ID: 70591582
26-07-2017
Tiragem: 4620
Pág: 18
País: Portugal
Cores: Preto e Branco
Period.: Diária
Área: 23,00 x 30,90 cm²
Âmbito: Regional
Corte: 1 de 1
Psicologia nos Açores 11
p PÁGINA MENSAL DA DELEGAÇÃOREGIONAL DA ORDEM DOS PSICÓLOGOS PORTUGUESES
ORDEM DOS PSICÓLOGOS
Nota de Abertura
E quando o público é quem manda...
COORDENAÇÃO MARIA DA LUZ MELO EQUIPA EDITORIAL RAQUEL VAZ DE MEDEIROS E PAULA DOMINGUESI EMAIL ana.rego@ordemdospsicologos.pt
Vamos começar (mesmo) a falar de depressão? Sabia que Portugal tem a prevalência de depressão mais elevada da Europa?
Cada vez mais nos chegam queixas sobre práticas usurpadoras do exercício da Psicologia nos Açores. Enquanto Delegação Regional dos Açores, recebemos reclamações de outros psicólogos, mas com muito maior frequência do público em geral. Este é claramente um sinal de mudança, com o qual só nos podemos congratular. Temos um público cada vez mais informado, que valoriza a importância de serviços de excelência prestados por profissionais devidamente credenciados, por pessoas que sejam efetivamente psicólogos. Recordo que para ser Psicólogo em Portugal e nos restantes países da comunidade europeia é necessário ter formação específica, em Psicologia concordante com as normas em vigor, expressas em Portugal pelo.Art.2 51 da Lei n2 57/2008, de 4 de setembro: dois ciclos de estudos universitários em Psicologia e um ano de prática profissional supervisionada e sujeita a um processo de avaliação final. Cumpridos estes requisitos, é atribuído o título de Psicólogo. A Ordem dos Psicólogos Portugueses, como serviço ao público, disponibiliza um mecanismo de pesquisa - www.ordemdospsicologos.pt "Diretório" - que permite confirmar a inscrição na Ordem, condição legal necessária para o exercício da Psicologia em Portugal. • M LUZ MELO
"Nem sei bem por onde começar. O que falarmos não sai daqui, certo? Sabe, há coisas que nunca contei a ninguém. O que me traz cá? Nem sei por onde começar. Só consigo dizer que não estou bem, há tempo demais. Já devia ter procurado ajuda há mais tempo, mas achamos sempre que conseguimos resolver, não é? Que estas coisas das depressões não existem. E uma doença difícil de entender e que os outros não compreendem. Se calhar estou a pagar pela língua... Eu também achava que estas coisas eram só para os outros e para os fracos. Diz-me que a fragilidade é diferente de fraqueza e que todos temos limites? O que é pena é o tempo que demoramos a aceitar isso. Aguentei o sono que deixou de aparecer, como se deitar a cabeça na almofada ligasse uma máquina de pensamentos. Aguentei a tristeza que parecia não passar, como se só houvesse negativismo no olhar, quando chorar já não aliviava. Achei que era normal ter menos prazer em fazer coisas, que não querer estar com os amigos e com o marido (a todos os níveis entende...) era uma fase. Que o cansaço que só me chamava para a cama era normal pelas exigências que não paravam de aparecer. Que o peso e o apetite sempre a mudar, que a concentração que parecia fugir a cada instan-
Acreditação OPP
Aconteceu...
ACREDITAÇÃO ACÇÕES FORMATIVAS PARA PSICÓLOGOS
Reuniões e iniciativas
Enquanto entidade reguladora da profissão, a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) criou o Sistema de Acreditação das Acções Formativas. Todas as vantagens e informações relacionadas com este processo poderão ser consultadas através do link : www.ordemdospsicologos.pt/pt/ac reditacao_formacao/accao_formati va_acreditada
No passado dia 7 de julho, decorreu a Reunião do Grupo de Trabalho da Humanização do Serviço Regional de Saúde. Esteve presente a Doutora Maria da Luz Melo, em representação destaDelegação Regional. A 10 de julho realizou-se nas nossas instalações, uma reunião aberta para partilha de projetos que os psicólogos estejam a desenvolver/planear no âmbito da prevenção da depressão
Filipe Fernandes, Psicólogo Clínico e da Saúde
te ia passar. Sabe, passa muita coisa pela cabeça quando nos sentimos inúteis, desesperados e culpados por não conseguirmos viver como dantes. Só quebrei, só percebi que algo estava mesmo mal comigo quando me faltou a vontade de estar com os meus filhos. Só aí procurei ajuda especializada, junto da Medicina e da Psicologia. Custa muito pensar nisso. Com tudo isto devo ser um caso perdido. Acha que ainda vale a pena ter esperança?" Claro que sim, claro que vale. Este relato inspira-se nas histórias de coragem, cujos quadros são
marcados pela depressão. A depressão é uma doença que afeta 322 milhões de pessoas, segundo a OMS, constituindo a maior causa de incapacidade. Em Portugal estima-se que entre 5,7 a 7,9% da população reúna condições para uni diagnóstico de depressão. A depressão afeta de forma abrangente o funcionamento das pessoas, diferenciando-se de uma simples flutuação de humor ou de um estado emocional marcado pela tristeza que nos afeta de forma transitória e, por vezes, reativa a um acontecimento de vida mais desafiante Numa época em
que tantos consideram erradamente que a tristeza é uma patologia, quando é uma peça fundamental no nosso equipamento de série emocional, importa reforçar que a depressão é uma doença caracterizada por uma tristeza permanente e pela perda de interesse até nas atividades que, habitualmente, eram vistas como prazerosas, ao mesmo tempo que, por um período mínimo de algumas semanas, surge sintomatologia variada que afeta transversalmente todas as áreas de funcionamento da pessoa, podendo conduzir a um padrão de pensamentos relacionados com o auto dano que, inclusivamente, podem tomar a ideia de suicídio num tema recorrente. A depressão é tratável, sendo importante uma intervenção precoce, bem como o desenvolvimento de ações preventivas que mitiguem o seu advento. Os psicólogos desempenham um papel importante, no desenvolvimento de intervenções dirigidas à prevenção e ao tratamento dos quadros depressivos. O preconceito que marca a depressão, tão pernicioso como dificil de desmontar, tem sido alvo de uma ação consistente da Ordem dos Psicólogos Portugueses, mormente através da adesão à campanha global "Vamos Falar de Depressão". E deixo o mote. Vamos, mesmo, falar de depressão, sem medo e com a certeza que é possível travar esta epidemia silenciosa alimentada pelo preconceito, pela ausência de respostas proporcionais às necessidades ou pela procura tardia de uma intervenção especializada. Aqui fica o desafio. Para todos.*
Irá acontecer... nos diferentes contextos profissionais. No dial3 de julho esta Delegação promoveu um encontro direcionado a estagiários e outro a orientadores para reflexão sobre todo o processo de estágio, boas práticas e dificuldades associadas. Foram apresentados os membros da Equipa de Desenvolvimento Profissional dos Açores. A Direção visitou no dia 14 várias instituições da ilha do Pico: St4. Casa da Misericórdia da Madalena do Pico, Escola Cardeal Costa Nunes, Segurança Social e USIP. Teve ainda oportunidade de se reunir com os colegas. •
Academia OPP e empregabilidade Realiza-se no mês de Setembro a Academia OPP reservada a todos os estudantes que se encontram a realizar formação académica em Psicologia. Decorrerão sessões para estudantes de 19 e 32 ciclo e sessão para docentes e investigadores. Esta iniciativa tem como objetivo a aproximação ao futuro da profissão de Psicólogo, dando oportunidade aos estudantes de pensar o seu percurso, de os aproximar da enti-
dade que em Portugal regula a profissão de psicólogo/a e explorar as questões de identidade profissional, das escolhas académicas e profissionais, empregabilidade, empreendedorismo e inovação na intervenção psicológica. Na mesma altura irá decorrer o Ciclo de Desenvolvimento Profissional que contará com sessões de AIDE (Acolhimento, informação, diagnostico e encaminhamento), fóruns e workshops. Este ciclo insere-se no programa de Empregabilidade da OPP. Mais informações em www.ordemdospsicologos.pt/pt/emprego/empregabilidade.•