Raio X - Economia do Mar

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A ECONOMIA MOVE O MUNDO. Com forte vocação marítima, o Estado desponta como destaque no cenário nacional e internacional. São 249 mil km² de mar e um conjunto de características naturais, estruturais e institucionais que impulsionam o “Ceará Azul”. Conheça o potencial da economia do mar

ECONOMIA DO MAR FORTALEZA - CEARÁ, SÁBADO, 26 DE NOVEMBRO DE 2022

O Ceará possui 249 mil km² de mar, quase 170% a mais do que sua ocupação terrestre, tem vantagens para se destacar nesse novo cenário mundial, com possibilidade de ser conhecido como o Ceará Azul. Esse universo se abre para além das tradicionais vocações do Estado ligadas ao turismo, à gastronomia e à cultura. O Ceará passa a ter, a partir da Economia do Mar, um novo modelo de desenvolvimento econômico sustentável, nas regiões litorâneas e das encostas, com alicerces ambientais e sociais bem definidos.

É sobre esse potencial que é visível aos olhos e por isso ainda mais próspero que este caderno especial se debruça. Com o perdão do trocadilho, mergulhamos na Economia do Mar. Em conversa com o secretário executivo de Regionalização e Modernização, Celio Fernando, apontamos a lição de casa do Estado em curto prazo: avançar na pesca industrial e artesanal. Já a médio e longo prazos a estratégia é avançar no planejamento espacial marinho e definir ações e investimentos que estabeleçam bases para a redução dos hiatos socioambientais no Estado.

A doutora em Ciências del Mar pela Universitat de Barcelona e Universitat Politecnica de Catalunya na Espanha, professora Maria Ozilea Bezerra Menezes, defende que “o crescimento da economia do mar só será efetivo se tiver como base o conhecimento científico. À medida que o conhecimento aumenta, vão aumentar as possibilidades de crescimento da economia do mar enquanto fonte de recursos. Portanto, é fundamental apoiar investimentos nas ciências do mar.”

Já o secretário de Meio Ambiente do Ceará, Artur Bruno, aponta os desafios, internacionalização e projeções para o setor. Ainda nas páginas a seguir, um infográfico apresenta de forma didática as principais atividades da economia do mar e por que ela movimenta de forma tão intensa o Estado.

FORTALEZA - CEARÁ, SÁBADO, 26 DE NOVEMBRO DE 2022 EMPRESA JORNALÍSTICA O POVO Presidente: Luciana Dummar Presidente-Executivo: João Dummar Neto Diretores-Executivos de jornalismo: Ana Naddaf e Erick Guimarães Diretor de Jornalismo do Sistema O POVO de Rádio: Jocélio Leal Diretor Corporativo: Cliff Villar Diretora de Gente e Gestão: Cecília Eurides Direção de Negócios e Marketing: Alexandre Medina Néri Editorialista-chefe e Editor de Diversidade e Inclusão: Plínio Bortolotti Editor-Chefe de Opinião: Guálter George Assessoria de Comunicação: Daniela Nogueira Ombudsman: Juliana Matos Brito Estratégia e Relacionamento: Adryana Joca Diretor de Estratégia Digital: André Filipe Dummar de Azevedo PROJETO RAIO X Concepção e Coordenador Geral: Cliff Villar Coordenadora de Operações: Vanessa Fugi Gerente de marketing: Natércia Melo Analista de Projetos: Dandara Batista Analista de mídias: Fernando Diego Gerente-geral O POVO Lab: Gil Dicelli Editora-executiva O POVO Lab: Paula Lima Editora-adjunta O POVO Lab: Ana Beatriz Caldas Textos: Carol Kossling e Ana Beatriz Caldas Editora de arte: Renata Viana Gerente Executiva de Projetos: Lela Pinheiro Analista de Projetos: Hérica de Paula Diretor Geral de Negócios, Marketing e Projetos Especiais: Alexandre Medina Néri Assessora de Comunicação: Daniela Nogueira Estratégia e Relacionamento: Adryana Joca 01
EXPEDIENTE
CAMILA DE ALMEIDA EM14/07/2016
ECONOMIA DO MAR

ENTENDA O RAIO X

FORTALEZA - CEARÁ, SÁBADO, 26 DE NOVEMBRO DE 2022 3 ECONOMIA DO MAR ECONOMIA DO CONHECIMENTO ECONOMIA E POLÍTICAS PÚBLICAS ECONOMIA DA INOVAÇÃO 03 02 04
Projeto Raio X escaneia a economia, as inovações e as políticas públicas que fazem do Ceará um estado único. O projeto apresenta as perspectivas dos mercados frente ao crescimento da economia nacional. É leitura essencial para empresários em geral, pequenas e médias empresas, executivos financeiros e administrativos, instituições de fomento, administradores de empresas, gestores públicos, economistas e contadores, profissionais que desenvolvem trabalhos na área
Especialistas
diversas
dinâmico
O
de inovação em negócios.
de
áreas reúnem-se para revelar um Ceará complexo,
e repleto de potencial.
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Acompanhe também o webinar Raio X, cinco programas de rádio e, ainda, três lives e três programas de TV. Acesse: especiais.opovo.com.br/raiox
JULIO CAESAR

ECONOMIA DO MAR E O FUTURO DO LITORAL CEARENSE

ESTÁ EM OPERAÇÃO UM NOVO MODELO de desenvolvimento econômico sustentável mundial pautado na Década do Oceano, até 2030, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU)

O mundo todo está falando em Economia do Mar, mas o que isso significa na prática? A Economia do Mar pode ser considerada um HyperCluster, ou na linguagem mais simples, é a integração dos arranjos produtivos que fazem uso dos recursos naturais do mar.

A Economia Azul ou Blue Economy amplia a percepção para que esse uso seja ordenado e, consequentemente, sustentável, considerando a economia com preservação e respeito à biodiversidade e às comunidades costeiras, justa e inclusiva.

Desta forma, o Ceará, que possui 249 mil km² de mar, quase 170% a mais do que sua ocupação terrestre, tem vantagens para se destacar nesse novo cenário mundial, com possibilidade de ser conhecido como o Ceará Azul.

Além das tradicionais vocações do Estado ligadas ao turismo, a gastronomia e à cultura, ele passa a ter, a partir da Economia do Mar, um novo modelo de desenvolvimento econômico sustentável, nas regiões litorâneas e das encostas, com alicerces ambientais e sociais bem definidos.

2022: O ANO DA CONSOLIDAÇÃO DO TEMA

Para o titular da Secretaria Executiva de Regionalização e Modernização, Célio Fernando Bezerra Melo, são muitos os avanços obtidos nos últimos tempos para dois municípios, Caucaia e Fortaleza, na aliança pela cultura do Mar junto a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

“Tivemos a ampliação do Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio. E muitas ações em curso pela Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema) que já deveria se chamar de Semar, Secretária do Meio Ambiente e do Mar”, afirma Melo.

Entre as novidades para o Estado, o titular da pasta cita atividades no Porto do Pecém e o Hub do Hidrogênio, além das dessalinizadoras, do turismo náutico na Zona Costeira, dos esportes náuticos e dos cabos transoceânicos.

“Tem também ações nos mangues, berçário dos oceanos, na educação ambiental voltada para o mar, na atração e promoção de energias offshore e da indústria pesqueira. O horizonte de ações tem se ampliado fortemente nos últimos anos, sendo a maior referência o Planejamento Espacial Marinho respaldado pelo Atlas Costeiro e Marinho, único no País nesse recorte”, ressalta.

Este ano, segundo Luis Ernesto Bezerra, professor do Instituto de Ciências do Mar da UFC e Cientista Chefe de

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Carol Kossling carolkossling@opovo.com.br

MIL KM QUADRADOS

DE MAR

O Ceará possui quase 170% a mais do que sua ocupação terrestre

Meio Ambiente do Ceará, foi de consolidação dessa visão de uso sustentável da economia do mar.

Vários avanços foram feitos nesse sentido, como a publicação de leis e decretos por parte do governo do Estado que visam proteger e garantir o uso sustentável desses recursos. Nesse sentido, pode-se citar a proposta de lei que cria a Política Estadual de Conservação e Uso Sustentável dos Recursos do Mar (PNRM) como instrumento de proteção dos ecossistemas marinhos e desenvolvimento sustentável a chamada “Lei do Mar”, que já foi aprovada nas comissões da Assembleia (Alece) e aguarda aprovação em plenário.

“Essa lei, além de proteger os ecossistemas marinhos e costeiros, visa dar segurança jurídica aos investidores. Além disso, algumas ferramentas têm sido criadas pela Sema, via Programa Cientista Chefe Meio Ambiente, como a Plataforma Estadual de Dados Espaciais Ambientais (Pedea)”, destaca.

O Pedea consiste numa plataforma online que reúne mais de 260 informações sobre a zona Costeira e Marinha do Estado, e que vai ajudar no Planejamento Espacial Marinho, ordenando as atividades que serão

realizadas, especialmente as ligadas à economia do mar.

SETORES

Outras atividades foram bem trabalhadas nesse ano no Estado, como destaca Rômulo Alexandre Soares, presidente do Instituto Winds For Future (W4F) e membro da Câmara Setorial de Economia do Mar, além dos excelentes resultados na pesca, as atividades na questão logística e portuária com crescimento nas operações de portos.

“Relacionado a questão do hidrogênio, nós temos uma grande expectativa e perspectiva associada à geração de energias renováveis. Nós temos hoje uma série de projetos concebidos para projetos eólicos para funcionarem offshore e que ganha especial atenção nessa nova perspectiva do hidrogênio verde”, prevê.

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ECONOMIA DO MAR “A EXPECTATIVA É QUE NÓS CONSIGAMOS NOS PRÓXIMOS MESES FECHAR O SANEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO DO LITORAL” “RELACIONADO A QUESTÃO DO HIDROGÊNIO, NÓS TEMOS UMA GRANDE EXPECTATIVA E PERSPECTIVA ASSOCIADA À GERAÇÃO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS.” FCO FONTENELE A Economia Azul ou Blue Economy amplia a percepção para que esse uso seja ordenado e, consequentemente, sustentável

OBSTÁCULOS E PRÓXIMOS PASSOS

Atualmente, para Célio Fernando, o principal obstáculo é a institucionalização por Lei Estadual dos dispositivos de ordenamento do uso e convivência democrática com as mais de 300 comunidades costeiras cadastradas na Sema.

O secretário Celio Fernando acredita que, a curto prazo, a lição de casa do Estado é avançar na pesca industrial e artesanal. Já a médio e longo prazos, avançar no planejamento espacial marinho e definir ações e investimentos que estabeleçam bases para a redução dos hiatos socioambientais no Estado.

Rômulo explica que o ambiente costeiro envolve diversos conflitos, interesses e oportunidades e o Ceará conseguiu avançar bastante no mapeamento e na governança do Espaço Marinho. Quer seja com políticas que asseguram o uso sustentável de recursos naturais e conservação, quer seja na formulação de um zoneamento ecológico econômico.

“A expectativa é que nós consigamos nos próximos meses fechar o saneamento ecológico econômico do litoral e o mapeamento dos diversos atributos e dos diversos recursos no Espaço Marinho Cearense”, antecipa o presidente do W4F.

ÁREAS TRABALHADAS E RECURSOS

Entre os eixos temáticos trabalhados relativos ao mar no Ceará estão os setores de pesca e indústria do pescado; aquicultura; biotecnologia marinha; energias renováveis; recursos minerais; turismo; lazer e desportos; reparos e construção naval. Eles já apresentam algum nível de desenvolvimento, que deverá ser estruturado e ampliado nos próximos anos.

O Governo, por meio do programa Cientista Chefe do Meio Ambiente, priorizou estudos em relação ao mar e sua costa nos últimos anos. Foram criados produtos para proporcionar um ambiente para o desenvolvimento econômico do

mar, com geração de renda e emprego e que tenha um olhar de preservação e manutenção da beleza natural cearense, premissas da Economia Azul.

Um exemplo é o Atlas Digital Costeiro e Marinho do Ceará, desenvolvido pelo Programa Cientista-Chefe. Em formato online, ele tem atualizações constantes na Plataforma Estadual de Dados Espaciais (Pede).

Outra fonte de estudos que tem ajudado a formatação da Economia do Mar no Estado é o Fortaleza 2040, que traz a agenda da Economia do Mar há alguns anos. E o Ceará 2050, que tem muitos estudos como tema o mar.

FORTALEZA - CEARÁ, SÁBADO, 26 DE NOVEMBRO DE 2022 6 “A EXPECTATIVA É QUE NÓS CONSIGAMOS NOS PRÓXIMOS MESES FECHAR O SANEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO DO LITORAL” FCO FONTENELE

ECONOMIA DO

MAR,

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

ARTIGO

A economia do mar sustentável precisa de inovação e desenvolvimento científico e tecnológico. Projeta-se promover a pesquisa do mar nas universidades em todas as áreas do saber (ciências naturais, engenharias, ciências sociais e humanas, cultura, arte e desporto) e ainda células multidisciplinares que respondam a questões complexas e transversais priorizando os investimentos de acordo com as opções estratégicas de desenvolvimento da economia do mar.

Capacitação tecnológica e um quadro de suporte de Pesqu isa, Desenvolvimento e Inovação (P,D&I) para a pesquisa aplicada aos usos e atividades enquadradas na economia do mar. Identificação, criação e fortalecimento de redes de cooperação a nível regional, nacional e internacional na área do mar, numa lógica de complementaridade e de resposta às necessidades do setor, e, também, em áreas em que o Ceará possa dife renciar-se e afirmar-se em redes internacionais.

Investir no desenvolvimento tecnológico de suporte à economia do mar com um direcionamento para as tecnologias dedicadas ao monitoramento do mar, da atmosfera e do clima, além de conceber e construir soluções tecnológicas para demandas concretas. E também no relacionamento com o meio empresarial, garantindo a transferência de conhecimento e fomentando a inovação como meio de potenciar a economia do mar.

O crescimento da economia do mar só será efetivo se tiver como base o conhecimento científico. À medida que o conhecimento aumenta, vão aumentar as possibilidades de crescimento da economia do mar enquanto fonte de recursos. Portanto, é fundamental apoiar investimentos nas ciências do mar. Para garantir que a ciência oceânica possa apoiar plenamente os países na implantação da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, a UNESCO declarou a Década da Ciência Oceânica de 2021 a 2030.

O Relatório Mundial sobre a Ciência Oceânica da UNESCO, averiguou que os recursos destinados a esta área são de no máximo 4% do total dos recursos aplicados em pesquisa em todo o mundo. Este fato explica porque só conhecemos 10% dos oceanos, ou seja, 90% dos oceanos ainda não foram mapeados, e este pedaço abriga a maior diversidade de espécies do planeta. Além disso, o oceano estabiliza o clima global, armazena carbono absorve 30% de todas as emissões de CO2, produz mais de 50% do oxigênio da Terra, absorve 90% do calor do aquecimento global, e dá suporte direto

“ À MEDIDA QUE O CONHECIMENTO AUMENTA, VÃO AUMENTAR AS POSSIBILIDADES DE CRESCIMENTO DA ECONOMIA DO MAR ENQUANTO FONTE DE RECURSOS.”

ao bem-estar humano por meio de recursos alimentares, minerais e energéticos, além de fornecer serviços culturais e recreativos.

Para dar resposta aos desafios da década, tais como as alterações climáticas, a sobre-exploração dos recursos naturais do planeta e o declínio da sua biodiversidade, a fome e a sede, a saúde humana e dos ecossistemas e a perda de bens e saberes ligados ao património cultural oceânico, é praticamente consenso internacional que as prioridades para a pesquisa, desenvolvimento e inovação serão os seguintes temas: 1) Mudanças climáticas; 2) Poluição do mar; 3) Restauração de ecossistemas costeiros e marinhos; 4) Economia do mar circular e sustentável; 4) Descarbonização da economia; 5) Energias renováveis oceânicas e sustentabilidade; 6) Segurança alimentar; 7) Dessalinização da água do mar; 8) Saúde e bem estar através do mar; 9) Desenvolvimento tecnológico e inovação azul; 10) Educação, formação, e cultura oceânica; 11) Reindustrialização na economia do mar e digitalização do oceano; e 12) Cooperação com a governança do mar. Portanto, a economia do mar exige conhecimento multissetorial.

O modelo de desenvolvimento do oceano é vital, pois o oceano é um dos principais pilares de sustentabilidade do planeta. Neste modelo também deve-se considerar a gestão inclusiva e participativa deste recurso da natureza.

As tecnologias e ciências do mar são capazes de assessorar os setores produtivos da economia do mar. Mas é fundamental o investimento em ciência e tecnologia, aplicado de forma continuada e sustentável, garantindo ao estado e ao País independência e soberania sobre seus mares.

As ciências do mar estão no centro da transição da matriz energética, da substituição dos combustíveis fósseis por outras fontes de energia renovável, como a energia solar e energia eólica offshore, e o hidrogênio verde. É imperativa a necessidade de conhecer o oceano, e isto traz ao empreendedor e as instituições governamentais segurança jurídica ambiental, previsibilidade e mitigação de riscos operacionais. É imprescindível ter financiamento para o desenvolvimento das pesquisas nas ciências do mar e tecnologias marinhas. Um investimento significativo nesta área é também contribuir na ação climática, barrando o aquecimento global.

Profa. Maria Ozilea Bezerra Menezes

Doutora em Ciências

do Mar do Estado do Ceará.

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DO MAR
ECONOMIA
del Mar pela Universitat de Barcelona e Universitat Politecnica de Catalunya na Espanha. Possui pós-doutorado na Ente Per Le Nouve Tecnologie L’energia e L’ambiente (Roma - Itália). Atualmente é Diretora do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC). É vice-presidente da Câmara Setorial de Economia
“UM INVESTIMENTO SIGNIFICATIVO NESTA ÁREA É TAMBÉM CONTRIBUIR NA AÇÃO CLIMÁTICA, BARRANDO O AQUECIMENTO GLOBAL.”

EIXOS TEMÁTICOS DA ECONOMIA DO MAR

ENTENDA QUAIS AS PRINCIPAIS ATIVIDADES da Economia do Mar e por que ela movimenta de forma tão intensa a economia do Estado

1

PESCA E INDÚSTRIA

DO PESCADO

Prática de relevância socioeconômica das regiões costeiras, assim como do provimento de alimentos;

2

AQUICULTURA

O cultivo de organismos em meio aquático pode ser utilizado pelo comércio e, também, no desenvolvimento de técnicas inovadoras;

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BIOTECNOLOGIA MARINHA

É uma fonte promissora de bioprodutos e processos para indústrias farmacêuticas e de alimentos;

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ENERGIAS RENOVÁVEIS

O mar também pode ser utilizado como fontes de energia eólica no mar (offshore), energia das ondas e energia das marés;

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RECURSOS MINERAIS

Do petróleo até um variado elenco como areia e cascalhos utilizados na construção civil; sais de potássio e fosfato usados como fertilizantes;

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TURISMO

É o responsável por estimular o planejamento e o desenvolvimento econômico em zonas costeiras;

LAZER E DESPORTOS

Além do turismo, o mar e a zona costeira são utilizados em prol da sociedade para atividades de lazer e prática esportiva;

Municípios que fazem parte da política estadual de gerenciamento costeiro do Ceará

SETOR 1 - LITORAL LESTE

SETOR 2 - FORTALEZA E REGIÃO METROPOLITANA

REPAROS

E

CONSTRUÇÃO

indústria apresenta grande importância para o crescimento e desenvolvimento econômico e proporciona competitividade aos demais locais.

SETOR 3 - LITORAL OESTE

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1.
2.
3.
4.
5.
6.
Icapuí
Aracati
Fortim
Beberibe
Cascavel
Pindoretama
7.
8.
9.
10.
11.
Aquiraz
Eusébio
Fortaleza
Caucaia
São Gonçalo do Amarante
12.
13.
14.
15.
Paracuru
Paraipaba
Trairi
Itapipoca
16.
17.
18.
19. Cruz 20.
21.
22.
23.
SETOR 4 - LITORAL EXTREMO OESTE
Amontada
Itarema
Acaraú
Jijoca de Jericoacoara
Camocim
Barroquinha
Chaval
7
8
FONTE: CIENTISTA CHEFE MEIO AMBIENTE ESTADOS Ceará Pará Rio Grande do Norte Santa Catarina Bahia São Paulo Paraná TOTAL VALOR US$ 58.683.709 US$ 54.567.411 US$ 35.028.597 US$ 19.361.338 US$ 18.906.939 US$ 11.689.014 US$ 10.819.783 TOTAL PARTICIPAÇÃO 23,82% 22,15% 14,22% 7,86% 7,67% 4,74% 4,39% TOTAL VARIAÇÃO ANUAL -9,2% 2,9% 15,9% 29,0% -3,6% 52,6% 317,6% 8,7% DESEMPENHO ESTADUAL FONTE: OBSERVATÓRIO DA INDÚSTRIA A PARTIR DE DADOS DO CENTRO INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS DO CEARÁ - CIN, 2022
NAVAL Esta

KITESURFISTAS VELEJANTES

FORTALEZA - CEARÁ, SÁBADO, 26 DE NOVEMBRO DE 2022 9 ECONOMIA DO MAR
Esse
884 PAÍS Estados Unidos China Austrália Taiwan (Formosa) Canadá Japão Cingapura TOTAL VALOR DO ANO US$
% 62,75% 11,01% 6,64% 4,02% 2,30% 2,26% 2,20% 100,00% VARIAÇÃO -11,2% -36,1% -19,7% 36,2% -32,0% 762,6% 1817,1% -9,2% parceiros comerciais NÚMERO DE PARCEIROS: 37 FONTE: OBSERVATÓRIO DA INDÚSTRIA A PARTIR DE DADOS DO CENTRO INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS DO CEARÁ - CIN, 2022
é o recorde atingido em setembro deste ano, na Praia do Cumbuco (Ceará) do maior número de atletas velejando ao mesmo tempo.
36.826.396 US$ 6.463.894 US$ 3.896.730 US$ 2.358.821 US$ 1.347.345 US$ 1.323.799 US$ 1.293.966 US$ 58.683.709

CEARÁ AZUL E A TRANSFORMAÇÃO DA ECONOMIA LOCAL

A economia do mar foi considerada pela Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet) um dos 12 clusters prioritários para acelerar o desenvolvimento econômico do Ceará. O setor produtivo é amplo e engloba turismo, tecnologia, inovação, esportes, pesca e geração de energias renováveis, entre outros.

Com forte vocação para essas e outras atividades ligadas à força do oceano, o Estado desponta como destaque no cenário nacional e internacional. São 249 mil km² de mar e um conjunto de características naturais, estruturais e institucionais que impulsionam o “Ceará Azul”, como é chamado o território marinho do Estado. O POVO conversou com o secretário de Meio Ambiente do Ceará, Artur Bruno, sobre potencialidades e projeções para o setor nos próximos anos.

O POVO - Quais aspectos e setores da economia do mar se destacam no Ceará?

Quais os diferenciais do Estado em relação a outros estados litorâneos do Brasil?

Artur Bruno - Primeiro, o tamanho do litoral: são 573km, e há estudos que apontam que esse número pode ser até maior. São 17 estados com litoral e nós somos um dos maiores. Temos águas quentes o ano inteiro, o que é uma preciosidade. O turismo acontece o ano todo, porque nossas águas não ficam frias, o que é muito atraente para o turista. Também temos ventos fortes e constantes, o que é interessante sobretudo para o kitesurf, que tem atraído turistas do mundo inteiro para cá,

FORTALEZA - CEARÁ, SÁBADO, 26 DE NOVEMBRO DE 2022 10
ECONOMIA DO MAR desponta como um dos principais pontos de atenção e investimento para o crescimento econômico do Estado Ana Beatriz Caldas beatriz.caldas@opovo.com.br
“ESTAMOS MUITO ESPERANÇOSOS QUE O BRASIL VOLTARÁ A PRIORIZAR AS POLÍTICAS AMBIENTAIS”

mas também para o surf e outros esportes aquáticos.

Além disso, o Ceará é hoje o estado que mais exporta no setor pesqueiro. Também temos grandes possibilidades para usinas offshore, mas elas precisam ser muito bem pensadas para não gerar prejuízo nem para a fauna, nem para a flora, nem para o turismo. Essas usinas são fundamentais para o hub de hidrogênio verde, e temos trabalhado junto com a Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho e a Secretaria do Turismo para desenvolver o estado de forma sustentável, gerando emprego e renda e preservando a natureza.

OP - E quais os desafios?

Artur - Estamos muito esperançosos que o Brasil voltará a priorizar as políticas ambientais. O Brasil foi referência política ambiental durante bastante tempo, com boas ações de preservação e leis rigorosas, mas no governo Bolsonaro nós tivemos o abandono dessas políticas e o enfraquecimento das entidades públicas de fiscalização e licenciamento. Estamos numa expectativa positiva que isso voltará a ser prioridade. A presença do presidente Lula na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27) mostra que o Brasil quer voltar a liderar e ser uma potência ambiental; nós temos a possibilidade de recuperar esses prestígio e conseguir recursos. Estamos na década que foi considerada pela Unesco a Década da Ciência Oceânica (20212030), e é importante lembrar que a vegetação também está presente no mar. Então, o mar precisa ter saúde, vegetação e condições de absorver carbono. Isso é fundamental para evitar mudanças e catástrofes climáticas.

OP - A governadora Izolda Cela e alguns membros do Governo do Estado também participaram da COP27. O que essa participação pode trazer de positivo para o Ceará?

Artur - Nós defendemos que a saúde do mar e os cuidados com o oceano se tornem a pauta principal da próxima COP. É nosso objetivo defender que

o oceano seja prioridade. A COP é um momento muito importante em relação ao financiamento de fundos ambientais, em relação a como os países envolvidos podem utilizar seus recursos, sobretudo, para auxiliar países subdesenvolvidos, evitar o aumento excessivo de efeito-estufa e manter a floresta em pé. Estando lá, defendemos que a prioridade do debate sejam pautas relacionadas ao mar, porque cuidando dele, cuidamos do planeta, já que ele é um produtor de oxigênio e um captador de carbono. A vida nasceu no mar.

OP - São 573km de costa disponíveis para atividades empresariais, industriais, esportivas e de lazer. No que ainda podemos nos destacar? Quais as atividades promissoras e projeções para a próxima década?

Artur - Primeiro, devemos aprofundar o desenvolvimento

sustentável no que se refere às energias renováveis. O Ceará será um hub de hidrogênio verde, tanto pelas questões naturais quanto pela estrutura montada nos últimos anos, a ZPE, o Porto do Pecém. Seremos uma potência nisso. A outra é, pelo tamanho do nosso mar, investir na modernização da pesca, pois já somos um grande produtor e podemos ser muito maiores.

O turismo, que já é importante, pode ser melhor qualificado. E ele também é fundamental para a preservação de áreas de preservação permanente, como dunas, mangues, matas ciliares dos rios e falésias. O turista vem ver a natureza, resort tem em qualquer lugar do mundo. Ele vem pela beleza, então temos que cuidar dela. Também devemos investir fortemente nos esportes náuticos, que é uma área muito promissora, e na energia das marés, que é uma forma de energia limpa.

Além disso, devemos aproveitar a possibilidade que a Cagece nos oferece de utilizar água de reuso para as empresas de hidrogênio. Assim, ao mesmo tempo que o mar ficará mais limpo, teremos auxílio na produção do hidrogênio verde, que ficará mais barata.

OP - Recentemente, o secretário de Estado do Mar de Portugal esteve no Ceará para discutir parcerias e potencialidades dos dois mercados. Quais as expectativas nesse sentido? De que maneira a economia

do mar projeta o Ceará internacionalmente?

Artur - Acho que o Ceará já está se preparando para isso, tanto do ponto de vista de estrutura física quanto institucional - em termos de legislação, planos, a gente está bem avançado. Hoje somos o estado do País que mais tem trabalhado o planejamento costeiro e marinho. E os grandes players, os grupos internacionais de fundos de investimento só investem em espaços que tenham um planejamento, uma visão de desenvolvimento sustentável. Então, a minha expectativa é a melhor possível.

O fato de termos governos de continuidade, estabilidade política e institucional ajuda muito. Desde 1987, no primeiro governo Tasso (Jereissati), temos uma continuidade de políticas que têm sido aperfeiçoadas, que têm se desenvolvido cada vez mais. O Ceará é um estado enxuto, organizado, com boa governança e muita participação da sociedade. Não conheço nenhum estado que tenha integração tão forte entre a sociedade, o governo e academia.

OP - E quais as expectativas para o governo Elmano?

Artur - Não se mexe em time que tá dando certo. Acho que haverá políticas para aperfeiçoar alguns dos programas que já existem, o que é bom, mas creio que o eixo de desenvolvimento sustentável será mantido.

FORTALEZA - CEARÁ, SÁBADO, 26 DE NOVEMBRO DE 2022 11 ECONOMIA DO MAR
“O TURISTA VEM VER A NATUREZA, RESORT TEM EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO”
ALEX GOMES EM 14/12/2018
Secretário de Meio Ambiente do Ceará, Artur Bruno, fala do setor produtivo que engloba turismo, tecnologia, inovação, esportes, pesca e geração de energias renováveis, entre outros

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