FORTALEZA-CE, AGOSTO DE 2020
OS NOVOS HÁBITOS DA JUVENTUDE QUE QUER VIVER EM UM PLANETA MAIS SAUDÁVEL E EM UM MUNDO MAIS JUSTO
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FORTALEZA-CE, MARÇO DE 2020
editorial
SEU PAPEL NO MUNDO Em 2019, um relatório do Fundo Mundial pela Natureza (WWF, na sigla em inglês), mostrou que o Brasil é o quarto país no ranking de geradores de lixo plástico. No mesmo estudo, foi identificado que, todos os anos, 10 milhões de toneladas do material são vazados para os oceanos. O cenário que muita gente não se dá conta é preocupação para jovens que querem viver em um planeta mais saudável e em um mundo mais justo. Conversamos com quem desde já reduziu seu consumo em todas as esferas. Que prefere trocar a comprar, que escolhe roupas em fibra natural e carrega seus próprios talheres reutilizáveis na bolsa. Gente que ao invés dos cotonetes com hastes de plástico prefere equivalentes produzidos em papel. Alternativas para o uso de plástico. Já pensou em trocar suas sacolas plásticas por ecobags, que podem ser utilizadas diversas vezes? Trocar escovas de dentes de plástico por hastes de madeira? E se apropriar de vez de canudos biodegradáveis ou de inox? Outra forma de contribuir para o consumo consciente é repensar a mobilidade urbana. Como você se desloca? Se o trânsito está tão congestionado, então por que não passamos a usar as bicicletas para chegar mais rápido ao nosso destino? Provocações como essas levam jovens engajados a deixar o carro na garagem e adotar de vez o transporte público. Antes de deixar você seguir pelas páginas a seguir, uma última provocação: onde e como você descarta o seu lixo? A gente te ajuda! Acompanhe a programação completa do evento Palco Vida&Arte em: www.palcovidaearte.com.br
expediente
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índice 3
PLÁSTICO menos consumo pelo meio ambiente
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ASSUNTO DE todo mundo: educação ambiental
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ARTIGO: Como reduzir o plástico no mundo a longo prazo
GUIA Dicas de leitura e filmes para educação ambiental
ARTIGO: Costume de casa vai à praça, será isso mesmo?
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HS MIT LA S SCI PRI OS FOT
Plástico: MENOS CONSUMO PELO MEIO AMBIENTE
UM DOS PRINCIPAIS INCENTIVOS PARA MUDANÇAS EM PROL DO MEIO AMBIENTE, A SUBSTITUIÇÃO DO PLÁSTICO POR ALTERNATIVAS PASSA POR DIVERSAS ESFERAS. ENTENDA
Hamlet Oliveira
hamlet.oliveira@opovo.com.br
Talheres reutilizáveis, ecobags e copos de silicone para o dia a dia são opções para reduzir o consumo de plástico
Na estrada para que se reduza o impacto da poluição no planeta, um dos principais desafios é diminuir o consumo de um dos materiais que revolucionou o século XX. Criado como uma solução acessível para embalagens e uma infinidade de outros itens, o plástico ganhou o mundo. O excesso de seu uso, contudo, resultou em uma das principais fontes de resíduos sólidos no planeta, com um tempo de degradação que ultrapassa séculos. Em 2019, um relatório do Fundo Mundial pela Natureza (WWF, na sigla em inglês), mostrou que o Brasil é o 4º país no ranking de geradores de lixo plástico. No mesmo estudo, foi identificado que, todos os anos, 10 milhões de toneladas do material são vazados para os oceanos. A mudança de hábitos é uma das chaves para frear os males que o plástico causa ao meio ambiente. A consciência ambiental chegou há cinco anos para Lorena Delfino, 36, ativista e pesquisadora. Para além do plástico, um dos objetivos de Lorena é reduzir seu consumo em todas as esferas. Um dos primeiros passos, conta, foi buscar um apartamento menor. “Para limpeza, opto por materiais que sejam biodegradáveis ou naturais”, diz. Outro cuidado da ativista está na compra de rou-
pas. Ela escolhe opções em fibra natural, pois peças feitas em poliéster - fibra sintética - liberam microplásticos ao serem lavadas. A pandemia de coronavírus potencializou a visão ecológica de Lorena. “Minha consciência sobre consumo foi melhorada e adaptada nessa época. Momentos difíceis como esse, nos fazem repensar muito nossa forma de viver e agir. E para mim, assim como para muitas outras pessoas, ressignificar e repensar consumo são belas formas de se voltar para o que realmente importa em nossas vidas: o essencial.” Dentro de sua área de pesquisa, Lorena também advoga para que se reduza o número de roupas adquiridas na sociedade, responsável por uma parcela expressiva do descarte. Estudante de biologia, Raiane Machado, 20, se identificou logo cedo com a causa ambiental. Em 2018, ano que entrou na universidade, conheceu a ONG Verdeluz, entidade que atua em diferentes projetos
4 JUVENTUDE EMPREENDEDORA LIGADA À SUSTENTABILIDADE de preservação do meio ambiente, como visitas a escolas. Além das atividades junto a Verdeluz, Raiane conta que, em seu cotidiano, busca reduzir ao máximo a quantidade de plástico descartável utilizada. Um dos exemplos foi a troca dos cotonetes com hastes de plástico por equivalentes produzidos em papel, além de levar seus talheres e canudos reutilizáveis para os locais que frequenta. Para Ronaldo Stefanutti, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do Ceará (UFC) e especialista em resíduos sólidos, uma das saídas para a redução do uso de plástico no cotidiano seria a troca por outros materiais, como o vidro. Apesar de não concordar com a abolição do material em todas as instâncias, Ronaldo explica que, no caso da alimentação, é importante a redução de seu uso, por conta da possibilidade da ingestão de microplásticos que se soltam das embalagens. “Há uma necessidade de reduzir o uso de plástico que entra em contato com embalamento direto”, defende. Outra questão é a redução dos dejetos plásticos que chegam aos rios e oceanos. Como forma de reduzir, além do tratamento adequado, seria pelo desenvolvimento de substitutos que se degradam de forma mais ágil. “Temos que incentivar pesquisa, entrar na discussão técnica desse elemento”. Ainda no tema das embalagens para alimentos, uma estratégia utilizada são as versões comestíveis dos itens. O professor, contudo, alerta para a presença exagerada de açúcar nessas opções, o que pode acarretar em problemas de saúde.
Além das mudanças no próprio dia a dia, incentivar um consumo mais consciente para outras pessoas também ganha mercado. Conheça histórias de duas empresas locais que uniram as modificações pessoais com a oportunidade de empreendedorismo.
Benice
A busca pela redução de produtos descartáveis - muitas vezes produzidos em plástico pode servir como impulsionador não só de uma mudança de hábitos, mas também como nova opção de carreira. No caso da analista de marketing Ana Virgínia Gonçalves, 31, foi a falta de produtos específicos em Fortaleza para reduzir a quantidade de resíduos que a incentivou a criar a própria marca em agosto de 2018. À frente da Benice desde então, Ana relata que os primeiros passos foram dados em uma feira, com copos reutilizáveis. “Vendemos todas as unidades em dois dias e divulgamos a loja para pessoas que buscavam reduzir seu lixo, comprar produtos duráveis, substituir produtos de limpeza químicos por produtos naturais e hipoalergênicos etc.” Na loja, é possível encontrar itens como sabonetes veganos, que não levam embalagens plásticas, absorventes reutilizáveis, canudos de metal, xampus, cotonetes com hastes de madeira, entre outros. “Fui aos poucos fazendo cada vez mais escolhas conscientes, no ritmo que minha vida permitia. Hoje, já levo comigo copo, canudo e colher, uso apenas absorventes de pano, e, sempre que possível, recuso descartáveis.”
Natural Soul
Alessandra Santos, 29, e Rebeka Maia, 25, tiveram trajetórias semelhantes. Ambas engenheiras ambientais e sanitaristas, a dupla criou, em 2018, a marca Natural Soul. Um dos primeiros levantamentos realizados pelas empreendedoras foi no perfil de pessoas que utilizam plásticos de uso único. Foram elaborados três perfis: os que não sabiam dos impactos causados pelo uso do plástico; os que sabiam e se importavam, mas não tinham opções que o sustituísse; os que sabiam, mas não se importavam. Com as informações, Alessandra e Rebeka decidiram desenvolver produtos voltados para os dois primeiros perfis. À princípio, focaram em canudos reutilizáveis, para depois migrar para os copos retráteis. “Vieram então as ecobags, kits de talheres, variações de opções de cores e tamanhos para agradarmos aos mais variados públicos”, relata Alessandra. “Não acreditamos em fórmulas milagrosas, porém, o investimento em tecnologias limpas, substituições de produtos, destinação adequada de resíduos, valorização de modelos de negócio colaborativos, políticas públicas voltadas ao tema, tudo isso se soma e tem um impacto positivo a médio e longo prazo”, encerra Alessandra.
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Os tipos
Nas embalagens plásticas, a presença de um número dentro de um símbolo marcado no produto informa o tipo de plástico. Conheça cada classificação. TIPO 1 - PET Garrafas para uso alimentício ou hospitalar, bandejas para microondas, fibras têxteis e outros. TIPO 2 - PEAD Embalagens para detergentes, produtos automotivos, sacolas de supermercado, tampas e potes. TIPO 3 - PVC Embalagens para água mineral, óleos comestíveis, maionese, material hospital, bolsas de sangue, mangueiras e outros.
Alternativas para uso do plástico
SACOLAS PLÁSTICAS - É possível realizar a substituição por itens como ecobags, que podem ser utilizadas diversas vezes. Há opções em lojas variadas, incluindo os próprios supermercados ESCOVAS DE DENTES E COTONETES O plástico do cabo dos objetos pode ser substituído por madeira, que possui uma taxa de degradação mais rápida que o material sintético. No caso dos cotonetes, também há a opção da haste feita de papel.
TIPO 4 - PEBD/PELBD Plástico filme para usos variados, sacolas de supermercado, sacos de lixo. TIPO 5 - PP Embalagens industriais, plástico filme para alimentos, fios, cabos, frascos.
COPOS DESCARTÁVEIS - Cada vez mais empresas se adequam à política de abandonar os copos descartáveis e incentivar o uso de canecas/copos/garrafinhas dos próprios funcionários. Assim, há opções de recipientes de variados tipos, como cerâmica, vidro e metal.
TIPO 6 - PS Potes de iogurte, sorvete, pratos, tampas, aparelhos de barbear descartáveis. TIPO 7 - OUTROS Corpo de computadores, eletrodomésticos, plásticos especiais. FONTE: PLEINION.COM.BR
Espumas para embalagem, talheres de plástico, embalagens de proteção para produtos eletrônicos e brinquedos são raramente recicláveis
SABONETES - No caso das embalagens destes produtos de higiene, é possível encontrar opções que vêm envoltos em papel ou outro material menos abrasivo ao meio ambiente. CANUDOS - Canudos de metal se tornaram populares e são facilmente encontrados na internet ou em lojas físicas. No caso de estabelecimentos comerciais, já é fácil encontrar opções produzidas a partir de papel ou até mesmo macarrão. TALHERES DESCARTÁVEIS - Em shoppings, muitos restaurantes oferecem as variantes descartáveis para os consumidores. No entanto, há kits portáteis que podem ser levados para todo lugar, eliminando a necessidade de utilizar o plástico.
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Assunto DE TODO DIA
INICIATIVAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL AMPLIAM DEBATE SOBRE REDUÇÃO DE DANOS AO PLANETA. O POVO EDUCAÇÃO ABORDA O TEMA EM NOVA EDIÇÃO DO PROGRAMA
Ana Beatriz Caldas @opovo.com.br O debate mundial sobre a preservação do meio ambiente ganhou forma, de maneira mais aprofundada, nas décadas de 60 e 70, quando discussões pautadas por movimentos ecologistas europeus e norteamericanos começaram a ecoar, em consonância com as revoluções culturais que ocorriam no mundo da música e das artes em geral. No Brasil, a questão ficou mais forte a partir da década de 80, com a promulgação da Constituição de 1988 – um dos marcos do Direito Ambiental no Brasil –, a realização de um dos maiores eventos de consciência ambiental do mundo, a Conferência Rio 92, realizada pela ONU, e o fortalecimento de políticas públicas que incentivavam a educação ambiental em idade escolar. Nos últimos anos, acompanhando o debate internacional sobre mudanças climáticas cada vez mais severas, a pauta do meio ambiente foi ampliada e chegou ao âmbito privado, tornando-se preocupação de diversas empresas e instituições brasileiras, especialmente na área educacional. A ideia principal, nesse segmento, é multiplicar conhecimento e informação qualificada sobre o que pode ser feito para diminuir os danos causados pelo homem ao planeta.
“A questão ambiental deixou de ser um assunto de nicho e passou a ser um assunto da sociedade como um todo. Os primeiros movimentos sociais foram muito importantes, mas eram muito segmentados – hoje não se fala em educação ambiental ou sustentabilidade sem envolver várias áreas do conhecimento. Nenhuma plataforma que trabalha com educação pode se afastar disso”, explica Cliff Vilar, diretor do programa O POVO Educação, que irá trabalhar, neste ano, a temática da educação ambiental em sua grade curricular. Segundo Cliff, a nova edição do programa irá incorporar tópicos como desenvolvimento sustentável, uso racional dos recursos, redução do uso de plástico e outros temas inseridos nos debates da educação ambiental, e deve beneficiar até 20 mil pessoas de forma direta e indireta. “Essa é a primeira edição temática que realizaremos e elegemos esse tema pela urgência em pautar o meio ambiente de maneira transversal na sociedade”, completa o diretor.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO AGENTE TRANSFORMADOR O projeto, desenvolvido pela Fundação Demócrito Rocha, é realizado em um período de formação com jovens com idade entre 14 e 20 anos através de iniciativas de educomunicação, orientados por professores seleciona- dos e profissionais do grupo O POVO. A partir de julho deste ano, na 17a edição do programa, 100 alunos, 60 professores e 40 repórteres da Rede Cuca em Fortaleza vivenciarão 12 meses de formação em educação ambiental. “O programa funciona a partir da seleção de um professor e dois alunos correspondentes por escola, que multiplicarão os conhecimentos adquiridos através de palestras e oficinas
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GETTY IMAGES
Toda terça-feira no jornal O POVO é publicada a coluna Direto da Escola com alunos do Projeto
com os colegas e também em outros espaços. Neste ano, teremos a participação de 25 escolas públicas e 25 escolas particulares, tendo como foco a integração de crianças e jovens de toda a cidade”, completa Cliff. De acordo com a gerente do programa O POVO Educação, Profa. Ana Cristina Barros, diversas atividades serão realizadas com os correspondentes com o foco em temas pertinentes à preservação do meio ambiente. “Será um ano de imersão para todos os participantes e de muito aprendizado, tendo como objetivo principal aprofundar os conhecimentos no tema a partir de técnicas de educomunicação”, comenta. En-
tre os produtos que serão produzidos no programa, destacam-se programas de rádio, palestras, oficinas e textos noticiosos que serão reproduzidos nos meios de comunicação do grupo O POVO, como a rádio O POVO-CBN e as plataformas impressa e digital do jornal. As ações partem do princípio da divulgação e da formação de comunicadores populares. “A educação ambiental está em tudo, inclusive na ética do comportamento e dos relacionamentos sociais. Escolhemos trabalhar com essa faixa etária pois acreditamos que eles já possuam bagagem suficiente para que possam ser agentes de transformação. Um processo como esse irá desencadear outras atividades e ampliar a discussão para outros ambientes, como a família e a própria comunidade em que o correspondente vive”, ressalta Cliff Vilar.
Para aprender a qualquer hora
Na internet, veículos especializados também difundem conteúdo sobre meio ambiente e podem ser bons aliados na hora da aprendizagem para jovens e adultos. Confira algumas iniciativas online que falam sobre meio ambiente e sustentabilidade: AMBIENTE LEGAL - www.ambientelegal.com.br AUTOSSUSTENTÁVEL - autossustentavel.com/ CICLO VIVO - ciclovivo.com.br/ MENOS 1 LIXO - www.menos1lixo.com.br/ UMA VIDA SEM LIXO - umavidasemlixo.com/
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reduzir Como
O LIXO PLÁSTICO NO MUNDO A LONGO PRAZO
artigo
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omo diminuir o lixo no mundo a longo prazo? Evitando o consumo desnecessário e o desperdício. Mas qual seria a solução para reduzir a quantidade de outros tipos de lixo, como o plástico? Afinal de contas, apesar de possuir muitas qualidades convenientes, o plástico é um dos grandes motivos de preocupação na atualidade. Existente em diversos tipos e formatos, leve, flexível, moldável, barato e muitas vezes reciclável, o plástico possui impactos ambientais que são gerados na produção, no consumo e no descarte. Esses impactos de poluição são causados por substâncias indesejáveis emitidas para o ambiente, pelo gasto de energia demandada na produção e distribuição, entre outros mais. Um agravante é que todo plástico utilizado um dia se tornará microplástico, que no ambiente acaba sendo um concentrador de outras substâncias tóxicas presentes no ambiente, como os POPs. O microplástico contaminado pelos POPs potencializa a contaminação de seres vivos pelo plástico, uma vez que, devido ao seu pequeno tamanho, alcança locais impensáveis. Se você possui algum problema de saúde e precisa utilizar canudinhos, saiba que existem canudos de titânio, além de opções de bambu, canudos biodegradáveis e até comestíveis.
Trocar a escova de dentes de plástico por uma de bambu é também uma ótima alternativa. Se você não puder cozinhar, opte por um restaurante com comida de verdade, servida em pratos de louças, talheres de aço e copos de vidro. Para os lanches rápidos, leve seus próprios utensílios duráveis. Na hora de embalar sua comida, evite também o filme plástico e os saquinhos de plástico, que podem ser substituídos por sacos de pano para pão, potes reutilizáveis ou opções como uma cobertura semelhante ao filme plástico, mas reutilizável e feita de cera de abelha. Tome cuidado com a reutilização indefinida de garrafinhas de água, que podem acabar cheias de bactérias, além de micropartículas plásticas deixadas na sua água. Tenha um plano para reduzir o plástico em sua vida. Uma sugestão é começar pela sacola plástica do mercado: você precisa mesmo dela? Leve uma ecobag ou uma mochila resistente da próxima vez que for ao mer-
cado - isso vai inclusive deixar sua volta para casa mais confortável. Se você faz compras de carro, use as caixas de papelão que os supermercados disponibilizam para carregar suas compras. Conheça alternativas às sacolinhas de supermercado. Se não teve jeito e você consumiu o plástico, lembre-se: se não for reutilizar ou reciclar, é preciso descartá-lo corretamente.
Diego Felipe
Repórter CUCA
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O estudante Matheus Saboia trocou o carro pelo ônibus: mais economia e menos poluição
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ônibus DO CARRO AO
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COM O INTUITO DE CONTRIBUIR PARA UMA MOBILIDADE URBANA MELHOR, O ESTUDANTE DE TEATRO MUSICAL MATHEUS SABOIA DEIXOU O CARRO NA GARAGEM E ADERIU AO TRANSPORTE COLETIVO
Lia Bruno
liarocha@opovo.com.br Se a gasolina polui tanto o meio ambiente, por que não deixamos os nossos carros na garagem e aderimos ao transporte coletivo? Se o trânsito está tão congestionado, então por que não passamos a usar as bicicletas para chegar mais rápido ao nosso destino? Foi pensando nisso que Matheus Saboia resolveu mudar os hábitos. Em prol de uma mobilidade urbana mais agradável, o estudante de teatro musical de 23 anos resolveu deixar o carro na garagem e adotar de vez o transporte público. “Por dia, a minha despesa com gasolina chegava em torno de R$ 20, então foi uma redução de custo bem grande. Sem contar que o trânsito de Fortaleza é muito caótico, você fica estressado e tira sua paciência, o que pode acabar gerando brigas desnecessárias com outros motoristas. Já ao andar de ônibus, eu só me preocupo em pagar a pas-
sagem e desço onde eu quero”, afirma o estudante. Para Matheus, além da contenção de gastos, a decisão também foi pensada no meio ambiente, já que os gases liberados pelos veículos prejudicam a camada de ozônio. “Quanto mais carros, mais a camada de ozônio fica desgastada. Não podemos pensar só na gente, todos nós também fazemos parte deste ambiente”, reflete. O artista ainda ressalta que não se sente desestimulado pela superlotação dos transportes públicos. “Nós sabemos que mobilidade urbana de Fortaleza tem que melhorar bastante em alguns aspectos, como a frota, mas eu ainda prefiro pegar um ônibus, por mais lotado que esteja, do que estar em um engarrafamento gigantesco”, diz ele. De acordo com o estudante, talvez, se as pessoas tivessem esse tipo de consciência, a mobilidade urbana da capital não seria tão caótica. Ele ainda recomenda, principalmente para aqueles que não são tão fãs dos ônibus e da lotação do transporte público, o uso das bicicletas compartilhadas como uma alternativa ainda mais sustentável. “Lugares que antes você demo-
rava até 40 minutos para chegar de carro e até mesmo de ônibus, com a bicicleta não leva mais de 15 minutos. Para mim, além de agilizar na mobilidade, também é uma forma de sair do sedentarismo e reduzir a emissão de gases poluentes”, explica. Mas, engana-se quem acredita que a preocupação do artista com o meio ambiente se resume somente à mobilidade. Matheus também também abandonou o uso dos canudos de plástico e adquiriu um de metal, que sempre leva na mochila. “Eu parei de usar canudo [de plástico] porque isso prejudica muito a vida marinha. Não só os canudos, mas o plástico em geral é muito prejudicial. Também tem o lixo que a gente deposita em certos lugares, por exemplo. Eles não são separados corretamente para reciclagem e vai tudo para o mar”, conclui.
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preservar RECICLAR PARA
O ESTUDANTE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS LEONARDO SOUZA DE ANDRADE PASSOU A SEPARAR O PRÓPRIO LIXO PARA A RECICLAGEM COMO UMA FORMA DE PRESERVAR A NATUREZA
Considerado um dos maiores vilões do meio do ambiente, o plástico está entre as maiores causas do comprometimento da qualidade do ar, solo e sistemas de fornecimento de água. Em todo o mundo, organizações não governamentais trabalham duro com o objetivo de conscientizar a população sobre o descarte consciente deste material, que é responsável por destruir, todos os dias, diversas vidas marinhas. E foi pensando nisso que o estudante de Ciências Biológicas Leonardo Souza de Andrade, de 22 anos, tomou a iniciativa de começar a separar o lixo de casa para a reciclagem. “A gente está, diariamente, usando plástico. No Brasil, hoje em dia, nós temos até alguns debates sobre o uso consciente dele, mas ainda tem uma grande rejeição. Aqui, a gente ainda está estagnado no negócio do canudinho, só que o problema não é só isso, até porque a gente consome ele de hora em hora. O grande problema do plástico é que ele foi feito pra ser super durável, ele dura muito mais que a gente”, explica.
Apenas 1,28% do plástico do Brasil é destinado a reciclagem, segundo estudo feito pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) em 2019. “É claro que a gente tem que descartar o lixo corretamente, mas aqui em Fortaleza é um pouco complicado. Nós temos alguns pontos de coleta seletiva, mas são pouquíssimos e, normalmente, ficam concentrados na área nobre. Eu, por exemplo, morei na periferia, até pouco tempo e não tinha acesso a um ponto de descarte de lixo reciclável”, afirma Leonardo que, sempre que pode, organiza o lixo de casa para levar em postos de coleta perto de sua casa. Diferente do que muitos pensam, essas mudanças não precisam ser feitas de maneiras bruscas ou exageradas. Para o estudante, pequenos atos já são suficiente para ajudar o meio ambiente. “A pessoa não precisa radicalizar, só precisa ter o mínimo de noção de que está inserida no meio ambiente e que precisa dele. O ser humano tem muito esse negócio do egocentrismo, ele acha que é isolado de todo o resto da natureza, mas não, a gente tá aqui, inserido nesse ecossistema e nós temos que preservar ele”, finaliza.
Põe essas ideias em prática Reduzir o uso de plástico. Você pode aderir ao uso das sacolas de papel reciclável quando for ao supermercado e adquirir seu canudo de metal;
Quando estiver andando na rua e não encontrar lixeira disponível, guarde o lixo no bolso ou na mochila para descartá-lo no local adequado; Evite tomar banhos demorados, nada de passar meia hora cantarolando embaixo do chuveiro. Seja rápido, pois, ao contrário do que você pensa, a água vai acabar; Sabe aquele copinho de plástico? Evite usálo e tenha sempre em mãos sua garrafinha d’água ou uma caneca; Separe seu lixo. Não custa nada criar um espaço separado para descartar o material que pode ser utilizado na reciclagem.
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Leonardo Souza leva o lixo de casa para o ponto de coleta do supermercado Carnaúba, no Edson Queiroz
Prevenção
COVID-19: CUIDADOS AO PEGAR ÔNIBUS
Os cuidados básicos de higiene para evitar o coronavírus devem ser adotados antes, durante e depois de usar o transporte público. As indicações da da Organização Mundial de Saúde (OMS) incluem limpar as mãos com frequência e evitar tocar nos olhos, no nariz e na boca. Confira dicas de prevenção para pegar ônibus: 1. Usar máscara e levar consigo álcool 70; 2. Ao pegar em superfícies, utilize álcool 70 para limpar as mãos antes de encostas nos olhos, no nariz ou na boca; 3. Tossir ou espirrar na parte interna do cotovelo (se estiver com nariz escorrendo, utilizar lenço descartável); 4. Tentar evitar multidões, esperando um ônibus mais vazio, por exemplo, e até utilizando o app Meu Ônibus; 5. Evitar contato físico na hora de cumprimentar as pessoas; 6. Ao retirar a máscara, não tocar a parte da frente.
HIGIENIZAÇÃO DOS ÔNIBUS A Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati) orienta às empresas a correta higienização dos veículos para evitar a proliferação do vírus, com disponibilização de água e sabão nos sanitários e álcool em gel nos pontos de atendimento.
ETUFOR
> EM TODOS OS TERMINAIS de integração, foram instaladas pias e dispenser com álcool em gel; > FORAM DISTRIBUÍDAS 150 mil máscaras nos terminais, que podem ser solicitadas aos funcionários nos terminais; > HIGIENIZAÇÃO diária dos veículos.
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Costume DE CASA VAI À PRAÇA, SERÁ ISSO MESMO? artigo
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emos um velho ditado que diz; “Costume de casa vai à praça!”. Mas será isso mesmo? Por que ainda tem gente que polui as praias, rios, praças e espaços públicos? Geralmente somos forçados a sermos diferentes fora de casa por questões de educação ou profissionalismo, quando trabalhamos. Algumas pessoas se aproveitam das outras, como uns que ao verem um funcionário limpando o chão passam pelo local o fazendo limpar novamente. Jogando lixo nas ruas pensando que é papel do órgão público limpar, pois pagamos muitos impostos. Todos temos que fazer nossa parte para um mundo melhor! Quando somos pais temos que dar exemplo de casa para rua, educar sobre a vida e mos-
trar alternativas de consciência ambiental, pois é aqui que vivemos. Se não existem hábitos de limpeza dentro de casa, fora dela também não haverá. Se deixa cair algo no chão e só limpar quando der, é provável que mentalmente isso seja normal! Vivemos em um país muito diversificado, com várias culturas, cada um com sua verdade, sua maneira de ver as coisas. Pensando nisso conversei com algumas pessoas para saber sobre suas opiniões. Perguntei a Ívina Nascimento, jornalista da Rede Cuca, que diz que “as pessoas cada vez mais vão perdendo o senso do que é viver coletivamente e isso também diminui a empatia e também reforça atitudes egoístas”. Patrícia Borboleta, tatuadora que viajou com o marido pela América Latina de moto, salienta que “muitas pessoas realmente não se importam com a consequência de seus atos. Não se importam com questões ambientais, com a miséria, com o problema no sistema de saúde. Enquanto
não as afeta está tudo tranquilo”. A estudante da Wicca Tatiana, diz que é na rua o que é dentro de casa. “Não jogo comida fora, reaproveito ao máximo tudo, o que não se come a terra se alimenta ou os animais da casa, não compro água fora, já levo de casa em uma garrafa, e quando acaba carrego a garrafa até achar uma lixeira apropriada, sou educada, dou bom dia, paro para ouvir os idosos”. Para o estudante de psicologia Leandro Magalhães “não podemos negar que, em concorrência com as ações individuais, existem certas estruturações exercendo o tempo inteiro pressões consideráveis sobre o que classificamos como realidade social. Se uma parte do problema ocorre no âmbito da socialização primária e secundária, também podemos acrescentar os efeitos perversos de governos que se sucedem sem garantir a plena cobertura de saneamento básico à cidade, e o papel ainda tímido da ordem pública como agente de fiscalização - lembremos das ligações clan-
destinas identificadas por acaso na (ainda em curso) obra de requalificação da Beira-Mar.” O Professor de Jiu Jitsu Damokles Lira assegura que não acredito em educação dentro do prisma convencional acadêmico. “No sentido de que é falta de estudo, falta de cultura. Repetir isso é um reducionismo, um jargão irreflexivo”, avalia.
Allan de Freitas Repórter CUCA
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