O meio ambiente dá nítidos sinais de esgotamento. Em 2023, tivemos, no planeta, o ano mais quente, de acordo com informações da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Os velhos modelos econômicos e que visam apenas lucro já não são aceitos na atualidade.
Com tantos problemas socioambientais para serem resolvidos, entre eles desmatamentos, queimadas, enchentes, desigualdades sociais e fome, entre outros, a agenda ESG – da tradução para o português ambiental, social e governança –ganha força no Brasil e no Ceará. Assim, O POVO traz uma série com três cadernos, cada um sobre um eixo, reforçando o compromisso que tem com a sociedade e com os leitores de manter-se na vanguarda de contar histórias, perseguir a verdade e pautar debates.
Os cadernos abrem espaço para a temática que será discutida no 1º Fórum ESG O POVO no dia 12 de julho, na Federação das Indústrias do Ceará (Fiec). O evento reunirá um times de especialistas
para debater as mudanças ocorridas nas últimas décadas em relação às matérias-primas, processos de industrialização e produção, consumo e produção de resíduos e descartes de lixos, especialmente nos grandes centros, que impactam no dia a dia da sociedade em relação à educação, mercado de trabalho e qualidade de vida.
Neste primeiro caderno, com a temática ambiental, é possível compreender as crises climáticas que estão instigando novos modelos de economia, além de conhecer projetos de iniciativas públicas, privadas e terceiro setor que podem contribuir para mitigar os impactos socioambientais.
A publicação traz ainda entrevista com a Laiz Hérida, CEO da HL Soluções Ambientais e da startup E-Conexões, que atua no ecossistema de energias renováveis, e matéria sobre o papel do hidrogênio verde no contexto das fontes limpas. Mais do que conteúdo, queremos trazer uma reflexão sobre o cenário ambiental atual e um convite para ação e inclusão da temática ESG no nosso cotidiano.
Boa leitura!
Carol Kossling
EXPEDIENTE
EMPRESA JORNALÍSTICA O POVO
Presidente: Luciana Dummar
Presidente-executivo: João Dummar Neto
Diretores-executivos de Jornalismo: Ana Naddaf e Erick Guimarães
Diretor Geral de Negócios: Alexandre Medina Néri
Diretor de Estratégia Digital: André Filipe Dummar de Azevedo
ESPECIAL FÓRUM O POVO ESG
Concepção editorial: Beatriz Cavalcante, Carol Kossling e Irna Cavalcante
Coordenação editorial: Carol Kossling
Edição: Carol Kossling e Larissa Viegas
Projeto Gráfico e Design: Renata Viana
Textos: Alexia Vieira e Samuel Pimentel
Fotografia: Julio Caesar
Coordenador Geral de Projeto: Wagner B. Mendes
Gerente Executiva de Projetos: Lela Pinheiro
Analista de Projetos: Beth Lopes
Gerente Comercial: Ranilce Barbosa
Gerente de Tráfego Digital: Natércia Melo
Executivo comercial: Adriano Matos
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Analista de Marketing: Álvaro Guimarães
ALEXIA VIEIRA_ alexia.vieira@opovo.com.br
Para enfrentar a crise climática, é preciso mitigar ações danosas ao meio ambiente e se adaptar para o desafio de viver em um planeta já em colapso. Modelos de negócio que visam o lucro sem responsabilidade social e ambiental já não são mais viáveis.
Na Conferência das Partes de 2021, a COP 26, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), 119 empresas e 14 instituições setoriais assinaram o documento “Empresários pelo Clima”. Nele, o setor se compromete com a economia verde.
“O documento influenciou positivamente os importantes compromissos assumidos pelo Brasil na conferência”, afirma Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), organização que liderou o posicionamento.
Entre os compromissos, está a antecipação da meta de neutralidade climática de 2060 para 2050. O objetivo de reduzir a emissão de gases de efeito estufa foi aumentado para 50%, não mais 43%, até 2030, em relação aos níveis de 2005.
“Qualquer ação em direção oposta ao desenvolvimento sustentável significa perda de competitividade, represálias comerciais e prejuízos, afetando a geração de receita, empregos e renda”, diz Marina.
Trabalhar a sustentabilidade de forma transversal, não a deixando restrita a apenas uma área, buscar referências no mercado e entender os impactos gerados pelos negócios são algumas das ações necessárias para o novo momento. Que podem ser
completadas pela proposição de ações para mitigar os danos, mapeamento dos efeitos positivos e reporte adequado dos balanços financeiros e sociais.
Christie Bechara, CEO da Cia Sustentável - empresa fundada no Ceará para apoiar organizações na implantação e desenvolvimento de práticas ESG -, lembra que por muito tempo empresários desacreditaram cientistas e economistas que avisaram sobre a iminência do colapso climático.
A especialista explica que, ao não se adequarem aos compromissos da agenda climática, as empresas podem sofrer retaliação ou boicote de clientes, fornecedores, mídia, entre outras partes interessadas. Aquelas que participam da cadeia de valor de multinacionais também podem receber advertências internacionais e perder negócios.
No entanto, Christie salienta que é preciso evitar o greenwashing ao realizar a transição. O termo diz respeito à prática de apresentar o produto ou serviço como ambientalmente correto sem se comprometer com diminuir os impactos ecológicos reais.
“O ESG nada mais é do que a sustentabilidade aplicada de modo estratégico nos negócios, e isso se faz por etapas. Cada empresa deve encontrar a sua maneira de fazer sustentabilidade, não é ‘copia e cola’ de quem já faz, cada jornada ESG deve ser construída e gerenciada diariamente”, afirma.
5 DESAFIOS DO SETOR PRIVADO BRASILEIRO PARA DESCARBONIZAÇÃO
Pesquisa do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) entrevistou representantes do setor para mapear principais dificuldades
INCERTEZA NOS AVANÇOS REGULATÓRIOS: 26%
DIFICULDADE DE ENGAJAR CADEIA DE VALOR: 14%
AUSÊNCIA DE REFERÊNCIAS SETORIAIS LOCAIS: 13%
DIFICULDADE DE MENSURAR E MONITORAR EMISSÕES COM PRECISÃO: 10%
CLIENTES NÃO
VALORIZARAM PRODUTOS VERDES: 10%
FONTE: ESTUDO PLATAFORMA NET ZERO
regionais da Cidade", revela.
Conforme dados da Prefeitura, desde setembro de 2022, 693,6 toneladas de recicláveis foram coletados de 26 bairros. Desde então, pouco mais de 1 mil usuários já estão cadastrados.
SAMUEL PIMENTEL_ samuel.pimentel@opovo.com.br
Projeto de fama internacional realizado em Fortaleza, o Re-ciclo contribui desde 2021 com a correta destinação de resíduos recicláveis. A cadeia de processos é toda sustentável e inclusiva, promove a atuação de catadores que utilizam de triciclos elétricos no recolhimento dos recicláveis.
O Re-ciclo é uma inovação que se baseia em uma plataforma gratuita de coleta de recicláveis na Capital. Idealizada pela Prefeitura de Fortaleza, a iniciativa conecta catadores à população por meio de um cadastro online e gratuito que permite o recolhimento dos materiais periodicamente, além de atuação em grandes eventos na Cidade, como jogos de futebol, Réveillon e Ciclo Carnavalesco.
O diferencial do programa é que todo processo de
recolhimento ocorre com baixa pegada de carbono, com apoio dos Ecopontos nos bairros e destinação às associações de catadores parceiras.
Luiz Alberto Sabóia, presidente da Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação de Fortaleza (Citinova), revela que uma licitação da Prefeitura de Fortaleza já está nos trâmites finais e espera que até o fim do ano os novos veículos entrem em circulação.
"Hoje temos 46 triciclos operando e estamos neste momento com processo licitatório para ampliação do programa, a partir da compra de mais 104 triciclos para que possamos
O sucesso com o programa fez com que o Re-ciclo fosse reconhecido internacionalmente. Em maio passado, o projeto tornou-se finalista do Prêmio WRI Ross Center for Cities para Cidades 2023-2024, organizado pelo World Resources Institute. Por meio do prêmio, o WRI busca inspirar agentes de mudanças urbanas em todo o mundo, ao destacar iniciativas pioneiras e histórias impactantes de transformação urbana sustentável. As seletivas começaram com um total de 200 candidaturas, representando 148 cidades de 62 países. Fortaleza está entre os cinco finalistas do prêmio, que deve ter o vencedor anunciado em setembro deste ano.
O Ceará possui mais de 570 km de litoral com diversas praias conhecidas nacional e internacionalmente. Mais de um milhão de turistas visitam o Estado todos os anos. E, manter essa riqueza limpa é fundamental.
Dentro dessa proposta, tomar conta das faixas de praias é uma das iniciativas do Grupo Beach Park em seu mais novo pacote de ações ambientais.
Em seu complexo turístico em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza, há uma área de armazenamento temporário de resíduos em que funcionários da gestão ambiental oferecem o melhor destino aos tipos de resíduos, secos ou orgânicos, recolhidos de coletores. Após
o processo de triagem, com a separação por tipo de resíduo, o material é encaminhado para uma empresa especializada em recicláveis, em Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza.
Jean Vieira, supervisor na gestão ambiental do Beach Park, explica como funciona o dia a dia da operação. Segundo ele, há um caminhão da empresa destinado a fazer uma rota de recolhimento de resíduos diariamente.
A operação envolve 11 pessoas que receberam treinamento para ensinar tudo sobre recicláveis. Os colaboradores todos são fardados e recebem Equipamentos de Proteção Individuais (EPI).
Atualmente, o Grupo Beach Park
consegue reciclar 98% dos resíduos produzidos pelas pessoas que frequentam a praia, o parque e os hotéis. São tipos de resíduos diversos, como latinhas de refrigerante, garrafas e guardanapos, por exemplo.
"Estou no Beach Park há 13 anos e trabalhei em outras áreas da empresa antes de chegar na gestão ambiental, há dois anos. Confesso que, de longe, não conseguia imaginar a magia que é essa parte da gestão dos resíduos", destaca Vieira. Recentemente, em alusão ao Dia do Meio Ambiente, celebrado no último dia 5 de junho, o Beach Park promoveu uma série de atividades de educação ambiental, voltadas para estudantes da rede pública de ensino e também para aperfeiçoamento de colaboradores.
Em um dos momentos, os colaboradores participaram de uma capacitação em primeiros socorros de mamíferos marinhos. Eles também receberam chinelos produzidos a partir de boias inutilizadas do parque aquático.
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A demanda do mercado por práticas de negócios que tenham sustentabilidade ambiental, que sejam socialmente relevantes e com padrões éticos de governança tem crescido aceleradamente. Em tempos de crise climática, a pauta da sustentabilidade se tornou cara.
A avaliação é de Laiz Hérida, CEO da HL Soluções Ambientais e da startup E-Conexões. Voz ativa e atuante no meio-campo entre empresas promotoras de grandes projetos no Ceará na área de energias renováveis e os órgãos ambientais, que liberam as operações, ela destaca que o mercado deve estar em constante aperfeiçoamento em prol do desenvolvimento sustentável.
O POVO - Em meio ao cenário de crise climática, qual a importância das organizações pensarem na sustentabilidade ambiental? Laiz Hérida - Com as mudanças do mercado, a cobrança dos consumidores e investidores está muito forte por práticas sustentáveis que demonstrem uma governança baseada em condutas que não somente estejam em conformidade com as leis ambientais, mas principalmente com boas práticas corporativas e adoção da responsabilidade ambiental como valor organizacional. Reunir algumas ações que estão gerando impactos positivos e reestruturando alguns negócios, como a adoção da responsabilidade ambiental como valor, fazendo parte da estratégia do negócio, e não como tema secundário. E, também, a formação de boas parcerias com foco no capitalismo de stakeholders, buscando agregar valor na
“A agenda ESG e sua acelerada implementação, na última década, ganharam destaque nas empresas em decorrência de questões como a emergência climática.“
cadeia do seu negócio, fazendo escolhas conscientes, desde da matéria-prima, contratação de fornecedores e pessoas.
O POVO - Responsabilidade ambiental é uma demanda não só da legislação, mas também dos diversos stakeholders. Como as organizações podem dar respostas efetivas sem apelar para o greenwashing ?
Laiz - A agenda ESG e sua acelerada implementação, na última década, ganharam destaque nas empresas em decorrência de questões como a emergência climática. Essa temática está fortemente ligada à noção de que as empresas não devem se preocupar somente com seus acionistas e investidores, com o lucro a “qualquer custo”, mas impactar positivamente a sua cadeia de valor, os afetados direta e indiretamente pela empresa, tais como: colaboradores, fornecedores, consumidores, comunidades
locais, governo, instituições e até mesmo seus concorrentes.
O POVO - O Ceará se coloca como pioneiro no desenvolvimento da exploração de geração de energias renováveis há décadas e o futuro expõe o protagonismo dos projetos de novas energias renováveis.
De que forma as organizações dos diversos países podem se preparar para participar desse movimento?
Laiz - Há muitas oportunidades que advém da transição energética, seja em eficiência energética, na revisão de processos produtivos ou na substituição de fontes energéticas; criação de novos mercados em decorrência da mudança de comportamento do consumidor; atendimento dos padrões globais para incorporar a questão dos riscos climáticos, por exemplo, o mercado de crédito de carbono. Isso nos posiciona como fomentadores do futuro da energia, com todas as fontes energéticas convivendo harmoniosamente.
RESIDÊNCIAS
Lixo é composto por materiais orgânicos e recicláveis, que podem ter destinos diferentes
COLETA:
Pode ser feita por caminhão compressor, garis e catadores individuais
LIXO RECICLÁVEL:
Segue para triagem e separação em cooperativas de catadores ou espaços mantidos pelo poder público
Destino: É comprimido e vendido para empresas que usam o material para produzir subprodutos
LIXO ORGÂNICO:
Destino: Pode ser destinado a aterros sanitários, lixões a céu aberto ou estações de incineração
Nos aterros, subprodutos como chorume e gás metano podem ser tratados e reutilizados
RESÍDUOS
INDUSTRIAIS
Compostos por materiais potencialmente perigosos
COLETA: Coletado por serviços específicos
TRATAMENTO: Passam por tratamentos químicos e biológicos para descontaminação
DESTINO: Devem ser enviados a aterros sanitários industriais
RESÍDUOS HOSPITALARES
Podem conter produtos contaminantes, perfurocortantes e químicos
COLETA: Coletado por serviços específicos que impedem a contaminação dos trabalhadores
TRATAMENTO: Materiais perfurocortantes e contaminantes são desinfectados Resíduos químicos são inativados ou armazenados em recipientes específicos
DESTINO: Podem ser levados a aterros sanitários ou a estações de incineração
ALEXIA VIEIRA_ alexia.vieira@opovo.com.br
No Ceará, os períodos de estiagem ensinaram que é preciso planejar o uso dos recursos hídricos de forma inteligente, respeitando a importância de manter uma boa reserva para consumo humano e de preservar mananciais.
Para que esse cenário seja viável, indústrias e empresas se movimentam para encontrar soluções de uso sustentável da água, já que as operações tendem a consumir grandes quantidades do recurso. É o que a Companhia de Água e Esgoto do Ceará, a Cagece, tem feito.
Ronner Gondim, superintendente de sustentabilidade da companhia, destaca os projetos de diversificação da matriz hídrica como uma das ações principais nesta área. Em maio de 2024, a Cagece inaugurou uma Estação de Tratamento de Efluentes e Utilidades Industriais em Horizonte, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Em parceria com a Vicunha Serviços, subsidiária do Grupo Vicunha dedicada a serviços ambientais, a estação deve filtrar e purificar parte do esgoto doméstico de Horizonte para reúso nas indústrias da região.
Além disso, um segundo sistema tratará as águas residuárias das indústrias, possibilitando um retorno seguro do recurso hídrico ao meio ambiente. É esperada a redução de até 90% na dependência de água retirada de fontes primárias por parte das empresas.
Também visando a diversificação, a Cagece investirá, ao longo de 30 anos, R$ 3,1 bilhões na construção, operação e manutenção de uma Planta de Dessalinização de Água Marinha, construída na Praia do Futuro.
O reúso dos efluentes sanitários da RMF ainda será essencial para o Hub de Hidrogênio Verde. A água proveniente do tratamento de esgoto de Fortaleza, Caucaia e Maracanaú será o principal insumo do processo de eletrólise, necessário para a produção da molécula de energia.
“Trata-se, portanto, de uma mobilização coletiva, com envolvimento da população e da sociedade como um todo. Por esse motivo, o movimento crescente de conscientização mundial em prol da sustentabilidade é uma necessidade atual para nossa sobrevivência”, destaca Ronner.
ENERGIA_
A EDP foi a primeira empresa do hub de hidrogênio verde do Ceará a produzir uma molécula de H2V em seu projeto piloto, em janeiro de 2023
JULIO CAESAR/OPOVO
SAMUEL PIMENTEL_
samuel.pimentel@opovo.com.br
A corrida internacional pela descarbonização da indústria tem uma fonte de energia preferida para as próximas décadas: o Hidrogênio Verde (H2V) em substituição às fontes de energia poluentes, como o carvão e o diesel. Neste processo, o Ceará aparece como um dos favoritos a grande fornecedor internacional dessa fonte de energia limpa.
Isso ocorre porque, para produzir H2V, é necessário que o processo seja todo feito com fontes limpas de energia elétrica. Fontes solares e eólicas são as principais candidatas e as condições favoráveis de vento e sol do litoral nordestino saltam aos olhos.
Dentro desse contexto, o Ceará saiu na frente e aproveitando sua condição de infraestrutura diferenciada. Com destaque para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) que possui a única Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Brasil e está em plenas condições de operação. O local tem como sócio o Port of Roterdã - o maior porto da Europa - para onde deve ser destinado boa parte da produção, isso atraiu a maioria dos players interessados em investir em H2V no Brasil.
Atualmente, são quase 40 memorandos de entendimento, além de que algumas empresas já estão com trâmites adiantados, como a Fortescue, grupo empresarial que conta com a maior mineradora do mundo e que vê no hidrogênio verde a oportunidade perfeita para descarbonizar seus processos industriais.
A coordenadora regional do Instituto Nacional de Energia Limpa (INEL) e diretora da Câmara Brasil Portugal no Ceará, Cibele Gaspar, destaca que os olhos do mundo estão voltados para o potencial do Nordeste brasileiro como vetor da descarbonização da indústria.
Esse potencial exportador, detalha ela, deve oportunizar mais de uma centena de bilhões de dólares de investimentos no Brasil. No Ceará, conforme cálculos da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), mais de 80 mil pessoas precisam ser capacitadas para ocuparem cargos que devem ser gerados para atender a demanda das empresas do mercado do hidrogênio verde nos próximos anos.
Cibele destaca que, além do potencial exportador, o H2V também deve contribuir para o processo de descarbonização da indústria nacional, principalmente de áreas como a química e a siderúrgica.
O ponto de atenção para o momento é a demanda por uma legislação federal. Esse ponto é urgente,
destaca Cibele. As empresas, apesar de interessadas em investir no Brasil, precisam ter segurança jurídica para ratificar os acordos em alinhamento com os estados.
Do ponto de vista do Ceará, o estado aparece bem adiantado neste quesito, avalia. "O Ceará foi o primeiro do Brasil a publicar uma legislação estadual sobre hidrogênio verde, tudo alinhado com os órgãos ambientais de forma inteligente, o que faz o Estado caminhar bem".
E cobra: "O ponto que ainda falta está fora da esfera estadual, que é o marco regulatório que precisa ser votado no Congresso Nacional. Estamos numa pista de corrida com diversos países e o tiro de largada já foi dado".
80
MIL PESSOAS precisam ser capacitadas para ocuparem cargos que devem ser gerados para atender a demanda das empresas do mercado do hidrogênio verde no Ceará
EMPRESAS COM PRÉ-CONTRATO
ASSINADOS PARA O HUB DE H2V: AES Brasil; Casa dos Ventos; Cactus Energia; Fortescue; Voltalia; FRV.
6
PRÉ-CONTRATOS para instalação de plantas de hidrogênio verde já foram assinados