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“É justo repetir que devemos a Hugo Pinto a sobrevivência da SAD e do clube”

O advogado David Leonardo é peremptório a afirmar que a entrada do investidor Hugo Pinto salvou o Vitória. Em relação à decisão do TAD em manter a decisão da descida administrativa da equipa principal, o líder da MAG afirma: “sempre foi nos tribunais comuns que depositei - e deposito - a confiança de que o processo será decidido a favor do Vitória”

Completa no próximo mês dois anos de exercício como presidente da Mesa da Assembleia Geral do Vitória? Que balanço faz da experiência? O balanço é extremamente positivo. Se olharmos para o estado do Clube quando, no final de Dezembro de 2020, tomámos posse e fizermos uma comparação com os dias de hoje, seremos modestos se afirmarmos que desenvolvemos um trabalho extraordinário. Foi uma missão cumprida, a salvação de um Clube histórico. Foi muito enriquecedor, sobretudo porque, para mim, representa uma honra Enorme poder servir o meu Clube e trabalhar em prol dos seus legítimos interesses. Está a ser mais difícil do que esperava inicialmente ou nem por isso?

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Sabíamos ao que vínhamos. Um Clube falido, a maioria dos sócios sem esperança, os atletas desanimados. Funcionários e jogadores de futebol com vários meses de salários em atraso, o clube e a SAD sem dinheiro nas contas e sem qualquer expectativa de rendimento. Todos sabíamos que ia ser muito difícil mas nunca se está preparado para sentir na pele o que essas dificuldades representam. Foram tempos muito difíceis para todos...

Quais as principais dificuldades com que se deparou?

Quando se está neste estado de coisas, só quando todos remam na mesma direcção e com o mesmo empenho é que o barco chega ao destino. Talvez tenha sido nessa matéria que residiram as principais dificuldades: muitos sócios - e vários com responsabilidades acrescidas, na medida em que desempenharam funções no clube num passado recente - desinteressaram-se, deitaram a toalha ao chão, e esperavam que fizéssemos o mesmo. Essa falta de apoio e o “puxar para baixo” foi a parte menos positiva deste trajecto.

Em sua opinião quais as principais conclusões que saíram da Assembleia Geral realizada no passado dia 31 de Outubro?

Foi uma Assembleia muito importante e consequente. Por um lado, a aprovação massiva das contas e do orçamento, o que demonstra que os sócios estão com esta Direcção. Por outro, algo que todos os sócios reclamavam mas que nunca havia sido levado a uma AG: o estabelecimento de um período mínimo para um sócio poder participar em AG's, eleger e ser eleito e a consagração estatutária da obrigação de todos os atletas do VFC/VFC SAD serem sócios do Clube, com a criação da categoria de Sócio Atleta. Afirmou que as alterações estatutárias aprovadas deixam “clube mais protegido nos próximos processos eleitorais”.

Quão importante era fazê-lo?

A democracia só se realiza com processos eleitorais claros e transparentes. Nos últimos anos assistimos frequentemente à inscrição de sócios “à porta das eleições”. Esse fenómeno, fértil em termos de criatividade, em nada beneficiava o Clube, muito pelo contrário. Poderia permitir eleger candidatos sem qualquer historial clubístico nem peso institucional, que ganhassem as eleições só com os votos da última mesa (a dos sócios mais recentes).

Em termos estatutários, considera que há ainda muito a fazer?

Contrariamente ao que se diz, os Estatutos do VFC não são assim tão maus... Quem os elaborou conhecia muito bem a realidade do Clube e fez um trabalho muito rigoroso e competente. Há pontos a alterar, de facto, mas não vejo que haja assim tanto a fazer.

Quais as prioridades?

Adequar os estatutos à realidade. O mundo mudou. Evoluiu tecnologicamente e, com isso, impõem-se alterações. Por outro lado, a SAD do VFC já não pertence ao Clube, cuja participação minoritária deve estar protegida, espelhando os estatutos a “golden share” que hoje o clube detém. De resto, creio que a remissão para regulamentos (que entretanto devem ser criados, como por exemplo um regulamento eleitoral) arrumam a questão. Estiveram presentes na AG 112 sócios. Considera que existe um afastamento dos associados em relação ao quotidiano do clube? Por razões que me custam a aceitar, hoje a participação em AG's é quase exclusivamente de sócios que são adeptos da equipa de futebol profissional. Este é um dado estatístico. Com a descida da equipa profissional aos campeonatos amadores, notou-se um afastamento que urge reverter. Como explica a fraca afluência?

Sou uma pessoa muito ligada ao associativismo e constato que este desinteresse é transversal a quase todos os Clubes/Associacões. Não é saudável mas é a nova realidade. As pessoas preocupam-se mas não participam nos processos decisivos. A verdade é que, de entre as instituições a que estou ligado, o Vitória até é daquelas em que existe uma maior afluência.

Importa trabalhar para reforçar esta participação e aproximar o Clube aos tempos de outrora.

Como classifica a relação de trabalho existente entre os membros da Assembleia Geral com os demais órgãos sociais, em particular com a direcção presidida por Carlos Silva?

A coesão, o respeito e a entreajuda entre os órgãos sociais foi excepcional. O presidente Carlos Silva, como não me canso de sublinhar, foi a pessoa certa, na hora certa, para o lugar certo. A sua dedicação, honestidade e paciência foram o tónico necessário para a forma como todos os órgãos conseguiram conciliar as suas funções em prol do Clube. Idênticos predicados devem ser atribuídos ao Dr. João Lopes e ao Professor Eugénio da Fonseca que, no CFD e no Conselho Vitoriano, respectivamente, estabeleceram um clima de união e transparência.

Sem falsas modéstias, creio que na MAG, eu e os meus colegas Sara Ribeiro, António Pedroso e Noel Camoesas conseguimos estabelecer pontes que irão permitir a todos os órgãos sociais, constituídos por pessoas de elevado sentido de responsabilidade, competência e Vitorianismo, concluir este mandato de forma exemplar. Mais de um ano após a entrada de Hugo Pinto na SAD qual a opinião que tem sobre o investidor e o trabalho que tem vindo a realizar?

Tenho a melhor opinião do

Hugo Pinto. Sensato, honesto, transparente e muito trabalhador. Com uma paixão por aquilo que representa o Vitória, e não me refiro só ao futebol, digno de um verdadeiro setubalense. É justo repetir, vezes sem conta, que lhe devemos a sobrevivência da SAD mas também do Clube. Desejo que permaneça muitos anos no Vitória e que tenha lucidez para se fazer acompanhar das pessoas mais adequadas e capazes de fazer deste projecto um projecto vitorioso. Enquanto adepto, que análise faz ao desempenho da equipa de futebol principal na presente época? Está aquém das expectativas?

O mau arranque marcou o estado anímico do plantel. Temos assistido a exibições de gala mas também a desempenhos sofríveis...

Esta inconsistência é natural, quando o plantel sofre uma forte remodelação. Este plantel já demonstrou que tem muito valor. Com trabalho, apoio dos adeptos e sem percalços de maior, voltamos seguramente aos níveis competitivos desejados. Apesar das dificuldades que a equipa está a sentir numa prova muito competitiva, acredita que estão reunidas as condições para o Vitória poder esta época ascender à II Liga?

Já na época passada acreditei ser possível. O Vitória é uma força incrível. Joga sempre para ganhar, especialmente neste campeonato. Mas a Liga 3 é extremamente competitiva. É um facto. A meu ver, é mais difícil subir à Liga 2 do que ascender à 1.ª divisão. Reunidas as condições a que acabei de me referir, sobretudo ao nível do apoio dos adeptos, acredito piamente na subida. O tempo passa e o Vitória continua à espera de uma resposta do Tribunal ao recurso apresentado para tentar reverter a decisão da descida administrativa decretada no

Verão de 2020. Como advogado, considera norma a demora? Que que faz deste processo e quando acha que pode haver uma decisão, que todos os vitorianos esperam favorável?

Como advogado e também por desempenhar funções junto da Ordem dos Advogados, não me pronuncio em público sobre processos que ainda estão em curso, sobretudo quando estão confiados a outros colegas. Contudo, pareceme importante distinguir duas coisas: a justiça do TAD (Tribunal Arbitral do Desporto, que na semana passada decidiu, após dois anos de análise, manter a decisão da Liga, que recusou a inscrição do VFC SAD nos campeonatos profissionais) e a justiça dos tribunais comuns. Sempre foi nesta jurisdição que depositei - e deposito - a confiança de que o processo será decidido a favor do Vitória. Ora, só com a decisão do TAD, proferida com uma demora que não consigo compreender nem aceitar, é que o Vitória pode agora recorrer aos Tribunais Administrativos. Estou esperançado que será feita justiça! Como viu o castigo aplicado ao VFC de dois jogos à porta fechada? Que comentário faz a esta decisão do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol?

Os adeptos do VFC não são diferentes dos adeptos dos outros clubes. Devem ser sancionados quando se excedem, o que manifestamente não me parece ser o caso. As expressões constantes do relatório são repetidas em todos os estádios, todos os jogos, todos os dias. Mas só o Vitória é castigado. Não compreendo porquê. Qual a prenda que gostaria que o Vitória recebesse por ocasião do 112.º aniversário?

A ideal seria o regresso à primeira divisão, como pedi no ano passado. Mas visto que não será possível ter essa prenda este ano, o maior presente seria a campanha de angariação de novos sócios e de recuperação dos antigos ser um estrondoso sucesso, devolvendo ao Vitória o emblema de quarto maior clube nacional.

Qual a mensagem que quer deixar aos sócios?

Que só unidos poderemos vencer. Todos juntos. Com maiores ou menores divergências, todos temos o amor pelo Vitória em comum. É importante que o ambiente que se viveu na festa de aniversário do ano passado seja vivido na deste ano e que esse fantástico ambiente passe para as bancadas e para todos os locais onde o Vitória, nas suas diversas modalidades, vá competir. Muitos Parabéns, meu querido Vitória.

Ricardo Vieira Treinador Da Equipa Feminina

Ricardo Lopes Pereira

O que representa para si ser treinador da primeira equipa de futebol feminino do Vitória? Orgulho e responsabilidade. Penso que sejam as palavras que melhor descrevem o que significa para mim representar este enorme clube. Embora esta não seja a 1ª equipa do Vitória, é e será sempre um enorme marco na minha carreira poder dizer que represento o Vitória Futebol Clube.

O que mais o surpreendeu quando chegou ao Bonfim?

Ricardo Miguel Vieira, de 32 anos, assumiu no início da época o leme da recém-criada equipa de futebol feminino do Vitória. Apesar de ser líder da série M da 3.ª divisão, o técnico, que não esconde o “orgulho” de defender as cores sadinas, garante que nunca irá “prometer títulos ou subidas”, mas sim “muito

Sendo completamente honesto, nunca tinha entrado dentro das instalações do estádio do Bonfim. Sempre passei, mas nunca se proporcionou assistir a um jogo no estádio. Já melhorei nesse aspecto. Sempre que possível, estou no estádio do Bonfim a ver o Enorme Vitória jogar. Mas, episódio engraçado, a primeira vez que entrei nas instalações do Bonfim foi na minha primeira reunião com o Victor Conduto e, para disfarçar um pouco o sentimento avassalador que o Estádio do Bonfim teve em mim, fiz de conta que estava a enviar várias mensagens quando, na realidade, estive o tempo todo a tirar fotos à socapa a tudo o que via à minha volta. Felizmente, ninguém reparou no pequeno adepto disfarçado de treinador que estava ao ponto de ficar especado a olhar para o emblema do clube por cima da porta que dá para a sala de impressa e onde estão os troféus.

Quais as maiores dificuldades que encontrou?

Não me recordo de ter sentido qualquer dificuldade seja em que aspecto for. O Vitória e todos os que estão inseridos neste projecto tudo fazem para que nada nos falte. O meu mais profundo agradecimento a todos por facilitarem o nosso trabalho. O Vitória é líder invicto na série M do Campeonato da 3.ª divisão. Acredita que a subida será uma realidade no final da época?

Eu sei o que todos os adeptos esperam de nós e de qualquer outro escalão do Vitória e sei o quanto significa representar este emblema, mas trabalhamos semana a semana para estar cada vez melhores e mais competitivos e jogamos cada jogo com o objectivo de nos apresentarmos melhor do que no jogo anterior sempre com a máxima responsabilidade que é envergar esta camisola. Não irei, em ponto algum, prometer títulos ou subidas. O que posso prometer é muito trabalho e dedicação da parte de todo o grupo de trabalho para deixar todos os membros deste clube, desde do nosso presidente Carlos Silva até à D. Paula da lavandaria, e todos os adeptos orgulhosos de nós e do que damos de em campo. Depois de ultrapassarem dois adversários, até onde pode chegar o Vitória na Taça de Portugal?

Tal como disse anteriormente, trabalho e dedicação em ser melhor e dar o nosso melhor em todas as competições. A Taça de Portugal, como sabemos, é uma competição que tem a sua magia e tudo pode acontecer. Enquanto nos for possível sonhar, de tudo faremos para que passem de sonhos a realidade.

Como define o plantel que tem à sua disposição?

Uma muito boa dor de cabeça. Um plantel muito homogéneo e com uma capacidade incrível de aprender e ser melhor. É um prazer ser treinador deste grupo e de o ver evoluir como temos visto até agora. Com toda a certeza que vai evoluir ainda muito mais.

Quais os pontos fortes do grupo de trabalho?

Entre vários, destaco dois pontos fortes - a vontade de querer ser sempre melhor; cada elemento deste grupo de trabalho quer ser melhor do que foi ontem e amanhã quererá ser melhor do que é hoje; e o bom ambiente que temos dentro deste grupo que é excelente. Qual o segredo que ajuda a explicar a excelente campanha da equipa até ao momento?

Não creio que exista um segredo ou fórmula secreta para o sucesso deste grupo. O que posso dizer é que todos os elementos que aqui estão foram escolhidos para entrar neste projecto não só pela sua qualidade como atletas ou treinadores, mas também como as treinador de futebol? pessoas que são e que todos temos a aprender uns com os outros. De resto, trabalhamos, tal como todas as outras equipas, para conquistar as vitórias ao fim de semana. Sem desprimor para as demais, consegue eleger quais as jogadoras que mais se têm destacado?

Felizmente, o futebol é um desporto de equipa, embora muitas pessoas por vezes se esqueçam desse facto e apenas se foquem em quem marca mais golos, faz mais assistências ou mais defesas. Dito isto, não posso deixar de salientar que, quem faz golos, não os faria se não houvesse alguém a fazer as assistências e estas, por sua vez, não existiriam sem ninguém para construir as jogadas que levam até aos golos. As vitórias não seriam conseguidas sem alguém para defender a bola de entrar na nossa baliza e se a bola não chegar a nossa baliza é porque todos os outros elementos trabalharam em conjunto para que não houvesse perigo. Posto isto, consigo eleger, sim, um grupo de trabalho incrível! Quando decidiu que queria ser

Acho que não foi algo que decidi ser. Penso que já nasceu comigo. Embora tenha jogado futebol, nunca foi algo que me ambicionasse seguir. Sempre gostei mais de orientar a equipa em campo e de observar e desenvolver estratégias para parar adversários, tanto é que a maior parto dos meus amigos em casa jogava “FIFA” e “PES” enquanto eu sempre fui fã de “Championship Manager” e “Elifoot”. Mas, mais importante que tudo isso, sempre me senti atraído por este desporto e pelo facto de que não existe A fórmula ou A receita secreta para o sucesso. Já assisti a equipas em lágrimas e, segundos depois, em festa. Isto é o espírito com que fui crescendo e é neste mundo que quero estar até ao fim dos meus dias. Para mim, existem e vão sempre existir dois pontos muito fortes - a família que escolhi ter e o futebol onde escolhi estar. Sem estes dois não faz sentido, daí a minha conclusão inicial, não é algo que decidi ser, mas sim algo que está no meu ser desde que nasci. Qual foi o seu percurso até chegar onde está hoje? Percurso que, embora curto em noção de tempo, já é longo em questão de experiência. A minha primeira experiência como treinador foi quando tinha os meus 13-14 anos, em que orientei a equipa do meu primo num torneio entre equipas dos parques de campismo da zona de Sesimbra. A partir daí, acho que nunca mais olhei para trás. Continuei a jogar, mas sempre já me focando em vestir o fato em vez do equipamento. Em 2013, recebi o convite para assumir a equipa sénior de futsal da Casa do Benfica no Seixal, um convite que aceitei com algum receio pois, embora tenha sempre praticado tudo o que era desporto, bola no pé sempre foi na relva. Foi uma excelente experiência em que acabei por aprender muitas das coisas que ainda hoje incorporo no meu estilo de jogo. Em 2015, faço a transição para o futebol como adjunto dos Juvenis A do CD Cova da Piedade e iniciei a minha formação para obter o nível I de treinador. Depois disso, nunca mais saí do futebol. Na época seguinte, assumo como principal dos infantis B do Charneca da Caparica FC e, ao mesmo tempo que desempenhava as funções de treinador dos traquinas e treinador adjunto nos escalões de iniciados B, juvenis B e seniores sendo que neste ainda acumulava a função de observador e analista das equipas adversárias, acabámos por chegar a final da Taça AFS nesse ano. No ano seguinte assumo a equipa de Juvenis B dos GD Pescadores CC, onde tive uma das mais enriquecedoras experiências de sempre. Tínhamos um grupo complicado, mas que acabámos por conseguir todos nós evoluir dentro e fora de campo, como atletastreinadores e seres humanos. Depois seguiu-se o Amora? Sim, em 2018, recebo o convite para assumir a equipa sénior feminina do Amora FC e que ano foi esse! Chegámos à 2ª fase da II divisão nacional e conquistámos a 1ª edição da Taça AFS feminina. De seguida, uma passagem pela Liga BPI, onde assumi a equipa do GDC A-dosFrancos, onde a um mês de começar a competição, tinha apenas uma jogadora inscrita. Foi uma tarefa hercúlea para conseguir 11 para a 1.ª jornada em que acabámos por perder 24-0 com o SL Benfica. Foi uma experiência que me ensinou muitas coisas e que, ao contrário do que se possa pensar, estou muito agradecido de a ter tido. Eis que surge a Covid-19, os campeonatos pararam e, na época seguinte, acabo por assumir a recém-formada equipa RPower FC, a participar na também recém-formada III divisão nacional. Sagrámo-nos campeões invictos e, antes da minha saída na época seguinte, ainda conquistámos a Taça

Anabela Santos. Acabo por terminar a época na Escola FF Setúbal, em que infelizmente não conseguimos evitar a descida de divisão. Este ano, de volta à III divisão ao leme do enorme Vitória FC.

Quais as suas principais características como treinador?

Como se define?

Como diz um treinador que tenho o prazer de chamar amigo “Humildade a mais também é vaidade”. Enquanto treinador, penso que as minhas duas melhores caraterísticas são o facto de ser um bom estratega, alguém que gosta de desconstruir o adversário e procura a melhor maneira que tirar proveito dos seus erros. E, talvez, uma das minhas caraterísticas preferidas é a parte humana, algo que cada vez mais temos de ter em conta pois, embora seja um desporto que entretém milhões, não podemos deixar de ter em conta que são pessoas que estão dentro de campo e nos respectivos bancos. Definome como um treinador muito chato com alguns aspectos dos princípios de jogo e teimoso no sentido de defender as minhas ideias. Acima de tudo, defino-me como um treinador justo e algo que digo muitas vezes, podem chamar-me de tudo quando eu sair da sala, mas algo que nunca me poderão chamar é de falso. Tudo o que tenho a dizer digo-o sempre de uma forma bastante frontal e franca. Acredito que o treinador tem de ser aquele que diz as verdades e não o que o/a jogador/a precisa ou quer ouvir. Isto entre muitos outros aspectos misturado como uma boa dose de loucura à mistura. Qual a sua principal referência/ inspiração?

Duas questões distintas. A minha inspiração é, sem dúvida alguma, a minha mulher, não só pela pessoa que é mas pela sua força de vontade incrível e capacidade de trabalhar e querer sempre mais e melhor dela própria. Tenho o prazer de conviver todos os dias com a minha inspiração. No que toca às referências posso nomear várias. Gosto de dizer que para além da minha própria personalidade, tenho uma mistura de muitas pessoas que fui crescendo a admirar como, por exemplo, Carlos Carvalhal, José Mourinho, Alex Ferguson, Johan Cruyff, Maurizio Sarri, Mauricio Pochetinno, Helenio Herrera, Karl Rappan, Arsène Wenger entre outros e isto é apenas no futebol, pois existem muitos outros, como por exemplo, Winston Churchill e Steve Jobs.

O Vitória vai celebra a 20 de Novembro o seu 112.º aniversário. Se pudesse escolher um presente qual seria?

Penso que o presente não seria só para mim, seria para todos os adeptos e simpatizantes do enorme Vitória. O regresso do Vitória Futebol Clube ao escalão principal do futebol português onde é o seu legítimo lugar.

Que mensagem deixa aos adeptos na passagem de mais um aniversário do clube?

Um simples, mas muito sentido obrigado por todo o amor que têm ao Vitória e por tudo aquilo que fazem para o bem do mesmo. Aproveitando também para pedir que nos venham apoiar sempre que possível. Tivemos um gostinho do que é ter a claque nos nossos jogos no nosso jogo de apresentação e ficámos mal-habituados. O futebol sem adeptos não tem magia.

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