Revista Cariri - Edição 22

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CRATO

CENTRO CULTURAL

DO CARIRI É PALCO DE DIVERSÃO E ARTE

GASTRONOMIA

GUIA DE DELÍCIAS

DO TRADICIONAL A NOVOS POINTS

saúde

NOVO OLHAR SOBRE

MÉDICO LUCAS GRANGEIRO FALA SOBRE OS BENEFÍCIOS DA ABORDAGEM INTEGRATIVA

#22

EDIÇÃO 22

JUNHO/2023

EM BUSCA DE NÓS MESMOS

Saúde é busca universal do ser humano. Seja qual for sua crença, fé ou filosofia, certamente ter uma vida saudável é um critério para viver bem. Na região em que a Medicina pulsa com bons médicos, novas tecnologias, diversos serviços e universidades, fomos a procura de respostas: afinal, o que é exatamente ter uma vida saudável? Na conversa com o médico Lucas Grangeiro, especialista em Medicina Integrativa, ele diz que a estratégia é entender que “o corpo físico não é somente físico: é físico, espiritual, magnético, religioso, um corpo muito mais integral”.

Ao ler, mergulhamos em nós mesmos, revendo nossos hábitos, questionando nossa rotina. Sim, por aqui também queremos uma vida cada vez mais saudável, em paz, com consciência.

Esse repensar quem somos e como estamos se potencializa em outra conversa boa que você lê nas páginas a seguir com o padre Cícero José, pároco-reitor da Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores. Aproveitamos o dia 20 de julho, em que cerca de 100 mil fiéis são aguardados para a primeira romaria de celebração da passagem do Padre Cícero Romão Batista sem restrições da pandemia, para questionar a essência da fé. “Nós devemos rezar para sermos cada dia mais humanos. À medida que vamos perdendo a humanidade, vemos no outro um concorrente, um inimigo. Se trazemos Deus no coração, pode ter certeza que o sonhado por Deus irá acontecer. É preciso que todos se amem, todos se ajudem, um cuide do outro”, ensina padre Cícero José.

Essa edição tamém estreia três novas colunas: Boas vendas, Saúde e ESG, todas assinadas por mulheres. E tem um Guia de Delícias que transita entre as novidades

Fundado em 7 de janeiro de 1928 por Demócrito Rocha

GRUPO DE COMUNICAÇÃO O POVO

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do Crajubar e tradicionais points para se encontrar, beber e comer bem. Chama o crush, os filhos, a família para conversar longe das telas em algumas das nossas sugestões, vai valer a pena!

Essa edição é um constante convite a olhar para nós mesmos e para o outro, com mais curiosidade, coragem e compaixão. Afinal, estamos todos em busca de nós mesmos. Boa leitura!

Gestora Comercial: Ranilce Barbosa

Gestora de Projetos: Lela Pinheiro

Estratégia e Relacionamento Gerlaine Sombra

Analista de Projetos Janaina Viana

Representante no Cariri: Assis Filho

Foto da capa: Allan Bastos

Tratamento de imagens: Sidney Marcos

PAULA LIMA _ PAULALIMA@OPOVO.COM.BR

EDITORA. Jornalista e Mestre em Comunicação pela UFC. É editoraexecutiva do estúdio de branded content do O POVO. Mora em Fortaleza, mas foi arrebatada pelo amor ao Cariri desde a primeira vez que visitou as terras de Padre Cícero e deu voltas no cajado da estátua no Horto, em 2018. O amor pela região cresce a cada edição da revista O POVO Cariri e a cada visita à terra do Padim.

A revista O POVO Cariri é executada pelo O POVO Lab – estúdio de branded content do O POVO

Editora-Executiva

Paula Lima

Editora-Adjunta

Ana Beatriz Caldas

Edição

Ana Beatriz Caldas e Paula Lima

Edição de Arte e Design

Renata Viana

A REVISTA O POVO CARIRI É UMA PUBLICAÇÃO DO GRUPO DE COMUNICAÇÃO O POVO

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IMPRESSO NA GRÁFICA HALLEY

6 O POVO CARIRI
editorial

QUEM FEZ ESTA EDIÇÃO DA O POVO CARIRI

Editora-adjunta. É jornalista e mestre em Comunicação e Culturas Midiáticas (UFPB). Meio cearense, meio pernambucana e com um pé na Paraíba, hoje mora em Fortaleza. Já trabalhou com assessoria, eventos e mídias sociais, mas gosta mesmo é das conversas que surgem de uma boa pauta.

LETÍCIA DO VALE _

Repórter. É jornalista e apaixonada por escrever. Mesmo natural de terras cariocas, chegou em Fortaleza ainda muito nova e se considera cearense de coração. Gosta de ouvir e contar histórias, descobrindo novas culturas, artes e pessoas.

Diretora de criação do marketing do O POVO. Formada em jornalismo mas apaixonada pelas artes gráficas. Gosta de músicas de outras décadas e drinks amargos. Se aventura na criação da filha sagitariana serelepe e entre a paixão pela aviação.

Fotógrafo. Formado em Administração e Marketing, fez parte da equipe da escola de fotografia do Movimento PróCriança (PE) e deixou como legado o livro “Recife debaixo das pontes”. Passou pela assessoria de imprensa da Fundação Joaquim Nabuco e deu aulas de fotografia em muitas instituições. Estuda Artes Visuais na URCA.

Repórter. Do teatro ao jornalismo, sempre gostou de construir histórias. É jornalista e ator, graduado pela Universidade Federal do Cariri e pós-graduando em Comunicação e Marketing Político pela Uninabuco. Natural do Crato, se identifica como caririense, e reconhece nesta terra sua força e expressividade.

Jornalista pela Universidade Federal do Cariri (UFCA), Guilherme Carvalho atua na rádio O POVO CBN Cariri desde o começo de 2020. Tem experiência com reportagens do cotidiano e gosta de escrever sobre as riquezas do Cariri. Atualmente, é âncora da emissora e apresenta todos os dias o programa Revista O POVO Cariri.

Repórter. Filha do Crato, só deixou a região para se formar em Jornalismo, pela Unifor, quando ainda não tinha o curso no Cariri. É especialista em Gestão Financeira e Consultoria Empresarial (URCA) e pósgraduanda em Comunicação e Marketing Político (Uninassau). Gosta de quase tudo e detesta uma injustiça.

12 O POVO CARIRI
ANA BEATRIZ CALDAS _ RENATA VIANA_ MÁRCIO SILVESTRE_ ALLAN BASTOS_ GUILHERME CARVALHO_ EMANUELLE LOBO _

24 CAPA MÉDICO LUCAS GRANGEIRO FALA SOBRE VIDA E SAÚDE

32

CULTURA CENTRO CULTURAL DO CARIRI É OPÇÃO DE FORMAÇÃO, LAZER E CAPACITAÇÃO

72 QUADRINHOS EMPODERAMENTO E AUTOAMOR NAS TIRINHAS DE PAULO BRUNO

48

GUIA DE DELÍCIAS OS POINTS ELEITOS DESTA EDIÇÃO UNEM AMBIENTES DE BOM GOSTO E BOA COMIDA

70

NOVA COLUNISTA KARI LIMA SAMPAIO ESTREIA COLUNA SOBRE UNIVERSO DA SAÚDE

78 DINOSSAURO QUEM FOI E QUEM SERÁ O PEQUENO UBIRAJARA DO CARIRI

14 O POVO CARIRI O POVO CARIRI 15

rádio

Tem estreia na O POVO CBN CARIRI

A rádio O POVO CBN Cariri completa cinco anos de atuação na região, em 2023. Em meio às celebrações, mudanças e novidades ganharam destaque. A principal é que a rádio deixou de se chamar CBN Cariri e passou a adotar um novo nome: O POVO CBN Cariri. Para marcar ainda mais o novo ciclo, a emissora iniciou uma nova grade de programação durante a tarde. O programa “Revista O POVO Cariri” vai ao ar de segunda a sexta, das 15h às 16h, com apresentação do âncora Guilherme Carvalho. Todos os dias o programa tem um tema diferente, a ideia é abraçar tudo que a região do Cariri tem para oferecer aos ouvintes. No leque de assuntos abordados na programação, estão: saúde, direito, mercado de trabalho, negócios e cultura. Fundada em 2018, a emissora é focada nos interesses e pautas do Cariri, trazendo diariamente informações bem apuradas para a audiência. Além da programação vespertina, o programa “O POVO no rádio” é exibido também de segunda a sexta, das 9h às 11h. O time é composto pelo âncora Farias Júnior, o produtor Hudson Jorge e o repórter Yago Pontes.

RÁDIO O POVO CBN

CARIRI 93,5 FM

Programa O POVO no rádio: de segunda a sexta, das 9h às 11h

Programa Revista O POVO Cariri: de segunda a sexta, das 15h às 16h @opovocbncariri

Salvem os jumentos!

A Câmara Municipal de Juazeiro do Norte aprovou um projeto de lei que prevê o fim das corridas de jumentos na cidade. A proposta é de autoria da vereadora Jacqueline Gouveia (MDB). A vereadora afirma que a prática das corridas ainda é vista como parte da cultura da cidade, mas que precisa ser revista pelas situações de maustratos a que os jumentos são submetidos. Segundo a parlamentar, os animais, “ao invés de terem sua aposentadoria” ao deixarem de contribuir com o trabalho, são explorados nas corridas, abandonados em estradas ou mandados para a Bahia, de onde são enviados para China para serem abatidos. Ela cita que, em 2022, os jumentos entraram em processo de extinção. “Eu tenho vários jumentinhos que retirei de maus-tratos e vejo o quanto eles são incríveis. São criaturas humanitárias, eles têm sentimentos por nós. Eles têm um amor e uma pureza”, afirmou a vereadora. Que salvem os jumentos!

VITILIGO TEM TRATAMENTO! ÇA

Antes de entendermos quais os tratamentos disponíveis para o vitiligo, precisamos entender um pouco melhor a famosa doença que afetou o cantor Michael Jackson, o rei do Pop, em meados dos anos 1980.

O vitiligo é uma doença autoimune e não contagiosa causada pela diminuição ou ausência total de melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina. Muitas vezes desencadeadas por um fator emocional, as manchas podem surgir em qualquer fase da vida, variando entre cada indivíduo em quantidade e distribuição de lesões.

Tratar o vitiligo é possível e deve ser feito com quem é especialista no assunto.

P: Como o vitiligo pode ser diagnosticado?

Dra. Ana: O diagnóstico é clínico, com base na história e exame clínico. Pode acometer qualquer faixa etária e gênero. Porém nem toda mancha branca é vitiligo, por isso é importante uma avaliação especializada.

P: Quais os tipos de tratamento disponíveis na região?

Dra. Ana: Como especialista no tratamento do vitiligo, tive o propósito de trazer para o Cariri as melhores opções de tratamento, incluindo a fototerapia UVB narrow band e a cirurgia de transplante de melanócitos.

P: Qualquer pessoa pode fazer o tratamento para vitiligo ou existem restrições?

Dra. Ana: O tratamento é individualizado de acordo com a idade do paciente, tipo de vitiligo, se a doença se encontra em progressão e tempo de evolução. Com base nesses dados, a melhor opção de tratamento é indicada. A fototerapia é realizada quando ainda há possibilidade de repigmentação e para bloquear a progressão, enquanto a cirurgia de transplante de melanócitos por sua vez é excelente indicação quando não há resposta aos tratamentos convencionais.

P: Onde posso realizar o meu tratamento para vitiligo?

Dra. Ana: Meu consultório está localizado no edifício Medical Center 7º andar, Avenida Eduardo McLain, 440, bairro Triângulo, Juazeiro do Norte. As consultas podem ser presenciais ou virtuais.

Dra. Ana Maria Carreño, médica dermatologista titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Concluiu sua residência médica em Dermatologia pela Universidade Federal do Amazonas e tem Pós graduação em Dermatocosmiatria pela Faculdade de Medicina do ABC em São Paulo.

Atua no interior do Ceará com ética e pro ssionalismo. Realiza atendimentos clínicos, cirúrgicos, e atualmente é referência nos cuidados da pele e no tratamento do vitiligo no Cariri.

Para mais informações:

@dra.anamariacarreno e @icmedcariri (88)9 8854-2617

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DIVULGAÇÃO
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proteção
Guilherme Carvalho Farias Junior

universidade NOVOS TEMPOS, NOVAS GESTÕES

SOBRE DUAS RODAS

As duas universidades públicas da região do Cariri, a Universidade Federal do Cariri (UFCA) e a Universidade Regional do Cariri (Urca), estão com nova reitoria. O professor Silvério de Paiva Freitas Júnior, do Centro de Ciências Agrárias e da Biodiversidade, foi nomeado reitor da UFCA em junho. Ele assume um mandato de quatro anos à frente da instituição. Em entrevista à rádio O POVO CBN Cariri, o reitor destacou suas prioridades na gestão: melhorias estruturais no campi da UFCA e estabelecimento de novas parcerias. Ele destacou, também, que as estratégias traçadas nos próximos anos dentro da universidade serão baseadas no diálogo com a comunidade.

Silvério Júnior foi eleito à reitoria ao lado da professora Ledjane Lima Sobrinho, com quem compõe chapa. Ele assume a vaga deixada pelo professor Ricardo Ness, que comandava a UFCA desde o ano de 2019. Já o novo reitor da Urca será o professor Carlos Kleber Nascimento de Oliveira, que foi eleito ao lado da docente Maria Socorro Vieira Lopes. A nova reitoria da Urca recebeu um total de 2.276 votos em uma eleição de chapa única que ocorreu em maio. O professor Carlos Kleber atuava até então como vice-reitor da instituição. Com a mudança, ele deve assumir a vaga deixada pelo professor Francisco do O’ de Lima Júnior, que ocupava a reitoria há quatro anos.

Realizado pelo Centro Cultural BNB (CCBNB) e pela Oficina do B, o projeto conta com a parceria do projeto Ciclos, vinculado à Universidade Federal do Cariri

OFICINA DO B

O QUÊ: Ateliê de bicicletas e cicloturismo

ONDE: Sítio Caboclos, Caririaçu, Ceará

Instagram: @oficina.do.b

Unir cultura e mobilidade ativa na experiência de observar a paisagem sem limites, estimulando outras leituras da cidade e provocando um olhar mais atento e sensível ao que nos cerca. É isso que o Mediação em 2Rodas, desde 2022, possibilita aos seus participantes. Atuando na região metropolitana do Cariri cearense, o projeto se volta a roteiros de bicicleta entre 5 e 15km por meio de suas ciclofaixas, ruas e avenidas. O destino final, são espaços culturais como: prédios históricos, museus, terreiros e salas de mestres de tradição, igrejas e capelas. A política de participação é: qualquer pessoa, qualquer bicicleta. Ciclista ou aspirante em mountain bike, Monareta, Brompton ou Monark, todos são bem-vindos. Em 2023, os participantes estão sendo apresentados a cidades como Barbalha e Caririaçu, através de pedais voltados a espaços rurais, parque ecológico e festejo religioso.

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ciclismo

EM BUSCA DE UMA VIDA

NATURAL

PENSAR A SAÚDE UNINDO CORPO E MENTE É O CAMINHO DA MEDICINA INTEGRATIVA. EM CONVERSA COM A REVISTA O POVO

CARIRI, O JOVEM MÉDICO LUCAS GRANGEIRO FALA COMO ESSA

ABORDAGEM PODE TRANSFORMAR A VIDA DAS PESSOAS

CAPA
CAPA

Lucas Grangeiro se formou médico em 2012 pela Universidade Potiguar, em Natal. Trabalhou no SUS em Araripe e coordenou a urgência e emergência do Hospital São Camilo, no Crato. Lá, instalou um estágio para estudantes de medicina da região, Pernambuco e Paraíba. Atualmente, atua como preceptor para alunos do quarto semestre e do internato da Universidade Federal do Cariri (UFCA). Tem especialização em medicina funcional integrativa pela Academia Brasileira de Medicina Funcional Integrativa. É mestrando em Master in coaching emphasis on health and well-being pela Flórida Christian University, em Orlando e tem fellow em neurociência na Health Clinic, também nos EUA. Sua busca é entender os motivos que levam os pacientes a adoecer.

Instagram: @dr.lucasgrangeiro

Lucas Lopes Grangeiro é médico e tem 39 anos. Natural de Juazeiro do Norte, atua há 11 anos na Medicina e tem um lema: “uma vida saudável é uma vida natural”. Ao lado da esposa, a enfermeira e empresária Anya Luna Lucetti, com quem é casado há nove anos, e dos filhos Heitor Jorge, de 11 anos, e Alycia Luna, de 10, partilha o cotidiano, a mesa do café da manhã, os exercícios na academia e a rotina de trabalho no consultório.

Para Lucas, viver é ter consciência de quem somos e respeitar a saúde do corpo que temos. A definição de saúde, inclusive, passa longe de ser uma resposta imediata prescrita através de remédios controlados. Para ele, saúde é saber viver a vida em suas tão vastas conexões. É entender o alimento que se consome. É respeitar o descanso da mente em uma boa noite de sono. É entender a beleza e a necessidade que há nos momentos em família. É compreender que uma vida plena é feita de maneira contínua, dia após dia.

Lucas Grangeiro recebeu a equipe do O POVO Cariri em sua residência em uma manhã de sexta-feira. Na entrevista, ele compartilha um pouco de sua trajetória na medicina funcional integrativa e defende o que considera essencial para uma vida saudável.

O POVO Cariri: O que é a medicina com abordagem funcional integrativa?

Dr. Lucas Grangeiro: Comecei a buscar causas de doenças e foi onde eu realmente me deparei com a medicina um pouco mais abrangente, a medicina um pouco mais profunda, não somente sintomática, mas uma medicina que buscasse muito mais causas. É hoje onde eu atuo, que chama-se medicina funcional integrativa. Funcional por quê? Porque ela busca a função do corpo. Integrativa por quê? Porque ela entende que: cabeça, corpo, alma, coração, intestino, cérebro, sistema vascular, tudo isso está interligado. Não tem como eu tratar o intestino sem tratar o cérebro, não tem como eu tratar a doença psiquiátrica se o intestino não funciona. A medicina funcional integrativa é um pouco mais difícil do que a tradicional. Ela é uma medicina que vê o ser de maneira integral, ela entende que o corpo físico não é somente físico: é físico, espiritual, magnético, religioso, um corpo muito mais integral. Ela entende, por exemplo, que se você apresentou uma pressão alta, algo deixou de acontecer no seu corpo para que você tivesse essa pressão alta. O entendimento é: o que deixou de acontecer? Qual reação química? Qual reação fisiológica? Onde foi que o seu corpo parou para que você desenvolvesse pressão alta?

A mesma coisa de um diabetes. O que você fez de ruim no seu estilo de vida para que você causasse uma alteração no diabetes? Muita gente diz que o diabetes não tem cura. Eu não vou falar isso. Mas, tem vários pacientes meus que chegam completamente dia-

béticos e que quando a gente começa a entender o metabolismo dele e reorganizar, mudar completamente o estilo de vida que ele levou, o sono, o intestino, a atividade física, alimentação, meditação, até os relacionamentos que tem entre você e filho, pai, mãe, tudo isso influencia na saúde. Você começa a reorganizar, colocar tudo em um órbita de sincronia.

OP Cariri: O que o senhor elenca como os principais pilares para quem quer ter uma vida saudável?

Dr. Lucas: Primeiro, sem sombra de dúvidas: sono. A grande maioria das pessoas que eu atendo hoje, adoeceu por uma deficiência de sono. Sono é, na hierarquia hormonal da gente, o passo primordial. Sem ele, tudo que você for fazer, não vai ter o efeito desejado. Por exemplo, tem uma ansiedade, se você não dorme bem, você não vai conseguir resolver sua ansiedade. Tem um diabetes, se você não dorme bem, você não vai conseguir resolver sua diabetes. O segundo pilar: intestino. Não tem como você resolver nada no seu corpo, sem seu intestino estar resolvido. O que é o intestino resolvido? É um intestino que funciona todo dia. O intestino tem muito mais neurônios que o nosso cérebro. Dizem que ele é o nosso segundo cérebro, mas eu gosto de dizer assim: não existe nem o primeiro nem o segundo, existem dois cérebros, um chamado intestino e o outro chamado cérebro. Terceiro pilar: atividade física. Nós não fomos feitos para ficar parados. As pessoas estão adoecendo porque ficam em casa, assistindo televisão, no celular, comendo fast food. Quarto pilar: alimentação. As pessoas hoje elas não comem, elas colocam comida para dentro do corpo. Na verdade, você deveria se nutrir. Aquela frase: “Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio”, nunca ouvi tanta verdade na minha vida. “Doutor, você trata as pessoas com o quê?” Com alimento. Não tem como você gerar produtividade, você gerar foco, não tem como você gerar saúde, se você coloca comida lixo para dentro do corpo.

Existe a indústria farmacêutica que quer que você tome muito mais medicamentos e existe a indústria alimentícia que quer que você continue se alimentando de comidas que realmente sejam palatáveis, para você ficar viciado. E não é comer light, diet e sem lactose, é muito mais do que isso, é nutrição funcional. O seu alimento tem que ter uma função no seu corpo. Existe um outro pilar chamado relacionamentos. E quando eu falo relacionamento, eu falo de saúde espiritual, a calma, o break do dia. É você parar e ter um olhar para dentro de si, relacionamento com a família, com o esposo. Isso foi se perdendo, sabe? Antigamente, a gente saía para o trabalho às 8h, voltava para almoçar em casa, chegava em casa 18h, ou seja, você tinha

CAPA 22 O POVO CARIRI
CAPA O POVO CARIRI 23
TEXTO GUILHERME CARVALHO FOTOS ALLAN BASTOS

tempo em casa com a família. Hoje, você sai de casa 6h30 e volta 22h30, só para dormir, e às vezes não consegue nem dormir. Que horas você vê seus filhos? Que horas você vê sua esposa, seu esposo, seu companheiro? Que horas você olha para você? Que horas você fica em casa e almoça com calma? Não tem mais isso! As pessoas perderam as relações, são 24 horas no celular. Isso acaba com a sua saúde espiritual. Você começa a não se identificar, não consegue mais saber quem é o eu, o que é importante para você. Você começa a ter valores fluidos, valores muito líquidos, que não são os seus. São esses cinco pilares que a gente trabalha na medicina funcional integrativa, que é o que o corpo precisa.

OP Cariri: O que o senhor elenca como os principais vilões para quem quer ter uma vida saudável hoje em dia?

Dr. Lucas: O mundo hoje está sendo construído para você ter doenças. Você só tem tempo para trabalhar. O seu celular rouba praticamente todo o seu tempo. A alimentação se tornou muito rápida e palatável. Você está sendo treinado para não dormir. Porque se você chega em casa às 20h, você é obrigado a trabalhar, estudar, fazer alguma coisa para poder continuar no seu processo. Então, você já não dorme. E aí, quando você começa a não dormir, tudo vai acontecer na sua vida. São alimentos cada vez mais sem carga nutricional.

Uma maçã de hoje não tem a mesma nutrição de uma maçã de 50 anos atrás. Alimentos cada vez mais rápidos, fast food, tudo industrializado para ser rápido de fazer. Cada vez mais você esquece de quem você é. Você dá mais importância a relações líquidas e menos sólidas. Então o que é que piora hoje a saúde do paciente? É o estilo de vida. O estilo de vida hoje em que a população está inserida, que é vendido para ela, foi feito para adoecer. Por exemplo, tem doenças autoimunes que eu consigo tratar com a reposição de vitamina D, sendo um pouco mais simplista. Mas, vitamina D não tem patente, porque é algo do corpo. Como eu vou divulgar isso se eu não vou gerar nenhum tipo de lucro para nenhum tipo de indústria? É mais ou menos esse o entendimento.

OP Cariri: O caririense é um povo de muita fé. Qual o papel da fé no tratamento médico e qualidade de vida das pessoas?

Dr. Lucas: A fé consegue mudar a sua frequência energética e consegue modular neurotransmissores que te dão bem estar. Esse estado de mudança energética do seu corpo já inicia um processo de cura, independente da religião, mas da fé. Você pode fazer fé todo dia em sua casa: é acordar, pisar no chão, se conectar com a natureza e agradecer. O ato de agradecer, por si só, já produz energia para que comece a trabalhar a questão da cura dentro do seu corpo. É no mínimo superficial você dedicar toda a cura do seu corpo a uma medicação.

OP Cariri: Hoje o mundo inteiro observa um aumento no número de pacientes que enfrentam problemas de saúde mental, principalmente após a pandemia. Neste contexto, qual o papel da medicina funcional integrativa?

Dr. Lucas: O paciente tem uma saúde mental hoje disfuncional. Algo deixou de acontecer na mente dele e está dessa forma. Quando eu coloco uma medicação, é para tratar aquele sintoma, por exemplo, ansiedade ou insônia. É um sintoma, mas a disfunção cerebral dele eu não estou conseguindo entender. Eu não estou tratando essa causa. Então, veio a pandemia. A pandemia fez o quê?

Imagina uma sociedade completamente adaptada: o cérebro completamente adaptado a um processo de multitarefas.

Você fazer várias coisas ao mesmo tempo, responder vários e-mails, várias mensagens do WhatsApp, fazer várias funções o dia inteiro. Quando veio a pandemia, você começa a não ter mais multitarefas, você começa a ter que se alimentar melhor, você começa a ficar em casa. Com isso, vários casais se separaram, porque começaram a conhecer a esposa ou companheiro quando ficaram em casa, porque antes não ficavam.

Então, o break que se deu com a pandemia, de você parar, olhar para dentro de si, gerou muita angústia nas pessoas. Elas começaram a não se reconhecer. A não saber quem eu sou, o que eu quero, o que eu estou fazendo na minha vida. Esse entendimento

BEM ESTAR.”

de você com você mesmo é que começou a gerar essa angústia e ansiedade.

O POVO Cariri: Criou-se um conceito na sociedade que levar um estilo de vida saudável é um grande sacrifício. Há pessoas que argumentam que, por exemplo, manter uma rotina diária de ir para a academia e comer saudável é uma tarefa quase impossível. O que o senhor diria para essas pessoas?

Dr. Lucas: Ok, vamos lá, vou dar um exemplo. Pego uma paciente com 35 anos, com fibromialgia, que não consegue fazer nenhum tipo de tratamento físico porque dói muito o corpo. Essa fibromialgia já foi decorrente de uma disfunção metabólica há um tempo. Eu recebo os pacientes tomando várias medicações, com a vida completamente desorganizada, sem ter nenhum tipo de coordenação no processo, não tendo poder sobre a sua vida, dependente da indústria farmacêutica, da indústria alimentícia, com a vida desorganizada e não sabem por onde começar. Eu digo: vamos fazer 1% todo dia. É assim que a filosofia japonesa faz. O que é 1% todo dia? É uma coisa por dia. O paciente não faz atividade física nenhuma, mas consegue ter um compromisso comigo. Eu digo: quero 10 minutos da sua vida, durante três vezes por semana. Uma caminhada pela manhã, pegando sol. Nisso, eu já mudo completamente a filosofia do metabolismo dele. O sol já ativa cortisol, que é o hormônio da vida, começa a liberar mais energia porque o sol transmite energia. Ele consegue fazer isso por 10 minutos. “Mas doutor, isso vai fazer diferença na vida dele?”. Vai! Porque ontem ele não fez nenhum, hoje ele fez 10. Eu começo a mandar uma mensagem para o cérebro dele que: sim, eu comecei a me movimentar. Então ontem você não fez nada, hoje fez 10 minutos. Hoje eu estou melhor do que ontem, concorda? Percebe

24 O POVO CARIRI
CAPA
CAPA
“A FÉ CONSEGUE MUDAR A SUA FREQUÊNCIA ENERGÉTICA E CONSEGUE MODULAR NEUROTRANSMISSORES QUE TE DÃO

que não é obrigado você pagar academia, ir lá na esquina, ter que ir fazer... Não, não precisa, calma. 10 minutos, três vezes por semana, o que acontece? Quando é no final de um mês, ele está fazendo 30 minutos. Percebe que não é difícil? É também ter consciência alimentar. As pessoas não param para se alimentar. Elas vão passando pelo alimento como se fosse algo coadjuvante. E geralmente o que acontece? Trabalha muito e usa o alimento como gerador de prazer. E aí, tudo que vai gerar prazer é algo viciante. Então as pessoas vão buscar algo palatável, com muito sabor, com muita gordura hidrogenada, com muito açúcar para gerar um tipo de prazer. Porque a vida delas mesmo, não está gerando prazer. Às vezes, é um trabalho que não gosta, não consegue se conectar com a esposa ou com o companheiro, não consegue se conectar com os filhos. Os pacientes não conseguem parar. E se você que é dono da sua vida não fizer isso, o mundo não vai fazer por você. E eu vivi isso. Eu dormia

três noites em casa e aqui em casa ninguém mais me conhecia. Por quê? Porque eu não vivia em casa, eu vivia mais no hospital. E você acha que o mundo vai dizer assim: “Amigo, para um pouquinho, dê um break na sua vida, vou dar um espaço”. Não, não vai! Pelo contrário, ele vai sugar você cada vez mais. Basta você ter mais força e consciência da sua vida. Então, quando você dá esse break, aí sim você começa a pensar: o que é realmente importante para mim?

O POVO Cariri: Para o senhor, o que é ser médico?

Dr. Lucas: Ser médico hoje é devolver o funcionamento natural do corpo das pessoas. Quando você faz isso você transforma completamente a vida dela, e não só dela, da família. Por exemplo, um cara que dorme tomando Zolpidem, a medicação para dormir. Ele não dorme, ele é dormido pela medicação. O Zolpidem vai fazer com que ele seja “dormido”, que ele não tenha um ciclo fisiológico de sono. Como ele não tem um ciclo fisiológico de sono, ele não acorda com disposição, ele acorda na preguiça, sem energia. Se ele acorda sem energia, ele não tem disposição para brincar com o filho, ou ter atenção ou paciência com o filho. E, às vezes, ele acorda atrasado, ou em cima da hora. Ele toma café rápido ou, às vezes, nem toma e vai trabalhar. Quando eu começo a trabalhar o sono dele, ele vai dormir 21h30 ou 22h. Então, ao invés de acordar às 7h para ir trabalhar, ele acorda às 6h, com mais disposição, foco e concentração.

Consequentemente, ele melhora no trabalho porque produz mais. Ele tem tempo de olhar para a esposa e para o filho, ou para o companheiro que está com ele. Ele consegue se alimentar melhor só porque acordou mais cedo. E ele consegue fazer uma caminhada de dez minutos. Ele produz melhor no emprego, dá mais atenção para a família e consegue tomar um café com a esposa, o que já gera conexão. Digamos que, na família dele, ninguém pratica isso. Mas, a esposa vendo o que aconteceu na casa, vendo como ele está bem, o exemplo arrasta. Ela pensa: poxa, vou ser assim também.Talvez, quem vai fazer a caminhada são os dois juntos. Talvez o filho também comece a trabalhar a qualidade de vida. Então, se você mudar a vida de uma pessoa dentro da casa, você muda completamente a vida daquela família.

O POVO Cariri: Prevenir é melhor que remediar, certo?

Dr. Lucas: Consciência. Chama-se: consciência alimentar, consciência de corpo, consciência de vida, consciência de estilo de vida. As pessoas não têm mais consciência. O prevenir se tornou banal, sabe? E as pessoas acham que

prevenir é fazer exame. Elas pensam: “Vou prevenir, vou fazer o exame aqui para saber se eu tenho um problema no colo de útero”. Isso não é prevenção. Isso é um diagnóstico. Eu vou fazer um cateterismo. No cateterismo eu vou identificar que eu tenho uma veia um pouco entupida. Isso é prevenção? Não! Eu vi que a veia é um pouco entupida, ou seja, já tem a doença. Se você tem uma doença hoje, ela começou pelo menos com 20, 15 anos atrás. Prevenir é você dormir bem a partir do momento que você começa a ter consciência. Quando o paciente entra no meu consultório, eu preciso dar uma aula para ele. Tudo isso que eu estou falando agora, eu falo para o meu paciente. A minha consulta tem uma ou duas horas de duração porque eu preciso fazer com que ele saia do consultório e pense: “Agora eu tenho consciência da minha vida”. Se eu quiser mudar minha vida verdadeiramente, ter qualidade de vida, eu preciso mudar o que deixou de acontecer na minha vida. Então, prevenção? Sim! Mas, é muito mais sobre consciência de vida, consciência de saúde, consciência alimentar, consciência de relacionamento, entende? É essa consciência que está faltando. Por quê? Porque não dá tempo você pensar. Você acorda às 6h30, chega em casa às 22h30. Que horas você vai pensar em consciência? Não dá tempo. As pessoas vivem a vida a cada final de semana. “Sextou!”. Mas como assim sextou? Quer dizer que você só vive quando é sexta-feira?

O POVO Cariri: Como se dão seus atendimentos hoje?

Dr. Lucas: Hoje eu atendo aqui no Cariri e tenho atendimento também em São Paulo e em Fortaleza. Eu faço também muito atendimento online porque foi uma maneira que eu vi de conseguir ajudar as pessoas que estão em busca de ter esse tipo de entendimento. Através das minhas redes sociais (@dr.lucasgrangeiro) eu consigo fazer com que a pessoa tenha o entendimento que saúde não é ficar dependente de medicações. Saúde é realmente retornar ao natural e é o que as pessoas se identificam.

CAPA 26 O POVO CARIRI
“ SER MÉDICO HOJE É DEVOLVER O FUNCIONAMENTO NATURAL DO CORPO DAS PESSOAS. QUANDO VOCÊ FAZ ISSO VOCÊ TRANSFORMA COMPLETAMENTE A VIDA DELAS”
É DEVOLVER O VIDA DELAS”
CAPA

RELIGIOSIDADE

PELA PRIMEIRA VEZ DESDE O INÍCIO DA

PANDEMIA, JUAZEIRO SE PREPARA PARA

RECEBER A ROMARIA DE CELEBRAÇÃO DA

PASSAGEM DE PADRE CÍCERO ROMÃO.

HERDEIRO ESPIRITUAL DO NOME DO PADRINHO

– E DE SEUS ENSINAMENTOS –, O PADRE

CÍCERO JOSÉ COMPARTILHA EXPECTATIVAS E

REFLEXÕES SOBRE A FÉ CRISTÃ

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O POVO CARIRI 29

RELIGIOSIDADE

MAIS DE 100 MIL PESSOAS SÃO ESPERADAS EM JUAZEIRO PARA O 20 DE JULHO DE 2023

Anualmente, a movimentação para a celebração da passagem do Padre Cícero Romão Batista muda o cenário de Juazeiro do Norte. Aos poucos, vão chegando milhares de pessoas de todos os lugares do País trazendo alegria, fé e ampliando o sentimento de comunhão cristã. Em 2023, completam-se 89 anos desde a partida do padrinho, mas seus ensinamentos continuam vivos através dos fiéis do Cariri, da memória da cidade que construiu e de romeiros que vêm de todo o Brasil renovar sua fé e compromisso com o amor de Cristo. Essa será a primeira vez, desde 2019, que o marco será realizado sem restrições relacionadas à Covid-19, o que deve ocasionar um recorde de público de romeiros. Para entender a importância das romarias e as projeções para o 20 de julho deste ano, a revista O POVO Cariri conversou com o padre Cícero José, pároco-reitor da Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores, construída em 1875 por Padre Cícero Romão, e um dos principais pontos turísticos de Juazeiro do Norte.

O POVO Cariri – São 89 anos sem Padre Cícero. Como essa data será lembrada neste ano? Como a paróquia está se preparando? Padre Cícero José – Todo ano – na verdade, todo mês, no dia 20 –nós nos encontramos na Capela do Socorro, onde está sepultada a alma do devoto do Senhor, o Padre Cícero Romão, para lembrar todo o bem ensinado por ele. Tornou-se uma grande romaria que ocorre todo dia 20. Especificamente em julho, a partir do dia 17, já começa uma grande movimentação em toda a cidade. É a primeira grande romaria do segundo semestre, que reúne uma grande multidão de todos os estados do País, não só do Nordeste. Estão todos lá para participar do sacramento da Penitência, renovar o compromisso de praticar tudo aquilo que pregou o Padre Cícero. A programação inclui celebrações de missa, atendimento aos fiéis e confissões. Aumentamos o número de celebrações, tanto na Basílica quanto na Capela do Socorro e em todos os santuários, para atender a grande multidão de romeiros que vêm de todos os estados. Para tornar a romaria mais fraterna e um momento de unidade, também realizamos momentos de convivência, com apresentações culturais e programação virtual para quem não pode vir.

OP – Como a cidade se prepara para esse momento? O que muda na movimentação em Juazeiro do Norte no mês de julho?

Padre Cícero José – No município temos a Secretaria de Turismo

e Romaria, então a Prefeitura, a partir dessa secretaria, puxa as demais para pensar, juntamente com a igreja, na infraestrutura para melhor acolher os romeiros. Há então todo um planejamento de mobilidade urbana, segurança, o próprio acompanhamento de onde os romeiros estão hospedados, hotéis, ranchos e pousadas… Assim, nessa diversidade, vamos procurando atender bem os romeiros, porque o Padre Cícero Romão nos ensinou que quem vem a Juazeiro deve encontrar uma extensão de sua casa, e só se sente em casa quem é bem acolhido.

OP – Quantas pessoas são esperadas para a romaria do dia 20 de julho?

Padre Cícero José – Como esse ano é o primeiro ano em que acontecerá a romaria sem as restrições da pandemia que atravessamos, acredito que 100 mil pessoas devem passar pela cidade. Nos últimos três anos, tivemos uma participação mínima devido aos decretos e protocolos. Este ano, como estamos celebrando a romaria com cuidados, mas sem restrições, esperamos que a movimentação continue ou aumente em relação a 2019. Em 2019, mais de 80 mil pessoas passaram por aqui, mas acredito que podemos esperar até mais do que 100 mil neste ano, porque os romeiros que estão vindo a Juazeiro não são mais só do Nordeste – eles vêm também de São Paulo, das regiões Norte e Sul. Muitos estados têm enviado grupos de romeiros para conhecer a história da cidade fundada pelo Padre Cícero

OP – Qual a importância de manter o legado de Padre Cícero vivo, especialmente para a região do Cariri?

Padre Cícero José – Nós somos chamados de “guardiões” dessa herança espiritual e temos a missão de dar continuidade a ela, amando o que o Padre Cícero amou: ele colocou Deus em primeiro lugar na sua vida. Então, vivemos praticando os ensinamentos e repetindo as ações que ele fez. Ele era aquele homem com uma visão de futuro, e conseguiu implantar na época o que somos hoje. De uma pequena vila de 30 casas em torno de uma capela em ruínas, surgiu uma cidade que hoje tem mais de 300 mil habitantes. Por isso, todos nós, nos mais diversos setores, temos responsabilidade de ser continuadores do que ensinou e fez o Padre Cícero.

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Padre Cícero José, pároco-reitor da Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores: “a nossa fé é alicerçada na ressurreição” TEXTO ANA BEATRIZ CALDAS E PAULA LIMA FOTOS ALLAN BASTOS

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as minhas forças, para continuar na missão a mim confiada.

OP – O que participar de uma romaria muda na vida e na alma de uma pessoa?

OP – O senhor carrega o nome do Padre Cícero. Que tipo de influência e de responsabilidade esse fato lhe inspira?

Padre Cícero José – Como herança espiritual aqui na nossa região e em todo o Nordeste, muitas famílias têm, entre os seus, um ente com o nome de Cícero ou Cícera – quando não os dois. Na minha família, em Brejo Santo, coube a mim herdar esse nome. Mas acredito que Deus tem os Seus propósitos. Eu não sabia que viria para cá, nunca imaginei e acabei vindo. Procuro trazer para o dia a dia as ações dele, adaptando às nossas realidades. Busco olhar para o testemunho dele e não me deixar envaidecer, mas preservar, através de palavras e ações, todos os ensinamentos do Padre Cícero Romão.

OP – Qual sentimento o senhor acredita que move os fiéis nas romarias de Padre Cícero?

Padre Cícero José – Ela se deixa perceber que Deus nunca a abandona. Naquela época do Padre Cícero, as pessoas viram a presença de Deus a partir de seus ensinamentos e ações, e elas continuam vendo. Por isso que elas vêm muitas vezes a Juazeiro. É uma resposta de Deus, os desígnios de Deus, o cumprimento de suas promessas: “eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos”.

OP – O que as romarias do aniversário de morte de Padre Cícero representam? No que elas se diferem das demais romarias do ano?

Padre Cícero José – Para nós, que seguimos como discípulos e missionários de Jesus Cristo, a nossa fé é alicerçada na ressurreição. Não celebramos a morte, celebramos a passagem, e acreditamos que ele está no céu pedindo por nós. Celebrar esse dia, essa passagem, é renovar a fé na ressurreição.

OP – Padre Cícero tinha uma frase que era “Vou para o céu rogar a Deus e à Mãe das Dores por todos vocês”. Hoje, em uma sociedade tão complexa, qual o senhor apontaria como as principais dores do ser humano? Pelo que mais precisamos de oração?

Padre Cícero José – Penso que nós devemos rezar para sermos cada dia mais humanos. À medida que vamos perdendo a humanidade, vemos no outro um concorrente, um inimigo. Se trazemos Deus no coração, pode ter certeza que o sonhado por Deus irá acontecer. É preciso que todos se amem, todos se ajudem, um cuide do outro.

OP – Um dos famosos conselhos de Padre Cícero era de que todos continuassem fiéis a Jesus Cristo. O senhor aponta esse como um dos principais conselhos dele? Qual outro conselho permanece atual?

PARA ACOMPANHAR AS CELEBRAÇÕES VIRTUALMENTE

YouTube: youtube.com/TVMaedasDores

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Instagram: @maedasdoresjuazeiro

Padre Cícero José – Eles percebem que irão participar do testamento espiritual deixado pelo Padre Cícero Romão. A romaria é como um sinal do Espírito de Deus, é renovar as forças para continuar o dia a dia. Eles vêm não só para olhar o Padre Cícero, vêm também conhecer o que ele ajudou a construir e se comprometem com seus ensinamentos. Nós denominamos os romeiros como a nação romeira da Mãe das Dores e do Padre Cícero. Eles vêm para onde tudo começou, como uma pequena vila, para renovar esse compromisso. Para nós, é como estar com muita sede e tomar um copo de água para renovar as forças. Eu volto porque é lá que eu renovo

OP – Muita gente perde a fé diante das dificuldades da vida. Inspirado no olhar de Padre Cícero pelo povo, o que o senhor diria para essas pessoas que perderam a fé?

Padre Cícero José – Padre Cícero sempre nos ensina a sermos perseverantes. Todos nós sabemos quantos desafios, tempestades e dificuldades ele enfrentou. Mas como ele tinha certeza que Deus estava no comando, ele não abandonou. Ele sofreu as dificuldades, mas com a igreja, participando da igreja. Penso que todos nós que enfrentamos dores, passamos por dificuldades, devemos olhar para o Padre Cícero e nos inspirarmos em sua perseverança de estar com Deus, carregando a cruz, para alcançar o céu que desejamos.

Padre Cícero José – Um dos ensinamentos que o Padre Cícero procurou deixar foi que a sua casa tem que ter uma oficina de oração e de trabalho. É a autossustentação. Ele dava conselhos simples, que chegavam ao coração das pessoas. E a perseverança também é fundamental. Observar o caminho que ele fez nos 90 anos que viveu, pois sabemos que ele também soube abraçar a cruz.

OP – Estamos próximos de obter uma reparação histórica com o processo de canonização e a beatificação de Padre Cícero. O que esse processo representa para o povo do Cariri?

Padre Cícero José – Significa que a igreja irá celebrar e reconhecer aquilo que já está no coração do nosso povo, que é a santidade do Padre Cícero. Ele já está canonizado no coração do nosso povo. Esses passos são para que, oficialmente, possamos viver no templo o que já está no coração.

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DELÍCIAS

GUIA DE

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ALLAN BASTOS

GUIA DE DELÍCIAS

URBANO LOFT

LOCALIZADO EM UM DOS POLOS GASTRONÔMICOS

MAIS PULSANTES DE JUAZEIRO DO NORTE, O +88GASTROBAR É O LOCAL IDEAL PARA UMA

CONVERSA ABRAÇADA POR UMA BOA CULINÁRIA

Quem passa pela avenida Maria Ednir Bezerra Mendonça, popularmente chamada de avenida do Parque Ecológico, em Juazeiro do Norte, não deixa de reparar no grande letreiro neon vermelho do +88 GastroBar. Inaugurado em 2020, o restaurante tem a proposta de loft urbano, um ambiente para que os clientes apreciem a boa culinária e uma bebida gelada enquanto conversam na calmaria de uma suave música ao vivo.

O conceito em torno do restaurante é do empresário e advogado Filipe Santana. Ele explica que sentia falta de um lugar nas noites de Juazeiro do Norte em que ele pudesse ter uma boa refeição e aproveitar o ambiente sem muito barulho. “A ideia central do +88GastroBar era trazer para o Cariri um lugar que fosse como uma segunda casa das pessoas, como a casa de um amigo que você vai depois do expediente, que você vai jantar, que você vai assistir a um jogo, que você vai se reunir com as pessoas que você gosta para tomar um drink, para beliscar comidinhas, para tomar aquela cervejinha gelada”, conta. Com três anos de atuação no mercado, o +88GastroBar se destaca pela localização privilegiada e pela decoração inspirada na arquitetura industrial. O projeto foi assinado pela arquiteta Gizele Menezes.

Alguns elementos que compõem o restaurante, inclusive, já se tornaram figurinhas carimbadas nas redes sociais dos principais influenciadores do Cariri. Como, por exemplo, a parede de tijolinhos laranjas, o letreiro neon vermelho que diz: “Somos Instantes” e a grande área verde externa, onde ficam as mesas para quem gosta de sentar ao ar livre.

Um dos principais destaques do cardápio do +88GastroBar é a carta de drinks exclusivos da casa, que foi preparada pelo bartender Bento Mattos, finalista do prêmio Chivas Master em 2018. O drink Diga que valeu (R$ 25) é um dos carros chefes do bar, feito com vodka e espuma de baunilha com morango. O drink Memory (R$ 30) ganha o coração dos clientes ao ser servido com uma foto polaroid tirada naquele momento, o objetivo é eternizar aquela memória. Já na cozinha, o destaque é para a picanha importada fatiada (R$ 69). São 300g de carne assada ao ponto do cliente, que acompanha batata rústica e molho aioli.

+88GASTROBAR

Onde: Avenida Maria Ednir Bezerra Mendonça, 60A - José Geraldo da Cruz, Juazeiro do Norte.

Funcionamento: Terça a domingo, das 17h às 23h30.

Instagram: @mais88gastrobar

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Ideia central do +88GastroBar é ser como uma segunda casa das pessoas Empresário e advogado Filipe Santana comanda o +88GastroBar Drink Memory chega à mesa com uma foto polaroid do momento
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TEXTO GUILHERME CARVALHO FOTOS ALLAN BASTOS

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BRINDE COM CHOPP DE CHOPP DE

Novidade na noite caririense, o Vila Moringa faz sucesso com o chopp de vinho e cardápio variado

VI NHO

RECÉM-CHEGADO AO CIRCUITO DE BARES DE JUAZEIRO DO NORTE, O VILA MORINGA GARANTE SER UM LOCAL DE ENCONTRO DESCONTRAÍDO REGADO A CHOPP DE VINHO

TEXTO GUILHERME CARVALHO FOTOS ALLAN BASTOS

Inaugurado este ano, o Vila Moringa é um barzinho que surgiu da ideia dos amigos Elber Pereira, 29, e Danielle Oliveira, 31. Situado em uma esquina por trás do Parque Ecológico das Timbaúbas, o Vila Moringa faz bom proveito da localização privilegiada. Por lá, os clientes têm contato imediato tanto com o centro urbano, por conta do fluxo de veículos na avenida, mas também se conectam com a energia da natureza do Parque. De tarde, o local tem uma bela vista do pôr do sol, que pode ser apreciada em um encontro de amigos ou em uma conversa a dois.

Uma das novidades trazidas ao Cariri pelo Vila Moringa foi o chopp de vinho (R$ 8,90). A ideia veio diretamente de Fortaleza, inspirada pelo tradicional Chopp do Bixiga, no Centro Cultural Dragão do Mar. “Recentemente, o Chopp do Bixiga fechou a loja física, mas ele continuou com a distribuição. Então, a gente traz esse chopp diretamente de Fortaleza, diretamente do Chopp do Bixiga e é o nosso carro-chefe aqui”, diz Danielle.

Já na cozinha, o grande destaque do Vila Moringa é a carne de sol nordestina

(R$ 64,90). O prato acompanha o baião de dois Moringa (baião cremoso com bacon, carne de sol desfiada, calabresa, e pimentões) macaxeira frita e queijo coalho. A porção serve de duas a três pessoas. É destaque, também, a taça de camarão crocante (R$ 29,90), com doze petiscos empanados e molho especial. O Happy Hour é uma das estratégias para ganhar o coração da clientela do Vila Moringa. Segundo Danielle, o Happy Hour acontece todos os dias no final da tarde até às 19h30. Se destacam as promoções: sticks de queijo com mel (R$ 14,99), croquete de cupim (R$ 14,99) e a panceta crocante ao molho de goiabada (R$ 29,99).

VILA MORINGA

Onde: Rua Belo Horizonte, 464. Bairro José Geraldo da Cruz, Juazeiro do Norte.

Horário de Funcionamento: Quarta a domingo, das 17h às 00h Instagram: @vilamoringa

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Taça de camarão crocante e Carne de sol nordestina são estrelas do cardápio
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Danielle Oliveira e Elber Pereira comandam o Vila Moringa

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Aqui, o ar é aromatizado sob medida com o vapor que sai das preparações dos cafés, nobres, vindos de várias regiões do Brasil. Para além do café, os clientes são presenteados com uma linda visão do vale do Cariri e, se for fim de tarde, abraçados com um ventinho frio que chega nesse horário.

O Café das Antigas, segundo o proprietário Paulo Ernesto Arrais, “é um plano de arquitetura divina” em sua vida, e pode ser também para os visitantes, com as inúmeras experiências que podem vivenciar por lá. Além de amante de um bom café, Paulo ama a música, a natureza e o campo, e presenteia os seus clientes com as suas escolhas.

O prédio que abriga o café é simples, mas aconchegante, com amplas portas de vidro, que mesmo o cliente estando no interior do local, tem a visão da área externa. No salão, móveis rústicos que nos fazem lembrar da casa da nossa bisa ou mesmo da nossa avó, de madeira de lei. Em um cantinho ao fundo, uma mesa cheia de LPs de Luiz Gonzaga, para você escolher e colocar na radiola ao lado, que apesar de antiga, funciona perfeitamente.

No cardápio, que atende aos requisitos da cozinha barista, cafés em vários tipos de preparação, capuccinos, chocolates, chás, sucos, refrigerantes e a sofisticada soda italiana (entre R$ 5 a R$ 30).

UM RESPIRO COM AROMA DE

CAFÉ

O CAFÉ DAS ANTIGAS É REFÚGIO NA NATUREZA COM AROMA DE LANCHE CASEIRO, TORRAGENS DE GRÃOS DE CAFÉ, ALÉM DE BOA MÚSICA E HISTÓRIA

Para harmonizar, tortinhas, pães, sanduíches e bolos. Tudo feito com muito carinho e por várias mãos: as tortinhas são feitas por uma prima do proprietário (R$ 14 e R$ 18); os bolos, pela família da esposa (R$ entre R$ 8 a R$ 12); e tem também o pão de queijo (R$ 6), preparado por uma moradora da comunidade do Belmonte, onde está localizado o empreendimento.

O terreno foi um presente de noivado de uma grande amiga do casal, em 2011.

Nessa época, só tinha capim. Com o seu amor pelo campo e a relação afetiva com o lugar, Paulo Ernesto foi plantando mudas de árvores nativas. “De 2011 pra cá eu vim plantando todo tipo de árvore, ipê, sabiá, plantando feito louco. Então, a área que era só de capim, que era também uma área que mais antigamente era só de cana-de-açúcar, se transformou numa pequena floresta”, descreveu Paulo.

E é nesta pequena floresta que os visitantes podem fazer trilhas, contemplar

a natureza e as aves. Há também duas escavações em andamento, uma de professores e estudantes da Universidade Regional do Cariri (Urca) e outra da Universidade Federal do Cariri (UFCA), onde já se pode conferir diversos fósseis resgatados para estudos.

No local, ele também plantou um cafezal, inclusive já fez uma colheita dos frutos e se prepara para fazer teste de qualidade do café diretamente das terras cratenses. O nosso palpite é que esse café terá um sabor adocicado, das nossas águas puras; refrescante como a nossa Chapada do Araripe e forte como nosso povo.

CAFÉ DAS ANTIGAS

Onde: Rua Sávio Esmeraldo Pinheiro, 700 - Crato

Funcionamento: quinta e sextas-feiras, das 16h às 20h (o cardápio fica com descontos de 10 a 15%)

Sábado e domingo, das 8h às 12h e das 16h às 20h.

Instagram: @cafedasantigas

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TEXTO EMANUELE LOBO FOTOS ALLAN BASTOS
Todo o cardápio do Café das Antigas é feito de forma caseira por familiares dos proprietários
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O proprietário Paulo Ernesto Arrais já cultiva o próprio cafezal no terreno do Café

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UMA BOA BRISA E BOA

MESA

RESTÔ JARDIM CRAJUBAR TEM UM EXTENSO CARDÁPIO DE GASTRONOMIA

REGIONAL COM TOQUES DE SOFISTICAÇÃO E UMA VARANDA COM

CLIENTELA FIEL QUE TAMBÉM ATRAI TURISTAS O ANO INTEIRO

TEXTO MÁRCIO SILVESTRE FOTOS ALLAN BASTOS

Localizado na avenida Leão Sampaio, ainda em Juazeiro do Norte, mas a metros de Barbalha, bem no limite entre os dois municípios do Cariri, o restaurante Restô Jardim Crajubar tem um espaço externo que permite sentar, conversar, beber, comer, tudo ao ar livre, num nível acima da rua, sob a sombra de árvores — uma vista panorâmica apreciada de dentro de um ambiente fresco. Com cardápio variado e pratos elaborados com sabores da região, o restaurante tem um toque especial para quem aprecia a alta gastronomia.

O Restô Jardim foi criado há mais de três décadas. Foi fundado em 1º de dezembro de 1989 pelo cineasta Jéferson de Albuquerque Júnior. No ano de 1995, foi arrendado pelo funcionário Cícero Duda Chagas, conhecido como Maciel, responsável pelo empreendimento até hoje, ao qual tem se dedicado diariamente desde então. O Restô Jardim hoje tem a sua clientela fiel e um bom número de clientes flutuantes, pelo fato de estar localizado em área de turismo religioso e comercial. “Estou sempre buscando qualificação e tentando otimizar os ambientes, desde a cozinha até os espaços mais amplos para os clientes”, afirma Maciel.

Investindo na infraestrutura do espaço, o proprietário apostou no conceito de varanda, espaço ao ar livre, algo que se tornou tendência no setor de alimentação fora do lar. A varanda gourmet parece ter saído da arquitetura de apartamentos para bares e restaurantes.

Estabelecimentos antigos têm passado por reforma e adotado o termo como um subtítulo, numa maneira de afirmar inovação e conforto. Mantêm espaços fechados com ar- condicionado, mas também dão ao cliente a oportunidade daquele ar de descontração, onde se pode falar e respirar mais à vontade.

SABORES DO CARIRI

Além do espaço, componente essencial para o marketing de prestação de serviço, é preciso localizar a gastronomia do Restô Jardim. E ela tem como eixo os sabores que mais agradam ao

paladar dos caririenses. E aí pode-se encontrar diversidade, da reedição de pratos tradicionais aos sabores nativos, como o carneiro preparado com pequi (R$ 62).

A tilápia, abundante nos nossos açudes, aqui é servida frita acompanhada por baião de dois (R$ 65), mas também numa versão recheada com farofa de camarão (R$ 69,90), acompanha arroz branco e salada.

No Restô, também é possível saborear o filé à parmegiana (R$ 76), prato de inspiração italiana que está entre os mais pedidos nos restaurantes do Cariri. A receita é de carne com molho de tomate e queijo gratinado acompanhados por purê de batata ou arroz. Aqui, o Restô oferece o próprio parmegiana.

São mais de 12 opções de drinks e extensa carta de bebidas

RESTÔ JARDIM CRAJUBAR

Onde: Rua Dra. Ângela Albuquerque, 103 - Lagoa Seca - Juazeiro do Norte.

Funcionamento: Segunda, quarta, quinta e domingo, 11h às 23h; sexta e sábado: 11h às 00h

Instagram: @restojardimcrajubar

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Carneirada é servida com pequi opcional, acompanha pirão, cuscuz e arroz branco
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Uma das opções de petisco é a tripa suína frita servida com farofa

No cardápio de lanches da Esfiharia Cariri tem pizzas, sanduíches, calzones e outras delicinhas como as mini-esfihas

Esfiharia Cariri se consolida como a mais crocante e saborosa esfiha da região e amplia as opções com a fábrica de salgados e petiscos sob encomenda, Nicópolis

Imagine amar uma comida e certo dia ligar para a dona do lugar e perguntar se ela quer vender e ela topar?! Foi assim, numa relação de amor pelas esfihas, que nasceu a Esfiharia Cariri. Uma antiga lanchonete de esfihas vendeu o segredo da massa fofinha por dentro e crocante por fora.

Assim começou o sucesso da Esfiharia Cariri que ganhou um cardápio novinho de recheios incríveis na gestão de José Liberalino.

O chef Felipe Lustosa deu consultoria e Liberalino, que sempre adorou cozinhar, ampliou o leque de opções, que hoje inclui pizza, sanduíches, calzones e outras delicinhas como as mini-esfihas. Com novo nome, nova estrutura e cores, a massa de esfiha que encantou Liberalino continuou e ele não conta o segredo.

Hoje, a Esfiharia Cariri tem endereço no Crato que é um sucesso absoluto. Das 7h às 23h, há famílias circulando pelo aconchegante salão em frente à Praça da Sé. O cardápio acompanha a rotina dos clientes: café da manhã, self-service no almoço e lanchinhos até a hora de fechar. E quem quiser ainda pode encomendar um cardápio de festa com salgadinhos e docinhos. Tudo pode ser combinado e customizado diante das opções disponíveis na época. Liberalino, que é sócio da esposa Lis Maia, também comanda a Nicópolis - fábrica de salgados e petiscos, uma linha de salgadinhos e petiscos congelados, disponíveis no freezer da loja do Crato e em supermercados. E que você também pode chamar para fazer sua festa completa!

Para ficar com água na boca!

As esfihas mais pedidas são a de carne de sol com bacon (R$ 10,99), carne de sol na nata (R$ 13,99) e a receita incrível de Liberalino, que é esfiha de sorvete de creme com geleia de frutas vermelhas e chocolate por cima (R$ 19,99)

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INSTAGRAM: @ESFIHARIACARIRI

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CONTEÚDO CUSTOMIZADO
FOTOS DIVULGAÇÃO No Crato, Esfiharia Cariri tem cardápio de café da manhã, almoço e lanches
ALLAN BASTOS
Lis Maia e José Liberalino dividem a gestão da Esfiharia e da Nicópolis. Ao lado, uma das delícias do cardápio da lanchonete

MEIO AMBIENTE QUEM FOI E QUEM SERÁ O PEQUENO

UBIRAJARA

ACERVO GEOPARK ARARIPE /DIVULGAÇÃO 46 O POVO CARIRI
O POVO CARIRI 47 MEIO AMBIENTE

MEIO AMBIENTE

O DINOSSAURO DO CARIRI

HÁ 110 MILHÕES DE ANOS, O UBIRAJARA ERA UM JUVENIL

VIVENDO ENTRE FAUNA

E FLORA DIVERSA; HOJE, É SÍMBOLO DE LUTA CONTRA O COLONIALISMO

CIENTÍFICO.

CONHEÇA COM

QUEM O UBIRAJARA

CONVIVIA E AS NOVAS

OPORTUNIDADES QUE ELE TRARÁ PARA O

CARIRI - SEJA PARA OS

PESQUISADORES, SEJA

PARA O TURISMO

magine-se em um Cariri antigo, há 110 milhões de anos. A vista é daquelas de encher os olhos: o Paleolago Crato é de um azul mediterrâneo. Raso, vai no máximo até 40 metros de profundidade, com as águas doces habitadas por uma vida incansável. Insetos sem fim, piabinhas de nome Dastilbe nadando velozmente por aí, aventurando-se entre peixes maiores, tartarugas e sapos.

Enquanto admiramos a vegetação composta por mais de 200 espécies de plantas, uma sombra projetada no lago surpreende. É o pterossauro Ludodactylus sibbicki, com uma crista pontuda na cabeça e o bico decorado com dentes ameaçadores. Mais ao fundo do lago, passeiam também outros pteros: o Lacusovagus magnificens, com uma cabeça arredondada e bico pontudo, e o incrível Tupandactylus imperator, cuja crista colorida assemelha-se a uma coroa.

Encantados pelos répteis alados abocanhando peixes e plantas, mal percebemos a movimentação nas árvores às margens do lago. O dinossauro é emplumado da cabeça até a ponta do rabo, com pernas compridas, braços curtos e — ah! — penas parecidas a lanças saindo do torso. É um juvenil de Ubirajara jubatus, curioso como toda criança, ainda com cartilagens no corpo dando espaço para crescer. Agora, é do tamanho de uma galinha, mas ele não é ancestral direto delas.

Apesar das penas e do bico, ele é um dinossauro não-aviário; ou seja, não é do grupo do qual as aves evoluíram. O bico talvez fosse perfeito para o Bira comer pequenos calangos, mas será que é só isso? O que está por trás da vida do dinossaurinho cearense de 110 milhões de anos? Bom, é o que nos cabe descobrir.

O FÓSSIL DO UBIRAJARA JUBATUS

Infelizmente para o Ubirajara que acompanhamos, ele morreu jovem. E assim como ele mal viu o mundo, nós ainda o conhecemos bem pouco. É verdade, ele é famoso internacionalmente por ter movimentado a Paleontologia com um pedido de repatriação marcante. No entanto, quando o assunto é estilo de vida, biologia e até quão correta está a análise de penas saindo do torso do dino — tudo isso ainda precisa ser mais analisado. Após morrer, o corpinho dele demorou alguns dias para ser soterrado, ficando em uma posição de morte tradicional, como ilustrado pelo paleoartista Julio Lacerda na imagem. No fóssil encontrado no Cariri, ficaram preservadas em duas placas as vértebras dorsais e frontais, a patinha dianteira e as marcas das plumas. A cabeça, as patas traseiras e um pouco do rabo se perderam. Quem explica é a paleontóloga Aline Ghilardi, em uma série de postagens no Twitter.

Ela também mostra onde estão as penas em forma de lança. É o tipo de informação que deverá ser reestudada para entender se de fato são penas ou alguma outra matéria preservada.

TEXTO: CATALINA LEITE
O POVO CARIRI 49 MEIO AMBIENTE
FOTOS ACERVO GEOPARK ARARIPE/DIVULGAÇÃO

UBIRAJARA DEIXOU DE EXISTIR PARA A CIÊNCIA

Apesar da possibilidade de narrar um Ubirajara em vida e em morte, nos faltam muitas peças. Entre elas, o nome: como a pesquisa responsável por descrever o Ubirajara jubatus foi retirada do ar, a espécie deixou de existir para a ciência. É como se o conhecimento sobre o dinossauro fosse apagado e ele voltasse para as gavetas de fósseis desconhecidos.

Por isso, é provável que você ache o nome do Ubirajara entre aspas (“Ubirajara” / “Ubirajara jubatus”) quando mencionado por paleontólogos. É um jeito de mostrar que esse nome científico é inválido. Ao O POVO, o diretor do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens (MPPCN) Allysson Pinheiro adiantou que a equipe para estudar e re-descrever o Ubirajara já está sendo montada.

“É uma equipe majoritaria-

mente composta por cientistas brasileiros que estudam vertebrados, mas também com contribuições de cientistas estrangeiros”, afirma Allysson. “A gente não tá se fechando, muito ao contrário, a gente quer, sim, receber esses cientistas, que eles venham estudar nossos materiais e nos ajudem na compreensão da vida e desses materiais aqui. Mas esses materiais devem ficar aqui, é só esse o nosso nosso pedido. Porque aqui eles têm um uso diferente do que estar na gaveta em qualquer outro lugar”, defende.

Apesar de o trabalho não necessariamente demorar muito para ser produzido, o tempo de publicação é outro. Por isso, ainda não sabemos quando o Ubirajara voltará a existir para a Ciência — e nem se ele seguirá com o mesmo nome.

Como a pesquisa original foi retirada, o nome Ubirajara jubatus caiu em desuso e não pode ser novamente utilizado. “Se houvesse o gênero Ubirajara antes dele ser descrito (talvez pudesse manter o primeiro nome), mas como o gênero foi criado para ele, talvez

MUITA CIÊNCIA PARA ACONTECER!”

tenha caído a composição”, diz. E não é só uma simples descrição que vai sair das duas placas de Cariri. Há muito para se descobrir: como ele vivia, o que comia, qual era o papel dele no ambiente em que vivia… O que podemos descobrir das suas plumas e penas? “Tem muita ciência para acontecer!”, comemora o diretor do museu.

Inclusive, sairá também a resposta para a dúvida de alguns. Há quem pense que, talvez, o Ubirajara seja na verdade um Mirischia asymmetrica, um dinossauro caririense também emplumado e, pelo menos nas paleoartes, bem parecido com o Ubirajara, mas sem lanças saindo do torso. Quem sabe?

IMPACTO NO CARIRI

Exposto na sede do Geopark Araripe, no Crato, do dia 22 a 27 de junho, o fóssil do Ubirajara conquistou a todos. A exposição temporária aberta ao público foi inaugurada com um evento de apresentação do fóssil ao corpo discente da Universidade Regional do Cariri (Urca).

De lá, o Ubirajara seguirá caminho até o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, onde ficará exposto por um breve período. Vale lembrar que holótipos — os fósseis utilizados para descrever novas espécies — não ficam permanentemente em exposição para evitar danos.

Mas sem preocupações, você ainda terá oportunidade de vê-lo: o diretor Allysson Pinheiro garantiu que a instituição já está organizando a fabricação de réplicas do material. Assim, ele poderá ser apreciado pelo público com tranquilidade, assim como poderá ser compartilhado para outros museus do Brasil e do mundo.

DIVULGAÇÃO
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MEIO AMBIENTE
+ Acompanhe a reportagem seriada O Mundo dos Fósseis no O POVO+ mais.opovo.com.br/reportagensespeciais/mundo-dos-fosseis
O POVO CARIRI 53 52 O POVO CARIRI CULTURA CENTRO CULTURAL DO CARIRI: EXPLOSÃO DE CULTURA CENTRO CULTURAL DO CARIRI FORTALECE O CENÁRIO ARTÍSTICO DA REGIÃO, JÁ ENTROU NA AGENDA DE LAZER DA POPULAÇÃO AOS FINS DE SEMANA E PRETENDE ALCANÇAR OS 29 MUNICÍPIOS DO CARIRI Arte

CULTURA

ESPAÇO DE CONEXÃO

Quem passa pelas proximidades do monumento da Asa, na cidade do Crato, logo se depara com o prédio imponente, de arquitetura marcante, que abriga o Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo. O espaço veio para suprir uma demanda que a região tinha há muito tempo, de um local para a promoção e apoio das manifestações artísticas e culturais, principalmente no que diz respeito aos espaços de oportunidade, onde os grupos cênicos, mestres da tradição e brincantes pudessem apresentar o seu ofício.

A chegada do equipamento foi celebrada e os espaços de lazer e formação, que realizam atividades para todos os públicos e idades, têm sido aproveitados pelos caririenses. Desde a inauguração, em dezembro de 2022, até maio deste ano, mais de 100 mil pessoas visitaram o local, segundo estimativa do Instituto Mirante, que gere o CCC em parceria com a Secult-CE. É importante destacar que a localização do CCC é extremamente estratégica, pela proximidade com um dos bairros mais populosos do Crato, o Seminário, e por estar às margens de uma CE que liga a cidade a outros municípios da região, a CE-292.

Por si só, o prédio com elementos de

estilo neocolonialista já transmite uma atmosfera convidativa, com um cenário deslumbrante para os visitantes. Projetado por arquitetos alemães na década de 40, o edifício em formato de H foi construído para ser sede do Seminário Apostólico da Sagrada Família, uma congregação de padres alemães. Nesse local também funcionou o Hospital Manoel de Abreu, entre a década de 70 e meados de 2014. O prédio, que atualmente abriga um dos maiores equipamentos culturais do interior do Nordeste, é composto por três blocos que variam de dois a quatro pavimentos, conectados por corredores ladeados por arcos. Seus jardins são imensos e, nos fins de semana, as pessoas já têm o costume de realizar piqueniques sobre a grama. Com uma demanda artística crescente, em uma das regiões mais dinâmicas no cenário cultural do País, a diretora do CCC, Rosely Nakagawa, explica que um dos maiores desafios tem sido atender aos 29 municípios que compõem o Cariri, “uma região rica e diversa em cultura e natureza, mas que ainda apresenta deficiências em infraestrutura e mobilidade”.

Rosely elenca os muitos espaços do Centro Cultural: parque, quadras, areninha, pista de skate, bosque. “Atingimos um atendimento na marca de 100 mil pessoas, no período em que funcionamos apenas aos sábados e domingos, que foi até o mês de maio. A partir de junho, passamos a abrir também nas quintas e sextas-feiras, das 15h às 18h, onde o movimento continua crescendo”, afirma.

O CCC ainda abrigará, em sua estrutura, um teatro, com palco reversível para o parque e capacidade para 600 espectadores, um planetário e salas de cinema, todos ainda em construção. A diretora prevê que até 2024 os espaços já estejam em funcionamento.

“No segundo semestre deste ano, teremos um pequeno palco, três salas de exposição e o planetário abertos, com projeções, exposições, seminários e espetáculos. O teatro maior está previsto para ser inaugurado em 2024. Por ter uma estrutura sofisticada e grandiosa, os detalhes internos ainda passam por uma estruturação longa, detalhada e cuidadosa”, completa Rosely.

O POVO CARIRI 55 54 O POVO CARIRI
CULTURA
TEXTO ANA BEATRIZ CALDAS E MÁRCIO SILVESTRE FOTOS SAMUEL MACÊDO Pista de skate, quadra de areia para prática esportiva e atividades infantis são alguns divertimentos gratuitos no CCC

CULTURA

FOCO NA FORMAÇÃO

Apesar da grandiosidade do espaço e da inauguração há mais de um ano, a programação do Centro Cultural do Cariri ainda está em construção, e as primeiras convocatórias para artistas, educadores e demais proponentes de projetos devem sair até o mês de agosto de 2023. Isso porque o prédio histórico precisou passar por uma modernização para acolher as novas atividades e se adequar às novas demandas de arquitetura e acessibilidade.

Mas se engana quem pensa que, por ainda estar em processo de finalização, não há atividades para todos os públicos. Com uma equipe de mais de 50 pessoas que trabalha conjuntamente desde maio deste ano, o CCC tem realizado ações formativas e culturais, como clubes de leitura, palestras, visitas guiadas, exibições de filmes e apresentações musicais.

Segundo Goreth Albuquerque, gerente de Formação e Conhecimento do Centro Cultural, também há salas de formação bem equipadas para a realização de cursos, inclusive com possibilidade

de transmissão online. “À medida que as áreas estão sendo entregues, vamos ampliando a programação”, explica. Goreth conta que o alinhamento das atividades é feito tendo como base a descentralização da cultura e as políticas públicas desenvolvidas pela Secretaria da Cultura do Estado, que norteiam toda a rede pública de equipamentos culturais. “Realizamos as atividades pensando no público em geral interessado em arte e cultura, mas também levando em conta grupos etários, desde as crianças até os 60+.

Trabalhamos a partir de uma perspectiva decolonial não hegemônica, critérios que já estão presentes nos editais da Secult, mas sempre alinhados com as demandas do Cariri”, lembra.

Exemplo disso é a atenção para as artes visuais, que se manifestam com destaque na região, inclusive com cursos de graduação nas universidades. Para qualificar o trabalho de profissionais e pesquisadores do setor artístico, cursos de curta duração e uma formação de longa duração em Artes Visuais têm sido ofertados.

Recentemente, o Centro também lançou seu primeiro Ciclo Formativo em Presença Cênica, com o intuito de fortalecer e ampliar a cena teatral.

Cursos de curta duração para a capacitação de técnicos da cultura também fazem parte da grade de programação, além de atividades que levam em conta a vivência e as potencialidades de grupos minorizados, como as pessoas LGBTQIAP+ e os povos originários da Chapada do Araripe. “Nosso foco é possibilitar o acesso à cultura de forma democrática”, conclui Goreth.

CLUBES DE LEITURA

Entre as atividades fixas da programação do Centro Cultural estão dois clubes de leitura, um infantil e um adulto, realizados aos domingos. Os clubes preparam o terreno para a chegada de outras iniciativas na área literária, como a inauguração da biblioteca do CCC, prevista para o segundo semestre deste ano.

O Clube de Leitura para Iniciantes, focado no público jovem e adulto, serve como base para uma discussão relevante: a democratização da literatura, muitas vezes tida como uma categoria artística elitizada. Goreth Albuquerque comenta que a premissa do clube é a do sociólogo Antonio Candido, que afirmava que todos tinham direito à literatura.

O professor Alex Baoli, especialista em Literatura Brasileira e Africana Lusófona, é um dos mediadores literários do CCC. Ele conta que o clube para jovens e adultos aposta na “leitura como fruição” e recebe leitores de idades diversas. Até agora, já foram lidas e debatidas obras de escritoras como Jarid Arraes, Maria Valéria Rezende e Conceição Evaristo. Animado, Alex acredita que uma nova janela de literatura foi aberta no Cariri com os clubes, mas que o cenário ficará ainda mais potente com a inauguração da biblioteca e do teatro. A transformação de não leitores em apaixonados pela leitura, no entanto, já revela resultados. “Colocamos nossas cosmovisões sobre o texto, de maneira livre e experimental. Perspectivas essas que não são postas em tom professoral ou pedagógico. É um clube, mas não um clubismo”.

Educação e memória

Quem deseja conhecer o interior do CCC, acompanhar o andamento dos novos espaços e saber mais sobre o prédio histórico, pode participar de visitas guiadas espontâneas e agendadas ao local, realizadas semanalmente. O espaço também leva pequenos grupos a outros locais importantes para a cultura da região, como o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em parceria com o Geopark. Para mais informações sobre os horários e dias das visitas, basta acessar as redes sociais do Centro Cultural do Cariri.

É POSSIBILITAR O ACESSO À CULTURA DE FORMA DEMOCRÁTICA”

CENTRO CULTURAL DO CARIRI SÉRVULO ESMERALDO

Onde: Av. Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes, 1, Gizélia Pinheiro – Crato Horário de funcionamento: Quintas e sextas, das 15h às 18 horas, e sábados e domingos, das 8h às 20 horas

Acompanhe a programação

Instagram: @centroculturaldocaririce

Facebook: facebook.com/CCCariri

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O imenso gramado do CCC já é point de piquenique para muitas famílias
E NA DIVERSIDADE
Centro Cultural do Cariri visto de cima
CULTURA
“NOSSO FOCO

A VIDA E AS EMOÇÕES

O BASTIDOR COM BORDADO DA POSSE DO PRESIDENTE LULA ENTREGUE À JANJA VIRALIZOU

NA WEB. AS AUTORAS, DO COLETIVO ENTRELINHAS, FAZEM DOS DESENHOS EM LINHA FONTE DE RENDA E EXEMPLO DE EMPREENDEDORISMO

TEXTO: LETÍCIA DO VALE

EMPREENDEDORISMO O POVO CARIRI 59
EMPREENDEDORISMO ACERVO PESSOAL

Entre Juazeiro do Norte e Crato, quatro amigas encontraram, na arte do bordado, um hobby, uma terapia e uma fonte de renda. Abençoadas pela aura artística do Cariri, desde 2020 Ana Paula da Costa, 34, Samira Aparecida, 40, Ana Carolina Rodrigues, 29, e Maria Thayná Bezerra, 23, comandam o Coletivo Entrelinhas. Atualmente, o grupo conta com mais de 17 mil seguidores no Instagram, e uma enorme variedade de histórias contadas com a ajuda de linhas e agulhas.

O bordado tomou conta da vida dessas mulheres despretensiosamente. Paula e Samira, dupla de irmãs inseparáveis, sempre gostaram de fazer tudo juntas. Desde jovens ligadas a artes manuais, logo adotaram o bordado livre como mais um passatempo, em meados de 2018.

O encanto pela modalidade não ficou restrito a elas. Já em 2019, Carolina e Thayná, amigas próximas das irmãs, rapidamente também pegaram gosto pela arte. Foi só verem a casa de Paula e Samira lindamente decorada pelas peças de arte para o desejo de aprender a fazer igual aparecer nas outras duas.

Assim, as reuniões tradicionais para leitura e conversas aos sábados deram espaço para mais uma atividade de comunhão entre as amigas: o bordado livre. Mais do que um hobby, para cada uma era um momento de confraternização com as amigas e com os próprios sentimentos, que viriam ao mundo traduzidos em forma de arte.

A FORÇA DE SER COLETIVO

A ideia do coletivo surgiu em 2020. O intuito era simples: divulgar com orgulho as fotos dos bordados produzidos. Quem sabe até vender para família e amigos, mas sem muita pretensão. Enquanto uma criava a conta no Instagram, outra desenhava o logotipo. Assim, o Entrelinhas foi se estruturando e,

como tudo que é bonito e bem feito atrai olhares, aos poucos o público do coletivo foi crescendo para além do que o esperado inicialmente.

Atualmente, todas conseguem viver do bordado, encarando a profissão de artesã e bordadeira com honra. A principal plataforma utilizada para os negócios é o Instagram. Na página @entrelinhascariri na rede social, o grupo divulga o trabalho, faz orçamentos e recebe encomendas. Além da região do Cariri, o Entrelinhas faz entregas para todo o Brasil e até para fora. Os produtos mais procurados são os enfeites porta-maternidade, porta-aliança, bordados de fotografia e chaveiros.

Mesmo sem saber precisar o momento em que ganhou a confiança de tornar o bordado uma profissão, Ana Paula sabe que ele veio aos poucos. Com cerca de um ano de coletivo, a artesã pediu demissão do antigo emprego formal de administração na construção civil para se dedicar totalmente ao próprio negócio.

“Eu via no meu outro emprego que não importava o quanto eu me dedicasse, o meu retorno ia ser sempre o mesmo. Mas trabalhando para mim não: quanto mais eu me dedicasse, maior seria o meu retorno. Conforme íamos recebendo encomendas e entregando os trabalhos, as pessoas iam gostando, indicando e ia aparecendo mais gente elogiando”, descreve.

Na página do Instagram da

Coletivo Entrelinhas

Instagram: @entrelinhascariri

BORDADO DO ENTRELINHAS NAS MÃOS DA PRIMEIRA-DAMA

No começo do ano, um bordado do Entrelinhas viralizou na internet. Produzido por meio de uma encomenda, o item ilustra a posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva este ano, registrando o momento em que a faixa presidencial foi passada para o petista. O desenho bordado foi feito a partir da arte do artista gráfico Daniel Kondo.

Segundo Ana Paula, figuras da política

e influencers chegaram a compartilhar a postagem. O número de encomendas do coletivo disparou e os oito mil seguidores conquistados ao longo de três anos mais do que dobraram em apenas uma semana.

Em maio, durante visita de Lula ao Cariri, o grupo teve a oportunidade de ter o bordado entregue diretamente para a primeira-dama Janja Lula da Silva.

marca, a descrição “Bordamos à mão sua ideia e sua história” antecipa para o visitante não só a missão do coletivo, mas também a principal fonte do seu sucesso. Como acredita Carolina, é a empatia e o cuidado das bordadeiras com os sentimentos dos clientes que representam o Entrelinhas.

“Tivemos muita sorte de ter várias pessoas trabalhando em prol de um mesmo objetivo. Nós nos envolvemos bastante no sentido de escutar o cliente e o que ele quer. A gente se importa com o que bordamos e criamos laços”, indica.

A artesã não deixa de mencionar, ainda, o profissionalismo envolvido em todos os processos: “Não é porque nós somos amigas que a gente deixa de fazer como uma empresa tem que fazer”, destaca. Dessa forma, a equipe também investe em dedicação para os cuidados da página, cursos e todo tipo de conhecimento artesanal que possa agregar à produção dos bordados. Para o futuro, a crença de que não existe limite para o aperfeiçoamento é o que guia as amigas. O desejo é continuar aprendendo, bordando e encantando.

GENTE SE IMPORTA COM O QUE BORDAMOS E CRIAMOS LAÇOS”

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EMPREENDEDORISMO Bastidor com imagem da posse do presidente Lula em 2023 viralizou nas redes sociais
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EMPREENDEDORISMO
Thayná, Samira, Ana Clara e Ana Paula: as bordadeiras do Coletivo Entrelinhas
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EMPREENDEDORISMO

QUAL O VALOR DA

Já faz um tempo que o bordado livre tem recebido um olhar mais modernizado, seja em marcas de roupa, acessórios, opções de decoração ou presentes afetivos. Na visão de Carolina, o movimento do consumidor de escolher opções com dedicação exclusiva ganha cada vez mais espaço.

“Em um bordado, cada elemento foi pensado. A peça é única e, por mais que eu tenha que fazer um bordado igual, ele não vai ser mais o mesmo. Cada pessoa tem sua história e significado. Ela escolhe um bordado, pede um elemento por algum motivo, realmente é muito único e pessoal”, descreve.

Samira relembra a vez que bordou um enfeite de porta maternidade desenhado pelo pai do bebê. “Eu acho que é muito mais especial do que qualquer quadrinho bonito que se tenha em alguma loja. A gente conversa muito com os clientes, manda desenho e refaz até ficar do jeito que ele gosta. A gente só transforma a ideia dele em uma coisa física. Eu acho que é esse o valor principal que o bordado tem”, reflete.

No entanto, não são todos que conseguem enxergar esse valor no artesanato e no trabalho manual. Para Ana Paula, achar bonito não é o suficiente. “Na nossa cultura, existe muito essa coisa de pedir desconto, e valorizar é realmente se disponibilizar a pagar o custo que está sendo cobrado. A gente sabe a hora de trabalho e o material que gastamos. Aos poucos, estamos dialogando com alguns clientes que questionam. O produto é feito à mão, com carinho, tempo, vontade e personalizado de acordo com o que você quer e precisa. É por isso que o preço dele é diferente de uma plaquinha feita por máquina, por exemplo”, declara.

BORDADO LIVRE X PONTO CRUZ

Talvez a modalidade mais conhecida do bordado, o ponto cruz é tradicional e segue regras específicas. Nessa técnica, os pontos são feitos em X, com um fio de linha passando sobre o outro. Para isso, é necessário um tecido específico, do tipo telado. O resultado da repetição do movimento são padrões e desenhos bem típicos do estilo. Já no bordado livre o artesão tem mais liberdade, podendo ser realizado em qualquer tipo de tecido. Nesse caso, o bordado é feito a partir de um risco e não necessita de pontos do mesmo tamanho ou mesma distância entre si.

Artes do Coletivo Entrelinhas

COLUNA BOAS VENDAS MARÍLIA FALCIONI

VENDER MUITO É UMA QUESTÃO DE SORTE?

VIVO RESULTADOS EXTRAORDINÁRIOS EM VÁRIAS

EMPRESAS E POSSO GARANTIR QUE SÃO FRUTOS DE SANGUE, SUOR E LÁGRIMAS.

Há episódios no dia a dia dos vendedores que lembram milagres sim, mas o resultado no final do mês não foi produzido por essas exceções. Então, o que posso fazer para não depender do acaso?

TENHA UM BOM LÍDER

A empresa é o espelho dos seus gestores e a equipe de vendas, em especial, depende de alguém que dite o ritmo da equipe em um mundo tão dinâmico. Basta piscarmos os olhos e o mês acaba! Se não vendeu, não vende mais, no entanto as contas chegarão do mesmo jeito.

2. Rotina

Resultados extraordinários não vêm de milagre ou sorte, eles são consequências de consistência e esforço continuado. Se a equipe e o gestor não souberem o que fazer, não tiverem planejamento, eles poderão se esforçar muito, mas não alcançar o resultado, porque as forças não foram estrategicamente direcionadas.

6 - EQUILÍBRIO

O que fazer em um mundo cada vez menos previsível? Não faz sentido fazer um plano para 10 anos à frente. Diante de um contexto externo caótico só nos resta, antes de tudo, manter o equilíbrio interno. Como? Para mim funciona: oração, família, esporte e terapia. Não são os acontecimentos externos que nos desestabilizam, mas é a forma que absorvemos os fatos que podem drenar nossas energias para a solução ou para o problema.

3 - INDICADORES

Você está no caminho certo?

Quem disse? Sua intuição? Os números nos levam a fazer um diagnóstico mais concreto de nosso desempenho e daí podemos traçar um plano de ação para contornar os obstáculos. Em vendas, cada vez mais se fala em micrometas, acompanhamento da equipe a cada 1 hora e a busca constante por resultados diários, que, por consequência trarão resultados semanais e mensais.

CAPACITAÇÃO CONTINUADA

Uma das certezas da vida é que o mundo vai mudar e... cada vez mais rápido. Então como ter uma equipe preparada e atualizada se o conhecimento não fizer parte do dia a dia dos vendedores e líderes? O cliente mudou: está mais ansioso, menos tolerante, espera que tudo seja mais rápido e está menos fiel. E se você se acomoda e não se adapta, infelizmente nos próximos 5 anos pode ser que seus resultados sejam negativos

5 - ADOTAR TECNOLOGIA

Como diz Leandro Karnal, quando lançaram a caneta esferográfica e a calculadora, houve resistência de muitas pessoas que garantiram que seria um retrocesso. Dezenas de anos depois, vemos que a lei universal da tecnologia é: você pode gostar ou não das novas ferramentas e recursos, mas elas vão penetrar no seu dia a dia do mesmo jeito. Então, absorva as ferramentas o mais rápido possível e não reclame.

7. Comunicação

Invista em comunicação. É o que as grandes e prósperas empresas fazem! O cliente, mais do que nunca, quer ver a alma e o propósito de quem vende. Acreditar que venda é sorte, pode ser uma crença limitadora que impeça que você busque, com todas as suas forças, a evolução. Se a empresa tiver muitos clientes, há grande probabilidade de ser lucrativa. Por outro lado, se a empresa tiver um ótimo produto, mas não tiver uma boa equipe, haverá um risco grande de falência. Então só temos uma escolha: assumir o desafio de profissionalizar nossa equipe! Tá preparado?

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ALLAN BASTOS
COLUNA
Diretora da Falcioni Consultoria
MARÍLIA FALCIONI

COLUNA ESG

3 - RECICLAGEM DE ÓLEOS

CAROL KOSLING

BOAS PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE AVANÇAM NO CARIRI

UMA TENDÊNCIA MUNDIAL QUE VEM GANHANDO CADA

VEZ MAIS EMPRESAS ADEPTAS AO REDOR DO MUNDO E, TAMBÉM, NO BRASIL E NO CEARÁ, É O ESG.

Mas o que é essa pequena sigla que vem movimentando tanto o mundo coorporativo? A sigla vem do inglês e significa Environmental, Social and Governance (ESG). Na tradução livre para o português é Ambiental, Social e Governança. Assim, o ESG envolve uma série de critérios que avaliam o impacto e o desempenho das empresas em cada um dos três pilares. Nesta coluna trazemos algumas iniciativas e ações de companhias na região do Cariri.

ENERGIA

SOLAR EM ALTA

A Grendene, maior exportadora de sapatos do País e com três fábricas no Ceará, traz o ESG no seu DNA e desenvolve ações sólidas de cuidado com as pessoas e com o meio ambiente. Como a companhia apoia o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 7 da Organização das Nações Unidas (ONU), que busca aumentar o uso de energia limpa e sustentável, desde 2021, a Grendene rastreia o uso de energia elétrica, garantindo que sejam de fontes renováveis. A nova fábrica do Crato entrará em operação com uma usina solar própria e contará com autogeração de 34% de energia com maior conforto térmico. Em Sobral, desde 2018, a fábrica conta com 3.500 painéis solares. E toda a Grendene conta com energia elétrica 100% renovável e certificada. Outra preocupação também é com a água do planeta e entre 2021 e 2022, foram reutilizados 272 milhões de litros de efluentes tratados e destinados para vasos sanitários, irrigação de jardins e equipamentos industriais.

EMBALAGEM RETORNÁVEL

E SEM PAPEL

Após um processo de substituição das embalagens iniciado em 2021, a Cajuína São Geraldo, instalada em Juazeiro do Norte, circula, mensalmente, 360 mil novas garrafas pelo Nordeste. Essas garrafas, de vidro na tonalidade verde, estão alinhadas com as políticas de segurança, qualidade e sustentabilidade da empresa, adotadas, de forma definitiva, no seu processo de envase dos produtos de 600ml. O vidro garante a conservação do sabor, o aumento da qualidade para o cliente, além da preservação do meio ambiente, conforme explica a gerente de Controle de Qualidade, Katiana Feitosa. Em relação à questão ambiental, a nova embalagem não utiliza rótulo de papel, pois este é impresso no material da própria garrafa através do processo de litografia. Além disso, os clientes poderão adquirir o vasilhame, na primeira compra, e nas seguintes, pagar apenas pelo líquido, sendo retornável. A indústria também comercializa o refrigerante de caju na versão retornável de 200ml, para consumo individual.

Localizada em Juazeiro do Norte, a empresa Produtos de Limpeza Juá, resolveu unir a economia circular, a preservação socioambiental e a presença de marca no projeto Eco Juá. Anualmente, já foram mais de 260 mil litros de óleo de cozinha reciclados. A iniciativa recolhe, através de doações, o óleo utilizado nas residências e estabelecimentos e devolve o valor em programas de qualificação para a comunidade. “Ao chegar a uma comunidade, a Eco Juá elege uma instituição que realiza trabalho social e ambiental. Este agente será o responsável por receber os recursos oriundos do projeto e implementar as ações na comunidade”, explica João Victor Caracas, coordenador de Marketing da Produtos de Limpeza Juá. O impacto é ainda maior quando se lembra dos milhares de litros de óleo que deixam

4 - DA PERIFERIA PARA A

periferia

Foi sentindo na pele e nas vivências do dia a dia que José Márcio, 28, morador de periferia, nascido e educado às margens do Crajubar, se tornou CEO da Avia!, um marketplace mobile que liga empreendedores a consumidores numa rede de comércio e consumo periférica. Seu negócio atua diretamente

de ser despejados, poluindo nossos mares e rios, intoxicando nossa fauna e flora oceânica. “O Eco Juá é um projeto que está ativo desde 2016. Nós temos dado destino sustentável aos resíduos de óleos vegetais gerados em lares e estabelecimentos comerciais em diversas cidades do Ceará e, ao mesmo tempo, ajudado a manter as instituições que realizam trabalhos socioambientais importantes”, diz Caracas.

Sustentável (ODS) ligados à Organização das Nações Unidas (ONU). Entre eles, o número um, Erradicação da Pobreza; oito, Trabalho e crescimento econômico; e 10, Redução das desigualdades. “Somos uma startup de impacto social e o ESG é a base do nosso negócio, responsabilidade com o desenvolvimento econômico e social das margens fazem com que a Avia! exista e seja possível”, reforça. Hoje, a Avia! atua nas cidades satélites do Crajubar e da Região Metropolitana, rompendo com a concentração do mercado de m-commerce (comércio via dispositivos móveis) e delivery por aplicativos nos centros econômicos e capitais, que marginaliza milhares de empreendedores e consumidores desse mercado. “Através da inclusão produtiva, geração de renda e educação empreendedora estamos apostando num futuro melhor para todos os desassistidos por políticas públicas de distribuição de renda e pelo mercado, gerando possibilidades para a mobilidade social e independência econômica dos moradores das margens cearenses”, diz.

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FOTOS DIVULGAÇÃO Jornalista e colunista do O POVO +
COLUNA CAROL KOSLING O POVO CARIRI 67

COLUNA SAÚDE

KARI LIMA SAMPAIO

Enfermeira especialista em qualidade e segurança do paciente e apaixonada por comunicação e marketing

ADAEVOLUÇÃO SAÚDE NO CARIRI

O CARIRI VEM SE DESTACANDO QUANDO O ASSUNTO É SAÚDE, E UM DOS PONTOS QUE O EVIDENCIA É O CENTRO DE EXCELÊNCIA EM SAÚDE ENCONTRADO NO TRIÂNGULO CRAJUBAR.

A evolução da saúde no Cariri começa pela formação acadêmica aqui mesmo na região, além dos vários cursos de excelência nas diversas áreas da saúde, as três cidades também abrigam o curso de medicina. Essa grande estru tura de ensino encontrada no Cariri tem atraído diversos estudantes de diferentes cidades e estados, onde mui tos deles acabam permanecendo e fazendo parte dessa constante evolução. Com profissionais qualificados sain do das faculdades, não podemos deixar de falar do campo de atuação, que cresce exponencialmente e se destaca no cenário estadual e nacional.

Durante todo esse progresso, quem sai ganhando é a população, que antes era obrigada a se deslocar para outros centros médicos em busca de tratamentos, mas que agora, já estão à disposição nos hospitais de refe rência da região. Se fizermos uma divisão por cidade, po demos observar mais detalhadamente essa evolução. A seguir destacamos equipamentos e serviços que mos tram que o Cariri está cada vez mais se qualificando, o que nos deixa imensamente orgulhosos de nossa região.

HOSPITAL MATERNIDADE SÃO VICENTE DE PAULO

Em Barbalha, temos três grandes hospitais que atendem toda a população do Cariri. O Hospital Maternidade São Vicente de Paulo, referência no tratamento oncológico, onde recentemente aderiu ao projeto Leans nas emergências, uma iniciativa do Ministério da Saúde em parceria com o Hospital Sírio-Libanês.

CRATO 3

2 - FUNDAÇÃO OTÍLIA CORREIA

A Fundação Otília Correia, mantenedora dos hospitais Santo Antônio (referência no atendimento neurológico) e Hospital do Coração do Cariri (referência cardiológica), ambos vem investindo constantemente em sua estrutura física e equipamentos. Uma das grandes conquistas recentes da fundação foi a aquisição do aparelho PET Scan (Positron Emission Tomography), um novo serviço que está sendo estruturado para atender a população de forma estratégica no tratamento do câncer.

No Crato, novos serviços estão chegando. Recentemente, foi lançado o Complexo CITE Saúde, hospital com diversas especialidades, e o espaço terapêutico Quallizer, que oferecerá atendimento especializado no tratamento de doenças mentais e psíquicas. Na mesma área, outro projeto foi lançado, o Mindvance, que oferecerá à população uma enorme variedade de terapias e abordagens voltadas para o cuidado integral da saúde mental. E, para finalizar, temos o retorno dos atendimentos em um hospital que já tem história no Crato. O antigo Hospital São Miguel agora se chama Santé Cariri e está com uma nova equipe gestora que vem investindo significativamente em reformas e equipamentos para atender a parte clínica e cirúrgica com excelência.

Juazeiro do Norte

Em Juazeiro do Norte, além do Hospital Regional do Cariri, que atende a população de toda a região em diversas especialidades, podemos destacar o crescimento da rede privada de saúde. A cidade conta com os hospitais da Unimed Cariri e do Hapvida, além de serviços especializados de atendimento à população nas áreas clínica e cirúrgica, inclusive com transporte aéreo de pacientes.

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COLUNA KARI LIMA SAMPAIO
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FOTOS DIVULGAÇÃO

ATRAVÉS DE QUADRINHOS METADE FICTÍCIOS, METADE BIOGRÁFICOS, O QUADRINISTA E ILUSTRADOR

PAULO BRUNO LEVA AFETO, EMPODERAMENTO E REPRESENTATIVIDADE PARA REDES SOCIAIS, SALAS DE AULA E ONDE MAIS SUA ARTE PUDER ENTRAR

TEXTO ANA BEATRIZ CALDAS FOTOS ALLAN BASTOS

UMA DOSE DE ESPERANÇA

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ARTE O POVO CARIRI 71
Paulo Bruno é de Barbalha e através da HQ espalha mensagens de autoamor e empoderamento

“Estou quase acabando, paizim”, exclama o pai, enquanto penteia com carinho os cabelos crespos da criança. Ambos são negros, vestem camisas coloridas e expressam cumplicidade no ato cotidiano. A primeira linha da tirinha “Rafaela”, peça que integra a série “Direitos Humanos em Quadrinhos”, é um bom resumo do trabalho de Paulo Bruno, quadrinista e ilustrador barbalhense de 25 anos que encontrou nas redes sociais um público cativo para suas histórias. É principalmente nas timelines do Instagram e do Twitter que vez ou outra “Rafaela” volta a viralizar, impactando, principalmente, pessoas com vivências similares às de seus personagens. “A história que conto em ‘Rafaela’ é ficcional, sobre uma pessoa que vai crescendo e descobrindo o seu real gênero e, no final, em vez de ter uma repreensão, temos acolhimento, afeto, aceitação. Infelizmente, é um relato imaginativo que não é tão comum”, lamenta. Justamente por viver no país que mais mata pessoas trans e travestis – entre outras tantas violências – que Paulo escolhe, diariamente, retratar pessoas de grupos minorizados em situações cotidianas, mas cheias de amor. “Recebo muitos comentários que dizem ‘ah, que pena que não é a realidade’, mas também vejo alguns que dizem ‘que bonito, passei por isso também. É uma dose de esperança, uma afetividade possível que a gente espera que seja real”, comenta. Usar a linguagem dos quadrinhos como plataforma para espalhar mensagens de autoamor e empoderamento foi uma ideia que veio do gosto pessoal, mas se tornou, sem querer, uma estratégia para atingir um público diverso: para Paulo, os quadrinhos são “maravilhosos porque têm uma linguagem acessível; mesmo que a pessoa não tenha tanto contato, ela consegue ler, se identificar, compreender”, conta.

Mas nem sempre o jovem artista se inspirou na vida real e nas pessoas que o rodeiam para criar quadrinhos. Seu interesse pela arte começou ainda na infância, desenhando e assistindo aos programas educativos da TV Cultura do início dos anos 2000. “Eles me incentivavam a criar personagens, contar histórias”, explica. Com o tempo, começou a ter experiências com outros tipos de arte, como o teatro e o rap, e entender o teor político e cultural da arte, fator que seria essencial em suas criações anos mais tarde.

A EDUCAÇÃO COMO CAMINHO

Como inspirações, Paulo também cita as tirinhas da personagem Mafalda, criadas pelo cartunista argentino Quino, e de Calvin and Hobbes (no Brasil, Calvin e Haroldo) do norte-americano Bill Watterson. Em comum, essas criações têm o humor, a ironia, a percepção social da realidade e a forte ligação com a sala de aula brasileira – não é incomum encontrá-los nos livros didáticos, provas e outros exercícios escolares. A partir dessas e outras histórias ilustradas, Paulo começou a perceber o sentido educativo e político dos quadrinhos.

“Foi fundamental ter acesso a histórias de quadrinhos na Biblioteca Pública de Barbalha e na biblioteca da escola. Comecei a ver nos quadrinhos a oportunidade de contar histórias com outras ferramentas. Ali eu já queria trabalhar com isso, mas ainda não sabia como”, lembra. Um professor de arte do Ensino Médio o ajudou: falou sobre o curso de Artes Visuais da Universidade Regional do Cariri (Urca) e estimulou o jovem Bruno a prestar vestibular para transformar o desenho em profissão – e também ferramenta de transformação.

“Até a faculdade, eu desenhava histórias fantásticas, baseadas no que eu consumia na época. Lia muito conteúdo japonês, mangás, muita história de super-heróis. Na faculdade, acabei me engajando nos movimentos estudantis, tendo acesso a textos mais críticos, sobre política e afins”, explica. Foi nesse momento, entre o fim da adolescência e o início da vida adulta de Paulo, que ele começou a desenvolver “uma consciência política mais efetiva, com conhecimento da questão racial”, e o trabalho acompanhou esse momento de aprendizado.

“Conheci, por exemplo, a escritora Conceição Evaristo, uma mulher negra, professora e escritora. Ela tem um termo que chama ‘escrevivência’ – o texto ficcional dela está relacionado às vivências dela, dos ancestrais dela. É ficcional, mas vem muito da realidade. Aquilo me encantou”, recorda o artista. Dessa maneira, as ilustrações do então estudante começaram a sair da fantasia, se misturando à realidade.

“OS QUADRINHOS SÃO
MARAVILHOSOS PORQUE TÊM UMA LINGUAGEM ACESSÍVEL”
ARTE ARTE O POVO CARIRI 73

PARA CONHECER

Artista independente, Paulo Bruno desenvolve trabalhos em diversas plataformas. Conheça os principais projetos do artista

ARTE PARA TRANSFORMAR

Ao conhecer a escritora Conceição Evaristo, a aproximação de Paulo com a arte-educação foi inevitável. Era um meio de se comunicar como Conceição, utilizando a plataforma de Quino. Ao cursar a licenciatura em Artes Visuais e estagiar em uma Organização Não Governamental, percebeu que os quadrinhos poderiam ser uma ferramenta importante para levar arte e educação a contextos marginalizados. No ano passado, teve uma grande surpresa ao ver uma de suas tirinhas na prova de vestibular da Unicamp. Ali entendeu que estava no caminho certo. “Era uma questão vinculada à interpretação. E eu realmente quero fazer parte dessa ajuda, desse complemento da educação”, celebra. Uma das grandes mudanças que Paulo decidiu fazer em sua arte foi a inclusão de pessoas negras – muitas vezes sem uma crítica social explícita; são pessoas vivendo, conversando, experimentando, amando umas às outras. “Tento representar os personagens de forma natural, sem recorrer aos estereótipos. Nem sempre coloco a mulher e o homem negro em um contexto de violação de direitos, por exemplo. Falo sobre competência, afetividade, sobre outras coisas”.

Sem dúvidas, como se observa em “Rafaela”, há algo de muito político nessa escolha, que foca na esperança de um Brasil possível. “São histórias que, ainda que ficcionais, estão inseridas no contexto brasileiro. Se confundem com o que vejo, o que vivo. É literalmente sobre o cotidiano”. E confessa: “mesmo quando crio em um momento imaginativo, pode ter certeza que aquele personagem é inspirado em alguém. E muito provavelmente, o ambiente em que aqueles personagens estão é no Cariri”.

DIREITOS HUMANOS EM QUADRINHOS

Feito em um estágio durante o período de estudo na UFCA e que teve como destaque a tirinha “Rafaela”

HQ 9MM DE DISTÂNCIA

Inicialmente feito para o projeto “Fora da Caixinha”, realizado via financiamento coletivo, a primeira publicação de Paulo foi editada pela Conrad e está disponível para venda online na Amazon. O quadrinho narra o cotidiano de dois jovens, Beatriz e Gabriel, que moram na mesma periferia e esperam, ansiosos, pelo primeiro encontro.

SÉRIE AFETOS

Um conjunto de tirinhas em construção, as ilustrações da série são publicadas nas redes sociais de Paulo e trazem “diversos gestos de carinho, amor, entre outras gentilezas do cotidiano, principalmente entre pessoas pretas”. São quadrinhos que mostram situações simples que fazem toda a diferença.

+ ENCOMENDAS

PERSONALIZADAS

O artista também faz projetos únicos para clientes e empresas que querem contar suas histórias por meio da arte. Para solicitar um orçamento, basta enviar um e-mail para o endereço: paulobrunocontato@gmail.com ou mandar uma mensagem no Instagram (@paulobruno_art)

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Instagram: @paulobruno_art Twitter: @_paulo_bruno

ARTE
ARTE
“SÃO HISTÓRIAS QUE, AINDA QUE FICCIONAIS, ESTÃO INSERIDAS NO CONTEXTO BRASILEIRO”

UMA CARTA NO NAVIO DA VIAGEM

Xuxa

Oceano Atlântico, 27 de março de 2023. Sou fanzaço da Xuxa e da fotografia que nos faz ultrapassar o tempo.

Em 1989, eu fotografei a Xuxa em Fortaleza, hoje eu tenho 47 anos, sou fotógrafo e naquela época eu tinha apenas 12 anos, fiz todas as 36 fotos do filme fotográfico analógico, enquanto ela ainda entrava no palco. Depois da foto feita, depois da fotografia acontecer, só o tempo fará ela ganhar o seu valor. Esse é o maior poder da fotografia, poder mostrar, poder expor, se apresentar como algo.

Eu devo ter aperreado muito a minha mãe para ir àquele show. Como uma família muito simples do Crato iria pra Capital ver a Xuxa? Quando me vi, eu estava com a câmera emprestada do vizinho para buscar as fotos que eu queria. E assim é a vida de um fotógrafo, se dedicar com a maior força para trazer sempre o que o mundo da fotografia quer ver, quer guardar, quer dar importância. Estou em um navio transatlântico que saiu de Santos (SP), indo para Búzios e Angra dos Reis no Rio de Janeiro, amanhã a Xuxa fará 60 anos, e eu vim pra festa dela, com cerca de 4 mil fãs e a tripulação. Tudo preparado com tema arco-íris e símbolos da sua história como exposições de roupas icônicas, prêmios e muitas fotografias. Buffet 24h, comidas veganas, quatro dias em alto mar. São exatas 14h49 e acabei de fazer uma foto abraçado com ela. Já tinha a visto outras vezes, tenho vários autógrafos, e uma coleção gigante das suas fotos. Certa vez, no trânsito, ela chamou Sasha, ainda criança, e me mostrou, dizendo e apontando pra mim – “Olha lá, Sasha, o cara das fotos”. E na vida dela, como pôde tantas fotografias caberem

em 60 anos, a fotografia é feita de tempo, uma exposição a uma fração de luz. Se juntassem todas essas fotos, ensaios, capas de revistas e tudo que aparece até hoje, de fotos inéditas do passado e de hoje, já dariam quantas vidas? Uma infinidade de inspiração para quem é fotógrafo de retratos, eu sou, retratista, o retrato ele é imperecível, o retrato terá sempre o seu poder.

Às 22h vai acontecer sua festa de aniversário, e do Cariri, também estão o ex-BBB Vyni, o influencer João Neto, o estilista Siebert Tavares e o casal Gilvanio Pinheiro e Marcos Vinícius. Me surpreendi com a postagem da minha foto no Instagram, os inúmeros comentários sobre o feito de ter uma foto com a Xuxa. Cada um interpreta de um jeito, a fotografia com seus ícones, símbolos, cores, formas e expressões, dão ao expectador um universo incrível e de possibilidades para que cada um imagine quem é de fato o ser fotografado.

A foto é essa aí ao lado, tudo preto, eu e a Xuxa. Olhei lá dentro dos olhos azuis, da ídola, da mulher das capas das revistas, das fotografias que juntei por anos, e foi como capturar da imagem, eu acabava de virar uma chave, antes eu ia para ver a Xuxa, hoje eu vou para que ela me veja.

Vim a essa festa incrível, esse show de recordações e nostalgia, comemorar os 60 anos da rainha, e a minha realização na fotografia. E entendo que realmente tudo pode ser. E tudo que tiver de ser será.

O FOTÓGRAFO ALLAN BASTOS ESTEVE NO CRUZEIRO QUE COMEMOROU 60 ANOS DA XUXA E ESCREVEU UM RELATO EM ALTO MAR QUE EMOCIONA TODOS QUE JÁ FORAM BAIXINHOS DA RAINHA
O POVO CARIRI 77
Xuxa e Allan Bastos no aniversário dela

#2

O QUE NUNCA PODE FALTAR EM UMA FESTA?

Alegria, boa bebida, bom cardápio e ótimo serviço

QUAL O SEGREDO DE EMPREENDER COM FESTAS?

Cuidar de cada festa como se fosse uma festa para a minha filha.

PERFIL

Proprietária do Engenho Tupinambá, em Barbalha, serviço de buffet, catering e ambientação para eventos sociais e corporativos

TEXTO:

LETÍCIA DO VALE

QUAL SEU MENU DOS SONHOS?

Um menu que forneça uma experiência gastronômica, que contenha sabor, beleza e sentimento.

QUAL O TIPO DE FESTA QUE O CARIRIENSE MAIS GOSTA DE FAZER?

Que comemorem momentos ou datas marcantes. Que contenham alegria e muitos sorrisos para guardar na memória.

FESTA DE DIA OU FESTA DE NOITE? Noite

A MELHOR BEBIDA PARA BRINDAR?

Vinho

#7

OS MELHORES DOCES DE UMA MESA DE DOCES?

Os mais tradicionais.

#10

#8 #9

O ENGENHO TUPINAMBÁ EM TRÊS IDEIAS:

> História

> Sofisticação

> Festa

1 PERSONALIDADE INSPIRADORA

Padre Cícero

OS SEGREDINHOS PARA RECEBER BEM EM CASA

Sorrir com o coração e receber abraçando

1
DIVULGAÇÃO
MINHA LISTA
UM
Anel de noivado
PRESENTE INESQUECÍVEL
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