Especial Raio X 2021 - Inovações e soluções tecnológicas

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FORTALEZA - CEARÁ, SEGUNDA, 29 DE NOVEMBRO DE 2021

INOVAÇÃO E SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM UM CENÁRIO DE RETOMADA, NESTE SEGUNDO ESPECIAL RAIO X, APRESENTAMOS AS ESTRATÉGIAS DA INDÚSTRIA E DO AGRONEGÓCIO PARA AMPLIAR MERCADOS E INVESTIR EM SOLUÇÕES INOVADORAS. TECNOLOGIA E SUSTENTABILIDADE DEFINEM OS RUMOS DE 2022. TAMBÉM NESTA EDIÇÃO, OS DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS PEQUENOS NEGÓCIOS PARA O REAQUECIMENTO DA ECONOMIA


EXPEDIENTE

EDITORIAL

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Tecnologia

Os desafios de inovar Neste segundo especial do projeto Raio X apontamos como setores estão “despertando” para a necessidade de investimentos em tecnologia e inovação. A indústria segue recuperando o fôlego financeiro, que tem permitido a retomada de investimentos e o início de novos projetos em inovação. “Ainda é difícil ter uma mensuração do montante financeiro, mas há um comportamento ascendente, e há perspectivas claras de aumento dos investimentos em inovação no segmento industrial. Apesar das dificuldades de 2020, aumento dos custos de insumos, reduzindo a quantidade de recursos disponíveis para investimentos”, analisa Guilherme Muchale, gerente do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). No agronegócio, as estratégias de inovação envolvem processos sustentáveis e a busca por mercados externos. A projeção de crescimento para 2022, na vertente da agricultura, é de 10% no valor bruto em relação a 2021, revela Sílvio Carlos Ribeiro, secretário executivo do Agronegócio do Ceará. “A perspectiva do agro cearense é crescer produzindo culturas de alto valor agregado com características de exportação”. Ele cita que a eficiência no uso da água e o estímulo à utilização de tecnologias na produção estão entre as estratégias. Já para os pequenos negócios, entre os desafios de busca de crédito para uma efetiva retomada, há perspectiva de uma economia muito mais pujante. “Vemos um salto profissional. O ambiente digital leva a crer que as pequenas terão um espaço muito mais consolidado, o Sebrae tem recebido muita demanda, temos atendido entre 4 mil e 5 mil empresários por mês. Vamos fechar este ano com mais de 80 mil cearenses que estão se preparando para entrar no mercado”, diz Alci Porto, diretor técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Ceará (Sebrae-CE). Boa leitura!

EMPRESA JORNALÍSTICA O POVO Presidente: Luciana Dummar Presidente-Executivo: João Dummar Neto Diretores-Executivos de jornalismo: Ana Naddaf e Erick Guimarães Diretor de Jornalismo do Sistema O POVO de Rádio: Jocélio Leal Diretor Corporativo: Cliff Villar Diretora de Gente e Gestão: Cecília Eurides Diretor Adjunto da Redação: Erick Guimarães Direção Geral de Negócios, Marketing e Projetos Especiais: Alexandre Medina Néri Editorialista-chefe e Editor de Diversidade e Inclusão: Plínio Bortolotti Editor-Chefe de Opinião: Guálter George Assessoria de Comunicação: Daniela Nogueira Ombudsman: Juliana Matos Brito Estratégia e Relacionamento: Adryana Joca Diretor de Estratégia Digital: André Filipe Dummar de Azevedo FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidente: Luciana Dummar Diretor Administrativo-Financeiro: André Avelino de Azevedo Gerente Geral: Marcos Tardin Gerente Editorial e de Projetos: Raymundo Netto Gerente Pedagógica: Viviane Pereira Gerente Canal FDR: Chico Marinho Editora de Mídias: Isabel Vale Gerente Marketing & Design: Andrea Araujo Analistas de Projetos: Aurelino Freitas e Fabrícia Góis PROJETO RAIO X Concepção e Coordenador Geral: Cliff Villar Coordenadora de Operações: Vanessa Fugi Gerente de marketing: Natércia Melo Analista de Projetos: Dandara Batista Designer Gráfico Trainee: Pedro Cavalcante Analista de mídias: Valeska Cruz Gerente-geral Labeta: Gil Dicelli Editora-executiva: Paula Lima Editora-adjunta: Ana Beatriz Caldas Textos: Ítalo Cosme, Samuel Pimentel e Letícia do Vale Editora de arte e design: João Maropo Gerente Executiva de Projetos: Lela Pinheiro Analista de Projetos: Daniele Andrade Diretor Geral de Negócios, Marketing e Projetos Especiais: Alexandre Medina Néri Assessora de Comunicação: Daniela Nogueira Estratégia e Relacionamento: Adryana Joca


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ACOMPANHE O PROJETO RAIO X O projeto “Raio X” Ceará é um estudo sobre análises setoriais, tendências e perspectivas da economia cearense. O projeto apresenta as perspectivas dos mercados frente ao crescimento da economia nacional. Além de três cadernos especiais, são três lives e um webinar baseados em estudos de análises setoriais, tendências e perspectivas da economia cearense, com foco em negócios e inovação.

PROGRAMAÇÃO

As três lives e o webinar são transmitidos no Facebook e Youtube do O POVO e da Fundação Demócrito Rocha

Datas e temas das lives

16/11 – ENERGIA, VISÃO PARA 2022 Entrevista com o presidente do Grupo Qair no Brasil, Armando Abreu

19/11 - A FORÇA DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

Entrevista com Sílvio Carlos Ribeiro Vieira Lima, secretário executivo do Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará

23/11 - SERVIÇOS - INCENTIVO AOS PEQUENOS NEGÓCIOS E EMPREENDEDORISMO

Entrevista com Alci Porto, diretor técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-Ceará)

Data e tema do webinar

30/11 - RAIOX - CEARÁ:

DESAFIOS DA ECONOMIA 2022 Datas e temas dos cadernos especiais:

28/11/2021 – INFRAESTRUTURA ENERGIA EÓLICA E HIDROGÊNIO VERDE 29/11/2021 - INDÚSTRIA, COMÉRCIO E AGRONEGÓCIO

30/11/2021 - TURISMO E

SERVIÇOS - SETOR DE EVENTOS

Confira as lives já realizadas em: https://fdr.org.br/raiox/


INDÚS


TATIANA FORTES/DIVULGAÇÃO

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A TECNOLOGIA E O DESPERTAR DA

STRIA COM A RETOMADA DA ECONOMIA, EM 2021, AS INDÚSTRIAS CEARENSES INVESTEM EM SOLUÇÕES INOVADORAS. POR MEIO DE PROJETO DO OBSERVATÓRIO DA INDÚSTRIA, PELO MENOS 100 EMPRESAS JÁ PASSARAM POR FASE DE DIAGNÓSTICO


SAMUEL PIMENTEL

A

samuelpimentel@opovo.com.br

pós um ano de 2020 difícil por conta da pandemia e todas as suas repercussões na atividade industrial, o setor vivencia um processo de retomada consistente em 2021. Neste momento, os industriais cearenses já olham para o futuro: desenvolvimento de soluções inovadoras têm recebido atenção especial. O gerente do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Guilherme Muchale, destaca que já está sendo realizado um mapeamento que demonstra um “despertar” em termos de maior interesse da indústria em inovar. “Ainda é difícil ter uma mensuração do montante financeiro, mas há um comportamento ascendente, e há perspectivas claras de aumento dos investimentos em inovação no segmento industrial. Apesar das dificuldades de 2020, aumento dos custos de insumos, reduzindo a quantidade de recursos disponíveis para investimentos. Mas em 2021, já vemos que a indústria vem recuperando seu fôlego financeiro, que tem permitido a retomada de investimentos e o início de novos projetos em inovação”, aponta o gerente do Observatório. Esse avanço é necessário. Isso porque, em 2020, o índice global de inovação apontou a necessidade de ações urgentes no Brasil, tendo em vista sua posição retardatária (62º). O que fez com que o País não ocupasse, sequer, as três primeiras posições entre os países da América Latina. No Ceará, a Fiec lidera o projeto Fronteiras Tecnológicas, que tem a missão de efetivamente revolucionar a indústria cearense por meio da inovação, com iniciativas pioneiras no mercado nacional relacionadas a biotecnologia e a nanotecnologia no cotidiano nas nossas indústrias, sem que sejam necessárias contrapartidas financeiras. O diferencial do Fronteiras Tecnológicas é a inserção de projetos relacionados à nanotecnologia e biotecnologia, desenvolvido em parceria com o Sebrae. “O projeto é bastante inovador”, destaca Muchale, lembrando que bio e nanotecnologia são altamente transversais. Basicamente, o objetivo é inserir a biotecnologia e a nanotecnologia no cotidiano das nossas indústrias, inserindo a trilha de conhecimento na liderança empresarial, com um processo também de engajamento de bolsistas, mestrandos e doutorandos dentro dessas indústrias. Isso permite que os projetos de inovação pesquisados na academia cheguem na ponta, na indústria”, ressalta. “Temos expectativas bem positivas quanto ao cenário de inovação da indústria e a pandemia ajudou nisso, no que se refere ao desenvolvimento de novas soluções digitais, auxiliando no interesse na implantação de novas aplicações, em IoT, Big Data, adaptações no modelo de negócios. O Observatório e o P2I vêm contribuindo com projetos, a exemplo do Hub tecnológico da indústria, para que a gente possa conectar com as nossas startups”, complementa.

A mudança da matriz energética da indústria e o Hidrogênio Verde Os investimentos em inovação não ficam restritos somente ao projeto Fronteiras Tecnológicas. Soluções em reciclagem de resíduos, inovação dos processos e produção de produtos de maior valor agregado são temáticas emergentes, destaca Guilherme Muchale, gerente do Observatório da Indústria. Mas, em 2021, o tema que não saiu dos holofotes foi o potencial do hidrogênio verde (H2V). Em novembro, a Fiec sediou o primeiro Fórum Internacional de Hidrogênio Verde. Organizado pelo Grupo FRG Mídias & Eventos, o encontro reuniu os principais players, especialistas do setor de energia, além de outros que podem se beneficiar com o desenvolvimento dessa nova cadeia de valor. O novo mercado do hidrogênio verde tem potencial de franca expansão no Estado. Hoje já são 12 protocolos de intenção assinados pelo Ceará, com acordos para investimentos que passam dos US$ 15 bilhões. Jurandir Picanço, consultor de Energia da Fiec e presidente da Câmara Setorial de Energias

Renováveis do Ceará (CSRenováveis-CE), destaca as diversas oportunidades, desde a mais difundida na mobilidade urbana, mas também em outras indústrias como a do aço, fertilizantes e energia elétrica. “O objetivo é substituir os combustíveis fósseis em todos os processos. No aço, o carvão será substituído pelo hidrogênio. (Na de fertilizantes), a amônia utilizada nos fertilizantes, e que hoje é produzida através do gás natural, pode ser substituída pela amônia verde, produzida com hidrogênio”, explica. Um estudo contratado pelo World Energy Council revela que, ao fim do ano passado, cerca de 20 nações já possuíam estratégias de hidrogênio publicadas e outros 14 apoiavam projetos pilotos do setor. Ainda segundo o estudo, países que hoje representam 80% do PIB global devem desenvolver estratégias de hidrogênio verde até 2025, incluindo o Brasil, o qual tem a missão de reduzir 43% das emissões de gases de efeito estufa até 2030.

PANORAMA DA ATIVIDADE INDUSTRIAL CEARÁ

BRASIL

3,8 %

-0,8 %

agosto/21

8%

10,5 %

setembro/21

21,6 %

35,8 %

2o tri/2021

ACUMULADO

Produção industrial (variação %) Saldo da Balança Comercial (em milhões US$) Taxa de desemprego (%)

FONTE: OBSERVATÓRIO DA INDÚSTRIA / FIEC - A PARTIR DE DADOS DO IBGE, IPECE E MINISTÉRIO DA ECONOMIA E MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA

ACUMULADO

PERÍODO


AURÉLIO ALVES

7

PRODUÇÃO FÍSICA

DESTAQUES NACIONAIS ACUMULADO 2021 (%)

Santa Catarina

20,5

5,8

Amazonas

17,1

-1,5

Ceará

16,3

-5,6

Minas Gerais

15,6

6

Paraná

15,1

8,7

15

-1,5

São Paulo

12,6

0,9

Espírito Santo

10,3

6

Média Nordeste

-3,7

-17,2

Brasil

9,2

-0,7

Rio Grande do Sul

“Em 2021, já vemos que a indústria vem recuperando

VARIAÇÃO AGO/20 X AGO/21 (%)

seu fôlego financeiro, que tem permitido a retomada

PRODUÇÃO FÍSICA SETORIAL NO CEARÁ

de investimentos e o início de novos projetos em inovação”

ATÉ AGOSTO (%) ATIVIDADE

ACUMULADO 2021

Têxtil

79,1

Vestuário

55,7

Máq. e aparelhos elétricos

41,5

Calçados e Couro

37,4

Produtos químicos

22,7

Minerais não metálicos

20,3

Produtos de metal

18,4

Transformação e Extrativa

16,3

Bebidas

10,8 9,2 1,3

Brasil Metalurgia

“Temos expectativas bem positivas quanto ao cenário de inovação da indústria e a pandemia ajudou nisso, no que se refere ao desenvolvimento de novas soluções digitais, auxiliando no interesse na implantação de novas aplicações, em IoT, Big Data...”

Alimentos

-12,1

Indústria Geral

16,3

INDÚSTRIA CONTINUA COM DESTAQUE NAS EXPORTAÇÕES CEARÁ - ACUMULADO ATÉ SETEMBRO DE 2021 (EM MILHÕES US$) SETORES

1º Ferro fundido, ferro e aço 2º Calçados, polainas e artefatos semelhantes Máquinas, aparelhos e materiais elétricos Total exportado pelo Ceará Total exportado pelo Ceará sem Aço, ferro e ferro fundido FONTE: OBSERVATÓRIO DA INDÚSTRIA / FIEC

VARIAÇÃO 2020/21 (%)

EXPORTAÇÕES

PARTICIPAÇÃO

1.206,90

59,60%

63,9

159

7,90%

30,2

146,3

7,20%

40,2

2.023,50

100%

43,2

816,5

40,40%

-36,8


AGR

MAIS TECNOLÓGICO E SUSTENTÁVEL PARA O MUNDO

DO PEQUENO PRODUTOR ÀS GRANDES EMPRESAS, FORTALECIMENTO DO ACESSO À TECNOLOGIA E CONSULTORIAS DEVEM IMPULSIONAR EXPORTAÇÃO

ÍTALO COSME

O

agronegócio cearense prepara uma força-tarefa para avançar ainda mais, com sustentabilidade e tecnologia, na produção de culturas com perspectiva de exportação. Apesar do pouco espaço para produção de atividades agrícolas e pouca água, o Estado deve utilizar a criatividade e a diversidade para assumir lacunas deixadas por outras unidades federativas na tentativa de atrair mais investidores. Com o mundo ainda sob os efeitos da pande-

mia da Covid-19, a busca por alimentos mais saudáveis impulsiona a demanda por frutas, como melão, melancia, além da exportação do mel. Outro fator que chama atenção é a alta na exportação da conserva de pescados, como atum, lagosta e peixes vermelhos, como carros-chefes - crescimento de 170%, que colocou o Ceará na liderança para o segmento. Em 2020, a alta das exportações totais no agronegócio chegou a 20%. Apesar da crise logística que afeta o mercado mundial, com a falta de contêineres, Sílvio

Carlos Ribeiro, secretário executivo do Agronegócio do Ceará, ressalta que o câmbio favorável e o mundo demandando alimentos mais saudáveis estimulam a trabalhar as exportações. “A perspectiva do agro cearense é crescer produzindo culturas de alto valor agregado com características de exportação”. Ele cita que a eficiência no uso da água, o estímulo à utilização de tecnologias na produção estão entre as estratégias. O secretário afirma que a perspectiva de crescimento para 2022, na vertente da agricultura, é de 10% no valor bruto em relação a 2021. Para Ribeiro, as parcerias com atores estaduais e com o Banco Mundial, por exemplo, irão auxiliar no salto do agronegócio cearense. Ele cita que a perspectiva é de que com infraestrutura mínima, técnicas modernas para produção,


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RO

O

além da estufa, o pequeno produtor deverá ter automação dos espaços. O porta-voz explica que o salto tecnológico adequado considera desde o controle sobre a circulação do ar, colheita, acondicionamento da produção e embalagem, para fortalecer o cultivo protegido. A expectativa é de que o Cariri cearense receba um Centro de Tecnologia de Cultivo Protegido, prática já consolidada na Região da Ibiapaba. A estratégia é valorizada porque consegue ter maior produtividade por metro cúbico de água, maior receita e gera mais emprego, pelos reflexos que tem na cadeia de cada segmento. “A agricultura hoje no mundo é moderna, é tecnológica, é certificada e exige qualidade no produto. A gente vê um crescimento muito grande dos orgânicos, dos produtos veganos.

Isso tudo ajuda a dar valor ao produto, ao setor agropecuário.” Silvio diz que o Ceará tem trabalhado bem com alimentos orgânicos, mas há ainda muito potencial para ser explorado. Apesar de já ser destaque na pesca brasileira, o estado enfrenta uma limitação de exportação para a Europa, com questões relacionadas às regulamentações e normativas da comunidade europeia. Porém, a situação deve mudar no primeiro semestre de 2022, de acordo com o secretário executivo, pois o Minis-

tério da Agricultura está em tratativas para solucionar o problema - apesar de a expectativa de resolução fosse ainda para o segundo semestre de 2021. Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), o engenheiro agrônomo Rodrigo Diógenes está otimista para o ano de 2022 no que diz respeito às exportações. “Com o aporte financeiro, nós temos a possibilidade de incrementar a inovação, a capacitação e, principalmente, a regularização.” Para ele, a parceria com a Peiex é vista com bons olhos, uma vez que há possibilidade de geração de renda e empregos para o estado. “O que nós queremos é ampliar a participação do agronegócio dentro do PIB cearense”, projeta. Hoje o percentual não chega a 5%.

“Com o aporte financeiro, nós temos a possibilidade de incrementar a inovação, a capacitação e, principalmente, a regularização”


Capacitação das empresas É justamente para superar situações de entraves burocráticos, não só na Europa, mas no mercado internacional como um todo, que atua o convênio da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos(Apex Brasil). Cerca de 100 empresas cearenses que desejam exportar suas mercadorias receberão consultoria através do Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX). O público-alvo contempla além do segmento do agronegócio. Os especialistas devem trabalhar junto aos empresários a partir de 28 temas, que englobam desde a logística, tributação, embalagens, barreiras tarifárias e não tarifárias. “Além disso, para os setores do agro e serviços, nós oferecemos uma camada de inteligência de mercado. Há uma forte etapa para tratar das questões sanitárias e fitosanitárias”, comenta Deborah Rossoni, gerente de competitividade da Apex Brasil. A representante reforça a necessidade de as empresas pensarem além do mercado local. Porém, Rossoni defende que não adianta buscar investimento e explorar o mercado internacional sem ter feito o dever de casa. “A empresa vai ter que fazer ajustes de produção, dar escala, comprar equipamento novo, ajustar a planta, contratar equipe”, exemplifica, ao lembrar que as intervenções variam de acordo com a organização. Assim como o secretário executivo de Agronegócio do Ceará, Rossoni destaca que os países desenvolvidos, Estados Unidos e europeus, buscam cada vez mais negócios preocupados com a sustentabilidade ambiental e social. Por isso, a gerente alerta para que as empresas destaquem essas ações em seus portfólios. “Explicações sobre como funciona a produção, o tratamento de água, a reciclagem são muito bem vistas aos olhos de vários consumidores internacionais.”

IMPORTÂNCIA DA INTERNACIONALIZAÇÃO ESCALA E CUSTOS

O empresário começa a produzir mais, os custos reduzem e aumenta a competitividade também no mercado local com os concorrentes.

VISIBILIDADE DE MARCA

Quando um produto é vendido, o cliente vê na embalagem ou na divulgação do produto os países para onde a empresa exporta. Assim, o consumidor valoriza ainda mais aquele produto.

NOVAS TECNOLOGIAS

Quando um empreendedor exporta, ele fica mais atento ao que está acontecendo nos outros mercados, nos outros países. Assim, ele percebe as tendências, e começa a buscar novos equipamentos, tecnologias, trazendo mais modernidade e qualidade.

PADRONIZAÇÃO DE PRODUTO

Quando o empresário exporta o produto passa por uma padronização. Ou seja, não dá para cada material fazer de uma forma diferente.

RELACIONAMENTO

O exportador tem uma visão do mercado externo, começa a ter novos fornecedores, compradores e parceiros internacionais. Assim, amplia a possibilidade de novos negócios.


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EXPORTAÇÃO CEARÁ DADOS CONSIDERANDO TODOS OS SETORES (Janeiro - Outubro 2021)

CASES Alimempro

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Valor exportado: US$ 2,1 bilhões Posição no mercado: 3º maior estado exportador do Nordeste e o 14º do Brasil Comparado a 2020: crescimento de 38% em relação ao mesmo período Principal destino: Estados Unidos (60%), representando 60% da pauta. Em relação a 2020 houve um crescimento de 86,5%. Completam o Top 5: México (8,8%), Canadá (3,1%), Argentina (2,9%) e Holanda (2,5%) fecham o TOP 5 destinos. (FONTE: APEX BRASIL)

Genuinamente cearense, a Alimempro atua com beneficiamento do alho roxo brasileiro, desenvolvendo quatro produtos: alho roxo descascado, alho roxo triturado, alho roxo em polpa e alho roxo frito. Além do alho, recentemente a indústria começou a atuar com batata palha e tomate seco. A preparação para o mercado externo ocorre desde 2018, quando a empresa participou da SIAL PARIS, a maior feira de alimentos e bebidas do mundo, após passar pela seleção da Apex Brasil. De lá para cá, houve investimento constante em certificações nacionais, internacionais, selos de qualidade e consultorias. “Dentre os projetos para 2022, o principal deles é levar ao mercado externo o alho roxo brasileiro, produto este que é considerado mundialmente como o melhor alho do mundo, por seu alto rendimento e in-

contáveis benefícios à saúde”, adianta Alceu Bley, sócio-diretor da Alimempro. A indústria atua no mercado atacadista e varejista. No atacado, fornece produtos para grandes grupos empresariais, restaurantes, cozinhas industriais, padarias e confeitarias, setor público, hospitais públicos e privados, bem como as maiores distribuidoras de Fortaleza e empresas especializadas em hortifrutigranjeiros. “Através de certificações nacionais e internacionais, indústria com instalações modernas, maquinário de ponta, mão de obra especializada, acompanhamento de engenheiros de alimentos e consultores”, reitera Alceu, é que a empresa consegue produzir produtos exclusivos e de alta qualidade desde 2003. “Além da sólida parceria com a FIEC, SEBRAE, SENAI E APEX, e das parcerias consolidadas com as maiores agrícolas do país”, celebra.

Frutã A Frutã atua na produção de polpas de frutas pasteurizadas e avança no projeto de indústria de produtos saudáveis. Neste ano, a demanda da empresa aumentou em torno de 25%. No entanto, as restrições de transportes e logística são consideradas hoje como gargalos. Apesar do impasse, o crescimento ficou em torno de 20%. Para 2022, conforme José Abner Diógenes, gerente operacional da Frutã, a palavra-chave é diversificação a fim de minimizar os impactos da recessão a nível global por conta da pandemia da Covid-19. Essa perspectiva vale tanto para clientes quanto para empresas e países. “A gente está tentando mesclar os países, especialmente aqueles que estão com a economia mais forte. Mesmo que o Brasil fique numa recessão mais prolongada, a gente vai

tentar assegurar aqui que a empresa continue vendendo mais, tendo uma participação de mercado maior nos países que estão melhor perante o cenário mundial”, pontua. Abner cita que houve redução nas demandas de produtos com maior valor agregado, enquanto aqueles de menor valor agregado registraram alta em 2021. Abner reforça que o mercado está buscando por alimentos saudáveis, a exemplo da acerola. “A tendência hoje é de manutenção. Então, a demanda e a procura subiram e ela se manteve alta”, diz. O representante lamenta, porém, os custos de transportes e diz que se antes utilizava apenas os portos cearenses, Pecém e Mucuripe, hoje já está buscando embarcar as mercadorias de outros locais pelo país. “Se eu for atender 100% da minha demanda, não tem o equipamento disponível, e quando tem o preço é completamente inviável. Por exemplo, eu tenho embarque que eu fazia antes da pandemia por um valor X. Hoje, o valor é equivalente a oito X. É inviável porque nenhum cliente vai pagar isso.”


“PEQUENOS NEGÓCIOS PRECISAM DE SOLUÇÃO DE

CRÉDITO PARA VIABILIZAR RETOMADA EM 2022” DIRETOR TÉCNICO DO SEBRAE-CE, ALCI PORTO, LEMBRA QUE EM 2022 COMEÇAM OS VENCIMENTOS DO PRONAMPE, PROGRAMA FEDERAL DE CRÉDITO QUE PERMITIU CONTINUIDADE DOS NEGÓCIOS. PORÉM, INFLAÇÃO ALTA, RETRAÇÃO DO CONSUMO E DIFICULDADE NA OBTENÇÃO DE CRÉDITO PREOCUPAM EMPREENDEDORES


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O

ano de 2022 deve ser de muitos desafios para os micros e pequenos empreendedores. Em meio ao cenário de inflação alta que contribui para retração do consumo das famílias e dificuldade na obtenção de crédito por conta dos juros em alta, os pequenos negócios verão chegar as cobranças do Pronampe. Programa federal de crédito que permitiu continuidade dos negócios durante a pandemia se tornou a preocupação do momento, diz o diretor técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Ceará (Sebrae-CE), Alci Porto. Para Alci, o ideal a se fazer é postergar a cobrança dessas dívidas sob o risco de colocar pressão nas contas dos pequenos negócios já impactados pela crise, o que poderia gerar efeitos negativos para a geração de emprego, já que os micros e pequenos são responsáveis por boa parcela de contratações. “Agora nós queremos crer que o Governo Federal tomará medidas que permitam a rolagem das dívidas”. (Samuel Pimentel) OP - Quais os principais desafios enfrentados pelos micro e pequenos empreendedores nesta crise e quais as soluções que podem contribuir para um 2022 melhor? Alci Porto - Temos dois fatores que precisam ser tratados de forma separada: a recuperação da economia, que os dados levam a crer que passaremos a ver os setores com resultados parecidos com o período anterior à crise, com recuperação econômica de vários setores, como o turismo e eventos, que é o principal para nós. Mas por outro lado, temos uma economia que sinalizou de forma negativa nos últimos meses, com retração do consumo, famílias endividadas, temos uma queda abrupta da renda das famílias, muita queda do faturamento das empresas, o que limita o acesso a crédito, por conta do aumento da taxa de juros. Os bancos buscam garantias, preferem quem tem mais capacidade de pagamento e as micro e pequenas sofrem mais com isso. O aumento do índice inflacionário força que os consumidores substituam seu consumo. As micro e pequenas podem ser beneficiadas pelo menor valor dos seus produtos em comparação com as grandes marcas. A inflação, porém, impacta negativamente no consumo das famílias. OP - Esse cenário preocupa com relação à retomada da economia? Alci - Próximo ano temos um fator preocupante, pois muitas empresas se viabilizaram na crise com o Pronampe, que está vencendo a carência do crédito, então as empresas que captaram mais de R$ 37 bilhões no Brasil - e no Ceará tivemos uma grande busca por recursos - elas terão que começar a pagar. Essa prestação de empréstimos irá gerar um índice de endividamento das empresas maior. E se considerarmos que essas empresas são as que mais empregam, temos um sinal de alerta ligado, por conta das perspectivas. Causa um certo temor de que isso impacte negativamente na geração de emprego. Graças às micro e pequenas tivemos saldo de emprego positivo nos meses anteriores, agora nós queremos crer que possam tomar medidas medidas que permitam a rolagem das dívidas. Os empresários não são culpados pelos juros mais altos. Essa rolagem vai permitir que as empresas se viabilizem no próximo ano e, com a queda da inflação, o consumo das famílias volte. OP - Por conta da crise muita gente passou a empreender, como está a vida para esses novatos no mercado? Alci - Muitas empresas estão surgindo, muita gente procurando empreender, o ambiente ainda é de dúvidas quanto ao ambiente governamental, quanto às demandas do setor. Queremos crer que a alavancagem da economia deva acontecer através das micro e pequenas empresas se houver esse ambiente favorável, chegando próximo até 40% do PIB. Durante a pandemia, o que aconteceu não foi apenas um desemprego por conta da pandemia em si. O que houve foi a antecipação de questões que já vêm ocorrendo nas grandes empresas. Elas já vinham realizando processos de automação e digitalização que reduziram o quadro de mão de obra. O que acontece com essa população empregada é que muitos deles passam a empreender, em 2020, o Ceará teve um acréscimo de 20 mil empresas em relação a 2019 no saldo de aberturas e fechamentos. A questão é que a maioria empreendeu por necessidade, então ele tem risco maior, por falta de preparação, pois precisa de renda logo no fim do mês. OP - Como o senhor destacaria a relevância

“Temos um grande movimento de empreendedores nas redes sociais, nas plataformas digitais, que passam a integrar a concorrência dos grandes processadores”

dos micros neste momento de recuperação da economia? Alci - Essa massa de novos empreendedores que vem do mercado de emprego antigo, passou a empreender e o volume de empresas de pequeno porte aumentou significativamente. Então, dessas mais de 60 mil novas empresas ao fim de 2020, 80% delas são microempreendedores individuais. Além de tudo isso, temos uma participação do PIB que subiu para 34% composto pelos pequenos, que se dá pela grande massa de novos negócios que estão chegando. As pessoas nos bairros têm mais alternativas para comprar, além das grandes magazines, às vezes até importadas. Temos um grande movimento de empreendedores nas redes sociais, nas plataformas digitais, que passam a integrar a concorrência dos grandes processadores. A economia dos pequenos nos bairros, fortaleceu até o grande movimento de comprar nos locais de morada, ajude as empresas da sua localidade. Depois da pandemia, o ambiente de negócios mudou, o digital se fortaleceu, mais de 70% dos atendimentos do Sebrae foram no ambiente digital. OP - Como o senhor avalia essa inserção dos micros e pequenos no ambiente digital e qual o futuro que se desenha para eles? Alci - Depois da pandemia, as empresas permanecem no digital por oportunidade. Então, temos uma perspectiva de uma economia muito mais pujante entre os pequenos, vemos um salto profissional. Esse ambiente leva a crer que as pequenas terão um espaço muito mais consolidado, o Sebrae tem recebido muita demanda, temos atendido entre 4 mil e 5 mil empresários por mês. Vamos fechar este ano com mais de 80 mil cearenses que estão se preparando para entrar no mercado.

Alci Porto

Diretor técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Ceará (Sebrae-CE)


Mesmo com 2021 marcado por período de lockdown, comércio espera retomar nível de contratações pré-pandemia Sobre a retomada, ele destaca o atual período positivo apoiado no já tradicional período do “B-R-O-Bró”. Já a expectativa para 2022 é que os empregos perdidos durante 2020 e 2021 sejam reabertos. “Eu desejo em 2022, a geração de empregos dentro dos números que estávamos avançando desde 2017, em que o Brasil e o Ceará mostraram recuperação”. O processo de reaquecimen-

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O ano de 2021 chega próximo de seu encerramento e a avaliação dos entes do setor de comércio é que ele ficará marcado pelos altos e baixos. O momento mais crítico foi quando o setor teve de fechar as portas pela segunda vez na pandemia, durante o período de lockdown. Desde então, o setor vem se recuperando aos poucos. Para o presidente do Sindilojas e vice-presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE), Cid Alves, o fechamento e a demora na reabertura “foi o que mais doeu”, principalmente entre os pequenos negócios.

to da economia que anima o comércio para 2022 deve contribuir também para que as pessoas que fecharam suas empresas voltem ao mercado com novas ideias de negócios. Isso é o que avalia o membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Vicente Férrer. Ele ainda destaca o processo de amadurecimento dos negócios, que mesmo com as instabilidades políticas e falta de reformas estruturantes na economia estão conseguindo se adaptar e inovar. A receita que deu certo e deve permanecer em alta é o e-commerce, que ganhou grande quantidade de adeptos desde 2020 por conta do

isolamento social. O que começou por necessidade, agora já é visto como tendência que veio para ficar e que deve receber cada vez mais atenção dos empresários. “Vemos um grande crescimento do comércio eletrônico. As perspectivas para o futuro são boas, muitas empresas estão abrindo, o comércio atacadista está se fortalecendo, o que melhora as perspectivas para o comércio varejista”.

A REALIDADE Volume de vendas

ACUMULADO 2021 (JAN-SET/21 X JAN-SET/20)

BRASIL

CEARÁ

Comércio varejista

3,8 %

-0,8 %

Comércio varejista ampliado

8%

10,5 %

Veículos, motocicletas, partes e peças

21,6 %

35,8 %

Materiais de construção

9,7 %

24,2 %

Variação de receita nominal ACUMULADO 2021 (JAN-SET/21 X JAN-SET/20)

BRASIL

CEARÁ

Comércio varejista

16,3 %

10,8 %

Comércio varejista ampliado

21,6 %

23,2 %

Veículos, motocicletas, partes e peças

35,7 %

47,2 %

Materiais de construção

35,4 %

59,9 %

Os segmentos com os melhores resultados SETOR

PONTUAÇÃO NO ÍNDICE PMC/IBGE

VARIAÇÃO (EM %) ACUMULADA 2021 (JAN-SET)

116,3

5,5

Outros artigos de uso pessoal e doméstico

90,4

0

Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação

77,7

5,5

Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo

77,1

12,6

Tecidos, vestuário e calçados

73,5

8,6

Hipermercados e supermercados

73,3

-7,1

Combustíveis e lubrificantes

68,2

12,6

Eletrodomésticos

59,7

-2,6

Média Comércio varejista

77,6

-0,8

Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos

FONTE: PESQUISA MENSAL DO COMÉRCIO/ IBGE


ARTIGOS

15 2022, O ANO DA ESPERANÇA!

DEMANDAS SENSÍVEIS

ASSIS CAVALCANTE

O

GAL KURY

Presidente da CDL Fortaleza

comércio é a atividade econômica mais impactante na vida do brasileiro. Se nesta terra “em se plantando tudo dá”, é preciso que alguém o comercialize para que outros o acessem. Seja na indústria ou no campo, o que é produzido, em algum momento, carece de ser vendido. E bem vender é arte que envolve atores e circunstâncias várias. Apesar dessa inestimável relevância, nós que fazemos o comércio, por vezes, não somos valorizados, compreendidos. Ao contrário, estigmatizados, castigados por cíclicas crises econômicas, intempéries súbitas, nós que contribuímos com empregos, qualificamos, recolhemos impostos... Prova desse “castigar” está nos resultados do comércio em 2020 e primeiro semestre de 2021. A pandemia da Covid-19 maltratou, e muito, os setores econômicos, com ênfase para lojistas e comerciantes em geral, envoltos em desafios substantivos. Não podemos desconsiderar a importância da tecnologia e dos serviços online na redução dos impactos da pandemia na economia. Muitas empresas mantiveram-se ativas porque aceleraram os processos nos ambientes virtuais, buscando formas diversas de atender o cliente. Bela mudança cultural. Mais clientes conheceram e se atreveram a realizar compras nas lojas virtuais, por meio de aplicativos, redes sociais e plataformas disponíveis, incluindo os modelos híbridos que permitem a interação entre o virtual e o físico. Embora acredite que o pior já passou, certo é que a pandemia não foi de todo debelada, persistindo riscos para a saúde das pessoas.

Ocorre que no campo econômico tem a inflação que assusta, o pífio crescimento econômico do país, cuja projeção é de 2%, conforme estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Mais: 2022 é ano de eleição. Fatores que interferem, em maior ou menor grau, na economia e na atividade comercial. Meu sentimento é de esperança em dias melhores. No Brasil e, principalmente no Ceará, com o avanço da vacinação e abertura do comércio de rua e doutras atividades culturais, esportivas, do turismo e de eventos, as projeções são de incremento nas vendas, na retomada de projetos de expansão paralisados, tudo com muito trabalho, dedicação e união de todos em prol de um projeto coletivo real. Que “paroano”, pois, o poder público nos enxergue com olhos mais parceiros – parceria ganha-ganha. E respeitosamente ombreemos. E renasçamos em nós mesmos, multiplicando olhos de ver, braços de semear e espíritos de colher mais e mais. Para merecer o novo ano, teremos de fazê-lo realmente novo.

Consultora de marketing e professora universitária

Q

uando comecei a estudar com mais profundidade Análise de Cenários, há cerca de 15 anos, e posteriormente trabalhar em minha consultoria com este tema, havia um conceito interessante a respeito de algo que poderia acontecer e impactar fortemente a sociedade. É o que chamamos de um coringa ou wild card. Um fenômeno para o qual não estamos preparados e transforma a realidade. Infelizmente, a teoria saiu das páginas dos livros e assolou nossas vidas com a pandemia da Covid-19. Após quase dois anos, e hoje com um alto percentual de imunização por parte da população, o trem da economia volta vagarosamente aos trilhos com os vagões repletos de consumidores ávidos. Certamente tivemos setores da economia que sofreram tremendamente, outros ganharam corpo e cresceram em demasia, como é o caso do delivery e EAD (ensino a distância). Assistimos com perplexidade muitos negócios minguarem ou até serem descontinuados. Por outro lado, muitas empresas adiantaram projetos como forma de sobrevivência mesmo, reinventando seus negócios. Podemos citar diversos hábitos incorporados como o uso de QR Codes, compras por APPs. A tecnologia aproximou as pessoas e transformou o home office em uma realidade que veio para ficar. Empresas de todos os portes começaram a rever a real necessidade de escritórios e adotaram o modelo híbrido com executivos comandando times de forma remota. Essa sensação de que é “preciso viver o hoje, viver o agora”, dispara gatilhos mentais que aju-

dam nas compras por impulso e realização de projetos engavetados. E a gastar com a cultura da recompensa, do “eu mereço.” Diante deste cenário, nota-se uma forte demanda para turismo, eventos, restaurantes e bares. Outro setor que sofreu aquecimento foi o de reformas e decoração. Ficando mais em casa as pessoas passaram a observar detalhes que precisam de um toque ou ajustes. É crucial pensar nos aspectos aspiracionais e no campo do desejo, além dos que são objetivos e tangíveis. As pessoas estão exaustas emocionalmente. Produtos e serviços são desenvolvidos para as pessoas. Temos um momento importante para fortalecer o atendimento e construir confiança. Pense sempre em responder algumas questões: o que as pessoas querem? Eu tenho algo significativo e competitivo para oferecer? Que novos hábitos mudaram o perfil do meu consumidor? Como posso continuar entregando cada vez mais valor para ele? Mudar a chave. Estar junto às pessoas, ser útil, relevante. Ter sensibilidade. É isto que o mercado pede.



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