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Entrevista
Hugo Pinto Accionista Do Vit Ria Fc
O gestor Hugo Pinto, de 35 anos, detentor de 89% do capital da SAD, confia que o Vitória vai conseguir a subida no final da época.
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Ricardo Lopes Pereira
Há pouco mais de um ano, os sócios do Vitória tornaram-no accionista maioritário da SAD. Que balanço faz deste período? Foi apresentado aos sócios um plano estratégico a cinco anos para SAD e, como acontece sempre, os primeiros anos são os mais difíceis, sendo que neste primeiro ano já foi possível alguns avanços, mas ainda há muito trabalho a fazer. Foi um ano de muita aprendizagem e hoje estamos mais próximos do sucesso do que estávamos há um ano e certamente daqui a um ano, mais ainda estaremos.
Em 2021 não escondeu a sua satisfação por terem conseguido “devolver ao Vitória a imagem de clube sério e cumpridor”.
Olhando para trás, sente que esse aspecto foi reforçado no último ano?
É a base de um projecto de sucesso, se o Vitória no passado tivesse essa imagem, certamente não teria existido a descida administrativa. Hoje as entidades como a Federação e a Liga Portugal já olham para o Vitória com outros olhos, já percebem que há um projeto sério e que há futuro. O objectivo é tornar o clube autossustentável, mas para tal é necessário organização e continuar a aproximação do clube aos sócios e adeptos.
Estamos a preparar várias fontes de receita alternativas, a pensar no futuro: mediação de Seguros, Agência de Viagens e Garrafeira, com benefícios para os sócios, são alguns dos exemplos do nosso trabalho de bastidores.
Em retrospectiva, qual o principal objectivo que foi concretizado até ao momento?
O principal objectivo foi manter o Vitória vivo, a maioria não acreditava que tal seria possível, mas com muitos sacrifícios, hoje o Vitória está no rumo certo. E com a certeza que não cairá nos erros do passado, estamos a criar fundações sólidas para quando regressarmos à Primeira Liga, honremos os heróis do passado e voltarmos a tornar o VFC um dos clubes mais importantes de Portugal. Quais as principais dificuldades com que se deparou?
Foram muitas dificuldades, muito mais do que esperava, o Vitória esteve durante muitos anos em incumprimento com praticamente todas as entidades: Liga Portugal, Federação Portuguesa de Futebol, Câmara Municipal, Finanças, Segurança Social, Atletas, Funcionários, Sócios, fornecedores, parceiros, uma lista infindável e a maioria sem qualquer resposta por parte do Vitória. Além das dificuldades dos incumprimentos e da falta de ligação às diversas entidades, o facto de ter praticamente zero receita desde a descida, também agravou extremamente a situação. Infelizmente numa Liga 3, a qualidade dos nossos jogadores é grande, mas o valor dos seus passes não o é, e não é possível daí obter praticamente qualquer receita, sobre a bilhética dos jogos, a mesma não cobre os custos elevados de organização dos mesmos, e os patrocínios das empresas também tem sido escasso.
Em termos desportivos, que balanço faz do desempenho da equipa na presente temporada? A Liga 3 é extremamente competitiva e não há, nem haverá, jogos fáceis, houve muitas alterações no nosso plantel face à época passada, e é normal que a ligação entre os jogadores, que não se conheciam, demore um pouco mais, se olharmos para a tabela classificativa vemos que clubes que mantiveram a maioria dos seus jogadores, caso do Caldas, Fontainhas, Os Beleneneses, conseguiram obter resultados mais rápidos, mas a verdade é que temos um plantel com muita qualidade, e sendo este campeonato uma maratona e não uma corrida de 100 metros, o Vitória estará nos quatro primeiros e na fase decisiva, com o apoio de todos os nossos sócios e adeptos, queremos estar em
Primeiro lugar e garantir a subida directa à 2.ª Liga. Esperava ter mais pontos do que os que tem neste momento e estar melhor posicionado na tabela?
A forma com a Liga 3 está estruturada, com duas fases (regular e de subida) nas quais todos os clubes começam com zero pontos, não é de fácil gestão, porque ao final de 22 jornadas quer o Vitória esteja em 1º ou 4º lugar, ingressamos na fase seguinte com zero pontos, o que pode levar a algum relaxamento nesta fase regular. Quem diariamente assiste aos treinos, assiste à preparação de jogo, orientada pelo Mister Micael e a sua equipa técnica, percebe a qualidade e profissionalismo dos mesmos, como foi demonstrada no mês de Outubro, mas infelizmente nem sempre a equipa consegue pôr em prática as estratégias definidas. Temos reunido constantemente procurando soluções para tornar a equipa mais constante e internamente temos melhorado em vários factores e queremos continuar a evoluir.
Sente que o plantel actual tem qualidade para conseguir subir já à II Liga ou a equipa precisa ser reforçada?
No Vitória pretendemos, dentro das nossas possibilidades financeiras, ter sempre os melhores e o plantel foi construído com essa regra, no entanto sendo uma época longa, infelizmente acontecem factos não previsíveis como lesões, falta de adaptação, problemas pessoais, entre outros que podem levar a procurar reforços em Janeiro. A prioridade é subir e todos estão alinhados nesse objectivo: Administração, Equipa Técnica e Plantel.
O treinador já lhe pediu mais presentes para o plantel?
O treinador, equipa técnica e director de futebol profissional estão atentos ao que melhor e pior corre na época, e juntos iremos criar condições para cumprir o objectivo da época.
O que o chocou mais pela negativa desde que começou a inteirar-se da real situação do clube?
A desorganização geral que encontrei a SAD, fruto de muitos anos de decisões desastrosas para o futuro e sustentabilidade do clube.
E o que o surpreendeu mais pela positiva?
A paixão que os sócios e adeptos têm pelo Vitória, poucos clubes em Portugal possuem essa grandiosidade em termos de apoio e dedicação. Só tenho pena que nos últimos anos os dirigentes não souberam aproveitar essa vantagem e levaram o clube ao nível de endividamento e precariedade de instalações do estádio, treino e formação. Já estabeleceu as prioridades? Quais são?
São várias as prioridades, desde a consolidação da marca Vitória Futebol Clube, ao crescimento do nível de satisfação do Universo Vitoriano e apostar na Digitalização do Clube. No contexto desportivo, subir no final da época, e repito, para tal é necessário o apoio de todos os nossos sócios e adeptos. No que respeita a infraestruturas pretendemos continuar a melhorar o estádio do Bonfim e a Várzea, infelizmente não possuímos receitas para fazer tudo de uma só vez, gostávamos, mas não é possível. Apostar no desenvolvimento de jovens talentos, sendo um processo longo a de criação de uma identidade e modelo de jogo, é uma das nossas apostas para o futuro, entre muitas outras.
Em contexto de crise económica e social, de que forma se gere um clube em que as receitas são escassas?
Claro que tudo era mais fácil se a Liga 3 tivesse receitas, mas não tendo, temos de ser profissionais, criativos e ponderados nas decisões, temos de olhar para outros clubes em Portugal e aprender com os mesmos, exemplos de boa gestão e aumentos de receitas não faltam. Para darmos a volta a todo este contexto difícil e retirar o Vitória da escassa situação financeira que se encontra, é efectivamente necessário inovar, criar fontes de receitas alternativas e ter claro que nada irá acontecer da noite para o dia, tudo leva tempo e investimento.
Como são neste momento as relações entre o Vitória e a Câmara Municipal de Setúbal?
Desde a minha entrada, nada posso apontar e acredito que nada nos pode ser apontado, temos colaborado mutuamente e só temos a agradecer pelo apoio do Município ao clube, esta parceria tem o propósito de levar o Vitória de volta às bocas do mundo, não fosse o futebol uma grande bandeira para qualquer cidade ou região.
O Vitória festeja agora mais um aniversário. Qual o seu estado de espírito por ocasião da celebração dos 112 anos de vida do clube?
Um clube é feito de altos e baixos, quando aqui cheguei claramente estava num dos momentos mais infelizes da sua história, mas acredito que com a concretização no nosso plano e projecto a história do Vitória irá mudar. Não posso dizer que estou satisfeito, porque pela exigência que coloco em tudo o que faço, só poderei estar satisfeito quando o começar a ver frutos da implementação do mesmo.
Qual a prenda que gostaria que o Vitória recebesse por ocasião do 112.º aniversário?
Numa semana que fica marcada pela decisão do TAD, após dois longos anos de espera, no qual notificou o Vitória Futebol Clube SAD da sua decisão, a que manteve a mesma posição, ou seja, a descida administrativa mantémse válida. O Vitória Futebol Clube SAD, irá, nos termos da lei, finalmente poder continuar a lutar e estamos a avançar para tribunal administrativo. Ninguém sabe quanto tempo levará o tribunal a pronunciar-se, mas como prenda perfeita, gostava que se fizesse justiça e que o Vitória regressasse ao lugar que é seu por direito a 1 Liga Portuguesa.
Qual a mensagem que quer deixar aos sócios?
O Vitória está vivo, não irá sarar todas as feridas que injustamente lhe foram causadas da noite para o dia, mas com paciência e profissionalismo iremos levar este enorme clube, de forma sustentada, a um nível de excelência, onde há muitos anos deveria estar. Estamos cientes da difícil tarefa que temos pela frente, mas quando acreditamos em nós e temos princípios dos quais não abdicamos, iremos certamente lá chegar. Temos muitos que gostavam de ver o Vitória cair, por isso todos nós, adeptos apaixonados por este enorme clube, temos de nos unir, numa só voz de apoio ao grande objetivo da época e festejarmos juntos a tão desejada subida, porque não o Vitória não se explica… Sente-se.
Grândola
Ndice
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Ficha T Cnica
Do Director
Francisco Alves Rito
No centro do investimento
OLitoral Alentejano está, sem margem para dúvidas, no centro do investimento económico no nosso país. Não há, em todo o território nacional, outra região com tantos e tão volumosos projectos em curso. Do alargamento e modernização do Porto de Sines, à ligação ferroviária a Espanha, passando pela energia e pelas novas tecnologias, são vários os investimentos para esta zona sul do distrito de Setúbal.
Sines, com as excepcionais condições oferecidas pelo porto e a sua extraordinária ligação ao Atlântico, assume-se como a locomotiva que põe em movimento uma dinâmica industrial que alavanca muitas outras áreas e com impactos positivos em todos os concelhos da região.
Acresce que, além da âncora portuária e industrial, este território é também cada vez mais valorizado pelo turismo, que tira partido de um conjunto de factores, como a beleza natural, a facilidade de acesso, a gastronomia ou património histórico e cultural, cuja conjugação é quase perfeita.
É esta realidade excepcional que procuramos apresentar neste número da revista, produzido e editado em parceria com a Rádio Sines e o jornal de Cabo Verde ‘A Semana’.
Além de oferecida com a compra do jornal O SETUBALENSE, nas bancas de todo o distrito de Setúbal, esta revista A REGIÃO é distribuída gratuitamente, de forma ampla, pelos cinco concelhos do Litoral Alentejano.
Boa leitura!
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NUNO MASCARENHAS PRESIDENTE DA CÂMARA DE SINES