SENTELIAOLGA/ADOBESTOCK
FORTALEZA - CEARÁ, DOMINGO, 26 DE NOVEMBRO DE 2022
ECONOMIA
CRIATIVA PERCORREMOS OS DESAFIOS da medição dos impactos econômicos e sociais do desenvolvimento da economia criativa no Estado do Ceará e a pulsante capacidade de criação que se desenvolve cada vez mais
2
FORTALEZA - CEARÁ, DOMINGO, 26 DE NOVEMBRO DE 2023 XAXAS/ADOBESTOCK
O Mapeamento da Indústria Criativa de 2022, realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), indica que a economia criativa representa 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará. “Eu costumo dizer que a economia criativa é a economia do século XXI, pois ao contrário da economia tradicional ela tem como principal insumo um bem infinito que é a capacidade humana de criar”, avalia Joaquim Cartaxo, diretor superintendente do Sebrae Ceará. O Ceará é um dos destaques no setor. Os estados que mais apresentaram aumento nas taxas de participação da Indústria Criativa foram o Rio de Janeiro e o Ceará, com um incremento de 0,86 p.p e 0,79 p.p, respectivamente, entre 2017 e 2020, segundo o mapeamento da Firjan. Esse estudo considera 13 segmentos da indústria criativa separados em quatro grandes áreas: consumo, mídia, cultura e tecnologia. É recente o olhar sobre a economia criativa como potência de crescimento e desenvolvimento de um estado. Este caderno pretende dar conta da dimensão dessa parcela importante da economia e desenvolvimento. Para contribuir com a narrativa, Luisa Cela, secretária da Cultura do Ceará, aponta em entrevista que a economia criativa é um caminho ainda muito inexplorado para fortalecer o desenvolvimento no campo das novas economias. Reconhece a subjetividade com que o tema é tratado e defende que para atrair investidor é preciso medir o setor. Nas páginas a seguir, também apontamos quais os atuais espaços de formação criativa que desempenham papel fundamental no desenvolvimento de habilidades e na promoção da inovação e elencamos os principais equipamentos culturais do Estado. Boa Leitura!
EMPRESA JORNALÍSTICA O POVO
Presidente e Publisher: Luciana Dummar Presidente-Executivo: João Dummar Neto Diretores-Executivos de Jornalismo: Ana Naddaf e Erick Guimarães Diretor de Jornalismo das Rádios: Jocélio Leal Diretor de Negócios e Marketing: Alexandre Medina Néri Diretor de Estratégia Digital: André Filipe Dummar de Azevedo Diretora de Gente e Gestão: Cecília Eurides Diretor Corporativo: Cliff Villar Diretor de Opinião: Gualter George Editorialista-Chefe: Plínio Bortolotti
RAIO X 2023
Concepção e Coordenador Geral: Cliff Villar Coordenadora de Operações: Vanessa Fugi Apresentador e roteirista: Daniel Oiticica Estratégia, Relacionamento e Captação: Adryana Joca e Dayvison Alvares Assessora de Comunicação: Daniela Nogueira Gerente Executiva de Projetos: Lela Pinheiro Analista de Projetos: Hérica Paula Morais Gerente de Marketing: Juliane Pereira Analista de Marketing: Dandara Batista Coordenadora de criação: Renata Viana Gerente de Tráfego Digital: Natércia Melo Analista de Performance: Mariana Marques e Keven Rodrigues Desenvolvedor front-end: Vlabson Viana Estagiário: Victor Campos
CADERNOS RAIO X 2023
Coordenação editorial e edição: Paula Lima Concepção e edição gráfica: Renata Viana Textos: Ana Rute Ramires, Daniel Oiticica, Letícia do Vale, Lucas Casemiro
FORTALEZA - CEARÁ, DOMINGO, 26 DE NOVEMBRO DE 2023
3
CRIA TIVI DADE ALAN BASTOS/DIVULGAÇÃO
Mestre Espedito Seleiro, do Cariri, é referência nacional no trabalho com couro
ACOMPANHE O PROJETO:
HTTPS://ESPECIAL.OPOVO.COM.BR/RAIOX/
O projeto Raio X chega à sua sexta edição em 2023. Este ano, seguimos publicando quatro cadernos especiais, com 12 páginas cada, encartados no jornal O POVO. Essas publicações estão disponíveis tanto em formato físico como digital. O Raio X Ceará é um estudo sobre análises setoriais, tendências e perspectivas da economia cearense. O projeto apresenta as leituras dos mercados frente ao crescimento da economia nacional. Este ano elencamos quatro frentes principais: Economia do Mar, Economia da Inovação, Economia Criativa e Economia do Conhecimento. Além disso, foram realizadas quatro transmissões ao vivo, em formato de lives, com duração de 60 minutos cada, com a participação de especialistas e gestores dos segmentos abordados. Essas lives estão disponíveis nas redes sociais do Grupo O POVO, incluindo YouTube e Facebook. O projeto também realizou cinco programas especiais de rádio, no formato de entrevista que você lê na íntegra nas páginas a seguir, de acordo com cada temática dos cadernos. Os conteúdos foram transmitidos nas rádios O POVO CBN e O POVO CBN Cariri. Esses episódios são parte do programa Agir. Todas as iniciativas do projeto estão integradas em uma plataforma digital, proporcionando um ponto central de acesso a todos os produtos e conteúdos relacionados ao Raio X 2023.
4
FORTALEZA - CEARÁ, DOMINGO, 26 DE NOVEMBRO DE 2023
O IMPULSO INOVADOR DA ECONOMIA CRIATIVA ECONOMIA CRIATIVA se destaca na economia do conhecimento do Ceará. Design é um dos segmentos com potencial financeiro e de inovação social FOTOS CACIO MURILO/ADOBESTOCK
“A ECONOMIA CRIATIVA É A ECONOMIA DO SÉCULO XXI, POIS AO CONTRÁRIO DA ECONOMIA TRADICIONAL ELA TEM COMO PRINCIPAL INSUMO UM BEM INFINITO QUE É A CAPACIDADE HUMANA DE CRIAR”
FORTALEZA - CEARÁ, DOMINGO, 26 DE NOVEMBRO DE 2023
ANA RUTE RAMIRES ruteramires@opovo.com
A criatividade tem o potencial para desempenhar um papel central na economia. O Mapeamento da Indústria Criativa de 2022, realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), indica que a economia criativa representa 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará. A economia criativa confere valor ao conhecimento por meio da criatividade técnica, estética e de negócios, na geração de produtos e serviços criativos. “Eu costumo dizer que a economia criativa é a economia do século XXI, pois ao contrário da economia tradicional ela tem como principal insumo um bem infinito que é a capacidade humana de criar”, avalia Joaquim Cartaxo, diretor superintendente do Sebrae Ceará. Ele acredita que o setor tem um grande potencial de crescimento e de contribuição para o desenvolvimento sustentável da região Nordeste e, em especial, do Ceará. Segundo o estudo da Firjan, a economia criativa contribui com a geração de mais de 21 mil empregos formais no Estado. Cartaxo salienta que o mapeamento não inclui empregos informais que, na economia criativa, representam parcela significativa. Ele aponta que a economia criativa também pode impactar positivamente segmentos da economia tradicional, a exemplo das startups e empresas de games, que desenvolvem produtos e serviços que vêm contribuindo para a inovação em empresas de maior porte, como é o caso do setor industrial. O turismo é outro segmento bastante influenciado pela economia criativa, pois é ela quem fornece as experiências que vão ser vivenciadas pelos visitantes dos territórios e que são o grande diferencial dos destinos, de acordo com o superintendente do Sebrae Ceará. “Segmentos que vem apresentando crescimento significativo são principalmente os ligados à tecnologia como games, startups, novas mídias, como podcasts, produções audiovisuais. O design é outro segmento que vem ganhando importância, principalmente na sua associação com outras atividades como a produção de mobiliário, o artesanato e a moda”, prospecta Cartaxo sobre as tendências de mercado da economia criativa. Nessa direção, a inovação e a tecnologia trazem inúmeros benefícios para o setor. Maior agilidade e precisão dos processos de criação, melhoria da qualidade dos insumos, redução do desperdício de materiais, maior sustentabilidade dos processos de produção e maior alcance são exemplos. “A utilização de ferramentas digitais permitem que os profissionais trabalhem ou colaborem com mercados que estejam a quilômetros de distância ou que seus trabalhos sejam vistos por pessoas de todo o mundo”, acrescenta. ONDE O CEARÁ SE DESTACA Conforme o Mapeamento da Indústria Criativa de 2022, realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o Ceará é um dos destaques no setor. Os estados que mais apresentaram aumento nas taxas de participação da Indústria Criativa foram o Rio de Janeiro e o Ceará, com um incremento de 0,86 p.p e 0,79 p.p, respectivamente, entre 2017 e 2020. O mapeamento da Firjan considera 13 segmentos da indústria criativa separados em quatro grandes áreas: consumo, mídia, cultura e tecnologia (ver quadro). O Consumo continua sendo a principal área em termos de mercado de trabalho criativo, respondendo por 47% dos vínculos empregatícios formais dessa indústria em 2020. O Ceará continua sendo o estado com maior parcela de profissionais na área de consumo (52,3%) na indústria criativa, seguido do estado de São Paulo (50,8%), conforme o mapeamento citado.
5
MUITO ALÉM DA ESTÉTICA, O DESIGN É FERRAMENTA DE INOVAÇÃO SOCIAL
EIXOS DA ECONOMIA CRIATIVA
Existem alguns modelos que definem e delimitam a economia criativa. O mapeamento da Firjan considera 13 segmentos da indústria criativa separados em quatro grandes áreas:
CONSUMO
Design, Arquitetura, Moda e Publicidade
MÍDIAS -
Editorial e Audiovisual
CULTURA - Patrimônio e Artes,
Música, Artes Cênicas e Expressões Culturais
TECNOLOGIA - Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), Biotecnologia e Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC)
No contexto da economia criativa, o design se evidencia como um processo que busca soluções criativas e inovadoras para atender desafios específicos. “Em uma empresa, por exemplo, o design pode estar presente em diversas áreas, como na marca, nos materiais utilizados, na forma dos produtos, nas cores e na embalagem, nos pontos de venda, nos impressos, nas redes e em todos os materiais promocionais”, exemplifica Joaquim Cartaxo, diretor superintendente do Sebrae Ceará. Mariana Xavier, professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Design da Universidade Federal do Ceará (DAUD/UFC), analisa que é possível observar uma evolução do design no Estado, principalmente considerando a criação do curso na UFC. “A gente percebe também maior interesse por parte das empresas e dos profissionais na contratação de profissionais na área do design. Isso se deu por vários motivos. Um deles é a própria consolidação da formação do designer enquanto profissional por meio dos cursos de bacharelado”, aponta. Ela cita ainda a escolha de Fortaleza como uma das Cidades Criativas do Design da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2019, como um dos fatores que
impulsionaram esse avanço. Além de Fortaleza, o Ceará tem outras cidades consideradas polos de design, como na região do Cariri. A exemplo da produção em couro do mestre Espedito Seleiro, cuja arte tem alcance internacional. Mariana, que é doutora em Arquitetura, Tecnologia e Cidade pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), cita o design de moda, o design de produto, o design gráfico, o design estratégico e o design de experiência do usuário como as principais vertentes que vêm se consolidando no Estado. “Quando o designer é o profissional que vai pensar as estratégias para a solução de problemas e ele entrega como artefato as ferramentas que vão facilitar isso, ele está atuando com o design estratégico. Nesse ponto, ele tem um grande potencial de ferramenta de inovação social”, relaciona. Isso ocorre quando há proposição de soluções focadas no ser humano, para desenvolver desafios sociais como acessibilidade, sustentabilidade, inclusão e saúde pública, cita. “O design vai muito além do estético. É uma força motriz na economia, na inovação e na melhoria da qualidade de vida das pessoas. Tanto no contexto comercial quanto social”, conclui.
CONCEITO A CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE COMÉRCIO E DESENVOLVIMENTO (UNCTAD) DEFINE ECONOMIA CRIATIVA COMO: É um conceito em evolução baseado em ativos criativos que potencialmente geram crescimento e desenvolvimento econômico:
PARTICIPAÇÃO DO PIB CRIATIVO NO PIB TOTAL DO BRASIL ANO
PIB CRIATIVO
2004
2,09%
2005
2,20%
2006
2,26%
2007
2,21%
2008
2,37%
2009
2,38%
2010
2,46%
2011
2,49%
2012
2,55%
2013
2,56%
2014
2,62%
2015
2,64%
2016
2,62%
2017
2,61%
2018
2,69%
2019
2,83%
2020
2,91%
Ela pode estimular a geração de renda, criação de empregos e a exportação de ganhos, ao mesmo tempo em que promove a inclusão social, diversidade cultural e desenvolvimento humano. Ela abraça aspectos econômicos, culturais e sociais que interagem com objetivos de tecnologia, propriedade intelectual e turismo. É um conjunto de atividades econômicas baseadas em conhecimento, com uma dimensão de desenvolvimento e interligações cruzadas em macro e micro níveis para a economia em geral. É uma opção de desenvolvimento viável que demanda respostas de políticas inovadoras e multidisciplinares, além de ação interministerial. No centro da economia criativa, localizam-se as indústrias criativas.
AS INDÚSTRIA CRIATIVAS SÃO
Fonte: Mapeamento da Indústria Criativa de 2022, realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan)
Ciclos de criação, produção e distribuição de produtos e serviços que utilizam criatividade e capital intelectual como insumos primários; Constituem um conjunto de atividades baseadas em conhecimento, focadas, entre outros, nas artes, que potencialmente gerem receitas de vendas e direitos de propriedade intelectual; Constituem produtos tangíveis e serviços intelectuais ou artísticos intangíveis com conteúdo criativo, valor econômico e objetivos de mercado; Posicionam-se no cruzamento entre os setores artísticos, de serviços e industriais; Constituem um novo setor dinâmico no comércio mundial.
R$ 217,4 bi
PIB CRIATIVO 2020 ESTIMADO Fonte: Mapeamento da Indústria Criativa de 2022, realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan)
6
FORTALEZA - CEARÁ, DOMINGO, 26 DE NOVEMBRO DE 2023
LUISA CELA Setor da Economia Criativa precisa ter uma estrutura de governança e políticas de criação de ambiência de negócio
DANIEL OITICICA
danieloiticica@gmail.com
O Ceará já tomou a decisão de terminar com a falta de informações e estudos sobre o potencial da Economia Criativa no Estado. Junto ao Itaú Cultural e ao Ipece (Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará), a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará vai começar a mapear o setor da Economia Criativa para levantar dados que possam subsidiar políticas públicas para o setor. “Tenho certeza de que esse campo pode nos surpreender com sua capacidade de gerar riqueza e trabalho”, afirma Luisa Cela, secretária da Cultura do Ceará, na seguinte entrevista. O POVO - Por que a economia criativa está tão valorizada hoje? Luisa Cela - A Economia Criativa nos últimos anos, e há mais tempo ainda em outros países, tem sido percebida como um caminho ainda muito inexplorado para fortalecer o desenvolvimento no campo das novas economias. Alguns países, como Inglaterra, França e Portugal, têm trabalhado muito nessa linha e se desenvolvido com uma maior atenção para os denominados setores criativos. Isso tem chamado a atenção porque são projetos, iniciativas e políticas públicas que mostram que o campo da Economia Criativa pode nos apontar possibilidades de geração de renda e trabalho dentro da perspectiva contemporânea. Isso tem chamado a atenção e no Brasil, com o retorno do Ministério da Cultura, temos falado muito dessa importância de entender a cultura como um caminho para desenvolver o nosso País. OP - São muito setores dentro da Economia Criativa. Faz-se necessária uma governança para que estes setores possam ter políticas públicas interligadas e coordenadas. Qual é a visão da Secretaria de Cultura em relação à importância da governança da Economia Criativa? Luisa - Temos conversado muito com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, com o Sebrae e a Fecomércio que são instituições que têm desenvolvido uma série de trabalhos voltados para o fortalecimento da Economia Criativa, com um primeiro entendimento de que precisamos trazer mais materialidade para essa fala. Nós falamos em Economia Criativa, mas no Brasil e no Ceará ainda é uma fala muito subjetiva.
FCO FONTENELE
FORTALEZA - CEARÁ, DOMINGO, 26 DE NOVEMBRO DE 2023
OP - Quais seriam as definições a serem buscadas? Luisa - O que é mesmo o setor? Quais são os setores criativos que têm força no Estado? Como estão estruturadas as suas cadeias? Como estão estruturados os seus ciclos de desenvolvimento? O que é preciso fazer para fortalecer a criação? Quais são as estratégias de distribuição, um grande gargalo, como distribuir, como construir público consumidor? Da mesma forma que os outros setores da economia precisam ter uma estrutura de governança e políticas de criação de ambiência de negócio, fomento, atrativos, como, por exemplo, a renúncia fiscal que existe para os grandes setores industriais, a gente precisa olhar para o campo da Economia Criativa e construir essa mesma estrutura de indução da política, obviamente levando em consideração as especificidades do setor, que é muito diverso. Temos desde as artes da cena, a moda, o design, a cultura alimentar... são setores diversos que, dentro da lógica das políticas de economia, podem sim se desenvolver e nos surpreender com a sua força. A Secretaria da Cultura e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico precisam construir essa governança de forma coletiva como uma agenda comum, para que tenhamos mais foco e precisão na construção de políticas e para a definição do papel do setor público para fortalecer essas economias. OP - Existe uma lacuna enorme de dados sobre esse setor... Luisa - O campo criativo, principalmente quando vamos para os setores mais ligados à cultura, é uma área muito informal. Fica muito complexa a geração dessas informações e medições. O Itaú Cultural fez recente-
mente uma primeira iniciativa de pesquisar o PIB da cultura e o Ceará fica com 2,7%, mas ainda com muitas lacunas. A movimentação tradicional popular, como o Carnaval e as Festas Juninas, por exemplo, não foram contabilizados nessa medição. Começamos a partir deste estudo do Itaú a conversar com o Ipece, com a Claudia Leitão (ex-secretária da Cultura do Estado do Ceará), que é uma grande referência no Brasil, exatamente para a gente entender como fazemos para criar um Observatório que possa fazer medições. Quando vamos conversar sobre investimento, temos que ir com um grau de pragmatismo e objetividade no trato da informação, senão você não gera interesse. Que investidor vai apoiar um setor sobre o qual ele não tem informações sobre o risco que está correndo no momento de liberar os recursos. OP - O que o Ceará vai fazer a partir do trabalho do Itaú Cultural? Luisa - A partir do referencial do Itaú, vamos fazer uma pesquisa que aprofunde mais, priorizando talvez alguns setores que já tenham uma caminhada mais longa nesse campo da economia, como o de games, por exemplo. Hoje é tudo ainda muito empírico. A gente faz pelo que percebemos e com dados muitos frágeis. Precisamos de um painel mais sólido e mais científico dessa medição da Economia Criativa no Ceará. Com esse diálogo com o próprio Itaú e com o Ipece, estamos construindo essa metodologia da pesquisa para poder ter um retrato mais fiel de qual é a força e o tamanho da Economia Criativa no Ceará e como que o governo pode trabalhar para fortalecer um campo que pode nos surpreender com sua capacidade de gerar riqueza e trabalho.
A ECONOMIA CRIATIVA NO CEARÁ
0,45%
do Produto Interno Bruto do Estado (2020)
4.403
empresas (2021)
57%
é do setor de moda (2021)
R$ 11,2 bilhões
de receita (2021)
R$ 2 bilhões de lucro (2021)
314.457
pessoas ocupadas (2022)
R$ 1.885
é o rendimento médio dos trabalhadores (2022)
BRASIL
3,11%
do Produto Interno Bruto (2020)
R$ 230 bilhões faturamento (2020)
7.460.281 trabalhadores (2022)
Fonte: Observatório Itaú Cultural
em
7
8
FORTALEZA - CEARÁ, DOMINGO, 26 DE NOVEMBRO DE 2023
FERNANDA BARROS
Porto Iracema das Artes: escola de formação e criação em artes do Governo do Estado do Ceará
YURI ALLEN/ESPECIAL PARA O POVO
OS ESPAÇOS DE FORMAÇÃO criativa desempenham um papel fundamental no desenvolvimento de habilidades e na promoção da inovação YURI ALLEN/ESPECIAL PARA O POVO
Caixa Cultural Fortaleza atua em duas amplas frentes para o apoio à cultura criativa: na promoção de eventos artísticos e no intercâmbio entre atrações nacionais e profissionais da cadeia de cultura local
FORTALEZA - CEARÁ, DOMINGO, 26 DE NOVEMBRO DE 2023
Ao oferecer um ambiente propício à expressão artística e ao pensamento inovador, os espaços de formação estimulam a criatividade, fomentando o surgimento de novas ideias e soluções. Além disso, proporcionam oportunidades de aprendizado prático, colaboração e experimentação, essenciais para o desenvolvimento de talentos nas áreas artísticas e inovadoras. Esses espaços não apenas cultivam habilidades técnicas, mas também promovem a resolução de problemas, o pensamento crítico e a autoexpressão, preparando os indivíduos para os desafios contemporâneos. Experiências bem-sucedidas no Ceará são exemplos de que é possível construir uma cultura de formação criativa acessível a todos. Criada em 29 de agosto de 2013, a Porto Iracema das Artes é uma escola de formação e criação em artes do Governo do Estado do Ceará, instituição da Secretaria da Cultura (Secult) gerida em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM). Desenvolve processos formativos nas áreas de Música, Dança, Artes Visuais, Cinema e Teatro, com a oferta de cursos gratuitos, básicos e técnicos, além de laboratórios de criação. “A Porto Iracema das Artes cumpre um papel importante de formação artística, através dos seus diversos programas. Portanto, é um espaço que qualifica profissionais para atuação no campo cultural, fomentando o desenvolvimento de novos projetos, que ganham condições de circulação no grande mercado de bens simbólicos. Enquanto escola, a Porto Iracema contribui com a formação do pensamento crítico, dando complexidade ao campo cultural do estado”, afirma Bete Jaguaribe, diretora de Formação da Porto Iracema das Artes/Instituto Dragão do Mar. A Vila das Artes é outro exemplo de política pública que confirma a vocação do Ceará para a construção de espaços de formação criativa. Complexo cultural da Prefeitura, vinculado à Secretaria Municipal da Cultura (Secultfor), se consolida na cidade como espaço de formação, difusão e produção em diferentes linguagens artísticas. Desde 2018, a Vila é administrada pelo Instituto Cultural Iracema (ICI), via contrato de gestão com o município. “O Complexo Cultural Vila das Artes é composto pelo Centro Cultural Casa do Barão de Camocim, Casa de Formação da Vila das Artes e Biblioteca da Vila das Artes. É um espaço de formação, difusão, pesquisa, produção e exposição em diversas linguagens artísticas. Oferece cursos em variados formatos e atividades, atendendo aos mais diversos públicos. A Vila das Artes tem 17 anos ininterruptos de funcionamento e oferece atividades de formação gratuitas para crianças e jovens, preferencialmente, de escola pública”, conta Mileide Flores, diretora do complexo. A Caixa Econômica Federal também desempenha a função de contribuir para a formação cultural da sociedade cearense, por meio da Caixa Cultural Fortaleza. “Como um espaço cultural totalmente público, a Caixa Cultural Fortaleza atua em duas amplas frentes para o apoio à cultura criativa. Além de incentivar ações que promovam e movimentem o mercado de cultura local, ao trazer artistas e eventos do Ceará para nosso espaço, atuamos diretamente para que mesmo atrações nacionais trabalhem com profissionais da cadeia de cultura local. A proposta é criar um ambiente propício de troca de ideias e experiências que possam engrandecer o mercado cultural. Também desenvolvemos ações de arte e educação, nas quais o debate e a construção de propostas acontecem em um ambiente propício de criatividade e inovação”, afirma Clara Marcília, gerente da Caixa Cultural Fortaleza. “O Ceará tem uma gama muito ampla de atividades criativas sendo desenvolvidas e contribuindo para a geração de emprego e renda por todo o território”, afirma Joaquim Cartaxo, diretor superintendente do Sebrae Ceará. “Como destaque posso citar algumas atividades em que o Estado já tem uma tradição forte, como a Moda, o Artesanato e a Gastronomia, principalmente na associação destas atividades com o turismo. Por outro lado, também vêm crescendo significativamente no Ceará a participação de novos segmentos econômicos criativos, como é o caso das startups e das empresas de desenvolvimento de games. Duas áreas, em que o Sebrae vem dando uma contribuição muito forte para o fomento e o desenvolvimento dos negócios. Outro segmento criativo que vem crescendo no Estado é o do Design. Não é à toa que a cidade de Fortaleza, foi escolhida em 2019, para integrar a Rede de Cidades Criativas da Unesco, como Cidade Criativa do Design. Esta escolha foi fruto de todo um trabalho desenvolvido por diversas instituições públicas e privadas, como o Sebrae e a Prefeitura de Fortaleza”, completa. Quais são hoje os maiores desafios dessa rede de instituições que apostam na ampliação da oferta de formação criativa no Ceará? “São desafios normais de todas as outras políticas públicas, que precisam estar disponíveis para o máximo de pessoas. Mas acho que o mais desafiador é exatamente promover a interiorização das atividades, porque exige um esforço de deslocamento e de construção de parcerias municipais, cujas prefeituras nem sempre têm a compreensão da importância do campo cultural”, afirma Bete Jaguaribe, do Porto Iracema das Artes/Instituto Dragão do Mar. No caso do Complexo Cultural Vila das Artes, o desafio está relacionado à excelência. “O nosso maior desafio é realizar esse trabalho de formação, com a excelência característica da Vila das Artes. A cada ano, as ações são incrementadas e expandidas, devido ao constante diálogo com a classe artística e a sociedade civil”, revela Mileide Flores, diretora do Complexo. “Percebemos que atuar neste segmento de inovação no cenário cultural é um trabalho a ser construído pouco a pouco e nosso grande desafio é cativar o público a participar dessas ações. Em alguns casos, já tivemos ações de temática extremamente relevante e que não alcançaram grande público, visto serem assuntos ainda pouco explorados e desconhecidos da grande maioria das pessoas. Ao trazermos temáticas diferenciadas, muitas vezes temos como dificultador essa presença maior de público, mas nunca nos arrependemos de promover ações inovadoras, porque entendemos a importância de sermos palco de novas propostas educativas”, afirma Clara Marcília, da Caixa Cultural Fortaleza. (Daniel Oiticica)
9
DIVULGAÇÃO
Centro Cultural Casa do Barão de Camocim: parte do Complexo Cultural Vila das Artes de gestão do município
ESPEDITO SELEIRO, MESTRE DA CULTURA CEARENSE A história por trás do ateliê de Espedito Seleiro, 84 anos, é uma obra humana de economia criativa em Nova Olinda, no Cariri cearense. Observando as linhas e as entrelinhas que costuram a narrativa e as peças é possível afirmar que a estrutura erguida por Espedito é a perfeita tradução de uma economia não só criativa. A atividade do artesão é da economia criativa, afetiva e sagrada. Pelas mãos e sob a orientação de Espedito, irmãos, filhos, sobrinho foram formados artesãos dentro do padrão de excelência impresso pelo Mestre. Artesãos empreendedores que, associados ao artista, formaram uma cooperativa afetiva e efetiva. Cada um dos ex-aprendizes tornouse uma célula produtora de peças para o ateliê. Nessa organização, tudo passa por um controle de qualidade minucioso: “Eu faço o modelo e, junto com o material, envio para os artesãos. Se a peça chega com algum defeito, retorna para arrumar. Se não der para arrumar, desfaz a peça e faz outra”, explica. O portfólio do artista é amplo com marcas do presente e da tradição do sertão. Peças já fabricadas pelo avô de Espedito, como selas, chapéu de couro, gibão, peitoral e luvas, compõem o ateliê com roupas, bolsas, calçados, objetos utilitários e de decoração e itens de mobiliário. Nesse cenário, há dois tempos da economia criativa do artesão artista. No primeiro, Espedito seguiu a mesma trilha dos Carvalho. O neto de Gonçalo produzia roupas e acessórios para vaqueiros sertanejos e os vendia em feiras. Ia onde o consumidor típico estava disposto a comprar. O modelo de negócio reproduzido por gerações
não resistiu à modernidade e começou a apresentar problemas. “Visitava três feiras por semana. Mas os compradores desapareceram. Foi ficando difícil ver vaqueiro andando a cavalo e as vendas de botas, selas e chapéus foram diminuindo”, afirma. A resposta para a crise foi criativa, afetiva e sagrada. Em um dia de vendas zero, Espedito voltou da feira desolado, no caminho afogou a tristeza em um porre e, quando chegou em casa, contou para dona Francisca de Brito Carvalho, sua eterna companheira, a decisão que havia tomado: não sairia atrás de compradores em outras cidades e vilarejos. A ideia era inovar e atrair os clientes para o ateliê em Nova Olinda. “Pensei: vou criar um estilo próprio e colorido, um modelo que nunca tenha sido feito, nem mesmo por aqui. E deu certo”, comemora. Começa um novo tempo. Do pensamento, do olhar pela paisagem e da cultura que o atravessa, Mestre Espedito Seleiro foi criando um estilo único. As inspirações vêm da natureza humana, das plantas e dos animais do sertão, do oriente, dos ciganos e de árabes viajantes. Essas influências ressurgem em forma de designer em arabescos e cores potentes que renovam o couro do Brasil colonial. “Deus dá, é tudo fácil. Vou dormir e quando acordo, a inspiração vem. Me inspiro na paisagem colorida da mata, no vestiário de cigano e de vaqueiros”, explica. Técnica e talento resultam em peças que combinam com o vestir, o calçar e o habitar singulares de clientes anônimos e célebres e que brilham em palcos, telas de TV e do cinema, galerias e museus. Cultura criativa, afetiva e sagrada.
10
FORTALEZA - CEARÁ, DOMINGO, 26 DE NOVEMBRO DE 2023
EMANUEL/ADOBESTOCK
LUCAS CASEMIRO
lucas.casemiro@opovo.com
Os equipamentos culturais são espaços que entrelaçam história e cultura com os pilares da economia criativa, criando uma aliança para o desenvolvimento sustentável. Enquanto visitantes são atraídos por eventos culturais, exposições e espetáculos realizados nesses espaços, gerando demanda por produtos e serviços criativos, artistas locais encontram nesses ambientes uma vitrine para expressar suas narrativas, impulsionando setores como artesanato, gastronomia, design e música. Do Theatro José de Alencar, em Fortaleza, às construções do Centro Histórico de Aracati, confira a seguir a lista dos equipamentos reconhecidos como bens tombados pela União no Ceará. O tombamento federal desses equipamentos não apenas protege a identidade histórica do Estado, mas também se revela como um catalisador para o turismo cultural e a inovação. O conteúdo é do Anuário do Ceará 2023-2024, publicação do Grupo de Comunicação O POVO e da Fundação Demócrito Rocha.
FORTALEZA - CEARÁ, DOMINGO, 26 DE NOVEMBRO DE 2023
11
BENS REGISTRADOS PELA UNIÃO
PANORAMA
Bens tombados pelo Iphan no Estado: 22 Bens registrados pela União no Estado: 8
FESTA DO PAU DA BANDEIRA DE SANTO ANTÔNIO EM BARBALHA (LIVRO DE REGISTRO DAS CELEBRAÇÕES)
Bens tombados pelo Estado: 45
LITERATURA DE CORDEL (LIVRO DE REGISTRO DAS FORMAS DE EXPRESSÃO)
Bens em processo de finalização de tombamento pelo Estado: 2 Equipamentos culturais mantidos pela Secult-CE no Estado: 21
MATRIZES TRADICIONAIS DO FORRÓ (LIVRO DE REGISTRO DAS FORMAS DE EXPRESSÃO)
Bens tombados pela Prefeitura de Fortaleza: 32 Bens em processo de tombamento provisório pela Prefeitura de Fortaleza: 51 Bens considerados de relevante interesse cultural pela Prefeitura de Fortaleza: 2 Bens registrados em caráter definitivo pela Prefeitura de Fortaleza: 5 Equipamentos culturais mantidos pela Secultfor: 13
196
Bibliotecas
182 Museus
108 Teatros
28
Cinemas
OFÍCIO DAS BAIANAS DE ACARAJÉ (LIVRO DE REGISTRO DOS SABERES) OFÍCIO DOS MESTRES DE CAPOEIRA (LIVRO DE REGISTRO DOS SABERES) REPENTE (LIVRO DE REGISTRO DAS FORMAS DE EXPRESSÃO)
Fonte: Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE)
RODA DE CAPOEIRA (LIVRO DE REGISTRO DAS FORMAS DE EXPRESSÃO) TEATRO DE BONECOS POPULAR DO NORDESTE (LIVRO DE REGISTRO DAS FORMAS DE EXPRESSÃO)
BENS TOMBADOS PELA UNIÃO NO CEARÁ AQUIRAZ
MERCADO DAS ARTES E LOJAS ADJACENTES O Mercado das Artes (antes denominado de Mercado da Carne) foi erguido no século XIX e, em sua técnica de construção, destaca-se o uso de carnaúba e de tijolo adobe. A edificação apresenta uma harmonia geométrica do teto que marca o ar arrojado da construção. Junto à parte central do prédio, onde a carne era vendida ao público, há outra edificação em formato de “L”, na qual está um conjunto de lojas, que também está incluído no tombamento. Por décadas, o local foi considerado o “coração” comercial de Aquiraz. Endereço: Av. Santos Dumont, s/n – Centro – CEP 61700-000 – Aquiraz - CE
ARACATI
CASA DE CÂMARA E CADEIA (CÂMARA MUNICIPAL) A construção foi iniciada na segunda metade do século XIX, mais precisamente no ano de 1779, para servir de câmara, audiência e cadeia para homens e mulheres. Originalmente, a cadeia pública funcionava na parte térrea e a câmara, no pavimento superior. O prédio foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em abril de 2000, com o Centro Histórico de Aracati. Hoje, o local abriga a Câmara dos Vereadores do município. Endereço: Av. Coronel Alexanzito, 448 – Centro – CEP 62800-000 – Aracati - CE
CENTRO HISTÓRICO DE ARACATI Tombado pelo Iphan em 2001, é formado por sobrados, igrejas e diversos prédios que somam mais de 2.500 edificações construídas e decoradas com azulejos portugueses de alto valor.
IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO No local do patrimônio, no início do século XVIII, já existia uma pequena capela. A edificação atual, contudo, teve a construção iniciada em 1761, com conclusão apenas na segunda metade do século XIX. Entre as igrejas do município, é a mais famosa e visitada, conhecida como a catedral de Aracati. A edificação possui acervo histórico tanto no seu interior como em sua estrutura externa. Endereço: Rua Coronel Pompeu, 558 – Centro – CEP 62800-000 – Aracati - CE
CAUCAIA
CASA DE CÂMARA E CADEIA A edificação de dois andares foi construída na primeira metade do século XVIII e está localizada na praça central de Caucaia. O prédio foi inaugurado em 1750, e as reuniões da Câmara e do Júri eram realizadas no local. A construção passou por restauração em 1962 e ainda conserva a arquitetura original em alvenaria de pedra. Após uma segunda restauração, em 1987, foi adaptada para funcionar como a Biblioteca Pública Municipal Professor Martinz de Aguiar. Endereço: Rua Presidente Getúlio Vargas, 521 – Centro – CEP 61600110 – Caucaia - CE
FORTALEZA
PASSEIO PÚBLICO (ANTIGA PRAÇA DOS MÁRTIRES) Logradouro que integra o conjunto da rua Doutor João Moreira, junto a outros importantes referenciais histórico-arquitetônicos da Cidade. A arborização e os jardins originais datam de 1881, e o espaço já teve três planos, que acompanhavam o desnível do terreno em direção à praia, mas apenas o primeiro se manteve. Conhecido como Passeio Público, o local passou por obras de recuperação em 2007. Mantido pela Prefeitura, o espaço, que tem restaurante e programação cultural, recebeu novamente obras de restauro e requalificação, entre 2019 e 2020, com investimento de quase R$ 1 milhão. As ações contaram com restauração das esculturas e melhorias na pavimentação e no paisagismo do local. Endereço: Rua Doutor João Moreira, s/n – Centro – CEP 60030000 – Fortaleza - CE
MUSEU DO CEARÁ A instituição se localiza no imóvel denominado Palacete Senador Alencar, idealizado originalmente para abrigar a Assembleia Provincial do Ceará na época do Brasil-Império. As obras foram iniciadas em 1856 e concluídas em 1871. O edifício mantém as características arquitetônicas originais e apresenta estilo neoclássico, principalmente por meio das colunas, das janelas e do frontão triangular. O prédio completou 152 anos em 2023 e, em maio do mesmo ano, foi anunciado o restauro do equipamento. Com obras orçadas em R$ 3,4 milhões, segue sem previsão de entrega do museu, estando em processo licitatório para obras. Em 2022, o acervo do Museu do Ceará foi transferido para o Anexo Bode Ioiô, que está em funcionamento na Rua Major Facundo, 584. Apesar do seu fechamento temporário ao público, o Museu firmou parcerias para realização de palestras, cursos e exposições; eventos on-line; atendimento a pesquisadores, além de manter seu trabalho interno de salvaguarda do Acervo. Fechado para as obras, o museu completou 91 anos de inauguração em fevereiro de 2023. Endereço: Rua São Paulo, 51 – Centro – CEP 60030-100 – Fortaleza - CE
CASA DE JOSÉ DE ALENCAR A casa compõe o sítio onde nasceu, em 1829, o escritor cearense José de Alencar. Construída no século XVIII, está localizada no sítio Alagadiço Novo (arredores de Messejana), em sete hectares do que restou da antiga propriedade do senador José Martiniano de Alencar, o senador Alencar, pai do escritor. O patrimônio foi tombado em 1964, por providência do presidente da República, à época, marechal Humberto Castelo Branco, via Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Naquele período, a casa grande já havia sido demolida e restavam apenas a casinha e as ruínas de um antigo engenho, o primeiro do Estado a funcionar com energia a vapor. É considerada um importante bem pelo seu significado arquitetônico, pois documenta o estágio evolutivo do uso da carnaúba como material de cobertura nos primeiros anos do século XIX. A área pertence à Universidade Federal do Ceará (UFC) e funciona como centro cultural. Endereço: Av. Washington Soares, 6055 – José de Alencar – CEP 60830005 – Fortaleza - CE
COLEÇÃO ARQUEOLÓGICA DO MUSEU DA ESCOLA NORMAL JUSTINIANO DE SERPA (SOB A GUARDA DO MUSEU DO CEARÁ) Tombada em 1941, a coleção é composta por peças indígenas, tais como vasos de cerâmica, arcos e flechas. No museu, estão as seguintes peças: um vaso de cerâmica, que foi encontrado na Gruta de Ubajara; uma coleção de 68 peças formadas por arcos e flechas de indígenas do Mato Grosso; uma coleção formada por 22 peças de adornos indígenas e quatro machados de pedra. Endereço: Rua São Paulo, 51 – Centro – CEP 60030-100 – Fortaleza - CE
FORTALEZA DE NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO Marco fundante da cidade de Fortaleza, foi erguida sobre as ruínas de antigo forte holandês. O desenho atual data do início do século XIX e começou a ser construído segundo o projeto do engenheiro Antônio José da Silva Paulet. Contudo, novas modificações foram realizadas, especialmente após a Segunda Guerra Mundial. Atualmente, sedia o Comando da 10ª Região Militar. Endereço: Av. Alberto Nepomuceno, s/n – Centro – CEP 60055-000 – Fortaleza - CE
SOLAR CARVALHO MOTA (ANTIGO MUSEU DAS SECAS E ATUAL ARQUIVO DO DNOCS) Construída para ser residência do coronel Antônio Frederico de Carvalho Motta, a edificação passou a ser ocupada, em 1909, pela Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (Ifocs), atual Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). Em 1983, o prédio foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e restaurado a fim de sediar o Museu das Secas, onde permaneceu de 1985 a 2004. Em seguida, passou a ser utilizado como arquivo do Dnocs. A estrutura é um exemplo da arquitetura do século XX e apresenta estilo eclético, misturando elementos art nouveau e neoclássicos, com portas e janelas em arco abatido. O local está fechado há quase duas décadas e apresenta situação precária e de abandono. Endereço: Rua Pedro Pereira, 683 (esquina com a rua General Sampaio) – Centro – CEP 60035-000 – Fortaleza - CE
THEATRO JOSÉ DE ALENCAR (TJA) Considerado um dos mais belos Teatros Monumentos do Brasil, o TJA foi construído entre 1908 e 1910. A edificação, que tem grande valor arquitetônico, recebeu uma estrutura de ferro importada da Europa por meio da firma Boris Frères à empresa escocesa Walter MacFarlane & Co. A arquitetura tem como destaque os estilos art nouveau e neoclássico. Parte da pintura homenageia o escritor cearense José de Alencar, que dá nome ao teatro. A ideia original de teatro-jardim veio a se consolidar na década de 1970, com desenho projetado pelo paisagista e artista plástico Roberto Burle Marx. Em 2023, o TJA completou 113 anos de fundação. Endereço: Rua Liberato Barroso, 525 – Centro – CEP 60030-160 – Fortaleza - CE
ICÓ
CASA DE CÂMARA E CADEIA A edificação, construída entre o fim do século XVIII e o início do século XIX, é considerada uma das maiores e mais importantes do Estado, com sistema original de grades de ferro para isolamento das celas. Em 1780, a obra foi paralisada em razão da utilização de barro para os alicerces, sendo retomada em 1800 pelo capitão Roberto Correia da Silva, utilizando pedra e cal. Em 1862, as instalações foram transformadas em enfermaria para as vítimas da epidemia de cólera. No local, além da cadeia, funcionaram a sede do governo do Ceará e o Judiciário. Atualmente, o equipamento abriga o Centro de Arte e Cultura Prefeito Aldo Marcozzi Monteiro. Endereço: Rua Doutor Inácio Dias, s/n – Praça da Matriz – Largo do Théberge – CEP 63430-000 – Icó - CE
CONJUNTO ARQUITETÔNICO E URBANÍSTICO É considerado o melhor da arquitetura tradicional feita no Ceará, inclusive no plano popular. Este patrimônio concentra-se nas principais ruas do município, onde estão localizados os bens de maior relevância e o traçado urbanístico imposto pelas normas da Coroa Portuguesa no século XVIII. Como toda a arquitetura tradicional produzida na antiga Província do Ceará, a de Icó também prima pela simplicidade e despojamento. A cidade conserva um valioso acervo arquitetônico, e a área delimitada para a proteção tem, aproximadamente, 320 imóveis.
IGUATU
FACHADAS DA IGREJA MATRIZ DE SANTANA A igreja matriz não tem documentação que indique o período em que foi construída, porém, em outubro de 2022, o município celebrou os 191 anos da paróquia. A edificação foi erguida utilizando pedras, com algumas paredes de tijolos e cal, madeiramento em cedro e vigas de angico. A fachada principal apresenta portas de vergas em arco abatido. As janelas do coro e as laterais têm vergas iguais às das portas. As mesmas janelas têm gradil em ferro batido. O frontão se desdobra em volutas nas laterais e é coroado por pináculos e cruz. A torre do lado direito é coroada por cúpula piramidal, sob base prismática. Do lado esquerdo, sobre a cornija, há um frontão triangular. As fachadas laterais têm janelas e portas de vergas retas e vãos retangulares. Endereço: Rua Senador Pompeu, s/n – Centro – CEP 63500-074 – Iguatu - CE
ITAREMA
IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO (IGREJA DE ALMOFALA) A edificação foi erguida ainda no período colonial, no século XVIII, e as obras foram concluídas em 1712. A igreja apresenta estilo barroco e é um exemplo da arquitetura jesuítica brasileira, ou seja, influenciada e realizada sob a égide dos padres jesuítas que vieram ao Brasil por volta do século XVI e permaneceram até meados do século XVIII. Localizada em Almofala, distrito de Itarema, passou 45 anos soterrada. Endereço: Rua Tomaz Sabino, 1060 – Almofala – CEP 62590-000 – Itarema - CE
QUIXADÁ
AÇUDE DO CEDRO O açude foi projetado e construído entre 1882 e 1906. A parede em arco de alvenaria de pedra foi a primeira grande obra hidráulica moderna do continente sul-americano e incorporou o avançado progresso científico, tecnológico e do cálculo aplicado à engenharia civil à época. Projeto assinado pelo engenheiro britânico J. J. Revy e construído por expoentes da nascente engenharia brasileira de formação politécnica, a barragem afirma-se como um exemplar excepcional do período entre a segunda metade do século XIX e o início do século XX. É uma das pioneiras obras do tipo no mundo. Como parte do complexo, está a famosa Pedra da Galinha Choca.
CONJUNTO DE SERROTES DE QUIXADÁ As formações geomorfológicas em monólito compõem a primeira grande área natural protegida pelo Iphan no Ceará.
QUIXERAMOBIM
CASA DE CÂMARA E CADEIA Com estilo setecentista, a edificação foi construída na primeira metade do século XIX. Tem dois pavimentos, sendo o primeiro em pedra e cal e o superior, em alvenaria. A parte superior da fachada principal tinha duas janelas retangulares, com ombreiras de pedra e gradis em ferro, porém reformas no imóvel transformaram-nas em duas portas retangulares. A fachada posterior ainda preserva a aparência original, com disposição semelhante à anterior, tendo a escada no seu lado direito. Atualmente, o prédio é utilizado como sede da Câmara de Vereadores de Quixeramobim. Endereço: Rua Cônego Pinto de Mendonça, 60 – Centro – CEP 63800000 – Quixeramobim - CE
SOBRAL
CENTRO HISTÓRICO DE SOBRAL Abrange edificações valiosas como o Teatro e a Praça São João, além de um conjunto de casas em estilo art nouveau. O patrimônio se estende da margem do rio Acaraú à rua Coronel Mont’Alverne, onde estão inúmeros imóveis e espaços públicos, alguns remanescentes do século XVIII, como sobrados decorados com motivos greco-romanos e várias construções religiosas, incluindo as igrejas da Sé e de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos (construída por pessoas escravizadas). A área protegida inclui 1.247 imóveis.
VIÇOSA DO CEARÁ
CONJUNTO HISTÓRICO E ARQUITETÔNICO O conjunto histórico e arquitetônico de Viçosa do Ceará, uma das mais importantes vilas de índios do Brasil do século XVIII, foi tombado pelo Iphan em 2002.
IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO E SEU ACERVO MÓVEL E INTEGRADO, ESPECIALMENTE OS PAINÉIS PINTADOS NO TETO DA CAPELA-MOR Construída por jesuítas, a igreja mais antiga do Estado foi erguida entre os anos de 1691 e 1700. Na época, os membros da Companhia de Jesus catequizavam os índios tabajaras e, para atraí-los à fé católica, esculpiram a imagem de Nossa Senhora da Assunção com traços semelhantes aos das mulheres daquela etnia. Ao longo dos anos, com a mudança de párocos, a igreja, em estilo barroco e fachada eclética, foi sendo reformada e descaracterizada, perdeu o altar do coral e teve a inclusão de cerâmicas em seu interior e pedras na fachada. Endereço: Praça Clóvis Beviláqua, 589 – Centro – CEP 62300-000 – Viçosa do Ceará - CE
12
FORTALEZA - CEARÁ, DOMINGO, 26 DE NOVEMBRO DE 2023
SILAS DE PAULA Diretor do Museu da Imagem e do Som A Economia Criativa no Brasil, impulsionada pela interseção cativante entre arte, cultura e tecnologia, está em constante movimento. Nos últimos anos, testemunhamos o surgimento de avanços notáveis, como o Vídeo-mapping, a Realidade Virtual (RV), a Realidade Aumentada (RA) e os enigmáticos tokens não fungíveis (NFTs).
Enquanto isso, os tokens não fungíveis (NFTs) se assemelham a talismãs digitais, cada um carregando uma história e um valor transcendental. Artistas e colecionadores se envolvem em um duelo intrigante no mercado das criptomoedas, onde a autenticidade e a raridade se tornam moedas de troca. Nesse grande palco, o Museu da Imagem e do Som do Ceará emerge como um farol para aqueles que buscam desbravar os mistérios dessas tecnologias revolucionárias. Com exposições que desafiam as margens do possível e programas de formação que nutrem a criatividade e a maestria, o MIS é o palco onde os artistas encontram seu momento de glória.
Essas inovações têm agitado o palco criativo, desencadeando uma maré crescente de oportunidades e, ao mesmo tempo, desafiando as convenções preestabelecidas. Os protagonistas se lançam em jornadas ousadas, explorando novas dimensões, desvendando segredos e trilhando caminhos inexplorados, tudo em busca da expressão mais autêntica da sua arte.
Nesse enredo em constante evolução, a Economia Criativa no Brasil se reinventa a cada ato. Os protagonistas, com pincéis e teclados em mãos, moldam a narrativa deste emocionante capítulo, enquanto o público ansiosamente aguarda para testemunhar o próximo ato dessa jornada deslumbrante, onde a criatividade, a cultura e a tecnologia se fundem em uma dança hipnotizante.
A Realidade Virtual, por exemplo, emerge como uma ferramenta mágica, permitindo que artistas e criadores construam mundos imersivos, onde realidade e sonho se entrelaçam. As fronteiras entre o que é e o que poderia ser se dissolvem nesse reino virtual, desafiando a percepção humana e convidando os espectadores a mergulharem em universos até então inexplorados.
senaiceara
DESENVOLVA SUA EQUIPE COM CURSOS IN COMPANY da maior escola de educação profissional da América Latina
COM O SENAI, VOCÊ TEM: Ambientes completos com prática profissional Professores especialistas e que vivem na prática o que ensinam Formação rápida e qualificada Aumento da produtividade e eficiência operacional
Solicite uma proposta e deixe o SENAI desenvolver todo o potencialque seu negócio tem para crescer:
(85) 4009.6300
www.senai-ce.org.br