só, e se pegamos o vermelho que era três e trinta, a gente fica no prejuízo. Ontem, na roleta, me cobraram a passagem e reclamamos com o pessoal do BRT que vieram e devolveram o dinheiro pra gente. Não é a primeira vez que cobram”. Foi assim que Cláudia Matias, 36 anos, moradora do bairro Nossa Senhora de Fátima, região de Santa Luiza e nova usuária da integração do MOVE Metropolitano, falou com o jornal O Ponto no terminal B3, da estação São Gabriel na região Nordeste da capital. Durante o período em que nossa equipe de reportagem esteve no local, foram presenciados três casos de desentendimento entre usuários e funcionários das empresas de ônibus, resultante da cobrança indevida da passagem. A solução encontrada pelos motoristas era abrir a porta traseira dos coletivos para que os passageiros entrassem sem ter que pagar. O transtorno foi causado pela cobrança indevida da pas-

Fotos: Janderson Silva

GABRIEL CAPANEMA JANDERSON SILVA 3º PERÍODO

Em meio a confusão, usuários do MOVE Metropolitano estão perdidos com falta de informação. sagem. O MOVE Metropolitano tem tarifa de R$3,50 enquanto o valor da tarifa das linhas chamadas alimentadoras varia entre R$3,30 e R$11 reais. Em todo este tempo, havia apenas uma pessoa que pudesse orientar os usuários sobre valores. O problema de Cláudia se repete com o usuário Carlos Alberto, 46 anos. Segundo ele, a passagem cobrada nas catracas

dos terminais Santos Dumont e São Gabriel de R$7,00 está errado, sendo o valor correto R$3,50. O passageiro já procurou respostas com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram) e de acordo com Carlos, “os funcionários disseram que o problema está na programação dos validadores”. Abelto afirmou que o novo sistema não

gerou melhorias para os usuários. “Ainda tenho que esperar de trinta a quarenta minutos nas filas alimentadoras”. A exemplo, o MOVE da capital funciona com descontos dados aos usuários que fazem uso do cartão BHBus para o transporte. As linhas alimentadoras, que são responsáveis pelo trajeto Bairro/terminal São Gabriel tem valor de

R$1,90, enquanto o MOVE tem o valor de R$2,65. Ao passarem na catraca, o valor debitado do cartão é a diferença entre os valores que, no caso, é de R$ 0,95 centavos. Quem também reclamou do ocorrido foi usuária Zângela Muniz que se diz insatisfeita com a falta de informação a respeito do problema, “falta informação, falta tudo e o pior é que continuo chegando atrasada no meu trabalho. Está sendo confuso, não só pra mim, mas várias pessoas” afirmou. Uma atendente informativo do MOVE Metropolitano que não quis se identificar, relatou que devido o problema, passageiros tem reclamado com frequência, “O pessoal está muito nervoso, alguns ameaçam que vão tacar fogo, que vão quebrar os ônibus”, ainda de acordo com a atendente a confusão é grande entre passageiros e funcionários, “Desde que começou no dia 26, as pessoas estão confusas. Os motoristas também estão perdidos, tem alguns que nem sabem a rota, o horário, está bem confuso” relatou. Porém, para o funcionário da empresa Estrada Real José Luiz, 56, “Está tranquilo, o horário foi mantido”.

Diferença nos preços

Preço das linhas alimentadoras

MOVE Metropolitano R$ 3,50 Setop Há uma diferença no valor das passagens. Os coletivos das linhas 4675, 4680 e 4685, que tem o valor de R$3,30. Já o MOVE Metropolitano tem valor de R$3,50. Há então uma diferença no valor de R$0,20 centavos que deveria ser repassado ao usuário, mas não foram apresentadas soluções para isso ainda. Ao ser perguntado, o Sintram, empresa responsável pelo cartão Ótimo, disse à nossa reportagem que procurássemos a Secretaria de Estado de Transportes e Obras

Públicas (Setop) dizendo que o órgão estaria reponsável por atender a demanda de perguntas. Já a Setop ao ser solicitada não nos deu nenhuma posição quando questionado o valor da passagem desses três coletivos. A exemplo, o MOVE de BH funciona da seguinte maneira: as linhas chamadas de alimentadoras tem valor de R$1,90. Quando o usuário utiliza o cartão BH Bus nas catracas do MOVE, é cobrado apenas a diferença no valor que é de R$0,75 centavos.

Santa Luiza Jaboticatubas Santa Luiza Taquaraçu de Minas

4115 (R$4,00) 4156 (R$4,00) 4381 (R$4,00) 4135 (R$4,00) 4380 (R$4,00) 4450 (R$4,00) 4442 (R$11,30) 5582 (R$11,30)

4145 (R$4,00) 4185 (R$4,00) 4105 (R$4,00) 4147 (R$3,00) 4165 (R$3,00) 4170 (R$3,00) 4110 (R$4,00) 4155 (R$4,00) 4445 (R$4,00)

*Nossa Senhora de Fátima

Caeté Nova União

4800 (R$8,55) 4810 (R$6,45) 4820 (R$5,45) 4882 (R$8,80) 4883 (R$8,80) 4887 (R$9,05)

Sabará

4872 (R$4,00) 4910 (R$3,50) 4915 (R$3,50) 4916 (R$3,50) 4920 (R$4,00) 4675* (R$3,30) 4680*(R$3,30) 4685* (R$3,30)


04  •  Especial Copa

Editor e diagramador da página: Júlia Braga e Thaís Costa

Belo Horizonte, 29 de maio de 2014

O Ponto Crédito: Thaís Costa

E aí, vai ter Copa? A menos de dois meses para o começo da Copa do Mundo, explodem as manifestaçoes pelo país. Júlia Braga Thaís Costa 3º período Com o anúncio oficial de que o Brasil sediaria a próxima Copa do Mundo, muitos brasileiros se sentiram honrados. Enquanto alguns esperam ansiosamente o evento, outros estão se perguntando como faremos para pagar essa conta. Em um evento onde foram gastos bilhões para construir estádios, realmente o questionamento sobre saúde, educação, transporte e qualidade de vida se torna pertinente, principalmente diante dessa situação onde muitos não sentem que estão ganhando com a Copa. Em junho de 2013 se iniciaram as manifestações pelo aumento da passagem, e com isso os brasileiros começaram a perceber que teriam outros motivos para sair de casa. O movimento “Não é só por 20 centavos’’, e uma série de campanhas foram criadas em redes sociais para conscientização das pessoas na luta por seus direitos. Outros motivos como o trânsito intenso e a falta de capacitação de pessoas para receber os estrangeiros no país levaram muitos a apoiarem a campanha “Não vai ter Copa”, que há algum tempo já vem sendo divulgada, mas só agora ganhou mais notoriedade.

Os Anonymous, responsáveis por grande parte das manisfestações pelo Brasil, surgiram em 2004, com o intuito de lutar pelos direitos humanos e contra a corrupção. Não mostram seus rostos, usam máscaras e não se consideram um grupo. Eles estarão presentes em todos os protestos nas cidades que vão sediar a Copa. Eles ainda afirmam que não têm líderes, são uma ideia. Os Anonymous acreditam que o Brasil não tem condições de receber uma Copa do Mundo, com tantos problemas sociais e de infraestrutura. “Acho que o maior problema do país é a corrupção, então se conseguirmos acabar com isso, a parte principal vai estar resolvida e os investimentos realmente irão para o lugar certo. Queremos dignidade humana, não queremos Copa”. Os Anonymous não gostam de ser chamados de criminosos. “Não somos vândalos, a grande mídia vai colocar as manifestações como criminosas, mas o confronto só acontece porque a polícia reprime”. Em entrevista concedida à revista VEJA, a presidenta Dilma afirmou que foram investidos R$ 1,9 bilhão para estruturar o sistema de segurança e coibir os atos de vandalismo. A Copa do Mundo vai acontecer, e com a possibilidade de

Manifestantes com a máscara do Anonymous estao sempre presentes nos protestos todos esses protestos muitos se perguntam quais serão as perdas e os ganhos com essas manifestações. Veja a entrevista com um representante do movimento Anonymous, que mantém o anonimato:

Como surgiu o movimento “Não vai ter Copa”? A.: Com o ideal de mostrar a população que o Brasil não precisa realmente de uma Copa do Mundo, e sim de uma melhoria de vida para todos. Precisamos de pessoas inteligentes, que aos poucos vão deixando de ser alienadas, e com elas, lutar pelo que é certo.

Qual o maior propósito de vocês com esse movimento? A.: Hoje, Anonymous é uma

ideia de mudança, um desejo de renovação. Somos uma ideia de um mundo onde a corrupcão não exista, onde a liberdade de expressão não seja apenas uma promessa, e onde as pessoas não tenham que morrer lutando por seus direitos. Não somos um grupo. Somos uma ideia de revolução.

De que maneira irão atuar nas ruas de Belo Horizonte? A.: Óbvio que haverá a paz e a guerra, o objetivo deste ano é fazer o Brasil virar uma Ucrania (refêrencia ao momento de conflitos no Leste Europeu), mas lembrando que nós (manifestantes) nunca iniciamos a violência.

Haverá protesto em todos os dias de jogos?

os dias de jogos e em dias normais, queremos perturbar, queremos tirar a zona de conforto da população. Assim ela irá despertar.

“Acho que o maior problema do país é a corrupção, se conseguirmos acabar com isso, a parte principal vai estar resolvida e os investimentos realmente irão para o lugar certo. Queremos dignidade humana, não queremos Copa”.

A.: Haverá protestos em todos Crédito: Thaís Costa

Manifestantes se juntam na Praça Sete para fechar a rua com o cartaz: Copa pra quem?


Comportamento  •  05

Editor e diagramador da página: Carolina Mercadante e Júlia Alves

O Ponto

Belo Horizonte, 29 de Maio de 2014

A cultura da superexposição

Com o fenômeno da superexposição através das tão populares redes sociais, fotos com a hashtag aftersex estão cada vez mais comuns Carolina Mercadante Júlia Alves 3º Período

que uma publicação não mudará isso. Essas são consideradas formas de se comunicar atualmente, entretanto, há uma grande exposição da vida privada por meio das redes sociais. Grande parte da população pensa que a superexposição pode atrapalhar a pessoa profissionalmente. Paula Lyon concorda, mas diz que, pensando bem, isso não deveria acontecer. “As pessoas deveriam separar a vida pessoal da profissional, uma vez que as fotos não foram tiradas no local ou horário de trabalho.” A estudante de Direito da PUC Minas, Gabriella Nicholls, 20 anos, que namora há um ano e meio o estudante de Medicina da UFMG, Ítalo Ponsá, 22, pensa diferente. Ela acredita que postar fotos íntimas em uma rede social é uma exposição gigantesca e desnecessária. “Nunca postaria algo do gênero, acho que o que é privado e um momento íntimo com seu parceiro

deve permanecer entre os dois. Não vejo a necessidade de expor isso a ninguém, eu sei que amo meu namorado e não preciso ficar exibindo isso para que todos saibam”. Gabriella pensa que as pessoas que colocam esses tipos de fotos em qualquer rede social, com ou sem a hashtag, estão somente almejando chamar atenção. “É quase uma necessidade patológica, a meu ver, de chamar atenção. Essas pessoas precisam tanto se destacar em meio a um mundo onde os excessos e estranhezas já são tão normais, que a única forma que encontram é colocar uma foto depois de transar com a hashtag aftersex”. Ela ainda pontua que isso é passageiro, em breve uma nova moda vai começar e todos vão se esquecer da tão polêmica hashtag aftersex. Essa superexposição é amplamente debatida entre especialistas em comunicação, mas principalmente psicólogos. Segundo a psi-

cóloga Natiele Severo Vieira, a moda das selfies pós-sexo pode ser sadia, desde que seja em comum acordo entre o casal. “O controle parte do bom senso de quem posta, pois o conteúdo é de superexposição e nada inocente, assim dizendo, tanto elogios como críticas podem surgir”. Ela acredita que o cuidado com a exposição deve ser mantido, principalmente pelas redes sociais serem compartilhadas por milhares de pessoas com pensamentos diferentes. Sobre a percepção das crianças em relação à privacidade, devido a facilidade de acesso à internet hoje em dia, ela acredita que todos têm curiosidades e buscam respostas para suas questões na web. “Deve acontecer um diálogo entre pais e filhos. O conteúdo acessado pelos menores deve ser monitorado, o que de certa forma auxilia quando se depara com essas situações, como as selfies da hashtag aftersex”. Crédito: Paula Lyon

Um novo fenômeno se espalhou pela internet, conquistando cada vez mais adeptos pelos quatro cantos do planeta, a hashtag aftersex (do inglês, depois do sexo). Utilizada no Instagram em legendas de fotos tiradas por casais logo após terem relações sexuais, criou um grande debate entre os usuários das redes sociais, alguns criticando, outros apoiando, e muitos mais aderindo à moda. A primeira vez que a hashtag apareceu foi em setembro de 2013, utilizada por um usuário argentino. Mas, somente no mês passado alcançou maiores audiências ao ser supostamente postada pela atriz e cantora americana Miley Cyrus. O fato nunca foi confirmado, porém foi o necessário para popularizar a #aftersex. Hoje existem mais de 9000 imagens circulando com a hashtag, que variam muito quanto à cena retratada. Alguns optam por serem tradicionais ao postarem uma foto com duas pessoas, variando entre casais homossexuais ou heterossexuais, outros polemizam com três ou mais pessoas. Ainda existem aqueles mais engraçados, querendo somente fazer humor com toda a situação, postando fotos mostrando a mão ou bonecas infláveis. Muitas personalidades e famosos também têm participado do movimento. O humorista Rafinha Bastos postou uma foto deitado em sua cama com a mão próxima ao rosto satirizando os casais que fazem uso da hashtag. Porém, muitos levam a sério, como a atriz e cantora americana Demi Lovato, a cantora brasileira Preta Gil e a ex-BBB Fani Pacheco. Elas mostraram

seus momentos íntimos com seus namorados. A belorizontina Paula Lyon Guimarães, 26 anos, formada em Educação Física, se tornou uma das mais novas adeptas recentemente, quando fez as fotos com o namorado Thiago Felipe Correa, 28 anos, e compartilhou nas redes sociais. Ela diz que a sociedade exagera ao julgar as pessoas. “Hoje em dia, sexo é uma coisa natural, todos fazem e pensam, pior são aqueles que fazem a “linha santa”, mas por trás são piores que aquele que se expõe. Sexo é uma coisa do dia a dia e da vida, por isso não vejo nada demais na hashtag. As pessoas deveriam se preocupar mais com suas próprias vidas, sem se importar com a opinião de ninguém”. Paula afirma que alguns amigos pensam que ela se expõe demais, enquanto outros acham normal. Seus amigos não a julgam, segundo ela, porque conhecem o seu caráter e sabem

Paula Lyon e seu namorado,Thiago Correa não se intimidam pela exposição que a #aftersex pode lhes causar


06  •  Saúde

Diagramador da página: Eduardo Pensute

Belo Horizonte, 29 de Maio de 2014

O Ponto

Perigo Silencioso Especialistas falam sobre retinose pigmentar, os avanços tecnológicos, os possíveis tratamentos e afirmam: quanto mais cedo se souber o grau do problema visual, mais rápido pode-se tratá-lo. Foto: wendelteste.wordpress.com

Comparação de uma retina normal (esquerda) com a da retinose pigmentar (direita) Janaína Barcelos 7º Período

ção são constatados quando o portador começa a esbarrar em tudo, a tropeçar demais em degraus e a visão noturna fica cada vez mais baixa. Então, a pessoa não tem visão global, enxergando tudo como um quebra-cabeça e sua progressão vai até acometer a visão central. Foto: www.visaolaser.com.br

A oftalmologista Rosane Resende, especializada em retina, explica o que é a retinose pigmentar e os tipos de avanços tecnológicos que estão surgindo nos dias de hoje. Há mais de 30 anos envolvida no assunto, ela diz com convicção que existe esperança para o portador dessa doença degenerativa e pouco conhecida, mas tão presente em nossa sociedade, atingindo 1 a cada 5 mil pessoas no mundo. A retinose pigmentar é uma doença degenerativa e hereditária que acelera a morte das células fotorreceptoras (cones e bastonetes) da retina, lesando o epitélio pigmentar. Consequentemente, não há uma renovação nas células visuais, levando as mesmas a deterioração e com isso a perda progressiva da visão. Os bastonetes são células receptoras responsáveis pela visão do claro e do escuro, as que transmitem luz e sua localização está na visão periférica e na equatorial. Já as células chamadas “cones” são as responsáveis pela nitidez, pelo deta-

lhe, pela qualidade da visão e ficam localizadas na região central. No caso clássico da retinose pigmentar, primeiro são afetadas as células bastonetes, isto é, a periferia da visão fazendo com que o portador perca campo visual e os primeiros sintomas de sua manifesta-

Visão de um portador de retinose classica em progressão

Existe a retinose inversa, que ao contrário da clássica atinge primeiro a visão central e em seguida a periferial. Existem formas simples isoladas como estas e existem os casos associados às doenças sistêmicas, como por exemplo a retinose associada a baixa de audição. Ou seja, a surdez com a acuidade visual e em alguns casos associa-se ao retardo mental, a baixa de produção de hormônios, a diminuição de crescimento e a síndrome associada com alterações de mitocôndria. A médica oftalmologista especializada em Retina, Rosane Resende, formada pela UFRJ, definiu a grosso modo o aspecto do olho de um portador de retinose pigmentar. Ela fez uma analogia da retina com o espelho, sendo uma camada preta que seria o epitélio pigmentar e seis camadas transparentes que seria o vidro, porém o olho de uma pessoa deficiente se assemelharia a um espelho envelhecido que fica manchado representando o que seriam os pigmentos, enxergando assim como se fosse um mosaico.

Ainda sem cura, mas com tratamento Os prognósticos para os portadores de retinose pigmentar já foram muito mais pessimistas, já que não há como impedir a progressão da doença. Mas essa perspectiva está sendo alterada, segundo a oftalmologista Rosane Resende. Segunda a médica, se não há como deter o avanço, sabe-se que é possível torná-lo mais lento. “Há alguns anos, tínhamos uma projeção muito mais pessimista do que ela é. Hoje, sabemos que a progressão pode ser lenta e a manutenção da visão no final da vida ainda é maior do que se programava”, explica. Resende alerta que é necessário levar a sério o cuidado com a saúde, considerando os melhores hábitos de vida como a não ingestão de destilados, a prática de atividades físicas, alimentação saudável e alimentos que contenham a vitamina A. De acordo com ela, em alguns dos casos pode ser possível retardar a progressão da doença. As visitas periódicas aos oftalmologistas são de extrema importância, pois com o cuidado médico pode-se descobrir cedo a deficiência por meio dos exames de fundo de olho e o eletroreti-

nograma, e ficar atento a progressão porque em alguns dos casos pode haver uma inflamação discreta, mas com o diagnóstico precoce é possível regredir o quadro através de outros tratamentos. Avanços tecnológicos trazem esperança aos portadores de retinose pigmentar. Pesquisas A oftalmologista explica que existem 183 genes que são capazes de provocar esse tipo de doença promovendo uma manifestação no fundo de olho. Ainda segundo ela, estão em testes clínicos a colocação de uma cápsula dentro do olho denominada “Terapia de Células Encapsuladas”, que liberam uma substância capaz de estimular a produção de novas células cones e bastonetes melhorando a sobrevida. Esta já foi autorizada pelo FDA (Food and Drug Administration), nos Estados Unidos, mas ainda não está à venda. A “terapia gênica”, outra forma de tratamento, está em evolução acelerada. Temos uma grande gama de doenças sendo testadas como o Rpe65, Aumorose congênita de leber, Lca5, market que é

um gen responsável por afetar quase 30% de todos os tipos de retinose, ABCA4, que dá vários tipos de manifestações oculares e também já está em teste clínico e para a alegria dos portadores, estes testes estão avançando positivamente. Para se fazer a terapia gênica é necessário que o paciente faça o mapeamento genético, que é feito nos EUA e na Alemanha, para que sejam descobertos o tipo de gene e em seguida, sendo consciente do resultado, possa se tratar. Outro tratamento que está em voga e existe uma grande esperança são as conhecidas “células tronco”; a doutora Rosane explica que a “simples aplicação das células tronco nos olhos não funciona, pois elas podem se diferenciar potencialmente em qualquer tipo de célula, porém nas mais simples, e não é o caso das células da retina, então estão fazendo uma pré-diferenciação transformando anteriormente as células-tronco em célula de epitélio pigmentar e em seguida é aplicada no olho”. Para o caso de quem já perdeu totalmente a visão e que não seja mais possível recuperar alguma célula, o tratamento

que está se fazendo nos Estados Unidos é o implante de chip eletrônico, porque as células fotorreceptoras recebem a luz e transformam em estímulo elétrico dando a possibilidade de visão mesmo que pouca. O primeiro foi o Argus na Califórnia e hoje temos os Argus II (olho biônico), que tem uma quantidade muito grande de fotorreceptores, de pixels e já está sendo implantado em 24 pacientes nos EUA. Na Alemanha, a empresa Retinal Implant AG também começou a fazer o implante do chip com a recepção de 1500 pixels, o que já dá capacidade de leitura mesmo que seja em um campo restrito, mas já dá a possibilidade de se ver alguma coisa também. A oftalmologista Rosane se mostrou muito positiva e acredita que em cinco ou seis anos já existirão notícias bem definitivas para um possível tratamento para a retinose pigmentar. Acontecerá na capital da França, nos dias 28 e 29 de junho o 18º Congresso Internacional da Retina, que trará novidades dos avanços tecnológicos e possíveis tratamentos.


Cultura  •  07

Editor e diagramador da página: Bruna Oliveira

O Ponto

Belo Horizonte, 29 de maio de 2014

‘Solto a voz nas estradas’

Pai e filha criam projeto musical para espalhar cultura e música pelas ruas de cidades da América do Sul Foto:Bruna Oliveira

Chico Rocha e Isadora Rocha cantam nas praças de BH às quartas-feiras e na feira Hippie aos domingos, além de se apresentarem em outras capitais Bruna Oliveira 1º Período

“Meu pai já fez várias coisas na vida dele e nunca foi feliz, ele só é feliz quando estamos tocando juntos.” bebida, então a gente resolveu tocar na rua porque é o projeto que a gente tem. Porque a pessoa que para pra te ouvir na rua é uma pessoa que realmente gostou do som.” O projeto chamado ‘Faca Amolada, Pai e Filha no olho da rua pela cidade’ tem como objetivo levar cultura e uma música de qualidade para as ruas. O projeto não conta com nenhum tipo de patrocínio, apenas com o dinheiro arrecadado. As apresentações acontecem em Ouro Preto, Mariana, Sabará, Rio de Janeiro e outras cidades do Brasil e da América do Sul. A divulgação do projeto e da agenda da dupla é feita pelo Facebook, Twitter e Youtube. Eles comentam também sobre o público e o reconheci-

mento: “Isso não incomoda de forma alguma, é por isso que a gente está aqui, para ficar conhecido. Filmar, tirar foto, pode falar com todo mundo, pode colocar na internet, não incomoda em nada. É para isso mesmo que a gente está aqui”

conta Chico. “Ter reconhecimento deve ser muito legal, mas eu acho que isso só vai acontecer se eu estiver fazendo um trabalho muito bacana, só se as pessoas gostarem, só se eu merecer, não queremos nada forçado.” afirma Isadora. Foto: Bruna Oliveira

Chico Rocha, 65 anos, de Rio Piracicaba (Região Central de Minas), e Isadora Rocha, 18 anos, de Manhuaçu (Zona da Mata Mineira) trocaram a oportunidade de terem um trabalho convencional, como o de qualquer pessoa, para cantarem nas ruas e nas praças de Belo Horizonte. Isadora conta porque escolheu esse caminho: “Eu tenho 18 anos, fiz vestibular, passei em terceiro lugar para arquitetura, mas não era o que queria, não ia ser feliz e eu já estudava música e continuo estudando. Meu pai já fez várias coisas na vida dele e nunca foi feliz, ele só é feliz quando estamos tocando juntos. A gente só é feliz a partir do momento que faz o que gosta.” Pai e filha ganham a vida com seu sucesso e talento cantando músicas de Elis Regina, Vanessa da Mata, Clara Nunes, entre outros. Apresentando-se na rua há apenas dois meses, possuem bastante história para

contar. Isadora relata: “Uma vez eu cantei uma música da Carmen Miranda ‘Disseram que voltei americanizada’ e uma pessoa pediu ‘Mamãe eu quero mamar’. Teve um dia que nós estávamos tocando na Praça Sete, chegou um piloto de boeing americano, um cara rico pra caramba, sacou um violino e começou a tocar junto com a gente, do nada. Foi até engraçado porque eu não falo uma palavra em inglês e eu consegui falar francês com ele o tempo inteiro.” Além da famosa MPB, a dupla canta em outros idiomas como inglês, francês, espanhol e italiano e confessa que não possuem um estilo musical próprio. Eles cantam desde o folk americano até o jazz, mas gostam de ressaltar que não gostam de músicas clichês que tocam em bares e nem de sertanejo. “Optamos por coisas diferentes” declara Chico. Eles contam qual foi a motivação para tocarem na rua: “O público de bar é muito restrito, nem sempre eles estão lá pra te ver, estão mais por causa da

Pai e filha ganham a vida cantando sucessos de Elis Regina, Vanessa da Mata, Clara Nunes, entre outros


08  •  Esporte

Editor e diagramador da página: Pedro Maia, Guilherme Antunes e Filipe Diniz.

Belo Horizonte, 29 de Maio de 2014

STRIKE!

O Ponto

O atleta conta mais sobre sua trajetória no boliche. O estudante mineiro de 20 anos acaba de ganhar seu primeiro título internacional. Com quantos anos você começou a praticar boliche? Comecei a prática aos 4 anos. Foi onde tudo começou.

Quem foi sua maior influência para o começo da prática?

Não. Quem nos ajuda e o governo.

Qual é seu ídolo no esporte?

Existem patrocínios fortes por trás do boliche?

Em sua opinião, falta infraestrutura para a prática do boliche em BH? Em comparação ao âmbito internacional falta sim. Mas Belo Horizonte, tem uma ótima estrutura. Apenas perdendo para SP e RJ. Mas em contraproposta a escola de boliche mineira e bem melhor, os melhores atletas da última geração estão aqui. Mas ainda tem muito o que melhorar. Esperamos que em 2015 teremos mais um boliche em BH.

O incentivo a prática do boliche ainda e vista como hobby?

HISTÓRIA A história do boliche tem alguma hipoteses. Uma delas é que um arqueólogo teria encontrado, na tumba de uma criança egípcia, um jogo similar ao boliche, que tinha pinos e bolas primitivas. Também foi encontrada por um grupo de arqueólogos, em 2007 uma tumba nunca vista igual. Nessa tumba havia uma espécie de salão de jogos semelhante ao do boliche. O achado foi identificado como da dinastia de Ptolomeu, que durou de 332 a.C. à 30 d.C. No séc. XII surgiu o boliche na grama, porém o esporte ficou tão popular que a prática foi proibida pelo rei Eduardo que temeu que o arco fosse menos praticado e assim enfraquece as defesas do reino. No séc. XIX nos Estados Unidos, o boliche se modificou. Nessa época foi acrescentado um pino no boliche, ficando assim com os 10 pinos que são usados atualmente. Na Europa, em alguns locais, ainda se usa 9 pinos nas partidas de boliche. O boliche é um esporte praticado com uma bola pesada e tem como objetivo lançando a bola por uma pista, derrubar 10 pinos do lado oposto da pista dispostos em formação triangular. Durante a partida,que pode ser jogada em dupla ou individual ou equipes,o objetivo da partida e geralmente em10 jogadas com 2 lances cada,quando um jogador faz strike (derrubar todos os 10 pinos em 1 lance) por 10 vezes consecutivas, têm direito á mais 2 lances, sendo assim o máximo possível de 300 pontos, que é obtido com os 12 strikes.

A CBBOL (Confederação Brasileira de boliche) dá alguma bolsa para atletas?

Meus pais. Eles são jogadores de boliche tambem.

Meu pai, Walter Costa, ele foi o maior jogador de boliche do Brasil, o único a participar de uma olimpíada.

Bruno Costa com seu trófeu conquistado na taça São Paulo

pratica que você não possa viver disso, e considerada um hobbie.

Ainda é vista como um hobbie. Nada que você

No Brasil não. Único patrocínio é o do governo, cobre apenas uma porcentagem da taxa em que gastamos anualmente.

Como é seu treino? Quanto tempo, quantas vezes na semana... ? Treino 4 vezes na semana, 4 horas por dia. Antes de qualquer campeonato, apenas tento manter uma regularidade.

Qual é o sentimento de estar fazendo história em um esporte representando o Brasil? É muito gratificante vestir a camisa do Brasil, trazer bons resultados, ouvir o Hino é muito emocionante. Tomara que venham muitos outros titulos.

Reproduçao: Confederaçao Chilena

O boliche não é um esporte tão famoso. É apenas o 5 esporte mais praticado. Algumas pessoas pensam ate que é apenas um jogo para se divertir aos finais de semana. Mas para o jogador da seleção Brasileira, aluno de jornalismo, da Universidade Fumec, Bruno Soares Costa, além da diversão, ele encara como trabalho também. Ele acaba de ganhar três pratas (individual, duplas e másters) e dois ouros (tercetos e all events) no Sul – Americano de boliche, realizado em Santiago, Chile. Atletas profissionais, esperam que esporte seja incrementado nas olimpiadas, provavelmente onde o país sede seja uma potência no esporte como Ásia e Estados Unidos. Bruno Soares Costa, nasceu em Rio De Janeiro no ano de 1994. Logo aos três anos veio para Belo Horizonte pois era onde sua mãe nasceu. Vindo de uma família onde a geração de seu bisavô, avô e pai, foram jogadores de boliche, e pioneiros no esporte aqui no Brasil. Seu pai gerenciou quatro boliches em vários estados do país. Que acabou conhecendo a paixão de sua vida, Jaqueline Costa, sua esposa. Bruno, pretende seguir a profissão de jornalista, mas também conciliar a prática do esporte que ama, e representar o Brasil.

Reproduçao : CBBOL

Filipe Diniz Guilherme Antunes Pedro Maia 3º Período

Bruno em partida pelo sul-americano de boliche no Chile.


Moda  •  09

Editor e diagramador da página: Nádia Schmidt

Por trás do glamour

Desfile do Ronaldo Fraga.

O São Paulo Fashion Week é o evento mais aguardado pelos fashionistas, mas quem trabalha mesmo são os jornalistas.

Foto: Closet Online

Foto: Closet Online

O Ponto

Belo Horizonte, 29 de maio de 2014

Nádia Schmidt 3º Período

Foto: Closet Online

Gisele desfilando.

Eu tenho um segredo pra revelar: a moda não é puro glamour, muitos brindes e fila A nos desfiles. Surpreso? Trabalhar em uma semana de moda não é nada fácil. Quando chega a época, eu penso nas horas de sono que eu vou perder, nos textos que terei que escrever, na fome que eu vou ter que driblar e nos calos dos pés que eu vou adquirir. É pesado, mas vale cada segundo. O São Paulo Fashion Week é o maior evento de moda da América Latina e reúne jornalistas nacionais e internacionais. Nesta temporada, a 37ª edição aconteceu no Parque Cândido Portinari, de 31 de março a 4 de abril. Para trabalhar com moda é preciso largar mão de frescuras e bater muita perna. Os brindes são o de menos quando se vê um trabalho pronto e sendo elogiado. E, por mais que o glamour seja uma pequena parte de todo o processo, é importante saber rir das situações malucas que a moda te faz passar.

O backstage do SPFW. Foto: Nádia Schmidt

O trabalho da Imprensa

Foto: Nádia Schmidt

Valesca Popozuda no desfile.

Eu mostrando minhas olheiras.

Os jornalistas começavam a chegar ao meio-dia, horário em que a sala era liberada, e já escolhiam os lugares para começar a trabalhar. Os veículos mais importantes, como a Folha de S. Paulo, o site Chic (da Glória Kalil), o O Estadão, o R7, o Lilian Pacce e o Arling Grung, já estavam com os lugares indicados por placas, enquanto os outros veículos brigavam pelos os que sobravam. A sala de imprensa do SPFW é grande, organizada e bem preparada para receber os profissionais. A comida é servida a partir das 16 horas e era necessário ir preparado para o frio do ar condicionado. Os jornalistas se espalhavam para concluir as pautas, que eram selecionadas antes do evento. Às vezes, alguma notícia aparecia de surpresa, então eles se reorganizavam para conseguir as informações. Enquanto alguns repórteres ficavam fora da sala de imprensa visitando os lounges, entrevistando pessoas comuns ou celebridades, tirando fotos e conhecendo o espaço, outros estavam no computador, respondendo e-mails e organizando o material. Todas as redes sociais eram válidas, como a fanpage, instagram e o twitter. O público queria informação na hora!

A correria

Os desfiles

Nenhum detalhe podia ser deixado de lado. O tempo para comer e ir ao banheiro era pouco e, enquanto uma pessoa ia ao backstage entrevistar os maquiadores e as modelos (ou as celebridades convidadas), alguém já estava correndo para a fila do desfile. Era preciso tomar cuidado! Os corredores do SPFW são um verdadeiro Big Brother, captando os seus piores momentos. Descobri que apareci, ao vivo, em um canal de TV, comendo um pedaço de pão com muita vontade! Na sala da apresentação também aconteciam entrevistas com os convidados das marcas e fotos de quem estava presente na fila A. Os jornalistas anotavam os detalhes e postavam imagens nas redes sociais dos veículos. Eram várias tarefas ao mesmo tempo. Alguns estilistas fizeram hangouts após o desfile, como o mineiro Ronaldo Fraga, que os recebeu no backstage para entrevistas. Era uma pequena confusão, mas cada profissional sabia respeitar o trabalho do outro, esperando a sua vez para conversar com ele. Fotógrafos também participaram.

Alguns desfiles eram disputados a tapas, como o da Colcci, já que a modelo Gisele Bündchen participou da apresentação. Por sorte, eu consegui um convite e pude assisti-lo. Depois de ficar com a autoestima pra baixo com a beleza da modelo, já sai correndo para a sala de imprensa para redigir a matéria. O meu papel era escrever as resenhas dos desfiles, o que precisava ser feito o mais rápido possível. Caso o veículo não fosse convidado pela marca, o jornalista tinha que esperar a assessoria distribuir todos os convites para contar os lugares que sobraram. Os assessores são rígidos e selecionavam muito bem quem podia entrar ou não. Alguns conseguiam assistir ao show em pé, na última fileira. Mas não importava, o que valia era a matéria pronta. Todos os dias, o último desfile era às 21 horas, mas, como o tempo passava muito rápido no evento, o cansaço só chegava quando as tarefas já haviam sido feitas. Aos poucos, os jornalistas iam embora e alguns só se davam conta que era hora de terminar o expediente quando a equipe de organização do SPFW desligava o ar e já trancava a sala. A reunião de fechamento era feita ali mesmo, antes de todos irem para casa e esperar o próximo dia.

Como sobreviver a uma Semana de Moda Leve um casaco pesado, como se fosse passar uma temporada de inverno no Canadá. Se o evento é verão 2015, dentro da sala de imprensa é inverno 2015.

Faça amizade com outros jornalistas. Um “Me empresta o seu release por dois minutos??” já é um bom começo.

Quando a moça do lanche passar, pegue o maior número de coxinhas que você puder segurar em uma mão. Você nunca sabe quando será a sua próxima oportunidade de comer.

Fique atento `as câmeras nos corredores. Elas estão em todos os lugares e podem te filmar em situações desagradáveis.

Não deixe para ir ao banheiro minutos antes de uma tarefa. As filas são enormes.


10 • Comportamento

Editor e diagramador da página: Taynara Cristian

Belo Horizonte, 29 de maio de 2014

O Ponto

Créditos: Taynara Cristian

Artesã Mineira cria bonecas quase reais A paixão por bonecas que vem desde a infância fez a artesã Cássia criar réplica de bebês que impressionam TAYNARA CRISTIAN 3º PERÍODO

Algumas das bonecas das coleções da Artesã Cássia

Créditos: Taynara Cristian

Uma paixão que vem da infância, diz Cássia

Créditos: Taynara Cristian

Para a criação dos bebês reborn é comprado apenas um kit com os braços, pernas e cabeça e o resto da montagem é todo artesanal

De longe ou de perto, quem vê fica sempre na dúvida: têm cara de recêm-nascido, respiram, usam fraldas, tomam banho, chupam chupeta e têm batimentos cardíacos ou até mesmo falam. Tudo leva a acreditar que é um bebê. Mas o que poucas pessoas sabem é que são apenas bonecos hiperreais feitos pela artesã mineira Cássia Robini Pimenta, 21 anos, utilizando uma técnica canadense chamada baby reborn, que em Português significa “bebê renascido”. O amor por bonecas levou a artesã a fazer um curso básico de apenas três dias para aprender a criar esses modelos quase reais. Quando questionada sobre o que motivou suas criações, ela relata: “foi paixão à primeira vista. Depois de ver pela TV uma artista reborn apresentando os bebês, fiquei encantada, daí partiu a vontade de ter um, o que deu início a uma pesquisa que durou quatro anos para a escolha da boneca real”. Cássia diz que não é necessário apenas ter o dom, mas sim amar o que faz, como em qualquer outra profissão. Para a criação dos reborn é comprado apenas um kit com os braços, pernas e cabeça e o resto da montagem é todo artesanal. É necessário um banho de detergente nas peças compradas para retirar a gordura de fábrica, e a partir daí começa o processo de pintura. Depois deste processo, as peças vão para um forno a 125C durante cinco minutos, as veias são desenhadas os olhos colocados

e é preciso costurar o cabelo. Após a montagem é só colocar as roupinhas. Os bebês são tão reais que confundem as pessoas pelas ruas, como foi o caso de Leticia Alves, 32 anos, arquiteta. “Fiquei encantada com tamanha semelhança com um bebê de verdade; se eu visse alguém passando com um boneco desse no carrinho, sem dúvidas pensaria que era relamente um bebê“, comentou. Detalhes A semelhança impressiona. O trabalho de Cássia é muito detalhista com os traços do rosto e dos membros, os bebês tem até batimentos cardíacos, para isso é colocado um aparelho para se movimentar na altura do peito e emitir os ruídos. O trabalho é demorado e leva até três semanas para apenas um boneco ficar pronto. O custo mínimo do produto é de R$ 1,5 mil. As bonecas são quase iguais a uma criança de verdade só não reclamam quando estão com fome. Algumas pessoas tratam os bebês reborn como se fosse uma criança, os cuidados são idênticos. Muitas mulheres os adquirem pelo fato de querer guardar uma lembrança da infância de seus filhos. “Melhor coisa que foi inventada é esse boneco. Sempre gostei de bonecas, cheguei a fazer uma coleção com 130 itens, e tive que fazer um quartinho somente para colocá-las, pois no meu quarto já não cabia mais nenhuma”, diz Maria Sores, advogada, 29 anos. “Tentando relembrar momen-

tos de quando meu filho era bebê, comprei esse boneco, que não deve ter acontecido somente no meu caso, mas também de várias mulheres que hoje já tem filhos adolescentes. Sinto muita falta da época em que meus filhos eram bebês”, continua ela. A mãe de Cassia fala emocionada sobre a profissão da filha. “O amor da minha filha por bonecas e pelos bebês reborn, acabou que não contagiou somente ela, mas sim a família, vizinhos, colegas e amigos. A cada dia que passava víamos a dedicação, o esforço, e o mais importante, que é o amor que ela sente pelo que faz, que na minha opinião, é um trabalho muito lindo”, observa. Construído a partir de produtos plásticos que simulam uma pele suave, essas bonecas, de criação de vanguarda, dominaram a indústria e foram distribuídas em escala mundial. O vinil é o material utilizado pelos designers para incluir traços humanos realísticos nas miniatura, tornando os bebê quase reais. Como resultado dessa importância crescente do bebê reborn, muitas empresas agarraram o modismo para seu ganho, criando o “vinil boneca reborning”, kit composto por membros do vazio de vinil, acessórios, juntamente com outros componentes utilizados para a elaboração. Guias, material de leitura e até mesmo cursos exclusivamente focados em marketing e oferecendo técnicas para criar os bonecos mais reais são disponibilizadas pelos fornecedores e reborners qualificados em todo o mundo.

Créditos: Cassia Robini

O que é bebê reborn?

Muitas mulheres querem o boneco bebê reborn pelo fato de querer guarda uma lembrança da infância do filho

Reborn é uma palavra inglesa que significa “renascer” e é usada para definir a arte de transformar bonecas comuns em bebês que parecem reais , pois as bonecas “renascem” nas mãos dos artistas. O costume de reformar bonecas se iniciou na Inglaterra, no período pósguerra, quando as mães empobrecidas e sem condições de dar brinquedos aos filhos, passaram a reciclar seus próprios brinquedos antigos da infância para oferecê-los às crianças. No caso das bonecas, que eram então de porcelana, as senhoras as reformavam totalmente e lhes davam novas cores, cabelos e roupas. Os materiais se modernizaram e com eles as técnicas também. Um bebê reborn hoje pode ser feito de vinil , silicone ou liga de vinil com silicone , e geralmente tem corpo em tecido com peso e enchimento macio. Os cabelos costumam ser de lã retirada de um animal chamado moar (mohair), que vive no Tibet. Também pode ser de seda, microfibra ou acrílico.


Política  •  11

Editor e diagramador da página: Janderson Silva - 3º Período

O Ponto

Belo Horizonte, 29 de Maio de 2014

Ferida de 50 anos

Palestra para “descomemorar” os 50 anos do Golpe Militar brasileiro expõe feridas de contemporâneos e a militância de jovens que não vivenciaram a época, mas que buscam o resgate da história

“Uma noite que durou 21 anos”. Assim foi descrito o período da ditadura que se seguiu ao golpe civil-militar de 1964, pelo deputado federal Nilmário Miranda (PT/MG). Ele participou, com outros militantes da resistência à ditadura, de um debate realizado na Fumec para “descomemorar” a data. Além de Nilmário, participaram do evento Pedro Rabelo, filho do jornalista José Maria Rabelo, editor do antigo jornal O Binômio e Gildásio Consenza, militante do PC do B, atualmente funcionário da Prodabel. A mesa foi mediada pelo jornalista Ricardo Rodrigues, editor-adjunto de política do jornal Hoje em Dia. Os palestrantes deram depoimentos sobre a época, a partir da experiência da militância política contra a ditadura. Renan foi o representante da nova geração, que não vivenciou o período, mas que milita hoje na defesa do resgate da história. “Memória, verdade e justiça” é o lema de uma das bandeiras políticas do Levante Popular da Juventude, explicou Renan, fazendo referência ao apoio dado pelo Levante aos trabalhos da Comissão da Verdade. Ao final do evento, a reportagem de O PONTO entrevistou o deputado Nilmário Miranda, contemporâneo à ditadura que viveu os atos de perseguição, tortura, constrangimento, censura e outras atrocidades que ocorreram no período. Nilmário falou sobre o que pensa a respeito da Lei da Anistia, a censura e o monopólio dos meios de comunicação e a participação juvenil em atos que ainda insistem na história não contada.

Que pensa o senhor sobre os militares que foram envolvidos na ditadura militar do Brasil e que ainda não foram julgados por os crimes feitos, sabendo que em outros países da América Latina já se está fazendo isso? Cada pais tem um modelo de transição diferente, não se pode comparar um país com outro. A Lei de Anistia no Brasil foi enviada ao congresso na ditadura pelo general Figueiredo que foi o último presidente do regime militar. Tem que saber também que era um congresso feito com regras da ditadura, regras para manter uma maioria para a “Arena” que era o partido governamental e o outro partido que era o “MDB”. A Arena tinha montado uma maioria política que ainda de ter menos votos eram maioria, dos 21 estados que haviam na época, cada estado teria um senador biônico escolhido por eles não eleito pelo povo. Tudo isso para poder ter anistia que favorecesse a própria ditadura. Não existe isso na história recente da civilização, anistia é um instituto para os perseguidos, nunca para quem fez a violação dos diretos humanos em nome do estado. Foi o Brasil que criou anistia para auto anistia. Anistia para torturados, Argentina fez, Uruguai, Chile, Paraguai, Bolívia. Aqui no Brasil a lei foi ambígua porque graças à anistia milhares de exilados, pessoas que viveram na clandestinidade, pessoas que estiveram pressas todas puderam sair, todas puderam voltar a ter direitos políticos. Todas essas pessoas voltaram ao Brasil. Argentina fez, Alfonsín fez isso com a “Lei de obediência de vida e ponto Final”.

Foto: Joanna Del Papa

Janderson Silva 3º Período

A palestra aconteceu no auditório da FACE para alunos, professores e público externo Por outra parte o Brasil também fez um programa de reparação econômica que faz o estado brasileiro pelo desaparecimento de milhares de pessoas, mas não pode tocar a impunidade dos torturadores. Por isso se criou uma comissão de anistia da que faço parte desde 2001 que já concedeu mais de 60 mil casos de anistia, reintegração ao trabalho, reparação econômica, onde o estado pede desculpa à pessoa pelos danos que ocasionou. Também começou a comissão da verdade. O que teria que acontecer é que o congresso conceda uma nova lei, mas não neste momento, acho que mais adiante pode acontecer. Seria bom fazer uma reforma na Lei de Imprensa do Brasil para que se tenha mais liberdade de expressão e que não este manejada por um monopólio?

A constituição disse que não pode haver propriedade cruzada, uma mesma empresa não pode ser dona de jornal, televisão e rádio. Já tem a lei o que se pretende é aplicar a constituição, mas não se consegui. Não se consegui porque dentro do congresso mais de 100 deputados são concessionários de televisão e eles reproduzem a Globo, Record, RedeTV, ou a SBT, um dos quatro grupos monopolistas, que são muito poderosos. Saiu uma lista dos bilionários brasileiros e o quarto, quinto e sexto lugar são da família Marinho. Uma pessoa vai pra uma banca de revista e 40% das revistas são da empresa. As pessoas tem medo de enfrentar a Globo pelo poder que ela tem. Os poucos que falam sobre isso ficam fora do mundo da notícia. Tem muitas pessoas que querem enfrentar isso, mas não tem apoio no congresso.

O senhor pensa que deveria haver mais organizações juvenis do tipo do Levante para promover a luta contra a impunidade e a tortura? Isso cresceu muito nos últimos anos. Acho que o estado deve promover os direitos da cidadania, espaços de memória e verdade, responsabilizar os torturadores. Está havendo um movimento nacional, de juristas, estudantes de direito, artistas, advogados, intelectuais. O Levante foi uma novidade boa que surgiu de uma juventude que não viveu nada disso, que não é parente de desaparecidos, mas sabem a importância que isso tem para a democracia, então é importante a entrada de este tipo de organizações para o Brasil. Trouxe um ar fresco, um vento novo para a luta contra a impunidade dos torturadores e para a revisão da lei de anistia.

Orvil: Tentativas de tomada do Poder Depois de 50 anos do Golpe Militar, livro sobre a versão oficial dos militares para o golpe foi reeditado Bruno Costa Thiago Drummond 3º Período A publicação de Orvil (livro, escrito ao contrário), segundo o general reformado Geraldo Luiz Nery da Silva, autor do prefácio, é uma reação à criação da Comissão Nacional da Verdade. “Releva enfatizar neste prólogo que os revanchistas da esquerda que estão no poder, tiveram a petulância de criar com o conluio de um inexpres-

sivo Congresso, o que ousaram chamar de comissão da verdade”, conforme depoimento dado pelo general durante o lançamento do livro. O milagre econômico orquestrado pelo ministro Delfim Neto, alavancou o crescimento do país e seu Produto Interno Bruto (PIB) a taxas anuais de 10%. A resistência ao golpe a partir do ato institucional número 5 o AI -5 se deu com a organização de guerrilhas armadas e do sequestro de per-

sonalidades diplomáticas como o embaixador dos Estados Unidos. Uma oposição moderada ao regime era feita pelo MDB, partido que congregava candidatos com vârios discursos até 1981, quando da promulgação da Lei de Anistia e da revogação do bipartidarismo pelo então presidente general João Baptista Figueiredo. Tal revogaçåo abriu espaço para o ressurgimento de antigas legendas como PTB, UDN, PT, PSDB,PMDB o que em um

primeiro momento fragmentou a oposição ao golpe. A campanha da Diretas Já em 1984 evidenciava que o desejo popular de eleger diretamente o presidente do país mas, a população só conseguiu isso em 1990 e com a Assembleia Nacional Constituinte em 1988, a Constituição Cidadã que garantiu as liberdades individual e de imprensa e acabou com os dispositivos autoritários dos atos institucionais criados pelos militares.

Orvil:Tentativas de tomada de poder. Editora Schoba, 925 páginas, R$ 72,90


Editor e diagramador da página: Paulo Madrid - 2º Período

RESENHA

R

O Ponto

O náufrago e a tormenta A tormenta não causou o náufrago, mas o náufrago causou uma tormenta Paulo Madrid 2º Período Terminei de ler “Relato de um náufrago” (Gabriel García Márquez, Editora Record, 143 páginas) um dia antes da morte de Gabriel García Márquez. Quando soube do falecimento, reli a obra. Não sei exatamente por que. Simplesmente senti que era o certo a fazer, a melhor homenagem que eu poderia prestar-lhe naquele momento. Gracias, Gabo. Descansa en paz. Formado em jornalismo, o escritor colombiano passou a maior parte de sua vida no México. É um dos mais reconhecidos autores do século XX, sendo considerado o principal representante do “realismo mágico”, corrente literária que tem por principal característica o entendimento de elementos surreais como parte da realidade pelos personagens. Seus escritos mais aclamados são: “Cem anos de solidão”, “O amor nos tempos do cólera”, “Crônica de uma morte anunciada” e “Memórias de minhas putas tristes”, além do próprio “Relato de um Náufrago”, a ser analisado aqui. García Márquez recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1982, pelo conjunto de sua obra. Em 28 de fevereiro de 1955, oito tripulantes do destroier Caldas, da Marinha colombiana, caíram no mar. Luiz Alexandre Velasco, único sobrevivente do desastre, chegou à redação do jornal “El Espectador” um mês depois, oferecendo sua história. Os responsáveis pelo jornal hesitaram. Àquela altura, a ditadura colombiana comandada por Gustavo Rojas Pinilla já havia explorado o caso

ao máximo, e Velasco era herói nacional. Ainda assim, o editor-chefe fechou o trato com seu ilustre visitante. Feito isso, Gabriel García Márquez, na época jovem repórter, relatou tudo que o marinheiro lhe disse, depois de 20 sessões de seis horas diárias. Logo no quarto dia de trabalho, a grande surpresa: não houve tormenta. O náufrago ocorreu porque as mercadorias contrabandeadas se soltaram e derrubaram os homens no mar. Por conta do excesso de peso o navio não pôde voltar para resgatá-los. Claro, isso supôs um revés para o governo ditatorial. Posteriormente, Velasco conta o que aconteceu após a queda. Uma vez na água, ele foi o único a sobreviver, principalmente por ter sido o único a alcançar uma balsa. Ele passou 10 dias no mar. Nesse meio tempo, viveu a expectativa do resgate algumas vezes ao avistar aviões, recebeu a visita diária dos tubarões sempre às cinco horas da tarde, brigou com um deles por um peixe, tentou comer uma gaivota e bebeu água salgada. Sobreviveu a níveis extremos de exposição ao sol, fome, sede e solidão até conseguir finalmente alcançar a Costa colombiana. Sob vários aspectos, “Relato de um Náufrago” é uma obra interessante, informativa e instigante. Curiosamente, o livro é narrado em primeira pessoa. Segundo o autor, “porque nos pareceu justo (...) resolvemos escrevê-lo na primeira pessoa e assinado por ele (Velasco)”. Esse recurso conferiu mais realismo e emoção à narrativa. Quando da leitura do relato, uma boa ideia é colocar-se no lugar do narrador, para entender melhor quão heroica foi a sua sobrevivência. Por uma ou duas vezes, Velasco até pediu para morrer, mas sua

vontade de viver e seu instinto de sobrevivência eram implacáveis. O terceiro ponto que torna a obra recomendável é o fato de se tratar de um livro-reportagem que tem como principal objetivo fazer uma denúncia contra a ditadura colombiana, que acusou o golpe. Tanto é que, após a publicação deste relato, Velasco deixou de ser herói, Gabriel García Márquez foi exilado, e o jornal “El Espectador” foi fechado. Por último, a destacar que este é mais um dos escritos em que García Márquez aborda a temática da solidão, tão bem entendida e utilizada por ele durante toda a sua carreira. Infelizmente, Gabo ya no está. Y esta soledad en que nos deja su marcha, nadie podrá entender.

A tragédia da impunidade Carolina Mercadante 3º Período José de Jesus Louzeiro nasceu em setembro de 1932, em São Luís do Maranhão. Aos 16 anos já era jornalista e por 20 anos trabalhou como repórter policial. É autor de 40 livros e criador, no Brasil, do gênero romance-reportagem. Em “Aracelli, meu amor”, José Louzeiro fala da impunidade durante a Ditadura Militar, mostrando como o simples fato de ter poder evitou que os acusados de um crime hediondo não foram punidos. Este crime, e muitos outros acontecidos durante a Ditadura Militar foram encobertos. Vitória (Espírito Santo), 18 de maio de 1973: Aracelli Cabrera Crespo, 8 anos, filha de Gabriel Crespo e Lola Sanches, saiu para a escola e não retornou mais para sua casa. Seu corpo foi encontrado seis dias após seu desaparecimento. Houve a comprovação de que a menina foi mantida por 2 dias em cárcere privado, no porão e no terraço do Bar Franciscano, que ficava perto de sua escola, e pertencia à família Michelini. Tudo sendo de consciência de Dante Michelini, pai de Dantinho, um dos suspeitos. Os acusa-

dos estavam sob efeito de barbitúricos, e teriam lacerado a dentadas nos seios, parte da barriga e a vagina de Aracelli. Eles mantiveram o corpo sob refrigeração, jogaram-lhe um ácido para dificultar a identificação do cadáver e jogaram seus restos mortais em um terreno, próximo ao Hospital Infantil. Os suspeitos do crime, Paulo Helal (Paulinho) e Dante Michelini Júnior (Dantinho) eram pertencentes à famílias respeitadas do Espírito Santo. Dante Michelli (pai de Dantinho) era influente junto ao regime militar. Eles eram conhecidos na cidade como usuários de drogas que violentavam meninas menores de idade. Foram responsáveis, além disso, pela morte de uma guarda de trânsito que havia lhes parado. Jamais foram condenados. Ao ler o livro senti uma certa indignação, pelo fato dos acusados não serem presos por integrarem famílias poderosas, por terem grande poder econômico. E isso me fez buscar mais sobre o assunto. Descobri que Rita Camata, atuando como presidente da Frente Parlamentar pela Criança e Adolescente da Câmara dos Deputados, propôs um projeto de lei

estabelecendo o dia de morte de Aracelli como Dia Nacional do Combate ao Abuso e Exploração de Crianças a Adolescentes. O projeto virou a Lei N 9.970, e desde então existem atividades em todo o país para conscientizar a sociedade e as autoridades sobre a gravidade dos crimes de violência sexual cometidas em menores.


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