EDIÇÃO 23 JUNHO/2024
A DELICADEZA DE FALAR SOBRE SI editorial
A primeira ligação que fiz para a dra. Ana Lúcia Lemos foi no final de uma manhã durante a semana. Ela não atendeu o número desconhecido. Eu me apresentei pelo W hats A pp e ela me retornou. Uma voz tão doce que parece de alguém que está falando com um sorriso no rosto. Se desculpou pela ligação perdida e explicou que é de manhã a hora do dia em que ela se dedica ao jardim de sua casa ou às suas orações. A gestão do Laboratório Vicente Lemos está sob o comando do filho, e ela conta, que os dois combin aram que ela deve descansar mais. Hoje, Ana Lúcia faz parte d a diretoria do Laboratório e recebe u a repórter Hermínia Rachel Saraiva na sede do Crato. A conversa você lê nas páginas a seguir. Uma fala sobre si mesma chama atenção pela simplicidade e poesia. Ela conta que o que aprendeu em todos os anos à frente do laboratório de análises clínicas foi “viver com honest idade e fé”.
E mesmo que coincidências não existam, nossas outras conversas desta edição voltam sempre ao universo da fé e da honestidade. A fé que embala o movimento junino, a honestidade consigo mesm a de ser criadora de moda autoral ou se reconhecer pessoa trans. A fé de apostar em sabores internacionais e a honestidade de fazer comida de verdade. Que as páginas a seguir encantem você, caro leitor, pela simplicidade das narrativas que traduzem o que há no coração e na fé do fazer do caririense.
Boa leitura!
Jornalista, mestre em Comunicação pela UFC e encantada pelo Cariri. “Sigo assinando com minha foto ao lado da estátua de Padre Cícero logo na entrada da revista. É como se essa fosse uma casa e bem na porta a estátua do santo protege, abençoa e prospera quem entra e quem aqui está. Basta acreditar”
Fundado em 7 de janeiro de 1928 por Demócrito Rocha
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Edição
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IMPRESSO NA GRÁFICA HALLEY
MOVIMENTO JUNINO
A EMOÇÃO E A FÉ EM TORNO DOS FESTEJOS DOS SANTOS 30
22 CAPA ANA LÚCIA LEMOS A TRAJETÓRIA DA FUNDADORA DO LABORATÓRIO VICENTE LEMOS
51 MODA AS ESTILISTAS QUE LEVAM O CARIRI NO CORAÇÃO E NOS LOOKS
60
ESTÉTICA AS NOVAS TECNOLOGIAS DE BELEZA
66
CAROL KOSSLING EMPRESAS ENGAJADAS NAS PRÁTICAS ESG
39 GUIA DE DELÍCIAS A TRADIÇÃO GASTRONÔMICA DO CARIRI E DO MUNDO
68 RESISTÊNCIA TRANS A COMUNIDADE QUE REESCREVE A PRÓPRIA HISTÓRIA
74 FOTOGRAFIA TELMA SARAIVA E AS MEMÓRIAS DE UM POVO
ECOSSISTEMA DE
INOVAÇÃO SEBRAE IMPULSIONA
NO CARIRI, SEBRAE CEARÁ ATUA COMO UM HUB QUE DESENVOLVE UM
ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO COMPETITIVO E POTENCIALIZA OS NEGÓCIOS
Inovação é um dos principais fatores que impulsionam o desenvolvimento de negócios no Cariri
A região do Cariri tem se destacado como um importante polo de inovação e empreendedorismo no Ceará. Esse avanço tem sido impulsionado pelo trabalho do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado do Ceará (Sebrae Ceará), que atua com estratégias específicas para promover o desenvolvimento sustentável e a competitividade dos negócios locais, se articulando em rede para fortalecer o ecossistema de inovação.
A região pontua pela localização estratégica, equidistante de importantes capitais nordestinas – o que atrai muitos consumidores de produtos e serviços de regiões vizinhas. Em meio à riqueza cultural e ao potencial de vários polos econômicos e várias outras vocações do Cariri, as oportunidades vão emergindo com produtos e serviços inovadores e de alto valor agregado.
A infraestrutura regional, que conta com um aeroporto, com a retomada da construção da Transnordestina que atravessa Missão Velha e com a potencial instalação de um porto seco, também contribui para um ambiente favorável ao empreendedorismo. Além disso, o custo de vida mais baixo e mão de obra qualificada a partir da presença de instituições de ensino superior e técnico de qualidade despontam como elementos promotores da inovação no Cariri.
Ciente dessas potencialidades, o Sebrae Ceará tem implementado iniciativas que abrangem desde o apoio direto aos empreendedores até a formação de parcerias e a promoção de eventos. Elizangela Andrade, articuladora do Escritório Sebrae - Regional Cariri, explica a estratégia. “Buscamos o desenvolvimento territorial de forma sustentável e inovadora, por isso pensamos numa estratégia integrada e completa, que trabalha o ambiente de negócios e os setores produtivos, para que o Cariri desenvolva e potencialize polos econômicos, além disso, investe no fomento ao empreendedorismo
O propósito
é
transformar o Cariri num polo de oportunidades, conexões e sustentabilidade”
ESTRATÉGIAS DE INOVAÇÃO
As estratégias de inovação do Escritório estão assentadas em cinco pilares comuns:
1- DESENVOLVIMENTO DO AMBIENTE DE INOVAÇÃO: capacita empreendedores, empresas e instituições locais em habilidades relevantes para a inovação, por meio de eventos, workshops, meetups, ideathons, design thinking, inovação aberta, gestão da inovação, tecnologia, entre outros.
2 - ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO: fomenta o ambiente propício à inovação, incluindo parcerias com universidades, empresas, instituições governamentais e investidores, promove o surgimento e o crescimento de startups e empresas inovadoras.
ATUAÇÃO DO SEBRAE
O Sebrae Ceará oferece apoio diversificado aos empreendedores, seja através do atendimento especializado ao cliente pelos analistas do Sebrae, ou por uma rede de agentes que vão ao encontro dos empreendedores para diagnosticar as necessidades e sugerir a melhor solução. Este suporte inclui consultorias, mentorias, capacitações, ações de mercado, entre outras, através de projetos e programas. Vale ressaltar que o Sebrae atende de forma presencial, digital e híbrida. As consultorias são voltadas para gestão e inovação dos negócios. “Elas atendem desde aquele que quer começar a empreender como aquele que já empreende e quer expandir”, informa Elizangela Andrade. Nesse sentido, pode-se mencionar duas iniciativas pioneiras no interior do Estado. O SEBRAELAB, que é um equipamento com um ambiente propício à inovação e experimentação e pode ser utilizado por toda a população que tenha um negócio digital e se interesse por inovação; e a Escola de Conhecimento Experience, que busca a formação executiva.
com uma rede estendida que abrange todos os municípios prestando apoio aos pequenos negócios, da mesma forma, investe na educação empreendedora com foco no futuro empreendedor com vistas à geração de oportunidades”.
A base de atuação do Sebrae no Cariri está no desenvolvimento territorial que observa quatro eixos estratégicos: rede de atendimento estendida, competitividade dos negócios, ambiente de negócios e educação empreendedora. Tudo conectado a AGENDA LIDER, trabalho desenvolvido pela Agenda Liderança para o Desenvolvimento Regional (LIDER), iniciativa conduzida pelo Sebrae Ceará em conjunto com lideranças voluntárias locais e que contempla inovação e competitividade dos negócios. “O propósito é transformar o Cariri num polo de oportunidades, conexões e sustentabilidade”, diz Elizangela.
3 - COMPETITIVIDADE DOS NEGÓCIOS: promove a competitividade, ajudando as empresas a implementar inovação de forma mais eficaz para ser sustentável.
4 - ESTÍMULO À CULTURA
INOVADORA: promove uma cultura que valoriza a inovação, o empreendedorismo e a experimentação, colaboração e networking. Além disso, estimula a colaboração entre empresas, instituições de pesquisa, governos e outros atores do ecossistema de inovação, através dos equipamentos de inovação na região, fazendo um hub com o SEBRAELAB.
5 - APOIO A STARTUPS: Apoio ao desenvolvimento e aceleração de startups com programas, residências e acesso a eventos.
ESCRITÓRIO SEBRAEREGIONAL CARIRI
Municípios atendidos: Altaneira, Araripe, Assaré, Aurora, Barbalha, Barro, Brejo Santo, Campos Sales, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Granjeiro, Jardim, Jati, Juazeiro do Norte, Mauriti, Milagres, Missão Velha, Nova Olinda, Penaforte, Porteiras, Potengi, Salitre, Santana do Cariri e Várzea Alegre.
Setores estratégicos para a região: Apicultura, Artesanato, Cerâmica, Comércio Varejista, Couro, Calçados, Cultura, Floricultura, Joias Folheadas, Fruticultura, Gestão Ambiental, Mandiocultura, Minerais não Metálicos, Ovinocaprinocultura, Têxtil – Confecção e Turismo.
Horário de Atendimento: Dias úteis de 8h às 12h e de 13h às 17h
Endereço: Av. Padre Cícero, 2241 - loja 40 - Santa Tereza, Juazeiro do Norte - CE, 63050-423
Fone: 0800 570 0800
Acesse: sebrae.com.br
QUEM FEZ ESTA EDIÇÃO DA O POVO CARIRI
JANAINA VIANA_
Analista de projetos. Jornalista, especialista em Políticas Públicas e Direitos Sociais (Uece). Já trabalhou com assessoria, campanhas e revistas. Ama como todas as formas de comunicação podem ser condutoras de transformação social. Gosta de viajar, viver novas culturas e contar as suas histórias.
ALLAN BASTOS_
Fotógrafo. Formado em Marketing, fundador da Escola de Fotografia do Movimento Pró Criança. É Membro da Cadeira 14 das Artes e Ofícios do ICC – Instituto Cultural do Cariri, onde é coordenador da comunicação do institucional no Centro Cultural do Cariri.
GUILHERME CARVALHO_
É jornalista formado pela Universidade Federal do Cariri (UFCA) e tem experiência com radiojornalismo e jornalismo impresso. Atualmente, é âncora da rádio O POVO CBN Cariri, onde apresenta o programa Revista O POVO Cariri diariamente. Além disto, atuou como repórter e produtor da emissora, além de escrever para o portal O POVO sobre a região do Cariri.
LETÍCIA DO VALE _
Repórter. É jornalista e apaixonada por escrever. Mesmo natural de terras cariocas, chegou a Fortaleza ainda muito nova e se considera cearense de coração.
JANSEN LUCAS_
Designer. Artista visual e crítico de cinema. Cearense com mais de oito anos de experiência na área do design editorial. Apaixonado por cinema e artes em geral, vê no design uma oportunidade de se expressar artisticamente através de colagens manuais e digitais.
EMANUELLE LOBO _
Repórter. Filha do Crato, só deixou a região para se formar em Jornalismo, pela Unifor, quando ainda não tinha o curso no Cariri. É especialista em Gestão Financeira e Consultoria Empresarial (Urca) e pósgraduanda em Comunicação e Marketing Político (Uninassau).
SABRINA RIBEIRO_
Repórter. É jornalista e pós-graduanda em Marketing Estratégico Digital. Natural de Teresina-PI, mas apaixonada pela Chapada do Araripe e as terras caririenses.
LUCAS CASEMIRO_
Repórter. Segue em busca de enxergar o outro, exercício que exige um olhar atento para o cotidiano – e ainda peleja. Gosta de explorar as visualidades e se aventurar pelos negócios.
MÁRCIO SILVESTRE_
Repórter. É jornalista e ator, graduado pela Universidade Federal do Cariri e pósgraduando em Comunicação e Marketing Político pela Uninabuco. Natural do Crato, se identifica como caririense, e reconhece nesta terra sua força e expressividade.
HERMÍNIA RACHEL SARAIVA _
Repórter. Do Crato, jornalista, arteeducadora, especialista em Docência e Gestão de Pessoas. Formações em Marketing, Cerimonial e Oratória. Eterna aprendiz de tudo que a desafia.
NATASHA LIMA_
Designer. Formada em jornalismo. Vê no design uma forma de criar e dar cor a suas ideias. Não dispensa um bom livro e uma xícara de café.
PATRIMÔNIO DÁ HUMANIDADE:
A IMPORTÂNCIA SOCIAL,
CULTURAL E NATURAL DA CHAPADA DO ARARIPE
V SEMINÁRIO INTERNACIONAL BACIA CULTURAL
SOCIOBIODIVERSA DA CHAPADA DO ARARIPE
FORTALECE A CANDIDATURA DA REGIÃO À CHANCELA DE PATRIMÔNIO MISTO DA HUMANIDADE
PELA UNESCO
No Cariri, de longe, se avista um imenso “paredão rochoso”: a Chapada do Araripe surge majestosa ao sul do Ceará, se espalhando a oeste de Pernambuco e a leste do Piauí. Batizada pelos índios cariris como “o lugar das últimas águas”, é uma região de extrema riqueza natural e cultural, com impacto significativo no social. Apresentando a maior área de exposição de rochas cretáceas dentre as bacias interiores do Nordeste, ela reúne os biomas mata atlântica, cerrado e caatinga, além de ser a maior bacia fossilífica do Brasil. A região abriga bens geológicos que remontam a 180 milhões de anos, assim também como a memória de formação geológica da terra e registros arqueológicos da presença humana na pré-história.
A importância natural da região resultou na criação da primeira Floresta Nacional do Araripe, pelo Governo Federal, em 1946. Em 1997, uma área da Chapada, em razão da sua especificidade geológica e dos fósseis cretáceos, foi reconhecida como Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe, com o objetivo de proteger a área; ordenar o turismo ecológico, científico e cultural; incentivar as manifestações culturais e o resgate da diversidade cultural regional; e assegurar a sustentabilidade dos recursos naturais.
Para além da riqueza natural, a Chapada do Araripe é rodeada de uma cultura popular marcante, sem esquecer também de sua tradição sertaneja representada por ícones da cultura religiosa e popular nordestina, podendo citar Padre Cícero e o rei do Baião, Luiz Gonzaga.
Caretas de Potengi FOTOS HERON TARGINO
CANDIDATURA NA
Unesco
Em razão de todos esses elementos, o Sistema Fecomércio Ceará, por meio do Sesc, e em parceria com a Fundação Casa Grande, encabeça a campanha Chapada do Araripe Patrimônio Dá Humanidade, na busca da chancela pela Unesco de Patrimônio Mundial Misto – que possui valor tanto natural quanto cultural. A garantia desse reconhecimento trará relevância cultural, assim também como estabeleceria um compromisso internacional de preservação e proteção da Chapada, trazendo diversos impactos positivos, inclusive no desenvolvimento econômico e no turismo da Região.
A campanha para tornar a Chapada do Araripe Patrimônio da Humanidade nasce há duas décadas, por um diálogo levantado pelo Sesc Ceará em torno da riqueza existente na Região. Em 2019, a campanha inicia com estudos para elaboração de informações sobre a Chapada do Araripe e a realização do 1º Seminário Internacional para discutir a ideia da candidatura.
Na expressão ”Patrimônio Dá Humanidade”, Dá acentuado referese ao conceito de: oferece, concede, promove, transfere
Alemberg Quindins entregou o dossiê da candidatura da Chapada para a ministra da Cultura, Margareth Menezes
No ano seguinte, a Fundação Casa Grande, o Sistema Fecomércio, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), a Fundação Cearense de Amparo à Pesquisa (Funcap) e a Universidade Regional do Cariri (Urca) mapearam o território da Chapada, identificando um conjunto de bens naturais e culturais com potenciais valores universais excepcionais que justificariam sua inclusão na Lista Indicativa do Patrimônio Mundial.
Em fevereiro deste ano, a proposta de candidatura da Bacia Cultural Sócio Biodiversa da Chapada do Araripe – Patrimônio Dá Humanidade foi inserida pelo Iphan na lista Indicativa brasileira de bens que tem potencial para o reconhecimento como Patrimônio Mundial da Unesco. É um passo importante e o primeiro estágio a potencial escolha da Região para receber a chancela de Patrimônio Mundial Misto.
O presidente do Sistema Fecomércio Ceará, Luiz Gastão Bittencourt, afirma que esse resultado vem do esforço coletivo e que a conquista será importante para todos. “Receber o reconhecimento como Patrimônio Mundial Misto terá impacto significativo em diversos aspectos. Ganharemos com a preservação do meio ambiente, da cultura, das tradições locais, do folclore e da gastronomia, não tenho dúvidas que essa conquista será um grande marco para todas as regiões da Chapada”, pontuou.
A campanha continua. No período de 5 a 8 de junho, o Sesc e a Fundação Casa Grande realizaram o V Seminário Internacional Bacia Cultural Sociobiodiversa da Chapada do Araripe - Patrimônio Mundial Dá Humanidade. Reunindo especialistas, pesquisadores, gestores públicos, líderes políticos, universidades, acadêmicos e entusiastas do Brasil e de outras partes do mundo, o encontro proporcionou o diálogo e a troca de experiências entre países que atuam na gestão de sítios reconhecidos como patrimônio mundial, permitindo discutir estratégias para a conservação e gestão sustentável desses locais únicos, enfrentando desafios comuns e emergentes mas, que sejam capazes de proporcionar benefícios múltiplos para o território.
A CHAPADA E SEUS
Para além da diversidade em sua flora e fauna, a Chapada do Cariri concentra inúmeros fósseis. O território Geológico e Paleontológico do Cariri foi reconhecido pela Unesco como o primeiro Geoparque das Américas, por sua relevância geológica e paleontológica mundial e por abrigar a principal jazida de fósseis cretáceos do Brasil, incluindo a maior concentração de vestígios de pterossauros do mundo.
Alemberg Quindins, gerente de cultura do Sesc Ceará e criador da Fundação Casa Grande, explica que a formação da Chapada do Araripe comprova a teoria da deriva dos continentes, sendo um registro de quando tudo era um só território. “Sua bacia geológica é um comprovante disso. Existem elementos que a Chapada resguarda, que só encontra nesses outros continentes, como a África. Nessa formação surge a cultura imaterial da relação do homem com essa geologia”, pontua.
do Araripe
BACIA CULTURAL
V Seminário Internacional Bacia Cultural Sociobiodiversa da Chapada do Araripe - Patrimônio Mundial Dá Humanidade foi realizado entre 5 e 8 de junho
As manifestações culturais são outro ponto forte da Região. Por isso, enquanto a campanha em favor da Chapada avança, o Sesc fortalece as Mostras e fomenta a criação de novos museus orgânicos. Os Museus Orgânicos fortalecem a identidade local permitindo que as próprias comunidades tenham voz e protagonismo na preservação e promoção de sua cultura, conhecimentos e tradições. A extensa cultura popular é repleta de símbolos históricos, religiosos, sociais e artísticos, fazendo da Chapada um verdadeiro caldeirão cultural com reisados, repentes e caretas que reforçam uma herança cultural de valor excepcional e imaterial.
Arte
O SOM, O FIO E A NATUREZA
“Tudo no mundo o homem faz, só não faz o que foi feito por obra da natureza.” O trecho da música da mestra Aurinha do Coco, citado por Maria Macêdo, como referencial para a construção da exposição Nascente da trama e do som, é porta de interpretações das produções que estão presentes na exibição até dia 31 de julho, no Centro Cultural do Cariri. Com curadoria de Bitu Cassundé, Eliana Amorim e Maria Macêdo, a mostra reúne mais de 40 obras de luthieria e artes têxteis. As obras da exposição são matériasprima da Chapada do Araripe. Construídas a partir de elementos da natureza, as peças carregam como inspiração as memórias e ancestralidades de mestres e mestras da região do Cariri, que pela primeira vez têm suas obras expostas no Centro Cultural.
Exposição “Nascente da trama e do som” Centro Cultural do Cariri - Galeria 3, piso 2
Avenida Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes, 1, Gizélia Pinheiro (Batateiras), Crato-CE
notas
Noivas
FLORES ARTESANAIS
DECORAM CASAMENTO
COLETIVO, EM BARBALHA
As noivas de Santo Antônio, como são carinhosamente chamadas as noivas protagonistas do casamento coletivo, na festa de Santo Antônio em Barbalha, tiveram um motivo extra para se orgulhar do grande dia este ano. No dia 9 de julho, além de um grande amor, as 15 noivas exibiam os buquês feitos por elas mesmas. A proposta foi concretizada pela parceria do programa de desenvolvimento do artesanato (CeArt) e da Escola de Saberes de Barbalha e as oficinas aconteceram aos sábados, envolvendo 49 mulheres. Entre elas, as noivas dessa edição do casamento, bem como suas mães, irmãs, avós e parentes. A turma aprendeu a técnica de flores vegetais com a fibra da bananeira e a palha do milho, tradicional da região caririense. Lucas Costa, gerente da CeArt no Cariri, explica que a ideia é dar significado ao artesanato local, além de gerar renda para a família que está se formando com o casamento. “Ao escolhermos repassar essa técnica visamos a abundância da matéria no local. Assim, traríamos sustentabilidade para o processo garantindo a continuidade da cadeia produtiva”, diz.
Grátis
CENTRO CULTURAL
DO CARIRI INAUGURA
CINECLUBE NO CRATO
O Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo, localizado no Crato, inaugurou no início de junho o Cineclube Cego Aderaldo. Gratuito e aberto ao público, o cineclube irá exibir filmes e promover um debate reflexivo acerca das obras com o objetivo de democratizar o acesso à sétima arte. Os encontros irão ocorrer todas as quintas-feiras a partir das 18h no espaço Pequeno Palco. O nome do clube homenageia o cratense Aderaldo Ferreira de Araújo, poeta, cantador e entusiasta do cinema do Cariri.
Eleitores
REGIÃO DO CARIRI NÃO TERÁ SEGUNDO TURNO
NAS ELEIÇÕES DE 2024
Juazeiro do Norte, terceiro maior colégio eleitoral do Ceará, não terá segundo turno nas eleições municipais de outubro. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE), a cidade não alcançou o percentual de 200 mil eleitores aptos a votar, número necessário para que se haja segundo turno nas eleições. Apesar da expectativa, o município alcançou apenas o número de 199.223 eleitores, o que representou um aumento de 16 mil em comparação aos números de 2022.
notas
O POVO CBN CARIRI
PROGRAMA REVISTA O POVO
CARIRI COMPLETA UM ANO NAS ONDAS DO RÁDIO
Há um ano, os ouvintes da rádio O POVO CBN Cariri escutam de segunda a sexta, às 15h, o programa Revista O POVO Cariri, sob comando do jornalista Guilherme Carvalho. A trajetória teve início em junho do ano passado, nas vésperas da Festa do Pau da Bandeira, em Barbalha, e tem desempenhado um papel importante no rádio caririense de pautar os principais assuntos da sociedade e trazê-los para o debate na região. De lá pra cá, nomes importantes da área judicial, da saúde, do mercado de trabalho, dos negócios e da cultura marcaram presença nos estúdios do programa, como o presidente da OAB-CE, Erinaldo Dantas, o fundador do Juá, Assis Mangueira, e cantora Baby do Brasil, tropicalista que se apresentou na Mostra Sesc Cariri em 2023.
Programa Revista O POVO Cariri - rádio O POVO CBN Cariri (FM 93,5) Apresentação: De segunda a sexta Horário: 15h às 16h
Saúde
MEC ANUNCIA CONSTRUÇÃO DE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO NO CARIRI
A Universidade Federal do Cariri (UFCA) será contemplada com a criação de um hospital universitário. O investimento do Ministério da Educação (MEC) será de R$ 5,5 bilhões e faz parte do novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC). O hospital deve ser construído ao lado do campus Juazeiro do Norte, em um terreno doado pelo Governo do Ceará. O programa de investimentos do MEC prevê, ainda, a criação de três unidades do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia (IFCE) em Barro, Campos Sales e Lavras da Mangabeira.
Franciscanos
ANTIGA ESTAÇÃO DA RFFSA EM JUAZEIRO DO NORTE É RESTAURADA E ABRIGA ESPAÇO CULTURAL
O antigo prédio da RFFSA em Juazeiro do Norte foi reformado pela Prefeitura e agora dá espaço ao Centro Cultural Daniel Walker. A estação ferroviária fica localizada no bairro Franciscanos e foi inaugurada originalmente em 1926, mas encontrava-se abandonada há anos. Após a reforma, o equipamento dispõe de salão de exposição, uma área de memória institucional e um espaço que abriga uma cafeteria. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h. A expectativa é que o local receba feiras e exposições.
CAPA
Nascida no Crato, a farmacêutica e bioquímica Ana Lúcia Lemos fundou um império das análises clínicas, o Laboratório Vicente Lemos, referência em medicina laboratorial em todo o Estado do Ceará, com atuação presencial também em Pernambuco. Líder nata, Ana Lúcia é conhecida por sua gentileza singular. Mãe orgulhosa de Cassius, Natiana e João, casada com José Natier - Zezinho, como é chamado carinhosamente -, ela carrega no coração uma fé inabalável de que tudo o que é feito com amor e honestidade, inevitavelmente prospera sob as bênçãos do Criador.
Recebeu o prêmio Mulher de Fibra 2023 Fecomércio/Sesc, que reconhece e enaltece o protagonismo de mulheres por suas trajetórias pessoais e profissionais. Vaidosa, elegante e carismática, ela conta um pouco da sua história de vida, recorda lembranças de uma infância feliz e de um caminho de coragem, perseverança, dedicação e mãos dadas com pessoas fraternas.
Fim de tarde no Crato, clima ameno de junho. Da calçada de uma das sedes do Laboratório, na Avenida Perimetral, no Crato, se avista a estátua de Nossa Senhora de Fátima, em um crepúsculo de tom rosado, peculiarmente caririense. Ana Lúcia chega sorridente, usando uma blusa verde, calça preta, maquiagem em tons naturais, caprichadíssima. Alegremente pergunta como será a entrevista, as fotos, se mostrando atenta e cordial. Enquanto o fotógrafo testa a luz e o enquadramento, já começamos a conversar e a percepção de quem é Ana Lúcia começa a se configurar.
Uma senhora que já conta mais de 50 anos de carreira e se demonstra jovem, antenada ao mundo atual. Lembra com nitidez da infância feliz, apesar do falecimento da mãe quando ela era ainda bem pequena. “Minha infância foi a melhor possível, só não foi perfeita por conta da morte de minha mãe quando eu ainda tinha 3 anos, praticamente não a conheci, contudo meu pai casou-se novamente depois de um certo tempo e minha madrasta foi extremamente maravilhosa” relata. “Recordo-me bem de brincadeiras
no quintal, na rua, do pé de seriguela”. Uma infância mágica, no tempo em que a energia elétrica tinha hora pra acabar. Da vida de estudante na Escola Teodorico Teles e no Colégio Santa Teresa de Jesus, Dra. Ana Lúcia não esquece os esforços e a ajuda da queridíssima Madre Feitosa, religiosa reconhecida pela generosidade e benevolência (faleceu em 2019), que conseguiu desde bolsas de estudo, até um lugar pra morar em Fortaleza quando no momento de sua formação acadêmica na Universidade Federal do Ceará. Foram anos de estudo, preparação e alguns percalços, todos devidamente superados. Ana Lúcia recorda de um episódio em que ela e a irmã, então acadêmicas e moradoras do citado pensionato foram cobradas de uma forma meio grosseira por uma senhora que vendia lanches. “Estamos no final do mês e todos já pagaram os seus lanches, só falta o pagamento dessas duas negrinhas”, conta. Caso nítido de racismo, outra época, outros parâmetros. Fato é que esse ocorrido não guardou angústia nem mágoa, apesar de que, mesmo na época, ela tinha ciência de que foi sim uma agressão. Mas que em momento algum a paralisou em busca dos seus objetivos.
MEUS INTERESSES
PESSOAIS, COMO A
JARDINAGEM
E A LEITURA, ME AJUDAM A MANTER O EQUILÍBRIO E A CALMA
O tempo passa, Ana Lúcia se forma com louvor, foi a juramentista de sua turma. Casou-se com Zezinho, teve experiências edificantes na Faculdade de Filosofia, instituição anterior à Universidade Regional do Cariri. A convite de José Nilton Alves lecionou aulas de História Natural e no laboratório do saudoso Dr. Paulo Cartaxo, muniu-se de conhecimentos para montar o seu primeiro laboratório na cidade de Cedro, Ceará.
Os filhos nasceram, algumas coisas se complicaram no laboratório, mas ela conseguiu vender (com a ajuda de São João Batista, segundo ela). De volta ao Crato, ela começou a trabalhar com Dr. Marcelo Leite Alencar, onde sua experiência se solidificou ainda mais até fundar o Laboratório Vicente Lemos, sempre de mãos dadas com o fiel companheiro Zezinho, que em sua emblemática kombi comercializava produtos alimentícios, trabalhou bastante com vendas e juntos conseguiram instituir a empresa, que teve como sócia a irmã.
Atualmente, o filho João assumiu a direção geral do laboratório, mas Ana Lúcia segue na diretoria do Laboratório. Vez ou outra ainda assina laudos e acompanha de perto os processos de expansão e inovação da empresa. No entanto, a conversa se demora é quando fala sobre seus hobbies, o cuidado com suas plantas e a dedicação às suas orações.
CAPA
NA ÁREA DE SAÚDE É FUNDAMENTAL TER EMPATIA E COMPAIXÃO PELAS
PESSOAS, POIS O CUIDADO COM A SAÚDE É UMA RESPONSABILIDADE
MUITO GRANDE
O POVO Cariri – A senhora pode nos contar um pouco sobre sua infância e onde você cresceu?
Ana Lúcia Lemos - Minha infância foi no Crato e foi a melhor possível. Cresci em uma cidade pequena, onde a comunidade era unida e todos se conheciam. Tive uma infância mágica, cheia de brincadeiras no quintal e na rua. Meu pai casou-se novamente após a morte da minha mãe, quando eu tinha apenas três anos, e minha madrasta foi maravilhosa. Vivi num ambiente amoroso e acolhedor. Lembro-me das brincadeiras, dos momentos em família e de uma época em que a energia elétrica tinha hora para acabar. Foi um tempo de muita alegria e simplicidade.
OP Cariri - Quem foram suas maiores influências ao longo de sua vida?
Ana Lúcia - Minha maior influência foi meu pai, Vicente Lemos. Ele foi um homem íntegro, trabalhador e dedicado à família. Além dele, a Madre Feitosa também foi uma grande influência. Ela me ajudou muito na minha educação e sempre me incentivou a seguir meus sonhos.
OP Cariri - O que a senhora gosta de fazer no seu tempo livre?
OP Cariri - Como foi sua trajetória educacional até chegar à sua formação profissional atual?
Ana Lúcia - Minha trajetória educacional foi marcada por muito esforço e dedicação. Estudei na Escola Teodorico Teles e no Colégio Santa Teresa de Jesus. A amada Madre Feitosa, conhecida por sua generosidade, foi uma grande influência na minha vida. Ela conseguiu bolsas de estudo e um lugar para eu morar em Fortaleza durante minha formação na Universidade Federal do Ceará. Foram anos de estudo intenso e preparação. Passei por vários desafios, mas sempre tive o apoio da minha família e dos meus professores. A formação acadêmica foi fundamental para minha carreira como farmacêutica e bioquímica. Fiz o juramento da minha turma, o que foi uma grande honra para mim.
Ana Lúcia Lemos - No meu tempo livre, gosto de cuidar das minhas plantas. A jardinagem é uma das minhas grandes paixões. Adoro ver as plantas crescerem e florescerem. Também gosto de ler e de passar tempo com minha família. Além disso, dedico um bom tempo às minhas orações. A fé é uma parte muito importante da minha vida e encontro muita paz e força nas minhas práticas religiosas.
OP Cariri - Como acha que seus interesses pessoais influenciam sua vida profissional?
Ana Lúcia - Meus interesses pessoais, como a jardinagem e a leitura, me ajudam a manter o equilíbrio e a calma necessários para lidar com os desafios profissionais. A fé e a espiritualidade me dão força e me guiam nas decisões difíceis. A dedicação que tenho aos meus hobbies também se reflete na minha dedicação ao trabalho. Acredito que uma vida equilibrada, com tempo para o trabalho e para os interesses pessoais, é essencial para o sucesso profissional.
OP Cariri - Quais são os valores que mais preza em sua vida pessoal e profissional?
Ana Lúcia - Os valores que mais prezo são a honestidade, o comprometimento e a fé. Acredito que ser honesto em todas as áreas da vida é fundamental para construir relacionamentos fortes e duradouros. O comprometimento com o trabalho e com as pessoas ao nosso redor é essencial para alcançar nossos objetivos. E a fé é o que me mantém firme e me dá a certeza de que tudo o que é feito com amor e honestidade prospera sob as bênçãos do Criador.
OP Cariri - O que a motiva a continuar crescendo e inovando na área da saúde?
Ana Lúcia - A minha motivação vem do desejo de proporcionar o melhor cuidado possível para a comunidade. A saúde é uma área em constante evolução e é necessário estar sempre atualizado e inovando para oferecer serviços de qualidade. A paixão pelo meu trabalho e a satisfação de ver o impacto positivo que o laboratório tem na vida das pessoas são grandes motivadores. Além disso, o
apoio da minha família e dos meus colaboradores é fundamental para continuar crescendo e inovando.
OP Cariri - O que a inspirou a fundar o Laboratório Vicente Lemos?
Ana Lúcia - A inspiração veio do meu pai, Vicente Lemos, e do desejo de contribuir significativamente para a saúde da região. Queria criar um espaço onde pudéssemos oferecer serviços de qualidade, com um atendimento humanizado e eficiente. Acredito que a saúde é um direito de todos e queria fazer a diferença na vida das pessoas. A fundação do laboratório foi um sonho realizado, fruto de muito trabalho e dedicação.
OP Cariri - Como o laboratório evoluiu desde a sua fundação até hoje?
Ana Lúcia - Desde a fundação, o Laboratório Vicente Lemos cresceu significativamente. Começamos pequenos, mas com muito esforço e dedicação, nos tornamos uma referência na área de análises clínicas no Ceará e em Pernambuco. Investimos em tecnologia de ponta e na capacitação contínua da equipe, o que nos permitiu ofere-
cer resultados precisos e confiáveis. Hoje, o Laboratório conta com uma equipe de 300 colaboradores, uma estrutura moderna e diversificada, e estamos sempre buscando inovações para melhorar ainda mais nossos serviços. Expandimos nossa atuação e continuamos a atender com a mesma qualidade e humanização que sempre foram nossas marcas registradas.
OP Cariri - Quais foram as principais inovações e avanços que o laboratório trouxe para o Cariri?
Ana Lúcia - O Laboratório Vicente Lemos trouxe várias inovações e avanços para a comunidade. Implementamos tecnologia de ponta em todos os nossos processos, desde a coleta de amostras até a entrega dos resultados. Adotamos sistemas automatizados que aumentam a precisão e a eficiência dos exames. Também investimos em novas metodologias e equipamentos modernos que nos permitem oferecer uma ampla gama de testes e análises, bem como a implementação de planos sociais, que garantem acesso aos serviços laboratoriais para pessoas de baixa renda.
A MINHA MOTIVAÇÃO VEM DO DESEJO DE PROPORCIONAR O MELHOR CUIDADO POSSÍVEL
A COMUNIDADE
CAPA
OP Cariri - Como o laboratório tem contribuído para a área da saúde na região do Cariri?
Ana Lúcia - O Laboratório Vicente Lemos tem contribuído de diversas formas para a saúde na região do Cariri. Fornecemos serviços de alta qualidade que ajudam médicos e pacientes a obter diagnósticos precisos e tratamentos adequados.
OP Cariri - Quais são os maiores desafios enfrentados atualmente no gerenciamento do laboratório?
Ana Lúcia - Um dos maiores desafios que enfrentamos atualmente é manter a qualidade e a inovação constante em um mercado competitivo. A área de saúde está em constante evolução, e é necessário estar sempre atualizado com as últimas tecnologias e metodologias. Além disso, o gerenciamento de uma equipe grande e diversificada exige habilidades de liderança e comunicação eficazes. Garantir a satisfação dos nossos colaboradores e clientes é uma prioridade, e estamos sempre buscando maneiras de melhorar nossos processos e serviços. Outro desafio é a expansão do laboratório para novas regiões, o que requer planejamento estratégico e investimentos significativos.
OP Cariri - Quais são os planos e objetivos para o futuro do Laboratório Vicente Lemos?
Ana Lúcia - Nossos planos incluem a expansão contínua dos nossos serviços e a incorporação de novas tecnologias. Queremos abrir novas unidades em diferentes regiões, levando nossos serviços de qualidade para ainda mais pessoas. Além disso, estamos investindo em pesquisa e desenvolvimento para oferecer exames ainda mais precisos e rápidos. Continuaremos a focar na capacitação e no bem-estar dos nossos colaboradores, garantindo um ambiente de trabalho positivo e produtivo. Vejo o Laboratório Vicente Lemos desempenhando um papel cada vez mais crucial na comunidade. Continuaremos a ser uma referência em qualidade e inovação na área de análises clínicas. Além disso, queremos intensificar nossas ações de responsabili-
dade social. O nosso objetivo é ser mais do que um laboratório, mas um agente de transformação social.
OP Cariri - Como a senhora descreve seu estilo de liderança?
300 COLABORADORES. NOSSA EXPECTATIVA É CONTINUAR A CRESCER E A INOVAR
Ana Lúcia - Meu estilo de liderança é baseado na amizade, compreensão e ensino. Sempre fui adepta do diálogo e não da reclamação. Acredito que uma boa líder deve estar sempre disposta a ouvir e a ajudar seus colaboradores. Procuro criar um ambiente de trabalho onde todos se sintam valorizados e motivados a dar o seu melhor. Também acredito na importância da formação contínua e do desenvolvimento pessoal e profissional da minha equipe. Prefiro liderar pelo exemplo, mostrando comprometimento e paixão pelo trabalho, e incentivando todos a seguir o mesmo caminho.
OP Cariri - De que maneira o laboratório participa de iniciativas de responsabilidade social ou comunitária?
Ana Lúcia - Temos planos sociais que permitem que pessoas de baixa renda tenham acesso aos nossos serviços. Acreditamos que é nosso dever contribuir para a melhoria da saúde da nossa comunidade e estamos sempre dispostos a ajudar.
OP Cariri - Como a senhora vê a importância da responsabilidade social no setor de saúde?
Ana Lúcia - A responsabilidade social é fundamental no setor de saúde. Acredito que todos têm direito a cuidados de saúde de qualidade, independentemente da sua condição financeira. As empresas de saúde têm um papel crucial na promoção do bem-estar e na prevenção de doenças na comunidade. Além disso, ações de responsabilidade social ajudam a construir um relacionamento de confiança com a comunidade e a fortalecer a imagem da empresa. No Laboratório Vicente Lemos, estamos comprometidos com a responsabilidade social e buscamos constantemente maneiras de contribuir para a saúde e o bem-estar da nossa comunidade.
ATUALMENTE, TEMOS
OP Cariri - Quais são suas expectativas em relação ao impacto do laboratório na melhoria da qualidade de vida da comunidade local?
Ana Lúcia - Hoje, somos uma referência na área de análises clínicas e continuamos a trabalhar para melhorar a qualidade de vida da comunidade local. Entreguei a empresa com 12 funcionários para a gestão do meu filho João e, atualmente, temos 300 colaboradores. Nossa expectativa é continuar a crescer e a inovar, oferecendo serviços de saúde de alta qualidade e acessíveis a todos. Queremos que nossos serviços contribuam para a detecção precoce e o tratamento eficaz de doenças, ajudando as pessoas a viverem vidas mais saudáveis e felizes.
OP Cariri - Se pudesse voltar no tempo, faria algo diferente em sua trajetória profissional?
Ana Lúcia - Se eu pudesse voltar no tempo, acredito que não faria nada de diferente em minha trajetória profissional. Cada experiência, seja ela positiva ou negativa, contribuiu para o meu crescimento e aprendizado. Os desafios que enfrentei me fortaleceram e as con-
Ana Lúcia Lemos diz que a lição mais importante que aprendeu ao longo dos anos foi a importância da honestidade e da fé
quistas que alcancei me trouxeram muita satisfação. Acredito que cada passo dado foi essencial para chegar onde estou hoje e sou grata por todas as oportunidades e lições aprendidas ao longo do caminho.
OP Cariri - Qual conselho você daria para jovens profissionais que desejam seguir uma carreira similar?
Ana Lúcia - O conselho que eu daria para jovens profissionais é que lutem pelos seus sonhos, estudem muito, não esmoreçam diante dos desafios e tenham coragem e fé. A carreira na área de saúde exige dedicação, paciência e paixão pelo que se faz. É importante estar sempre atualizado com as últimas inovações e buscar a excelência em tudo o que faz. Também é fundamental ter empatia e compaixão pelas pessoas, pois o cuidado com a saúde é uma responsabilidade muito grande. Acreditem em si mesmos e nunca desistam dos seus objetivos.
OP Cariri - Qual foi a lição mais valiosa que aprendeu ao longo de sua carreira?
Ana Lúcia - A lição mais valiosa certamente é a importância da honestidade e da fé. Ser honesto em todas as nossas ações nos ajuda a construir relacionamentos fortes e duradouros. A fé nos dá a força necessária para enfrentar os desafios e acreditar que tudo o que é feito com amor e honestidade prospera. Também aprendi que é fundamental ter um compromisso com a excelência e estar sempre disposto a aprender e a melhorar. O sucesso vem com trabalho duro, dedicação e uma atitude positiva.
OP Cariri - O que mais lhe surpreendeu ao longo de sua jornada profissional?
Ana Lúcia - A capacidade de superação e a força que encontrei em mim mesma para enfrentar os desafios. Também me surpreendeu a dedicação e o comprometimento da minha equipe, que sempre esteve ao meu lado, trabalhando com paixão e entusiasmo. É gratificante ver o quanto conseguimos crescer e inovar, e perceber que todo o esforço valeu a pena. Ver o Laboratório Vicente Lemos se tornar uma referência e fazer a diferença na vida das pessoas é a maior recompensa que poderia desejar.
CULTURA
A ENERGIA DO MOVIMENTO
MOVIMENTO JUNINO
CULTURA
NO CARIRI, A FÉ AQUECE CIDADES INTEIRAS E ENCONTRA NAS TRADIÇÕES POPULARES O SINÔNIMO DE DEVOÇÃO, ALEGRIA E UNIÃO
TEXTO LUCAS CASEMIRO
No Cariri cearense, o movimento junino pode ser descrito como uma dança, para além da poesia que acompanha a ideia. É que, em épocas juninas, a fé se mistura com a alegria para movimentar a região em diversas esferas. Seja nas tradições culturais, na economia ou nos saberes populares, o mês de junho mexe com toda a vida de um povo que ama a simplicidade e acredita que devoção se celebra mesmo é com festa –por isso, dança. Literalmente.
De competições profissionais à simples alegria do existir, no mês de junho essa expressão artística faz-se mais presente e vem carregada de significados atrelados à crença religiosa. A devoção aos três santos católicos do período – Santo Antônio, São João e São Pedro – reacende no caririense o desejo de ajudar o próximo. Algumas pessoas, entretanto, lembram disso o ano inteiro.
Mestra Zulene Galdino é uma delas. Tesouro Vivo da Cultura cearense desde 2006, ela encontrou na dança e nas tradições populares a forma de ajudar o outro e assim ser feliz. No auge de seus 75 anos, 49 são dedicados à transmissão da cultura popular, especialmente o pastoril, a dança do coco e ao maneiro pau, como missão que recebeu do pai, seu Luis Galdino. A orientação foi repassar seus saberes a crianças. A atuação com cultura a levou a criar vários grupos juninos e o seu trabalho é hoje reconhecido no município do Crato, onde mora, e também no Ceará e no Brasil.
“Papai dizia que através da brincadeira, acaba a tristeza. Pois não é que é mesmo?! Quando chegam os meninos perguntando, ‘madrinha, tem ensaio hoje?’, às vezes nem tem e eu digo que tem”, revela. “Agora estou ensaiando as quadrilhas para a gente se apresentar, e a gente se apresenta sempre com a simplicidade que papai me deixou”, relata, sem perder a oportunidade de afirmar, bem-humorada, que seu trabalho é o melhor da região.
A paixão pelos pequenos é tanta que a fez criar uma escolinha de alfabetização
infantil, autogerida pelas próprias crianças. “Nela, eles mesmos são diretores, coordenadores e os alunos”, diz. Quando não atua como merendeira, Mestra Zunele é também aluna desses meninos. “Eu gosto de trabalhar é com criança, não é com adulto, não! Eu me entreto, as crianças se entretem também, eu vou tirando os meninos que brincam na rua, faz tempo! E faço as brincadeiras com eles”, conta.
Sobre a importância de guardar a tradição, a Mestra compartilha: “a minha opinião é que as quadrilhas de hoje são tipo carnaval fora de época. Eu gosto da minha tradição! É anarriê, galanteio, é tradição de antigamente. Eu já tenho 75 anos e estou agradecendo a Deus demais. Eu pulo mesmo, dançando quadrilha, não sou nem besta! Eu estou indo para trás, e os meninos estão indo para frente, eles têm que aprender e cultivar a tradição de um povo brasileiro, que somos nós!”, defende.
FÉ, FARTURA E TRADIÇÃO
Cícero Manoel, guia turístico do Cariri e mediador social do Complexo Ambiental Mirante do Caldas, em Barbalha, explica que os festejos juninos e a fé na região estão intimamente integrados. Ele relembra que as festas juninas são celebrações católicas herdadas da Europa, trazidas ao Brasil no período de catequização colonial, sendo a celebração a São João Batista e a prática de acender fogueiras resultado de heranças culturais.
“Essa experiência de certa forma marca o povo nordestino como um momento de festejo, até porque são celebrados na Europa em períodos de colheita”, diz, relacionando com as comidas típicas do período, como pamonha, canjica, pé-de-moleque e outras iguarias do milho.
“As danças, que eram tradicionais europeias, vão ganhando novas roupagens no Nordeste, em especial no Cariri, que tem um arcabouço com muitas comunidades que celebram não somente San-
QUANDO CELEBRAMOS A FESTA DOS SANTOS, CELEBRAMOS TAMBÉM A FARTURA, A PARTILHA
CULTURA
A DIMENSÃO SAGRADA, DO RELIGIOSO, DA DEVOÇÃO POPULAR, TEM UMA RELEVÂNCIA MUITO
GRANDE COMO IDENTIDADE
to Antônio, mas São João e São Pedro. Dentro dessa tríade, temos essa dimensão de festas juninas, em que vamos ter comunidades que têm capelas dedicadas a cada um dos santos”, explica.
Em Barbalha, por exemplo, a famosa festa de Santo Antônio, com o clássico Pau da Bandeira, abre os festejos juninos e as comemorações seguem para comunidades com pequenas capelas que celebram os seus padroeiros. Em Caririaçu, a paróquia de São Pedro celebra a festa do santo homônimo. Já no Araripe, predominam festas dedicadas a São João Batista, por existir uma paróquia que cultua o santo.
A incidência dos festejos na região também está ligada a marcos históricos próprios. “Tem comunidades que fizeram capelas em homenagem a São João Batista, como uma promessa que se o cólera não afetasse ou ninguém morresse na comunidade, celebrariam a festa dedicada a São João em sinal de agradecimento”, lembra o guia turístico, mencionando a igreja dedicada ao padroeiro no município de Araripe, construída na década de 1860, quando a doença acometia o País.
Assim como outras regiões do Brasil, o Cariri possui suas particularidades no que diz respeito às festas juninas. As cantigas, indumentárias, movimentos de dança e musicalidades variam regionalmente. Mesmo dentro do mesmo perímetro caririense, o novenário de diferentes comunidades sofre variações.
“Essa dimensão sagrada, do religioso, da devoção popular, tem uma relevância muito grande como identidade do sertanejo, do povo nordestino. Eu acredito que nós não devemos perder essa identidade, porque isso marca a nossa relação não somente com a devoção ao santo, mas
também com a natureza. Porque também está relacionado ao processo de colheita, de plantio da lavoura do feijão, do milho, da fartura na mesa. Quando celebramos a festa dos santos, celebramos também a fartura, a partilha”.
CAPELINHA DE MELÃO…
No Alto do Catolé, na comunidade do Horto, em Juazeiro do Norte, há 27 anos uma capelinha que não é de cravo, rosa ou manjericão entra em festa todo mês de junho. Como na cantiga infantil, as comemorações são para São João Batista, que dá nome à igrejinha e aquece as noites juazeirenses do dia 20 ao 24, a última data marcando o nascimento do santo.
A celebração começa já no dia 20, com o hasteamento da bandeira do padroeiro. Neste e nos dias seguintes, a comunidade participa de novenas, missas e uma animada quermesse, que acontece no espaço externo da capela oferecendo pratos típicos, doados pelos moradores e devotos, além de momentos de confraternização que contam com atrações como quadrilhas e arraiás.
“Na noite do dia 23, como uma linda tradição, nós acendemos fogueiras; a Rua do Horto fica aquele clarão imenso de fogueiras acesas. Todas as portas de todas as casas têm uma fogueira acesa e nós, lá no alto da Capela de São João Batista, também acendemos uma grande fogueira, simbolizando esse anúncio do nascimento de João Batista”, relata Masa Tenório, coordenadora da capela.
Na região do Cariri, a tradição de acender fogueiras ainda resiste em comunidades e sítios, mas enfrenta mais resistência no meio urbano. “O máximo que você pode ver é alguém que é devoto do padroeiro e
Além do colorido, a importância do movimento junino está em estreitar vínculos comunitários e ajudar o próximo
acende uma vela, às vezes só em novenas em casa, com a família”, explica o guia turístico local, Cícero Manoel. Ele revela que esse cenário se intensificou principalmente após a pandemia de covid-19, quando as pessoas foram orientadas a não acender fogueiras em respeito à recuperação de doentes com condições de saúde associadas a problemas respiratórios.
Já o dia 24 na comunidade do Horto é marcado por procissões, orações matinais, soltura de fogos ao meio-dia e uma grande procissão que culmina na missa festiva e no arreamento da bandeira, encerrando a festa. A alegria impelida pela fé toma conta do povo. Para Masa Tenório, as festas juninas nunca deveriam deixar de ser vivenciadas “de maneira comunitária”.
“As festas juninas são festas tipicamente nordestinas, de nosso povo. Nunca deveríamos deixar de ensinar nossas crianças e jovens o quanto é bela essa tradição, de participar junto a eles, para que vivenciem e se apropriem das raízes de nossa história”, opina.
QUADRILHA É DEVOÇÃO
Para Jhone Barros, toda movimentação que faz integra uma promessa. Há 15 anos presidente e marcador da quadrilha Nação Nordestina, de Juazeiro do Norte, ele possui uma relação íntima com a fé a partir do grupo de dança.
Em 2012, a Nação Nordestina tornou-se devota de Nossa Senhora de Fátima após superar barreiras e começar a ser conhecida no território cearense, para além de Juazeiro. “Naquele ano, a gente tinha figurinos remanescentes para vender, mas não conseguia de jeito nenhum”, lembra o presidente. Na época, a sede do grupo funcionava na garagem da mãe de Jhone, que recebeu a imagem da santa em uma procissão. A imagem deveria “dormir” na casa da fiel, para no dia seguinte deixá-la levando alguma contribuição monetária dos moradores.
“A minha mãe falou assim: gente, estou com vergonha. Amanhã é o dia de buscarem a santa e a gente não tem nem um real para colocar no envelope. Então, um dos nossos brincantes na época falou que tinha R$ 5, que era o dinheiro
CULTURA
da passagem de ônibus até o trabalho. Os meninos brincaram com a santa e eu repreendi, porque para mim era uma falta de respeito. Mas falaram: olha, a gente está botando esse dinheiro aqui no envelope, mas a senhora ajuda a gente na venda dessas vestimentas, viu? A senhora tem que ajudar a gente pra gente poder ajudar!”, lembra o Jhone.
No dia seguinte, o brincante deixou o trabalho mais cedo. “Veio de pé, em pleno meio-dia, e era distante, muito distante. Quando chegou, começou a estralar na máquina [costurar], e chegou um pessoal de outra cidade para comprar figurino. Esse pessoal comprou todo o nosso guarda-roupa. Eu lembro que na época a gente precisava de uns 12 mil reais, era muito dinheiro! A partir desse momento, nós viramos devotos de Nossa Senhora de Fátima”, explica.
Hoje, a Nação Nordestina é campeã da 33ª edição do tradicional Festival de Quadrilhas Juninas de Barbalha, realizado em 2023. Sempre trazendo temáticas religiosas, neste ano o grupo foca em São José para banhar o enredo, intitulado “Profético”. Além da quadrilha (incluindo a infantil), o grupo trabalha outras expressões culturais, como escolas de samba, maracatu, frevo, reisado, lapinha, maneiro pau e outras.
Para ele, o movimento junino “é uma das maiores cabeças produtivas dentro da cidade, dentro do nosso Estado, dentro do nosso Brasil”. Segundo calcula, o grupo é a quadrilha mais cara do interior cearense, tendo investido R$ 250 mil para realizar o espetáculo em 2023.
Jhone Barros diz que a importância do movimento junino está em estreitar vínculos comunitários e ajudar o próximo. “Mesmo com todas as dificuldades que a gente enfrenta, nós conseguimos fazer formações de pessoas. Nós temos cabeleireiros, maquiadores, costureiros, figurinistas e outros tantos, todos saíram de dentro da Nação Nordestina. Eles trabalham na área graças ao movimento que existiu, de tirar os adolescentes do mundo da droga e do errado para deixar o movimento junino mais importante”, compartilha.
Quadrilha Nação Nordestina
Quadrilha Nação Nordestina
A Quadrilha Nação Nordestina tornou-se bicampeã no Concurso Estadual de Maracanaú em 2024. O grupo ganhou premiações individuais nas categorias de Melhor Noivo, Melhor Noiva, Melhor Rainha, Melhor Casamento e Melhor Repertório
GUIA DE
DELÍCIAS
GUIA DE DELÍCIAS
JAPÃO
NO CARIRI
COMANDADO PELO CASAL KAZU E CÉLIA, O TEMPURÁ DO KAZU É INTIMISTA, ABRE DE QUINTA-FEIRA A SÁBADO, SEMPRE À NOITE E É PRECISO FAZER RESERVA
Estamos na rua Bárbara de Alencar, no centro do Crato, perto do Palácio Alexandre Arraes, sede da prefeitura. Nessa via estreita, luminárias japonesas de cor vermelha indicam o caminho. Basta correr para o lado a porta feita de madeira e você vai sentir que chegou ao Japão.
Num pedacinho do país asiático que fica a mais de 16 mil quilômetros daqui. Essa viagem só é possível graças ao trabalho do casal Naokazu Urasaki, o Kazu, e Aucelia Barros, ou Célia: ele paulista filho de japoneses, ela cearense de Santana do Cariri. Eles se conheceram em São Paulo. Casaram. Moraram na Terra do Sol Nascente, mas preferiram vir viver aos pés da Chapada do Araripe.
O Tempurá do Kazu conta com as mesmas luminárias que encontramos do lado de fora na parte de dentro. A decoração tem outros símbolos típicos da cultura japonesa, com destaque para foto do casal em quimonos, umas das lembranças do Japão.
TEMPERO JAPONÊS EM TERRAS BRASILEIRAS
O restaurante promete e entrega “o verdadeiro sabor da comida japonesa”. O espaço é estreito, com mesas para no máximo quatro pessoas no andar de baixo e até seis no andar de cima. “O pessoal fala, por que não montar algo maior? Mas não queremos, a ideia sempre foi essa. Os pratos são feitos com os clientes. Um formato de cliente, cozinha e balcão, todos juntos. Gostamos desse envolvimento, interação, pela atenção que queremos dar ao nosso público”, afirma Célia.
O carro-chefe é o tempurá (R$ 15), que dá nome ao restaurante. São legumes banhados numa mistura de farinha, água e ovos, que são fritos no óleo bem quente. É uma receita introduzida por padres portugueses no Japão no século XVI e que foi incorporada à culinária oriental tanto quanto o sushi e o sashimi.
Por falar nisso, sashimi não é servido aqui. E o sushi não leva cream cheese ou frutas, como em alguns restaurantes japoneses do Brasil. É o básico mesmo, como é
feito no Japão. Se você gosta de arroz precisa provar o oniguiri: um bolinho de arroz cozido que tem forma de triângulo e é recheado com peixe.
O Tempurá do Kazu também é especializado em ramen ou lamen, que são os macarrões japoneses. É um tipo de restaurante comum no Japão por oferecer pratos rápidos. É o que chamam lá de Ramen. No Kazu, entre as opões, estão o Lamen Kare (base de Shoyo) e o Lamen Missô (base de Soja).
Uma refeição bastante comum no Japão e que também é servida aqui é o Udon, uma massa integral num caldo quente que leva shoyu e gengibre, acompanhando ovos, cenoura, alga, tempurá e é possível escolher entre carne de porco, frango ou opção vegetariana.
TEMPURÁ DO KAZU
Rua Barbara de Alencar, 1014
Centro - Crato
Quinta-feira a sábado: das 18h às 22h
Instagram: @tempura_do_kazu
O casal Naokazu
Urasaki, o Kazu, e Célia comandam o restaurante que mantém o verdadeiro sabor da tradição japonesa
GUIA DE DELÍCIAS
SABORES E TEMPEROS LATINOS
UMA COMIDA PARA VIVER AS EXPERIÊNCIAS DA CULTURA LATINO-AMERICANA. O DELIVERY LA LATINA TRAZ PARA O CARIRI UMA INTENSA MISTURA GASTRONÔMICA
Amorcito: doce em camadas com biscoito, doce de leite argentino, café e chocolate amargo (R$ 12)
A empanada, tradicional em países como a Argentina, a Bolívia e o Chile, é o carro-chefe do La Latina. Acima, a chef Meire Nunes
SABORES
Os pratos são refúgios para quem busca viver novas jornadas gastronômicas sem se preocupar com limites geográficos. Em cada preparação, uma experiência sensorial. La Latina, localizado no Crato, é um espaço culinário que só trabalha com entregas, idealizado e concretizado por Meire Nunes, chef e amante da gastronomia. Ela decidiu apresentar a quem mora no Cariri as riquezas conhecidas em sua estadia na Bolívia.
É uma diversidade de pratos com influências de diversos países da América Latina, experimentando e descobrindo sabores que vão desde o guacamole (R$ 3), passando pelo sour cream e chegando ao burrito Al Pastor (R$ 30), o número um nos pedidos. O sucesso do prato se explica por sua carne suína marinada por horas, temperada com um toque de abacaxi caramelizado, servido com picles de cebola roxa, limão e coentro. Há também o burrito de chilli com carne (R$ 30).
Apaixonada pela culinária latina, a chef Meire Nunes fala dos cuidados na
produção dos pratos. “Uma das principais características da nossa cozinha é a busca por produtos de qualidade para oferecer uma comida que emocione as pessoas, diminuindo distâncias e encontrando convergências no paladar entre diversos países e culturas que formam a América Latina.”
O cardápio apresenta ainda a famosa empanada (R$ 10), apreciada na Argentina, na Bolívia e no Chile. Ela é preparada com massa fina e crocante, tem uma textura leve e sabor intenso. Essa espécie de pastel pode ser recheada com carne, três queijos e queijo com cebola. A sugestão é consumir com o molho chimichurri (R$ 13).
A cozinha La Latina recebe pedidos por encomenda. Os pratos são preparados com produtos que têm origem na agricultura familiar.
LA LATINA
Quinta-feira a domingo: 18h às 23h. Contato para encomenda: (88) 9 9619-1897.
Instagram: @lalatina.cocina
REGIONALISMO E ALTA GASTRONOMIA GUIA DE DELÍCIAS
TEXTO MÁRCIO SILVESTRE
FOTO ALLAN BASTOS
NO CORAÇÃO DO POLO GASTRONÔMICO
DO CARIRI, O VILA CARMELA APOSTA
NO CHURRASCO NORDESTINO COM
TOQUES DA CULINÁRIA FRANCESA
REGIONALISMO
O polo gastronômico do Cariri fica localizado no bairro Lagoa Seca, em Juazeiro do Norte. Ruas e avenidas exibem vários tipos de bares e restaurantes para todos os estilos e gostos. É possível encontrar desde a culinária cearense mais tradicional até os clássicos das cozinhas italiana e japonesa. Mas se você é fã de um churrasco nordestino e valoriza uma gastronomia mais requintada, precisa conhecer o Vila Carmela.
O projeto surgiu na Expocrato de 2022, quando Raul Francelino inaugurou um espaço aconchegante, que oferecia uma culinária mais sofisticada, que não é comum em ambientes de festa. “Na volta da pandemia, eu tinha o desejo de contribuir com esse novo momento da Expocrato. Foi lá que desenvolvemos o projeto Vila Carmela. O público ficou alucinado com o espaço, o que nos incentivou a concretizar o projeto e trazer o restaurante para o coração da Lagoa Seca, no polo gastronômico do Cariri”, conta Raul Francelino, sócio do Vila Carmela.
Com espaço amplo, o restaurante Vila Carmela tem varandas, ambiente climatizado, salão, playground para crianças e até um frigorífico, onde o cliente pode comprar a carne que provou no restaurante para prepará-la em casa. A mistura de ambientes e a valorização do regionalismo são a principal marca do lugar.
O SABOR NORDESTINO COM
TOQUE FRANCÊS
O cardápio leva a assinatura do chef de cozinha Bethoven Picuí, um dos principais disseminadores da cozinha nordestina, que também é sócio do restaurante. O Tarta de Sol (R$ 45,90) é o destaque da casa, que é um steak tartar, acompanhado de creme de queijo coalho, melaço de cana
apimentado e chips de macaxeira. “Essa foi a experiência de trazer uma referência francesa para um prato nordestino, com novos ingredientes. Além da carne de sol, a gente valoriza o mel de engenho, um prato que une sal e açúcar para agradar os paladares mais exigentes”, destaca o chef. Na minha visita, fui apresentado à entrada Delícias da Vila (R$ 24,90). É uma mostra do que a casa prepara de mais saboroso: chips de macaxeira com carne de sol cremosa, coxinhas de rabada e o choripan, que é a perfeita combinação de pão, chorizo e outras iguarias. Esse também é o prato favorito de Mariana Vieira Pinheiro, analista de controle externo,
que explica por que gosta de ir à Vila Carmela quase toda semana. “Aqui encontro bom gosto, conforto, comida boa, ambiente agradável. E ainda tem parquinho, fundamental para quem tem criança. É um ambiente bem familiar e também legal para estar com os amigos.”
VILA CARMELA
Avenida Plácido Aderaldo Castelo, 289 Lagoa Seca – Juazeiro do Norte Domingo a quinta de 11h30 às 23h. Sexta e sábado de 11h30 às 0h. Instagram: @vilacarmelabypicui
GUIA DE DELÍCIAS ACONCHEGO NO CENTRO DE JUAZEIRO DO NORTE
CASA MALU REÚNE
TEMPEROS NATURAIS, DECORAÇÃO SERTANEJA E
UMA TRAJETÓRIA PAUTADA
NA COMIDA DE VERDADE
TEXTO MÁRCIO SILVESTRE
FOTOS ALLAN BASTOS
Diante da rotina acelerada de metrópole em c ontínuo desenvolvimento, onde as pessoas estão sempre apressadas em meio aos ofícios e responsabilidades, é necessário encontrar tempo para se alimentar de forma saudável e prazerosa. Essa é a proposta da Casa Malu, restaurante no agitado Centro de Juazeiro do Norte e que tem como slogan (e senha do wi-fi) “Gente cuidando de Gente”.
As irmãs Luciana Rodrigues e Marciana Gonçalves são do município de Aurora. Elas vieram para Juazeiro do Norte para trabalhar, escolheram empreender no ramo de alimentação, seguindo os passos dos pais, e começaram vendendo queijos de manteiga. “Nossa mãe sempre nos incentivou a ganhar dinheiro com comida. Ela dizia assim ‘vocês podem até não enricar, mas também não vão passar fome’”, conta Luciana.
Hoje a Casa Malu já tem 10 anos de funcionamento. Em novembro de 2023, em celebração à primeira década do restaurante, as sócias mudaram para um novo endereço, na rua Padre Cícero. A
Casa é uma dessas edificações antigas de Juazeiro do Norte, compridas por dentro e com cômodos que se comunicam.
ESTILO NORDESTE RETRÔ
A Casa Malu apostou nos tons pastéis, mesas de madeira com dois ou quatro lugares, que dão um charme nessa atmosfera regionalista com símbolos do cangaço, colher de pau, luminárias de palha de bananeira, quadros de barro, paredes de tijolos e de paralelepípedos. Há também elementos retrô nordestinos como os lampiões e candeeiros, ferro de brasa, máquina de escrever, rádio de antena e cristaleira com louças de porcelana.
“Quando começamos, na rua Cruzeiro, aqui do outro lado da praça Padre Cícero, nós já planejávamos um lugar que para além da comida tivesse esse cuidado com as pessoas. Valorizamos muito o diálogo e contato com os nossos clientes. Desejamos que quando eles venham para cá se sintam acolhidos e em casa. Nós temos o delivery, pela necessidade de nossos clientes, mas nem divulgamos muito, pois a proposta da Casa Malu é receber e acolher as pessoas.”
SABOR NATURAL
Na Casa Malu você encontra pratos regionais que são preparados de forma leve. “A palavra de ordem aqui é comida de verdade. Não usamos nenhum tempero industrial, nossos pratos são preparados com alho, cebola, pimenta, coentro e verduras. Pouco sal, pouca gordura. De forma que os clientes, desde que não sejam alérgicos ou intole-
ACONCHEGO
As irmãs Luciana Rodrigues e Marciana Gonçalves comandam a Casa Malu há 10 anos
Decoração regional e rústica e o buffet self-service que custa R$ 69,90 o quilo
rantes, possam comer tudo que há no nosso buffet, que tudo lhe fará bem”, pontua a nutricionista e sócia do restaurante Marciana Gonçalves.
Pamonha de forno, pirão de leite com carne de sol, bacalhau, pequizada são alguns dos pratos típicos nordestinos servidos na Casa Malu. O gastrointerologista, Robério Mota, é um dos clientes mais antigos e assíduos da Casa Malu. Almoçar no restaurante já faz parte de sua rotina, e já tem até seu cantinho especial dentro da Casa, o corredor interno que o cliente nomeou como “Alameda do Sabor”.
“Eu me considero um cliente fiel. Desde o começo quando ainda era ainda no outro endereço eu já frequentava a Malu. Esse é um ambiente extremamente acolhedor, agradável e que tem muito a cara do Cariri. Uma comida saborosa e atendimento cordial”, comenta Robério.
CASA MALU
Rua Padre Cícero, 330 Juazeiro do Norte
Segunda a sábado, a partir das 11 horas Instagram: @acasamalu
Receitas da Casa
Malu
PEQUIZADA
Ingredientes
- 20 caroços de pequi
- 3 pimentas-de-cheiro
- 1 cebola branca média
- 2 dentes de alho
- 2 colheres de sopa de azeite
- 800 ml de leite
- 200ml de creme de leite
- Cheiro verde, pimentado-reino e sal a gosto
Modo de preparo
Com a panela quente, coloque um pouco de azeite para refogar a cebola. Deixe-a dourar, em seguida coloque o alho refogue um pouco e acrescente a pimenta-decheiro, pimenta-do-reino, colorau e leite. Deixe uns 5
Pamonha de forno, pirão de leite com carne de sol, bacalhau, pequizada são alguns dos pratos típicos nordestinos servidos na Casa Malu
minutos até ferver e inclua o pequi. Deixe cozinhar entre 10 e 15 minutos. Acrescente sal a gosto. Finalize com cheiro verde e o creme de leite. Podendo ser saboreado em seguida.
PAMONHA DE FORNO
DA MALUZINHA
Ingredientes
- 10 espigas de milho (1kg após debulhado)
- 200ml de leite de coco
- 250g de nata
- 395ml de leite condensado
- 1 e 1/2 xícara de açúcar
- 500ml de leite
- 3 colheres de sopa de manteiga de garrafa
- 100g de coco fresco ralado
- Uma pitadinha de sal
- 150g de queijo coalho picadinho
Modo de Preparo
Corte o milho rente a espiga. Descarte a espiga. Despeje o milho dentro do liquidificador, junto com o leite de coco, o leite condensado, o açúcar e a manteiga. Bata até obter um creme. Adicione o leite, a nata e bata mais um pouco. Despeje em um recipiente, acrescente o coco ralado, o queijo coalho e ajuste o sabor com o sal. Unte uma assadeira, despeje a massa e polvilhe com coco ralado. Deixe assar em forno pré-aquecido em 200ºC por aproximadamente uma hora, ou mais, dependendo do seu forno. A consistência é cremosa porém firme. Sirva morno ou frio. Serve 30 pessoas
AFETOS QUE VESTEM,
CONECTAM
E REIVINDICAM
MODA AUTORAL COM RAÍZES
NO CARIRI TEM TOQUE
FEMININO, DEMANDA O OLHAR
PARA A REGIÃO E JÁ ALCANÇA
O MERCADO MUNDIAL
TEXTO LUCAS CASEMIRO
EEntre linhas e afetos, a origem importa. É o que provam três empresárias à frente de marcas que, em cada peça, costuram sonhos e contam histórias com base em seus repertórios pessoais. Em comum, está a delicadeza vinda das relações com o Cariri cearense. A Revista O POVO Cariri conta as narrativas de três marcas de moda autoral com raízes na região e que têm se destacado ao levar adiante, seja na Capital, no Brasil ou em outros pontos do mundo, a mensagem de que o Cariri existe e resiste.
Vestir Eliene Lino, Mantenha ou Açude é como carregar no corpo um aconchego. Como roupas-protesto, usá-las significa se deixar encantar e acreditar numa poesia que fala em leveza, mas que também abraça causas difíceis. É desfilar a cultura do Cariri. É saber que a moda da região é sensível por si, mas também porque feita por mulheres. É ver beleza nas vivências individuais e entender que, ao passo que múltiplas, constroem uma identidade regional que só se dá no coletivo, de um povo que se orgulha da própria origem.
INFÂNCIA, MEMÓRIA E CUIDADO
“As minhas inspirações para a marca vêm de memórias da minha infância. Elas vêm de viagens que foram feitas e que me marcaram, elas vêm da arte, de música, de teatro, de histórias infantis também, de design infantil”. A afirmação é de Eliene Lino, que transformou suas memórias e experiências na marca infantil homônima, celebrando e valorizando a cultura do Cariri e se destacando pela originalidade, qualidade e inovação em suas peças para crianças.
De Juazeiro do Norte, a marca já conquistou o mercado infantil nacional ao trazer elementos da cultura local para suas coleções, como rendas e bordados típicos do Cariri. Um exemplo é o ponto smoke, conhecido como “casinha de abelha”, que Eliene personali-
Eliene customiza o bordado casinha de abelha com o ponto espinha de peixe que aprendeu ainda criança
O DESIGN AUTORAL REPRESENTA
A AUTENTICIDADE DE QUEM FAZ, REPRESENTA A HISTÓRIA DE QUEM FAZ. É COLOCAR AMOR
Eliene Lino assina as criações infantis da marca que leva seu nome e a tradição de bordados do Cariri pelo País
za com o ponto “espinha de peixe”, um bordado que aprendeu criança e que incorpora em sua moda.
“Eu consigo trazer um pouco da minha infância para esse bordado. O primeiro ponto de bordado que eu aprendi foi espinha de peixe, então eu sempre introduzo na casinha de abelha o espinha de peixe. A gente não faz só com flores, não, sempre está ali dentro o ponto espinha de peixe, porque ele remete à minha infância, ele remete à minha história”, explica.
Eliane não dá mesmo um único ponto sem nó. Os bordados manuais decoram peças de algodão e linho como a bata Cícero, inspirada no Padre Cícero, ou a calcinha pequi, que tem as cores do fruto típico da região. Coleções inteiras, como a "Bonito pra chover", capturam expressões e vivências de sua infância no Cariri.
“O design autoral representa a autenticidade de quem faz, representa a história de quem faz. É colocar amor, colocar cuidado mesmo, pesquisa, se dedicar àquela peça. É ter consciência de que serão feitas poucas peças, mas que serão peças especiais. É se preocupar também com a cadeia produtiva, com quem está fazendo a peça. É dar um pouco da sua cara ao produto”, reflete.
Klícia Novais conheceu a marca pelo Instagram há cinco anos. À época, morava em São Paulo e esperava a chegada do primeiro filho, Bernardo. “Foi uma grata surpresa saber que a marca era do Cariri, da mesma região que eu”, relata. Atualmente, Klícia vive em Juazeiro do Norte e também é mãe de Celina, de cinco meses.
"A marca e a designer da marca ganharam nossa confiança e fazem parte das nossas vidas de maneira muito especial. Eu sou fã da criação e do trabalho dela. Está presente no dia a dia dos meus filhos, com frescor e estampas personalizadas. Está presente nas datas comemorativas da família, com elegância e delicadeza”, diz.
Eliene fez o enxoval completo dos dois filhos de Klícia. "Vestiu meus filhos na saída da maternidade, batizado, no aniversário de um ano, em festas de casamento, no dia a dia…”, diz, elogiando o
fato de que “a marca veste criança como criança, com estilo e conforto”.
A delicadeza das peças são elementos que pesam na escolha pela marca. Porque elas são projetadas para serem confortáveis e duráveis, permitindo que as crianças as usem por mais tempo. A seleção das cores e o desenho dos bordados também são cuidadosamente pensados para garantir a beleza e a singularidade das roupas. “Fico muito orgulhosa de vê-la representando tão bem a nossa região com abrangência nacional”, conta a cliente.
“A gente tem a preocupação da nossa peça vestir muito bem e confortavelmente a criança e o bebê, de ser linda, mas também vestir durante um bom tempo aquela criança, para a mãe não perder rápido. Outro diferencial é procurar sempre inovar. Eu amo esse mercado infantil, também tenho inspirações de modelagem da moda infantil dos anos 1930, mas sempre olho o que as outras marcas estão fazendo e quero fazer diferente”, explica Eliene.
Hoje, a marca vende para todo o Brasil e possui clientes internacionais em lugares como Estados Unidos e Portugal. Mas a realidade é que empreender no Cariri é vivenciar desafios em série. A mão de obra, além de escassa, não é qualificada. “Já tive inúmeros convites de levar minha produção para fora, mas eu não abro mão de estar ali perto, acompanhando, e também de treinar essas mulheres, de capacitar para que elas também possam seguir um ofício, independentemente de estar fazendo para nossa marca ou não. Eu faço questão”, enfatiza a empresária.
Da mesma forma, ela não abre mão de priorizar os materiais locais, o que leva a outro grande desafio: a obtenção de matéria-prima de qualidade. Por isso, a escolha exige criatividade e flexibilidade para lidar com as limitações da disponibilidade de materiais. “O que me impulsiona a continuar é o meu amor pela moda, e o meu amor para mostrar também a nossa capacidade, a criatividade do povo da região”, compartilha Eliene Lino.
PEQUI, ORGULHO E PROTESTO
Dáfany Duarte é filha do Crato. Mudou-se para Fortaleza para estudar Design de Moda (UFC), o que a colocou em contato com o conceito de slow fashion durante o trabalho de conclusão de curso, em meados de 2016. O termo a fez buscar entender como uma marca se sustenta nesse modelo. De repente, quando “nem imaginava” ter a própria marca, a Mantenha chegou, flertando com o conceito.
“Quando eu vou criar, eu penso em peças que sejam mais atemporais. Que não sejam baseadas em tendências e no momento, mas que realmente possam ser usadas por muito mais tempo. Outro fator é que eu digo que minhas peças podem ser vestidas para ir do trabalho a qualquer evento, dependendo do que você colocar de acessório, de calçado”, relaciona Dáfany. Essas são algumas ações de slow fashion que incorpora à marca, mas há exceções.
A gestora de tráfego pago Vanessa Milani conheceu a Mantenha por indicação de uma amiga, em 2022, e foi identificação à primeira vista. “O estilo meio minimalista, alternativo, atemporal e super confortável foram pontos que me conquistaram logo de início, quando eu só paquerava visualmente. Descobrir que é uma marca autoral feita por uma mulher empreendedora também me conquistou bastante. Tenho várias peças compradas que julgo obrigatórias no meu guarda-roupa e nas viagens que faço, principalmente porque não preciso pensar muito em como combinar, já que combinam com tudo”, relata a cliente.
“Eu digo que a Mantenha é movimento e experimentação. É isso que eu levo em cada coleção, tento experimentar coisas novas, passar mensagens novas e está tudo relacionado à criatividade. Eu acho que ela me traz um fôlego. Não só em me expressar no que crio. Eu quero que as
A MANTENHA É MOVIMENTO E EXPERIMENTAÇÃO. É ISSO QUE EU LEVO EM CADA COLEÇÃO
mulheres, quando usem a minha marca, expressem um pouco de si através do vestir”, conta a estilista.
Exemplo disso é a mais recente mini-coleção, inspirada no pequi. “Para desenvolver a coleção, me aprofundei no tema, assisti a documentários e me baseei na minha vivência. O pequi é uma fonte de renda essencial para muitas famílias na Chapada do Araripe, sendo durante a época de colheita que elas garantem boa parte do sustento anual”, informa, alertando sobre os impactos da intervenção humana na natureza no plantio e na colheita do fruto.
O desmatamento está ameaçando uma realidade de fartura, e é impulsionado porque a Chapada está sendo visada para a construção de casas de temporada, resultando na derrubada de pequizeiros. Composta por seis peças de roupa, incluindo acessórios como lenços que podem ser transformados em bolsas, a mini-coleção é uma forma de jogar um holofote sobre essas questões. Vesti-la é como contar histórias muito particulares de um povo, em um protesto silencioso que se transmuta em moda, essa que também é ferramenta política.
“Eu sempre tive muito orgulho da minha região, muito mesmo. De dizer que sou do Cariri. Eu acho incrível, sabe? Eu acho uma região riquíssima! Orgulho de manter o meu sotaque o máximo que dá, mesmo morando em Fortaleza há muito tempo. Eu acho que todas as minhas experiências no Cariri, o que vivi, as minhas idas até a minha cidade, foram sempre procurando o que tem de novidade como forma de valorização mesmo da região”, afirma Dáfany Duarte.
MODA
MERGULHOS PROFUNDOS, POVO E TRADIÇÕES
O surgimento da marca Açude tem uma história similar. Foi fundada no final de 2020 por Ana Beatriz Ribeiro, natural de Juazeiro do Norte. A paixão pela moda a acompanha na vida desde cedo, influenciada por sua mãe e sua avó, que era costureira. Migrou para Fortaleza aos 18 anos para cursar Arquitetura, mas o desejo de trabalhar no setor da moda nunca a deixou, o que a levou a concluir o curso de Design de Moda (UFC).
O desenvolvimento de seu trabalho de conclusão de curso, ainda na Arquitetura, gerou o embrião da Açude. O projeto envolvia a criação de uma escola para ensinar trabalhos artesanais no Cariri, o que permitiu que Beatriz se aprofundasse na cultura e nas tradições artesanais da região.
“Foi quando eu consegui estudar um pouco sobre a história do Cariri, quem era o Padre Cícero, qual foi o milagre da hóstia; consegui entender um pouco mais sobre essa força artesanal que abraça a região, e foi um momento em que eu consegui de fato me conectar ali, com aquelas pessoas”, relata.
Desse modo, todas as coleções da Açude são inspiradas em temas relacionados à região do Cariri, refletindo a valorização das histórias e das tradições locais. “O que me inspira são as histórias do lugar de onde eu venho, e eu vou vendo beleza nessas coisas, transformando isso em coleção e vendo como aquilo pode se transformar em roupa, em uma linguagem muito própria nossa”, explica Beatriz.
Ao longo dos anos, a marca já abordou temas relacionados às rezadeiras caririenses, o reisado e a caatinga, sempre buscando traduzir essas inspirações em peças de moda. A coleção atual, chamada “Casa”, é mais uma colaboração especial com artesãos do Cariri.
“Sou cearense, não sou filha do Cariri, mas tenho uma identificação muito grande com tudo que diz respeito à região”, diz a psicóloga Cláudia Ramalho, cliente “apaixonada” pela Açude desde o nascimento da marca. A primeira vez que adquiriu uma peça foi em uma exposição da CeArt Ceará, há aproximadamente quatro anos, quando passou a interagir mais com Beatriz – aproximação também facilitada pelo fato de a filha ter sido colega de Beatriz na graduação em Arquitetura.
“De todas as coleções lançadas até agora, eu tenho pelo menos uma peça. Eu me deparei com um trabalho que é belíssimo! Além da Beatriz ser do Cariri, ela tem um trabalho vivencial grande, que antecede a criação –ou melhor, que se mistura com a criação das coleções dela, que eu acho de uma beleza...”, comenta Claudia.
“Sempre que posso, além de comprar peças para mim, também adquiro para a Marina, porque sei que ela também gosta”, diz, referindo-se à filha, que mora em Barcelona, na Espanha. “Hoje, dentro dessa questão de responsabilidade social, de sustentabilidade, alguém que faz um trabalho dessa natureza precisa ser reconhecido e valorizado”, diz. Nesse contexto, a Açude foca em trabalhar com materiais sustentáveis e fibras naturais.
MODA
“Para toda coleção eu faço uma pesquisa muito grande. A gente de fato se conecta às pessoas dali. Eu tenho uma relação muito legal com todos os grupos artesanais que eu trabalho e que eu já trabalhei, eu acho que a gente tem um diálogo muito real, muito verdadeiro, e eu acho que isso transparece na nossa comunicação e tem esse certo encantamento”, justifica Ana Beatriz.
Dos diversos desafios que empreender no Cariri apresenta, especialmente em um setor criativo como o de moda, Beatriz destaca não as agruras, mas as vantagens. “A gente tem muito artesão, a gente está começando a se conectar, a produzir com eles. Isso é uma força que a gente tem, porque a gente está aqui no Ceará, então a gente está do lado do artesão, a gente pode criar junto, e eu vejo isso como uma coisa boa, na verdade”.
Hoje, a Açude vende seus produtos online para todo o Brasil e também tem presença física em uma loja na região dos Jardins, em São Paulo. Internacionalmente, a marca está presente na Casa Brasiliana, em Portugal, e também exporta seus produtos para outros países. Os próximos passos incluem fortalecer a loja física e expandir para outras localidades no Brasil, aumentando a visibilidade e a acessibilidade da marca.
“Trazer pedaços da nossa cultura, da nossa história, traduzidas em peças para o dia a dia. A gente consegue trazer isso para o cotidiano das pessoas e isso torna possível que elas vistam. A gente não faz uma peça que ela nunca vai usar, mas a gente consegue trazer para o urbano, trazer para o cotidiano. E eu acho que esse é o nosso diferencial”, conta a designer.
Detalhes da loja física da Açude, em Fortaleza: um pedacinho do Cariri
ONDE COMPRAR
ELIENE LINO
Endereço: Av. Ailton Gomes, 3577, loja 8. Lagoa Seca, Juazeiro do Norte. Instagram: @elienelinopetits
Site: www.elienelino.com.br
MANTENHA
Endereço: showroom na Rua Francisco Holanda, 410. Dionísio Torres, Fortaleza. Instagram: @mantenha____
Site: www.semantenha.com.br
AÇUDE
Endereço: Rua Tibúrcio Cavalcante, 1675, loja 8. Meireles, Fortaleza.
Instagram: @acude___
Site: www.acude.co
CARIRIENSE? QUE BELEZA FAZ A CABEÇA DO
A REVISTA O POVO CARIRI FEZ UM TOUR PELOS SERVIÇOS DE ESTÉTICA QUE SE ESPALHAM PELO CRAJUBAR E CONVERSOU COM QUEM PROMETE AS NOVAS TECNOLOGIAS EM BELEZA NA REGIÃO
TEXTO EMANUELLE LOBO
CARIRIENSE?
ESTÉTICA
Iolanda Barbosa é terapeuta capilar especialista em tricologia e conta que tratou até a própria calvície
Nos últimos anos, a busca pela beleza e bem-estar tem se intensificado em todo o Brasil, e as cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha não ficaram de fora dessa tendência. Inclusive, porque o Crajubar tem se fortalecido como região pólo da Saúde, com as inúmeras universidades, faculdades e as graduações e pós-graduações na área.
Com o avanço das tecnologias, da ciência e a oferta diversificada de serviços estéticos e odontológicos, as clínicas locais têm se destacado por proporcionar soluções completas e inovadoras para quem deseja cuidar da aparência com saúde. Fizemos a pergunta que intitula a nossa matéria a profissionais de várias áreas e são muitas as opções. Afinal, que beleza faz a cabeça do caririense?
TRATAMENTOS PARA CALVÍCIE: RESGATANDO AUTOESTIMA
Para quem pensa que a calvície afeta apenas a autoestima masculina, saiba que hoje é condição bastante presente entre as mulheres. Foi assim com Iolanda Barbosa. Aos 22 anos ela começou a perder cabelo e após o parto, a queda se intensificou. “Meu cabelo nunca voltou ao normal. Consultei vários profissionais, mas nenhum conseguiu oferecer uma solução ou tratamento adequado para a minha calvície”, conta.
Há quatro anos, após buscas incessantes por tratamento, Iolanda fez uma pós-graduação em Tricologia, área que estuda e trata doenças do cabelo e do couro cabeludo. O diagnóstico da calvície foi fechado por ela mesma, e a incentivou a desenvolver protocolos de tratamento.
“Hoje, sou especialista em tricologia e consegui controlar a minha calvície. Ofereço tratamentos para patologias do couro cabeludo e dos fios, ajudando muitas pessoas a recuperar a autoestima”, afirma a terapeuta capilar. Além da calvície, ela também trata condições como der-
matite seborreica, psoríase, alopécias e danos nos fios causados por química ou agentes externos.
Os principais procedimentos realizados são tratamento tópico com Minoxidil e Finasterida; terapia com Plasma Rico em Plaquetas (PRP), que injetam o plasma no couro cabeludo; transplante capilar robótico, para os pacientes que buscam uma solução permanente; terapia a Laser de Baixa Intensidade; com Células-Tronco e microagulhamento capilar.
Além disso, os transplantes capilares têm se tornado cada vez mais comuns. Com procedimentos minimamente invasivos, os especialistas conseguem resultados naturais e duradouros. A combinação dessas tecnologias permite que os pacientes recuperem não só o cabelo, mas também a confiança e a autoestima.
PROCEDIMENTOS INOVADORES: REVOLUÇÃO NA ESTÉTICA
Há pouco mais de um ano, a Clínica Imponence oferece atendimento integrado para a saúde odontológica e orofacial. “A ideia é que os pacientes tenham acesso aos melhores procedimentos do mercado, nas áreas da harmonização e odontologia, em um só lugar”, afirma Thais de Abreu, dentista, especialista em Harmonização Orofacial e CEO da clínica.
O espaço moderno, localizado no centro do Crato, foi pensado para garantir conforto e principalmente tranquilidade para quem vai passar pelos procedimentos. A aromaterapia e a massagem relaxante são opções para aqueles pacientes mais ansiosos ou que tenham o famoso “medo de dentista”.
A proposta inicial da clínica é enaltecer a beleza natural de cada pessoa, respeitando suas características e agindo na promoção da sua saúde, a partir do conceito grego do belo e das
Sâmia Liberato e Thais de Abreu apostam no conceito grego do belo e das proporções áureas nos atendimentos de harmonização facial e odontologia
proporções áureas. “O novo conceito de estética facial, corporal e odontológica que trazemos respeita a beleza de cada paciente, ajudando a potencializar sua autoestima e o controle do envelhecimento”, comenta Thais.
A servidora pública Francy Magalhães diz que sempre se preocupou em envelhecer de forma saudável, mas “tinha muito medo do resultado dos procedimentos estéticos. Mas foi maravi-
lhoso, fiz estimulação de colágeno no rosto, botox e preenchimento e foi muito bom o resultado”, conta.
Atualmente, a equipe investe em tecnologias para o estímulo de colágeno, como o ultrassom microfocado e bioestimuladores injetáveis. “Com alto padrão científico, podemos oferecer qualidade, com compromisso e responsabilidade com os nossos pacientes”, finaliza Thais.
PROTOCOLOS
DE EMAGRECIMENTO:
SAÚDE E BELEZA
EM HARMONIA
Ao longo dos 18 anos de atuação no Cariri, Séphora Albuquerque, médica e fisioterapeuta, tem investido em procedimentos e equipamentos modernos. Tudo isso, para somar nos cuidados da pele e de todo o corpo de seus pacientes.
Mas, de acordo com seu relato, o melhor resultado que ela pode observar é a conscientização dos caririenses pela qualidade de vida e, consequentemente, a busca em se sentir melhor, mais bonito e bem consigo mesmo. “A mudança do dia a dia, com qualidade de vida, a gente colhe como estética, como beleza. Quando a gente está se sentindo bem, se sentindo bonito, as outras coisas ao redor também melhoram”.
Hoje, a Clínica Séphora Albuquerque garante ter algumas das tecnologias mais atuais que existem no mundo da estética. “Nosso carro-chefe é o Fotona Starwalker, que é a Ferrari dos lasers, e o Ultraform MPT, que são as maiores tecnologias do mundo quando a gente fala de rejuvenescimento”, apresenta a médica.
Para auxiliar nos protocolos de emagrecimento, a clínica dispõe de biomodulação hormonal, “que traz a mulher e o homem para os níveis hormonais na sua melhor fase, tendo como consequência a melhora no sono, no humor, na qualidade de vida e no emagrecimento, inclusive na qualidade sexual”. Já o Endolaser consegue retrair o tecido, através de calor, melhorando a firmeza do tecido, diminuindo gordura localizada, sem a necessidade de cirurgia.
“Posso dizer que esta é a área que eu amo, porque quando a gente trata da saúde, da estética, da beleza do paciente, a gente traz vida, disposição, autoestima, realização pessoal. E quando você melhora tudo isso na vida de um paciente, você consegue melhorar ele inclusive como pessoa. Eu amo cuidar de pessoas,
OFERECEMOS SERVIÇOS DE ALTÍSSIMA QUALIDADE. OS PACIENTES NÃO PRECISAM
SAIR DAQUI PARA TER ACESSO
cuidar de vidas, principalmente cuidar de mulheres 40 mais, que são mulheres que trabalham, cuidam de filhos, de família, do dia a dia, da casa, e às vezes ainda encontram um tempinho para poder olhar para si”, finalizou Séphora.
SORRISOS ALINHADOS
E SAÚDE BUCAL
Acima, a dentista
Ana Valéria Brito atua com alinhadores ortodônticos. Ao lado, Séphora Albuquerque anuncia modernos equipamentos para pele e corpo
A dentista Ana Valéria Brito apostou no seu amor pela ortodontia e hoje trabalha na área de reabilitação oral com os alinhadores ortodônticos, substitutos dos antigos aparelhos dentais metálicos. Estes dispositivos corrigem a posição dos dentes e maxilares, proporcionando um sorriso harmonioso e uma melhor função mastigatória. Além disso, são quase imperceptíveis, oferecendo maior conforto e estética durante o tratamento, e leva a metade do tempo do modelo tradicional.
“Hoje, não fazemos mais moldagem do paciente, usamos equipamentos altamente sofisticados, que é o scanner. Fazemos o escaneamento, a informação da arcada e mordida do paciente, em 3D, vai direto para a plataforma para planejarmos o tratamento. Com essa tecnologia, conseguimos visualizar a projeção da finalização do tratamento, coisa que não existia com a ortodontia tradicional”, explica a dentista.
Durante os últimos seis anos, Ana Valéria só cresce em quantidades de pacientes. Tanto que outras oportunidades surgiram e recentemente a profissional foi convidada para conhecer e representar uma nova marca de alinhadores. “Fiquei muito feliz em representar o Cariri, de forma nacional,
chegar num evento grandioso, com profissionais altamente qualificados do Brasil inteiro. Isso demonstra que estamos oferecendo serviços e produtos de altíssima qualidade e que os pacientes não precisam sair daqui para ter acesso”, comemora.
Quem também comemora os resultados desse tratamento é a jornalista Aline Menezes, que buscou os alinhadores dentários, “devido a sua praticidade, estética e também o tempo do tratamento, que é inferior ao método tradicional. Estou usando há quase seis meses e já posso ver a evolução do meu sorriso”.
O FUTURO DA ESTÉTICA NO CARIRI
O mercado da beleza e da estética no Cariri está em constante evolução, com profissionais investindo em capacitação e novas tecnologias para atender a crescente demanda. A busca pela beleza e bem-estar, aliada à saúde, tem impulsionado o setor, fazendo com que cada vez mais pessoas tenham acesso a tratamentos de qualidade. O que podemos ver é que a beleza que faz a cabeça dos moradores do Cariri é um reflexo da dedicação e inovação dos profissionais da região. Seja através de um sorriso alinhado, da recuperação dos cabelos ou de procedimentos estéticos avançados. E você, que beleza faz a sua cabeça?
COLUNA ESG
CAROL KOSSLING
ESG NAS EMPRESAS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO
DO CARIRI
1
O grupo Aegea Saneamento está presente no Cariri por meio das empresas Ambiental Crato (Concessão Pública) e a Ambiental Ceará (Parceria Público-Privada), que atuam em 25 municípios cearenses, sendo sete da região do Cariri, com operações de esgotamento sanitário. As metas, a serem atingidas até 2030, consistem em atingir 45% de mulheres e 27% de negros em cargos de liderança, além da redução do consumo específico de energia em 15%, medido em kWh/metro cúbico. Em 2022, a Aegea foi a 1ª empresa de saneamento a emitir Bonds vinculado a metas ESG na América Latina.
POR UM CARIRI MAIS SUSTENTÁVEL, ENGAJADO E COMPETITIVO
CONHEÇA PRÁTICAS DE EMPRESAS QUE NA REGIÃO DO CARIRI SE DESENVOLVEM COM ESTRATÉGIAS PARA “SER UMA EMPRESA MELHOR PARA O MUNDO”
Toda a instalação de rede e tratamento do esgoto é realizada com o uso de tecnologia avançada e compromisso ambiental para garantir que, após tratado, o efluente possa voltar ao meio ambiente com qualidade superior aos padrões exigidos. São desenvolvidos e apoiados projetos ligados à saúde, educação, renda, a fim de contribuir para melhorias no Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDH-M), como o Mãos e Obras, que oferece curso de Hidráulica Básico nas comunidades; Pioneiros, iniciativa de tutoria de projetos ambientais voltado aos estudantes do Ensino Médio; Respeito Dá o Tom, programa corporativo voltado à diversidade.
Por meio do Afluentes, as empresas promovem o diálogo com líderes comunitários, para tirar dúvidas, conhecer as necessidades de cada localidade, e ouvir sugestões e opiniões sobre os serviços prestados. E a Ambiental Crato investe no aperfeiçoamento constante da governança corporativa, com base em princípios de transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade empresarial.
3 - PARCERIAS DO BEM
A Universidade Federal do Cariri (UFCA) e a indústria Cajuína São Geraldo estão trilhando um caminho de cooperação, transformando subprodutos da produção do refrigerante de caju em itens alimentícios de alto valor agregado. Por meio desta parceria, estão sendo desenvolvidos estudos e testes para aproveitar o resíduo de polpa de caju oriundo da fabricação do refrigerante na produção de farinha, cookies, petiscos para pets, compostagem e até ração para aves. O projeto representa um grande passo na economia circular e no uso sustentável dos recursos.
4 - 0% COPOS
A indústria Produtos de Limpeza Juá aboliu em maio o uso de copos plásticos nas dependências da empresa. Com cerca de 140 funcionários atuando no parque fabril, a empresa cearense chegava a gastar 700 unidades de copos descartáveis por dia, uma média de cinco por colaborador. Ao final do mês, considerando 20 dias úteis, o consumo alcançava a marca de 14 mil unidades. Simone Pereira de Siqueira, gerente administrativa da Juá, pontua que os
5 - EDUCAÇÃO NOTA MIL
copos descartáveis são muito utilizados em função da praticidade e baixo custo, mas ressalta que podem gerar graves consequências para a saúde e para o meio ambiente. Desde dezembro, a Produtos de Limpeza Juá realiza ações de conscientização sobre os malefícios do uso de copos descartáveis, para que não houvesse uma mudança tão abrupta de hábitos. A companhia ainda realizou a instalação de bebedouros com torneiras adaptadas para que os funcionários possam encher suas garrafas.
A Organização Educacional Farias Brito reforça seu compromisso com a sustentabilidade em todas as sedes, adotando práticas ecoeficientes e fontes de energia renovável. A recém-inaugurada sede no Cariri destaca-se pela implementação de medidas inovadoras para otimizar o consumo de água, por meio de um sistema de reutilização e estação de tratamento. Toda a energia consumida na nova sede é exclusivamente proveniente de fontes renováveis, impulsionada por mais de 600 placas fotovoltaicas. Além disso, o Farias Brito incorpora práticas sustentáveis na construção, preservando árvores existentes e mantendo o equilíbrio ecológico, reafirmando seu compromisso com a responsabilidade ambiental.
STARTUPS PARA GESTÃO DE RESÍDUOS
Desde 2019, Juazeiro do Norte conta com a startup GIR - Gestão Inteligente de Resíduos. Ela nasceu para oferecer soluções tecnológicas com o objetivo de desenvolver a sustentabilidade das corporações. Proporcionando o aumento da eficiência energética e da reciclagem, facilitando a destinação ambientalmente correta dos resíduos, adequando as normas e legislações ambientais. Além de conscientizar e proporcionar mudanças de grande impacto por meio da educação ambiental. Atualmente, faz parte do time de startups incubadas na Universidade Federal do Cariri (UFCA) . “Nossa missão é desenvolver a total capacidade sustentável das organizações com uso de processos com melhorias contínuas, onde cada ação é monitorada e melhorada conforme suas necessidades”, explica o CEO da GIR, Willy Brandt Costa.
DIVERSIDADE
AINDA QUE PLURAL, A COMUNIDADE SE UNE PELA FORÇA DA RESISTÊNCIA E ENCONTRA
NA ARTE E NA ASSISTÊNCIA CAMINHOS
PARA BRILHAR E VIVER EM PAZ
TEXTO LETÍCIA DO VALE
DIVERSIDADE
De natureza mutável e expansiva, a arte pode representar muito: trabalho, meio de expressão, refúgio. Para Naomi Houston, além de tudo isso, a arte é renascimento. Nascida e criada no Crato, foi em cima do palco que a cabeleireira, maquiadora e artista performática conseguiu entender e externar a mulher que sempre foi.
A especialidade de Naomi são apresentações musicais, inspiradas nas vedetes dos anos 40 e nos antigos cabarés. Aos 36 anos, a artista brilha em eventos ao dublar cantoras famosas e encher o palco com dança, carisma e representatividade.
A carreira é herança da trajetória na dança e no teatro, com os quais Naomi tem contato desde os 12 anos. Após performar dublando uma música pela primeira vez, em meados de 2007, no Festival de Teatro Amador de Acopiara (Fetac), Naomi renasceu. Aos 19 anos, a artista iniciou a transição de gênero e, hoje, não consegue se enxergar fora dos palcos.
“Foi com a arte que eu me descobri como pessoa e foi o que me ensinou a não desistir diante de tanto preconceito. Foi um escudo, uma válvula de escape. Eu sempre fui afeminada e na escola, por exemplo, muitos colegas de sala não queriam sentar perto de mim. Até uma mãe de um colega falou que não queria que eu andasse com ele. Mas eu usava a arte para esquecer essas coisas”, conta.
Ela lembra o choque que causou ao se identificar como mulher trans. “Até então as pessoas imaginavam a mulher trans e a travesti como uma figura noturna. E aí começaram a ver essas figuras durante o dia, sentadas na praça, fazendo compras em supermercado. O Crato de hoje tá mais acolhedor, mas no início foi bem difícil”, conta.
Assim como para Naomi, a arte tem sido forma de expressão e trabalho para outras pessoas trans no Cariri. De acordo com a performer, cantores, DJs, e artistas musicais da comunidade trans vêm ocupando bares, eventos, casamentos, aniversá -
Naomi Houston celebra a visibilidade conquistada nos palcos da região
rios e confraternizações de empresas em toda a região.
Naomi celebra a visibilidade conquistada. Ela acredita que grandes empresários e outras pessoas estão conseguindo ir além do preconceito e reconhecendo esses talentos. “Hoje, no Cariri, eu vejo uma comunidade trans bem forte, pulsiva. Ela vai ‘pra’ rua, ‘pra’ internet, procura a televisão. A gente vê vários coletivos sendo criados, para que a gente apareça. O que eu mais
desejo é ser reconhecida no meu trabalho, poder ter uma vida plena, conforto e ajudar minha família”, descreve.
O ATIVISMO TRANS
A resistência e a ocupação de pessoas transexuais transcendem épocas e lugares. No Cariri não é diferente. Em Juazeiro do Norte, a Casa da Diversidade Cristiane Lima atua, há três anos, como um equipamento do terceiro setor para atender pessoas LGBT+ e cobrar políticas públicas
DIVULGAÇÃO
HOJE,
NO CARIRI, EU VEJO UMA COMUNIDADE TRANS BEM FORTE, PULSIVA.
ELA VAI ‘PRA’ RUA, ‘PRA’ INTERNET
a favor dessa população. A iniciativa surgiu como projeto de outras duas instituições: a Associação Beneficente Madre Maria Villac (Abemavi) e a Associação Caririense de Luta Contra Aids, a partir da necessidade de um auxílio qualificado específico para o grupo LGBT+ da região.
Assim, a Casa promove atendimento gratuito e humanizado com uma equipe totalmente composta por voluntários. Alguns dos serviços oferecidos envolvem enfermagem, psicologia,
assessoria jurídica e cursos profissionalizantes em parceria com o Sistema S (Sesc/Senac/Senai). Além disso, testes para HIV, sífilis e hepatite estão disponíveis para a população em geral.
De acordo com a coordenadora da entidade, Brendha Vlazack, pessoas de diferentes cidades do Cariri, como Crato, Barbalha e Assaré, buscam o apoio da Casa. Aos 47 anos, a ativista trans é destaque na luta pelos direitos de pessoas trans e travestis.
Além de coordenadora da Casa, ela atua como vice-presidente da Abemavi (Associação Beneficente Madre Maria Villac), educadora social em saúde da Caririense, conselheira municipal dos direitos LGBT+ e de assistência social de Juazeiro do Norte, suplente no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cmdca) da cidade, coordenadora do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (Fonatrans) da região do Cariri, fi-
DIVERSIDADE
liada à Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e é assistente social de formação.
A ativista acredita que o terceiro setor desempenha um papel essencial de tentar desafogar essas pessoas em um mar de necessidades não atendidas. “Eu sou a mulher emancipada de hoje porque, antes, a Abemavi me acolheu e me deu uma oportunidade. Isso é o que falta para que nosso estado e o Brasil oportunize espaços para que essa população seja incluída e deixe de sofrer discriminações”, declara.
Para Samuel Rodrigues, 24, o trabalho da Casa da Diversidade e de outras iniciativas semelhantes também foram fundamentais. Recém chegado de Fortaleza ao Cariri, o estudante de pedagogia e sociologia logo viu a necessidade de buscar por acompanhamento médico para o tratamento com hormônios e outros processos que compõem a jornada trans. Nessa trajetória, Samuel pôde contar com o trabalho da entidade e conheceu, no Crato, o Coletivo Trans Masculines (Ctrans), se tornando conselheiro no grupo.
“Eu comecei a me reunir com o coletivo e percebi que ali era o meu lugar. A gente precisa estar em comunidade para conseguir as coisas, e tem que fazer dar certo mesmo sem muitos recursos”, indica Samuel. A lista de reivindicações é longa. Segundo o estudante, o processo para conseguir atendimento com um endocrinologista ou psicólogo na região, por exemplo, é demorado. O Ctrans luta por capacitação, dignidade hospitalar, acompanhamento médico e psicológico e procedimentos como mastectomia para a população trans.
Márcio Silvestre, presidente do Conselho LGBTQIAPN+ do Crato, amplia o olhar para o cenário. “A empregabilidade da comunidade trans é um desafio de toda a sociedade. São pessoas que podem contribuir muito com as nossas vidas e o desenvolvimento social. No Cariri, temos visto que a economia criativa tem aberto espaço para profissionais que vêm da comunidade trans, como DJs, músicos, performers,
produtores culturais e atores, são alguns exemplos. Mas é preciso avançar mais”, diz.
UM PASSARINHO SÓ NÃO FAZ VERÃO
Em Santana do Cariri, é Bárbara Yohana Alves quem representa a base de toda a articulação em prol da comunidade trans. Aos 30 anos, a funcionária pública e recém técnica de enfermagem é acostumada a receber o título de primeira mulher trans em toda nova conquista. Essa representatividade, que gera inspiração em cada mulher trans da cidade que a apelida carinhosamente de “mãezinha”, é a mesma que compele Bárbara a tentar contornar a escassez de visibilidade que a comunidade trans e LGBT+ enfrenta no município.
“Tem uma turma grande LGBT+ aqui em Santana, pessoas que são carentes de projetos. Ainda tem preconceito na cidade e existe dificuldade para arranjar emprego. Por exemplo, acham que se o cliente chegar num estabelecimento e der de cara com uma pessoa trans, vai se assustar, não vai querer levar o filho. Aqui, as pessoas acham que a gente não tem capacidade, mas, aos poucos, vamos mostrando para as pessoas que temos voz e potencial”, indica Bárbara.
Atualmente, a técnica de enfermagem, em conjunto com a Prefeitura e outros moradores, articula a instalação de uma casa de apoio para a comunidade LGBT+. A iniciativa é inspirada na Sala Lilás, que funciona no município prestando suporte a vítimas de violência física e sexual. Assim, a Sala LGBT+ forneceria serviços como entrega de preservativos, reuniões semanais com a comunidade e, principalmente, capacitação profissional.
“Falta visibilidade nas cidades pequenas. O ideal seria que todos tivessem mais empatia e nos vissem como ser humano. É como sempre digo: ‘minha gente, eu sou a primeira mulher trans, mas não a única. Lembrem-se das outras’”.
CRATO
Lei nº 3.839, de 2021 - institui o Dia Municipal de Luta contra a LGBTFobia (20/11).
Lei nº 3.919, de 2022 - institui o Conselho Municipal de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos LGBT. Lei nº 3.840, de 2021 - institui o Dia Municipal do Orgulho LGBT (3/8).
Selo Municipal Crato da Diversidade - homenageia empresas que adotam políticas de inclusão ou pessoas que contribuem para a promoção da proteção dos direitos humanos da população LGBT.
Selo ELA - destinado a homenagear travestis e/ou transexuais que contribuem para a visibilidade e promoção dos direitos humanos da população em foco.
LEIS MUNICIPAIS A FAVOR DA POPULAÇÃO
LGBT+ NO CARIRI
JUAZEIRO DO NORTE CRATO
JUAZEIRO DO NORTE
Lei nº 4.538, de 2015 - altera a estrutura e o funcionamento do Conselho Municipal dos Direitos LGBT e dá outras providências.
Lei nº 5.068, de 2020 - cria o Centro de Referência LGBT (CRLGBT), vinculado à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Trabalho (Sedest).
Lei nº 5.092, de 2020 - institui o Dia da Luta Contra a LGBTfobia (10/9).
Lei nº 5.296, de 2022 - estabelece cotas (limite mínimo de 3% das vagas) para o ingresso de pessoas trans e travestis no serviço público municipal em cargos efetivos e temporários.
BARBALHA
Lei nº 2579, de 2021 - institui o Conselho Municipal de Promoção dos Direitos LGBTQI+.
Lei nº 2.598, de 2021 - dispõe sobre a Criação do Dia Municipal de Combate à LGBTfobia (12/8).
Lei nº 2.693, de 2023 - dispõe sobre a reserva de 3% das vagas de emprego ou estágio para travestis ou transexuais nos quadros de funcionários e de empresas com incentivos e contratos com a Prefeitura. Termo de compromisso de enfrentamento à transfobia assinado pela Prefeitura em 2023.
UM GRANDE MUSEU
FORA DO MUSEU
QUANTAS HISTÓRIAS AS FOTOS QUE TELMA SARAIVA FEZ
CONTAM PELO CARIRI E PELO MUNDO? O FOTÓGRAFO ALLAN
BASTOS REVISITA SUAS MEMÓRIAS ATRAVÉS DE RETRATOS
PESSOAIS E DA AMIZADE COM A ARTISTA CRATENSE
No momento da fotografia, um olhar calmo e sereno, contemplador, de tanto realismo, parece estar ao vivo, como se a qualquer momento pudesse se mover, como se pudesse sentir a respiração voltando após o clique, um lapso de tempo eternizado. Uma única foto, e não precisaria mais que isso, é imagem que iria narrar a sua história dali pra frente, retrato feito em outubro de 1965, a foto de formatura, para enviar aos pais que moravam longe.
De tão genial a fotografia feita em câmara de médio formato, uma
TEXTO ALLAN BASTOS
lente bem clara, em preto e branco e colorida a tinta óleo, em quatro cores, o preto para delinear os cílios, os fios que soltam do coque no cabelo e alguns detalhes da beca, o rosa na boca e na bochecha, o amarelo que simboliza o ouro na joia, o brinco na orelha, e um esverdeado no fundo da imagem. Pouca tinta e muito encantamento. Retrato que sempre fez parte da ambientação lá de casa, a foto que aparecia e sumia, ora estava na estante, ora num quadro na parede e ora escondida em uma gaveta. Depois ela voltava em outra moldura,
em outro quadro, e é assim até hoje. É a fotopintura da minha mãe, fotografada por Telma Saraiva, uma das incontáveis fotos que a retratista fez e pintou.
A Casa museu de Telma Saraiva - Museu da Fotografia do Cariri, no Crato, salvaguarda o patrimônio dos pioneiros artistas da fotografia na região da Chapada do Araripe. Na trajetória da Família Saraiva Leão, com fotografias e fotopinturas, é possível entender os princípios da imagem, das cores e da representação do indivíduo.
As fotopinturas de Telma Saraiva estão em centenas de casas pelo Cariri e pelo mundo, atestando o amor e a dedicação à fotografia, bem como ao rigor técnico e estético da pintura, que atravessam gerações e se multiplicam em novas reflexões. Dentro da casa museu, a projeção ao passado nos aproxima do presente, estabelecendo vínculos com nossa individualidade, nos representando e eternizando.
Assim, os retratos do Foto Saraiva, dizem mais sobre Telma, do que quem foi fotografado. No preto e branco, as tintas nos voltam as cores, os pincéis o máximo
do realismo e o dedo a indicação de até onde a imaginação não pode ir.
Esse é o texto que escrevi para a parede que abre o Museu de Telma, junto desse texto tem as 10 primeiras fotos pintadas por ela, retratos no tamanho 12cm x 14cm, em várias paisagens e lugares. Um trabalho de pintura em cima da foto preto e branco que é minucioso e detalhista. São mais de 400 fotos, da família, dos filhos e de alguns clientes que não foram buscar as encomendas, estão expostas na mesma casa onde morou e trabalhou, onde fez a vida. São oito espaços da sua morada que hoje
contam sua história e alguns outros momentos da fotografia no Cariri.
Porém, o grande trabalho de Telma não está no Museu dela, e sim nas salas das casas de milhares de pessoas pelo Cariri, no Nordeste, no Brasil e no mundo. Quero tratar aqui não das fotos que estão na Casa da Telma, mas das que não estão lá.
Minha mãe, Corrinha, foi fotografada por Telma aos 8 meses, aos 7 anos, aos 9, e aos 14. Assim como mamãe, milhares de pessoas foram fotografadas por Telma. O seu ateliê era sinônimo de requinte, luxo e profissionalismo, era a máxima referên-
cia na fotografia dessa região. Meu pai também tem duas fotos feitas por Telma, só não foram pintadas, era muito caro ter uma fotopintura.
Foram mais de cinco décadas dedicadas à fotopintura, dos anos 1950, até o começo dos anos 2000. Fotografando em filme preto e branco, revelando nos químicos, deixando-as secar até pintá-las, trazendo as cores de volta, anos e anos aprimorando a técnica da pintura. Telma chegou ao realismo máximo no seu trabalho, com os pincéis ela fazia o que o foco faz na fotografia, dar nitidez e textura, e o esfumado com o dedo mindinho ela fazia o fundo da imagem e o tom da pele. O mais surpreendente do trabalho dela é o tom exato da pele do cliente, que chegava para ver seu retrato pintado e se reconhecia.
Fotografou e pintou toda uma sociedade, pintou a elite do Cariri, estudantes, políticos, clero, artistas e a ela mesma. Telma em muitos momentos se fotografava vestida de diva do cinema, quando estava pronta para algum evento da família, como os aniversários dos filhos, outras antes de sair para eventos sociais no Crato e tantas outras antes de ir para os bailes de Carnaval. Foram dezenas de outras fotos da Telma, hoje no seu museu tem 42 retratos pintados, registros de várias épocas da vida dela, um tesouro imagético de uma das mulheres mais incríveis que o Cariri conheceu. Educada, simpática, com um humor inabalável.
Conheci Telma aos 12 anos quando fui fazer uma foto 3x4 para algum documento. Minha mãe fechou o dinheiro na minha mão, e disse: “vá fazer um retrato lá em Telma”. E assim eu fiz. No apertar do dinheiro na minha mão eu vi que ali tinha algo muito especial. Fui outra vez fazer outro 3x4, antes de ir morar em Recife, fui aprender, eu já estava fotografando e quis vê-la mais uma vez fotografando. Em 2006 voltei pro Crato e quis ser amigo de Telma, vivi os últimos dez anos de vida dela com muita proximidade. Certa vez eu dando aula de História da fotografia do Cariri, Telma aparece na minha sala de aula e me diz: “Pra você eu saio de casa”. Coisa que ela não tinha costume, ela amava
TELMA FOTOGRAFOU
E PINTOU TODA UMA SOCIEDADE, PINTOU
A ELITE DO CARIRI, ESTUDANTES, POLÍTICOS, CLERO, ARTISTAS E A ELA MESMA
estar em casa. E certa vez ela me parou em algumas das nossas longas conversas e disse: “os amigos dos meus filhos sempre me diziam que queriam que eu fosse a mãe deles, pela liberdade, pela criação, mas eu te digo, Allan, eu queria ser sua mãe”.
Fui convidado para montar o museu de Telma, fiz curadoria, expografia, montagem, pesquisas sobre o seu clico na fotografia, fiz a cronologia da sua vida e trabalhos que levaram Telma para a fotografia contemporânea. O seu trabalho pode ser visto no Instagram @casadetelmasaraiva e em diversas exposições pelo Brasil. O que ela quis da vida aconteceu: permanecer, tal qual o retrato que ela fez da minha mãe.
Em 2007, Telma foi reconhecida pelo Instituto Cultural do Cariri (ICC) como imortal. Recebeu a Cadeira de número 14, que havia sido do seu pai. Telma morreu em 2015, com 86 anos.
Imagens da Casa museu de Telma Saraiva - Museu da Fotografia do Cariri, no Crato. É preciso agendar a visita
Fotopintura da mãe de Allan, fotografada por Telma Saraiva, uma das incontáveis fotos que a retratista fez e pintou
MUSEU DA FOTOGRAFIA DO CARIRI - CASA DE TELMA SARAIVA
Endereço: Rua Tristão Gonçalves, 519, centro do Crato
A visita precisa ser agendada com os filhos por meio da conta no Instagram @casadetelmasaraiva
Carla Ribeiro
PERFIL
Em meio a multidões surge uma artista com sonhos e conquistas. Carla Ribeiro tem 24 anos, é natural de CratoCE e há 7 anos tem o seu violão, as noites e os olhares de admiração como os seus maiores companheiros. Instagram: @carlaribeirocantora
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CARLA ARTISTA É...
Uma mulher audaciosa, insistente e que nunca desiste do que quer. Com muita leveza faço o que amo e me esforço para atingir os meus objetivos.
“Sou apaixonada pela trajetória que construí, com muitos amigos, parceiros e um público maravilhoso que me incentiva cada vez mais a continuar”.
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PERSONALIDADES INSPIRADORAS
Gal Costa
Maria Bethânia
Milla Sampaio
Elvis Nazário
Sucesso é...
ESTILO MUSICAL
Foi onde eu aprendi a ser cantora. As diversas sonoridades existentes no estilo me encantam.
MAIORES PROJETOS
Meu segundo álbum, ainda a ser produzido. É uma porta de entrada para o mundo. #7 #6
SONHO QUE PRETENDE REALIZAR...
Ver as pessoas no mundo inteiro se identificando com os meus pensamentos e se sentindo acolhidas.
8#
MÚSICA QUE NÃO PODE FALTAR NO SHOW
Olhos Grandes.
#9 A MÚSICA É...
Tudo! Não existe Carla Ribeiro ou Ana Carla sem música.
Estar realizada no presente com tudo que construí e que tenho feito, sem arrependimentos do passado e com muita esperança no futuro.
LOCAL QUE
SONHA CANTAR EUROPA.
Plano para 2025
LANÇAR MEU SEGUNDO ÁLBUM E TAMBÉM MINHA TÃO SONHADA TURNÊ NORDESTE.