Octógono nº 17 Português

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OCTÓGONO Revista Capitular Templária

Ordem do Templo

Ano V Nº 1

Abril 2020

Primeira Edição Conjunta Chile - Brasil

Maria Madalena e o Mistério de Rennes le Château A história de um enigma que desafia a tradição ocidental. Fr+ Johnny Zapata

O Espiritismo Fr+ Jairo Ferreira

As Virgens Negras Fr+ Francisco Riquelme

Religiões de Matriz Africana no Brasil Sor+ Patricia Guerra


REVISTA OCTÓGONO - ORDEM DO TEMPLO

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ANO V - Nº1

Editorial

ossa Ordem do Templo tem o prazer de apresentar aos leitores da revista Octógono sua primeira edição conjunta entre os Gran Prioratos do Chile e do Brasil, a ser publicada em espanhol e português para um escopo mais amplo de seu conteúdo. O Gran Priorato Templário do Brasil - Cavalaria Espiritual de São Francisco de Asís foi fundado em 2015, no estado de Minas Gerais por três cavaleiros e duas damas templárias que se inclinavam para um objetivo de formação e espiritualidade. Inspirados no trabalho realizado pelo Gran Priorato Templário do Chile, no mesmo ano os dois governos iniciaram conversações para um projeto de união institucional, com respeito à sua autonomia e sob os regulamentos da nova “Ata de Santiago" como pedra angular do reconhecimento bilateral, pacto que é enriquecido.

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contexto atual do mundo nos faz refletir sobre a viabilidade das fraternidades iniciáticas como instâncias de crescimento espiritual e estudo do conhecimento ancestral, dado o crescente individualismo e desinteresse pelo assunto. Siddharta Gautama descobriu que viver em desequilíbrio traz sofrimento. Portanto, quando o respeito e a aceitação da diversidade de planos que habitamos se unem, entendemos que o que se manifesta e o que não se manifesta deve ser sustentado, atingindo um equilíbrio espiritual e físico. A Ordem do Templo busca que esse crescimento espiritual, que acomoda a caminhada natural no mundo terrestre, seja desenvolvido naqueles que observam seus Princípios e Objetivos. Em sabedoria, cada indivíduo vive em comunhão com sua vida experiencial, desenvolvendo as faculdades psíquicas e espirituais que lhe permitem enfrentar a vida terrena. É por isso que as lições são recebidas e os trabalhos operacionais e espirituais que compõem nosso programa de ensino são realizados. Nossa missão final é servir os seres humanos e, por meio disso, servir a Deus, a suprema inteligência universal.

om grande satisfação, publicamos em conjunto a revista Octógono, resultado de um esforço coletivo entre os membros da Ordem do Templo do Chile e do Brasil. Nossa proposta é fornecer aos leitores um conteúdo dinâmico e informativo e, acima de tudo, vinculado ao p r o c e s s o d e t r e i n a m e n t o d o Te m p l o . Periodicamente, publicaremos artigos dos mais diversos segmentos, que abrangem parte dos estudos produzidos por nossos irmãos e irmãs. História, Filosofia e Espiritualidade estarão sempre presentes nos textos e obras disponíveis aqui. É importante destacar que a publicação conjunta contribui de maneira importante para o diálogo cada vez mais coerente entre os dois Prioratos, além de demonstrar a pluralidade cultural do mesmo tópico em relação aos dois países. Seguimos juntos! Agora temos uma grande oportunidade de melhorar a disseminação do templarismo, reforçando os verdadeiros objetivos do templo. Através do espírito pioneiro do Gran Priorato do Chile, esta ferramenta de informação requintada agora conta com as singelas contribuições da Ordem do Templo do Brasil.

Fr+ David Moreno da Costa Gran Prior - Gran Priorato Templário do Chile

Fr+ Randolpho Radsack Corrêa Gran Prior - Gran Priorato Templário do Brasil 2


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As Virgens Negras Fr+ Francisco Riquelme 1.- Primeiros vestígios As representações das Virgens Negras como as conhecemos hoje, remontam aos primeiros séculos de existência cristã, incorporando em seus rituais certos ícones de antigas divindades femininas relacionadas principalmente à fertilidade, gravadas em suas maioria em marfim. Esse sincretismo foi possível graças aos vastos territórios do Império Romano e à incorporação do cristianismo como religião oficial em 380, através do edito de Tessalônica, também conhecido como "Para todos os povos" (latim, cunctos populos), pelo imperador romano Teodósio, que acelera a disseminação do culto cristão a todos os territórios conquistados. O consequente choque de culturas alimentou o sincretismo em relação às divindades profanas, como Isis, de origem egípcia, considerada a rainha e deusa de todos os deuses. Cibele, originária da Frígia, deusa da Mãe Terra que era cultuada na Anatólia desde o Neolítico. Por fim, Artêmis, de origem grega, deusa da caça, florestas e animais, e protetora da virgindade.

diretamente relacionada à estrela Sirius, a mais brilhante da constelação Canis Maioris, que apareceu no céu depois de seis meses e justamente na época do dilúvio do rio Nilo, para o qual não é surpreendente que esteja ligado à fertilidade. Outro caso é o da América Latina, onde a Pachamama é responsável pelo fornecimento de fertilidade nos campos. A palavra pacha designou inicialmente apenas uma época ou idade do mundo, um cosmos ou universo, para depois se referir a um lugar ou espaço e à própria terra geradora de vida como um símbolo de fertilidade. Pachamama é uma deusa feminino que produz, que gera. Para os quíchuas, é a Mãe Terra, divindade máxima das colinas peruanas, bolivianas e do nordeste da Argentina. Pacha é "universo", "mundo", "tempo", "lugar", enquanto mama é "mãe". Para o povo mapuche, o Ñuke Mapu (Mãe Terra) é a Terra em um sentido mais profundo. Não se refere ao solo, terra geológica ou planeta Terra, mas abrange um conceito mais amplo da natureza dentro de sua cosmologia.

2.- Virgens Negras e aspectos astronômicos No paleolítico, nossos ancestrais estudavam as fases da lua e as constelações de maneira rudimentar. Indo um pouco à frente na linha do tempo, todas as deusas-mãe de diferentes culturas estão relacionadas à terra e fertilidade, mas também à noite e à lua, bem como às cavernas (para algumas representações do útero). A chegada do cristianismo causa o desaparecimento de muitos rituais primitivos e os transforma ou condiciona de certa maneira, a fim de incorporá-los. Um exemplo: para os egípcios, Ísis, deusa da fertilidade, estava

3.- Virgens Negras na Europa medieval As Virgens Negras da Europa medieval eram veneradas em uma multidão de catedrais e santuários. Quanto ao seu significado, foi admitido que elas eram a versão cristianizada de um culto muito antes do cristianismo. De várias 3


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formas, elas eram adoradas como uma espécie de divindade feminina, uma deusa mãe, mãe terra, ou melhor, uma deusa terra. A terra é fértil e, portanto, essa deusa da terra que foi invocada para ajudar mulheres estéreis que queriam ter um filho, e foi assim que ela ganhou a reputação de ser milagrosa e de conceder os milagres. A cor preta é a que é usada para representar simbolicamente essa terra primitiva, que quando fertilizada será a fonte de toda a vida. Deusa da Terra implica cor preta, carregada de forte simbolismo. Como acabei de mencionar, essa cor está intimamente ligada à terra, não apenas por sua superfície, mas de uma maneira mais espiritual. Essas Virgens geralmente estão localizadas nas criptas das catedrais, porque foi lá que os alquimistas encontraram o material com o qual trabalham. Portanto, a Virgem Negra nos ensina que, debaixo da terra, como se estivéssemos em uma cripta, a verdadeira luz é encontrada.

Virgens Negras costumavam exigir que um templo de culto fosse construído no local exato de sua aparição e, coincidentemente, esses lugares são sempre coincidentes com os locais de culto que as culturas primitivas dedicaram à Grande Deusa Mãe. Os Templários sempre tentaram construir seus santuários nesses locais ancestrais, o que nos leva a pensar que eles conheciam suas supostas virtudes. Há uma lenda curiosa que não podemos perder. Ao sul do Egito, na região chamada Núbia e nas proximidades de Aswan, existe uma ilha localizada no centro do Nilo, hoje chamada de "Ilha de Philae", "ilha da época de Ra" pelos antigos egípcios. Um templo dedicado à deusa Ísis é erigido aqui durante as Cruzadas, o único local onde os cultos antigos da época do Egito faraônico continuavam. Os Cavaleiros Templários navegaram pelo Nilo em uma de suas incursões pelo país e chegaram a esta ilha. Seduzidos pela beleza do lugar, pela paz e espiritualidade que emanavam, e pela beleza do culto à deusa antiga, eles ficaram tão atraídos por ele que o assimilaram às suas próprias crenças. Desde o estabelecimento do Templo, imagens de Virgens Negras começaram a proliferar, como uma evocação da antiga deusa mãe-terra Ísis. A Igreja tentou ignorá-las com desculpas ou simplesmente pintando-as de branco. O problema que os templários encontraram na Europa foi que, o retorno ao

4.- Virgens Negras e a Ordem do Templo No conselho de Éfeso, realizado entre 22 de junho e 16 de julho de 431, é estabelecido que "a Virgem é a Mãe de Deus". É aqui onde está localizado o templo de Diana, uma das “sete maravilhas do mundo”, onde era venerada uma estátua negra da Grande Deusa. Supostamente encontradas em circunstâncias sobrenaturais, as

PROCESSO DE ENTRADA NA ORDEM DO TEMPLO Juntar-se à nossa Nobre Ordem da Cavalaria Cristã e servir a nosso Senhor Jesus Cristo é uma das maiores honras que podemos ter. Nosso Departamento de Pessoal mantém constantemente as inscrições abertas para entrar em nossos Prioratos, você só precisa acessar nossas páginas da Web: www.chileordotempli.cl no Chile e www.ordemdotemplobrasil.com no Brasil, seguindo as etapas indicadas em cada página.

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antigo credo da terra, o culto a uma divindade pagã, poderia lhes trazer apenas sérios problemas dentro da Igreja Católica. Por se considerar heresia, eles enfrentariam severas sanções e penalidades se pegos. Isso forçou os membros do Templo a serem muito engenhosos. Sob um culto predominantemente masculino, e sabendo que o culto da Deusa Mãe indubitavelmente significava heresia, o lógico seria equiparar isso à Virgem Maria, a "Rainha do Céu", como São Bernardo a chamava, e como aparece no Antigo Testamento, quando se refere a Astarte, o equivalente fenício de Ísis. Em vez disso, os Cavaleiros do Templo decidiram inventar a figura de "Nossa Senhora" e camuflar a Deusa Mãe sob a imagem de uma "Virgem Negra", associando-a a Maria Madalena do Cristianismo, que curiosamente os Evangelhos do século I e os apócrifos reservamos um papel muito mais importante do que o da mãe de Jesus. Isso representa um quebra-cabeça. Por que a Deusa Mãe está associada à Madalena, se precisamente a maternidade é a última coisa relacionada a ela? Essa aparência permaneceu até hoje e seu culto ainda está em vigor de maneiras diferentes e em muitas partes da geografia europeia, como Notre Dame de Paris. De fato, nos enclaves das Virgens Negras, podemos encontrar evocações contínuas de Maria Madalena.

Belo poema, e também uma referência bíblica usada para justificar a incorporação de imagens de Virgens Negras no cristianismo. Todas as culturas da antiguidade, como os mapuche, indo, quíchua, egípcios e pictos, de todos os pontos cardeais, muitos deles sem possibilidade de se conhecerem naquela época, chegaram ao consenso da existência de uma divindade feminina superior que foi capaz de suprir todas as suas necessidades. Independentemente do nome dado a ela, a Mãe Terra é uma delas.

“Desde o estabelecimento do Templo, imagens de Virgens Negras começaram a proliferar, como uma evocação da antiga deusa mãe-terra Ísis. A Igreja tentou ignorá-las com desculpas ou simplesmente pintando-as de branco”.

5.- Conclusões O Cântico dos Cânticos de Salomão, um poema de amor bíblico, nos versículos 5 e 6, faz a seguinte referência: “Morena sou, ó filhas de Jerusalém, mas cobiçada como as tendas de Cedro, como as cortinas de Salomão. Não esqueça que sou morena, porque ao sol ela olhou para mim. Os filhos de minha mãe estavam com raiva de mim; eles começaram a guardar as videiras; e a minha vinha, que era minha, não guardei”.

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Início dos trabalhos 2020 no Gran Priorato Templário do Chile No sábado, 14 de março, iniciamos o trabalho do nosso Gran Priorato Templário para 2020, quando tivemos a visita ilustre de nosso Fr+ Álvaro Montecinos, Bailio da Encomienda de Tarragona pelo Ordo Supremus Militaris Templi Hierosolymitani (OSMTH), que reside no Chile há um ano. A Ordem celebrou seus ritos habituais, aprofundando os estudos templários de cada um de seus membros, com a adição do início do ano na cerimônia em que nossas melhores intenções são depositadas e a entrada de dois novos membros para nossa Ordem da Cavalaria Cristã. Fr+ Álvaro Montecinos destacou a maneira como o Gran Priorato Templário do Chile resgata o misticismo e a espiritualidade em suas cerimônias. Ele afirma que sentiu muito o trabalho que cada irmão realiza para elevar o egrégor, ou seja, a energia coletiva dos Irmãos. “É o coração do Templo. A Ordem foi concebida em termos espirituais”. Após esse início promissor, as sensíveis dificuldades da epidemia que estamos enfrentando atualmente se espalharam no Chile, de modo que nosso Priorato cumprirá as medidas de contenção que a autoridade nacional ditou, redesenhando suas atividades para que não promovam infecções entre a população. Apesar de todas essas dificuldades, pelas quais invocamos o alívio de Deus Pai, nossa Ordem tem certeza de que cada

provação é uma oportunidade de amar, e é por isso que enviamos uma mensagem de vínculo a toda a humanidade, para que a tempestade não le faz esquecer os altos propósitos que, dia após dia, permitem que se oriente em direção à luz.

Non Nobis Domine Non Nobis Sed Nomini Tuo Da Gloriam

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Religiões de Matriz Africana no Brasil: Origens e Legado

africanas como culto aos “demônios”, “crendice” e “feitiçaria”. Todo esse desconhecimento com relação às culturas relacionadas à África gera um ambiente propício para intolerância, para o julgamento e para a criminalização do que se apresenta como “diferente”. O Brasil possui uma dívida impagável com a população negra, sobretudo com seu direito de expressar sua cultura, sua identidade racial e sua religiosidade.

Sor+ Patricia Guerra 1.- Introdução O presente estudo tem como objetivo realizar uma breve análise sobre a origem das religiões de matriz africana e sua relação histórica com o Brasil. As religiões de matriz africana foram incorporadas a cultura brasileira, tendo em vista a ampla utilização de africanos escravizados a partir do século XVI. Com a utilização de um sistema controverso e desumano, o Brasil presenciou a manifestação de religiosidades, tradições, conhecimentos e ricos valores trazidos de uma África totalmente plural. Contudo, é importante destacar que, apesar da grande influência e importância na cultura brasileira, o sistema religioso de matriz africana foi amplamente perseguido e criminalizado, deixando graves sequelas até os dias de hoje, tendo em vista as inúmeras demonstrações de intolerância religiosa. Os ataques mais contundentes na contemporaneidade são originados de denominações consideradas “neopentecostais”, que comumente rotulam as manifestações

2.- As religiões de matriz africana: origens e representatividades As denominações que se destacam no Brasil, sobretudo no que diz respeito às matrizes religiosas africanas, são chamadas de umbanda e candomblé. Contudo, esses sistemas religiosos foram amplamente adaptados no Brasil, tendo em vista a condição e a realidade encontrada por negros escravizados após o século XVI. Cabe ressaltar que a escravidão negra implementada pelos europeus exige uma ampla discussão, principalmente pela legitimidade equivocada garantida pela Igreja Católica no contexto histórico. Considerados como “etíopes”, descendentes de Cam e sua maldição, o catolicismo deu o aval para um dos mais desumanos e perversos atos da história. Ao dar a permissão para a concretização do sistema escravocrata, a Igreja Católica utilizou como argumento uma interpretação totalmente equivocada de Gênesis 9 18-27: “Os filhos de Noé que saíram da arca eram Sem, Cam e Jafet. Cam era o pai de Canaã. Estes eram os três filhos de Noé. É por eles que foi povoada toda a terra. Noé, que era agricultor, plantou uma vinha. Tendo bebido vinho, embriagou-se, e apareceu nu no meio de sua tenda. Cam, o pai de Canaã, vendo a nudez de seu pai, saiu e foi contá-lo aos seus irmãos. Mas, Sem e Jafet, tomando uma capa, puseramna sobre os seus ombros e foram cobrir a nudez

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de seu pai, andando de costas; e não viram a nudez de seu pai, pois que tinham os seus rostos voltados. Quando Noé despertou de sua embriaguez, soube o que lhe tinha feito o seu filho mais novo. «Maldito seja Canaã, disse ele; que ele seja o último dos escravos de seus irmãos!» E acrescentou : «Bendito seja o Senhor Deus de Sem, e Canaã seja seu escravo! Que Deus dilate a Jafet; e este habite nas tendas de Sem, e Canaã seja seu escravo!»”. Por esses versículos da bíblia, o catolicismo interpretou a existência da escravidão negra, respaldando o cativeiro de povos africanos sob a categoria de “condenados”. Cabe ressaltar que no ano 2000, o Papa João Paulo II divulgou um documento pedindo perdão publicamente pelos atos da Igreja e suas ações perversas usando o nome de Deus. O que se concretiza após a chegada de africanos no Brasil, é a necessidade de submeter muitos de seus sistemas simbólicos, realizando a releitura de suas manifestações e, sobretudo, de uma impactante ressignificação. Após essas dinâmicas, dois pontos foram perceptíveis. Um intenso sincretismo religioso e a divisão de manifestações religiosas em duas vertentes principais: umbanda e candomblé. O candomblé surge no Brasil com diversos componentes culturais. Essa pluralidade se destacou pelos grupos étnicos africanos que se adaptaram com a realidade da

colônia e consolidou o que se chama por religião afro-brasileira. No candomblé o mundo não se constrói a partir de oposições. Segundo os seus princípios, não há uma divisão maniqueísta e excludente sobre o que se considera “bem” e “mal”. Os locais onde ocorrem os rituais são conhecidos como “terreiros”. Neles, são previstas relações de comportamento a partir de um sistema de significações formadas em diásporas vividas, com ações inspiradas em reciprocidade. Dentro do ritual, o candomblé permite a reconstituição familiar de antepassados, privilegiando a organização comunitária. Essas ações foram fundamentais no passado, na tentativa de reestabelecer os laços e os elos afetivos de muitos escravizados. Nesse sentido, muitos cativos que lutavam pela sobrevivência conseguiam de certa forma a preservação de suas tradições, permitindo assim um processo de resistência relevante para suas culturas. De acordo com alguns estudos, algumas vertentes do candomblé apresentam elementos iorubas, de origem sudanesa e dos bantu da África subsaariana. A umbanda se constitui como um processo ritualístico totalmente inclinado ao sincretismo religioso. Este processo é considerado como um sincretismo que nunca se encerra. Tal afirmação se consolida pela mistura de culturas que possibilitam a fusão e a introdução de divindades e novos elementos

O QUE SÃO AS RELIGIÕES AFRO-AMERICANAS? As religiões afro-americanas são uma série de cultos cujas raízes estão na África e que foram desenvolvidas por escravos trazidos para o Novo Mundo, em diferentes áreas do Caribe e da América Latina. Entre seus elementos comuns, podemos encontrar a veneração dos antepassados ou um panteão de espíritos divinos, como os loas no vodu haitiano ou os orixás na santeria cubana, ambos relacionados às suas religiões de origem. Além das influências africanas, há um sincretismo religioso com certos elementos cristãos, ameríndios e espíritas.

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ANO V - Nº1 Os orixás mais populares do Brasil: Iemanjá: Considerada a deusa dos mares e oceanos. É a mãe de todos os orixás e representada com seios volumosos, simbolizando a maternidade e a fecundidade. Xangô: Deus do fogo e do trovão. Diz a tradição que foi rei de Oyó, cidade da Nigéria. É viril, violento e justiceiro. Castiga mentirosos e protege advogados e juízes.

ritualísticos. Tais peculiaridades se destacam principalmente pela heterogeneidade do processo sociocultural brasileiro. O processo de miscigenação entre elementos nativos, europeus e africanos traz grandes ambiguidades para a construção de uma identidade nacional brasileira. Sempre indicando um caráter de miscigenação, a umbanda passa a obter reconhecimento no Brasil, sobretudo no século XX, ao lutar pelo processo de valorização de seus elementos, sempre buscando coesão racial e religiosa. Por esse motivo, a umbanda é considerada uma religião totalmente brasileira. Cabe ressaltar que, uma prática comum dos escravos no Brasil, era adorar imagens católicas memorizando suas entidades originais da África. Como suas manifestações religiosas eram proibidas durante o sistema escravocrata no Brasil, um dos subterfúgios para a manutenção da religiosidade africana era associar as suas divindades aos santos católicos, enganando aos seus senhores, demonstrando que estavam cristianizados. As divindades adoradas pelo candomblé e pela umbanda são chamadas de orixás. São ancestrais africanos que foram divinizados durante suas passagens pela Terra. Assim, após a experiência com a vida terrena, os orixás passaram a controlar aspectos da natureza e a influenciar a vida das pessoas.

Iansã: Deusa dos ventos e das tempestades. É a senhora dos raios e dona da alma dos mortos. Oxóssi: Deus da caça. É o grande patrono do candomblé brasileiro. Ogum: Deus da guerra, do fogo e da tecnologia. No Brasil é conhecido como deus guerreiro. Sabe trabalhar com metal e, sem sua proteção, o trabalho não pode ser proveitoso. Oxum: Deusa das águas doces (rios, fontes e lagos). É também deusa do ouro, da fecundidade, do jogo de búzios e do amor. Exu: Mensageiro entre os homens e os deuses, guardião da porta da rua e das encruzilhadas. Só por meio dele é possível invocar os orixás. Omulu (ou Obaluiaiê): Deus da peste das doenças da pele. É o médico dos pobres. Nanã: Deusa da lama e do fundo dos rios, associada à fertilidade, à doença e à morte. É a orixá mais velha de todos e por isso muito respeitada. Ossaim: Deus das folhas e ervas medicinais. Conhece seus usos e as palavras mágicas (ofós) que despertam seus poderes.

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Oxumaré: Deus da chuva e do arco-íris. É, ao mesmo tempo, de natureza masculina e feminina. Transporta a água entre o céu e a terra. Oxalá: Deus da criação. É o orixá que criou os homens. Obstinado e independente, é representado de duas maneiras: Oxaguiã, jovem, e Oxulafã, velho. Nos rituais relacionados ao candomblé são celebradas as energias ligadas aos orixás. Estas energias provocam uma espécie de “transe” onde seus adeptos dançam em meio ao batuque e aos cantos. Já as características da umbanda misturam elementos religiosos de outras áreas, como o catolicismo e o espiritismo. Cabe ressaltar que a umbanda e o candomblé possuem abordagens e interpretações específicas sobre cada orixá. Para esse debate, será necessário um estudo futuro mais aprofundado sobre cada religião.

“Contudo, é importante destacar que, apesar da grande influência e importância na cultura brasileira, o sistema religioso de matriz africana foi amplamente perseguido e criminalizado, deixando graves sequelas até os dias de hoje, tendo em vista as inúmeras demonstrações de intolerância religiosa”.

3.- Considerações finais O referido estudo aborda um tema extremamente complexo. Cada item mencionado aqui possibilita estudos com maiores amplitudes tendo em vista à complexidade de cada assunto. umbanda e candomblé são originados da população negra, independente a região de origem. Por isso, todos os elementos religiosos que destoam das maiorias dominantes sofrem todo tipo de intolerância, preconceito, com destaque para o racismo. Seus adeptos lutam diariamente pelo direito de percorrer seus caminhos na religião com seus diferentes rituais, encontrando na fé a possibilidade de diálogo e de paz. Com graves feridas ocasionadas pela intolerância religiosa e, principalmente pela escravidão, o Brasil apresenta um histórico negativo em relação ao respeito à fé alheia e suas práticas religiosas.

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Maria Madalena e o Misterio de Rennes-leChâteau Fr+ Johnny Zapata 1.- O mistério de Bérenger Saunière e Rennes-le-Château Pelo menos desde o início das investigações pertinentes, o mistério de Rennes-le-Château se refere ao padre Bérenger Saunière como um personagem enigmático nascido em 11 de abril de 1852, que morava nesta cidade no sul da França. Não apenas ele se tornou notoriamente rico depois de vasculhar sua modesta igreja, remodelando-a completamente, como também começou a fazer contato com personalidades eminentes do governo, do mundo da arte e da crescente cena do ocultismo francês. A história do caso remonta ao ano 70 de nossa era, depois que os soldados do imperador Tito demitiram e destruíram o Templo de Jerusalém. Seu saque principal, o "Tesouro do Templo de Salomão", foi transferido para Roma, onde permaneceu por mais de três séculos, até o império começar a entrar em colapso. Em 410, os Visigodos, liderados por Alaric, saquearam Roma e levaram o "Tesouro do Templo" para a costa sul da Gália, onde desembarcaram dois anos após o ataque. A região de Rennes-leChâteau os agradou, estabelecendo e fundando um reino permanente que logo saltaria sobre os Pirineus e se espalharia pelo norte da Espanha. Não sabemos se é certo que o tesouro chegou ou não à Gália, mas nunca mais se ouviu falar dele, e não se exclui que possa estar escondido nos arredores de Rennes-le-Château. Após a chegada dos Visigodos a Rennes, houve dois séculos de relativa estabilidade, até que no século VI os Merovíngios chegaram do norte, estendendo seu domínio sobre o reino visigodo.

Esses invasores eram portadores de uma cultura sofisticada e enterravam seus soberanos com joias e tesouros. Seu reinado terminou formalmente em 679 com o assassinato de Dagoberto II, o último rei merovíngio, que se casara com a princesa visigótica Giselle de Razès, na Igreja de Santa Maria Magdalena. Dagoberto II deixou um filho, Sigisberto IV, que se refugiou em Rennes-le-Château. Segundo a lenda, a linhagem cripto-merovíngia foi perpetuada nas sombras até hoje, de modo que o "Rei Perdido", o "Grande Monarca", está presente incógnito entre nós e, quando chegar a hora, ele se manifestará. Por causa dessa história, a crença de que o túmulo de Maria Madalena está localizado lá, bem como o de sua linhagem, que inclui o Grão-Mestre dos Templários, Bertrand de Blanchefort, família a que pertencia Marie de Hautpoul de Blanchefort, que aparentemente tinha um grande segredo que havia passado de geração em geração. Não tendo herdeiro, ela teria 11


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revelado o segredo a seu confessor, Antoine Bigou, encarregando-o de transmitir esse legado a alguém de confiança. Bigou esconde os documentos e coloca um azulejo misterioso na lápide da marquesa em 17 de janeiro de 1781. Os Templários criaram uma ordem monástica e militar, juraram castidade, pobreza e obediência, e ganharam grande popularidade e influência após a Primeira Cruzada e a conquista de Jerusalém. Aqui eles tinham sua casa principal perto do templo destruído de Salomão, um local que lhes foi concedido por volta de 1120. Certas indicações mostram que o grupo fundador de nove cavaleiros já havia sido formado, mesmo antes de aparecer publicamente como uma Ordem. Os primeiros anos passaram sem muito crescimento em suas fileiras até 1135-1140, iniciando sua ascensão meteórica, tornando-se uma força política e econômica de primeira magnitude. Eles chegaram a ter mais poder do que alguns reis, e esse foi o principal fator em sua queda repentina e terrível, culminando na dissolução da Ordem e na dispersão de suas fortunas e posses. No entanto, devido aos seus esplendores passados e às experiências que eles acumularam no oriente Próximo, uma aura permanente de mistério foi gerada em torno deles. Dizia-se que escavações haviam sido conduzidas dentro do Monte do Templo, e ainda hoje estão sendo feitas conjecturas quanto aos seus motivos para abrir

túneis em um lugar tão sagrado. Uma das teorias diz que eles encontraram um tesouro que foi levado quando voltaram para a França. A possível ideia era escondê-lo na região de Rennes-le-Château, sendo esse tesouro senão o autêntico e mais santo Graal. Mesmo assim, mostrarei que a verdadeira natureza do Graal é um assunto tão secreto quanto às origens da própria lenda. Na versão mais antiga, o Graal é um objeto de ouro, uma pedra mágica; nos posteriores, é o cálice sagrado usado durante a última ceia de Jesus, ou é o cálice usado por José de Arimatea para coletar seu sangue. Admitindo que essas foram explicações derivadas, o Graal original poderia ser quase tudo. Mais tarde, os aspectos cavalheirescos da lenda tornaram-se parte do ciclo arturiano medieval que se estendeu ao romantismo, estabelecendo uma conexão cavalheiresca real que liga o Santo Graal aos cavaleiros templários comumente chamados. Pouco mais de cem anos após a morte da marquesa de Blanchefort, Abbé Saunière, 33 anos, aparece na cidade como uma pessoa bastante controversa que chegou lá quase como punição, o que não mudou com precisão o seu caráter. Em uma ocasião, ele proclamou um discurso a favor dos Bourbons, que lhe rendeu a retirada de seu salário pelo governo republicano e uma vida de esmolas, pescando e caçando para ganhar a vida. Ao mesmo tempo, dedicou-

SANTA SARA DE MARSELHA, A FILHA DE JESUS? A dinastia merovíngia teria professado na França o credo da Santa Descida e o corpo de Maria Madalena, visto como o cálice que abrigava o sangue de Cristo. O livro "O Sagrado Enigma" fornece indicações de que o segredo foi transmitido aos Templários e que eles poderiam ter recuperado os restos de Santa Maria Magdalena ou "Santo Graal". O culto a Sara de Marselha, suposta filha de Jesus, continuou por grupos considerados heréticos pela Igreja e hoje persiste como sincretismo das deidades femininas.

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ANO V - Nº1 Saunière viaja com seu superior, o bispo de Carcassonne, que o envia a Paris para encontrar o diretor geral do seminário de Saint Sulpice, abade Bieil, e seu sobrinho, Émile Hoffet. Saint Sulpice era a segunda maior igreja de Paris depois de Notre Dame e cuja escola veio Alphonse Louis Constant (Eliphas Lévi) e Joseph Antoine Boullan, obtendo o estigma de uma escola de hereges pelas práticas ligadas à magia desses caracteres. Ele também visita o museu do Louvre, onde faz uma cópia de três obras de arte, sendo a mais significativa "Os Pastores da Arcádia", de Nicolas Poussin, uma pintura na qual os pastores tentam decifrar uma epígrafe e meditar nela, enquanto Rennes-le-Château pode ser visto em segundo plano. Saunière coloca os pergaminhos nas mãos dos mais diversos paleógrafos e intérpretes. Seu conteúdo deixou a pedra para os proprietários e para os estranhos, e permitiu que ele se envolvesse com a elite social e esotérica da França do século XIX. Ninguém sabe exatamente a que conteúdo o levou, mas a verdade é que, desde então, as perspectivas de Bérenger o tornaram um dos homens mais poderosos da época. Ele jogou a casa à venda e construiu edifícios no meio caminho entre os religiosos e os heréticos. A mais notável e atraente era a Torre Magdala, nomeada, é claro, em homenagem a Magdalena, da qual ele controlava visualmente todas as montanhas da região e em que localizava seu estudo. Conjuntamente, ele investigou todos os recessos de Rennes. Ele investigou a cidade e seus arredores com entusiasmo doentio. O que estava procurando? Ele remodelou o continente da igreja e redecorou seu conteúdo, ilustrando-o com dezenas de vários símbolos que ainda podem ser vistos hoje. Ao entrar, duas coisas se destacam. O primeiro é o pórtico, nutrido por símbolos maçônicos e destacado por esse aviso avassalador: "Este lugar é terrível". E o segundo se torna palpável assim que você cruza o

se a ilustrar-se nas línguas antigas e na história da região. Seus primeiros anos na direção da paróquia passaram com total normalidade. Eles eram apenas rotineiros, até chatos. A população tinha apenas duzentos habitantes no momento de seu desembarque, em 1º de junho de 1885. Saunière cultivou uma profunda amizade com o padre da cidade vizinha, Henri Boudet, que o instigou a realizar obras de reconstrução na capela. Em 1891, sem imaginar o que acabaria encontrando, Saunière empreendeu a restauração da cidade e, exclusivamente, de sua igreja, algo que não é exatamente lógico, considerando que ele não tinha apoio para si mesmo. A restauração também alcançou aquele estranho edifício dedicado a Maria Magdalena, datado do ano de 1059, e construído sobre uma estrutura visigótica. Por essa última razão, não era estranho que o altar estivesse apoiado em duas colunas, como era costume na época; O que não parecia mais tão normal era que uma daquelas colunas era oca e que dentro havia quatro pergaminhos. Saunière teve a ajuda de seis trabalhadores para o trabalho de restauração, dois dos quais corroboraram essa descoberta em 1958. Eles eram duas genealogias e duas que eram uma espécie de texto criptografado. A monotonia daquela cidade foi quebrada. Assim, surge a pista que nos colocaria na trilha de um grande segredo sobre Jesus de Nazaré. 13


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umbral. É algo surpreendente e único em toda a cristandade. : uma representação do demônio Asmodeu, tradicionalmente considerado o guardião dos tesouros. Sim, o guardião dos tesouros. O que ele protege? Uma igreja curiosa, sem dúvida. O que pensar senão um templo cristão guardado por um diabo e classificado como “terrível"? No chão da igreja, um tabuleiro de xadrez de 64 quadrados é desenhado, orientado para os quatro pontos cardeais. Logo à entrada está a estátua do diabo Asmodeu, segurando a fonte de água benta na qual existe um grupo escultural. dos quatro anjos em que a frase que Constantino viu no céu pode ser lida: "Com este sinal você o vencerá", que obviamente está sob o signo da cruz. Contudo, a frase atual de Constantino era apenas: "Com este sinal você ganhará". Essa adição, ao original, sofreu muitas controvérsias.

Os Evangelhos sinópticos se referem a ela como a primeira de um grupo de mulheres que assistiram a crucificação de Jesus de longe, e que se sentaram em frente ao túmulo enquanto o enterravam. Eles apontam que, ao amanhecer do dia seguinte ao sábado, Maria Magdalena e outras mulheres voltaram ao túmulo para ungir o corpo com os aromas que haviam comprado. Então, um anjo comunica a eles que Jesus ressuscitou e ordena que os denunciem aos discípulos. João demonstra os mesmos dados com pequenas variações. Maria Madalena fica ao lado da Virgem Maria ao pé da cruz. Depois do sábado, quando ainda era noite, ele se aproxima da tumba, vê a laje removida e alerta Pedro, pensando que alguém havia roubado o corpo de Jesus. De volta ao túmulo, ele chora e encontra o Jesus ressuscitado, que o incumbe de anunciar aos discípulos seu retorno ao Pai. Essa é a sua glória. Por esse motivo, a tradição da Igreja a citou no oriente como "isapóstolos" (como apóstolo) e no ocidente como " a p o s t o l a apostolorum" (apóstolo dos apóstolos). No oriente, há uma tradição que diz que ela foi enterrada em Éfeso e que suas relíquias foram trazidas para Constantinopla no século IX. Maria Madalena tem sido frequentemente identificada com diferentes mulheres que aparecem nos Evangelhos. Nos séculos VI e VII, na Igreja Latina, Maria Madalena tendia a ser identificada com a mulher pecadora que, na Galileia, na casa de Simão, o fariseu, ungia os pés de Jesus com suas lágrimas. Por outro lado, alguns Padres e escritores eclesiásticos, de

2.- Quem foi María Magdalena? Os antecedentes que os Evangelhos nos oferecem são breves. Lucas nos diz que entre as mulheres que seguiram Jesus e o ajudaram com seus bens, estava Maria Madalena, ou seja, uma mulher chamada Maria, que era natural de Migdal Nunayah, em grego, Tariqueia, uma pequena cidade à beira do lago da Galileia, 5,5 km ao norte de Tiberíades. Dele, Jesus expulsou sete demônios, o que é o mesmo que dizer "todos os demônios". A expressão pode ser entendida como uma possessão diabólica, mas também como uma doença do corpo ou do espírito.

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acordo com os Evangelhos, já haviam identificado essa mulher pecaminosa com Maria, irmã de Lázaro, que em Betânia unge a cabeça de Jesus com um perfume. Como resultado, devido em grande parte a São Gregório Magno, a ideia se espalhou no ocidente de que as três mulheres eram a mesma pessoa. No entanto, os dados evangélicos não sugerem que Maria Madalena se identifique com Maria, quem unge Jesus em Betânia, pois parece que essa é a irmã de Lázaro. Tampouco aprovam deduzir que ela é a mesma pecadora que segundo Lucas ungiu Jesus, embora a identificação seja compreensível pelo fato de que São Lucas, após o relato em que Jesus perdoa essa mulher, indica que algumas mulheres o estavam ajudando, entre elas Maria Madalena, de quem expulsara sete demônios. Da mesma forma, Jesus louva o amor da mulher pecadora: "Seus muitos pecados são perdoados, porque ela amou muito" (Lc. 7:47), e um grande amor também é descoberto no encontro de Maria com Jesus após a ressurreição. De qualquer forma, mesmo que diga respeito à mesma mulher, seu passado pecaminoso não é uma vergonha. Pedro foi infiel a Jesus e Paulo, um perseguidor de cristãos. Sua grandeza não está na sua impecabilidade, mas no seu amor. Por seu título de alívio no Evangelho, Maria Madalena foi uma figura que recebeu atenção especial em alguns grupos marginais da Igreja primitiva. Estas são principalmente seitas gnósticas, cujos escritos coletam revelações secretas de Jesus após a ressurreição e recorrem à figura de Maria para transmitir suas ideias. São histórias que não têm antecedentes históricos, começando com quem a escreveu.

Pa d r e s d a I g r e j a , escritores eclesiásticos e outras obras destacam o papel de Maria como discípula do Senhor e proclamadora do Evangelho. A partir do século X, surgiram narrativas fictícias que exaltaram sua pessoa e se espalharam especialmente na França. Ali nasce a lenda de que Madalena, Lázaro e alguns outros. Quando a perseguição contra os cristãos começou, foram de Jerusalém a Marselha e evangelizaram a Provença. Segundo esta lenda, Maria morreu em Aix-enProvence ou Saint Maximin e suas relíquias foram trazidas para Vézelay. a. Maria Madalena no Novo Testamento As informações sobre Maria Madalena nos Evangelhos canônicos são escassas. É citada em relação a quatro fatos diferentes: De acordo com o Evangelho de Lucas, Maria Madalena abrigou e proveu materialmente Jesus e seus discípulos durante a pregação na Galileia. Acrescenta-se que anteriormente, ela havia sido curada por Jesus: "Ele estava acompanhado pelas doze mulheres que haviam sido curadas de doenças e espíritos sinistros: Maria, chamada Madalena, da qual haviam saído sete demônios […]”. Segundo os Evangelhos de Marcos, Mateus e João, ele esteve durante a crucificação de Jesus. Segundo João, o aparecimento do Jesus ressuscitado para Maria Madalena ocorreu na companhia de outras mulheres. Ela foi a primeira testemunha da ressurreição, de acordo com uma tradição na qual os quatro Evangelhos concordam. Então ele comunicou as notícias a Pedro e aos outros apóstolos. Segundo uma

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história que só aparece no Evangelho de João, ele testemunhou uma visão do Jesus ressuscitado.

domingo, Maria Madalena, uma discípula do Senhor "assustada por causa dos judeus, porque estavam furiosos de raiva, não havia feito no túmulo do Senhor o que as mulheres costumavam fazer pelos seus amados mortos". Tomou suas amigas e chegou ao túmulo onde havia sido depositado. Em pelo menos dois dos textos gnósticos encontrados em Nag Hammadi, o Evangelho de Tomás e o Evangelho de Filipe, Maria Madalena é mencionada como uma discípula próxima de Jesus, em um relacionamento tão próximo quanto o dos apóstolos. No Evangelho de Tomé, há duas menções a Mariham, que, segundo os estudiosos, fazem uma revisão de Maria Madalena. A segunda menção faz parte de uma passagem enigmática que tem sido objeto de muitas interpretações diferentes: "Simão Pedro lhes disse: 'Deixe Mariham se afastar de nós! As mulheres não são dignas da vida.' Jesus disse: 'Olha, eu cuidarei de fazê-la macho, para que ela também se torne um espírito vivo, idêntico a vocês homens: para cada mulher que se tornar homem, entrará no reino dos céus'. ” No Evangelho de Filipe, ela é considerada a companheira de Jesus: "Três, eles andavam continuamente com o Senhor: sua mãe Maria, sua irmã e Madalena, que se destacam como companheira". Maria é, com efeito, sua irmã, sua mãe e sua companheira. Nem todos os estudiosos, no entanto, concordam que os Evangelhos de Tomé e Filipe se referem à Maria Madalena. Finalmente, outra referência importante ao personagem está localizada no Evangelho de Maria Madalena, um texto em que apenas dois fragmentos gregos do século III são preservados e outro mais extenso no século V. No texto, três

b. Identificação com outros personagens As referências são os únicos fragmentos dos Evangelhos canônicos nos quais "Maria Madalena" é citada. O costume cristão (católico) ocidental, no entanto, embora sem depender de nenhuma evidência textual, identificou com Maria Madalena outros personagens citados no Novo Testamento: a mulher adúltera que Jesus salva da lapidação, em um episódio que narra apenas o Evangelho de João e a mulher que unge os pés de Jesus com perfumes e os seca com os cabelos antes de sua chegada a Jerusalém. Essas informações se baseiam de acordo com os Evangelhos Sinópticos, cujo nome não é mencionado. Segundo Marcos e Mateus, a unção ocorreu em Betânia, "na casa de Simão, o leproso", o que levou à identificação dessa mulher, por sua vez, como Maria de Betânia, irmã de Lázaro, que é atribuída no Evangelho. A iniciativa de João indicada acima, e que aparece em outras passagens bem conhecidas do quarto Evangelho, como a ressurreição de Lázaro. Se identifica assim, com a Maria do episódio da disputa entre Marta e Maria. Disseminada por teólogos dos séculos III e IV, essa teoria teve grande fama no século XIX e era um tema frequente na iconografia. c. Maria Madalena nos Evangelhos apócrifos O Evangelho de Pedro apenas aponta para Maria Madalena em seu papel de testemunha da ressurreição de Jesus. Ao amanhecer de

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apóstolos discutem sobre o testemunho de Maria Madalena sobre Jesus. André e Pedro desconfiam de seu testemunho e é Levi (o apóstolo Mateus) que defende Maria.

Uma das tradições afirma que, após a ressurreição, Tibério convidou Maria Madalena para um ágape e ela segurou um ovo na frente dele e exclamou: Cristo ressuscitou! Ele riu e disse que isso era tão provável quanto o ovo ficar vermelho. Enquanto ela o segurava e, antes que ela terminasse de falar, o ovo ficou vermelho. Outra prática diz que o sagrado coração de Cristo teria sido guardado em um recipiente em forma de ovo, do qual Maria Madalena seria a guardiã. Vários artistas a representaram ao longo da história em que geralmente, ela aparece ruiva.

d. Lendas posteriores Segundo os costumes ortodoxos, Maria Madalena retirou-se para Éfeso com a Virgem Maria e o Apóstolo São João, morrendo ali. Em 886, suas relíquias foram transferidas para Constantinopla, onde são preservadas hoje. Gregório de Tours (De miraculis, I, xxx) corrobora a tradição ao se retirar para Éfeso, não indicando nenhum relacionamento com a França. Mais tarde, no entanto, surgiu uma tradição diferente no mundo católico, segundo a qual Maria Madalena (identificada aqui com Maria de Betânia), seu irmão Lázaro e Maximin, um dos setenta e dois apóstolos, além de alguns companheiros, viajaram em direção ao mar Mediterrâneo, fugindo da perseguição na Terra Santa, desembarcando no local chamado Sainte Marie-de-Mer, perto de Arles. Mais tarde, Maria Madalena viajou para Marselha, de onde supostamente empreendeu a evangelização da Provença, e depois se retirou para uma caverna La Sainte-Baume - perto de Marselha, onde teria vivido uma vida de penitência por 30 anos. Segundo esta lenda, quando chegou a hora de sua morte, ela foi levada pelos anjos para Aixen-Provence, para o oratório de São Maximin, onde recebeu o viatico. Seu corpo foi enterrado em um oratório construído por São Maximin em Villa Lata.

f. Maria Madalena segundo a Igreja Católica Maria Magdalena é oficialmente admirada pela Igreja Católica como Santa Maria Madalena. Existem vários templos em todo o mundo dedicados a esta santa católica. Em Novelda, Alicante, no sudeste da Espanha, próximo ao mar Mediterrâneo, está um dos mais belos templos dedicados a Santa Maria Madalena. É um pequeno santuário de estilo modernista. Enquanto o cristianismo oriental honra principalmente Maria Madalena por sua proximidade com Jesus, considerando-a "igual aos apóstolos", o ocidente desenvolveu, com base em sua identificação com outras mulheres nos Evangelhos, a ideia de que antes de encontrar Jesus ela tinha se dedicado à prostituição. Esta ideia surge, em primeiro lugar, da identificação de Maria com a pecadora de Lc. 7: 36-50, dos quais se diz apenas que ela era pecadora e que amava muito. Em segundo lugar, a partir da referência em Lc. 8:2, onde se diz, desta vez se referindo visivelmente a Maria Madalena, que "sete demônios haviam saído dela". Como pode ser visto, nada nessas passagens evangélicas admite concluir que Maria Madalena se dedicou à prostituição. Não se sabe exatamente quando Maria Madalena começou a ser identificada com Maria de Betânia e a esposa de Lc. 7: 36-50, mas já em

e A tradição do ovo de Páscoa Existe um antigo ritual cristão de pintar ovos de Páscoa, simbolizando nova vida e Cristo emergindo da sepultura. De fato, os cristãos ortodoxos seguem essa tradição com o slogan "Cristo ressuscitou!".

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uma homilia do papa Gregório Magno (falecido em 591), a identidade dessas três mulheres é inequivocamente expressa e Maria Madalena é mostrada como uma prostituta arrependida. É por isso que a lenda posterior concebe que ela passa o resto de sua vida em uma caverna no deserto, fazendo penitência e mortificando sua carne, e representações de "Madalena Penitente" são frequentes na arte ocidental. Esta imagem também pode ser confundida graças à tradição de Maria do Egito, Santa que de acordo com "A Vida dos Santos", de Jacobo de la Vorágine, havia se dedicado à prostituição e se retirado para o deserto para purgar sua culpa. É comum ver representações de Maria do Egito, com cabelos compridos que cobrem o corpo ou embrulhados com juncos que são emblemas de sua penitência no deserto. Esses atributos às vezes acompanham Madalena, às vezes criando confusão para os dois santos. Na tradição católica, portanto, Maria Madalena se tornou uma personagem secundária, apesar de sua importância inquestionável na tradição evangélica. O rebaixamento sofrido por Maria Madalena tem sido associado por alguns autores à situação subordinada das mulheres na Igreja. Para essa opinião, alguns teólogos católicos se opõem à consideração especial que a Igreja mantém em relação à Santa Maria, mãe de Jesus, venerada com hiperdulia, com base no fato de que os apóstolos e outros santos são venerados com doçura. Em 1969, a Igreja Católica retirou do calendário litúrgico o apelido de "penitente" tradicionalmente atribuído a Maria Madalena.

Do mesmo modo, a partir dessa data, a leitura do Evangelho de Lucas (Lc. 7: 36-50) sobre a mulher pecadora deixou de ser usada na liturgia da festa de Maria Madalena. Desde então, a Igreja Católica parou de pensar em Maria Madalena como uma prostituta arrependida. No entanto, essa visão continua sendo pontual para muitos católicos. Santa Maria Madalena foi fonte de inspiração para uma das místicas mais importantes da Igreja Católica, Santa Teresa do Menino Jesus, que admirava esse profundo amor relatado no Evangelho em que Maria Madalena pensa em servir a quem ama. Assim, Santa Teresa decidiu dedicar sua vida a quem mais amava: Jesus de Nazaré (cf. LT 169 Santa Teresa). Em 1894, ele escreveu: "Jesus nos defendeu na pessoa de Maria Madalena". Outro místico católico de destaque que encontrou inspiração e conforto em Santa Maria Madalena foi a Doutora da Igreja de Santa Teresa de Ávila, que relatou ter obtido ajuda espiritual de Madalena. g. Justiça vinte séculos depois No século VI, o papa Gregório Magno a nomeia como "exemplo de perdição" e "escrava da luxúria". A iconografia foi encomendada após "imortalizá-la" ao longo dos séculos como prostituta. Todos eles tinham em mente a passagem do Evangelho (Lc. 7, 36-50) que narra quando Jesus foi convidado a comer na casa de um fariseu e "aparece uma mulher pública e pecaminosa", que com as lágrimas molha os pés do Mestre, Depois, seca-os com os cabelos e

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ANO V - Nº1 desempenharam nessa recuperação, os chamados Evangelhos 'apócrifos', especialmente os de natureza gnóstica, incluindo o Evangelho de Tomé, o Evangelho de Filipe, o Evangelho de Maria e Pistis Sophia”. Evangelhos que a Igreja de Roma persistentemente se propõe a seguir como hereges, na tentativa de impor sua hegemonia desde o início da era cristã. Parece que a Igreja nunca raciocinou a mensagem de Jesus e agora está testemunhando o colapso de seus fundamentos depois de vinte séculos, sem poder dobrar o feminino, que surge com mais poder do que nunca.

“Na tradição católica, portanto, Maria Madalena se tornou uma personagem secundária, apesar de sua importância inquestionável na tradição evangélica. O rebaixamento sofrido por Maria Madalena tem sido associado por alguns autores à situação subordinada das mulheres na Igreja”.

unge-os com perfume como sinal de gratidão pelo perdão de seus pecados. Embora em nenhum lugar o nome dessa mulher apareça, a Igreja a identifica com Maria Madalena. Teríamos que esperar até o Concílio Vaticano II para que esta instituição comece a falar de um erro histórico. Vinte séculos se passaram e o assunto está novamente atual. "A Última Tentação de Cristo" ou "O Código Da Vinci", entre uma série de títulos relacionados ao assunto, há algum tempo capturam a atenção do público em geral, à medida que novos ingredientes entram na história tradicional que forçam uma revisão não isento de controvérsia. Explica o teólogo Juan José Tamayo: “Nas últimas décadas, houve um forte movimento de recuperação da figura de Maria Madalena por especialistas do Novo Testamento, principalmente mulheres, que estão lendo os textos na perspectiva de gênero; de historiadores, que realizam uma reconstrução não patriarcal dos primeiros séculos do cristianismo e da teologia feminista, com sua hermenêutica lúcida e precisa de suspeita, sem descurar o papel fundamental que 19


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Espiritismo: Doutrina, Fé e Filosofia Fr+ Jairo Ferreira Leite 1.- Introdução A doutrina espírita, também chamada de espiritismo, se originou na França em 1854, a partir de fenômenos de desdobramentos e experiências fora do corpo físico. Os referidos fenômenos cujas causas eram desconhecidas passaram a ser observados a partir de ruídos, pancadas, movimento de objetos, vozes e outros eventos. Estes fenômenos, aos poucos, foram relacionados à tentativa de contato de espíritos desencarnados com o mundo físico. A partir da codificação e estruturação da doutrina, o Espiritismo originado na França se difundiu para grande parte do mundo.

eventos sobrenaturais que ocorriam com suas sessões e, a partir deles, construir o que se chama de doutrina espírita. Allan Kardec produziu uma série de obras que organiza e define os princípios relacionados ao espiritismo. Tendo uma sequência relacionada à codificação da doutrina, publicou os famosos livros que são pilares do espiritismo: "O livro dos espíritos", "O Evangelho segundo o espiritismo", "O livro dos médiuns", "A gênese" e "O Céu e o Inferno". Após a estruturação da doutrina, o processo de mediunidade passou a ser trabalhado entre os adeptos do espiritismo. Conforme as codificações, todo ser humano possui mediunidade, variando conforme os princípios de desenvolvimento dentro da doutrina. Dentre os tipos de mediunidade conhecidos na doutrina, os mais comuns são: psicografia, psicofonia e vidência. Kardec estabeleceu que o espiritismo se constitui em três pilares: ciência, filosofia e religião.

2.- Origens e desenvolvimento do espiritismo Considerada uma doutrina a partir de sua formação, o espiritismo foi criado no século XIX, pelo francês e pedagogo Allan Kardec. Diferente do que se pensa, Kardec não era uma espécie de místico. Como profissional da educação, sempre esteve ligado à docência e ao mundo escolar. Seus primeiros contatos com o que se chama de "mundo dos espíritos" ocorreu com seus estudos particulares envolvendo o magnetismo. Nestes eventos realizava sessões de mesas girantes, onde ocorria a movimentação de objetos sem a intervenção perceptível de um ser humano. A partir destas experiências, Kardec adquiriu percepções que estavam supostamente relacionadas à intervenção de espíritos desencarnados com os eventos que o mesmo estimulava nessas mesas. A partir destas experiências metafísicas, passou a codificar os

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Ciência: Segundo o espiritismo, a doutrina se constitui ciência, porque se trata de um conjunto organizado de informações e conhecimentos relacionado aos fatos e aos fenômenos que são analisados empiricamente. Estes fenômenos são catalogados e relatados pelos seus respectivos pesquisadores. Segundo a afirmação de Allan Kardec em "O livro dos médiuns", “a fé sólida é aquela que pode encarar a razão, face a face”. Uma das afirmações comuns de muitos dos dirigentes das chamadas “casas espíritas” indicam que as publicações de Kardec são tão sólidas que não sofreram impactos com o avanço da tecnologia dos dias atuais.

no desenvolvimento da solidariedade e do trabalho contínuo em relação à caridade. 3.- Espiritismo no Brasil No Brasil, existe uma grande receptividade em relação à doutrina e possui atualmente 4 milhões de adeptos. Teve o início de suas atividades em 1860 em Salvador na Bahia, com a fundação do 1º centro espírita, dirigido por Luiz Olímpio Teles de Menezes. O grande expoente da doutrina espírita no Brasil foi Francisco Cândido Xavier (1910-2002), considerado o maior médium da doutrina depois de seu fundador Allan Kardec. Por conta de um sincretismo religioso muito comum no Brasil, o espiritismo, por muitas vezes é relacionado aos princípios e rituais das religiões de matriz africana umbanda e do candomblé. No entanto, possuem codificações e rituais bem distintos.

Filosofia: Segundo os pilares da doutrina, o espiritismo também se caracteriza como filosofia, uma vez que estabelece a busca incessante de respostas relacionadas à humanidade, sua natureza, origem e destino. Mesmo que suas origens apresentem uma vertente evolucionista e metafísica, o espiritismo estabelece uma busca por respostas relacionadas à humanidade e à criação.

4.- Espiritismo no Chile Sobre os eventos do espiritismo no Chile, o site “Memoria Chilena” diz o seguinte: “Em 1862, Imprenta Chillán publicou uma tradução de“ O Livro dos Espíritos ”de Allan Kardec (1804-1869), um texto que compilava a doutrina espírita. Nos anos seguintes, o espiritismo se espalhou por todo o país através da tradução de textos de outros autores

Religião: Mesmo que se aproxime dos princípios cristãos, das referências bíblicas e das próprias mensagens de Jesus, os seguidores da doutrina consideram a mesma como religião, pelo trabalho relacionado à difusão do ideal de fraternidade, pela tentativa de união dos povos

QUE PAPEL TEM JESUS NO ESPIRTISMO? Segundo os próprios espíritas, Jesus Cristo é o espírito mais evoluído que já passou pela Terra, o que seria indicado pelos mesmos espíritos aos quais essa corrente alude. No entanto, diferentemente da opinião de outras religiões, Jesus Cristo não seria Deus, mas um espírito que levou sua evolução a um modelo de moralidade e perfeição, assim como teremos que fazer. São essas virtudes morais que nos aproximam da perfeição que temos que conquistar no curso de nossas encarnações.

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ANO V - Nº1 Nacional Francisco Basterrica debateram publicamente os princípios do espiritismo”. 5.- Considerações finais A mensagem produzida pelo espiritismo busca a representatividade da simplicidade cristã entre a humanidade. A doutrina acredita que os espíritos são criados de um ponto inicial, imperfeitos e, a partir de sucessivas encarnações, devem chegar à perfeição. Ao longo das encarnações o espírito deve aprender cada vez mais sobre caridade, bondade e tolerância. Assim, se tornam mais iluminados e superiores, se libertando de maus hábitos para praticar o bem. “Fora da caridade não há salvação”. A mais famosa frase de Allan Kardec é reconhecida mundialmente, uma vez que, independente de crenças ou dogmas, a doutrina possui um grande número admiradores em virtude da postura de seus seguidores e pelas contundentes obras de caridade realizadas pelos representantes da doutrina.

estrangeiros dedicados a essa doutrina e à circulação de revistas espíritas. Várias dessas revistas estavam ligadas a centros e círculos espíritas espalhados por diferentes partes do país. Essas associações foram dedicadas a propagar a doutrina e também a praticá-la, organizando sessões e experimentos onde estabeleceram comunicação com os espíritos. Seus participantes refletiram a heterogeneidade dos espíritas nacionais. Entre eles, havia não apenas membros da elite e dos círculos iluminados (como Arturo Prat, Jacinto Chacón e Rosario Orrego), mas também trabalhadores e anarquistas, como Luis Ponce. Juntamente com as associações espíritas, havia outros espaços para a divulgação e a prática dessa doutrina. Entre eles, a seção "Clínica espírita" da Revista Sucesos, onde as pessoas podem apresentar suas dúvidas aos espíritos da família. Assim como o espiritismo tinha muitos seguidores no país, também havia várias pessoas que se opuseram publicamente a essa doutrina. Um motivo de disputa entre seguidores e oponentes do espiritismo foi a veracidade científica de seus fenômenos. Outra razão foi que a Igreja Católica rejeitou o espiritismo como uma "obra do diabo". Por esse motivo, ela condenou os textos doutrinários e pediu aos fiéis que se abstivessem de praticá-lo. Uma das ocasiões em que católicos e espíritas se enfrentaram foi em 1876, quando o pai jesuíta José León e o professor do Instituto

“Mesmo que se aproxime dos princípios cristãos, das referências bíblicas e das próprias mensagens de Jesus, os seguidores da doutrina consideram a mesma como religião, pelo trabalho relacionado à difusão do ideal de fraternidade…”

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Processo de Inscrição para a Ordem do Templo Ano 2020 Nossa Augusta Ordem de Cavalaria iniciou seu processo de inscrição, por isso convidamos todos os interessados em nossa Ordem a entrar em nossos sites. Para os chilenos e chilenas, escreva para o endereço www.chileordotempli.cl e faça o download do formulário de inscrição. Para os brasileiros e brasileiras, acesse www.ordemdotemplobrasil.com. Convidamos nossos leitores que tiverem dúvidas sobre o processo, para enviá-los para os e-mails reclutamiento@chileordotempli.cl no Chile e para chancelaria@ordemdotemplobrasil.com no Brasil.

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OCTÓGONO Revista Capitular Templária Gran Prior do Chile:

Fr+ David Moreno da Costa

Gran Prior do Brasil:

Fr+ Randolpho Radsack Corrêa

Editores:

Fr+ Walter Gallegos Cortés Fr+ Benjamín Pescio Andrade

A Revista Octógono é uma publicação trimestral produzida por membros da Ordem do Templo. Todas as informações disponíveis nesta revista são públicas. Qualquer reprodução de seu conteúdo possui a exigência de indicação da fonte original. Se você tiver alguma dúvida ou simplesmente quiser entrar em contato com nossa Ordem, envie uma mensagem para cancilleria@chileordotempli.cl (Chile) ou chancelaria@ordemdotemplobrasil.com (Brasil), bem como através da nossa fanpage do Facebook no Chile ou no Brasil. -Abril 2020-

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