2 O SETUBALENSE 4 de Maio de 2022
Abertura
DR
OPINIÃO Mário Moura
Será que me enganei?
E
m 1943 cheguei a Setúbal para iniciar a minha vida profissional. Pouco ou nada conhecia desta cidade, apenas que por aqui se fabricavam conservas de peixe. Era nessa altura uma “cidadezinha”, pobre, rodeada de bairros de lata e… de laranjais no meio dos quais estava a estação dos comboios, o que me fez carregar duas pesadas malas até encontrar alguém que me dissesse onde era o Hospital do Espírito Santo, improvisado nos restos dum convento junto à Igreja de Jesus. E vim pela necessidade de ter um emprego e… dar o salto para Lisboa onde prosperava a Ciência médica… a valer, que me atraía. Aos poucos fui conhecendo esta boa gente que aqui vivia especialmente nos bairros pobres, pois a classe a que chamamos média era bem escassa juntamente com umas três ou quatro famílias a que chamei “da alta”. E com a minha medicina baseada numa relação de simpatia e com a minha rápida inserção nas classes que reivindicavam liberdade e melhores condições de trabalho, pois se vivia em ditadura, rapidamente me “senti em casa”.E tendo até casado com uma bela setubalense, não passou muito tempo que me sentisse verdadeiramente setubalense. As pessoas simpáticas e acolhedoras, e (depois do 25 de Abril) este povo de Setúbal revelou-se um povo empreendedor e lutador acolhendo sempre bem e integrando correntes migratórias do Alentejo e até gentes do norte para trabalhos sazonais. E o tempo corre, os anos sucedem-se, a cidade cresce, nascem indústrias, implementa-se as pescas - tudo isto em redor dum estuário fantástico do “rio azul ”sob o olhar do castelo de S. Filipe, esta gente trabalhadora e reivindicativa foi-se politizando, sempre predominando forças a que é uso chamar-se de esquerda com a
característica de pôr sempre a tónica nos problemas sociais. O tempo não pára, nasce a Troia e o turismo passa a ser mais um caminho de progresso. E nos últimos anos Setúbal continua a crescer e a… alindar-se, deixando de ser uma “cidadezinha” com um porto de qualidade. Aos poucos, sempre colaborando como podia nesta transformação de Setúbal, comecei a deixar nos fundos do meu sentir a minha origem coimbrã, e passei a considerar, e a ser, de alma e coração, “um setubalense”, pois aqui deixei décadas de intenso trabalho e de intensa intervenção cívica, aqui deixo muito suor e lágrimas, como é uso dizer-se. Que linda cidade e que povo tão trabalhador e acolhedor! E os dirigentes eleitos por este povo de qualidade têm sido e têm de continuar a ser o seu espelho! E o mundo lá por fora também não pára. Começa a guerra na Ucrânia, e começa o êxodo das mulheres e das crianças fugindo da barbária, e, fiel à sua maneira de ser os setubalenses em geral recolhem bens essenciais, organizam viagens diretamente para a fronteira da Ucrânia para trazer refugiadas crianças para um meio de paz e segurança! Mas, ou surpresa das surpresas, há quatro ou cinco dias não há canal da TV que não inicie o seu noticiário falando de Setúbal… e não por bem. Jornais fazem primeiras páginas falando igualmente de Setúbal e da sua Câmara! Mas será que me enganei e a tal cidade acolhedora deixou de o ser? Quem explica o que aconteceu? Se houve erros ou má fé, é necessário explicar, investigar, avaliar e… punir se for caso disso. Não quero ver Setúbal, a minha Setúbal, nas “bocas do mundo”! Será que me enganei, será que fiz uma avaliação superficial? Quem explica e põe as coisas no que são? Eu não quero deixar de ser Setubalense! Médico
Encontro reuniu especialistas nas instalações do Auditório Municipal
BARREIRO
Impactos de crises pandémicas na saúde reuniu especialistas no Auditório Augusto Cabrita Encontro realizado marcou final do programa “Abril, Barreiro Saudável” Luís Geirinhas O Auditório Municipal Augusto Cabrita, no Parque da Cidade, acolheu na última sexta-feira um debate sobre “Os impactos das Crises Pandémicas e Humanitárias na Saúde das Pessoas”, encerrando deste modo o programa “Abril, Barreiro Saudável”, com uma discussão alargada, multidisciplinar e transversal acerca dos dois últimos anos da vida da humanidade. O encontro, moderado pelo jornalista barreirense Armando Seixas Ferreira, contou com a presença de um conjunto de oradores, entre os quais, a vereadora Sara Ferreira, entre outros especialistas para abordar um
tema “novo e premente” da sociedade, que permitiu a partilha de experiências e contribuiu para “um melhor entendimento da actualidade”. De acordo com a autarca barreirense, responsável pela divisão de Intervenção Social, Igualdade, Saúde e Habitação, o encontro representou “uma experiência maravilhosa”,
Foram vários os oradores que revelaram as suas experiências durante a pandemia, e sobre projectos que ficaram em espera
tendo possibilitado aos oradores “falarem da sua experiência durante a pandemia”. Presentes nesta sessão estiveram ainda Vasco Firmino, pneumologista do Centro Hospitalar Barreiro Montijo, Lina Guarda, coordenadora da Unidade de Saúde Pública do ACES Arco Ribeirinho, assim como Hugo Amaro, coordenador do Serviço Municipal de Protecção Civil, e Maria Arlete Cruz, na qualidade de antiga directora do Agrupamento de Escolas de Santo André, sendo actualmente vereadora da Câmara do Barreiro. Presentes estiveram ainda a psicóloga clínica do Instituto de Apoio à Criança, Melanie Tavares e um aluno do 12.º ano do referido estabelecimento de ensino. De acordo com a autarquia barreirense, a abrangência do debate reflectiu-se “no testemunho/partilha do estudante, na altura, acabado de iniciar o 10.º ano”, que viu o seu percurso no secundário ser “condicionado” pela crise pandémica