Raio X - Ceará que cria

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Ceará que cria

ESPECIAL / A INOVAÇÃO E O AVANÇO DO EMPREENDEDORISMO MOVIMENTAM A ECONOMIA DO ESTADO E REPOSICIONAM O CEARÁ COMO CRESCENTE CELEIRO DE STARTUPS E IMPORTANTE POLO DE TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

Ceará: terra de luz e inovação

Buscando se tornar um futuro território da inovação, o Ceará apresenta o crescimento de startups, sendo o oitavo estado com mais startups no Brasil, representando 2,6% do total nacional, segundo levantamento da Associação Brasileira de Startups (ABStartups). Em 2023, o número de startups cresceu 26%, com iniciativas que vão de tecnologia educacional a soluções para o transporte aéreo, como a Vertical Connect e seu protótipo de “carro voador”, que foi apresentado no fim do ano passado. A maior concentração de startups está em Fortaleza, com 77,7% reunidas na região. Um dos estímulos para esse crescimento é promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para o surgimento de comunidades de startups no interior do Estado. O diretor técnico do Sebrae, Alci Porto, informou que a ins-

tituição está implementando quatro centros de inovação no Interior e um centro na Capital. Ele afirma que uma das razões que explicam a concentração das startups nas regiões Sul-Sudeste, bem como nas capitais, é que “o berço da startup são as universidades e os centros tecnológicos de inovação”.

O empreendedorismo é mesmo um forte potencial do Estado, especialmente na área da moda. Com uma forte tradição de produção têxtil e no comércio, o setor vem se reinventando para atender a demanda dos novos tempos, como a diversificação de corpos e a busca por negócios cada vez mais sustentáveis e inovadores. Nesta terceira edição, o projeto Raio-X conversou com Mariana Figueira, CEO da Fredericas e Luciana Valente, proprietária da Susclo e da Suzy. “O ponto inicial da criação de cada roupa é a necessidade do público, mesmo ali em relação ao vestir. Um exemplo que eu gosto muito de dar é de uma peça que foi criada por mim junto com as meninas, que trouxe uma mudança muito simples, mas que gera muito resultado na vida de quem usa, é um vestido social de trabalho com bolsos. A gente queria uma peça extremamente básica, que pudesse ser repetida e usada várias vezes, porque esse é um dos conceitos da marca, que você tenha um número limitado de peças, que você combine entre si essas peças, para que você tenha um guarda-roupa criativo e que expresse o

que você está querendo dizer ali, porque moda também é forma de comunicação e que seja prático”, conta Mariana.

Na página especial Porto do Pecém, visitamos a indústria âncora do Ceará, líder na produção de aço, a Siderúrgica Arcelormittal Pecém. Única unidade da Arcelormittal Brasil no Nordeste, iniciou a produção de placas de aço em 2016 e, em 2023, concluiu a aquisição da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). Um empreendimento que se tornou o maior segmento industrial já instalado no Ceará, atraído por um ativo que oferece condições operacionais e financeiras para expansão e sustentabilidade.

A produção e exportação de aço na planta ultrapassa os três milhões de toneladas de placas por ano e mira em avanços de números, tecnologias e pesquisas. “A unidade, no ano passado, já conseguiu atingir sua capacidade máxima. Nesse ano, a gente está no mesmo caminho. 2024 vem sendo um bom ano, a gente vem trabalhando muito o desenvolvimento para que tenhamos, cada vez mais, a performance da planta melhorando”, avalia o CEO da ArceloMittal Pecém, Erick Torres. Vem conhecer esse Ceará que cria!

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RAIO X 2024

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Robson Pires

O Projeto Raio X escaneia a economia, as inovações e as políticas públicas que fazem do Ceará um estado único e apresenta as perspectivas dos mercados frente ao crescimento da economia nacional. É leitura essencial para empresáriosemgeral,pequenasemédiasempresas,executivos financeiros e administrativos, instituições de fomento, administradores de empresas, gestores públicos, economistasecontadores,profissionaisquedesenvolvem trabalhos na área de inovação em negócios. Especialistas dediversasáreasreúnem-separarevelarumCearácomplexo, dinâmico e repleto de potencial.

4 cadernos especiais nos dias 11/12, 12/12, 13/12 e 14/12

Ceará que cresce

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Ceará para o mundo

que cresce e Ceará para o mundo

Ceará sustentável - entrevistacomTalytaViana, coordenadoraregulatóriadaAssociaçãoBrasileirade Biogás(Abiogás)sobreatransformaçãoenergéticaedos desafiosdaproduçãodebiogásnoCearáenoBrasil.

Ceará que cria - entrevistacomMarianaFigueira,da Fredericas,eLucianaValente,daSusclo(brechó)eda Susy(Sistemaparabrechós),sobreasoportunidadeseos desafiosdoprocessocriativoedenegóciosparaempreendernosetordeconfecçãonoCeará.

Ceará que cresce - entrevistacomoeconomistaCelio FernandosobreosindicadoresdecrescimentodoCeará, ossetorescommaisoportunidadeseosdesafiosparaa consolidaçãodessescrescimentos.

Ceará para o mundo - entrevistacomoadvogadoe mestreemNegóciosInternacionais,RômuloAlexandre, sobreocrescimentodoCearáparaforadasfronteirasdo Brasileasoportunidadesnoatualcenáriointernacional.

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INOVAÇ

Inovação em educação corporativa

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RETROSPECTIVA

TECNOLOGIA / CONECTAR STARTUPS CEARENSES A GRANDES INVESTIDORES, FORTALECER O ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO LOCAL E PROMOVER A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL FORAM PAUTAS NO CEARÁ NESTE ANO

Educação e Capacitação Tecnológica

A Casa Azul Ventures e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece) deram início a uma discussão, neste ano, para firmar uma parceria com objetivo de conectar startups cearenses a grandes investidores, com foco no fortalecimento do ecossistema de inovação local. A iniciativa deve beneficiar programas como os Corredores Digitais, hub de inovação e a CriarCE, primeira aceleradora pública de hardware do Brasil.

Buscando incentivar ainda mais a inovação no Estado, o Governo do Ceará, por meio do governador Elmano de Freitas (PT), sancionou, neste ano, uma lei para incentivar a inovação e a pesquisa no Ceará. A legislação cria o Sistema de Inovação do Ceará (SIC), integrando diversas secretarias e órgãos, com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico e a competitividade. A nova lei visa também adaptar a política estadual às normas federais.

Desenvolvimento Tecnológico e Startups

Em 2024, o Ceará se destacou no crescimento do ecossistema de startups por meio da consolidação de um Hub de Inovação do Nordeste. O cenário foi destaque no Siará Tech Summit 2024, maior evento de inovação promovido pelo Sebrae. O encontro foi realizado em Fortaleza, em outubro, e reuniu 300 startups cearenses que apresentaram seus negócios, gerando oportunidades de negócios. Outro destaque no desenvolvimento tecnológico foi por meio do Parque Tecnológico (Partec) da Universidade Federal do Ceará (UFC) que, neste ano, divulgou novos editais para o desenvolvimento de startups.

Ainda em 2024, três startups cearenses aceleradas pela Casa Azul Ventures — Urbis, Lovel e Eduvem — foram anunciadas como finalistas do Startup Awards, o principal prêmio nacional do setor de inovação e startups. A Urbis e a Lovel disputaram na categoria “Revelação”, enquanto a Eduvem concorreu como “Startup do Ano”. A premiação é organizada pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups) e possui 15 categorias. Os vencedores foram anunciados no dia 29 de novembro após votação popular e avaliação final. O reconhecimento das iniciativas cearenses reforça o potencial do Estado em gerar soluções e atrair investimentos.

Transformação Digital e Infraestrutura Tecnológica

Um dos principais anúncios registrados no Ceará, neste ano, foi a expansão do Cinturão Digital do Ceará (CDC). A ampliação do programa conectou novas cidades do interior, melhorando o acesso à internet de alta velocidade. Atualmente, 133 cidades têm a cobertura. A expectativa é que o Cinturão Digital chegue em todos os municípios cearenses até 2025, conforme a Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice).

A transformação digital no Estado também foi destaque por meio da implantação do 5G. Neste ano, a rede chegou a 86 municípios com antenas instaladas, representando 46,7% das 184 cidades cearenses, facilitando a digitalização de negócios locais. A primeira cidade a implantar a rede foi Fortaleza, em 2022. A Capital lidera a maior cobertura da rede no Estado. O cenário revela que o Ceará possui a maior cobertura 5G do Nordeste em 2024.

O VESTIR É PARA TODOS

DIVERSIDADE / MARCAS CEARENSES BUSCAM TRAZER OUTROS OLHARES PARA A MODA E REINVENTAM ESTILOS PARA ATENDER DEMANDAS DOS NOVOS TEMPOS, AMPLIANDO CONCEITOS E ATRAINDO PÚBLICOS DIVERSOS PARA O SETOR TÊXTIL

OCeará é um estado com grande potencial para o empreendedorismo, especialmente na área da moda. Com uma forte tradição de produção têxtil e no comércio, o setor vem se reinventando para atender a demanda dos novos tempos, como a diversificação de corpos e a busca por negócios cada vez mais sustentáveis e inovadores.

Sobre esses temas, o projeto Raio-X conversou com Mariana Figueira, CEO da Fredericas e Luciana Valente, da Susclo e da Suzy, no mesmo encontro em uma live ao vivo no YouTube do O POVO

OPOVO - Como surgiu o modelo de negócios de vocês?

Mariana Figueira - A marca Fredericas tem sete anos de mercado e a gente sempre atuou como uma marca independente, buscando trazer outros olhares para a moda. Sete anos atrás, era ainda mais difícil do que é hoje encontrar roupas para tamanhos e corpos mais diversos. Então a Fredericas nasceu com esse propósito, de vestir corpos diversos. Hoje a gente atua vestindo 36 ao 54 com peças que pensam prioritariamente a liberdade. Então a nossa raiz criativa é fazer roupas para que as pessoas estejam se sentindo bem o suficiente para não lembrar que estão usando roupas.

Luciana - No meu caso, a primeira marca foi a Susclo, que nasceu lá em 2019, com o objetivo de fazer uma moda também de forma diferente, mas já tratando do ponto de vista de circularidade, de roupas de segunda mão, que era muito difícil na época. Hoje o mercado está crescendo cada vez mais rápido, mas ainda é difícil você comprar uma roupa de segunda mão que sirva o seu corpo, que seja do seu gosto, que você ache com facilidade. E a gente queria dar essas opções para o consumidor. Se você quiser desapegar, é possível fazer isso com a gente, a Susclo é como se fosse um grande guarda-roupa compartilhado. Hoje, nós temos tanto o site quanto a loja física para trazer ainda mais essa conveniência. Já a Suzy nasceu no ano passado, é super recente, com essa proposta de oferecer tecnologia para que os brechós possam prosperar.

O POVO - Mariana, a sua formação é como publicitária. Como enveredou para o empreendedorismo?

Mariana - A Fredericas, antes de ser negócio de moda, ela era negócio de comunicação. Eu queria comunicar uma marca da forma que eu acreditava, justamente me posicionando, mostrando para os meus clientes dentro da agência que trazer pautas para além do produto era o que ia tornar aquele produto tão desejado. Então, depois de fazer o Empretec (programa do Sebrae que tem como objetivo desenvolver características do comportamento empreendedor e para a identificação de novas oportunidades de negócio), procurei consultoria no Sebrae para fazer análise de mercado, para entender qual era o ponto que a gente ia se localizar, e foi a partir daí que a Fredericas nasceu.

OPOVO - Quais são hoje as principais dores de quem está começando?

Mariana - O início foi super difícil. Tanto porque eu não tinha recursos, eu vim de um capital super limitado, não tive patrocínio, nem financiamento na época. Então, eu comecei na raça ali mesmo, fazendo poucas unidades e vendendo através de uma comunicação muito objetiva. Então, as minhas maiores dificuldades, com certeza, foram nas questões dos investimentos. Mas, redistribuindo o pouco que eu tinha ali de uma maneira criativa e, principalmente, conhecendo muito o público e criando uma relação muito próxima. Isso foi o que fez o negócio andar.

Luciana - Eu acho que a parte de recurso é muito importante de ser destacada, porque para a gente também, acho que para todo mundo que está querendo empreender, recurso sempre é um problema. O lado positivo de brechó é que você consegue começar com nada. Então, eu não precisei, por exemplo, investir em uma primeira coleção, porque a gente trabalha consignado. Eu estava vendendo no Instagram, de graça, a gente não tinha nem site, lembro que a primeira embalagem que eu comprei, da primeira venda que eu fiz, foi justamente após a primeira venda. Aí eu fui no shopping, comprei caríssima, eu não tinha estrutura de nada. Depois, tudo que entra, você tem de investir: em arara, em cabide, em armazenamento.

A Fredericas nasceu a partir de uma consultoria no Sebrae para fazer análise de mercado. Mariana buscava desenvolver uma marca que vestisse corpos diversos,unindo comunicação e moda no mesmo universo

DIVULGAÇÃO

OPOVO - Luciana, como as roupas chegam para vocês? É preciso fazer algum ajuste ou já chega pronta para revender?

Luciana - A Susclo, na época, recebia só peças em perfeito estado porque a gente queria quebrar esse preconceito do brechó. Muita gente, principalmente na época que era só online, vou falar desses dois cenários, muita gente sentia desconfiança. Eu vou comprar esse produto que eu tô vendo a foto, eu não tô tocando nele, então eu não sei se ele realmente tem qualidade. Então a gente sempre foi muito rígido com qualidade, tinha que já chegar perfeito. Com o amadurecimento da marca, a gente notou que era muito ruim a experiência de a pessoa desapegar de 20 peças, a gente aceitar 5 e ela voltar para casa com 15. Hoje, a gente está resolvendo o problema da cliente, estamos com outro modelo de que a gente aprova tudo. Mas como que funciona pra gente conseguir manter esse padrão de qualidade? Algumas peças que continuam com o nosso padrão super alto de qualidade, que vão entrar na Susclo entram no modelo de consignação, que é esse modelo de você deixar a peça com a gente e depois que ela é vendida você ganha o valor. As outras 15 peças, por exemplo, que antes a gente aprovava, a gente compra por crédito, ou seja, o cliente passa a ter créditos para consumir aqui no brechó. E essas peças eu destino pra brechós que fazem o reparo. Então eles compram de mim, fazem o reparo e conseguem revender pro consumidor final. Dessa forma, a gente consegue conectar todas as partes da cadeia e fechar esse ciclo para que essa pessoa que já desapegou não precise voltar com essas peças pra casa. OPOVO - Mariana, no caso da Fredericas, como é hoje o processo criativo de vocês? Quantas pessoas trabalham com você? Como é a questão das coleções?

Mariana - Eu tive que ir atrás de parceiros, de pessoas que entendessem da técnica da coisa para executar aquele sonho ali da minha cabeça. Então hoje eu tenho uma sócia, a gente passou por uma mudança societária, eu sou sócia da Jéssica, ela é stylist e a gente tem uma equipe de vendas e as costureiras. Para nós, o ponto inicial da criação de cada roupa é a necessidade do público, mesmo ali em relação ao vestir. Um exemplo que eu gosto muito de dar é de uma peça que foi criada por mim junto com as meninas, que trouxe uma mudança muito simples, mas que gera muito resultado na vida de quem usa, é um vestido social de trabalho com bolsos. A gente queria uma peça extremamente básica, que pudesse ser repetida e usada várias vezes, porque esse é um dos conceitos da marca, que você tenha um número ali limitado de peças, que você combine entre si essas peças, para que você tenha um guarda-roupa criativo e que expresse o que você está querendo dizer ali, porque moda também é forma de comunicação e que seja prático.

Então, todo o meu processo criativo parte disso. Necessidade de uso, praticidade, e a pessoa estar vestindo algo que ela só vai pensar naquela roupa na hora que ela está comprando e na hora que ela está se vestindo. O ideal é que no restante do dia ela nem lembre que está usando essa peça. E para isso, a escolha do tecido importa, então a gente busca sempre usar tecidos de origem natural, peças leves, a gente conhece o nosso calorão de 365 dias, então para trazer esse conforto térmico, as peças de origem natural, como linho, algodão, viscose, elas fazem parte disso, então o processo criativo passa por essa parte do conforto sempre, inclusive na escolha dos materiais. Até modelagens que se ajustam ao corpo, por exemplo, hoje a gente tem peças tamanho único, que é um termo que nem é tão bacana de ser usado, mas enfim, é uma peça que ela é modulada, é um vestido que é a mesma peça, ela tem um caimento bacana, desde o 38 até o 54, e como isso é possível? Dentro do design a gente faz ajustes de amarração que tornam a peça ajustada por ser uma peça fluida e leve. Levar em conta a durabilidade da peça é pensar no material, pensar no design, pensar nas variações dos pontos. O meu processo criativo, dentro da Fredericas, tem esse diferencial e ele passa sempre por esses pontos. E aí, da parte técnica, né, vem primeiro a ideia na minha cabeça, às vezes meio mirabolante, eu passo isso para o croquis, desenvolvo junto com a estilista e a gente vai desenvolver junto com a equipe de costureiras e modelistas.

OPOVO - Luciana, você começou o brechó com uma ideia diferente e original e depois você criou algo para as empresas que eram suas “concorrentes”. Como é que é o mercado de brechós de Fortaleza? E queria que você explicasse com mais detalhes como é que a Suzy, o sistema da Suzy funciona hoje?

Luciana - Eu acho que se todo mundo pensasse como a Mariana pensa no momento de produção de uma peça, brechó nem precisaria existir. Meu modelo de negócio morria (risos). Isso porque se no momento em que todo mundo que produz peças novas, tivesse esse cuidado de pensar no pós, no uso, não precisaria desapegar depois. Esse seria o mundo perfeito, aquele em que brechós não existem, as pessoas usam tantas peças que vai direto para reciclagem, nem precisa reinserir no mercado, por exemplo. Mas já que existe, porque nem todos pensam dessa forma, a ideia da Susy veio porque a gente precisava de um sistema para brechós. Já existem alguns sistemas no mercado, mas nenhum deles foi feito por um brechó, foi feito por fábricas de software que acham que entendem sobre o negócio, mas acabam fazendo algo muito parecido com sistemas de varejo tradicional. Então, a partir daí, veio a ideia de desenvolver o nosso e quando a gente viu, esta era uma excelente forma de impulsionar os brechós para crescerem também. E eu acho que algo que é muito positivo do nosso mercado é que a gente acaba sendo bastante colaborativo. Existe 100% da população brasileira, 99% consome do varejo tradicional e

1% consome de brechó. Então, nós brechós, nós não estamos no momento de competir um com o outro por esse 1%. A gente quer fazer um trabalho em conjunto para que esse 99% reduza para 98%, 97%, 96%. E eu também gosto de falar que se daqui a 200 anos for a realidade todo mundo consumir de brechó, aí talvez inicie essa concorrência mais tradicional, já que então todo mundo consumeria de brechó.

A gente quer ver o Brasil cada vez mais circular e estar ao lado dos brechós que usam o nosso sistema, impulsionando para que eles consigam fazer a circularidade acontecer em cada uma das suas regiões para a gente é muito potente.

Luciana apostou na circularidade da moda e investiu num sistema para brechós.A Susclo recebe roupas de segunda mão e funciona como um “guardaroupa compartilhado”,dando novos significados

A gente quer ver o Brasil cada vez mais circular e estar ao lado dos brechós que usam o nosso sistema, impulsionando para que eles consigam fazer a circularidade acontecer em cada uma das regiões

GIGANTE

em aço e ações

INDÚSTRIA / ARCELORMITTAL PECÉM

É

ESTRATÉGICA

ECONOMICAMENTE AO MIRAR PRESENTE E FUTURO COM CAPACITAÇÃO, TECNOLOGIA E SUSTENTABILIDADE

Aindústria âncora do Ceará, líder na produção de aço, a Siderúrgica Arcelormittal Pecém, única unidade da Arcelormittal Brasil no Nordeste, iniciou a produção de placas de aço em 2016 e, em 2023, concluiu a aquisição da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). Um empreendimento que se tornou o maior segmento industrial já instalado no Ceará, atraído por um ativo que oferece condições operacionais e financeiras para expansão e sustentabilidade.

A produção e exportação de aço na planta ultrapassam os três milhões de toneladas de placas por ano e mira em avanços de números, tecnologias e pesquisas. “A unidade, no ano passado, já conseguiu atingir sua capacidade máxima. Nesse ano, a gente está no mesmo caminho. 2024 vem sendo um bom ano, a gente vem trabalhando muito o desenvolvimento para que tenhamos, cada vez mais, a performance da planta melhorando”, avalia o CEO da Arcelomittal Pecém, Erick Torres.

Ele destaca que o marco dos dois anos de atuação após a aquisição da CSP é a garantia da estabilidade operacional, com bons resultados de segurança e o investimento em pesquisas e novas tecnologias, com foco também em programas de produtividade. O portfólio atual da Arcelormittal Pecém é composto por 550 tipos de aço ao carbono e, desse total, são mais de 240 tipos de aço de alto valor agregado, conhecido na indústria do aço como aços “HAV (High Added Value - sigla em inglês)”. Erick Torres explica que a busca por melhores resultados se pauta pelos esforços e onde eles estarão submetidos. A produção de aço abastece setores como a indústria naval, setor automotivo e construção civil. “Também estamos presentes na linha branca, nos equipamentos que as pessoas têm em casa, nas ge-

ladeiras, nos fogões, nos automóveis. Aço está no dia-a-dia das pessoas, da hora que a gente acorda até a hora que vai dormir”, resumiu. A estratégia é planejar. Erick detalha que a programação sobre a produção da unidade é feita no início do ano. “Com um planejamento onde a gente enxerga como vai trabalhar com os equipamentos, com os rendimentos dos equipamentos, quais os níveis de cada KPI (Indicador Chave de Desempenho - sigla em inglês) que a gente tem. O que vamos atingir mediante o que estamos colocando como desafio. A partir daí, mês a mês a gente vai fazendo a avaliação desse resultadoplanejado”,detalhaoCEOdaSiderúrgica. Parte desse planejamento da empresa líder na produção mundial de aço mirou o Ceará como potencial fornecedor de mão de obra qualificada, energia renovável, estrutura para expansão e exportação. “A gente encontrou aqui algo muito bem estruturado em relação à Educação, que está nos dando mais facilidade para avançar na estabilidade e produtividade da nossa planta”, avalia Erick. Essa absorção da capacidade e qualidade profissional cearense é, segundo Erick, um dos diferenciais de atuação da unidade. São 2,6 mil empregados diretos, muitos que atuavam na CPS e que continuaram em suas funções. Parte do entendimento de que cada funcionário é fundamental para que os resultados desejados sejam alcançados. “A maior riqueza que o Ceará tem são os cearenses”, frisa. Erick cita o Desafio Internacional do Aço (SteelChallenge-18), campeonato que promove aprendizagem e coloca habilidades à prova. “Eles fazem um desafio. Qual é a melhor condição para produzir um determinado tipo de aço? Entregando, por exemplo, o melhor resultado em um aço para a porta de um carro. A gente recebeu esse desafio e tivemos um

resultado incrível”, conta. É a segunda vez consecutiva que a Arcelomittal Pecém fica em primeiro lugar da América.

O desenvolvimento, que chega através do impulso da mão de obra cada vez mais qualificada, se projeta também, de acordo com Erick, nas políticas junto aos fornecedores da unidade. Desde o início da operação, a unidade já adquiriu R$ 6 bilhões em compras no Ceará. “A gente tem demanda de consumo de alimentação, temos demanda de transporte, materiais de escritório, informática, uniformes, gráfica, madeira… todas essas condições de crescimento para um mercado mais pujante na região”.

Em 2024, o valor total em compras foi de R$ 1,4 bilhões, concentrados nos municípios de São Gonçalo do Amarante e Caucaia. A busca pelo mercado interno de fornecedores conta com o apoio do Sebrae, que auxilia no contato entre a unidade e as pequenas e médias empresas. “É ter o fornecedor próximo de você, capacitando, para uma entrega de serviços com qualidade”. Para 2025, as perspectivas são de consolidação da planta e da alta performance vista nos anos anteriores. E de cada vez mais investimento no capital humano cearense. De acordo com Erick, o cenário positivo que coloca o Ceará como quarto estado mais produtor de aço bruto no Brasil o torna também um celeiro para a área, com parcerias entre indústrias, empresas, academia e entidades de ensino profissional.

Expansões e planejamento a longo prazo pautado também pela possibilidade de produção de Hidrogênio Verde, incentivada pelo HUB que inclui Governo do Estado, academia, indústria e o Complexo Industrial do Porto do Pecém. A Arcelormittal tem a meta de neutralidade de 25% de carbono até 2030 e neutralidade total até 2050.

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