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Comunidade de golfinhos no Sado sem registo de nascimentos há dois anos

Actualmente existem 25 elementos na comunidade, após a morte de dois animais adultos no ano passado

Rogério Matos

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Há dois anos que não nascem golfinhos na comunidade de roazes corvineiros no Rio Sado, em Setúbal. A comunidade conta agora com 25 elementos, tendo em conta que, de acordo com o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), no ano passado morreram dois golfinhos adultos, com idades superiores a 50 anos. Trata-se de Esporão e Tripé, duas fêmeas adultas que faleceram de causas naturais.

Maria João Fonseca, bióloga marinha na embarcação de avistamento de golfinhos ‘Vertigem Azul’, que acompanha a comunidade há décadas, refere alguma preocupação face à ausência de nascimentos, que admite poder estar associada à indisponibilidade das fêmeas em reproduzir.

“Nos últimos anos houve nascimentos e as fêmeas estão actualmente a cuidar das crias, mostrando-se indisponíveis para procriar”, explica. Entre 2017 e 2020 nasceram 11 golfinhos, quase três por ano. De acordo com dados do ICNF, em 2020 nasceram três crias, Coral, Bolha e Neptuno. Já em 2019 nasceram duas e em 2018 nasceram três, o mesmo número registado em 2017.

Maria João Fonseca explica que hoje “as mães são vistas a cuidar das novas crias e podem ainda não estar disponíveis para a reprodução”. “Ainda assim, a ausência de nascimentos é preocupante porque esta é uma comunidade bastante sensível às pressões no ecossistema, seja pelas dragagens que foram realizadas no Sado ou pelo movimento constante de navios e embarcações que podem causar stress aos animais”, revela.

No ano passado morreram dois golfinhos, com idades superiores a 50 anos

Raquel Gaspar, bióloga do Ocean Alive, organização ambiental pela preservação das pradarias marinhas no Sado, salienta, por um lado, “a longa vida dos golfinhos que ultrapassam os 50 anos de idade”, mas, por outro, aponta a falta de alimento no Sado, que leva os golfinhos a procurar alimento cada vez mais longe.

“As pradarias marinhas, que são o berço da vida no Estuário do Sado, têm aumentado de tamanho, mas há falta de alimento para os golfinhos, que são vistos cada vez mais a Sul, na zona da Comporta”.

De acordo com o ICNF, esta comunidade conta “com um número reduzido de indivíduos, em que cerca de um terço tem mais de 30 anos de idade, e por ser uma população pequena, é muito sensível às alterações no seu habitat e a pressões antropogénicas, estando fortemente dependente da qualidade ambiental e da utilização sustentável do Estuário do Sado”.

No sentido de a proteger, foi estabelecido um plano de acção para

Set Bal

Casa Luísa Todi vai ser transformada em pólo de cultura este ano

André Martins lembrou a cantora como “uma setubalense que fez da sua vida uma referência a nível nacional e internacional”

Tiago Jesus acompanhamento e monitorização da população que o ICNF tem desenvolvido, assim como a forte aposta na sensibilização dos utilizadores do estuário para minimizar os impactos, principalmente na época de Verão.

Luísa Todi, que completaria ontem 270 anos, foi homenageada pela Câmara de Setúbal com uma cerimónia com deposição de flores na glorieta localizada na Avenida Luísa Todi. André Martins, presidente da autarquia sadina, aproveitou a ocasião para anunciar que as obras de requalificação da Casa Luísa Todi avançam este ano, sendo também promovido um novo festival lírico dedicado à cantora sadina.

Criação de um festival lírico dedicado à cantora sadina Dentro da cerimónia de homenagem a Luísa Todi, o presidente da Câmara Municipal assegurou que a edilidade pretende valorizar o canto lírico em Setúbal, através da criação de um festival.

“A autarquia vai empenhar-se na realização de um festival lírico com nome de Luísa Todi. Deixo aqui o desafio a todas as entidades que se queiram juntar a nós para organizarmos em conjunto esta iniciativa”.

Neste evento, que marcou as celebrações do nascimento da artista setubalense, marcaram presença os vereadores e responsáveis da Junta de Freguesia de São Sebastião, União das Freguesias de Setúbal, da Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão (LASA), da Universidade Sénior de Setúbal (UNISETI) e do Centro de Estudos Bocageanos.

As embarcações têm um código de conduta no avistamento de golfinhos. Não podem estar mais que três em simultâneo, nem seguir à frente dos animais, nem ficar mais de 30 minutos em simultâneo ou aproximar mais de 30 metros. As regras surgem para diminuir o stress dentro da comunidade, cujas características podem levar a que, perante o stress, matem as crias.

Para Raquel Gaspar, o tempo permitido para observação de golfinhos deve ser encurtado, tendo em conta o maior movimento de embarcações de recreio no Sado nos últimos anos.

“Há uma grande pressão junto dos animais provocado pelas embarcações de recreio e o tempo de observação deve ser encurtado para salvaguardar principalmente os mais novos”, diz a bióloga.

Nesta cerimónia, o autarca recordou Luísa Todi como “uma setubalense que fez da sua vida uma referência a nível nacional e internacional”. O edil reforçou a importância de se continuar a celebrar o dia do seu nascimento, tendo como objectivo “promover e projectar o nome de Setúbal”.

“Homenagear Luísa Todi é também homenagear a cidade e dar uma palavra de incentivo aos setubalenses que todos os dias se empenham na afirmação das suas capacidades e valores. É dar mais notoriedade a Setúbal”, referiu André Martins, citado em comunicado do município.

O líder do executivo garantiu que a autarquia pretende continuar a honrar o legado de Luísa Todi. Dessa forma, assegurou que a casa onde nasceu a cantora, na Rua da Brasileira, será requalificada em 2023.

“As obras vão avançar o mais breve possível, ainda no decorrer deste ano”, garantiu. André Martins confirmou ainda que a casa será transformada num pólo de cultura para dar a conhecer melhor a vida da cantora, constituindo “mais uma referência histórica e física para perpetuar o nome e a importância de Luísa Todi”.

“A maior homenagem que se pode fazer à cantora é o facto de muitas instituições continuarem a promover em Setúbal espectáculos que seriam um grande orgulho para Luísa Todi”, afirmou Maria do Carmo Branco, da UNISETI.

Já Salvador Peres, vice-presidente da LASA, recordou a forma como a cantora sadina deixou a sua marca na história. “No século XVIII, não havia forma de gravar música, mas temos crónicas que dizem que Luísa Todi era uma cantora excepcional, a melhor da época. Levou a sua voz magnífica e o nome de Setúbal e de Portugal às grandes capitais da Europa”.

UNIÃO DAS FREGUESIAS

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