Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social Ano 13
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Número 86
| Abril de 2012
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Belo Horizonte / MG
Distribuição gratuita
Era uma vez, no jornalismo esportivo
Profissionais da comunicação comentam sobre os novos rumos da cobertura esportiva no Brasil Págs. 8 e 9
Um dia de Repórter do Jornal O Ponto vivencia a rotina de vendedores ambulantes que comercializam bebidas e alimentos em eventos
Pág. 3
Bruno Nascimben, 1985
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Vida sem carne
Arte: Diego
Duarte
Os desafios do dia a dia de quem faz do vegetarianismo um estilo de vida
Isabel Guimarães, Gilbert Campos, Emanuel Carneiro e Alexandre Simões, ícones do jornalismo esportivo mineiro
Pág. 5
A batalha pelo espaço
Max Gehringer: do chão de fábrica à presidência
A criminalização de eventos organizados em redes sociais instiga polêmica sobre a utilização de locais públicos na capital
Um dos mais conceituados administradores do Brasil relembra sua tragetória de ascensão no competitivo mundo corporativo
Pág. 7
Pág. 15
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Foto: Franco Serrano
02 • Opinião
Editor e diagramador da página: Lucas Rage - 7º Período
Belo Horizonte, abril de 2012
O Ponto
Britney Spears tem mais moral que o Enem? EMILIO FONSECA 8° PERÍODO O ritmo das discussões nas redes sociais é interessante. Os amigos, seguidores e fãs curtem e cutucam uns aos outros de forma dinâmica e imprevisível. Quando o assunto é polêmico, o papo esquenta. E o jornalista Marcelo Tas é mestre em colocar lenha na fogueira. A fan page de Tas no Facebook é um exemplo de como transformar colaboração em jornalismo. A partir de comentários sobre política, esporte e notícias factuais, o jornalista interage com os internautas e promove grande debate sobre temas atuais. Com isso, aproveita um grande potencial das redes sociais: interatividade. Estatísticas da rede social apontam que mais de 550.000 pessoas curtem a página de Tas e outras quase 50.000 participam das conversas. Em 10 de novembro de 2011, Marcelo Tas postou uma de suas frases polêmicas: “A turminha que chega com antecedência de 15 dias ao show de Britney Spears é a mesma que chega 15 minutos atrasada ao ENEM?”. Mais de 7.250 pessoas curtiram, quase 1.200 compartilharam e cerca de 930 comentaram. A maioria concordou e ampliou a crítica, lembrando as falhas do Exame Nacional do
Ensino Médio e a limitação da cantora, que faria o show com base em playback. Outro comentou que, ao contrário do ENEM, pelo menos o show não é cancelado. Houve ainda aqueles que não concordaram com Tas. Um chamou o jornalista de preconceituoso, mas não explicou por quê. Outro defendeu a cantora, que teria mais moral que o ENEM. Pede pra sair, fanfarrão A frase “Sarney, na boa, cara, até o Berlusconi se tocou... Seja homem, coragem!” foi publicada em 12 de novembro. O ex-primeiro-ministro da Itália havia anunciado que renunciaria ao cargo após 17 anos no poder. Mais de 6.000 pessoas curtiram e outras 1.300 compartilharam a frase. Apenas três dias depois, havia cerca de 550 comentários. Os internautas concordaram e aplaudiram. Teve gente que fez uma analogia com o caso do ministro dos Transportes Carlos Lupi, que disse sair do cargo só “abatido a bala”. Outros brincaram com a situação: “o véio trupica mas não cai”, “pede pra sair, fanfarrão”. O importante não é o teor dos comentários, mas a repercussão da notícia, que não se limita ao ponto final do texto elaborado pelo jornalista. A internet é um
As correntes políticas na sociedade em rede ANA CECÍLIA CARNEIRO VICTOR DUARTE 7º PERÍODO Quantos caracteres são necessários para modificar ou derrubar um governo? Se pensarmos nos fatos recentes, cerca de 140 caracteres bastam. As redes sociais estão atuando de maneira essencial em favor da democracia. Desde a difusão da internet e dos principais sites de relacionamento (Twitter, Facebook, Myspace, Orkut, Wikipedia, Wordpress e etc), governos autoritários vêm sendo cada vez mais questionados, culminando, em alguns casos, na queda de seus ditadores. Um dos primeiros precedentes de protestos virtuais aconteceu na China, em 1989, através uma série de manifestações contra o Governo exercido pelo Partido Comumista, considerado repressivo e corrupto. Liderados por estudantes da República Popular da China, os movimentos consistiam em protestos e marchas pacíficas pelas ruas do país. A cena clássica de um homem em frente a um tanque foi capturada durante um dos dias desse acontecimento, no qual 10 mil pessoas saíram feridas. O governo, como não podia ser diferente, tentou abafar o ocorrido, expulsando a imprensa estrangeira e controlando a cobertura chinesa dos fatos. No Egito, o microblog Twitter foi peça fundamental para a derrocata do ditador Hosni Mubarak, no poder por 30 anos. Manifestações em todo o mundo fizeram com que o assunto figurasse entre os “trending topics” (tópicos mais falados e acessados do microblog). Após o episódio no Egito, outros países aderiram à ideia, opondo-se a ditadores através da internet, como na Líbia. O ditador Muamar Kadafi, no poder há quase 42 anos, sofreu duras repressões na rede até ser deposto (e morto) pelo povo. O ditador chegou a proibir o acesso a alguns domínios devido às grandes proporções que os manifestos vinham tomando. Hugo Chávez, presidente da Venezuela, socialista convicto, tem um perfil oficial no Twitter (@chavezcandanga), no qual se intitula “Soldado Anti-imperialista”. O intuito é desafiar seus opositores, além de convocar
os seus militantes a postarem mensagens a favor do seu governo e silenciar a oposição. Em muitas mensagens postadas no microblog, o próprio Chávez tece elogios ao governo – o dele mesmo, é claro! “Em alguns países da América Latina candanga significa demônio, mas na Venezuela utiliza-se para definir alguém forte, explosivo ou que gosta de se meter em problemas. Em definitiva, alguém que gosta de guerra”, afirmou o ditador em entrevista, explicando a escolha do nome de seu perfil. Já Cuba foi além, criou a sua própria rede social, uma espécie de “Wikipédia Socialista”. O Ecured, que conta com 20.000 artigos, obviamente tendenciosos. No portal, a página sobre o presidente dos EUA, Barack Obama,é claramente opinativa, ressaltando o não entendimento entre as duas nações. Já na página do ex-presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, “aliado” de Cuba, o que não faltam são elogios. “Juntamente com líderes latinoamericanos como Hugo Chávez e Fidel Castro, tem enfatizado que o abuso foi cometido sempre pelas potências imperialistas na América Latina”, descreve o site ao citar Lula. Seguindo o mesmo exemplo, a Coreia do Norte criou um perfil de sua agência de notícias oficiais no Twitter, o que em si já figura uma contradição,uma vez que o site é bloqueado no país. O perfil (@uriminzok) possui apenas 10.000 membros. A ideia é tentar mostrar o quanto o governo do país é “positivo e superior” aos outros. Na China, todos os tipos de sites de relacionamento, redes sociais e agências de notícias foram banidos, e o governo desenvolveu o seu próprio “Twitter”, o “Red Microblog”, um nome que por si so já traduz seu conteúdo. As redes sociais vêm incomodando (e muito) tiranos e demais governos. Alguns dos ditadores que ainda estão no poder conseguem banir ou bloquear o acesso à internet, ou até mesmo criar as suas próprias ferramentas, mas não estão conseguindo controlar a população . O fato é que a ditadura pode estar com os dias contados, tendo em vista que a luta pela liberdade não se restringe mais ao povo que sofre com esses seres que se denominam “líderes”. Essa luta, mais do que nunca, é global.
espaço com potencial para transcender os limites do jornalismo tradicional. O jornalista não é o todo-poderoso que escolhe aquilo que todos devem saber. Com o crescimento das redes sociais, há mais recursos para troca de informações de forma rápida e ágil, sem filtros. Marcelo Tas vale-se justamente da interação com o internauta para incentivar a troca de ideias, o debate, a exposição de diferentes opiniões. E você? O que acha disso? No ambiente da web, você poderia deixar um comentário logo abaixo deste texto. E outro internauta poderia fazer um comentário sobre o seu comentário. A internet não tem início nem fim definidos. É nesse terreno turvo, espinhoso, delicado e desafiador que o jornalista trabalha. O futuro do jornalismo é colaborativo?
DiEgo Enquanto isso, no Independência. . .
o ponto Coordenação Editorial Prof. Aurélio José (Jornalismo Impresso) Professores orientadores Profª. Dunya Azevedo (Planejamento Gráfico) Projeto Gráfico Dunya Azevedo · Professora orientadora Pedro Rocha · Aluno voluntário Roberta Andrade · Aluna voluntária Logotipo Giovanni Batista Corrêa Universidade Fumec Rua Cobre, 200 · Cruzeiro Belo Horizonte · Minas Gerais Tel: 3228-3014 · e-mail: oponto@fch.fumec.br Presidente do Conselho Curador Prof. Tiago Fantini Magalhães Reitor da Universidade Fumec Prof. Eduardo Martins de Lima Diretor Geral Prof. Antônio Marcos Nohmi Diretor de Ensino Prof. João Batista de Mendonça Filho Diretor Administrativo e Financeiro Prof. Fernando de Melo Nogueira Coordenador do Curso de Jornalismo Prof. Ismar Madeira Monitores de Jornalismo Impresso Diego Duarte e Túlio Kaizer Monitores da Redação Modelo Lucas Rage , Maria Eduarda Ramos e Vitor Komura Tiragem desta edição: 3000 exemplares Jornal Laboratório do curso de Jornalismo
Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento
Cotidiano • 03
Editor e diagramador da página: Lucas Rage - 7º Período
O Ponto
Um dia de:
Belo Horizonte, abril de 2012
Vendedor ambulante
Foto: Renato Mesquita
Na nova série de reportagens do Jornal O Ponto, repórter Túlio Kaizer encarna a profissão de vendedor de bebidas e alimentos em eventos
Em 7 horas de trabalho,Túlio Kaizer sentiu na pele a vida levada por vendedores ambulantes
Foto: Diego Duarte
Foto: Túlio Kaizer
Heloísa Silva Santos vende água, refrigerantes e bebidas alcoólicas na porta de festas e eventos há cinco anos.
“Você tem que estar atento em todos os momentos, não podemos vacilar para não perdermos vendas” Foto: Túlio Kaizer
Heloísa Santos
Márcio Gama Macieira divide o tempo entre seu trabalho no Fórum Lafayette e seu carrinho de sanduíches no fins de semana.
Túlio Kaizer 5º período
Sábado, 10 de março. O relógio marca 19 horas e é hora de começar os trabalhos. Com equipamentos e muita disposição chego ao Chevrolet Hall para acompanhar o trabalho dos vendedores de rua. Dentro da arena, quem se prepara para tocar são os garotos da Turma do Pagode. O evento principal está marcado para as 23 horas, mas, quatro horas antes do show, já se pode observar a aglomeração de pessoas em frente ao local, enquanto os primeiros ambulantes chegam com seus carrinhos, caixas de isopor, bebidas, comida e muita energia para mais uma noite de trabalho. Começo a avaliar as possibilidades de me infiltrar nesse meio, conseguir informações com os vendedores, praticar o ofício. Enquanto eles começam as arrumações, eu observo e converso com as pessoas que passam e admiram a rapidez com a qual os ambulantes se organizam, no intuito de dar início às vendas o mais rápido possível. O estudante de administração Luiz Antônio, 25, inaugura as vendas no dia. Com uma garrafinha de água na mão, o jovem reclama do calor que o incomoda. “Imagina para esse pessoal que está trabalhando aqui. Devem estar se matando para tomar uma água geladinha como essa”, comenta.
Já são oito e meia da noite. O público começa a chegar em peso ao Chevrolet Hall. Os olhos de Heloísa “brilham” ao ver em que várias pessoas nos escolhem para comprar qualquer bebida. “Não tem como calcular o quanto a gente vai vender, depende muito do show, do público e se o pessoal está a fim de comprar as coisas com a gente. Hoje aqui está cheio, a esperança de vender bem é a melhor possível”. A cada minuto, mais eu vendo. Começo a gostar da experiência, mas é hora de partir, buscando trabalhar com algum ambulante que venda alimentos. Logo de cara encontro Márcio Gama Macieira, que trabalha no Fórum Lafayette e é vendedor ambulante nos fins de semana. Ele me dá a oportunidade de trabalhar em seu trailer. Durante os 30 minutos em meu novo ofício, aprendo várias táticas de venda com Márcio. “Você tem que atrair o seu cliente de todas as formas”, diz ele ao levantar a tampa de uma das várias panelas de seu carrinho. O aroma de salsichas e o molho para cachorro quente que invadem o ar são, de fato, irresistíveis. Na opinião de Márcio, a prefeitura de Belo Horizonte não facilita o trabalho dos ambulantes. “Muitas vezes a gente não consegue trabalhar, mesmo com licença. Às vezes é mais fácil trabalhar fora de Belo Horizonte do que na capital”, confessa.
Aos trabalhos Finalmente me preparo para vivenciar o ganha-pão de um ambulante. A primeira pessoa a me dar a oportunidade foi Heloísa Silva Santos, que atua como vendedora ambulante há cinco anos. Vendendo água, refrigerante e bebidas alcoólicas, vou, enquanto trabalho, conversando com ela. Para Heloísa, o trabalho de ambulante é corrido. “Você tem que estar atento em todos os momentos, não podemos vacilar para não perdermos vendas.” Enquanto ela fala, vários clientes chegam pedindo cerveja. O álcool é, por sinal, o campeão de vendas entre os ambulantes. “Vendemos muita bebida alcoólica antes dos shows”, confirma Heloísa. “No final vendemos mais água e refrigerante”.
O show vai começar Como todo bom trabalhador, dou uma pausa no serviço exatamente às 22, horário marcado para o início do show de abertura. Antes de partir, pergunto aos novos amigos o que eles fazem enquanto o show está acontecendo. “Fico aqui, conversando com os companheiros de trabalho e, se pinta alguma oportunidade de venda, procuro aproveitar, porque os casos são raros”, diz Márcio. Heloísa diz que a localidade da arena ajuda, já que, pela movimentação da área, é difícil ficar parado. “Passa muita gente aqui, o tempo todo. Você, querendo ou não, acaba vendendo algumas mercadorias para as pessoas que passam na rua. É muita movimentação, não ficamos aqui parados, pesando na
morte da bezerra”, conclui. Volta à labuta Já passa de uma da manhã quando o show termina. Cerca de três mil e quinhentas pessoas estão prestes a sair pelas portas do Chevrolet Hall, todos famintos e sedentos. E lá estou eu para acompanhar a vida dos ambulantes mais uma vez. Reencontro os entrevistados, eles me contam que o movimento durante o show não foi tão grande quanto o esperado, mas rendeu um troco. Não há tempo para conversar. Em apenas dez minutos de comercialização pós-show, Heloísa vende todo seu estoque de água e refrigerante. “Não tinha costume de vir em shows, e graças a Deus deu tudo certo. Vendi muito bem, principalmente após o show. Só trabalhava em boates, agora passarei a acompanhar shows também, pois é lucrativo”, comenta feliz. Deixando Heloísa arrumar suas coisas para ir embora, encontro-me com Márcio e seu carrinho de alimentos. Para minha surpresa, é impossível conversar com ele no momento. O ambulante - e seus dois ajudantes - não dá conta do recado. O evento, que teve três horas e meia de duração (contando com o show de abertura) acabou dando fome ao público, que consome vorazmente os produtos. Márcio, que não havia vendido tão bem na entrada do show, se diz feliz por ter recuperado o tempo perdido ao final do show. Satisfeito, o ambulante agradece aos céus pela graça alcançada. “Durante o evento estava cabisbaixo, não havia vendido muito bem. Mas Deus iluminou e eu posso voltar para casa satisfeito com as vendas de hoje”. Ao final de tudo, faço as contas e vejo o sacrifício por trás do trabalho de um vendedor ambulante. Cheguei ao evento às 19 horas e só encerrei os trabalhos às duas e quinze da madrugada do dia seguinte, em uma jornada de mais de sete horas. Assim como eu, a maioria das pessoas já comprou algo com um ambulante. De bebidas a salgadinhos, esses representantes do comércio informal se desdobram nas calçadas e ruas da cidade, fazendo do momento de diversão alheia o seu ganha-pão.
04 • Comportamento
Editora da página: Alina Baumgratz - 8º Período/ Diagramador da página: Lucas Rage - 7º Período
Belo Horizonte, abril de 2012
O Ponto
Na era da internet, a busca por atenção adquire novos contornos. Discrição e privacidade são substituídas, hoje, por superexposição nas redes sociais. JOANA MORETZSOHN 7º PERÍODO As celebridades exploram as novas mídias de maneiras interessantes. É cada vez mais comum o uso verborrágico das redes sociais e microblogs como o twitter e facebook por celebridades sedentas de atenção em 140 caracteres ou menos. O posicionamento da atriz e apresentadora Luana Piovani no twitter a mostra prepotente, antipática, metida, grossa e polêmica. Ela está na boca do povo e consegue uma legião de fãs, que adoram suas frases célebres, do tipo: “E daí se eu sou gostosa e você não”. Outro caso que também deu o que falar foi a condenação do ex-namorado Dado Dolabella por agressão. Criticada por lavar roupa suja na rede, a loira não deixou barato e logo mandou uma resposta à altura: “Isso não é lavar roupa suja, anta, é um processo criminal no qual involuntariamente eu represento as milhares de mulheres brasileiras que sofrem agressão”. A sinceridade de Piovani a mantém sempre não só na mídia, mas na boca do povo.
Para Jacques Akerman, psicanalista e professor da Universidade FUMEC, as novas mídias refletem uma face narcísica inerente ao ser humano. “A discussão fica mais complexa na medida em que essas novas mídias ganham lugar no nosso cotidiano. A grande crítica das novas tecnologias é o isolamento criado por elas. Uma característica do Twitter é a
com a hashtag #fetodawanessa.
cem prezar por uma imagem respeitável. Utilizam o twitter para reforçar o perfil de bom-moço. Huck é a celebridade mais seguida e influente da rede, por isso , é
recusa a este isolamento.” Rafinha Bastos é outro exemplo da relação entre polêmica e popularidade no universo digital.O comediante fez declarações em rede nacional sobre a gravidez da cantora Wanessa; a repercussão do incidente reverberou pelas redes sociais e acabou tomando proporções judiciais. O comentário mobilizou os fãs da cantora, do comediante e até quem não tinha nada a ver com a historia deu o seu palpite
Enquanto Rafinha continuava movimentando sua página com comentários como “Eu também não aguento mais ouvir falar de mim”, seu narcisismo era reforçado. Celebridades sem papas na língua e taxadas como “falam o que querem sem se importar com a opinião dos outros”, apesar de controversas, fazem sucesso entre as pessoas que utilizam a rede. Já celebridades como William Bonner e Luciano Huck pare-
comum encontrar mensagens de apoio a desabrigados, incentivo a doações e preservação do meio ambiente. Além disso, Huck mantém uma relação de proximidade com seus seguidores, divulgando sua opinião sobre atualidades e até mesmo sua localização. Em entrevista à Folha de São Paulo, no ano passado, William Bonner contou que o
twitter foi genial para mostrar o contraponto entre a seriedade do Jornal Nacional e a descontração na qual ida com ado dia-a-dia.. A curiosidade do público com aquela personalidade distante é o que move o nicho das redes. Todos gostam de saber o que o ídolo está fazendo, onde, e com quem ele está e o que ele pensa sobre diversos assuntos. O alto grau de influência das celebridades sobre seus telespectadores causa essas polêmicas e levanta questões que vão além de simples comentários de cidadãos comuns. “O interessante do Twitter é que ele provoca uma supervalorização do texto” afirma Akerman “personagens como Rafinha Bastos e Luana Piovani possuem uma imagem que cativa a atenção do público. Independente da relevância, sempre se quer saber o que eles têm a dizer”. A publicização do privado nas rede sociais se torna, hoje, uma cultura que abranje celebridades e anônimos. Se antes desejava-se discrição e privacidade fora da vida artística, hoje famosos usam a estratégia contrária para ganhar popularidade.
Verborragia em 140 caracteres Com o advento das novas mídias, o que está em pauta nem sempre é relevante. Ferramentas sociais como o Twitter amplificam a opinião de personagens e a repercussão da opinião pública.
Editora de página: Maria Eduarda Ramos - 5º Período / Diagramador da página: Lucas Rage - 7º Período
Comportamento • 05
O Ponto
Belo Horizonte, abril de 2012
O PRATO ESTA MAIS Antes taxados de excêntricos, estilos de vida vegetariano e vegano ganham apelo popular e espaço no cardápio belorizontino
erde R
Os movimentos vegetarianos e vegans crescem a cada dia, embora boa parte da população ainda não saiba o que eles são, e até discriminem seus adeptos, em alguns casos, fato é que a “onda verde” já chegou a mesa. É comum escutar alguém que pensa que vegetarianos e vegans apenas não comem carne vermelha, ou que adeptos da dieta só ingerem salada, e até que não há distinção entre os dois grupos. Segundo a American Dietetic Association (2003), a pessoa vegetariana é aquela que não consome carne de qualquer espécie ou qualquer produto que a contenha. No caso dos vegetarianos estritos, os alimentos de origem animal também não são consumidos. Em uma vertente mais radical, o veganismo engloba as características vegetarianas e vai além. Seus adeptos não consomem nenhum tipo de produto de origem animal ou que tenha sido testado em seres vivos. Mesmo com o crescimento desse público, pessoas que se alimentam conforme a dieta ainda encontram muitos obstáculos na hora de comer fora de casa. São várias as dificuldades encontradas por esse grupo, que incluem, entre outras: a falta de opções de alimentos que não possuem carne, a não-garantia de que o produto não contem resquícios de origem animal, sem contar a falta de cuidado de alguns estabelicimentos em manusear e lavar certos ingredientes (saladas e frutas). A publicitária Kátia Soares segue uma dieta sem carne vermelha ou de frango, abrindo exceção para peixes e frutos do mar, algumas vezes. Kátia, vegetariana há 15 anos, fez a escolha por querer ter uma
alimentação mais saudável. A decisão de Kátia não é despida de ideologia. “Sinto pena, e não acho certo matar o animal, destruindo seu habitat para construir fazendas e cria-los de um modo indigno”, diz. A publicitária mantem sua rotina, apesar de conviver diariamente com o fato de que a
com o sofrimento dos animais. O modo de abate dos animais pela indústria alimentícia é uma preocupação constante de Heloísa, “O tratamento dado aos animais, os faz liberar muito stress e adrenalina e a carne acaba absorvendo isso.” diz. Para suprir a falta de nutrientes consequente da ausência de
ainda são poucos, mesmo assim as opções para atende-los existem. “Notamos um aumento da procura de alimentos vegetarianos. Porém o público onívoro ainda traz mais lucro para o estabelecimento, pelo fato de os produtos vegetarianos e orgânicos serem mais caros” explica Fontes. Mas para os adminis-
Foto: http://veganyumyum.com/
HELENA TONELLI 1º PERÍODO
Buscando se adaptar, restaurantes de Belo Horizonte fornecem opções vegetarianas e veganas em seus cardápios escolha dos restaurantes deve ser criteriosa. “Eu já me acostumei a não ter muitas opções, dependendo do restaurante”, conta Kátia. O modo que ela encontrou para garantir que sua alimentação seja saudável e que todos os produtos sejam orgânicos e limpos foi almoçar diariamente em casa. “Existem muitos cuidados que devem ser tomados e que nem todos os lugares tem” ressalta Kátia. Mas tudo isso parece valer a pena, tendo em vista as mudanças positivas relatadas por Kátia, desde quando se tornou vegetariana. Já a diretora de ensino de educação para o trânsito Heloísa Helena, aderiu a dieta há 5 anos. Os fatores que a levaram a decidir foram uma mistura de preocupação com a saúde e
proteína da carne vermelha a diretora tenta comer da forma mais equilibrada possível. “No princípio foi difícil me adaptar pois ainda sentia muita vontade de comer carne. Mas depois me adaptei.” relata Heloísa. Segundo ela dependendo do lugar é difícil encontrar um alimento que esteja incluído na dieta vegetariana, mas ela sempre busca opções mais saudáveis. “A dieta até representa uma economia no final do mês, pois legumes e verduras são mais baratos do que carne” ressalta. Para os administradores da lanchonete localizada em frente a faculdade Fumec, Antônio Fontes e Regina Azevedo é importante atender à um público de gosto plural. Lá os consumidores vegetarianos
tradores o grande diferencial da lanchonete para os adeptos do vegetarianismo, é o fato de haver uma preocupação em oferecer alimentos o mais saudáveis possível, que é algo importante, principalmente, para quem tem que suprir a falta dos nutrientes gerados pela carne. O dono de um restaurante em Fernando de Noronha, Pedro Maia, conta que foram desenvolidos alguns pratos pensando no público vegetariano sem deixar de servir os de praxe da alimentação onívora. Um bom exemplo é o risoto vegetariano que o estabelecimento oferece, muitas vezes pedido até por quem não segue o regime restritivo. No cardápio, ao lado desses pratos têm um símbolo, indicador mundial da dieta vegetariana. “Mesmo
o público vegetariano sendo minoria para o restaurante, o fato de atendê-lo, garante a presença de cada vez mais clientes, inclusive de pessoas que comem carne, mas têm companheiros que não comem e escolhem um lugar que atenda aos dois públicos.”, ressalta Pedro. Luciene Cunha, nutricionista discorre sobre as mudanças na saúde, ocorridas após a escolha do indivíduo de seguir essa dieta , e pontua que “só são positivas quando a pessoa se alimenta bem.” Quanto ao fato de a dieta vegetariana restringir a ingestão de alguns dos nutrientes importantes para o bom funcionamento do organismo, a nutricionista orienta:“Conhecer os alimentos e a sua composição nutricional é muito importante para saber combinar e, assim, assegurar uma alimentação variada e saudável”. Luciene explica também que o regime vegetariano normalmente é rico em carboidratos, fibras dietéticas, vitaminas C e E, entre outros elementos apresentando baixa ingestão de gordura saturada e colesterol. Quanto ao crescimento do número de pessoas adeptas ao vegetarianismo é possível pensar em diversos motivos para tal fenômeno, “A atual preocupação com alimentação saudável tem suas raízes algumas décadas atrás, quando surgiram os alimentos diet. Dessa forma, à medida que cresce a preocupação com alimentação saudável, crescem também os negócios do setor.” Explica a nutricionista. Motivos podem ser muitos para uma pessoa mudar sua rotina alimentar, e renunciar algo da sua dieta. Seja por ideologia, questões estéticas ou de saúde, as modalidades de alimentação restritivas mostram como o ser humano modifica seus hábitos ao longo da sua vida. Quem não perde tempo é a indústria, se adaptando à tudo e à todos.
Vegetarianismo X Veganismo Conheça as principais diferenças entre as dietas O vegetariano exclui da dieta todos os tipos de carne, podendo ou não excluir os alimentos de origem animal; Os principais motivos que levam as pessoas a se tornarem vegetarianas são: o respeito aos direitos dos animais, e o fator saúde. Muitos estudos já comprovaram os benefícios nutricionais dessa dieta; O veganismo vai muito além de seguir um regime alimentar. Ser vegano é uma filosofia de vida baseada nos direitos do animais. Os vegans são contra qualquer tipo de exploração animal. Seguidores do veganismo não consomem nada de origem animal (excluindo carne, laticínios, gelatina, ovos e mel).Também não usam nenhum produto testado em animais;
06 • Cidade
Editores e diagramadores da página: Lucas Rage e Paula Matias - 7º Período
Belo Horizonte, abril de 2012
O Ponto
Táxis de Belo Horizonte se modernizam de olho no mundial de 2014 Buscando atender de forma eficiente turistas e moradores de Belo Horizonte, os taxistas da capital se preparam para oferecer mais conforto na realização do serviço.
Alessandra Costa Hugo Lacerda 7º período A expectativa para a Copa do Mundo de 2014 já toma conta de Belo Horizonte. Além da ansiedade da população para o evento histórico no Brasil, o Governo de Minas já iniciou as obras para melhorar o trânsito da capital durante o mundial. Avenidas como Antônio Carlos e Cristiano Machado sofreram ampliação, a rede hoteleira também está se mobilizando e, até 2013, o número de quartos disponíveis aumentará cerca de 60%, totalizando 16 mil. Mas os investimentos não ficam só por conta das obras; os taxistas da capital também estão se preparando. Atualmente a cidade conta com 6.000 veículos em sua frota, em sua maioria táxis tradicionais, que são equipados apenas com ar condicionado. De olho em uma clientela de maior poder aquisitivo e buscando atender com qualidade o grande fluxo de turistas esperado no país, Belo Horizonte vem se equipando com táxis mais luxuosos. A recepcionista Elisângela do Carmo, usuária frequente do serviço, afirma que as mudanças na frota não são recentes e que, apesar de serviço ser bom, existe sempre algo a melhorar. “Fazem alguns anos que tenho notado uma diferença marcante nos táxis, mas ainda há algo a melhorar, sempre há algo a melhorar”, diz. Os veículos vão contar com aparelhos eletrônicos, acesso à Internet, GPS, bancos de couros, airbags e pagamento em máquinas de cartões, dentre outros. Segundo o presidente do Sin-
“O serviço é bom, mas sempre tem algo a melhorar. Acho que, para 2014, os taxis estarão bem mais modernos”. Elisângela do Carmo -Recepcionista
Imagens: Alexandre Rodrigues
Ponto de taxi na Avenida Afonso Pena, em frente ao museu da Oi dicato dos Taxistas de Minas Gerais (SinCavir), Dirceu Efigênio Reis, a população poderá ficar despreocupada, pois a melhora nos táxis não acarretará em aumento no valor da tarifa de imediato: “No momento os preços serão os mesmo cobrados nos táxis tradicionais”, conta Dirceu. No entanto, ele não garante o mesmo com a chegada do mundial em 2014, já que na ocasião o serviço vai ser bastante utilizado, principalmente pelos turistas: “A cidade precisa ter uma frota de táxis de luxo. Haverá ganhos tanto para o usuário quanto para os taxistas, e para cobrir os gastos vamos ter que aumentar a tarifa”, afirma o sindicalista. Mesmo a população sendo a maior beneficiada com as mudanças, quem também tem comemorado bastante são os próprios taxistas. Para eles, as melhorias vão ser válidas não somente durante a Copa do Mundo: “Vamos melhorar a qualidade do nosso trabalho, e poder levar ao cliente todo luxo e mordomia que ele merece”, relata Moisés Pedrosa, taxista há
quase dez anos. Ele conta que os profissionais da área também estão se preparando para atender de forma eficiente todos os turistas que chegarem a Belo Horizonte: “Alguns motoristas já estão fazendo aulas de inglês. Eu mesmo tenho pesquisado sobre a cultura de alguns países, para não cometer nenhum erro”, comenta. Pedrosa declara ainda a pretensão de matricular em um curso de idiomas, em 2012: “Já estou pesquisando escolas, e a cooperativa deve pagar o curso”. Com os olhos voltados para o campeonato, a Prefeitura de Belo Horizonte decidiu reformular a regulamentação da classe. A partir de 1º de junho, taxistas terão que cumprir uma carga horária minima de 12 horas diárias. A fiscalização ocorrerá através da instalação de equipamentos de biometria nos veículos, ao custo de R$ 1 mil. A frota também aumentará. A BHTrans abriu licitação de placas, o que disponibilizará um acrescimo de 605 veículos ao serviço público de taxi. Ramon Cézar, presidente da
BHTrans, considera a iniciativa essencial: “a licitação é necessária, uma vez que a frota atual não consegue atender a demanda da população, que enfrenta vários problemas e chega a esperar até uma hora pelo transporte”. Segundo o presidente do Sindicato dos Taxistas (SINCAVIR), Dirceu Efigênio Reis, a licitação e a nova carga horária não irão suprir a demanda na capital, porque ela não se refere à quantidade de veículos e muito menos a uma carga horária determinada. “A solução imediata é melhorar o trânsito. Os taxistas já trabalham 12, 13 ou até 15 horas por dia. Mas gastam-se, por exemplo, três horas para sair da Região Centro-Sul e chegar ao Aeroporto Internacional de Confins. A volta pela Avenida Cristiano Machado consome outras duas horas. Por isso, é preciso dar melhores condições de trabalho com a vazão do tráfego. Precisamos é de mobilidade”, apontou Dirceu. O SINCAVIR também questiona a legalidade da proposta de fixar uma carga horária mínima para taxistas, já que são
“É muito importante disponibilizar serviços no veículo que proporcionem mais conforto ao cliente.”
“Quero mudar de veículo para atender às expectativas, mais aí vai ser só mais perto do mundial mesmo”
“Estamos nos preparando para modernizar a frota e os motoristas. A idéia é dar ao cliente uma experiencia nova”
Moisés Pedrosa -Taxista
Américo Soares -Taxista
Valdir Hansen -Diretor Coopertaxi
profissionais autônomos e têm liberdade para definir o regime de trabalho. “Uma pessoa que trabalha 14 horas hoje pode não conseguir cumprir a jornada completa no dia seguinte e, com isso, acaba trabalhando menos. Estamos falando de seres humanos, não de máquinas. E, a partir da fixação da jornada, pode-se gerar um vínculo empregatício e criar novos problemas”, ressaltou Reis. Segundo o presidente do Sindicato, o departamento jurídico da entidade está analisando essa cláusula do regulamento para definir qual providência deve ser tomada. O Sindicato não descarta questionar as regras na Justiça. As cooperativas de táxi também estão se preparando para o evento, seja com cursos de capacitação para motoristas ou modernização da frota, a palavra de ordem é inovar para receber melhor o passageiro. “Faremos o preparo do taxista através de cursos de inglês e de turismo”, declara Valdir Hansen, diretor da Coopertaxi-BH, uma das maiores cooperativas de taxi da capital, com 400 veículos em sua frota. Segundo Hansen, é extremamente importante que os motoristas não só ofereçam conforto em seus veículos, mas também uma experiência turística à parte para seus passageiros. “Levaremos os turistas de fora para visitar as principais atrações da capital e região, locais que podem trazer ao turista informações muito preciosas”, diz. Para Hansen, a ideia é manter o visitante ocupado com as belezas que a capital mineira tem a proporcionar, enquanto as partidas de futebol não começam nos estádios. A população também tem se mostrado bastante satisfeita com a evolução do serviço de táxi na capital. Daniele Marcolino, técnica de segurança do trabalho, acredita que principalmente a utilização de cartão de crédito dentro dos veículos vai facilitar bastante: “Às vezes temos que ir no banco e tirar dinheiro correndo para pegar um táxi. Já com a utilização do cartão tudo fica mais rápido e prático”. Agora é esperar que os novos táxis comecem a circular pela capital, para assim observarmos se tudo o que foi prometido será cumprido. E que, com mais essa melhoria, Belo Horizonte não faça feio na Copa do Mundo de 2014.
Editor e diagramador da página: Lucas Rage - 7º Período
Cidades • 07
O Ponto
Belo Horizonte, abril de 2012
A batalha pelo espaço
Eventos promovidos pela juventude belo-horizontina por meio da internet incomodam moradores, autoridades e geram polêmica. Foto: Maria Eduarda Ramos
MARIA EDUARDA RAMOS 5º PERÍODO “Eu percebo uma geração dos anos 90 que era apática em relação à política, mas do final dessa década pra cá tem havido uma efervescência cultural e crítica grande na cidade. Isso a gente confere em eventos de desobediência civil como a praia da estação.” O dono dessa declaração é o jornalista, músico, e ativista do coletivo Fora do Eixo (FDE), Roger Deff. Roger é um dos responsáveis pela cena cultural independente belo-horizontina. Recentemente, a questão da revitalização dos espaços públicos na capital mineira, sua ocupação, a rede social Facebook e o prefeito Márcio Lacerda se tornaram personagens de uma novela que tem como cenário principal as praças e ruas da capital mineira. De um lado, jovens e ativistas interessados na potencialização cultural de Belo Horizonte; o outro, a ala conservadora composta por políticos e moradores, preocupados com a manutenção da ordem e segurança pública. Assim como o FDE - Organização não governamental voltada para a música e cultura - ,outros grupos - como o Coletivo Pegada, o Bambata e o Sarau Vira Lata -utilizam os adventos midiáticos da internet para divulgar suas ações, angariar novos adeptos e convocar o público para eventos na cidade. O prefeito Márcio Lacerda (PSB) sacudiu o universo dessas organizações e gerou polêmica. Em entrevista concedida ao Jornal Estado de Minas, no dia 9 de março, o prefeito expôs sua posição em relação às festas e blocos espalhados pelas praças e ruas belo-horizontinas. “Existe a pos-
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O Sarau Vira-lata é um dos muitos eventos organizados pelas redes sociais que ocupam as ruas de Belo Horizonte sibilidade de conversarmos com a Delegacia de Crimes Cibernéticos para ver se o uso da internet para convocar uma ação ilegal se configuraria em um crime”, disse. Sobre a suposta criação de uma lei com o caráter descrito por Lacerda, o delegado Bruno Tasca Cabral declara que a iniciativa de organizar e convidar pessoas para um evento urbano, fazendo uso da rede, não é crime. “ O fato isolado de pessoas se reunirem no espaço público, tendo que, para isso, usar o facebook ou o twitter não é um ato criminoso. Mas, caso o moderador faça apologia a atos criminosos, aí sim pode-se configurar como tal.” O delegado reitera, atribuindo responsabilidade ao cidadão que quiser fazer eventos nas ruas da cidade; ele deve comunicar anteriormente à prefeitura. “ A punição pode vir do âmbito administrativo, já que essas reuniões de pessoas, para
ocorrerem , precisam de autorização prévia do município de Belo Horizonte”. Ameaça A iminência de presenciar as intervenções artísticas, musicais e culturais em BH serem configuradas como um ato criminoso fez com que diversos jovens e integrantes de grupos dessem voz à sua opinião. Para Roger, a premisa de Lacerda configuraria um cerceamento dos direitos básicos do cidadão. “Essa proposta de lei é restringir a liberdade do indivíduo”. Roberta Henrique, do Coletivo Pegada, também se manifestou contra a investida do prefeito de cortar o mau pela raiz. “Tem que ser pelo outro viés, pela educação”, diz a produtora cultural, se referindo a alguns eventos que, por reunirem muitas pessoas, acabam gerando danos ao patri-
mônio público. Aglomerações e problemas Enquanto isso as polícias civil e militar e membros da prefeitura se reúnem para discutir formas de lidar com movimentos de aglomeração instantâneos, como o “Cidade Love”, que ocorreu no dia 3 e causou transtornos na vizinhança do bairro Cidade Nova. A confusão repetiu a mesma receita da Banda Monobloco, no dia 12 de fevereiro na Praça da Liberdade, quando 20 mil pessoas se juntaram no local, gerando estragos no jardim e na estrutura urbana da praça. O receio de moradores tem sido tal, que eventos correm risco de serem cancelados em sua véspera. Foi o caso da festa St. Patrick’s day. Agendada para o dia 17 de março, a festa quase não se concretizou no local determinado pela organização, resultado de liminar de justiça emitida um
dia antes. Questionado sobre a repercussão negativa de festas como a “Cidade Love” e o “Mono Bloco”, que também se organizam por meio da internet, e como isso afeta o futuro do FDE, Roger rebate:“ Eu sou completamente a favor do uso consciente do espaço público. É preciso respeitar quem está em volta. Mas o Lacerda e o poder público não podem tomar fatos isolados como referência para uma lei extremista”. Na página do facebook do Sarau Vira Lata, é possível ver as manifestações de integrantes, orientando os adeptos do evento a recolherem seu lixo e não deixarem os espaços onde se encontram com aspecto sujo. Kadu dos Anjos, um dos organizadores e participante ativo do Sarau, acredita que eventos originados nas redes sociais vêm se tornando cada vez mais comuns entre os jovens. “De um tempo pra cá, a juventude vem se mostrando mais ativa mesmo. Esse processo não tem como parar”. O carnaval belo-horizontino, e as festas que acontecem no mercado das borboletas, e que são organizadas por grupos como o I Love Bubble (confraria que normalmente faz da rua o cenário dos seus encontros regados a música contemporânea), são exemplos de uma nova forma de transitar e vivenciar a cidade. Essa reinvenção no comportamento do jovem ao se divertir nåo parece ficar somente no âmbito do prazer hedônico ao usar as redes sociais e ir a festas e shows. Ironicamente, a geração, acusada de se isolar do contato social por culpa do boom tecnolólgico, vive hoje ambos os lados da tela, e não pretende perder sua liberdade em nenhum dos dois.
08 • Esportes
Editores e diagramadores da página: Renato M
Belo Horizonte, abril de 2012
O Po
Era uma vez no jorn
Comentaristas falam sobre as mudanças na cobertura, a falta de DIEGO DUARTE TÚLIO KAIZER 5º Período
Já dizia o saudoso jornalista e comentarista esportivo Armando Nogueira: “para entender a alma do brasileiro, é preciso surpreendê-lo no instante de um gol”. O esporte, em sua mais pura essência, está se esvaindo. Não é novidade que o esporte em questão e, principalmente o futebol, é pauta do dia no jornalismo. Porém, com as novas mídias, a linguagem da cobertura esportiva está em constante metamorfose. Ao contrário do que era feito há dez, vinte anos, a arte de reviver histórias perdeu espaço para uma cobertura efêmera e tradicional. Convidamos profissionais do jornalismo esportivo das diversas áreas (Rádio, impresso e TV) para analisarem e manifestarem suas opiniões a respeito da cobertura esportiva feita pela mídia. Isabel Guimarães – TV Alterosa Para Isabel Guimarães, repórter da TV Alterosa, o número de mulheres no esporte é cada vez maior. Por existir um preconceito, especificamente da mulher no futebol, a ala feminina necessita fazer algo que a diferencie, explica Isabel. “Eu sinto que pela mulher ter que correr mais atrás para evitar o preconceito, para se firmar, para se impor e dizer, eu posso discutir de igual para igual, ela busca mais e isto tem feito dela diferenciada. Outro dia, em um programa usei o termo periodização tática, o que o Mourinho e o Pep Guardiola aplicam. Todos os homens que estavam na mesa não sabiam. Quer dizer, eles sabem que se tirar um lateral e colocar um meia o que vai acontecer. Isso é uma coisa que aprendi, e essas novidades é que fazem a diferença nesse mercado tão concorrido”. No que se refere à investigação no esporte, Isabel não acredita que diminuiu. Ela aponta como exemplo o polêmico clássico disputado pelo Cruzeiro e Atlético, válido pela última rodada do Campeonato Brasileiro de 2011, em que o galo teve a oportunidade de rebaixar o seu maior rival. “No caso do clássico eu acredito que não foi comprado. Para mim, os jogadores entraram sem foco, sem motivação”. Ela ainda salienta que a investigação normalmente acontece a partir de um pontapé de denúncia. “Nós não deixamos de investigar, mas é muito mais trabalhoso ter alguém que vai lá e denuncie, do que o trabalho de investigação em si. No dia a dia dos clubes que eu acompanho, dificilmente você vai conseguir uma informação dessa, a não ser que tenha um excelente contato”, completa.
Gilbert Campos - 98FM BH Âncora do 98 Futebol Clube, programa da rádio 98FM BH, Gilbert Campos acredita que uma das principais mudanças na cobertura jornalística esportiva é a inserção do humor, trazendo mais leveza ao noticiário e rompendo com a cobertura mais tradicional. “Acho que a nossa contribuição não só na parte da cobertura, mas na parte da execução de um programa jornalístico esportivo é essa, de pregar leveza, tolerância, fazer com que as pessoas percebam que o esporte é entretenimento, diversão, não é para você criar inimizade, disputar com o torcedor do time rival a sua existência”, salienta Gibert. Para ele, o jornalista esportivo tem que estar muito bem preparado para explorar todos os nuances que envolvem o esporte, seja na área econômica ou política. “O torcedor hoje está mais maduro, está cobrando mais da cobertura jornalística”, ressalta. Já no jornalismo investigativo, Gilbert detecta que a cobertura diminuiu não só no jornalismo esportivo, mas também em outras editorias. “O que acontece é que hoje os clubes estão mais blindados, é muito mais difícil extrair uma informação, ter aquela fonte confiável dentro do clube como antigamente”. Segundo ele, o jornalismo investigativo ainda é possível, mas perdeu espaço em função da velocidade da informação. Para o âncora, revelar ou não o time para o qual torce vai da convicção do jornalista. Porém, destaca que o contexto do veículo em que se trabalha deve ser observado. Atleticano, Gilbert acredita que é bom que as pessoas saibam para qual time torce, para que se pregue a tolerância. “Até mesmo o tratamento com o torcedor é melhor, você não faz aquele comentário distanciado. É o questionamento de alguém que vive o dia a dia com o torcedor, que esteve um bom tempo da sua vida sentado na arquibancada”.
Isabel Guimarães, Gilbert Campos, Emanuel Car esportivo mineiro.
Jornalismo e jornalistas Isabel Guimarães
“É tomar o cuidado de diferenciar e b a imparcialidade, mas entendendo q paixão pelo esporte existe.”
Emanuel Carneiro
“É estar sempre ligado e curioso. O jornalista precisa buscar um pouco a história, não basta analisar tudo por u vitória ou uma derrota”. “É s al
Esportes • 09
Mesquita - 5º Período / Lucas Rage - 7º Período
onto
Belo Horizonte, abril de 2012
nalismo esportivo...
e investigação no esporte e da relação jornalista como torcedor
rneiro e Alexandre Simões, ícones do jornalismo
esportivo por esportivos
buscar que a Gilbert Campos
“É fundamental, é meio de vida. É sustentação para o profissional do jornalismo”.
a uma Alexandre Simões
saber trabalhar com grande parte da legria ou decepção do povo, seja ele leitor, ouvinte ou telespectador”.
Emanuel Carneiro - Rádio Itatiaia
Alexandre Simões - Jornal Hoje em Dia
“A cobertura jornalística esportiva de antigamente era mais romântica, ela levava mais o lado humano do futebol ao torcedor. Na época da criação do Mineirão, quando era dia de Atlético e Cruzeiro, a Rádio Itatiaia colocava um repórter na concentração de cada clube. Durante a manhã do jogo, os jogadores falavam aos repórteres, pediam música, e com isso as informações eram passadas com muito mais precisão.” Essa observação é feita pelo diretor da Rádio Itatiaia, Emanuel Carneiro. Segundo o diretor, as coberturas começaram a empobrecer quando os clubes passaram a restringir a entrada da imprensa nos centros de treinamento, limitando a cobertura esportiva. Porém, para Emanuel, com o passar dos anos, um ponto deve ser destacado. Devido à velocidade e qualidade com que a informação chega a todos os cantos do planeta, o noticiário está mais amplo. “A informação chega pela internet, TVs a cabo ou celular, proporcionando ao público um leque muito maior de atividades esportivas. Você vê um jogo de vôlei de madrugada, uma corrida de Fórmula 1 do outro lado do mundo, um Barcelona e Milan. Tudo isso é entregue ao público, atribuindo um colorido especial à cobertura esportiva.” Quando o assunto é investigação no esporte, Emanuel salienta que existem meios ou pessoas mais adequadas para esse tipo de trabalho. “É difícil sair da superfície e mergulhar profundamente naquilo que o futebol tem de podre. Mas acima de tudo, esse negócio de ficar investigando não é bom, pois esporte não é caso de polícia. Nós temos o Ministério Público, desembargadores, promotores, delegados, Polícia Federal. Essa gente está muito mais capacitada que um jornalista esportivo para fazer uma denúncia. Não estamos fugindo do jornalismo investigativo, só estou dizendo que ele é difícil de ser feito com precisão e honestidade.” Para o atleticano Emanuel Carneiro, todo mundo que faz jornalismo esportivo tem um clube de coração, mas há necessidade de saber separar o lado da paixão com o lado profissional. “Qualquer um aqui na rádio pode ter o seu time de preferência, como, no jornalismo político, cada um pode ter o seu partido. Mas a rádio como empresa não pode ter time, tem que ser isenta.”
“O esporte é um universo muito difícil porque as administrações são todas protegidas pela legislação. O jornalismo esportivo investigativo é uma situação que deve ser muito bem medida”, esclarece o coordenador de Esportes do jornal Hoje em Dia, Alexandre Simões. Para ele, a cobertura esportiva, por influência da televisão, tomou uma nova dimensão, deixando muitas vezes de ser feita por especialistas. “Acho que tem o especialista e o jornalista. A televisão começou muito, há os óculos escuros do jogador, o cabelo, a roupa, o iate. Isso não é futebol, não é esporte. Nesse aspecto acaba que essa situação ditou uma certa regra que, infelizmente, o jornalismo impresso vai para este lado também de ficar pegando essas questões particulares, extracampo, de ambiente”, critica. Alexandre ainda salienta a importância da história no esporte. “O futebol brasileiro não tem memória. Ela está sendo recontada de dez anos para cá. A gente tinha uma literatura esportiva fraquíssima, quase inexistente. É uma situaçao que está melhorando, porém, tem muito o que crescer ainda”. Segundo Alexandre, o preconceito em relação à cobertura esportiva já existiu, porém, vem diminuindo ou deixou de existir atualmente. “Se a gente for perceber hoje, é raro um jornal que não tenha um caderno de esportes, ele as vezes não tem o caderno de economia, de política, de internacional, mas tem o caderno de esportes. Isso se a gente for pensar bem é uma demostração de importância, de força das editorias de esporte. O preconceito já existiu muito, mas hoje é diferente”, destaca. Cruzeirense e também torcedor do Fluminense, devido a uma relação forte com o Rio de Janeiro quando criança, Alexandre diz não se influenciar quando a cobertura esportiva envolve os times para os quais torce. “Acho que isso não interfere muito, até porque não há o que inventar hoje em dia. O torcedor é muito bem preparado, o nível de informação que possui é muito grande”, afirma. Para o jornalista, uma torcida mais bem informada exige maior preparação do profissional. “Isso aumenta a responsabilidade do jornalista, aumenta a necessidade de uma separação dessa questão clubista com o trabalho, porque estamos sendo julgados todo dia e a realidade é geral, não há como fugir”.
10 • Esportes
Editor e diagramador da página: Lucas Rage - 7º Período
Belo Horizonte, abril de 2012
IndePENDÊNCIA
O Ponto
Torcedores da capital sofrem com a falta de futebol na cidade Diego Duarte Túlio Kaizer 5º Período A capital mineira está orfã. Sem estádio desde junho de 2010, quando o Mineirão foi fechado visando à Copa do Mundo de 2014, Belo Horizonte perdeu um de seus principais pontos de lazer. A alternativa foi migrar para a cidade de Sete Lagoas, mais precisamente, para a Arena do Jacaré. Porém, a ideia não foi bem vista pelos torcedores, que além de perderem o conforto, viram seus gastos se alastrarem cada vez mais. O aumento nos preços dos ingressos, a distância - a cidade localiza-se a cerca de 70km da capital - e o cansaço, tanto na ida para a arena, quanto na volta para casa, figuram entre os vários problemas enfrentados pelos torcedores que decidem viajar a Sete Lagoas para torcer pelo seu time. Mas isto não teria ocorrido se o prazo de conclusão da construção do estádio Independência tivesse sido respeitado. A inauguração, estipulada para setembro de 2010, foi adiada devido a mudanças no projeto inicial e à demora para liberação dos recursos, sendo o prazo estendido para abril de 2011.
Não bastasse a primeira alteração, a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), orgão oficial que coordena a integração das ações governamentais, além de suporte na organização do evento, pregou mais uma peça aos clubes e torcedores mineiros, adiando a inauguração para o mês de dezembro do mesmo ano. O atraso na entrega do Independência pode chegar a dois anos. Segundo a assesssoria de Imprensa da Secopa, o que ocorreu foi uma alteração do cronograma, devido a um redimensionamento da obra. Assim, enquanto o Mineirão permanecer em construção, o Independência, ao ser reinaugurado na segunda quinzena de abril, será palco das partidas do Campeonato Mineiro, Brasileiro, Copa do Brasil, e eventualmente de alguma partida internacional. Outra questão alarmante fica por conta do valor gasto na obra. Previsto para R$ 46 milhões, o preço subiu para R$ 133 milhões, quase o triplo do valor inicial. Questões como a cobertura de toda a arquibancada, gramado e iluminação não haviam sido contempladas no projeto inicial. Com todo este dinheiro gasto, a arena, que possuirá capacidade para 25 mil lugares, ainda corre
o risco de ser reinaugurada com cerca de seis mil pontos cegos, aproximadamente 24% do total. “Quem optar pelo nível 3 será informado no ato da compra do ingresso de que trata-se de um local com visibilidade parcial. A ideia é fazer um desconto de 40% no valor desses assentos”, diz a assessoria. O Ministério Público, Corpo de Bombeiros e outras instituições estudam quatro alternativas para substituição das grades atuais, segundo a Secopa. Para a reinauguração, as grades ainda serão mantidas. A nova solução terá que conjugar visibilidade e segurança. A Secopa não divulga os projetos, pois se trata de um estudo em andamento, mas afirma que a opção deve aliar custo e benefício.
Alteração no trânsito O programa de alteração de trânsito já está em atividade. Umas das novidades informadas pela Secopa é o cadastramento dos moradores da região do estádio. “Será realizada a interdição total das vias ao redor do Independência, sendo apenas permitido acesso de veículos de moradores credenciados. O creden-
Entenda o trânsito em dias de jogos no Horto Conheça as ruas interditadas no entorno do estádio Independência, em dias de jogo Rua Nancy de Vasconcelos Gomes – entre a Avenida Silviano Brandão e a Rua Pitangui; Rua Alabastro – entre a Rua Pitangui e Avenida Silviano Brandão; Rua São Lucas – entre as ruas Genoveva de Souza e Rua João Carlos; Rua Jacques Luciano – entre as ruas João Carlos e Rua Vicentina de Souza; Rua Santa Marta – entre as ruas Jacques Luciano e Pitangui; Rua Santíssima Trindade – entre as ruas João Carlos e Jacques Luciano; Rua Vicentina de Souza – entre as ruas Jacques Luciano e João Carlos.
Imagem: google.com/maps
ciamento será realizado pelos promotores responsáveis pelo estádio.” Além do registro, será implantada uma grande área de monitoramento com presença de fiscalização e operação ostensiva na região do estádio, cujas vias serão destinadas apenas ao acesso local. A área abrange o perímetro das ruas Conselheiro Lafaiete, Petrolina, Conselheiro Rocha e Avenida Silviano Brandão, que terão cavaletes implantados em suas principais vias de acesso. O monitoramento será realizado por agentes motorizados, que irão coibir as infrações de trânsito. Em função das alterações de circulação no bairro Horto, as linhas 9106 (Sagrada Família / Serra) e 9209 (Sagrada Família / Gutierrez) terão seu itinerário alterado. Alguns pontos de ônibus serão remanejados, com cartazes afixados nos pontos desativados, indicando os novos locais para embarque e desembarque. Em relação ao transporte público, a Secopa informa que novas mudanças serão feitas para garantir o conforto do torcedor. “O Metrô terá uma função fundamental para o acesso dos torcedores, com número de viagens ampliado antes e após
os jogos. Também será criada uma linha circular especial que irá trafegar nos dias e horários de eventos no estádio, permitindo a ligação com a área central.” Resolução ou caos? Para Jesuíno de Barros Mendes, morador do bairro Horto há 10 anos, as alterações terão efeitos positivos. “Acho que vai funcionar a questão do cadastro. O morador dessa área não terá acesso ao seu bairro de jeito nenhum se não restringir, vai encontrar sempre um carro parado em sua garagem, não conseguindo transitar pelo bairro”. Já Flávio Rocha, morador do bairro Sagrada Família, região próxima ao estádio, foi mais além nas críticas e diz que a região não tem estrutura para abrigar tamanho trânsito. “Não existe estrutura e espaço físico para suportar a movimentação que acontecerá aqui na região. Será uma experiência com muitos problemas, que poderão ser melhorarados aprendendo com os erros. As pessoas irão perceber a dificuldade principalmente em um jogo de meio de semana, pois os torcedores virão direto do trabalho. Isso aqui vai virar um caos”.
Esportes • 11
Editor e diagramador da página: Lucas Rage - 7º Período
O Ponto
Belo Horizonte, abril de 2012
Foto: CBD
Independência, 62 anos de história
1950: Copa do mundo
Foto: CBD
Inglaterra 0 x 1 EUA - O gol que decretou a maior zebra de todas as copas. Foto: CBD
Diego Duarte Túlio Kaizer 5º Período
Iugoslavia 3 x 0 Suíça - jogo inaugural do estádio
1952 : Campeonato mineiro
Villa Nova 1 x 0 Atlético - primeiro campeão da Era Independéncia
1963 : Campeonato brasileiro de seleções Foto: Arquivo / Hoje em dia
Seleção Mineira 1 x 0 Seleção Guanabara - recorde de público no estádio
2009: Campeonato brasileiro, Série C Foto: arquivo/América
ganham, pois a carreira de jogador é muito curta e a qualquer momento pode acabar. Mas na fase atual, estão exagerando, muitos ali não têm qualidade para ganhar o que ganha. A fase que gosto mesmo é de jogador, pois naquela época existiam dez craques e um jogador para ‘quebrar galho’, e hoje em dia é ao contrário. Eu peguei a época boa para jogar (risos).” O estádio Independência, como é conhecido, tem como nome oficial Raimundo Sampaio, homenagem ao ex-presidente do extinto Sete de Setembro, primeiro clube que possuiu os direitos do estádio. Em 1989, o América comprou o ‘Campo do Sete’ em negociação com o filho do antigo presidente do Sete de Setembro. Jogando em seus domínios, em 1997, o América foi campeão Brasileiro da Série B, conquistando o maior título de sua história. O Coelho também teve o artilheiro da competição, Tupãnzinho, com 13 gols. E o estádio, que viveu anos de glórias, compartilhou de jogos e decisões memoráveis, teve em seu final um desfecho de muita emoção para a torcida americana. A partida entre América e ASA – AL, realizada em 19 de setembro de 2009, valia o título do Campeonato Brasileiro da Série C. E a torcida americana, carente de títulos, vivendo anos de amargura no futebol, compareceu em peso. Foram 11 mil pagantes ao estádio (que teve capacidade diminuída ao longo do tempo) para ver o Coelho se reerguer no cenário brasileiro. A vitória por 1x0, com gol aos 45 minutos do segundo tempo, fechou com chave de ouro a primeira fase do estádio. Bruno Mineiro marcou o último gol do estádio antes das obras.
Foto: Arquivo / Villa Nova
Iniciada em 1947, a construção do Estádio Raimundo Sampaio, o Independência, foi finalizada em 1950, ano da Copa do Mundo no Brasil. Desde seu início, o estádio começou a fazer história, com três partidas durante o primeiro mundial do Brasil. A partida inaugural do Independência ocorreu entre Iugoslávia 3x0 Suíça, no dia 25 de junho de 1950, com o primeiro gol sendo marcado por Rajko Mitic. Mas os famosos “causos” do estádio não param por aí. Considerada a maior zebra da história das Copas do Mundo, no dia 29 de junho, a seleção amadora dos Estados Unidos venceu a toda-poderosa Inglaterra por 1x0. A partida teve contornos dramáticos para os americanos, que durante o primeiro tempo chutaram apenas uma vez para o gol, enquanto os ingleses finalizaram 30 vezes. O gol norte-americano foi marcado pelo haitiano Gaetjeans, para surpresa dos 12 mil presentes no estádio. O outro jogo ocorreu no dia 2 de julho, válido pela única partida do grupo 4, vencida pelo Uruguai por 8x0 sobre a Bolívia. O jogo histórico do estádio, entre tantos outros, foi entre a Seleção Mineira contra a Seleção da Guanabara. O Independência foi projetado para ter capacidade máxima de 30 mil pessoas, mas nessa partida os padrões foram quebrados, e, 32.721 pessoas assistiram a vitória dos mineiros por 1x0. Entre 1951 e 1963, até a construção do Mineirão em 1965 (o campeonato de 1964 foi decidido no estádio da Alameda), o Independência foi palco das
grandes decisões estaduais. O primeiro a dar a volta olímpica no estádio foi o Villa Nova, que venceu o Atlético por 1x0, com gol de Vaduca, no dia 27 de janeiro de 1952, valendo pelo campeonato do ano anterior. A última decisão estadual no Independência foi em 1963, onde o Atlético empatou com o Cruzeiro em 1x1, dando ao Galo o título com uma rodada de antecedência. Em 1964, surgiu na história do estádio um de seus maiores mitos. Jair Félix da Silva, o famoso Jair Bala, chegou ao América vindo do Botafogo e brilhou em Minas Gerais. O atacante, conhecido por vários gols de bicicleta na carreira, fez 25 gols e se tornou o maior artilheiro do estádio em uma temporada. “Eu cheguei para o América e minha estreia foi logo contra o Atlético, em um jogo que vencemos por 5x2 e eu marquei três gols, começando minha gloriosa trajetória no Alviverde. O Independência foi tudo para mim, uma fase muito boa em minha carreira, onde joguei um ano e fui considerado o melhor da temporada”. Jair viveu três fases no estádio Independência, como jogador, treinador e comentarista. O ex-atacante diz que a melhor dessas fases foi a de atleta. “A fase de jogador dá saudade, era o que eu gostava de fazer. Depois veio a que considero mais difícil, que é de treinador. Por mais que você seja ídolo, a torcida não perdoa na hora de chamar de ‘burro’. E agora como comentarista, que você vive por fora, só dando ‘pitacos’. Eu não sou de criticar jogadores, porque eu passei por isso e sei o quanto é difícil estar dentro de campo. E também acho que os atletas merecem o salário que
América 1 x 0 ASA - Coelho se sagra campeão brasileiro da série C
12 • Cultura
Editora: Maria Eduarda Ramos - 5º Período e diagramadores da página: Lucas Rage e Túlio Kaizer - 7º e 5º Períodos
Belo Horizonte, abril de 2012
O Ponto
Música cristã invade universo pop Artistas cristãos cativam público plural em parceria com cantores de gêneros diversos GIOVANI RODRIGUES 5º PERÍODO Auge da musicalidade cristã, protestantes e católicos tem se destacado profissionalmente no mercado secular. Tais profissionais vem conquistando um universo para além do público cristão - são pessoas de outras seitas e religiões, que atraídas pela música gostam e ouvem as mesmas bandas. A história de alguns desses artistas e seus grupos é repleta de sucessos, muitos discos vendidos e parcerias de peso. Exemplo vivo de sucesso no gênero carismático a banda Rosa de Saron tem 20 anos de carreira e muitos títulos para colecionar. Nascidos na cidade de Campinas (SP) - dentro do movimento da Renovação Carismática da Igreja Católica -, o grupo faturou seus primeiros DVD e CD de ouro com o DVD gravado em 16 de abril de 2008.As músicas do DVD, CD Acústico e Ao Vivo marcaram por muito tempo entre as mais pedidas em várias rádios e sites de letras e cifras. Em dezembro de 2010 o Rosa de Saron, dando continuidade à parceria com a Som Livre, lançou seu segundo DVD, Horizonte Vivo Distante, que além de registrar a bem sucedida turnê realizada durante o ano, apresenta cinco canções iné-
ditas e a regravação da música “Mais uma Vez”, famosa canção de Renato Russo e Flávio Venturini. Em 20 anos de estrada, são mais de 150 mil acessos por mês no site oficial, além dos mais de 170 mil membros apenas na comunidade oficial do Orkut. Mais de 55 mil seguidores no Twitter, um milhão de audições na página do Myspace, onde atingem o topo na parada brasileira do Myspace como banda mais acessada. Também alcançam o topo do ranking das bandas de rock nacionais mais tocadas nos sites Sonoros e Vagalume. Em 2010 a banda foi indicada ao Grammy Latino e também ao 1º Premio da Música Digital, dois prêmios de grande repercussão no meio da música, ajudando o trabalho do Rosa de Saron se tornar ainda mais conhecido. Apesar de todo reconhecimento e crescimento durante esses anos, o objetivo da banda continua o mesmo dos seus primeiros ensaios: Fazer rock com qualidade levando uma mensagem cristã de esperança, fé e amor para todos. Outro nome de destaque no cenário da música cristã brasileira é o padre Fábio de Melo. O último disco do Padre Fábio, “O Vida”, foi o mais vendido do ano de 2008, conseguindo a
impressionante marca de mais de 500 mil cópias vendidas em apenas três meses. Os números de venda do CD Vida mostraram que o seu talento transcende o universo religioso. Já tendo lançado mais dois discos (Iluminar e Eu e o tempo CD e DVD) até o fim do ano de 2009. Ao todo, Fábio de Melo já vendeu mais de dois milhões de cópias de CDs (1,8 milhão apenas na Som Livre), além de 500 mil livros. O cenário mineiro reúne diversas bandas que cativam o público da música católica. Regionalmente, a banda Dominus fez com que seu som variado - Rock, axé, forró, pagode, baião, maracatu- os levassem para além das montanhas de Minas. Hoje o grupo é famoso fora do Brasil e faz turnês internacionais constantemente. Leo Rabelo é fundador e vocalista da banda que existe desde 1989 exatamente há 22 anos, com oito Cds e um DVD gravado em Salvador. No ultimo CD (Não estou sozinho) produzido pela Som Livre, teve a participação da cantora baiana Ivete Sangalo e padre Fabio de Melo. Leo Rabelo afirma que foi emocionante ver Ivete Sangalo cantando uma musica de sua autoria. “Ela é uma pessoa muito simpática e atenciosa.
Passei uma tarde com ela no estúdio do Asa de Águia em Salvador e pude ver toda essa simpatia. Ela disse que gostou muito da música e que seria um prazer cantar na mesma música que Pe. Fábio de Melo. Além disso foi emocionante ver Ivete cantando uma música minha”, destacou. Com uma média superior a 80 shows por ano, A banda já tem até disco de ouro por atingir a marca de 100 mil cópias vendidas. O padre Oscar Pilloni da Comunidade e rádio Gospa Mira conta do seu orgulho em ter a banda como parceiros e do seu desempenho na última jornada Jovem, quando o grupo tocou para o papa Bento XVI. “Para nós foi um grande orgulho ver a banda Dominus representando os Mineiros na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Madrid.” Criada pelo papa João Paulo II em 1985 a Jornada mundial da Juventude (JMJ) é um megaevento que a Igreja católica promove anualmente. Em intervalos de dois ou três anos, uma cidade é escolhida para celebrar a grande Jornada, na qual participam centenas de milhares de pessoas do mundo inteiro. No Brasil será em 2013 na cidade do Rio de Janeiro. Na ultima Jornada da Juventude em Madrid, 2011 a banda Dominus teve o privilegio de
tocar para mais de dois milhões de pessoas. Apesar da experiência, quando questionado quanto ao nervosismo Leo Rabelo afirma que “friozinho” é presença comum na rotina dos shows. “Com certeza rola um nervosismo sim, pois sabemos que não é só um show bonito que queremos fazer, mas sim deixar uma mensagem marcante para as pessoas”. Leo destaca também o privilégio que a Dominus teve ao subir em um dos palcos principais. Destaca.“Tivemos a oportunidade de cantar no palco da vigília onde o Papa esteve. É a primeira vez que uma banda católica brasileira sobe neste palco da vigília. Foi muito importante cantar para dois milhões de pessoas do mundo todo e ver que a fé no mundo tem força”. Depois de uma viagem marcante banda Dominus tem vários projetos, “Estamos produzindo um clipe que foi filmado em Madrid”,afirmou Leo Rabelo. Atualmente no bairro lagoinha, a banda Dominus ainda administra a ONG Arte pela Paz, que realiza vários trabalhos de inclusão sociocultural nos campos da música, dança e arte. As atividades são voltadas para as comunidades carentes de Belo Horizonte com o objetivo de promover uma cultura de paz e cidadania.
Ivete Sangalo, Léo Rabelo e Padre Fábio de Melo: união dos cantores expandem sucesso da Banda Dominus pelo mundo
Saúde • 13
Editoras de página: Isabella Monteiro e Mariana de Souza - 7º Período e diagramador da página: Lucas Rage - 7º Período
O Ponto
Belo Horizonte, abril de 2012
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Equoterapia
Cavalos que curam Com uma proposta diversificada, atual e eficiente, a equoterapia tem sido utilizada como tratamento para doenças físicas e mentais Imagens: Alexandre Rodrigues
Marina Bhering Priscilla Mendes Renata Willig 7º Período
Clínica de equoterapia do Cepel reabilita portadores de necessidades especiais
“Não existem restrições quanto aos pacientes, podendo ser de todas as idades e portadores de variadas doenças e deficiências”
Lílian Albuquerque
Danilo Meira Santana, de 19 anos, é um dos beneficiados pelo tratamento
Provavelmente, você jamais ouviu falar na palavra equoterapia. Essa terapia é nova no Brasil, tendo início nos anos 80, quando foi criada a Associação Nacional de Equoterapia (ANDE). Desde então, o modelo vem sendo cada vez mais utilizado, tendo reconhecimento como método terapêutico em 1997 pelo Conselho Federal de Medicina. A equoterapia é utilizada para o desenvolvimento do cavalo e melhora das pessoas que sofrem de deficiências físicas ou necessidades especiais. Paralisia cerebral, imperfeições no sistema nervoso, falhas posturais, acidente vascular cerebral (AVC) e deficiências visuais e auditivas. Esses são alguns dos problemas de saúde que podem ser amenizados com o tratamento. O objetivo é a melhora biopsicossocial dos pacientes de diferentes faixas etárias. A utilização dos cavalos exige a participação do corpo inteiro, desenvolvendo em um só exercício, a flexibilidade, equilíbrio, conscientização do próprio corpo e coordenação motora. Nesse tipo de trabalho de reabilitação, chega a 90% a semelhança do movimento rítmico (marcha) entre o animal e os humanos. Assim, o equilíbrio melhora a postura e o tônus
muscular e ambos podem ser mais bem trabalhados com esse recurso. A proprietária da clínica de Equoterapia do Cepel, localizada na região da Pampulha, em Belo Horizonte, Lilian Albuquerque, afirma que a procura por essa atividade vem sendo cada vez maior e que os resultados são visíveis e animadores. A equoterapia é uma técnica utilizada na reablilitação de portadores de necessidades especiais, que trabalha tanto a parte física quanto a mental, social e psicológica. “Não existem restrições quanto aos pacientes, podendo ser de todas as idades e portadores de variadas doenças e deficiências”, relata Lilian. A partir de sua experiência com o curso na sociedade hípica de Belo Horizonte, a fisioterapeuta recebeu o convite para abrir a clínica no Cepel. Mercedes Meira Santana é mãe de Danilo, de 19 anos, que pratica a equoterapia no Cepel. Portador da síndrome Muco Poli Sacaridose do tipo 3C, a mãe explica que a síndrome afeta o sistema nervoso central e a equoterapia, no caso de Danilo, não causa melhoras, mas evita possíveis sequelas no futuro. O fisioterapeuta Thiago trabalha na clínica do Cepel há dois anos e participa com Danilo em duas sessões por semana, reforçando uma melhor postura, além de outros exercícios. O profissional explica que essa
terapia é indicada para quadros clínicos como Síndrome de Down, doenças ortopédicas e musculares, sequelas de traumas e cirurgias, além de distúrbios de aprendizagem e linguagem. “Os exercícios variam de acordo com a patologia de cada paciente e trabalham com o corpo como um todo”, explica. A estimulação mental trabalha as questões cognitiva e social, além de incentivar a interação com o animal. A melhora do paciente é notada a cada sessão, e, entre os três primeiros meses, as evoluções são cada vez maiores. “A evolução é gradativa, mas a cada sessão já é vista uma parcela de melhora”, conclui o fisioterapeuta. Thiago atende de oito a dez pacientes por dia, entre eles crianças de seis meses até pessoas idosas. O tempo de tratamento varia de acordo com a evolução de cada paciente. Para fazer a equoterapia no Cepel, é necessário marcar uma avaliação, e, após os resultados, será decidido se o paciente precisa ou não fazer a terapia. Se for concluído que a equoterapia é indicada para o caso, será selecionado entre cinco áreas - muscular, fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional ou psicologia -, a que melhor atender as necessidades do paciente. O número de sessões vai depender de cada caso e os atendimentos são feitos semanalmente.
14 • Fumec
Editor e diagramador da página: Túlio Kaizer - 5º Período
Belo Horizonte, abril de 2012
O Ponto
Encontro de jornalismo premia estudantes da Universidade Fumec
Ministrado por Ismar Madeira, 1º Prêmio de Jornalismo Fumec valorizou melhores trabalhos realizados por estudantes do curso no 2º semestre de 2011 O PONTO Da Redação Na manhã do dia 6 de março, o coordenador do curso de jornalismo, Ismar Madeira, reuniu todos os alunos e professores do curso com o propósito de anunciar o tema da semana da comunicação deste ano, disseminar o conteúdo de alguns TCC’s do último semestre e de entregar o Prêmio Fumec de Jornalismo. Professores e alunos pre-
senciaram discussões sobre assuntos relacionados ao fazer jornalístico. Sob o título de “O Jornalismo e a Modernidade”, o objetivo da Semana da Comunicação será estabelecer relações entre o movimento artísticocultural da Semana de 1922 e a comunicação. A aluna do quinto período, Maria Eduarda Silva Ramos apresentou o projeto de extensão “Música na Escola”, que propôs aulas teóricas e práticas aos
alunos de uma escola pública com o objetivo de estimular a visão crítica acerca da música, da indústria cultural, entre outras. Toda a experimentação prática se deu nos laboratórios da Universidade FUMEC. Foram produzidos blogs e outros produtos. Em vários momentos do encontro, professores e alunos levantaram a discussão de que o mercado molda o profissional e que o veículo empregador não
dá espaço para a criação. Para confrontar esse pensamento recorrente, Ismar Madeira convidou o ex-aluno Pedro Cunha para contar sua experiência. Pedro formou-se em dezembro de 2011 e atualmente é editor no portal G1. Prêmio de Jornalismo Depois de toda a manhã, chegou o momento mais esperado do encontro, a entrega do primeiro Prêmio Fumec de Jorna-
lismo, que abriu inscrições para quatro categorias: Jornalismo para novas mídias; Jornalismo eletrônico; Jornalismo impresso e Imagem jornalística. Ismar apresentou os projetos inscritos e premiou os vencedores; vale lembrar que os trabalhos foram avaliados por profissionais do mercado que pontuaram as produções. O prêmio é uma forma de reconhecimento da FUMEC e do curso de jornalismo à produção de qualidade de seus graduandos.
Os vencedores Fotos: Vaw Prochnow
Franco Serrano Reis “O Inferno do Crack” (Imagem Jornalística)
“Cobertura do seminário Comunicação e Sustentabilidade”
“Receber o prêmio nos incentiva e motiva. Atitudes como estas colaboram para que o nivel do curso continue em alto nivel”
(Jornalismo em novas mídias)
“Eventos como esse servem de estímulo para a nossa carreira que se inicia” Cézar Vouguinha
Fotos: Vaw Prochnow
Túlio Kaizer, Diego Duarte e Cézar Vouguinha
Franco Serrano
Foto: Isabella Monteiro
“Palmas para Los Hermanos” (Mídia Impressa)
Lucas Rodrigues, Maria Eduarda Ramos, Lais Seixas, Julia Falconi, Ana Luísa Altieri e Pedro Cunha “O cinema que habita a cidade”
(Jornalismo Eletrônico)
“O prêmio nos abre portas para o mercado de trabalho e incentiva a investir em projetos como esse” Laís Seixas
15 • Perfil
Editor da página: Túlio Kaizer -5º Período / Diagramador da página: Lucas Rage - 7º Período
Belo Horizonte, abril de 2012
Fotos: Franco Serrano
O Ponto
Max Gehringer
Em entrevista ao jornal O Ponto, um dos mais conceituados homens de negócio do Brasil fala sobre carreira, sonhos e a difícil batalha do mundo corporativo
Como todo garoto de onze anos, Max tinha seus próprios sonhos. De família humilde, era pelo rádio que as informações do mundo invadiam a vida do jovem. Foi nele que Max encontrou sua primeira inspiração vocacional: viajar pelas ondas AM e FM como locutor.
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etes.com
A vida, porém, não é feita só de sonhos. A precária situação financeira da família levou Max ao seu primeiro emprego, aos 15. O garoto, que agora abandonava sua ingenuidade juvenil, trocava as brincadeiras de rua pela linha de produção em uma fábrica de extrato de tomate. Ali aprendeu sua primeira grande lição: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. A passos largos, Max galgava os degraus da escada profissional rumo ao sucesso. Sua jornada foi pautada por cargos de gerente, diretor à presidente de grandes corporações multinacionais. O segredo do sucesso Gehringer credita à versatilidade: “você tem que saber discutir sobre engenharia com um advogado e direito com um engenheiro”, exemplifica, ilustrando que se deve saber de tudo um pouco. Alia-se isso a uma personalidade cativante e, segundo o palestrante, adquirese a fórmula do profissional completo. A experiência de Max no mundo corporativo transcende o número de contratos que fechou e as planilhas de lucro das empresas que geriu. “Ninguém se lembrará do quanto uma empresa faturou no ano tal e tal. Mas todos terão na memória aquele chefe que lhe tratou bem”.
Creditar o sucesso somente a habilidades humanísticas é incorrer em um ledo engano. Para Max, uma formação superior de qualidade é indispensável para a construção de um currículo profissional competitivo. “Todos temos um momento na vida chamado de ‘mais do mesmo’“, relembra Gehringer aos desavisados. Com uma carreira de sucesso bem fundamentada, Max chegou à conclusão de que era hora de colocar o hibernado sonho em prática. As finanças já não constituíam o obstáculo que colocou o garoto de 15 nas fábricas do interior de São Paulo. O caminho estava livre para resgatar o talento como escritor e radialista. Mais do que nunca, um tema bem definido permeava as falas e textos de Max: os conselhos de como se ingressar e sobreviver no feroz mundo corporativo. Graças ao garoto sonhador de outrora, o estilo do hoje premiado escritor estava totalmente pronto. O menino das linhas de produção que antes escrevia sobre temas diversos jamais pensaria que aquele exercício lhe renderia o posto de mentor profissional das atuais gerações brasileiras. Gehringer se tornou referência, não só para jovens que iniciam a labuta, como para aqueles que fazem da jornada de trabalho um estilo de vida. Não foi à toa que a Universidade FUMEC convidou o palestrante para ministrar a aula magna aos calouros do primeiro semestre de 2012. Em entrevista à FUMEC, Gehringer fala sobre sonhos, carreira e a relação entre dinheiro e felicidade. A entrevista e a cobertura do evento podem ser conferidas, na íntegra, no www.fumec.br/ blog.
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Lucas Rage Maria Eduarda Ramos 7º e 5º períodos
MEC
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JORNALISMO FUMEC
Entre as melhores do BRASIL.