Palco Vida&Arte 2020 - Caderno 3

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FORTALEZA-CE, AGOSTO DE 2020

ABRACE O MUNDO!

CULTURA DE PAZ E OS PERCURSOS PARA UMA SOCIEDADE SAUDÁVEL QUE, ALÉM DE ABRAÇAR, ACOLHE O OUTRO


editorial

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COMECE A CAMINHAR No terceiro caderno Palco Vida&Arte, vamos em busca de debater onde estão as fagulhas de paz dos dias atuais. As redes sociais, vilanizadas pelas fake news e conteúdos sobre padrões inalcançáveis ou comentários maldosos pode também ser espaço para empoderar mulheres e acolher as diferenças. Mostramos como perfis temáticos têm feito das redes sociais uma verdadeira teia de boas ações,de apoio ao outro e até de campanhas sociais, como pelos direitos das crianças. Temos uma lista para você seguir já! Entrevistamos Rui Aguiar, chefe do escritório do Unicef em Fortaleza, que fala sobre os desafios de políticas e práticas de proteção de crianças e adolescentes. Quais os caminhos? Vamos juntos.

expediente

Acompanhe a programação completa do evento Palco Vida&Arte em: www.palcovidaearte.com.br

FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA PRESIDÊNCIA: João Dummar Neto DIREÇÃO ADMINISTRATIVO-FINANCEIRA: André Avelino de Azevedo GERÊNCIA GERAL: Marcos Tardin GERÊNCIA EDITORIAL E DE PROJETOS: Raymundo Netto ANÁLISE DE PROJETOS: Aurelino Freitas, Fabrícia Gois, Emanuela Fernandes PALCO VIDA & ARTE DIREÇÃO GERAL: Cliff Villar e Valéria Xavier COORDENAÇÃO EXECUTIVA: Ana Cristina Barros COORDENAÇÃO ADJUNTA: Patrícia Alencar COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO: Gilvana Marques PRODUTORA: Luisa Duavy ESTRATÉGIA E ANÁLISE DE MARKETING: Patrícia Alencar PROJETO GRÁFICO: Andrea Araujo EDIÇÃO DE DESIGN: Kamilla Damasceno PERFORMANCE DIGITAL: Fernando Diego CONTROLLER DE MÍDIA: Valeska Cruz ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO: Joelma Leal ESTRATÉGIA E RELACIONAMENTO: Alexandre Medina, Adryana Joca e Juliana Menezes GERÊNCIA GERAL DOS CADERNOS ESPECIAIS: Gil Dicelli EDITORA EXECUTIVA DOS CADERNOS ESPECIAIS: Paula Lima EDIÇÃO DE DESIGN DOS CADERNOS ESPECIAIS: Raphael Goes e João Maropo REPÓRTERES DOS CADERNOS ESPECIAIS: Amanda Araújo, Ana Beatriz Caldas, Hamlet Oliveira, Lia Bruno

índice 3 8 10 14

INTERNET como ferramenta de estímulo à solidariedade

PROGRAMAÇÃO do Palco Vida&Arte online

ENTREVISTA com Rui Aguiar, chefe do escritório do Unicef em Fortaleza EDUCOMUNICAÇÃO: por que ensinar solidariedade aos jovens


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FOTOS REPRODUÇÃO INSTAGRAM

Mídias sociais E EMPATIA

Coletivo Ainda Existe Amor em Fortaleza defende direitos humanos e sustentabilidade

COMO A INTERNET PODE TER SEU ALCANCE UTILIZADO PARA PROMOVER PAUTAS DO BEM

Sara Cordeiro

saracordeiro@opovo.com.br Especial para O POVO O poder de alcance da internet tem revolucionado a forma de enviar e receber informações no século XXI. Ao alcance de um toque, o mundo todo fica disponível na palma da mão. As redes sociais, como mídia de relacionamento, possibilitaram falar a milhares de pessoas de qualquer

parte do mundo de forma instantânea. Munidos desse alcance, existem perfis que transformam as mídias sociais em ferramenta de promoção de empatia, aceitação, autoajuda etc. O Projeto Imensurável, perfil criado em dezembro de 2018, surgiu como projeto do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de graduação da jornalista cearense Raiane Ribeiro, 23. “Inicialmente, pensei em falar apenas sobre

transtornos alimentares, mas decidi expandir para que mais pessoas se identificassem com o tema.” Raiane fez um especial falando sobre implicações dos padrões de beleza na vida de mulheres e criou um website para que o tema ficasse disponível e de fácil acesso para qualquer pessoa com internet. De início, a jornalista afirma que queria que mulheres pudessem refletir sobre o assunto e

entender sobre sentimentos de culpa como parte de um sistema social. “Esse é o principal objetivo atualmente. Ajudar a empoderar mulheres em pequenos passos de liberdade”, pontua. Ela acrescenta que escolheu o Instagram pela usabilidade, citando a facilidade de leitura, de envio para outras pessoas e compartilhamento com seus seguidores. “Pretendo expandir aos poucos, ir para o Twitter e, depois, para o Youtube.”


AMOR

4 O ALCANCE DAS MÍDIAS

Ao promover pautas sobre a quebra de padrão de beleza, Raiane afirma que tem como lema: “a internet é o que você faz dela”. “Eu passava dias olhando fotos de mulheres muito magras, com dinheiro, vidas aparentemente perfeitas e que viajavam constantemente para destinos, no momento, fora da minha realidade”. A jornalista aponta que a negatividade não está apenas nos comentários maldosos, mas nos padrões inalcançáveis. “Mesmo pessoas famosas usam esse espaço para falar sobre a cobrança sofrida.” As mídias são a ferramenta para empoderar mulheres em todos os sentidos. “A internet permite que pessoas diferentes tenham espaço. Você vê youtubers, blogueiras, influenciadoras digitais que não têm aquela cara padrão de atriz global.”

“Meu objetivo é alcançar o máximo de pessoas possível, então, preciso ter esse cuidado. Fazer uma arte que as pessoas sintam vontade de compartilhar, escrever um texto que chame a atenção, uma legenda que mantenha um tom amigável. O assunto pode ser delicado para algumas pessoas, e eu não quero que o conteúdo faça alguém se sentir mal, mas abraçado e acolhido”, observa Raiane. INSTAGRAM: @PROJETOIMENSURÁVEL

Observando o alcance das mídias na sociedade contemporânea, o designer afirma que seu uso pode ser fundamental como ferramenta para promover o bem. “Hoje, as redes sociais são um fenômeno, e todos temos pelo menos alguma.” No entanto, Lucas chama a atenção para o excesso de positividade, que pode gerar o efeito contrário na pessoa que consome o conteúdo. “Falo de amor, mas também de momentos difíceis. A vida não é feita sempre de tempos fáceis, mas devemos saber superá-los. Exigir que uma pessoa esteja sempre feliz também pode fazer mal. Alguns desenhos vêm com frases de apoio sobre como encarar a vida real, como ela é, ainda que em momentos de dificuldade.”

“Hoje, com tantos seguidores e por amar poesia e artes visuais, desenhos e ilustrações, vejo que esse alcance permite não só levar ao público assuntos de importância social, mas também um conteúdo artístico.” INSTAGRAM: @LUCAS.AGUIARTE FACEBOOK: @CORACAOLUCASAGUIARB Atualmente com perfis no Facebook, Instagram, Twitter e Spotify, o coletivo Ainda Existe Amor em Fortaleza (AEAF) surgiu em 21 de abril de 2015, fundado pela educadora social Gabrielle Araújo. Ela conta que a atuação e presença nas redes sociais carrega o papel de formação cidadã nas pessoas, com a ideia de mundo vinda da construção social de cada uma delas. “Promovemos campanhas de defesa dos direitos das crianças, de incentivo ao voluntariado, promoção dos direitos humanos, combate à violência e de apresentação das grandes personalidades que tiveram suas vozes abafadas pelo preconceito e, mesmo assim, continuaram resistindo.” Gabrielle diz que o coletivo é fruto de questionamentos a respeito do desamor, das desigualdades sociais e da violência em Fortaleza. De início, eram dez amigos, e, atualmente, o número de voluntários se expandiu pela Cidade. “Seguiremos todos os dias conectando pessoas, projetos e causas mediante o afeto. Acreditamos no poder do impacto da informação, do diálogo e da representatividade na vida das pessoas. Nas postagens, tentamos representar um pouco do que somos e defendemos, ampliando horizontes e possibilitando trocas.”

EMPATIA O perfil Lucas Aguiarte, do designer gráfico e artista plástico belorizontino Lucas Aguiar, 32, traz poesias visuais e textos integrados com desenhos que falam sobre amor, empatia e sentimentos. O perfil foi criado, segundo Lucas, de maneira espontânea em 2013. “Eu desenhava coisas que gostava e postava nas minhas redes sociais, sem nenhuma pretensão. Foram chegando seguidores aos poucos. Quando vi, estava sendo convidado pelos jornais locais para falar sobre os desenhos, editoras me procuraram para fazer ilustrações de livros. Foi algo gradual e espontâneo.”


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FOTOS REPRODUÇÃO INSTAGRAM

Criação de conteúdo

Para provar que Ainda Existe Amor em Fortaleza, cada mensagem é pensada visando a busca por representatividade, pela defesa dos direitos humanos e pelo empoderamento dos sujeitos, acreditando que isso possa gerar nas pessoas a sensação de pertencimento, esperança, respeito e empatia, de acordo com Gabrielle. “Esse é o nosso jeito de combater a negatividade representada pelo preconceito e pela falta de amor também manifestados na internet.” Com quase cinco anos de existência, o coletivo amadureceu e passou a abordar pautas sobre direitos humanos e sustentabilidade. “Buscamos abrir espaço a estórias que a História não conta. Isso se aplica às múltiplas Fortalezas que temos. Enquanto tem gente potencializando ódio, fazemos do afeto a nossa tecnologia de sobrevivência.” Fora das redes sociais, o coletivo realiza atividades socioassistenciais e culturais nas periferias e com a população de rua da Praça do Ferreira, buscando o empoderamento e o desenvolvimento local. Todo trabalho é feito por voluntários que também compartilham da visão do coletivo. Os direitos humanos e a transformação social são pautas fixas do coletivo. “Os voluntários participam de constantes formações para desenvolverem o trabalho com amor e responsabilidade.”

O PODER DA REDE O Brasil é um país conectado, grande parte da população tem smartphone e utiliza as redes sociais constantemente. As informações chegam cada vez mais rápidas via internet. “Constantemente vemos fake news que disseminam ideias equivocadas e discursos de ódio a diversos grupos. Nas nossas redes sociais, buscamos ser informativos e também inspiradores. Vemos isso como um grande ganho. Não é sobre influenciar digitalmente alguém, e sim sobre encorajar sonhos e atitudes, por meio de um conteúdo ético, acolhedor e divertido”, argumenta a educadora social Gabrielle Araújo. O coletivo Ainda Existe Amor em Fortaleza possui ações que surgem de demandas no campo social, político e comunitário. No final de 2018, com as ameaças da retirada do direito ao casamento civil a população LGBTQIA+, realizaram um casamento coletivo para cinco casais.


“Em tempos difíceis, acreditamos no poder do impacto da informação, do diálogo e da representatividade. Nas postagens, tentamos representar um pouco do que somos como cultura, como ser humano, e o que defendemos. Cada mensagem é pensada visando a uma representatividade positiva, e acreditamos que isso pode gerar nas pessoas a sensação de pertencimento e esperança, que tanto precisamos para continuar acreditando e lutando para provar que Ainda Existe Amor em Fortaleza”, afirma a publicitária e coordenadora de comunicação do AEAF, Jane Kerolly. INSTAGRAM: @SOMOSAEAF / FACEBOOK: @AINDAEXISTEAMOREMFORTALEZA / TWITTER: @AMOREEVOLUCAO Criado pela jornalista pernambucana Daniela Arrais e pela publicitária mineira Luiza Voll em 2010, a Contente é um estúdio de criação que traz como lema pensar coletivamente na #ainternetqueagentequer. “Usamos internet o dia todo. Ela pauta todos os aspectos das nossas vidas: saúde mental, relacionamentos, trabalho, nossa vida em sociedade, até mesmo a democracia”, afirma Daniela. Ela conta que a maneira que a internet afeta a vida das pessoas ainda não é um assunto discutido rotineiramente. “Usamos cada vez mais, sem pensar nas implicações disso, se sentindo atropelado pelo excesso de consumo de informação, pela quantidade de assuntos que não conseguimos dar conta, pela constante comparação com as vidas e as conquistas dos outros.” A jornalista aponta que a Contente existe para levar esse assunto cada vez para mais pessoas, pensando em como resgatar o tempo e entender por que se gasta tanto dele conectado. “Criamos conteúdo, missões e jornadas, palestras e workshops para desvendar o motivo

Conteúdo positivo é uma forma de chamar atenção de voluntários para ações sociais

MUNDO

REPRODUÇÃO INSTAGRAM

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pelo qual a internet pauta tanto as nossas vidas.” Daniela observa que não é sobre sair da internet, mas usar nosso tempo com intenção. “Qual é a sensação que você fica quando passa horas rolando o feed? Você fica se comparando, pensando no que ainda não fez? Ou você faz uma curadoria bem legal e acaba saindo desse momento mais informado, mais leve, se divertindo com o que viu? Você costuma reclamar de influenciadores, ou também experimenta contar para uma audiência o que te importa?”, questiona. Sobre a escolha de conteúdo, a jornalista cita que quando se escolhe o que se vai compartilhar se decide qual visão de mundo se deseja apoiar. “Ela pode ser catastrófica, parecer que não oferece saída. Ou ela pode ser mais ampla. Entendendo que estamos sim passando por um momento difícil, mas que tem muita coisa boa florescendo também.”


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ALIMENTAÇÃO DO BLOG Contar histórias. Assim Daniela define o ponto de encontro dela e de Luiza. “Fazemos isso desde que entramos na internet, cada uma com seu blog. Foi por eles que a gente se conheceu. Temos uma empresa de internet e nos conhecemos pela internet. O conteúdo pode vir de uma angústia, um questionamento ou uma conversa.” Ela conta que, na sequência, começaram a pesquisar. “Gostamos de leituras mais longas para conseguir entregar um conteúdo que tenha mais profundidade. Sempre que queremos avançar ainda mais nesse aspecto, fazemos entrevistas com psicólogos, sociólogos, educadores, médicos, com quem for mais especialista no assunto que estamos tratando e puder trazer mais uma camada de conhecimento.” O primeiro projeto de Daniela e Luiza juntas foi o @instamission, com missões fotográficas no Instagram. “Por volta de 2016, tanta atuação na internet passou a nos mostrar alguns dos efeitos colaterais do digital: ansiedade, insegurança, sensação de sempre ter mais conteúdo e coisas para fazer do que qualquer um consegue dar conta”, observa Daniela. A partir desses efeitos, nasceu o movimento #ainternetqueagentequer. De início, Luiza fala que eram criados especiais de conteúdo e eventos. Em 2019, nasceu o canal da Contente no Instagram e, desde então, o espaço convida pessoas a construírem coletivamente #ainternetqueagentequer, um espaço de consciência sobre o uso do digital.

Trabalho da Contente nas redes sociais @instamission: uma plataforma de conexão com você, com o outro e com o mundo, que acontece por meio de missões e jornadas de conteúdo. @contente.vc: uma construção coletiva da #ainternetqueagentequer e de uma vida digital mais proveitosa e consciente. Contente para empresas: o ponto de criação traduzido em formatos customizados para marcas: projetos, promoções comerciais, eventos, reports, publicações, curadoria e conteúdo, sempre com o objetivo de contribuir para a #ainternetqueagentequer (e o mundo que a gente quer). Luiza Voll explica que o foco está na criação de conteúdo que transforme, faça pensar, questionar, que leve o leitor a fazer mudanças na vida para chegar a um cenário de bem-estar digital. “A melhor parte é ver que esse conteúdo reverbera no outro, que comenta, compartilha, salva, deixa comentários falando que repensou ou fez uma mudança a partir do que leu ali.”

Boas notícias na pandemia

Durante a crise causada pela Covid-19, um clima de pesar e desesperança se instalou por todo o mundo. No Brasil, ainda que alguns estados tenham conseguido achatar a curva de casos de coronavírus, a pandemia segue afetando milhares de pessoas. Por isso, sites especializados em boas notícias, como Razões para Acreditar, Só Notícia Boa e O Lado Bom das Coisas têm investido ainda mais em divulgar pequenas grandes ações. Além dos já tradicionais posts com fotos e vídeos fofos e dos textos que nos trazem esperança e alegria, eles também têm divulgado boas ações relacionadas à pandemia, como pacientes recuperados, iniciativas solidárias e notícias sobre possíveis vacinas, tratamentos e retração da epidemia. O Razões para Acreditar, inclusive, costuma realizar vaquinhas em uma plataforma própria para arrecadar dinheiro para quem mais precisa, como no caso de um enfermeiro paraibano que não possuía renda suficiente para se manter isolado da mãe e precisava de outro espaço para se hospedar durante a crise. Os portais também costumam divulgar a criatividade de pequenos empreendedores, histórias de reencontros e outras notícias que nem sempre saem no noticiário, mas que acalentam o coração dos leitores. Para quem tem interesse especial em acompanhar boas notícias em relação à superação da Covid-19, o perfil The Good News Coronavirus é a melhor opção para renovar as energias. Com o objetivo de auxiliar quem está ansioso, triste e/ou em isolamento social, o portal faz uma curadoria de notícias previamente checadas por grandes veículos com teor positivo, como o avanço de pesquisas e histórias de pacientes que superaram a doença.

Acompanhe: Razões para Acreditar Instagram: @razoesparaacreditar / Facebook: @RazoesParaAcreditar / Site: https://razoesparaacreditar.com/ Só Notícia Boa Instagram: @sonoticiaboa / Facebook: @Sonoticiaboa.com.br / Site: https://www.sonoticiaboa.com.br/ O Lado Bom das Coisas Instagram: @oladobomdascoisas.oficial The Good News Coronavirus Instagram: @thegoodnewscoronavirus / Site: https://thegoodnewscoronavirus.com/pt/


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PROGRAMAÇÃO LIVES INFANTIS

31 DE AGOSTO

1 DE SETEMBRO

2 DE SETEMBRO

3 DE SETEMBRO

4 DE SETEMBRO

15:00 -15:30

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS - Boto Cinza, cor de chuva

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS - A Princesa Encantada de Jericoacoara

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS -ABC da Natureza

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS - A quata-feira de Jonas

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS - Eu Sou Bonita Sim

15:30 - 16:00

MUSICALIZAÇÃO PARA CRIANÇAS - Atividades de canto, percussão corporal com criação e uso de instrumentos a partir de materiais reciclados

TEMA: DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ÉPOCA DE PANDEMIA MAURO OLIVEIRA - Professor e pesquisador do Programa de Pós-graduação em Ciência da Computação do IFCE PATRÍCIA BRUM - Pedagoga, graduada pela UFC e coach líder

LIVES DEBATES 6:30 - 17:30

TEMA: EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANA CILANA BRAGA - Responsável por projetos de sustentabilidade Enel Ceará. ARTUR BRUNO - Secreátio do Meio Ambiente do Estado do Ceará

LIVES MUSICAL 18:00 - 20:00

5 DE SETEMBRO FELIPE CAZAUX, MARILIA LIMA, RAYANE FORTES e DE BLUES EM QUANDO MODERADORES: CLIFF VILLAR E VALERIA XAVIER

TEMA: CONSUMO CONSCIENTE PAULO MINDLIN Gerente Executivo do Instituto Diageo ANNA CAROLNA VAZZOLER especialista em consumo infantil

TEMA: CULTURAL DE PAZ CONCEIÇÃO DE MARIA Superintendente do Instituo Maria da Penha PASTOR MUNGUBA JR. - Presidente da Igreja Batista do Ceará

TEMA: PRODUÇÃO ARTÍSTICA EM ÉPOCA DE PANDEMIA FABIANO PIUBA - Secretário da Cultura do Estado do Ceará (a confirmar) CAIO CASTELO compositor, cantor, multi-instrumentista e produtor musical


+ de 80 mil estudantes de escolas públicas do Ceará sensibilizados, em 2019, sobre a importância de não consumir bebida alcoólica antes dos 18 anos

Capacitação em artesanato com palha, geração de renda e resgate de cidadania para internas do sistema prisional feminino no Ceará

É por isso que tem um sorriso na nossa marca: acreditamos em um futuro melhor para todos O Instituto Diageo promove uma relação responsável da sociedade com as bebidas alcoólicas; empoderamento socioeconômico das comunidades e valorização do artesanato local, com geração de renda e ressocialização; além de capacitação profissional para o mercado de bares e restaurantes.

+ de 21 mil jovens capacitados gratuitamente como bartenders desde 2000, no Brasil

Mantido por


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"Se você reduz o abandono, consegue reduzir a vulnerabilidade", diz Rui Aguiar THAIS MESQUITA

CIDADANIA QUE PREZA PELAS

diferenças RUI AGUIAR, CHEFE DO ESCRITÓRIO DO UNICEF EM FORTALEZA, FALA SOBRE PRINCIPAIS AVANÇOS E DESAFIOS EM RELAÇÃO A CRIANÇAS E ADOLESCENTES


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Ana Beatriz Caldas

beatriz.caldas@opovo.com.br De forma simples, o conceito de cidadania pode ser definido como o conjunto de deveres e garantias que cada indivíduo possui, sendo este elaborado e tutelado pelo Estado. No entanto, especialmente em territórios políticos com grande índice de desigualdade social, os direitos mais fundamentais costumam ser negados, impedindo que pessoas em situação de vulnerabilidade social, embora tenham os mesmos deveres, não possuam os mesmos direitos garantidos à parcela mais privilegiada da população. Desse modo, no Ceará, uma série de entidades públicas e privadas – além de grupos independentes – se mobilizam para prover a garantia da cidadania que preza pelas peculiaridades e dificuldades de cada grupo social, tratando iguais como iguais e diferentes como diferentes. O Palco Vida&Arte conversou com o chefe do escritório do Unicef em Fortaleza, Rui Aguiar, para compreender um pouco dessa dinâmica. Confira: PALCO – Em 2017, o Unicef e a Prefeitura de Fortaleza fizeram uma parceria para a implementação do novo ciclo do programa Plataforma dos Centros Urbanos (PCU), que visa diminuir desigualdades e promover uma infância e adolescência mais cidadã na Capital. Esse plano está sendo concluído? Quais foram as principais ações desenvolvidas e conquistas em relação às crianças e adolescentes? RUI AGUIAR – A PCU tem uma periodicidade, mas não um prazo de conclusão. A cada fim de gestão fazemos, junto com a prefeitura, um balanço da situação a partir de indicadores como acesso à educação infantil, gravidez na adolescência, primeira infância e número de homicídios na adolescência. Também consideramos a situação das medidas socioeducativas e índices de mortalidade infantil. Até o momento, o principal avanço tem sido a redução da taxa de abandono escolar, que é uma das principais causas de desigualdade social. Quando a criança abandona a escola muitas vezes, ela tem um desempenho escolar menor, o que leva ao abandono escolar definitivo e proporciona a exposição à violência. A prefei-

tura fez um investimento muito interessante em relação ao controle da frequência escolar, que permite que diariamente haja mais informação de cada criança e adolescente e, se necessário, consiga se acionar o conselho tutelar e as famílias na busca dessa criança. Se você reduz o abandono, consegue reduzir a vulnerabilidade. Outro elemento importante a se considerar é a gravidez na adolescência. O Ceará está acima da média brasileira em relação ao número de adolescentes grávidas, e o fator que mais nos preocupa é a gravidez em meninas com idade entre 10 e 14 anos, porque essa gravidez é um indicador de que ela foi vítima de sexo não consentido. Em muitos casos, isso não é avaliado ou apurado, e esse é um fator importante de desigualdade social. PALCO - As meninas e mulheres têm sido grandes vítimas do cenário de violência causado pelas acirradas desigualdades no Ceará. O que o senhor acha que falta para atingirmos níveis mais altos de equidade de gênero? E como a violência pode ampliar ainda mais as desigualdades entre homens e mulheres? RUI - Algo que é favorável à redução de desigualdades nesse sentido está acontecendo e é relacionado à primeira infância: o programa Cresça com Seu Filho, uma renda adicional ao Bolsa Família que provê benefícios na primeira infância e aumenta a renda familiar em territórios mais críticos. Em relação à questão da violência de gênero em si, apesar de a violência letal afetar mais homens do que mulheres, observamos que nos últimos tempos houve um aumento de homicídios de meninas. Nesse sentido, o que temos percebido é que a violência, de

modo geral, afeta mais as pessoas negras, e que a renda familiar é um fator de desigualdade. Outro fator que é forte em Fortaleza é o território, contribui bastante para um cenário de desigualdades morar em certos bairros. Em certas áreas da cidade, sobretudo as regionais onde os indicadores sociais são piores do que em outras áreas, a violência é maior. PALCO - Para pessoas LGBTQI+, muitos direitos básicos têm sido negados, como o nome social garantido a pessoas trans. Como o senhor vê a questão da cidadania desse grupo no Ceará? Avançamos nesse sentido? RUI - Claramente, as questões de violência são mais graves para eles. Temos tido uma série de avanços em relação ao acesso desses grupos ao mercado de trabalho e à identidade social, mas a proteção contra a violência é o principal desafio. É necessário que tenhamos políticas mais específicas, pois os crimes de ódio são crescentes em quantidade e


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O problema de gênero na garantia de direitos para todos também em crueldade, e isso é algo que deve preocupar a todos. Sem dúvidas, há a necessidade de um investimento público para a proteção à vida dessas pessoas e, claro, também para aumentar a velocidade do processo de inclusão no mercado de trabalho e outras garantias cotidianas, mas tendo a garantia à vida como principal objetivo. PALCO - Em 2014, Fortaleza tinha quase duas mil pessoas em situação de rua. Como prover cidadania para essas pessoas? Como garantir possibilidades de moradia e a inserção delas no mercado do trabalho? RUI - Eu acho que deve se começar cumprindo o que está planejado no Sistema Único da Assistência Social (SUAS), que é o direito a convivência familiar e comunitária. Muitas das razões que explicam a situação de rua estão relacionadas a problemas com a família de origem. A tentativa de reinclusão dessas pessoas ao convívio familiar e comunitário é, portanto, o principal desafio, e isso exige um tipo de trabalho que é diferente do que é feito hoje. É importante olhar para o social, pensar na proteção, em pousadas sociais e abrigos específicos, uma série de iniciativas montadas que são essenciais, pois há um problema crescente de proteção à vida dessas pessoas, não só aqui, mas em todo o Brasil. Temos muitos casos de agressões e tentativas de assassinatos contra essas pessoas. Por isso, o grande investimento tem que ser na garantia da convivência, o que exige uma política de assistência social mais sofisticada que envolva negociação, mediação, complementação de renda e atendimento integrado, promovendo também o aumento da escoloridade e tratamentos de saúde específicos. Dessa maneira, haverá maior possibilidade de emprego e renda para essas pessoas. PALCO - Em relação a pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, quais os principais problemas e possíveis soluções para que haja pleno acesso à cidade e aos serviços para todos?

RUI - O primeiro fator é o acesso universal dessas pessoas aos benefícios econômicos devidos, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Outro fator é o acesso à escola, porque permite a socialização dessas pessoas e promove aprendizagem, para que todo o potencial de desenvolvimento cognitivo e físico dessa pessoa seja aproveitado. Ainda temos um grande número de crianças que tem acesso ao BPC, mas não estão na escola. A partir da escola, cria-se a demanda de outros serviços, como assistência social e direito à saúde. A autonomia da pessoa também é importante e depende das condições de mobilidade da cidade. Esse ainda é um tremendo desafio para Fortaleza: as calçadas, o acesso a lugares públicos e privados. Embora existam vagas para pessoas com deficiência marcadas em muitos lugares, nem sempre elas são respeitadas, porque a população não está conscientizada. Há fatores associados ao poder público, mas muitos outros fatores estão ligados à própria cidadania, pois muitas pessoas não percebem a importância da garantia desses direitos.

Quando se fala em garantia de direitos para meninas e mulheres, é necessário pensar em políticas públicas específicas para combater a violência e buscar a equidade de gênero. Em 2019, o feminicídio foi o único crime que registrou aumento entre as possibilidades de morte violenta no Estado, com crescimento de 13% em relação a 2018, segundo o Observatório de Segurança do Ceará. Segundo a socióloga, mestre em Sociologia e consultora da UNV Comunitária Patrícia Maria Apolônio, o cenário local de violência de gênero deve ser compreendido a partir de uma reflexão sobre a formação social do Ceará. “Somos um estado extremamente violento, pautado na imagem do homem violento. Quando a gente pensa na violência através do balanceamento de gênero, a gente vê que o Ceará é um dos que mais produz feminicídio, e isso, dentro de um processo histórico, organiza toda a estrutura de violência do Estado”, explica Patrícia. Apolônio afirma que, por ser uma questão estrutural, a desigualdade de gênero deve ser combatida através da educação – dentro e fora das escolas. “Além de levar isso para as salas de aula, também temos que validar os processos de educação nãoformal. É necessário levar a discussão às grandes mídias, expor a situação de forma a construir um entendimento sobre esse problema que é do Estado. A valorização das políticas públicas permanentes para mulheres também é um fator que precisa acontecer”, completa.


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CAMINHO PARA REDUZIR DESIGUALDADES O POVO EDUCAÇÃO ENVOLVE JOVENS DE ESCOLAS PÚBLICAS E PARTICULARES NO DEBATE SOBRE CULTURA DE PAZ

Ana Beatriz Caldas beatriz.caldas@opovo.com.br Há duas décadas, a Organização das Nações Unidas e a Unesco consagraram o ano de 2000 como o Ano Internacional da Cultura da Paz, reforçando a importância do comprometimento das nações em relação a planos que encorajavam uma sociedade e um mundo livres de violência em todos os vieses. O tema, no entanto, nunca foi tão discutido como agora. Com a crise econômica se acirrando em diversos países e a ausência de políticas eficientes para reduzir desigualdade durante a pandemia, a reflexão tem saído dos âmbitos institucionais e adentrado outras esferas, como a educação. “Trabalhar a cultura de paz com crianças e adolescentes representa a base do presente e do futuro. Acredito que as pessoas podem mudar, mas é muito mais complicado interferir nas convicções de alguém que já vem com uma formatação

própria, que já vem de anos e anos com um pensamento que pode não ser o melhor pra sociedade. Então, quando a gente trabalha esse tema com crianças e adolescentes, estamos criando uma base da sociedade mais reflexiva, mais humanitária e que pensa mais no coletivo”, explica Ana Márcia Diógenes, professora de Jornalismo da UNI7 e conselheira do programa O POVO Educação. Realizar ações que reforçam a cultura de paz durante a pandemia se tornou ainda mais necessário, afirma a educadora. Com a Covid-19 devastando comunidades inteiras e afetando, especialmente, os mais pobres, nunca se precisou tanto ensinar sobre solidariedade. “As pessoas estão compreendendo melhor a coletividade, o cuidado com o outro. Isso torna a ideia uma corrente, estimula a reflexão de todos e resulta em uma série de ações solidárias, como doações e projetos beneficentes, por exemplo”, completa.

Como funciona

O programa O POVO Educação acontece anualmente e forma jovens de 14 a 20 anos de escolas públicas e particulares de Fortaleza através de ações de educomunicação, tendo como um de seus eixos principais a cultura de paz, movimento que estimula o diálogo como preceito para uma convivência harmoniosa entre todas as pessoas e o ambiente em que vivem. “Os alunos aprendem e multiplicam em vários momentos: nas discussões, nas reflexões, nas reuniões de pautas, quando estão nas suas escolas e discutem com colegas e professores aquilo que eles veem debatido e discutido no programa. É uma via de várias mãos”, ressalta a educadora. As atividades do projeto incluem o desenvolvimento de programas de rádio, matérias e revistas, além de palestras e workshops com profissionais do Grupo de Comunicação O POVO. “Esses exercícios são importantes para ensinar aos alunos que só se alcança uma cultura de paz quando a gente tem responsabilidade por cada palavra que a gente profere, cada relacionamento que a gente tem, cada possibilidade de estar interferindo na vida de alguém de forma positiva”, conclui Ana Márcia.


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FORTALEZA-CE, AGOSTO DE 2020 FORTALEZA-CE, AGOSTO DE 2020

GETTY IMAGES

CULTURA DE PAZ COMO ELEMENTO DE PROMOÇÃO DE DIREITOS Entre as instituições participantes do programa, está a Rede Cuca, entidade parceira que atualmente participa do O POVO Educação com 40 alunos e dez professores correspondentes. O coordenador de Comunicação Comunitária da rede, João Bento, afirma que a iniciativa tem cooperado para o desenvolvimento da juventude na superação de vulnerabilidades sociais. “A discussão sobre cultura de paz é essencial para nós porque visa à redução de desigualdades e a superação das vulnerabilidades e da letalidade as quais a juventude está exposta, especialmente a juventude negra e periférica”, pontua. A Rede Cuca, que possui cursos de formação nas áreas de Ciência, Artes e Esporte, alinha as atividades trabalhadas nos centros educativos às discussões propostas pelo programa há três edições do projeto, colaborando na multiplicação do conteúdo ensinado e produzido pelos correspondentes.

“O programa tem conseguido gerar oportunidades para os jovens que participam e também para a própria equipe, pois a oportunidade de estar em contato com profissionais de educação e de comunicação do grupo O POVO sempre foi um aspecto diferencial para a qualificação do nosso trabalho e para a ge nte conseguir ampliar a promoção dos direitos da juventude através da comunicação. Os próprios alunos conseguem se apropriar desse tema e dar outra conotação mais profunda e significativa a ele, através das experiências individuais de cada um deles, que são muito valorizadas dentro do projeto”, completa João.

Covid-19: novas abordagens em um novo mundo Por causa do distanciamento social, o programa O POVO Educação ganhou novos contornos educacionais, investindo em formações a distância para manter os alunos produtivos e engajados. As expedições e oficinas presenciais se transformaram em webnários, oficinas digitais e palestras online. Segundo João Bento, apesar de inesperada, a mudança serviu para tornar o programa mais acessível para alunos que possuíam dificuldade de locomoção, e o aproveitamento está sendo de 100%. “A turma que estava participando da última edição conseguiu concluir a formação no mês de junho, e agora aguardamos orientações da prefeitura para seguir com o próximo grupo. Temos certeza que essa experiência nos trará debates muito férteis sobre redes sociais, adaptabilidade e os desafios que ainda temos para superar a exclusão sociodigital”, ressalta.



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