Raio X - Caderno da Inovação

JÚLIO CAESAR

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INOVAÇÃO É DESENVOLVIMENTO

ECONOMIA DA INOVAÇÃO

“A inovação normalmente está relacionada com um conjunto de mudanças ou aperfeiçoamentos em modelos de negócios, produtos, processos ou sistemas de produção que resultem em ganhos de eficiência. Um dos maiores pensadores da inovação, o economista austríaco Joseph Schumpeter, defendia que a inovação seria o motor do crescimento econômico, ele também reforçava que Inovação é tudo aquilo que cria valor, criando uma demarcação em relação às ‘novidades’ que não agregavam”, esclarece Lauro Chaves, presidente da Academia Cearense de Economia, em artigo nas páginas a seguir. Para dar conta desse cenário que desenha um Ceará inovador, conversamos com o presidente da Adece, Francisco Rabelo, que afirma que um dos maiores desafios do Ceará é reduzir os índices de desigualdades que a pandemia ajudou a gerar uma visibilidade ainda maior, embora ressalte as políticas sociais que têm impacto sobre as populações de baixa renda. Para ele, o crescimento disruptivo dos próximos anos será capaz de acelerar o desenvolvimento social e econômico do Estado.

Também apresentamos os desafios da plataforma colaborativa Ceará 2050. Impulsionar a economia tem como base, de acordo com o projeto, conseguir atingir para a população um nível máximo de excelência em qualidade de vida. Para isso se tornar possível, é necessário levar em conta setores fundamentais como saúde, educação, cultura, bem-estar, engajamento comunitário e meio ambiente. Boa leitura!

ENTENDA

O RAIO X

O Projeto Raio X escaneia a economia, as inovações e as políticas públicas que fazem do Ceará um Estado único. O projeto apresenta as perspectivas dos mercados frente ao crescimento da economia nacional.

É leitura essencial para empresários em geral, pequenas e médias empresas, executivos financeiros e administrativos, instituições de fomento, administradores de empresas, gestores públicos, economistas e contadores, profissionais que desenvolvem trabalhos na área de inovação em negócios.

Especialistas de diversas áreas reúnem-se para revelar um Ceará complexo, dinâmico e repleto de potencial.

Acompanhe também o webinar Raio X, cinco programas de rádio e, ainda, três lives e três programas de TV.

Acesse: especiais.opovo.com.br/raiox

TECNOLOGIA E GESTÃO IMPULSIONAM INOVAÇÃO

ESTRATÉGIAS

do

A Economia é uma ciência. Tudo gira em torno de processos e nada é em vão. Falar de inovação é falar de novidades, de pensar possibilidades para o presente e futuro. Não é à toa que a tecnologia é uma forte aliada da inovação, principalmente na economia.

O Ceará é um estado que possui muitas opções que o tornam um forte candidato a ser um dos estados mais inovadores do Brasil. Em novembro de 2022, o Governo do Ceará, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet) e da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), foi o único da federação a participar do Web Summit 2022 em Lisboa. O evento é considerado o maior de tecnologia e inovação do mundo.

O Estado esteve representado no Pavilhão Brasil, organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Na ocasião, Francisco Rabelo, presidente da Adece, comentou sobre a participação do Governo estadual no evento: “Nossa participação tem o objetivo de prospectar negócios nos setores priorizados pelo Ceará e apoiar startups cearenses”, comentou. Um dos pontos de destaque do Governo do Estado no evento foi a apresentação na Masterclass, onde o Ceará pôde ser revelado a potenciais investidores estrangeiros.

Três startups cearenses com melhores classificações no Programa Clusters de Inovação também participaram do Web Summit 2022, com apoio do Governo do Ceará e do Sebrae Ceará. As startups IDSoft, Pesse e Ortusolis são dos segmentos de Energias Renováveis, Logística e Cadeia Produtiva da Saúde, respectivamente. Também estiveram presentes a Gnomon, do setor de Turismo, o The Guardian Dog Studio (TGD) e o Lumo Entertainment, do setor de jogos.

O Sebrae Ceará, a Câmara de Comércio e Indústria Brasil Portugal Ceará, a Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil e o Instituto Federal do Ceará (IFCE) foram parceiros do Governo do Estado no evento.

O executivo de Comércio, Serviços e Inovação da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Júlio Cavalcante, fala sobre a economia da inovação no âmbito estadual. Para ele, na área de gestão, de negócios, as coisas vão se consolidando e sendo construídas. “O que a gente tem percebido é que com esse movimento mais rápido que o mundo tem pela globalização, pelas pressões que acontecem para que as empresas gerem resultados e pela própria demanda do consumidor, as empresas têm que ser muito ágeis”, comentou.

essas corporações não têm a agilidade necessária para esse novo mundo”, conclui. Ele continua falando que o Ceará possui um movimento de apoiar as startups com empresas como M. Dias Branco. “Aqui no Estado, começamos com a iniciativa do Governo do Ceará junto a Secitece e a Sedet para tentar fazer com que a inovação possa ser utilizada para resolver um grande problema que nós temos, que é melhorar o desenvolvimento econômico social”, explica.

Ainda segundo a análise de Cavalcante, a economia do Estado tem uma limitação quando se trata de gerar oportunidades e melhorar a qualidade dessas posssibilidades para os cearenses. Mesmo assim, ele explica que nos últimos 30 anos o Ceará teve uma série de bons resultados de políticas governamentais, como o equilíbrio fiscal, a melhoria da educação e a política de recursos hídricos.

PROJETO CEARÁ 2050

A elaboração da Plataforma Ceará 2050 foi anunciada em 2 de outubro de 2017, pelo então governador do Estado, Camilo Santana. A partir daí começou a pactuação entre governo, municípios, entidades, movimentos sociais e sociedade civil para planejar o Estado em 2050. A elaboração do Plano teve a coordenação da Universidade Federal do Ceará (UFC), da equipe técnica da Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag) e do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

O Ceará 2050 foi criado para pensar e planejar o futuro. A plataforma é colaborativa e visa o planejamento estratégico a longo prazo. Segundo o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenador do Projeto Ceará 2050, Barros Neto, “a proposta do Ceará 2050 é pensar o Estado para os próximos 30 anos então, nesse momento, você acaba investindo tempo, otimizando os recursos, definindo quais são as grandes áreas, quais são os eixos de desenvolvimento em que o Estado vai se desenvolver”.

Para pensar e planejar os próximos passos que serão tomados no Estado, o Ceará 2050 foi dividido em cinco fases essenciais. Cada uma delas tem um propósito dentro do projeto.

ECONOMIA

AS 5 FASES DO PROJETO CEARÁ 2050

1 - DO PASSADO AO PRESENTE: DIAGNÓSTICO

Na primeira etapa é realizada uma análise dos últimos 30 anos até os dias de hoje no Ceará. Assim, será possível identificar os principais problemas e aspectos positivos que vêm influenciando o desenvolvimento do nosso Estado.

2 - OS EXEMPLOS PELO MUNDO: ANÁLISE EXTERNA E CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS

O segundo passo é expandir os horizontes e olhar para fora. Mapear e avaliar as soluções já testadas no mundo e identificar o que pode ser aplicado à realidade do Ceará. Para isso, foram estabelecidos cenários nos contextos social, econômico, ambiental e de governo como referência.

3 - OBJETIVOS PARA O NOSSO FUTURO: ELABORAÇÃO DA VISÃO DE FUTURO E OBJETIVOS ESTRATÉGICOS

A Visão do Ceará em 2050 é uma proposta, com os objetivos a serem alcançados, indicadores e metas, que conta com o envolvimento das 14 regiões do Ceará e de todos os setores da população.

4 - DEFININDO CAMINHOS: CONCEPÇÃO DE PROJETOS ESTRATÉGICOS

Reunir propostas, objetivos, caminhos e visão de futuro para definir estratégias para um grande e detalhado projeto a ser seguido nos próximos 30 anos.

5 - MUDANDO DE ETAPA: CONSOLIDAÇÃO DOS PERCURSOS E DOS PROJETOS

Apresentação dos resultados das etapas percorridas. Momento de consolidação dos estudos e da escuta da sociedade em um evento que dá início a uma nova fase: tempo de iniciar juntos as mudanças visando um Ceará melhor.

NOVA FASE DO CEARÁ 2050

Atualmente, de acordo com Barros Neto, o projeto está em uma segunda fase que trata da implantação da governança. A governança compartilhada desse projeto é um dos itens da primeira fase do Projeto Ceará 2050. A implantação é executada para que o planejamento se mantenha após a sinalização do trabalho que está sendo realizado. A ideia da coordenação do Projeto Ceará 2050 é criar estruturas que gerenciem essa questão. Segundo Barros Neto, algumas dessas estruturas são: o Comitê Estratégico, com lideranças do Estado; o Fórum Permanente, que será representado por várias instituições do Estado, debatendo vários temas; Fóruns no Interior, que discutirão problemas relacionados aos interesses daquela região. “Também será criada uma secretaria que dará todo apoio operacional e há proposta para o desenvolvimento de uma plataforma que reunirá todos os indicadores, projetos e estratégias do Ceará 2050, para que haja um acompanhamento tanto internamente como externamente pela população”, informa o coordenador.

Plataforma do Ceará 2050 é colaborativa e visa o planejamento estratégico a longo prazo. Projeto definiu grandes áreas e eixos de desenvolvimento para os próximos 30 anos

OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DO CEARÁ 2050

VALOR PARA A SOCIEDADE

“Trata-se do desenvolvimento das dimensões da qualidade de vida com crescimento econômico ambientalmente sustentável e redução expressiva das desigualdades sociais e regionais.”

EXCELÊNCIA EM QUALIDADE

DE VIDA E BEM-ESTAR De acordo com o projeto, esse é o principal objetivo do Ceará 2050. Todos os demais estão pautados em conseguir atingir para a população um nível máximo de excelência em qualidade de vida. Para isso se tornar possível, é necessário levar em conta setores fundamentais como saúde, educação, cultura, bemestar, engajamento comunitário e meio ambiente.

REDUÇÃO RADICAL DA POBREZA E DAS DESIGUALDADES EM BUSCA DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL

O projeto Ceará 2050 discute os objetivos estratégicos visando elevar a qualidade de vida da população cearense. Este segundo objetivo, pretende reduzir radicalmente a pobreza, o desemprego, as desigualdades sociais, além da busca efetiva pela elevação da renda per capita, buscando estar entre os melhores níveis do País.

ACELERAÇÃO ECONÔMICA COM ÊNFASE NA AMPLA PROSPERIDADE COMPARTILHADA

Os objetivos estratégicos estabelecidos para a Plataforma Ceará 2050 encaixamse em cinco grandes áreas de resultado, que estão descritas neste texto. A terceira delas aqui abordada é a de Valor para a Sociedade, voltada para

o desenvolvimento da qualidade de vida em diferentes âmbitos. Um dos propósitos para essa área, dentro dos próximos 30 anos, é o de ser líder nacional no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), por meio da atração sustentável de investimentos alavancados por instituições de reconhecimento global, pela inovação, tecnologia e capacitação.

DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL INTELIGENTE E INTEGRADO À LUZ DE SUAS VOCAÇÕES E POTENCIALIDADES

Outro objetivo estratégico é desenvolver o território cearense de forma inteligente e integrada, com a valorização das potencialidades de cada região do Estado. A intenção é promover o equilíbrio territorial cearense a partir do conceito de polos regionais, com base em cidades inteligentes que sejam interconectadas e sustentáveis.

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL COM RESILIÊNCIA E RESPEITO ÀS GERAÇÕES FUTURAS

O quinto e último objetivo da área “valor para a sociedade” trata de sustentabilidade ambiental, resiliência e respeito às gerações futuras. A ideia é que o Ceará torne-se referência na recuperação de suas áreas degradadas, a partir da boa gestão da biodiversidade e da ampliação da capacidade de convivência com as secas.

CADEIAS PRODUTIVAS

“Esta parte do pensamento estratégico dos objetivos trata da reinvenção setorial com aproveitamento das vantagens competitivas do Estado e das oportunidades de integração nacional e internacional.”

POSICIONAMENTO DE VANGUARDA NO NOVO AMBIENTE DA INDÚSTRIA 4.0

A convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas é o que marca a quarta revolução industrial. Assim, o primeiro objetivo da área “cadeias produtivas” sinaliza que o Ceará deverá, ao longo dos próximos anos, posicionar-se na dianteira da produção de bens e prestação de serviços. Os impactos dessa transformação serão sentidos em todos os âmbitos de desenvolvimento do nosso Estado.

TURISMO CEARENSE COMO REFERÊNCIA INTERNACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Unir turismo e desenvolvimento sustentável é um dos objetivos do projeto. Roteiros turísticos integrados e sustentáveis, planejamento de produtos, potencialização das vocações naturais e culturais dos diferentes territórios, promoção de oportunidades de trabalho e negócios são alguns dos pontos colocados no objetivo estratégico que une turismo e desenvolvimento sustentável para o Estado.

DESENVOLVIMENTO DA AGROPECUÁRIA E DO EXTRATIVISMO SUSTENTÁVEL DE ALTO VALOR AGREGADO

A agropecuária e o extrativismo fazem parte das atividades econômicas fortes do Ceará. O desafio para os próximos 30 anos é

OS OBJETIVOS ESTRATÉGICOS do Projeto Ceará 2050 estão dispostos no Mapa da Estratégia disponibilizado pela Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag)

fortalecer essas atividades de modo sustentável e inovador, para produzir mais alimentos e bens a partir das potencialidades de cada região.

CAPITAL HUMANO

DE ENERGIA LIMPA E RENOVÁVEL COM DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DE REFERÊNCIA

PRODUÇÃO

INTERNACIONAL

Está cada vez mais comum associar o Ceará à produção de energia limpa e renovável como a eólica, solar e de biocombustíveis. O Estado é rico e tem em abundância matérias-primas que sustentam essas fontes de energia.

CENTRO FOCAL DA INFRAESTRUTURA

LOGÍSTICA MULTIMODAL DO PAÍS, VALORIZANDO A POSIÇÃO GEOGRÁFICA DO CEARÁ

O Estado tem uma posição extremamente estratégica para a chegada de aeronaves e embarcações. É por isso que, para aproveitar essa vantagem geográfica, um dos objetivos é ter o melhor sistema de infraestruturas resilientes e de logística multimodal do País, incluindo ferrovias, rodovias, portos, aeroportos e outros equipamentos que se apresentem como necessários.

Planejamento para que os impactos causados pelas mudanças climáticas sejam cada vez menores no Ceará. Por isso, é preciso considerar a irregularidade das chuvas no Estado para pensar em estratégias que evitem a falta de água. Também é importante realizar o uso eficiente da água para alcançar esse objetivo.

ECONOMIA DA SAÚDE COMO FATOR DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL

Estado, profissionais, estabelecimentos e financiadores da saúde podem acelerar o desenvolvimento social e econômico do Ceará. Para isso, é fundamental que haja a integração do ensino, da pesquisa, da ciência, tecnologia e inovação.

POLO DE INOVAÇÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Nessa área, o objetivo é tornar o Estado referência em Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), fornecer internet de alta qualidade e incentivar a criação de laboratórios de pesquisas em todas as regiões do Ceará.

ECONOMIA CRIATIVA E DO CONHECIMENTO

COMO PILAR DO DESENVOLVIMENTO DO ESTADO

Economia Criativa são atividades econômicas baseadas na cultura, na criatividade, no conhecimento e na ciência, tecnologia e inovação. Os cearenses são mestres nessas áreas e até 2050 a Economia Criativa e a Economia do Conhecimento serão ainda mais relevantes para o desenvolvimento do Ceará.

ECONOMIA DO MAR COM ALTO VALOR AGREGADO E SUSTENTABILIDADE

O mar cearense tem um grande potencial de geração de riqueza. Pesca, aquicultura, logística portuária, recursos minerais, recursos energéticos e biotecnologia são alguns setores relacionados à Economia do Mar. Agregar valor à Economia do Mar garantindo a sustentabilidade é objetivo da Plataforma Ceará 2050.

“Identidades e diversidade cultural como elemento inspirador para alavancar grupos e indivíduos inovadores, de destaque mundial, altamente preparados para liderar a construção da sociedade do conhecimento.”

VALORIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO CEARENSE COMO

DIFERENCIAL E DESTAQUE MUNDIAL

A alegria, resiliência, criatividade e a capacidade de empreender do cearense são características que também colaboram para um futuro melhor. Estar sempre em busca de melhorar o caráter produtivo, cooperativo, inovador, ético, cidadão e respeitoso com o outro, visa deixar a sociedade muito melhor.

LIDERANÇAS ALTAMENTE PREPARADAS PARA ATUAR NO CONTEXTO DAS TRANSFORMAÇÕES GLOBAIS

Um líder é capaz de inspirar muitas pessoas ao colaborar no desenvolvimento pessoal das pessoas com quem convive e no desenvolvimento dos lugares por onde transita. Preparar mais pessoas para colocar em prática essas características é uma forma de desenvolver também a sociedade cearense. Mais pessoas trabalhando juntas pelo bem comum significa uma melhor convivência e mais desenvolvimento local e global.

SOCIEDADE DO CONHECIMENTO DOTADA DO MAIOR CAPITAL INTELECTUAL DO PAÍS

O Ceará 2050 quer fortalecer grupos inovadores que geram transformações na sociedade para liderar a base de conhecimento do País. Quanto mais integradas estiverem as áreas da educação, tecnologia e os setores econômicos, maior será a empregabilidade e a produtividade.

CULTURA COMO EXPRESSÃO DE UM ESTADO RICO DE DIVERSIDADE E CONVERGÊNCIA DE PROPÓSITOS

O Ceará é cheio de cores, aromas e sabores. A identidade do cearense é marcada pela diversidade nos quatro cantos do Estado. Usar tudo isso para inspirar as transformações até 2050 pode mudar não só nossa sociedade, mas também a visão que o mundo tem sobre o Ceará.

SEGURANÇA HÍDRICA - USO EFICIENTE DE ÁGUA E RESILIÊNCIA FACE ÀS IRREGULARIDADES PLUVIAIS E MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Ensino de qualidade nas escolas e universidades é um dos principais fatores que colaboram para o fortalecimento econômico do Estado

OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DO CEARÁ 2050

SERVIÇOS AOS CIDADÃOS

“Inovações em serviços ao cidadão que promovam a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento da sociedade cearense.”

SISTEMA DE SAÚDE EFICAZ, EFICIENTE, INTERCONECTADO E INTEGRADO COMO CAMINHO PARA A EXCELÊNCIA

Todos precisam de um sistema de saúde eficaz. Sem filas, mais humano, preventivo e com atendimento em todas as regiões. É necessário assegurar um sistema de saúde interconectado e integrado para todos com alta resolutividade, atendimento humanizado, personalizado, preventivo e descentralizado.

EDUCAÇÃO TRANSFORMADORA VOLTADA PARA A UNIVERSALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO, A FORMAÇÃO CIDADÃ E O DESENVOLVIMENTO DA CRIATIVIDADE

A educação é responsável por grande parte das transformações da sociedade. Este objetivo visa ofertar uma educação de excelência mundial para todos, com modelo personalizado, ativo e adaptativo, alinhado às necessidades da sociedade cearense, empoderando a população em relação ao acesso ao conhecimento, com respeito à identidade e à diversidade local, foco na formação cidadã e no desenvolvimento de talentos, com inovação.

SEGURANÇA,

A pobreza, a desigualdade e a injustiça social violam os direitos humanos, incluindo o direito à vida e à segurança. Aqui, o objetivo é reduzir radicalmente a criminalidade e a violência em todas as suas dimensões, através de um sistema de segurança e justiça de padrão mundial, que fortaleça a cultura de paz.

ESPORTE, CULTURA E ENTRETENIMENTO COMO PROPULSORES DA FELICIDADE E

DESENVOLVIMENTO SOCIAL DO CEARÁ

O quinto objetivo da área de serviços aos cidadãos diz que é necessário transformar o esporte, a cultura e o entretenimento em elementos propulsores da felicidade, da produtividade, da identidade e diversidade, e do desenvolvimento da sociedade. Gerar mais ideias para a mudança social rumo à excelência em qualidade de vida.

AMPLO CUIDADO SOCIAL EM TODAS AS REGIÕES DO ESTADO

Cuidar de forma ampla da sociedade significa erradicar as situações de risco social e vulnerabilidade socioeconômica de pessoas, famílias e grupos minoritários nas diferentes regiões do estado. Esse é mais um dos objetivos do Ceará 2050.

CONVERGÊNCIA E INTEGRAÇÃO NA PRESTAÇÃO SOCIAL DE SERVIÇOS COM ADOÇÃO DE TECNOLOGIAS EMERGENTES

Educação, saúde, segurança, esporte e cultura devem fazer parte da vida de todo cidadão. É importante planejar cada vez mais novas formas de integrar esses serviços sociais usando a tecnologia a nosso favor. É objetivo do Ceará 2050 remodelar a prestação social de serviços de saúde, educação, segurança, esporte, cultura, assistência social etc., tendo como base a integração no planejamento, execução e controle, bem como a adoção de tecnologias emergentes.

GOVERNANÇA

“Institucionalização de uma nova governança participativa, ética, eficiente, transparente e inovadora, integrando empreendedorismo, equilíbrio fiscal, cumprimento de regras pactuadas, capacidade de investimento, cooperação e integração entre setores econômicos, academia, terceiro setor e governo.”

AMBIENTE INSTITUCIONAL E DE NEGÓCIOS DINÂMICO, COOPERATIVO E INOVADOR

É objetivo do Ceará 2050 tornar o ambiente institucional e de negócios do Ceará no mais dinâmico e inovador da América Latina, a partir do foco no empreendedorismo, no equilíbrio fiscal, no cumprimento de regras pactuadas, na capacidade de investimento, e na cooperação e integração entre agentes econômicos, academia, terceiro setor, sociedade civil e governo, valorizando organizações ágeis, flexíveis e adaptáveis e a simplificação de regulamentações. Simplificar processos para incrementar o desenvolvimento.

NOVA GOVERNANÇA DA INOVAÇÃO COMO BASE PARA ACELERAR O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO

O Ceará 2050 também tem como objetivo de governança acelerar o desenvolvimento de pólos tecnológicos e científicos, plataformas de tecnologia da informação e comunicação e novas indústrias. Incentivar esse crescimento de empreendedores e investidores pode gerar impactos positivos para o Estado, sempre pensando em como fazer isso de forma sustentável.

INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CULTURA DE GOVERNANÇA COMPARTILHADA E DE GESTÃO ORIENTADA PARA RESULTADOS

Sabemos que é impossível falar de desenvolvimento sem pensar na preservação do meio ambiente. Por isso, um dos objetivos do Ceará 2050 é que o estado se torne referência internacional em soluções de gestão ambiental para o combate à poluição, para a preservação efetiva da biodiversidade e do patrimônio natural, e para a valoração de seus serviços ecossistêmicos à sociedade. Viabilizar saneamento nas cidades e territórios rurais cearenses.

Governar com a sociedade, em uma perspectiva de longo prazo e voltada para resultados, por meio da cultura de pertencimento, cooperação, regionalização, transparência, corresponsabilidade, planejamento e controle social, de modo republicano e democrático, a partir da promoção da governança compartilhada de forma ética, inovadora e disruptiva com o engajamento de toda a sociedade cearense, comprometida e responsabilizada com a formulação, implantação e avaliação das políticas públicas. Transparência e engajamento social são ferramentas indispensáveis para o sucesso de um planejamento como o Ceará 2050.

JUSTIÇA E A CULTURA DE PAZ COMO ELEMENTOS DE TRANSFORMAÇÃO DO CEARÁ EM UM ESTADO SEGURO PARA SE VIVER

PROTEÇÃO, RECUPERAÇÃO E VALORIZAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E SANEAMENTO NAS CIDADES E TERRITÓRIOS RURAIS

ECONOMIA DO

ECONOMIA DA INOVAÇÃO

A edição de

A ECONOMIA DA INOVAÇÃO ARTIGO

A inovação normalmente está relacionada com um conjunto de mudanças ou aperfeiçoamentos em modelos de negócios, produtos, processos ou sistemas de produção que resultem em ganhos de eficiência. Um dos maiores pensadores da inovação, o economista austríaco Joseph Schumpeter, defendia que a inovação seria o motor do crescimento econômico, ele também reforçava que Inovação é tudo aquilo que cria valor, criando uma demarcação em relação às “novidades” que não agregavam.

Quando se refere ao mundo empresarial, é possível citar alguns tipos de inovações, como por exemplo: Inovações em produtos; em processos; Novas formas de organização; Novos mercados; Novos insumos; Inovações sociais e institucionais. Todas essas inovações seguem alguns pilares fundamentais, entre os quais vale lembrar do Machine Learning, do Big Data e da Internet das coisas (IoT).

Já quando se refere ao desenvolvimento territorial, a inovação constitui-se em uma das molas mestras do desenvolvimento endógeno. O arcabouço conceitual do modelo de crescimento endógeno inclui o progresso técnico como um dos seus eixos.

O desenvolvimento endógeno deve ser conceituado como um processo de melhoria do bem-estar da sociedade de um determinado território, ou seja, na melhoria de seu padrão de utilização de recursos que estão disponíveis, tanto na geração como na distribuição de valores agregados. Dessa forma, os processos de inovação e acumulação passam a ser definidos e controlados pelos agentes internos. O foco do desenvolvimento endógeno está centrado no esforço de “dentro para fora”, na mobilização de recursos e vantagens competitivas do território ou da região, além da fundamental retenção de excedentes.

Os benefícios da inovação são diversos. Promovem o uso eficiente dos recursos (humanos, financeiros, tecnológicos, operacionais) e potencializam as vantagens competitivas, buscam a valorização da marca e a melhoria nos processos, além de contribuir para a atração e retenção de talentos.

O processo inovativo precisa ser avaliado e, para isso, necessita de indicadores, tanto de esforço como de resultado, devendo também identificar se a inovação tem perfil radical ou incremental, qual a parcela de resultados oriunda de aperfeiçoamentos e adaptações de produtos ou processos já existentes e qual a decorrente de tecnologia radicalmente nova.

Em uma economia cada vez mais globalizada e conectada em redes, as organizações e os territórios dependem de encontrar roteiros inovadores para se tornar mais eficientes e competitivos. Porter defende que somente por intermédio de estratégias vitoriosas seria possível obter vantagens competitivas. Essa busca pelas vantagens competitivas só é conquistada com a inovação e o uso de novas tecnologias para produtos, processos e arranjos sociais ou institucionais.

Percebe-se então que a Inovação não é fim em si; na verdade ela é condição necessária, porém não suficiente, para se alcançar objetivos de desenvolvimento econômico, organizacional ou territorial.

Lauro Chaves Neto Professor da Uece, PHD em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona e Presidente da Academia Cearense de Economia.

“EM UMA ECONOMIA CADA VEZ MAIS GLOBALIZADA E CONECTADA EM REDES, AS ORGANIZAÇÕES E OS TERRITÓRIOS DEPENDEM DE ENCONTRAR ROTEIROS INOVADORES PARA SE TORNAR MAIS EFICIENTE”

CEARÁ, UM ESTADO NA VANGUARDA

ENTREVISTA A economia cearense será mais disruptiva nos próximos anos. É assim que Francisco Rabelo, presidente da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), avalia o cenário que também enfrenta além dos desafios econômicos, os sociais

A vantagem é ter uma construção, eu diria, de infraestrutura. De uma maneira geral, não é infraestrutura em si como a gente conversa, mas uma infraestrutura de dados, de internet, de hubs aéreos. É uma questão mais generalizada que a gente tem que entender também para fazer ver entre os players internacionais que nós somos diferenciados, como evidentemente, nós somos.

Francisco Rabelo apurou o olhar no mercado financeiro. Depois de trabalhar como gestor de atração de investimentos no Banco do Nordeste, atuar no segmento de fundos de pensão e presidir a Camed, entre outros, Rabelo passou a comandar a Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece). E para ele, o Ceará está, sim, na vanguarda sob muitos aspectos econômicos.

Para começar, o Estado tem uma estratégia definida e está bem posicionado quanto a ser um local que promove um ambiente amigável, com atendimento de qualidade e estrutura adequada para receber negócios nacionais e estrangeiros. Francisco Rabelo aponta que os recursos naturais do Ceará colocam o Estado em posição privilegiada e em sintonia com o contexto global em relação à temática do clima, sem falar no potencial que o hidrogênio verde representa para uma nova etapa de crescimento para o Ceará.

Rabelo é otimista com o futuro do Estado. Ele acredita que a economia cearense será mais disruptiva nos próximos anos e colherá os resultados positivos de um modelo econômico que vem priorizando investimentos estratégicos em áreas importantes como infraestrutura de dados, essencial para a economia contemporânea, além de apostar no incentivo a empresas inovadoras.

Francisco Rabelo afirma ainda que um dos maiores desafios do Ceará é reduzir os índices de desigualdades que a pandemia ajudou a gerar uma visibilidade ainda maior, embora ressalte as políticas sociais que têm impacto sobre as populações de baixa renda. Para ele, o crescimento disruptivo dos próximos anos será capaz de acelerar o desenvolvimento social e econômico do Estado.

O POVO - Quais foram as principais políticas públicas implementadas no desenvolvimento econômico do Ceará e quais os resultados que já podemos visualizar dessas políticas nos últimos anos?

Francisco Rabelo - Nós temos um planejamento de longo prazo, relacionado também a iniciativas como o Fortaleza 2040, as rotas estratégicas da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Sistema FIEC).

Com isso, hoje nós temos o Ceará Veloz, um plano tático do Governo do Estado do Ceará. Leva em consideração tudo isso, esse novo cenário, esse novo rumo, o que nós estamos vivenciando no momento. É preciso entender todo esse contexto. E aí tem que ser vista também a questão de que no contexto atual está acontecendo uma guerra (na Ucrânia). Esse país muda completamente a visão das leis internacionais. Isso muda também a cadeia de valores e muda toda a estratégica internacional.

Então, esse é o plano de acompanhamento do movimento do Ceará, no qual se insere a nossa agência de desenvolvimento. Levando em consideração uma análise mais global de oportunidades, a gente tenta entender onde é que nós estamos nesse mundo globalizado. Eu acho que nos últimos anos nunca tivemos uma taxa de juros nos mercados internacionais tão alta. A inflação mundial também está elevada, o que gera problemas soberanos para os países. Isso gera aversão a risco muito grande. Então, o cidadão busca mais segurança e a gente tem que entender isso também, para fazer com que esses players entendam quem nós somos, que temos vantagens competitivas.

OP - Com a pandemia levou o Estado a pensar em modelos de inovação, a partir das necessidades que foram surgindo para os diversos setores?

Como está esse projeto de inovação do Estado e o que ele deixa realmente para o futuro?

Francisco Rabelo - Eu diria que a pandemia mostrou muita coisa. É tanto que o nosso plano Ceará Veloz é um plano pós-pandemia: como a gente vai se portar agora, porque nós temos um novo cenário. Mudou muita coisa. A gente viu que na época, para se pagar o auxílio emergencial, muitas pessoas nem tinham nem conta bancária, eram invisíveis. Então apareceu um público que não estava nas estatísticas, isso foi uma constatação desse momento.

Tem outra coisa: esse caminho de aceleramento já estava sendo feito, mas o que aconteceu é que se acelerou o processo. Não tenha dúvida que nós faríamos essas mudanças em uma década, duas, três. O que a gente fez foi abreviar isso por essa necessidade muito maior de interlocução. Isso deixou o Ceará na vanguarda por uma preparação. Esse era um movimento, eu diria, já antecipado de uma certa forma.

Se a gente olhar, o Ceará já tinha a construção do cinturão digital, para levar essa conexão para todo o Estado e trabalhar essa questão de interiorização, das desigualdades, da vulnerabilidade das populações já estava sendo feita num ritmo e o que aconteceu é que o ritmo foi acelerado e se aproveitou também outras vantagens que a gente tem nesse momento, se a gente pensar nos planos Ceará 2050, 2040, eu acho que muita coisa será antecipada.

Catalina Leite e Regina Ribeiro

“NÓS PASSAMOS POR UM MOMENTO EM QUE A GENTE ESTAVA UTILIZANDO AS NOSSAS FORÇAS MAIS INTERNAS. E HOJE NÓS ESTAMOS UTILIZANDO ALÉM DESSAS FORÇAS, TODO O NOSSO POTENCIAL DE MERCADO”

A questão do clima, dos riscos globais também é outra vertente que estamos vendo acontecer com muito mais rapidez. Nesse caso aí, esse posicionamento, ele é muito mais necessário se posicionar de uma maneira rápida, de ter um tratamento mais condizente com essa velocidade que a gente vai precisar nesse momento. Essa inovação é importantíssima. Nós estamos falando hoje de economias muito diferenciadas em relação ao que a gente tinha no passado. Hoje, nós temos esse plano estratégico do Ceará, que, nesse momento, estamos falando de hidrogênio verde, que alinha com a questão do clima. Essa diferença é espetacular e mostra a visível desigualdade que a gente tem e a gente sabe que tem que corrigir essa questão da desigualdade. Nenhum país se desenvolveu de forma adequada sem corrigir essa questão da desigualdade e acredito que as estatísticas serão muito mais fiéis daqui para frente para que nós possamos conhecer a dimensão desse problema que temos de resolver. Nós temos que buscar alternativas que sejam mais disruptivas e mais alavancadoras, que sejam mais proporcionadoras de bem-estar rápido. Se a gente não fizer por esse caminho, vamos levar muitos anos para corrigir. E nós temos interesse de resolver essa questão de uma maneira mais célere.

OP - Quais são os principais atrativos do Ceará no contexto atual e quais os setores que atualmente se destacam para novos investimentos?

Francisco Rabelo - O Ceará tem um diferencial muito grande. Eu passei muito tempo no mercado de capitais e acompanhei como os países internacionais se apropriaram desses diferenciais. A gente olha aqui de uma maneira geral, essa estruturação que temos da questão regional, o banco de desenvolvimento forte como é o Banco do Nordeste, os organismos estruturados, temos uma localização do próprio estado estratégico, eu acho que em termos de logística o Ceará é privilegiado por estar próximo aos mercados mundiais.

Ele tem uma diferença em relação a essas questões climáticas, como o sol. Se a gente olhar aqui em termos de sol, comparando com países que utilizam energia solar, a eficiência do Ceará chega a ser uma dezena de vezes. É um fato espetacular. Se a gente olhar a questão das eólicas, nós somos privilegiadíssimos em relação a essas commodities. Nós temos várias vezes a vantagem se você combinar essa questão competitiva do Ceará e a abundância de recursos naturais, que hoje são valorosos. Além disso, o Ceará tem uma estratégia de negócio avançada, tem um modelo de desenvolvimento e de atendimento para que se tenha um ambiente de negócio amigável que ofereça um bom atendimento ao investidor. Eu dou um exemplo: o sistema de desenvolvimento econômico do Ceará hoje funciona aqui num único local, no Centro de Eventos, onde está a Secretaria de Economia e Trabalho, com todas as suas secretarias, a do agronegócio, a do empreendedorismo, a da secretaria da indústria, a gestão do negócio em um só local. A gente tem também a Junta Comercial, onde se abre uma empresa em menos de 24 horas no mesmo local. A agência reguladora agropecuária funciona aqui também. Hoje a gente tem que ser protagonista com relação a isso.

E a prova de que é possível está bem aí, no internacional. O Governo do Estado do Ceará esteve na COP 27. Esteve lá na Web Summit. Então a gente está falando da atuação de um estado como player nesses principais assuntos mundiais, e atua de uma maneira proativa em relação a cada um desses assuntos.

OP - Como o senhor projeta os próximos quatro anos do Estado? Francisco Rabelo - Eu diria que nos próximos anos nós vamos experimentar uma disrupção mais acentuada. Esse período de construção, de fazer as coisas de uma maneira um pouco mais tradicional leva muito tempo para se ver os resultados. Eu faço uma comparação com o mercado financeiro. Imagine uma empresa que queira crescer, se ela esperar que ela gere seu lucro todo ano para investir, vai demorar muito tempo nessa estruturação, embora ela faça isso. Ela precisa de parceiros, precisa se alavancar, precisa ter as condições para que ela tenha isso aí multiplicado. É a mesma coisa com o Ceará.

Nós passamos por um momento em que a gente estava utilizando as nossas forças mais internas. E hoje nós estamos utilizando além dessas forças, todo o nosso potencial de mercado. Hoje, todos os players que estão chegando aqui no Ceará pela questão do hidrogênio verde são empresas que têm uma atuação de ponta no mercado internacional. Imagine uma empresa dessa, que a gente estará com ela aqui do lado, com executivos formados no mercado internacional, vai ter consumo em nível internacional, ela tem uma cadeia de relacionamento internacional, ela tem toda uma benesse que vai trazer um resultado muito maior para o nosso estado.

A atuação desses setores de ponta nesses nichos que agregam mais valor pode dar o resultado um muito mais alavancador do que temos experimentado nesse momento. Eu não tenho dúvida que os resultados serão muito melhores utilizando esse contexto que a gente tem no momento. Nós já estamos fazendo articulações em termos de novos nichos de mercado, novos tipos de empresas, preocupadas com a questão social, então há um conjunto de convergências, e eu espero que nos próximos anos a gente tenha resultados muito melhores. Estamos experimentando isso no nível de empregos, no nível de empresas, nós temos aqui um termômetro que mostra isso aí. E esse termômetro vai ser muito mais visível nesses próximos anos, eu não tenho dúvida disso, que com essa preparação, com essa visão atual, temos condição de uma alavancada bem superior ao que tivemos no passado.

OP - Na sua avaliação qual o impacto que novos negócios poderão ter sobre as pequenas e médias empresas no Ceará?

Francisco Rabelo - Esses negócios são mesmo importantes pela estruturação. Eles têm um poder agregador muito grande. Então quando você pensa em um grande projeto, ele funciona como uma âncora e vai dar oportunidade a muitos pequenos negócios se desenvolverem também. Essa é uma vertente. A outra parte é a gente ter cuidado também com esse pessoal, para que não sejam prejudicados. Há todo um trabalho de treinamento, preparação e educação para que esses pequenos negócios, pela importância que eles têm nesse momento, façam uma transição de maneira razoável, racional.

Como estamos atentos a isso, o que nós estamos fazendo? Nós temos o Ceará Credi e a tendência é que ele atenda cada vez mais pessoas, por-

que ele tem uma grande velocidade de operação. Hoje nós temos cerca de R$ 110 bilhões emprestados para aquela pessoa, aquele pequeno negócio, aquele pequeno empreendedor, para atingir determinadas regiões carentes. Estamos em todo o Estado; há cerca de 42 mil empreendedores individuais atendidos por esse recurso recente. A tendência é que a gente atenda cada vez mais.

A questão dos pequenos, dos negócios inovadores também, nós temos aqui uma série de programas que atendem novos negócios, as startups. Nós acabamos de premiar dez empresas por meio de uma seleção que foi feita com centenas de empresas startups para resolver negócios em todas as regiões do estado do Ceará, desde a questão de saúde, de imóveis, de energia, de turismo… Nós estamos aqui para resolver esses problemas. Acabamos de levar três empresas para se mostrar ao mercado internacional, empresas pequenas, empresas que estão surgindo agora, que estão tendo o apoio da gente, porque esse é um ecossistema também, que a gente entende que vai dar muito resultado para o Ceará. Estamos fomentando culturas inovadoras. Hoje nós temos programas aqui que utilizam recursos para fomentar esses negócios que estejam inovando. Hoje nós temos cultura de cacau, nós temos mirtilo, temos agriculturas nobres que agregam valor e que tiram aquela questão da subsistência e passa a ser uma acumulação de capital, passa a dar uma renda maior a esses empreendedores, com resultados muito melhores.

OP - Toda essa movimentação na economia cearense com seu desenvolvimento e internacionalização passa pela educação e qualificação da força de trabalho. Qual a estratégia do Estado do Ceará para prover trabalhadores que possam competir por melhores postos de trabalho e maiores salários no médio e longo prazos?

Francisco Rabelo - Se a gente olhar as estatísticas mundiais, tem muita gente fora desse mercado por uma questão de preparação mesmo, de falta de uma política voltada para o mercado de trabalho. O Ceará tem se preocupado e atuado muito fortemente nessa questão. A estruturação das universidades, dos centros tecnológicas, essa questão de atender e preparar essas pessoas, além de reter talentos, que é também uma questão importante. São muitos pontos e estamos atentos. Todo mundo sabe que mais da metade dos alunos aprovados no ITA são do Ceará e precisamos pensar em não perder esses talentos para o mercado nacional e internacional.

Precisamos adequar essa mão de obra a esse novo mercado, a essas novas habilidades que estão seguindo. E eu acho que a gente tem uma vantagem muito grande, que é como a gente está posicionado nesse mercado, de como a gente está olhando essas duas vertentes: esse público jovem e a preparação nas escolas.

Cada vez mais nós estamos fazendo a nossa política, juntando a questão do empresário, do estado e da universidade. A gente sabe disso, hoje essa atenção é essencial em todos os programas que são desenvolvidos. É uma questão primordial. Hoje, priorizamos também o primeiro emprego do jovem.

Nós queremos empregos melhores. Empresas que pagam melhor aqui, hoje, têm um benefício diferenciado. As empresas que trazem o sistema de decisão para cá, para que possam reter esses talentos também, têm esse benefício diferenciado. É uma questão de visão sistêmica. Esse é o grande diferencial. Acho também que estamos experimentando, e com certeza, no longo prazo, essas ações trarão resultados muito melhores.

“Nenhum país se desenvolveu de forma adequada sem corrigir essa questão da desigualdade”, diz Francisco Rabelo