Raio X - Ceará que cresce

Page 1


Ceará que cresce

ESPECIAL / ESTE É O PRIMEIRO DE UMA SÉRIE DE QUATRO CADERNOS QUE VAI TRAÇAR O RAIO-X ECONÔMICO, SUSTENTÁVEL E CRIATIVO DO ESTADO DO CEARÁ. NAS PÁGINAS A SEGUIR, OS CAMINHOS QUE APONTAM PARA O CRESCIMENTO E AVANÇO DE DIFERENTES SETORES CEARENSES

Com a liberação de R$ 3,6 bilhões para conclusão da Fase 1 da Transnordestina,que liga Eliseu Martins-PI ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém, a expectativa é de que a ferrovia entre em operação em 2027

O que impulsiona o Ceará?

Este é o primeiro de uma série de quatro cadernos sobre o desenvolvimento do Ceará neste ano de 2024. O Ceará que cresce lança olhares para os investimentos que irão impulsionar o futuro da economia. Traçamos um raio-x do que movimenta o Ceará para frente.

As notícias são boas. A expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) cearense encerre o ano com avanço de 4,41%, acima daquele projetado para o País, de 2,9%. As projeções do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) estão ancoradas na própria trajetória de aquecimento da economia ao longo do ano. No primeiro semestre de 2024, o PIB do Estado fechou em 6,48% e nos últimos quatro trimestres em 5,10%, resultados acima do Brasil, de 2,9% e de 2,5% na mesma comparação, respectivamente. Com destaque para o aquecimento da economia no 2º trimestre, quando o indicador subiu 7,21%.

Há de se comemorar em infraestrutura também. Após 18 anos, a Transnordestina, considerada atualmente a maior obra linear do País, entra em fase decisiva. Com a liberação de R$ 3,6 bilhões para conclusão da Fase 1 da Transnordestina, que liga Eliseu Martins-PI ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém, assinada no dia 28 de novembro, a expectativa é de que a ferrovia entre em operação em 2027. Mas o Governo Federal trabalha para que alguns trechos estejam operacionais um ano antes. Com isso, crescem também as oportunidades de articulação para atrair novos empreendedores para a região. Estão em estudo a implementação de, pelo menos, três portos secos no Ceará: Quixeramobim, Iguatu e Missão Velha.

Na página especial sobre o Porto do Pecém, o secretário-executivo da Rede Verdes, Murilo Luna, explica que na corrida pelo mercado de hidrogênio verde (H2V), o Ceará desponta como um dos principais estados a conquistar a liderança do setor no Nordeste.

A organização que ele chefia foi criada em 2023 pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) com recursos do Governo

do Estado e reúne pesquisas e pesquisadores cearenses focados nas temáticas das Energias Renováveis e do H2V. De acordo com o secretário, o Ceará se beneficia de uma combinação estratégica que alia infraestrutura, incentivos fiscais e posicionamento geográfico: a receita ideal para atrair grandes empresas do setor e favorecer a economia. Quando comparado a São Paulo e Rio de Janeiro, estados muito industrializados, a saída para bem-posicionar o Ceará nesse campo pode ser verde. Um dos pilares de desenvolvimento do hidrogênio verde no Ceará é a própria Rede Verdes. A iniciativa reúne 14 instituições e 26 laboratórios, promovendo pesquisa multidisciplinar em energias renováveis, como biomassa, fotovoltaica e combustíveis alternativos. Além disso, incentiva a criação de startups, conectando academia e mercado. Vem conhecer esse Ceará que cresce!

Acesse o site:

especial.opovo.com.br/raiox/

EMPRESA JORNALÍSTICA O POVO

Presidente e Publisher: Luciana Dummar | Presidente-Executivo: João Dummar Neto | Diretores de Jornalismo: Ana Naddaf e Erick Guimarães | Diretor de Jornalismo das Rádios: Jocélio Leal | Diretor de Negócios e Marketing: Alexandre Medina Néri | Diretor de Estratégia Digital: André Filipe Dummar de Azevedo | Diretora de Gente e Gestão: Cecília Eurides | Diretor Corporativo: Cliff Villar | Diretor de Opinião: Gualter George | Editorialista-Chefe: Plínio Bortolotti

RAIO X 2024

Concepção e Coordenador Geral: Cliff Villar | Coordenadora de Operações: Vanessa Fugi | Coordenação de Projetos e Relacionamento: Daniel Oiticica | Estratégia, Relacionamento e Captação: Adryana Joca, Dayvison Álvares | Assistente de Projetos: Renata Paiva | Assessora de Comunicação: Daniela Nogueira | Gerente Executiva de Projetos: Lela Pinheiro | Analista de Projetos: Beth Lopes | Coordenador de Criação: Jansen Lucas | Design: Jean Rocha e Tayla Sales | Redação Publicitária: Amanda Raviny | Análise de Marketing: Álvaro Guimarães e Hérica Paula | Gerente de Tráfego Digital: Natércia Melo | Analista de Performance: Mariana Marques e Andreia Nogueira | Motion Designer: Dimas Gabriel | Estagiária: Jennifer Gomess

CADERNOS RAIO X 2024

Editora-executiva: Paula Lima | Repórteres: Letícia do Vale, Lucas Casemiro | Design: Lucas Jansen e Natasha Lima | Textos: Irna Cavalcante | Tratamento de imagens: Robson Pires

Com o SENAI Ceará, a sua empresa customiza metodologia, conteúdo e carga horário de acordo com as necessidades da sua equipe.

AS PORTAS PARA O FUTURO

PIB / COM RITMO DE CRESCIMENTO SUPERIOR À MÉDIA NACIONAL, ESTADO VEM INVESTINDO NA DIVERSIFICAÇÃO DAS CADEIAS PRODUTIVAS E SOLIDEZ FISCAL PARA CONSOLIDAR TRAJETÓRIA DE EXPANSÃO

OCeará tem se destacado nos últimos anos por seu crescimento econômico consistente e capacidade de atrair investimentos. Diversos fatores têm contribuído para esse cenário, incluindo a diversificação da economia, solidez fiscal e a infraestrutura em expansão.

Ao que tudo indica, em 2024, não será diferente. A expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) cearense encerre o ano com avanço de 4,41%, acima daquele projetado para o País, de 2,9%. As projeções do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) estão ancoradas na própria trajetória de aquecimento da economia ao longo do ano.

No primeiro semestre de 2024, o PIB do Estado fechou em 6,48% e nos últimos quatro trimestres em 5,10%, resultados acima do Brasil, de 2,9% e de 2,5% na mesma comparação, respectivamente. Com destaque para o aquecimento da economia no 2º trimestre, quando o indicador subiu 7,21%.

Percentual foi mais que o dobro do registrado no Brasil, de 3,3% no período. E o maior dentre todos os estados nordestinos que fazem essa medição: Bahia (2,2%) e Pernambuco (4,1%).

Dentre os três setores que compõem o indicador do PIB (Serviços, Agropecuária e Indústria), o melhor resultado no Ceará, no segundo trimestre de 2024, na análise do Valor Adicionado, ficou com a Agricultura, que apresentou desempenho de 32,52% em relação ao segundo trimestre de 2023, superando o do Brasil, de -2,9% no mesmo período.

Contudo, chama atenção ainda a recuperação observada na Indústria, com alta de 9,93% no trimestre, seguido pelo Serviços, com índice de 4,48%, enquanto o nacional foi de 3,9% e 3,5%, respectivamente.

Mas outros indicativos como o avanço dos empregos formais também convergem neste sentido. Os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregos (Caged) mostram que o Estado acumula 58.049 novos postos de trabalho no acumulado de janeiro a outubro deste ano.

São 2,5 mil vagas a mais do que o saldo apurado em todo o ano de 2023, que captou 52.195 postos formais. Avanço de 4,85% quando comparado os dois períodos.

O Ceará é ainda um dos estados brasileiros mais destacados na área de energia renovável, com um enorme potencial para a produção de energia solar e eólica. O parque eólico do Ceará tem sido um dos maiores do Brasil, atraindo empresas para o setor de energia limpa. Isso tem gerado investimentos internacionais e contribuído para o crescimento do setor energético no Estado.

Do ponto de vista fiscal, embora já tenha se notabilizado nacionalmente como um Estado que tem conseguido manter, ao longo dos anos, o equilíbrio das contas públicas, em novembro deste ano obteve, pela primeira vez, a nota A de Capacidade de Pagamento (Capag) concedida pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN).

Na prática, esta nota funciona como uma espécie de selo de aprovação para estados e municípios na hora de realizar operações de crédito com garantia da União. Uma boa classificação, entre outras vantagens, facilita o acesso a financiamentos com juros mais baixos.

O secretário da Fazenda do Ceará, Fabrízio Gomes, tem ressaltado que esta mudança deve possibilitar a expansão contínua dos investimentos públicos no ano que vem. Em 2024, até novembro, o Ceará já se aproximava dos R$ 3 bilhões aplicados em investimentos, valor superior ao registrado em todo o ano de 2023.

A melhoria da infraestrutura também tem sido um fator crucial para o crescimento do Ceará. O Complexo Industrial e Portuário do Pecém, além de ser um dos maiores portos de

exportação do Brasil, está recebendo investimentos para ampliar a capacidade de operação e atrair novos investidores, como a instalação de áreas industriais e parques logísticos.

Destaque também para o avanço das obras da Transnordestina, que atualmente estão em 76%, com previsão de entrega dos primeiros trechos em 2026.

Para cumprir a meta de atender 90% da população com coleta e tratamento de esgoto até 2033, o Ceará também aumentou investimentos na

infraestrutura de saneamento básico. Recentemente, o governo estadual e o BNDES assinaram um contrato de R$ 1 bilhão para financiar as operações que estão a cargo da Ambiental Ceará, parceria público privada firmada entre a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e a Aegea.

A atração de investimentos estrangeiros, o desenvolvimento de novas infraestruturas para o Estado, e a aposta em setorescomoenergiarenovável,tecnologiae inovação são fatores que prometem manter o Estado em trajetória de expansão.

TOTALIZANDO NO CEARÁ ����.������

TOTALIZANDO NO BRASIL ��.������.������

SERVIÇOS 28986 COMÉRCIO 6655 INDÚSTRIA 15431

CONSTRUÇÃO 5016 AGROPECUÁRIA 1962

RETROSPECTIVA

MAIS GENTE EMPREENDENDO

O Ceará registrou no período de janeiro a outubro deste ano 95,8 mil pedidos de aberturas de empresas. São cerca de 5 mil pedidos a mais em relação a igual período do ano passado, conforme dados da Junta Comercial do Ceará (Jucec). O setor de serviços lidera as estatísticas, com 61,8 mil empresas. Dentre as novidades implementadas neste ano, está a expansão do programa Empresa Mais Simaples, que conta agora com a adesão de 27 municípios. A iniciativa possibilita mais agilidade, acessibilidade e a desoneração da abertura de empresas de baixo risco. Por meio do programa, agora é possível formalizar um negócio no Ceará em até cinco minutos no fluxo rápido. Desde abril deste ano também foi implementado no programa o serviço Abre no Zap. A ferramenta, acessada por meio do contato (85) 3108-2920 no WhatsApp, permite que empresas de baixo risco, possam ter acesso à formalização completa, conseguindo o contrato social, inscrições tributárias e a dispensa de licenciamento.

MAPEAMENTO / AO LONGO DO ANO, ALGUNS SETORES E SEGMENTOS QUE MOVIMENTARAM A ECONOMIA NO ESTADO SÃO REFLEXOS DE UM CEARÁ QUE CRESCE EM DIVERSAS ESFERAS

TURISMO EM MOVIMENTO

A atividade turística no Ceará cresceu 6,9% no terceiro trimestre de 2024, de acordo com levantamento do Índice de Atividades Turísticas (Iatur), elaborado a partir de dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O desempenho cearense superou os índices nacional (2,4%); da Bahia (3,5%) e de Pernambuco (0,0%).

POLO AUTOMOBILÍSTICO

O Ceará vai contar com um novo polo industrial automobilístico que será implantado em Horizonte, na Região Metropolitana de Fortaleza. O projeto anunciado pelo governador Elmano de Freitas em agosto deste ano prevê investimentos da ordem de R$ 400 milhões em investimento e 255 empregos diretos na primeira fase.

A expectativa é que, inicialmente, as atividades sejam baseada em um modelo inédito de planta automotiva multimarcas no Brasil. No complexo serão produzidos veículos eletrificados e/ou híbridos, por encomenda de terceiros. Os primeiros veículos devem sair da linha de montagem no primeiro semestre de 2025.

CAPITAL HUMANO

Praticamente 70% dos municípios cearense sedia uma Instituição de Ensino Superior (IES). Os dados do Mapa Geral da Educação Superior no Ceará mostram que 127 dos 184 municípios cearenses são beneficiados. O impacto positivo de novos cursos de Ensino Superior vai além da seara educacional, mas é amplo na medida em que abrem um leque de possibilidades econômicas para esses locais.

Joseli Cordeiro, quilombo do Batoque, na cidade de Pacujá, defendeu sua dissertação no Programa de Pós-Graduação em História da UFC

cearenses saíram da extrema pobreza entre 2021 e 2023 (período pós-pandemia de covid-19), o que representou uma redução de 40,6% do número de extremamente pobres no Estado. É o que mostra estudo do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), divulgado em agosto deste ano.

Destes, mais de 193 mil estavam na zona urbana e cerca de 407 mil na rural. Uma redução de 25,4% na zona urbana e de 56,7% na zona rural.

FABIO LIMA/OPOVO

AVANÇO

da Transnordestina reposiciona competitividade logística do Nordeste

APÓS 18 ANOS / COM RECURSOS ASSEGURADOS, A PRIMEIRA FASE DA TRANSNORDESTINA SERÁ ENTREGUE EM 2027. O GOVERNO FEDERAL TRABALHA, NO ENTANTO, PARA QUE ALGUNS TRECHOS ESTEJAM OPERACIONAIS ANTES DISSO, EM 2026

A Transnordestina conta, ao todo, com 1.209 quilômetros de extensão na linha principal, que liga Eliseu Martins, no Piauí, ao Porto do Pecém, no Ceará, passando por Salgueiro, em Pernambuco

Após 18 anos, a Transnordestina, considerada atualmente a maior obra linear do País, entra em fase decisiva. Com a liberação de R$ 3,6 bilhões para conclusão da Fase 1 da Transnordestina, que liga Eliseu Martins-PI ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém, assinada no dia 28 de novembro, a expectativa é de que a ferrovia entre em operação em 2027. Mas o Governo Federal trabalha para que alguns trechos estejam operacionais um ano antes.

Com isso, crescem também as oportunidades de articulação para atrair novos empreendedores para a região. Estão em estudo a implementação de, pelo menos, três portos secos no Ceará: Quixeramobim, Iguatu e Missão Velha.

Ao todo, o projeto conta com 1.209 quilômetros de extensão na linha principal, que liga Eliseu Martins, no Piauí, ao Porto do Pecém, no Ceará, passando por Salgueiro, em Pernambuco. A execução desta parte da obra está a cargo da Transnordestina Logística (TLSA), controlada pelo grupo CSN. Também estão previstos 548 quilômetros de trilhos partindo de Salgueiro em direção ao Porto de Suape, em Pernambuco. Este braço da ferrovia havia sido excluído do contrato de concessão na gestão anterior. Em 2023, o Governo Federal decidiu pela inclusão do traçado no Novo PAC e agora há previsão de que sejam destinados R$ 450 milhões para este ramal.

O aumento desta cobertura ferroviária amplia o potencial da região para se fortalecer no ambiente de negócios cada vez mais competitivo do Brasil e do exterior, avalia o diretor de Fundos, Incentivos e de Atração de Investimentos da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Heitor Freire. “Trata-se do maior projeto em curso no Nordeste, do Brasil, e irá viabilizar o crescimento socioeconômico de toda Região. A ferrovia será responsável pelo transporte de minérios, fertilizantes, grãos e combustível. É uma obra com capacidade de transformar a economia cearense e de toda a Região, fazendo que a gente avance mais”, afirmou

Ele explica que com esse último aditivo, autorizado em novembro deste ano, o novo financiamento é de R$ 7,8 bilhões, sendo que, da Sudene e do Fundo de Desenvolvimento do Nortes (FDNE), são R$ 3,6 bilhões, que serão liberados em quatro parcelas, sendo três de R$ 1 bilhão e uma de R$ 600 milhõe em 2027. O dinheiro permitirá a conclusão de mais de mil quilômetros de trilhos que correspondem a três trechos próximos ao Porto do Pecém. Em entrevista ao quadro Guia Econômico da Rádio O POVO CBN, Heitor destacou que a expectativa é de que o canteiro de obras, que hoje conta com cerca de 2,5 mil trabalhadores, alcance 8 mil empregos diretos gerados. De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), cerca de 70% da fase 1 do projeto já está pronta e, há a expectativa de que, com a garantia dos R$ 3,6 bilhões, a empresa possa dar celeridade ao trabalho, inclusive com mais de uma frente de trabalho.

Histórico

O avanço das obras da Transnordestina tem mobilizado a articulação por novas estruturas logísticas na região, como portos secos, que servem como um ponto de distribuição e armazenamento, otimizando o fluxo de mercadorias.

Dentre os projetos que estão sendo prospectados, está a instalação de um porto seco no município de Quixeramobim, no Sertão Central. Com investimento estimado de R$ 625 milhões, pela Value Global Group, a ideia é que essa estrutura disponha de áreas para tancagem (armazenamento e distribuição de combustíveis) grãos, minérios, contêineres, portuária, administrativa e usina solar, além de heliponto e um espaço remanescente.

Em 25 de outubro deste ano, a prefeitura de Quixeramobim, em entrevista ao O POVO, informou que já conta com 12 pré-contratos assinados com empresas de diversos setores interes-

da Transnordestina

A necessidade de uma conexão no Nordeste por trilhos foi identificada pela primeira vez em 1956, quando o Plano Ferroviário Nacional previa uma ligação entre Missão Velha (CE) e Petrolina (PE).

As obras da ferrovia Transnordestina, no entanto, começaram oficialmente em 2006. A previsão inicial era de que a obra fosse concluída em 2013, mas diversos atrasos ocorreram.

Até 2016, apenas 52% da obra estava concluída.

Em 2021, o governo Bolsonaro anunciou a retomada dos repasses para a obra.

Em 2022, a concessionária Transnordestina Logística SA, do Grupo CSN, excluiu o trecho de cerca de 520 km entre Salgueiro e Suape alegando inviabilidade econômica.

Em 2023, o governo federal reincluiu o trecho no projeto.

sadas em aderir ao espaço do terminal multimodal.

Já em Missão Velha, na região do Cariri, há um projeto com investimento inicial previsto em R$ 32 milhões, segundo informações do prefeito da cidade, Dr. Lorim (PSB), em entrevista à rádio O POVO CBN Cariri no dia 7 de novembro. No mesmo mês, a TLSA Logística assinou mais um pré-contrato com investidores interessados em operar o Terminal Logístico de Iguatu (CE). De acordo com a proposta, as cargas serão originadas a partir do terminal da TLSA no Piauí e terão como destino o município de Iguatu. ”As obras do terminal devem ser iniciadas até o final deste ano, com previsão de transporte comissionado em 2025, mesmo antes da conclusão da ferrovia até o Porto do Pecém. O pré-contrato prevê o transporte de soja, milho e farelo de soja”, informou a empresa em nota.

Elmano de Freitas, governador do Ceará, participa da solenidade, ao lado do diretor-presidente da Transnordestina Logística SA (TLSA), Tufi Daher, e outras autoridades. Cerimônia de assinatura de ordem de serviço para construção dos lotes 4 e 5 da ferrovia Transnordestina no Ceará

O TCU autorizou a retomada de investimentos no trecho Salgueiro-Suape em 2024, renovando as expectativas para a conclusão do projeto. Em abril, o Governo Federal lançou edital para contratação da empresa que irá elaborar o projeto executivo de engenharia para o ramal pernambucano. A obra deve receber aporte de cerca de R$ 450 milhões do Novo PAC. A expectativa é que o trecho entre Salgueiro e Suape comece a ser construído no início de 2025.

Em novembro deste ano, o governo anunciou a liberação de R$ 3,6 bilhões para conclusão da Fase 1 da ferrovia, que liga o Porto do Pecém, no Ceará, a São Miguel do Fidalgo, no Piauí, passando por Salgueiro, em Pernambuco. A obra deve ser entregue até 2027.

A fase 2 da Transnordestina, que vai de Eliseu Martins a Paes Landim, no Piauí, deve ser concluída até 2029.

FÁBIO LIMA
FERROVIA ATRAI NOVAS ESTRUTURAS DE PORTO SECO PARA O CEARÁ

Ceará na liderança do cenário de HIDROGÊNIO VERDE

Pecém movimenta mais de 4 mil contêineres e bate recorde de movimentação de um só navio com a chegada do MSC Navio MSC Mariagrazia,em setembro deste ano

PARA

Na corrida pelo mercado de hidrogênio verde(H2V),oCearádespontacomoum dos principais estados a conquistar a liderança do setor no Nordeste. A afirmação é do secretário-executivo da Rede Verdes, Murilo Luna.

A organização que ele chefia foi criada em 2023 pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) com recursos do Governo do Estado e reúne pesquisas e pesquisadores cearenses focados nas temáticas das energias renováveis e do H2V.

De acordo com o secretário, o Ceará se beneficia de uma combinação estratégica que alia infraestrutura, incentivos fiscais e posicionamento geográfico: a receita ideal para atrair grandes empresas do setor e favorecer a economia. Quando comparado a São Paulo e Rio de Janeiro, estados muito industrializados, a saída para bem-posicionar o Ceará nesse campo pode ser verde.

“Essas energias renováveis bem aproveitadas podem ser o diferencial do nosso Estado frente a outras possibilidades e faz com que as empresas se interessem. Nós já temos empresas que já produzem energia renovável aqui, como a francesa Qair e a Casa dos Ventos, por exemplo, que já têm investimentos fortes aqui”, afirma Murilo.

No centro desse oceano de oportunidades está o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) e sua Zona de Processamento de Exportação (ZPE), que facilita operações de exportação e importação, especialmente para mercados como Europa e Estados Unidos.

“A ZPE tem uma preparação jurídica e estruturaljustamenteparafacilitarqueosprodutossejam exportados, e obviamente a gente tem uma importação também. Essa zona facilita com que essas empresas que se instalem no Porto do Pecém te-

REDE VERDES / O CENÁRIO, OS DESAFIOS E AS OPORTUNIDADES

CONSOLIDAR O HUB DE H2V NO ESTADO COMO LÍDER REGIONAL

nham uma maior facilidade de trabalhar com seus produtos”, explica Murilo, que também é professor do Departamento de Engenharia Química da UFC.

A zona favorece a produção de hidrogênio em diferentes formas, como amônia e metanol, e sua comercialização em mercados estratégicos. Somada à expertise técnica já instalada no Estado, a combinação desses elementos tornam o Ceará um hub do hidrogênio verde no País.

Apesar do protagonismo cearense, estados como Pernambuco e Rio Grande do Norte também avançam, apresentando projetos e estruturas competitivas, incluindo a instalação de plantas-piloto.ORioGrandedoNorte,porexemplo,seprepara para uma planta-piloto da Petrobras, enquanto o Ceará já opera uma planta com tecnologia PEM, destacando-se em inovação tecnológica.

“É claro que tem projeto na Bahia, tem projeto no Piauí, ou seja, cada estado também tem tentado atrair empresas para que sejam grandes produtoras de hidrogênio”, afirma o professor, frisando o destaque cearense, potiguar e pernambucano.

Outro fator importante é que o setor de hidrogênioverderequerregulamentaçãoespecíficapara consolidarsuaoperação.Nessecontexto,aAgência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) atua no monitoramento e regulamentação de tecnologias como o querosene de aviação e segue no mesmo caminho com o hidrogênio, sendo responsável por fiscalizar e assegurar a qualidade dos produtos.

“A ANP tem um programa de monitoramento da qualidade dos combustíveis e ela justamente retêm dados importantes para poder fiscalizar e para poder autuar também, no caso de infrações. Eu visualizo que nesse contexto a ANP é a agência reguladora desse setor”, observa o secretário-executivo da Rede Verdes.

PESQUISA E INOVAÇÃO INTEGRADAS

Um dos pilares de desenvolvimento do hidrogênio verde no Ceará é a própria Rede Verdes. A iniciativa reúne 14 instituições e 26 laboratórios, promovendo pesquisa multidisciplinar em energias renováveis, como biomassa, fotovoltaica e combustíveis alternativos. Além disso, incentiva a criação de startups, conectando academia e mercado.

“É a primeira vez que o Governo do Estado faz um financiamento de uma rede dessa magnitude. Nós estamos falando de quatro anos e de um orçamento de R$ 16 milhões”, afirma Murilo Luna, secretário-executivo da Rede Verdes.

“A gente espera, obviamente, que ao longo desses próximos anos a gente consiga fortalecer e gerar startups, ter ideias inovadoras nesse processo, de tal forma que os nossos alunos façam a empresários, que os nossos alunos façam a trabalhar, desenvolver tecnologias que sejam de interesse de grandes empresas”, complementa o professor.

Atualmente, a Rede possui 12 projetos em andamento e já conta com empresas nascentes, como uma dedicada ao desenvolvimento de produtos para limpeza de módulos fotovoltaicos, serviço imprescindível para manter a eficiência energética desses sistemas.

Um dos objetivos centrais da Rede é estreitar laços entre universidades e indústrias, sendo essa integração, ao mesmo tempo, um dos principais desafios e oportunidades do Brasil no contexto global, de acordo com o secretário.

“Comparado com a quantidade de indústria que existe aqui, nós ainda estamos muito longe de vários outros países em que essa aproximação é direta. Tem lugares na Espanha em que as empresas têm laboratórios dentro das universidades e que as universidades fazem essa interlocução direta com empresários, sendo esse retorno mais rápido. A Rede Verdes é um grande projeto que pode potencializar essa relação e minimizar essa distância”, conclui.

AURELIO ALVES
Lula esteve no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), em agosto deste ano, para sancionar o Marco Legal do Hidrogênio Verde (H2V) – N° 2308/2023
FABIO LIMA

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.