ESPAÇO COMUM — A CIDADE COMO OBRA COLECTIVA, de Stavros Stavrides

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JOANA BRAGA

a urgência do direito à cidade a que nos instou Lefebvre (2012) nos anos 70 do século xx, o direito de, cooperando, produzirmos as cidades que habitamos como obras colectivas. Stavros Stavrides tem uma militância política activa, tomando parte em lutas e experiências colectivas não apenas na cidade em que habita, Atenas, mas aliando-se também a outros movimentos que experimentam, no presente, a possibilidade de um mundo diferente, como a insurreição zapatista. A sua investigação caracteriza-se por uma abordagem imanente que procura aprender com estas experiências e práticas colectivas e com a forma como podem prefigurar e actualizar transformações espaciais, sociais e políticas, posicionando-se no «limiar que separa e liga ao mesmo tempo acção e crítica, práxis e teoria, experiência e representação, participação e distanciamento», como escreve na Introdução (p. 56). A sua obra, portanto, apresentando estes exemplos concretos e elaborando uma tessitura argumentativa e teórica deles, visa intervir no real e transformá-lo, assim «apoia[ndo] […] aspirações e sonhos comuns» (ibid.). Arquitecto, professor universitário, investigador e activista, a sua produção teórica excede as fronteiras da ar­­ quitectura e do urbanismo. Elaborando uma urdidura disciplinar que se estende à geografia crítica, à antropologia, à sociologia e à filosofia, o pensamento de Stavrides articula a exploração das potencialidades do espaço urbano nos processos de transformação social com uma análise dos processos de subjectivação política e das mudanças na esfera dos valores, contextualizando historicamente a sua


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