bocage e a nossa cidade
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revista evista
Editorial
Celebrar a cidade
João Abreu Director
Título registado na ERC sob o n.º 107552; Propriedade: Carlos Bordallo-Pinheiro; Director: João Abreu; N.º Registo Legal 8/84; Jornalistas: (Cf. n.º 3 do art.º 14.º do Dec.-Lei n.º 56/2001 de 19/2); Redacção: Vera Mariano; Vera Gomes; Colaboradores: Fátima Brinca; Joaquim Guerra; António Chitas (Investigador e Historiador local); Departamento Comercial: Mauro Sérgio; Célia Felix; Maria João Carvalho; Madalena Pereira; Luís Crujeira; Departamento Administrativo: Tel: 265 094 354 • 912 277 601 • geral@osetubalense.com; Cessionário e Editor: Setupress - Soc. Editora, Lda.; Gerentes: Carlos Bordallo-Pinheiro; Maria Luisa Bordallo-Pinheiro; Proprietário com mais 10% do capital social: Bordalo Pinheiro, Lda; Tiragem: 5000 ex.; - Fotocomposição e Arte Final: Sónia Bordallo-Pinheiro; Marisa Batista; Fotografia: André Areias; José Luís Costa; Manuel Vieira; Luis Crujeira; Marisa Batista; Cartoon de O Bocage da autoria de Zé Nova, cedido pela LASA; Impressão: Tipografia Rápida de Setúbal, Lda.
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ascida do rio e do mar, prosperada na romanização, entalada entre cristãos e mouros, afirmada com a expansão marítima e sobrevivida ao terramoto e tsunami de 1755, eis a cidade que nos orgulha e que O Setubalense celebra esta semana em revista. A cidade é o lugar, a luz, as cores, os cheiros que nos envolvem e animam o dia-a-dia. A valorização do passado das cidades é, actualmente, uma característica comum das sociedades, qual meio de afirmação da singularidade dos lugares ante um mundo em crescente globalização. Setúbal é, portanto, também o seu passado, evidenciado na paisagem urbana e nas instituições de memória como museus, arquivos e bibliotecas. É nesse lugar singular que decorre o quotidiano dos setubalenses e movem-se as pessoas que dão vida ao presente da cidade e projectam o seu futuro. Celebremos, por isso, a nossa cidade, revisitando o seu passado e convivendo com as instituições e pessoas que constroem o seu presente, dando-lhes o destaque que merecem e que nos orgulha.
“Bocage: o génio nasceu há 250 anos” «Em Portugal, a arte de fazer versos chegou ao apogeu com Bocage e depois dele decaiu. Da sua geração, e das que a precederam, foi ele o máximo cinzelador da métrica. [...] Depois dele, Portugal teve talvez poetas mais fortes, de surto mais alto, de mais fecunda imaginação. Mas nenhum o excedeu nem o igualou no brilho da expressão». Olavo Bilac, poeta brasileiro, estudioso e divulgador de Bocage (1865-1918)
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m 15 de Setembro de 1765, nasce em Setúbal aquele que é, porventura, o poeta mais representativo do Iluminismo português: Manuel Maria Barbosa du Bocage, autor dos poemas Voz da Razão e Pavorosa Ilusão da Eternidade, notáveis manifestos iluministas, lamentavelmente ainda pouco divulgados e estudados. O vate setubalense (1765-1805) nasce, vive e morre num mundo em rápida mudança, em que as velhas estruturas feudais em que se apoiavam as monarquias europeias são sacudidas por dois acontecimentos históricos fracturantes: a Revolução Americana (1776) e a Revolução Francesa (1789), autênticos terramotos políticos, sociais e culturais, que levam à subversão da velha ordem e, consequentemente, ao desmoronar do edifício do Antigo Regime. Em Portugal, à semelhança do que se passou noutros países europeus, o momento era de cerrar fileiras e resistir. O Intendente-Geral das Polícias do Reino, Diogo Inácio de Pina Manique (1733-1805), tudo fez para reprimir e combater a disseminação das ideias liberais, perseguindo, prendendo e torturando todos aqueles que eram considerados suspeitos de defender ou simpatizar com as novas ideias vindas de além-Pirenéus ou da outra banda do Atlântico. Bocage, defensor acérrimo da Liberdade e inimigo declarado do Despotismo, viria a ser alvo da sanha do temível Pina Manique, que ordenaria, em 1797, a sua prisão na cadeia do Limoeiro, sob a acusação de ser autor de «papéis ímpios e sediciosos». O poeta pagaria caro o seu amor pela Liberdade e a frontalidade com que lidava com os seus desafectos, vindo a conhecer durante algum tempo o sabor amargo do cárcere, experiência que o marcaria para o resto da vida, física e emocionalmente. Manuel Maria Barbosa du Bocage, um homem desajustado e inconformado com a sociedade portuguesa do seu tempo, viria a notabilizar-se pela sua capacidade de improvisação e pelo verbo rápido e certeiro, assumindo-se como um transgressor. As suas duas grandes veias transgressoras serão a sátira e o erotismo, que põem a
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nu e denunciam os podres de uma sociedade decadente, hipócrita e preconceituosa, nceituosa, que resiste e se obstina à mudança, numa atitude itude manifestamente autista. Fazendo justiça àquela quela que é considerada a figura mais icónica de Setúbal, a Assembleia Municipal, em 1978, aprovaria por unanimidade e aclamação a substituição do feriado municipal da cidade: passaria de 25 de Julho (dia de São Tiago) para 15 de Setembro (dia de Bocage). Era uma justa e merecida homenagem dos setubalenses, ubalenses, que só pecou por tardia, a um homem que se revelou um combatente incansável pela Liberdade e um defensor convicto do ideário iluciou magistralmente a minista, que denunciou m o altar”, principal res“aliança do trono com ponsável pelo atraso cultural em que o país estava mergulhado. 250 anos depois do nascimento do Elre-nos, como pormano Sadino, cumpre-nos, enses, cometugueses e setubalenses, nte o Dia morar condignamente da Cidade, fazendo dele da uma grande jornada de reflexão sobre a vida e a obra de um dos maiores vultos da cultura nacional, cuja mensagem poética é plena de sentido e actualidade.
António Júlio B. Chitas, professor e investigador de temas de história local
Setubalenses
“Setúbal é uma cidade que não perdeu a dignidade”
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O que gosta mais na sua cidade e o que é que gosta menos? É público que eu amo esta cidade, defendo-a, protejo-a e falo dela com muito amor. Aliás, poucos setubalenses que habitam fora o fazem tão intensamente como eu. O que mais gosto nela, e me envaidece, é ver que, apesar das vicissitudes, não perdeu a dignidade e está cada vez mais linda e é admirada por quem nos vi-
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sita. O que me entristece nela é o papel de madrasta para os filhos que a querem rem bem. Quais as maiores diferenças entre a Setúbal fância? de hoje e a Setúbal da sua infância? ade pujante, inEu vivi a época de uma cidade te e natural endustrial, com uma ligação forte hegou a ser, em tre o mar e a terra. Setúbal chegou ómica, a quarta termos de importância económica, dade triste, pocidade do país. Hoje é uma cidade cias. É uma cabre, que vive de subserviências. pital de distrito que perdeu a nobreza, igual ue têm os seus a todas as cidades do país que ons” e as suas “Alegros”, as suas “Decathlons” á a ser enquan“Wortens”, e assim continuará a força assenta to não se entender que a sua ráfica estratégina sua ímpar condição geográfi ca, que a liga à Serra, ao Rio e ao Mar. O que é que acha que diria hoje Bocage se visse Setúbal? hecido Bocage era um poeta, reconhecido poca. como um dos maiores da sua época. a noMas foi fora que ganhou a sua toriedade, tal como a grande Diva Luísa Todi e outros filhos de Setúbal… e são tantos. Pelo seu espírito crítico talvez escrevesse assim sobre o assunto: “Se não me fosse daqui embora a e lá fora me acharem graça, ainda hoje, a esta hora, não tinha estátua na Praça”.
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uís Aleluia nasceu e cresceu na cidade sadina da qual fala com enorme carinho. “Setúbal está cada vez mais linda e é admirada por quem nos visita”, diz, sem no entanto lembrar que “o que entristece nela é o papel de madrasta para os filhos que a querem bem”. O actor, de 55 anos, não pára de surpreender. Quem não se lembra do “Menino Tonecas” ou do chefe da GNR de “Bem-vindos a Beirais”? Além disso, eestá a trabalhar na comédia intitulada “Absolutamente Fabulosos” de Roberto Pereira, com Noémia Costa e Luísa Ortigoso. A peça, que “é uma denúncia à precaridade profissional artística em Portugal, é também uma mensagem de esperança em melhores dias”, revela Luís Aleluia, que explica que “queremos, através do teatro e do humor, ajudar a levantar a auto-estima deste povo”. A peça, que vai estar em Lisboa, no Teatro Armando Cortez /Casa do Artista, percorrerá também o país em digressão e o actor confessa com esperança que gostaria que Setúbal também possa assistir. “Seria um prazer poder trazer o meu teatro à minha terra”.
Como é que descreve a sua relação com Setúbal? Umbilical.
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Autarcas
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PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE SETÚBAL, MARIA DAS DORES MEIRA
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aria das Dores Meira, presidente da Câmara Municipal de Setúbal desde 2006, não nasceu na cidade de Bocage, mas nutre por Setúbal um “amor incontido” como poucos setubalenses sentem pela sua terra natal. Orgulhosa das transformações ocorridas na cidade nos últimos anos, a autarca assegura que “Setúbal está na moda” e vai continuar a dar que falar graças ao trabalho conjunto de todos os setubalenses que tem a autarquia que lidera como timoneiro.
Na sua opinião, o que distingue Setúbal de outras cidades do país? Podemos começar pelo Bocage, o nosso poeta maior. Setúbal é a única cidade do país em que o seu dia municipal é comemorado num dia em que nasceu um poeta. Todas as outras cidades têm, normalmente, o seu feriado municipal num dia dedicado a um santo. Setúbal distingue-se desde logo começando por esta homenagem a um poeta. Além disso, temos um rio fantástico, o único do país que tem golfinhos, e mais nenhuma outra cidade de Portugal Continental tem o privilégio de ter uma baía que faz parte do Clube das Mais Belas Baías do Mundo. De salientar, igualmente, que dois terços da nossa área geográfica são ocupados por duas grandes áreas protegidas. Isto poderia ser algum inconveniente do ponto de vista financeiro, porque nós recebemos fundos em função do território ocupado, logo do Orçamento do Estado recebemos menos dinheiro porque ocupamos apenas um terço do território. Mas também é uma benesse, porque, por um lado, temos o estuário do Sado com milhares de aves, áreas ocupadas pela aquacultura que produz das melhores ostras do país, um moinho de maré que é um importante ponto de observação de aves, e, do outro lado da cidade, temos outra grande área, a nossa “Serra-Mãe”. A Arrábida tem espécies únicas ao nível da fauna e da flora e deixa-nos extasiados com tamanha beleza. É a serra a beijar o rio. É difícil algum autarca desejar mais do que esta beleza. A nível industrial, temos uma península com um dos maiores PIB’s nacionais, com algumas das maiores empresas aqui concentradas: a Alstom, a Lauak, a Lisnave, a Sopac, a Sapec, a Portucel, a Ambitrena, entre outras. No centro da cidade, temos a avenida Luísa Todi, uma centralidade tão verde e bonita, tão plana para podermos andar de bicicleta e apreciarmos quer o rio, quer a serra. O nosso centro histórico lindíssimo é outro elemento distintivo que dá charme, beleza, personalidade e carisma à cidade. Além disso, esta cidade tem dado ao mundo gente de grande notorie-
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dade. Eu estive na inauguração do Museu José Miguel da Fonseca e Noelle Perez, uma mulher francesa que veio estudar a coluna vertebral dos nossos descarregadores de peixe e concluiu que quem carregava aqueles pesos na cabeça não tinha problemas de coluna. Ela fez uma tese de mestrado com um descarregador de peixe que faleceu há poucas semanas. José Miguel da Fonseca andou com esta mulher pelo mundo inteiro e agora os municípios de Bolonha, de Ferrara e Cento, em Itália, dedicam-lhe um museu com três edifícios que eu fui inaugurar. É outro elemento distintivo e eu com muito orgulho disse: eu não tenho apenas um José Mourinho em Setúbal, também tenho um José Miguel da Fonseca. Ah!... É também de Setúbal a melhor cantora lírica do século XVIII, que pisou os melhores palcos do mundo. Quem é que pode orgulhar-se de dizer isto? Ultimamente, tem sido usual dizer que Setúbal está na moda. Porque é que Setúbal está na moda? É verdade! Setúbal está na crista na onda, devido ao trabalho de todos nós. Mesmo aqueles que acham que não fizeram nada, contribuíram um pouco para isso, porque todos temos feito alguma coisa pela nossa cidade. Todos contribuímos com peças de um puzzle que está a compor-se para ajudar à modernidade de Setúbal. O executivo municipal foi o timoneiro que planeou, indicou as regras e o caminho, mas todos, individualmente ou nas colectividades, fizeram algo que contribuiu para a transformação que levou o mundo a perceber a modernidade da cidade. Todos sabem lá fora que aqui temos o melhor peixe do mundo, o melhor choco e uma serra fantástica, por exemplo. A parceria com outras entidades é muito importante, como é o caso da APSS. Houve uma mudança de paradigma na relação entre a cidade e o porto de Setúbal. Jjá não estão de costas voltadas, por isso o porto também ajudou a pôr-nos na moda. Isto é mais um grande sinal lá para fora. Claro que isto não é um paraíso, temos muito por fazer e também cometemos erros. Mas agradecemos quando os nossos munícipes nos dizem que algo não está bem, ou porque fazemos mal de forma involuntária ou porque simplesmente não nos apercebemos de que era necessário fazer algo. Quando as pessoas reivindicam, para nós é muito positivo, porque estão a ajudar-nos a transformar a cidade. Setúbal está diferente do que era há 15 anos atrás. O que é que mudou, essencialmente? A abertura da cidade ao rio. Só a limpeza da zona ribeirinha e as obras que já se fizeram naquela zona tornaram esta cidade completamente diferente. Depois temos o trabalho que tem sido desenvolvido nas freguesias. Ha-
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“Sinto um amor incontido por Setúbal”
via ruas que não tinham passeios, arborização ou uma limpeza adequada e parques infantis. Todas as freguesias através da descentralização de competências fizeram coisas fantásticas. Normalmente, quem nos visita, começa pela avenida Luísa Todi onde, por exemplo, temos um Fórum Luísa Todi renovado e o Quartel do 11 transformado em Escola de Hotelaria. A Câmara teve de comprar o Quartel do 11 ao Estado para o devolver ao Estado para poder ser recuperado. Quem mais fez isto? Porque, normalmente, é o Estado que dá estes monumentos às autarquias para serem recuperados. Colocámos uma galeria municipal no antigo edifício do Banco de Portugal para preservar aquela memória. Temos o Mercado do Livramento que é considerado como um dos mais belos do mundo, a Casa da Baía, a Casa da Cultura, a praia da Saúde e o Parque Urbano da Albarquel. Mas para além disto tudo, o, temos o trabalho desenvolvido nas freguesias. Azeitão já era um ícone do turismo e hoje está muito melhor, com uma grande actividade cultural e reabilitação urbana. na. E o Sado que se modernizou tanto? A Gâmbia, que é outro paraíso pequeno muito o bem cuidado por aquela junta de freguesia? E a nossa freguesia maior, São Sebastião, ão, com cerca de 60 mil habitantes, que tem um trabalho fantástico com um jovem à frente? Na cidade, com a fusão de três freguesias, tanto trabalho tem sido feito, até em alguns bairros onde nunca tinha havido uma rua asfaltada ou passeios. As pessoas oas nem sonham o que foi feito na área da educação, como estavam as nossas escolas as e o que são hoje. No plano da mobilidade rodoviária já temos muito trabalho desenvolvido, mas ainda muito mais será feito. O Parque da Várzea está a avançar aos poucos e também teremos o Terminal 7 e a futura Biblioteca Municipal. Tudo isto não passa despercebido. Antes, quem visitava Setúbal, al, via poucos restaurantes, uma zona ribeirinha fechada com barracões, uma cidade ade suja e desorganizada. Hoje temos uma cidade completamente transformada, com m muito para oferecer, como cultura e desporto. Não foi por acaso que ganhámos a candidatura a Capital Europeia de Desporto em 2016. Outra grande diferença está nos bairros sociais, a nível da mudança dança de mentalidades e melhoria da imagem urbana. O mais importante é que tudo aquilo está a ser feito pelas pessoas que vivem naqueles bairros e que são os motores principais de todas as alterações em curso. A Baixa da cidade há cerca de dois anos estava numa grande depressão, mas os comerciantes ajudaram a resolver os seus próprios problemas. Hoje são os comerciantes que dão sugestões e ajudam a dinamizar a Baixa. Eles são actores na mudanho, mas as pessoas ça. Esta foi a chave para o que quisemos fazer. Deu muito trabalho, perceberam que têm de ser os actores da mudança. Não pode ser única e exclusivamente um Poder Central ou um Poder Local a operar as mudanças, as, as pessoas têm bal estar na moda. de se envolver e mudar de mentalidade. Eu acho que isto faz Setúbal Como define a sua relação com Setúbal? Uma paixão imensa. Um amor incontido. Eu estive em Itália na abertura do museu, como já referi, e chorei ao ver que estava em três edifícios a história dos descarregadores de peixe de Setúbal como nós nunca a fizemos. Eu fiquei tão stavam. Não é orgulhosa e distribui pins da cidade a todas as pessoas que lá estavam. to. Mas quem espor acaso que esta cidade foi escolhida para ser a capital de distrito. ortância geográteve outrora à frente dos destinos da cidade não percebeu a importância fica, económica, social e política e deixou-a cair na degradação. Estamos num eixo que liga o sul ao norte do país e Setúbal sempre teve muita importância. Aqui foi ratificado o Tratado de Tordesilhas e foi sede do reino no reinado de D. João II. Com o dinheiro do sal de Setúbal pagaram-se as dívidass de Portugal. om 140 fábricas Esta cidade foi um importante centro de indústria conserveira, com de conserva a laborar a dada altura, e um dos mais importantes centros de produção de laranja do país. E ninguém percebia a importância desta cidade? Não é por acaso que vieram aqui fazer auscultações para as gravações de uma ma telenovela e eu ar Salgado” até panunca mais os larguei. Foi preciso termos cá as gravações do “Mar ia desta cidade. Eu ra muitos naturais de Setúbal perceberem a beleza e a importância vim de fora, abri cá escritórios, comprei cá uma casa para passar os fins-de-semana e apaixonei-me por Setúbal. O que acha que diria hoje Bocage se visse Setúbal? em a vista. É uma Eu acho que ele diria: “ Agora posso ver o rio sem que me tapem ra-rio sem que nos fonte de inspiração. Eu e as minhas musas podemos ir para a beira-rio tirem este romantismo e a beleza da cidade”.
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Gastronomia e Vinhos
Gastronomia e Vinhos
Moscatel, o vinho rei da região É
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de Setúbal o melhor Moscatel, dizem os setubalenses e não só. É que este vinho emblemático da Região Vitivinícola da Península de Setúbal e um dos tesouros dos vinhos portugueses, tem recebido inúmeros prémios e distinções além-fronteiras e há países, como o Brasil, que não o dispensam à mesa. É na região de Setúbal que, desde tempos imemoriais, produzem-se dos mais prestigiados vinhos generosos portugueses, apreciados por reis e pelo povo. Já no tempo de D. Dinis (1261-1325) o vinho de Setúbal tinha bastante fama, e, em 1381, já se exportava grande quantidade para Inglaterra. Numa ementa de um banquete dos cavaleiros de Malta, realizado em 1797, é citado, entre outros vinhos célebres, o precioso «Setúbal». Em 1855, na Exposição Universal de Paris, o Moscatel de Setúbal da José Maria da Fonseca foi distinguido com uma medalha de ouro. Tal como é referido no site da internet http://moscateldesetubal.pt/,
os Moscatéis de Setúbal são colocados no mercado a partir de 2 anos de idade, podendo ostentar na rotulagem o ano de colheita, ou as indicações «10 anos de idade», «20 anos de idade», «30 anos de idade» e «Mais de 40 anos de idade», desde que o vinho em causa, ou cada uma das parcelas do lote que o originou, tenha no mínimo a idade indicada. Existe ainda o designativo Superior, atribuído a vinhos com um mínimo de cinco anos de idade e que tenham obtido na câmara de provadores a classificação de qualidade destacada. Na hora de beber, pode ainda optar pelo Moscatel de Setúbal ou Moscatel Roxo, sendo este último feito a partir de uma casta com um elevado grau de doçura. Esta casta, à semelhança do Moscatel de Setúbal, tem um perfil aromático riquíssimo e contribui, de forma inequívoca, para as características de aroma e sabor dos vinhos a que dá origem. Comparativamente, com os vinhos da casta Moscatel de Setúbal, este vinho generoso possui um aroma mais seco e complexo.
Queijo de Azeitão, um produto de excelência
Doçaria irresistível O
concelho de Setúbal tem uma doçaria rica, mas um dos ex-líbris é, sem dúvida, a torta de Azeitão. Feitas à base de ovo, com um leve sabor a limão e canela, as Tortas de Azeitão são um dos ícones representativos da nossa região. São deliciosas e acompanham bem com um bom Moscatel de Setúbal. Mas se prefere bolos secos, os “SS” de Azeitão, também com sabor a mel e limão, são a opção certa, para acompanhar, por exemplo, um chá ou um café. Mas sendo Setúbal conhecida também pela produção de laranja, há um doce irresistível para os apreciadores de doces e deste fruto: os famosos barquilhos de "casca" de laranja, confeccionados a partir de laranjas produzidas na região.
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queijo de Azeitão é um dos produtos típicos mais afamados do país e não só, pois foi considerado no início do ano como um dos melhores 50 produtos gastronómicos do mundo pelos prémios Great Taste Awards, organizados pela Guild of Fine Food (Irelanda). Este queijo é produzido a partir de leite de ovelha e vendido com cerca 20 dias de cura, normalmente envolvido em papel «vegetal».
De métodos e fabrico artesanal, as queijarias arias têm sabido manter, apesar das exigências legais egais comunitárias, a utilização do leite cru de ovelha. elha. Só assim é possível conservar vivo um queijo ueijo de qualidade reconhecida pelos apreciadores es de todo o mundo, queijo que reflecte as condições ições próprias da abundância das pastagens, do clima lima da serra da Arrábida e do cardo que, usado do na coagulação do queijo, confere-lhe uma singulagularidade de aroma e de sabor.
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O melhor peixe come-se em Setúbal
ir a Setúbal e não comer peixe é como ir a Roma e não ver o Papa. Por aqui, pesca-se do melhor peixe do mundo e com ele confeccionam-se iguarias de comer e chorar por mais. Sem dúvida, a sardinha assada é uma referência e até foi considerada como uma das 7 Maravilhas Gastronómicas de Portugal. Quem a come noutros sítios lembra-se sempre de Setúbal pois é aqui, dizem, que a forma de assar o peixe confere-lhe um sabor único e especial. Assada no prato com batata e salada ou a pingar no pão, não há quem lhe resista. Mas há outros peixes que são apanhados ao largo da costa de Setúbal, como o carapau manteiga, os salmonetes e os alcorrazes, que também fazem as delícias de quem os prova. Nos vários restaurantes da cidade, para além do variado peixe assado, nunca falta também o afamado choco frito à setubalense. Não há que ter modéstia nestas coisas: é o melhor de todos e quem o prova não se arrepende e repete. Mas os setubalenses não comem só o choco frito, pois existem diversas formas de o confeccionar igualmente deliciosas, como grelhado ou feijoada de choco. E se ainda não lhe abrimos o apetite, então o que diz a uma boa caldeirada de peixe à setubalense?
Empresários
Empresária de sucesso com Setúbal no coração L
eonor Freitas é uma conceituada empresária vitivinícola, gerente da Casa Ermelinda Freitas. Já foi condecorada pelo Presidente da República e distinguida com a Medalha de Mérito do Concelho de Palmela, tendo sido também reconhecida pela Câmara de Setúbal. Recebeu o prémio de Empresária do Ano, a par de largas centenas de medalhas que tem recebido pelos vinhos que produz. Mulher reconhecida pela sua solidariedade, Leonor Freitas é uma referência na região de Setúbal e no país. A empresária confessa “ter Setúbal no coração”.
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Nasceu no concelho de Palmela, mas vive em Setúbal. O que significa para si esta cidade, nos aspectos positivos e negativos? Fernando Pó acaba por estar e próxima da cidade e desde os 10 anos que q a minha vida sempre esteve ligada a Setúbal. Foi lá que fiz o ensino secundário, secund foi aí que passei grande parte da minha adolescência e que sempre sem me senti com licida e também a Tróia, gação a cidade fam onde a família tinha uma pequena casa, onde passava as férias on de infância e adolescência. Os asm pectos que mais realço neste momento são, a grande beleza da SerArrábida do mar e a evolução ra da Arrábida, de modernidade que a cidade tem tiaspect negativo, tenho pedo. Como aspecto cidad não esteja complena que toda a cidade tamente voltada para o rio permitindo que habitan a maioria dos habitantes possa usufruir de ri e serra. toda a beleza do rio Se A Câmara de Setúbal aprovou uma Saudação pelo Prémio de Prestígio atrib que lhe foi atribuído pelos Jornalistas e Escritores Internacionais. Coin mo encara tal iniciativa? É com grande reconhecimento e hur qu agradeço tal iniciamildade que cong tiva, e congratulo-me pela posição da Sra. Presidente Maria S Do das Dores Meira e restantes veread vereadores que aprovaram, por unanimidade, tal sauu dação É aceite com grande dação. alegria mas também com alegria, grande responsabilidade de rere
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presentar cada vez melhor a região e premiar os nossos consumidores sempre com o melhor vinho ao melhor preço. Para si o que é um bom vinho? Um bom vinho para mim é aquele que dá ao consumidor prazer e satisfação quer em momentos individuais, quer em momentos de convívio.
“Sinto a enorme responsabilidade de representar cada vez melhor a região” As vindimas já começaram. Que perspectivas tem para os vinhos deste ano? As vindimas estão a decorrer, neste momento a Casa Ermelinda Freitas está a terminar as vindimas dos vinhos brancos e posso afirmar que são brancos de excelente qualidade e tudo se prevê que o mesmo aconteça com os vinhos tintos. Tem sido um bom ano climatérico para a vitivinicultura. Embora tenha sido um ano com pouca chuva nós temos uma região privilegiada pois fica perto do mar sofrendo influências de brisa marítima assim como temos um lençol freático elevado onde as plantas vão buscar a tão preciosa humidade que precisam, dando assim excelente qualidade a uva. O espumante está ter muito impacto a nível do consumidor? O espumante foi um bom complemento ao portfólio da Casa Ermelinda Freitas. Embora não sejamos uma região de espumantes podemos comprovar que também se faz excelentes espumantes na Península de Setúbal. Em relação a Casa Ermelinda Freitas o consumidor tem feito esse reconhecimento tendo havido rotura de ‘stock’ todos os anos devido a elevada procura do mesmo. A Leonor Freitas é um caso de sucesso como empresária. O que podemos esperar mais de si? O sucesso da Casa Ermelinda Freitas não depende apenas da Leonor Freitas, mas sim das gerações, que trabalharam antes de mim, da equipa que trabalha com ela da óptima região onde a Casa Ermelinda Freitas e as suas vinhas se encontram, da sua actual família. Não posso deixar de referir um grande agradecimento aos consumidores que têm preferido os vinhos da Casa Ermelinda Freitas e, estes sim, têm ajudado a que a casa tenha tido sucesso.
Autarcas
“É cada vez melhor viver em Azeitão” CELESTINA NEVES, PRESIDENTE DA FREGUESIA DE AZEITÃO
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presidente da Freguesia de Azeitão, Celestina Neves, é apontada como um exemplo de dinamismo e uma profunda conhecedora do seu território. Ficará para sempre conhecida como a primeira presidente que assumiu os destinos da freguesia única de Azeitão, resultado da anexação de São Lourenço e São Simão. Celestina Neves faz parte das mudanças introduzidas em Azeitão, quer a nível do património, quer na imagem de qualidade que este território foi conquistando ao longo dos anos. O orgulho de ser azeitonense reflecte-se no trabalho que tem desenvolvido em prol das populações, que se traduz no lema “é cada vez melhor viver em Azeitão”. Que aspectos positivos e negativos podem distinguir-se nesta freguesia? O aspecto mais positivo de Azeitão é o desenvolvimento reconhecido a todos os níveis, pois esta freguesia está muito diferente para melhor, nomeadamente a nível da imagem e dos grandes espaços públicos. Temos feito um enorme esforço a nível de infraestruturas, na oferta de novas escolas, na recuperação histórica, para que seja cada vez melhor viver em Azeitão. A nível negativo, registamos a falta de resposta de entidades como as Estradas de Portugal e da Amarsul, pois fazemos um enorme esforço para manter esta freguesia limpa, mas esta empresa não presta um bom serviço a Azeitão. Os ecopontos ficam cheios. Enviamos mails, fazemos telefonemas, mas não temos respostas. O lixo acumula-se dentro e fora dos ecopontos. Quando vêm despejar, deixam o lixo em redor que tem que ser limpo pelos funcionários da Junta de Freguesia. Podemos afirmar que a Amarsul presta um mau serviço a Azeitão, o que acontece repetidamente. As Estradas de Portugal também não nos dão resposta na limpeza das vias da sua responsabilidade, na pintura das passadeiras, em Brejos de Azeitão, na sinalização luminosa, que não é feita resultando num perigo constante para as populações. A falta de sinalização de ligação com a variante já provocou frequentes desastres, tendo o último deles sido mortal. A ligação da estrada
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379 em Vendas com a EN 10 precisa de tratamento das bermas e já alertamos para a situação há mais de um ano. Manifestámos a intenção de colaborar, mas não nos dão resposta. Outro aspecto negativo o é o estado de degradadegrada ção em que se encontra o Palácio dos Duques de Aveiro, numa zona nobre de Azeitão, onde o Estado tem uma palavra a dizer, zer, pois trata-se de um património edificado e protegido rotegido que pode vir a cair. Este monumento devia evia ter o mesmo tratamento que teve o Palácio o da Bacalhoa que também estava ao abandono e foi recuperado. Pode afirmar-se que a freguesia de Azeitão está perto e longe da Cidade idade de Setúbal? Começo por afirmar que ue não sou nada politicamente correcta, mas a Serra é um elemento de separação. Estamos perto erto no relacionamento da Junta com a Câmara, que estão de mãos dadas, mas por razões históricas tóricas e geográficas, as pessoas de Azeitão não ão fazem vida em Setúbal, daí que exista um afastamento em relação à Cidade. Até nos apetece dizer ‘Setúbal aqui tão perto, mas tão longe’. Até as rádios de Setúbal não se ouvem em Azeitão. Setúbal é a Cidade de todos os autarcas? Setúbal é a cidade do o concelho de que faz parte Azeitão. tão. Mas se me sinto envolvida nas coisas de Setúbal? Não sinto, nto, apenas em questões pontuais. is. Já fiz parte da Liga dos Amigos do Fórum Luísa Todi, mas considerando ando a situação geográfica da freguesia de que sou presidente, há coisas em que não mee sinto envolvida. Sou uma pessoa atenta ao que ue se passa no concelho, onde costumo ser uma figura presente nos acontecimentos em Setúbal. Uma frase que defina a Cidade de Setúbal Quando penso em Setúbal úbal penso sempre no Rio Azul, pois sem o rio io a cidade não tinha o mesmo encanto.
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Toy e o amor pela terra natal inveja ainda existente nos recantos de algumas mentes menos cultivadas! as!
O que é gosta mais na sua cidade e o que é que gosta menos? O que mais gosto (há muitas coisas…), mas, são os Setubalenses. O que menos gosto é alguma
Como é que descreve e a sua relação com Setúbal? Filho/mãe… Amor puro. ro. Amo a minha cidade e os “meus” setubalenses… …
Quais as maiores diferenças erenças entre a Setúbal de hoje e a Setúbal da a sua infância? Falta-me um pouco o da “pequena cidade à beira-mar/pescadores…” …” mas crescemos para beneficio de todos, e penso que ainda seremos melhores num futuro uturo próximo. O que é que acha que diria hoje Bocage se visse Setúbal? Faria com certeza um m poema… não querendo vulgarizar o grande poeta apostaria numas pequenas nas rimas… Setúbal foste princesa a Hoje és a grande rainha nha Manténs a tua beleza a Tua gente bem acesa a E o teu sabor a sardinha nha
Bocage e a Nossa Cidade
A
ntónio Manuel Neves Ferrão, é o nome de Toy, um dos mais afamados cantores portugueses que começou muito cedo a sua carreira artística na terra que o viu nascer há 52 anos. Com 5 anos apenas actuou numa festa organizada por uma colectividade setubalense e aos 11 anos passou a integrar o grupo de teatro da Sociedade Musical Capricho Setubalense e desde então nunca mais parou. Entre os seus temas mais conhecidos, são de destacar "Aguenta-te com esta" (1997) ou "Estupidamente apaixonado" (1998) e ainda “Olhos de Água” (2000), que foi o tema da novela da TVI com o mesmo nome. Falar de Setúbal e não falar de Toy é impossível. Por onde quer que passe leva consigo o amor pela sua cidade, da qual fala sempre com grande carinho, em concertos ou nos programas de televisão para os quais é regularmente convidado. Poder-se-ia dizer que Toy é “estupidamente apaixonado” por Setúbal.
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Autarcas
Setubalenses
“Setúbal tem tudo para ser uma cidade perfeita” “Setúbal é uma cidade R bem boa e bonita”
ita Neto é setubalense, tem 31 anos de idade, dois livros de culinária publicados e uma carreira promissora como Chef profissional. A vencedora do concurso Masterchef é fã da gastronomia sadina e é conhecida por transformar ingredientes típicos de Setúbal, como o salmonete, reinventando esses sabores com receitas imaginativas.
JOSÉ BELCHIOR, PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA DE GÂMBIA, PONTES E ALTO DA GUERRA
O que é gosta mais na sua cidade e o que é que gosta menos? Para mim, Setúbal tem tudo para ser uma cidade perfeita. A começar nas praias fantásticas, no peixe fresco, na simpatia dos residentes, no tempo que nos presenteia, na sua maioria, com dias de sol fantásticos, mesmo em pleno inverno. Quanto a gostar menos, a única coisa que tenho pena é que poderíamos apostar mais no turismo porque temos tanta coisa boa e damos pouca a conhecer. Quais as maiores diferenças entre a Setúbal de hoje e a Setúbal da sua infância? Acho que temos uma cidade mais moderna e
Que aspectos positivos e negativos podem distinguir-se nesta freguesia? Esta freguesia é formada por três localidades, sendo duas rurais, Gâmbia e Pontes, e a zona urbana do Alto da Guerra, e tem como aspecto mais negativo a distância que as separa. Mas tudo temos feito para que as pessoas se sintam bem e usufruam da qualidade de vida que anda existe nestas zonas. Consideramos que é bom viver nesta freguesia, com um excelente ambiente natural e uma comunidade onde todos se conhecem. Veja-se a óptima relação que temos com a freguesia do Sado, com ligação ao Moinho de Maré da Mourisca. Sonhamos que um dia possamos ver o Moinho a funcionar e a moer o trigo e o milho. Outro dos aspectos positivos que destacamos é o Pontal de Musgos, junto ao estuário do Sado, com um parque de merendas, onde implantámos fogareiros para grelhados para que os moradores de Gâmbia usufruam aqui os seus tempos de lazer. Nos aspectos negativos, que gostaríamos de eliminar, temos necessidade de um posto de saúde, um posto da GNR, para dar mais segurança aos nossos fregueses e conseguirmos uma melhor rede de transportes urbanos entre a freguesia e a cidade de Setúbal. Também lutamos para eliminar os problemas existentes nas novas ur-
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O que é que acha que diria hoje Bocage se visse Setúbal? Acho que diria que estamos num bom caminho para a modernização mas temos que acreditar mais erto num futuna nossa valorização para que dê certo ssas raízes. ro próximo, nunca esquecendo as nossas ção com Como é que descreve a sua relação Setúbal? ue teNeste momento é saudade, porque nho viajado muito no último ano e teenho estado pouco presente. Mas no geral, para mim tem tudo o que me fazz feliz, e cada vez que estou longe sinto falta das coisas boas que ela tem. É a cidade que me viu crescer e que mee ensinou muita coisa, principalmente este gosto pela culinária.
banizações da Quinta da Amizade, da Quinta da Serralheira e do Vale de Ana Gomes, onde não podemos agir porque não foram entregues à Câmara. Há muita coisa para fazer nestas urbanizações, desde a reparação das calçadas, a instalação de sinalização e lombas redutoras de velocidade. Pode afirmar-se que estão perto e longe da Cidade de Setúbal? Sim, nesta freguesia podemos afirmar que estamos perto de Setúbal na estratégia, mas longe porque não temos serviços a nível de transportes e saneamento básico. Não vejo com bons olhos que parte da freguesia não tenha saneamento básico, uma lacuna que prejudica a população. Os moradores ainda têm que alugar serviços de despejo das fossas. Neste caso, estamos muito longe de Setúbal.
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osé Belchior, autarca há 16 anos, assumiu a presidência da Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra em 2013, e confessa com convicção: “sinto um enorme orgulho em dizer que sou de Setúbal”. A Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra tem um território onde a ruralidade interliga-se com a zona urbana, que mantém um cordão umbilical que a prende de alma e coração a Setúbal.
em crescimento mas que mesmo assim ssim consegue manter viva as memórias de antigamente. gamente. Acho que estamos a começar a apostar mais na nossa cultura e a valorizar o que de bom temos. emos.
Setúbal é uma cidade de todos os autarcas do concelho? É uma cidade de todos os autarcas, com uma grande interligação, que querem que Setúbal seja um concelho onde se viva cada vez melhor. Digo com muito orgulho que sou de Setúbal. Uma frase que defina a Cidade de Setúbal Setúbal é uma cidade bem boa e bonita.
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Arrábida e Turismo
Arrábida, a menina dos olhos da região
“O mais difícil não é ir à Arrábida (…). Difícil, difícil, é entendê-la: porque boas praias, boas sombras e boas vistas há-as em toda a parte (…); o que não há em toda a parte é a religiosidade que dá à Serra da Arrábida elevação e sentido. (…) Vá sozinho, suba ao Convento, que é onde o espírito da Serra converge e como que ganha forma, leve, se quiser, os versos de Agostinho (...) e experimente como afinal é fácil estar a sós com Deus” – Sebastião da Gama.
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inguém melhor do que Sebastião da Gama descreveu os encantos da Serra da Arrábida. A “Serra Mãe” foi a grande musa inspiradora do poeta azeitonense que a ela dedicou vários poemas na sua ilustre obra. Mas como ele vários outros poetas tentaram retractar em palavras as belezas da serra, porque não é difícil inspirar-se neste cenário majestoso, com uma vista magnífica, com uma serenidade e uma paz mágicas, de vegetação e praias, de um convento enigmático, de grutas para explorar, de histórias e tradições religiosas sem par. A Arrábida é a pérola da região. Serra, rio e cidade numa simbiose perfeita, que faz de Setúbal uma das Mais Belas Baías do Mundo. A grande riqueza ambiental e características únicas levaram à criação do Parque Natural da Arrábida (PNArr) em 1976. O PNArr ocupa uma superfície de aproximadamente 17 mil hectares, dos quais mais de 5 mil são de superfície marinha, abrangendo território pertencente aos concelhos de Palmela, Sesimbra e Setúbal. No entanto, a Arrábida é a menina de toda a região, de tal forma que a Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS) decidiu promover a candidatura da serra a Património Misto da Unesco, embora o desfecho não tenha sido o esperado, uma vez que a candidatura não terá recebido avaliação positiva. Mas a região não desiste e está apostada em proteger e promover este património, a nível ambiental e turístico. O presidente da Câmara de Sesimbra, Augusto Pólvora, garante que a Arrábida “é a menina dos olhos dos municípios da região” e sublinha a decisão recente da AMRS em candidatá-la a Reserva Mundial da Biosfera, o que poderá, não só contribuir ainda mais para a sua protecção ambiental, mas também potenciar ainda as actividades realizadas em torno desta centralidade turística. Além disso, a Entidade Regional de Turismo de Lisboa (ERT-RL), em conjunto com os municípios e outras entidades da região de Setúbal, quer criar a marca “Arrábida”. A intenção foi revelada no mês de Agosto pelo presidente da ERT-RL, Vítor Costa, durante a inauguração do novo espaço de informação turística “Ask Me Arrábida”, localizado na Travessa Frei Gaspar, em plena Baixa setubalense. Trata-se de um investimento de 500 mil euros num novo equipamento que, no rés-do-chão, tem um posto de informação turística que fornece conteúdos informativos sobre a Arrábida. No mesmo piso, é possível comprar produtos da região, como vinhos, queijos, doces e conservas de peixe, para além de peças de artesanato. No primeiro andar, há uma exposição permanente sobre os recursos da Arrábida e no segundo andar funciona um pequeno auditório. Há ainda uma área para os serviços da delegação de Setúbal da ERT-RL. O objectivo é que este espaço possa vir a receber cerca de 20 mil turistas por ano. Para o presidente da ERT-RL, o “Ask Me Arrábida” é “um contributo para a estratégia de desenvolvimento de uma centralidade com base na Arrábida e nos territórios dos municípios de Setúbal, Sesimbra e Palmela, apostando na promoção de recursos como o enoturismo, gastronomia, birdwatching, mergulho, náutica, observação de golfinhos e percursos de natureza”, com o objectivo de criar a marca “Arrábida”.
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“Adoro a minha cidade e o meu bairro de Troino”
A cidade do Rio Azul e dos Golfinhos “
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O que gosta mais na cidade e o que gosta menos? Gosto muito das nossas praias e do Mercado do Livramento. Adoro a Praça do Bocage, o bairro onde nasci, o meu Troino do coração. Setúbal está bonita e adoro tudo o que tem de mais belo. O que gosto menos são os bairros de casas degradadas que dão uma imagem de muita tristeza. Tenho pena que exista tanta gente pobre em Setúbal. Acho que se deviam fazer mais espectáculos de solidariedade para ajudar essas pessoas. Considero-me uma pessoa solidária e estou sempre disponível para colaborar com quem mais precisa. Quais as maiores diferenças entre a Setúbal de hoje e a Setúbal da sua infância? Setúbal transformou-se numa cidade mais
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bonita. Aquela zona ribeirinha está um sonho. No meu tempo de infância havia muitos bairros de lata que foram transformados os em bair bairros de casas sociais com melhores condições. Mas também a vida em Setúbal era a muito difícil. As pessoas enfrentavam enormes mes dificuldades e viviam muito mal. A minha ha mãe foi conserveira muitos anos na Fábrica ca das Toucas, trabalhava de noite e lembro-me me que por vezes já estava deitada e vinham chamá-la a casa, pois os pescadores chegavam com peixe para a fábrica. As pessoas não tinham horário o de trabalho e trabalhavam muitas horas, ganhando uma miséria. O que acha que diria o Bocage se visse (hoje) Setúbal? Certamente se Bocage voltasse a Setúbal escreveria outro tipo de poemas. Talvez mais alegres e menos satíricos. Mas as ficaria feliz por escrever poemas em liberdade, já que foi muito perseguido na época em que viveu. Como é que descreve a sua relação com Setúbal? Sempre gostei muito de Setúbal. Aqui nasci, aqui nasceu o meu filho, aqui nasceram os meus netos e o meu bisneto. Mas nesta cidade, o que adoro ainda mais é o meu bairro de Troino.
Penso que o caminho até agora percorrido tem sido positivo, apesar das dificuldades criadas pelas características da freguesia. Estamos a atingir o objetivo a que nos propusemos quando nos candidatámos nas últimas eleições autárquicas, isto é, fazemos tudo aquilo que está ao nosso alcance para a criação de uma freguesia cada vez melhor e com uma melhor qualidade de vida, para os seus fregueses apesar dos cortes que sofremos no orçamento, resultantes desta política desastrosa com que o governo nos brinda a todos. No trabalho até agora realizado pelo executivo que lidero, demos prioridade à limpeza das valas reais e drenagem de águas que muitos problemas traziam aos moradores e utentes das ruas da Terceira Idade, Lourenço da Conceição, Francisco Serranito e Nove de Outubro. Não descurámos todos os outros setores nomeadamente a limpeza e os jardins, as equipas que dispomos nestes sectores fazem um esforço enorme para que a freguesia continue limpa e bonita. Estou como sempre estive aberto ao diálogo com todos os fregueses que solicitem o meu contacto para que possam expor qualquer problema ou ideia que sirva os interesses da freguesia. A todos aqueles que me têm ajudado a desenvolver este projeto, deixo desde já o meu agradecimento, conto convosco. E a todos os fregueses em geral um abraço fraterno.
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eorgete de Jesus é a mais emblemática fadista de Setúbal, mas a sua vida artística passa também pela participação como madrinha de várias marchas populares, ao longo dos últimos 20 anos. Natural de Setúbal, onde nasceu há 81 anos, continua a ser um exemplo de solidariedade, colaborando em eventos que visam ajudar quem mais precisa. Georgete de Jesus começou a cantar aos 12 anos e criou a primeira casa de fados na cidade de Setúbal. Já recebeu a Medalha da Cidade e foi alvo de várias homenagens ao longo da vida.
Onde é que existe um rio azul igual ao meu, que em certos dias tem a mesma cor do céu…”. Setúbal é conhecida como a Cidade do Rio Azul, pela característica que o Rio Sado assume em certos dias em que praticamente se confunde com o céu. Apesar de nascer no Algarve e passar por várias terras do sul do país, é em Setúbal que o Sado tem outra magia e é um dos maiores ícones da cidade, tanto que os setubalenses também são habitualmente chamados de “sadinos”. E o que esconde o rio? Um vasto património protegido pela Reserva Natural do Estuário Sado, com pontos de paragem obrigatórios para birdwatching (observação de aves), como a Herdade da Mourisca e o seu Moinho de Maré, um rio rico em peixe que faz de Setúbal uma das melhores terras para comer, por exemplo, uma boa caldeirada ou choco frito. Mas o principal atractivo e a principal riqueza ambiental, que urge preservar, é a comunidade de golfinhos-roazes, que, actualmente, é composta por 27 elementos. Vir a Setúbal e não ver os golfinhos é como ir a Roma e não ver o Papa. Há empresas que se destinam exclusivamente à organização de passeios de barco pelo rio para observação dos golfinhos e eles lá aparecem, a brincar, a dar saltos por entre a água, num espectáculo que faz as delícias de miúdos e graúdos.
Autarcas
O Setubalense: Setubalense: um símbolo da cidade com 160 anos NUNO COSTA, PRESIDENTE DA FREGUESIA DE S. SEBASTIÃO
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uno Costa é presidente da maior freguesia de Setúbal e põe de lado a ideia de S. Sebastião ser a capital da cidade. O autarca esclarece que “um concelho bem gerido não tem uma freguesia que se elege como capital”. Em S. Sebastião, a grande riqueza está na diversidade da sua comunidade. O que distingue nesta freguesia: aspectos positivos e negativos? É uma freguesia cujo tecido social é muito difícil de trabalhar, porque é muito diferenciado. Temos uma zona histórica, a zona nova e uma zona muito carenciada. Esta freguesia muito diferenciada é em si própria uma riqueza, mas também um desafio muito grande no que diz respeito ao trabalho autárquico. Já estou a dar o melhor e o pior. O melhor é de facto a riqueza que isso nos traz, nomeadamente, dentro das comunidades. Temos pessoas oriundas de outros países de língua oficial portuguesa, que trazem uma riqueza tremenda. No projecto “Nosso Bairro, Nossa Cidade” tem sido desenvolvido um conjunto de iniciativas, onde estamos a aproveitar o muito de bom que essas comunidades podem trazer, quer a nível da cultura, gastronomia, música, etc. Isso agora começa a penetrar mais na restante comunidade. Esta freguesia pode assumir-se como capital da cidade? Eu acho que a cidade tem que ser vista como um todo e nenhuma freguesia pode reivindicar o estatuto de capital da cidade. A cidade e o concelho têm que ser vistos como um todo, pois não pode acontecer tudo numa freguesia. Acho muito bem que a Feira de Sant’iago seja feita no Parque das Manteigadas. Defenderei
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com ‘unhas e dentes’ até ao limite das minhas forças, que soluções como esta sejam tomadas. Faz todo o sentido que haja coisas que aconteçam na Baixa, porque é um ponto de confluência natural dos setubalenses. nses. Mas também concordo que existam grandes eventos que podem acontecer noutras outras freguesias, até com maior desenvolvimento nvolvimento e para um melhor acolhimento. mento. Descentralizar grandes acontecimentos cimentos por todo o concelho é uma boa oa forma de construirmos um concelho o harmonioso, solidário, inclusivo e humanitário, umanitário, porque estes eventos levam um conjunto de outras coisas atrás, como mo a requalificação urbana e melhorias de acessibilidades. Um concelho bem gerido não tem uma freguesia que se elege como o capital.
Cronologia de uma grande história 1 de Julho de 1855 - É publicado o primeiro número do jornal bissemanário O Setubalense, fundado por João Carlos de Almeida Carvalho. 27 de Dezembro de 1857 – Fim da primeira série. 1916 – Pela mão de João Regala (redactor principal) e Guilherme Faria (administrador), O Setubalense regressa às bancas. 5 de Fevereiro de 1927 – O Setubalense cessa novamente a publicação, desta vez por imposição da ditadura. Agosto de 1927 – Regressa com o subtítulo “Diário Republicano da Noite”. 1944 – Passa a designar-se “O Setubalense – Informação do Sul” e Dinis Bordallo-Pinheiro assume-se como director e proprietário. 2 de Janeiro de 1946 – O Setubalense passa a sair às segundas, quartas e sábados.
1974 – Carlos Bordallo-Pinheiro assume a direcção, continuando como proprietário. No entanto, o jornal sofre com os excessos da Revolução e é ocupado por alguns trabalhadores, que passam a editar o jornal “Nova Vida”. 1980 – O Setubalense renasce pela mão de Carlos Bordallo-Pinheiro. 1983 – O título é cedido à Plurijornal, empresa fundada por João Carlos Fidalgo, que foi director entre 1995 e 2011, ano em que faleceu a 18 de Junho. 10 Maio de 2013 – O Setubalense suspende temporariamente a edição, cessando assim a terceira série de publicações e a exploração do título pela Plurijornal. 24 de Fevereiro de 2014 – Sai o primeiro número da quarta série do trissemanário O Setubalense, pela mão do proprietário, Carlos Bordallo-Pinheiro.
São Sebastião Freguesia de Bocage. Uma Freguesia Inclusiva, Solidária e Humanizada
Setúbal é uma cidade e de todos os autarcas do concelho? ho? Não tenho dúvidas as nenhumas. Aliás, Setúbal al hoje tem até em determinaminados aspectos uma preponreponderância relativa aos autarcas que não são da cidade, comparativamente, com os que são da cidade. Setúbal é cidade que é exemplo, o, na participação de todos oss autarcas do concelho. Uma frase que defi na a cidade fina de Setúbal... Setúbal é a cidadee da diversidade e da riqueza humana. mana. As gentes de Setúbal dão uma riqueza enorme a esta cidade e ao concelho. ncelho
Escultura: João Limpinho Fotografia: Pedro Soares O nome da obra é: Cinco continentes e representa a diversidade cultural existente na freguesia, uma das suas maiores riquezas.
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“As gentes de Setúbal dão uma riqueza enorme a esta cidade”
O jornal O Setubalense, fundado em 1855, é, sem dúvida, um dos ícones da cidade. Considerado como uma instituição que acompanhou e relatou grandes momentos da História da cidade e do país, O Setubalense sempre foi o jornal mais lido pelos setubalenses e continua a ser indissociável da História da cidade.
Bocage Magro, de olhos azuis, carão moreno, Bem servido de pés, meão na altura, Triste de facha, o mesmo de figura, Nariz alto no meio e não pequeno; Incapaz de assistir num só terreno, Mais propenso ao furor do que à ternura; Bebendo em níveas mãos, por taça escura, De zelos infernais letal veneno; Devoto incensador de mil deidades (Digo, de moças mil) num só momento, E somente no altar amando os frades, Eis Bocage, em quem luz algum talento; Saíram dele mesmo estas verdades, Num dia em que se achou mais pachorrento.
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— Bocage
“ UMA AMBIÇÃO, UM COMPROMISSO, UM RUMO” Em 1º lugar, quero saudar todos os residentes da Freguesia do Sado e agradecer-lhes a confiança que a maioria dos eleitores depositou nesta equipa. Fomos eleitos para defender os interesses da Freguesia, queremos e vamos certamente honrar o compromisso de sermos os representantes da população na defesa dos interesses da nossa terra. Penso que temos fomentado o diálogo aberto com todas as coletividades, associações e mesmo com toda a população da freguesia, no sentido da resolução dos problemas que nos afligem. Conhecemos bem a realidade da nossa Freguesia. Estamos profundamente identificados com os seus problemas. Por isso, vamos trabalhar, diariamente, com o entusiasmo de responder às expectativas dos nossos Fregueses. Temos um Projeto de Ação, uma equipa credível, tudo isto dentro dos trilhos da seriedade, honestidade e de um passado impoluto que nos orgulha a todos. Contem connosco!
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Baixa
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Baixa Bocagiana revitalizada atrai turistas A
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Baixa sadina, de Setúbal e de Bocage, está hoje mais bonita, apelativa e animada, atraindo diariamente muitos setubalenses e turistas que ali encontram produtos de qualidade e um atendimento personalizado. Estes são apenas dois dos principais atractivos da Baixa comercial que está a reerguer-se após alguns anos de declínio, com muitas lojas a encerrar portas. Agora, numa nova fase, a Baixa ganhou fôlego e uma nova vida, muito graças ao dinamismo de alguns comerciantes que, com o apoio da autarquia conseguiram devolver as ruas do centro histórico à vivência dos setubalenses e ainda atrair turistas nacionais e estrangeiros. Um dos projectos que tem ajudado a estimular o comércio da Baixa é a Feira Outlet, durante a qual os comerciantes disponibilizam artigos e serviços a preços mais baratos, num horário mais alargado, com momentos de animação de rua e decoração a rigor. Já a iniciativa municipal “Verão na Baixa” permitiu animar os serões de sábado, em alguns locais da Baixa, com espectáculos variados, desde concertos a dança e teatro. Mas nem só de espectáculos e comércio vive a Baixa Bocagiana. O património e a história das ruas do centro histórico também apelam à descoberta, para além dos museus. Desde a Praça do Bocage, com a imponente estátua do poeta “de olhos azuis e carão moreno” e a Igreja de S. Julião, com os seus belos portais manuelinos, à Igreja de Santa Maria da Graça, no Largo de Santa Maria, passando pela Casa das Quatro Cabeças na Avenida Luísa Todi e ao Convento de Jesus, por exemplo.
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“Sempre tive uma relação muito difícil com Setúbal”
“A Cidade de Setúbal é mãe e quer o melhor para os seus filhos”
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anuel Véstias cumpre o segundo mandato como presidente, mas é autarca da freguesia do Sado desde 1997, onde tem tido um papel preponderante na requalificação, desenvolvimento e defesa ambiental deste território. A Junta de Freguesia do Sado com 65,5 quilómetros quadrados, está ‘entalada’ entre as congéneres de S. Sebastião e Pontes, Gâmbia e Alto da Guerra. Inclui os núcleos de Praias do Sado, Faralhão e Santo Ovídio, com o rio como cenário, fazendo parte da Reserva Natural do Estuário do Sado. Manuel Véstias, de 56 anos, é natural do Alandroal, mas tem Setúbal no coração. Que pontos positivos e negativos distingue nesta freguesia? Falar de pontos positivos e negativos é extremamente difícil, pois é como se estivesse a falar de um filho. Mas, sem dúvida, o ponto mais positivo é o potencial enorme da nossa gente. Também destaco a paisagem linda, os sapais, o nosso rio e o Moinho de Maré da Mourisca, as ruínas do lado esquerdo da Lisnave, a Ermida de Santa Catarina e alguns vestígios romanos, nomeadamente as ânforas, que fazem parte do nosso brasão. Não posso deixar de referir os flamingos, que continuamos a defender e a preservar. Nesta freguesia encontram-se localizadas grandes empresas que contribuem de forma relevante para o crescimento do PIB, como a Portucel, a Lisnave e o Grupo Sapec. Mas reconheço a influência negativa que teve a desactivação da Central Termoeléctrica. As actividades tradicionais são ainda uma mais-valia, onde a apanha de isco (minhoca) mobiliza várias mulheres a trabalharem para três empresas. Também a piscicultura esteve em grande crescimento, caiu um pouco nos últimos tempos, mas, em contrapartida, a apanha e comercialização da ostra está em crescimento. A nível menos bom são algumas das Augi’s, que ainda an-
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damos a procurar legalizar, g mas sem esquecer q q que em termos habitacionais acionais a Cooperativa Bemvinda a Liberdade contribuiu ribuiu para resolver muitas carências habitacionais. is. O facto de estarmos numa zona de reserva acaba aba por criar algumas limitações às pessoas, o quee podemos considerar negativo, mas uma das situações uações que mais nos preocupa é a construção o da via alternativa do acesso de Alto da Guerra erra a Mitrena, que as Estradas de Portugal se comprometeram a fazer em 2008 e até agora gora nada. Pode afirmar-se e que estamos perto e longe de Setúbal? al? Não estamos longe onge da cidade, pois estamos pegados com a zona na urbana de Setúbal. A cidade está cada vez mais próxima de nós, pois cresceu para este lado o e a freguesia do Sado também. Setúbal é uma cidade de todos os autarcas do concelho? Outra coisa não ão seria de esperar. A cidade é de todos os autarcas e tudo o que fazemos de bom projectamos ectamos para a freguesia e para a cidade. Vivemos num tempo em que todos falam lam da cidade e querem estar em Setúbal. túbal. A descentralização de competências ências é uma ferraxima, ainda mais, menta que aproxima, todos os autarcas. s. Uma frase que defina a cidade de Setúbal A cidade de Setúbal é mãe, gosta doss seus filhos e quer o melhor elhor para eles. Eu apesar esar de ser alentejano nunca mais vou sair daqui. qui.
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dete Santos nasceu há 74 anos, na aldeia da Pêga, no concelho da Guarda, mas com 10 anos veio para a cidade de Setúbal. Durante 26 anos e 6 meses foi deputada da Assembleia da República, mas antes foi uma conceituada advogada na cidade do Sado. Ligada a Setúbal desde a infância, foi também na cidade do Sado que se tornou uma conceituada advogada e, alguns anos após o 25 de Abril, foi eleita para deputada. Odete Santos confessa que foi “deputada tempo demais” durante os 26 anos e 6 meses em que representou o círculo eleitoral itoral de Setúbal na Assembleia da República. O que gosta mais na cidade de Setúbal e o que gosta menos? O que mais me agrada nesta cidade são os espaços paços verdes e gosto muito daquela zona antes da praia aia da Albarquel. Esta cidade tem um espaço ambiente muito importante e que torna a cidade muito bonita. a. O que menos gosto são aqueles grandes prédios, édios, que se construíram, como aquele embarracado do na Avenida Luísa Todi e cuja construção acabou por ir para a frente. Esses prédios destroem a imagem m da cidade e tiram-lhe as características de uma cidade ligada ao rio. Quais as maiores diferenças entre a Setúbal al de hoje e a Setúbal da sua infância? É difícil de dizer, mas em termos urbanísticos cresceu bastante, pois quando era jovem a cidade termierminava, praticamente, no Quebedo. Para cima desta ta zona havia dois ou três bairros. Como consequência cia do crescimento a cidade sofreu no sentido negativo. A vida dos cidadãos era muito próxima uns dos outros, utros, conversava-se de uns quintais para outros. Esta a característica do isolamento pessoal é um traço negativo da cidade. Mas não deixo de realçar que teemos uma Arrábida de grande beleza e uma zona a ribeirinha que está muito bonita.
Quatro gaitadas lhe deram E todas elas por traz!” Como descreve a sua relação com Setúbal? A minha relação com Setúbal tem sido muito difícil. Praticamente nunca me senti ambientada em Setúbal. Depois de fazer o Liceu ‘desterraram-me’ e levaram-me para Lisboa, onde estive mais tempo do que em Setúbal. Depois voltei a ser desenraizada de Lisboa para Setúbal e aí valeu-me a criação ç de laços ç com o teatro amador. Pode ser que na hora da morte faça as pazes com Setúbal. Mas quando morrer quero ser cremada. Se calhar levam-me as cinzas escondidas e atiram-nas lá para as bandas da Setenave. Estou muito desanimada, pois cheguei ao final da linha. Estou desiludida com a vida, com o estado em que o mundo está. Estou muito desanimada com isto tudo. Até quando vou à minha aldeia sinto um enorme desespero com as casas em ruínas. Sinto vontade de chorar ao ver a minha aldeia transformada num ‘cemitério’. Como consolo desta vida restam-me os cinco cães e as quatro gatas, que são os meus amigos do coração.
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MANUEL VÉSTIAS, PRESIDENTE DA FREGUESIA DO SADO
O que acha que diria o Bocage se visse (hoje) Setúbal? Falta-me a veia bocagiana, mas como a está-tua de Bocage está na mesma posição, virada paara o rio, pegava numa parte dum poema de Calafaafate, que ao ver umas festas com uma banda, junto à Câmara, rimou desta maneira: “Bocage não foi capaz De ver o que lhe fizeram
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Desporto
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Bocage e a Nossa Cidade
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ário Narciso, 61 anos, é um setubalense dos, muito poucos, a quem se pode chamar Campeão do Mundo. Antigo futebolista profissional na relva, com particular relevância para as 13 épocas em que vestiu as cores do Vitória, Narciso encontrou na areia uma outra paixão: o futebol de praia. No areal, comandou, com sucesso, os ‘brinca na areia’ vitorianos e a Federação Portuguesa de Futebol, em Fevereiro de 2013, tornou-o Seleccionador Nacional da modalidade. Em Julho último, Narciso concretizou o sonho de ser campeão do mundo e ainda somou o título europeu. Feitos que têm a marca das areias sadinas de Albarquel e da Figueirinha, afinal onde tudo começou. O que é ser campeão do mundo? É uma sensação muito boa. É pensarmos que atingimos o máximo da modalidade que escolhemos. Depois de optar pelo futebol de praia, dediquei-me muito a este desporto e isto foi uma meta que pensei ser inatingível, mas agora sinto uma enorme alegria. Quem disser que não tem um bocadinho de vaidade está a mentir. Eu, como qualquer pessoa, também a tenho e, quando me felicitam, sinto uma vaidadezinha por ter conseguido este feito. E o que significa para um setubalense ser campeão do mundo? Um grande orgulho. Como setubalense sinto-me feliz por viver numa terra que tem mar e tem praia, factores que muito contribuíram para que eu tivesse conseguido este feito. Foi aqui que comecei co-
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Estádio do Bonfim, em pleno coração da cidade, é um ícone do desporto nacional e um motivo de orgulho para vitorianos e setubalenses. Um lugar que é indissociável para quem passa à beira-Sado, uma casa de emoções e palco de conquistas do Vitória Futebol Clube. Inaugurado no dia 16 de Setembro de 1962, em resultado da ambição e de um trabalho meritório e inigualável das gentes sadinas, que pelo amor enorme ao emblema verde e branco, arregaçaram as mãos e concretizaram uma obra de eleição, o Estádio do Bonfim tem sido, ao longo dos seus 53 anos, um verdadeiro palco do espectáculo da arte do futebol. Pelo relvado, desfilaram inúmeros artistas da bola, oriundos dos vários cantos do Mundo, aplaudidos por uma mole de entusiastas adep-
mo treinador de futebol de praia, já lá vão mais de uma dúzia de anos desde que em Albarquel e na Figuerinha encetei um trabalho com o Vitória e que me fez evoluir muito. Estou bastante agradecido à cidade de Setúbal por me ter proporcionado estas condições naturais. Há um Mário Narciso antes e depois do título mundial para as pessoas com quem lida diariamente nas ruas da cidade? É claro que há pessoas que antes passavam por mim e não me abordavam e que passaram a ter outro tipo de contacto, o que acho perfeitamente normal, porque passei a ser uma pessoa um bocadinho mais conhecida (risos). Com a projecção mediática que se fez sentir à volta da Selecção é natural que haja pessoas que passaram a conhecer-me melhor e que me venham cumprimentar tendo em conta os feitos que a Selecção conseguiu. Eu fico muito agradecido, e não sou do género: Há não me falava e agora fala! É absolutamente natural. A Câmara Municipal vai distingui-lo no Dia da Cidade… É um grande motivo de orgulho. É a cidade onde nasci, a cidade que amo. Ser reconhecido como uma distinção destas é uma coisa extraordinária.
tos que vivem, como muito poucos, a paixão do futebol e do seu Vitória. O Estádio do Bonfim nasceu com a capacidade de acolher perto de 21 mil espectadores, mas hoje em dia, em resultado da requalificação com as cadeiras individuais, mostra capacidade para sentar, oficialmente, pouco mais de 15 mil. É a infra-estrutura desportiva mais emblemática da nossa cidade.
Uma cidade que palpita ao ritmo vitoriano S
etúbal e o Vitória Futebol Clube são dois nomes inseparáveis. O Vitória é de Setúbal e Setúbal tem no seu Vitória uma marca ímpar que começou a ecoar em 20 de Novembro de 1910. O Vitória é o símbolo maior da cidade, emblema referência de uma região e um embaixador de Portugal. Um estatuto que tem vindo a ser renovado, diariamente, ao longo destes 104 anos, assente num reconhecimento generalizado quer pelos resultados do trabalho no plano desportivo, quer pela função que tem desempenhado no plano da responsabilidade social. O Vitória tem no futebol a sua prática competitiva maior, aquela que já motivou largos dias de festa pelas muitas conquistas oferecidas aos seus inigualáveis vitorianos. Três Taças de Portugal e a primeira Taça da Liga a somar a outras prestigiosos troféus internacionais fazem parte de um espólio que orgulha os vitorianos e a cidade setubalense. Mas o Enorme, assim eleito, não transpira apenas o suor do jogo da bola, é um universo de dinâmicas da actividade desportiva que muito têm contribuído para reforçar o papel que o clube tem na realidade do desporto nacional e que se projecta além-fronteiras. Os atletas que representam o Vitória sabem, que ao vestir a camisola verde e branca, carregam uma História recheada de glória de um clube centenário e o nome da cidade que o contempla: Setúbal.
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Bocage e a Nossa Cidade
“Sinto-me feliz por viver numa terra com praia e mar”
Um palco com História à Vitória
Autarcas
“A cidade de Setúbal é maravilhosa” RUI CANAS, PRESIDENTE DA UNIÃO DE FREGUESIAS DE SETÚBAL
R Bocage e a Nossa Cidade
ui Canas, 51 anos, militante comunista, é desde Outubro de 2013 presidente nte da recém-formada União das Freguesias de Setúbal, resultante da agregação das juntas de Anunciada, Santa Maria aria da Graça e São Julião. Uma espécie de “mega-freguesia” que tem m no seu território os principais ex-líbris da cidade, mas também muitos problemas de exclusão social e pobreza, que o autarca olha com om grande preocupação. Que aspectos positivos e negativos egativos podem distinguir-se nesta freguesia? A União das Freguesias de Setúbal distingue-se pela sua história, pelas tradições, pelas pessoas, pelo seu património natural. Por seu lado, acreditamos que é necessário ssário encontrar soluções para o centro histórico, sendo que os problemas oblemas de exclusão social e pobreza existentes em alguns bairros do território são também questões de grande significância. Esta freguesia pode assumir-se ir-se como a capital da cidade? A União das Freguesias de Setúbal não se assume como a capital de Setúbal, porque todas as as freguesias e toda a sua diversidade constituem a riqueza za da cidade. Mas não há dúvida que a União das Freguesias está no centro da cidade, sendo ela uma das mais importantes ntes freguesias do concelho. Setúbal é uma cidade de todos os autarcas do concelho? Trabalhamos para que sim, m, não excluindo ninguém, e pensamos que todos dos são importantes para o projecto de desenvolvimenenvolvimento de Setúbal. Uma frase que defina a cidade dade de Setúbal Maravilhosa - é uma palavra ra que diz tudo sobre a cidade Setúbal. al.
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Património
Património
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Casa da Baía – Centro de Promoção Turística, foi inaugurada a 7 de Maio de 2011 e é uma referência a nível da promoção turística da cidade e uma autêntica sala de visitas de Setúbal. Disponibiliza serviços de promoção, divulgação e comercialização de produtos do concelho, como queijo, vinho e doces. Na sua loja de vinhos estão representados 36 produtores da região. Além disso, é um local muito agradável para tomar um café ou beber um Moscatel de Setúbal, bem como também é um centro cultural uma vez que tem a funcionar uma galeria de exposições, com mostras temporárias, para além de um auditório multiusos. O edifício é bonito e histórico – remonta ao século XVIII, quando recebeu o Recolhimento de Nossa Senhora da Soledade.
A sala de espectáculos dos setubalenses O Bocage e a Nossa Cidade
Fórum Municipal Luísa Todi é a principal e a mais emblemática sala de espectáculos de Setúbal. Ao longo dos anos, desde 1960, tem sido palco dos melhores espectáculos de teatro, alguns deles protagonizados pelo saudoso actor e director do TAS, Carlos César, mas também vários concertos e o Festroia. O tempo não perdoou e as condições da sala degradaram-se, razão pela qual foi alvo de profundas obras de requalificação que encerraram
o Fórum entre 2009 e 2012. Os setubalenses sentiram a sua falta e foi com alegria que, em Setembro de 2012, a sala reabriu, agora dotada com as melhores condições técnicas da actualidade para a realização do mais variado tipo de eventos, como concertos, teatro, ópera e dança. O traçado do antigo imóvel localizado na Avenida Luísa Todi, parte integrante da memória colectiva setubalense, foi respeitado, misturando harmoniosamente elementos estruturais e modernos.
Centro cultural de referência M
ais um edifício histórico da cidade que foi recuperado nos últimos anos. O imóvel onde funciona, actualmente, a Casa da Cultura, para além da utilização inicial como habitação particular de uma importante família setubalense, acolheu durante décadas o emblemático Círculo Cultural de Setúbal, em que um dos fundados foi o saudoso Zeca Afonso. Gerida pela Divisão de Cultura da Câmara Municipal de Setúbal, a Casa da Cultura, inaugurada em Outubro de 2012, é um polo dinamizador da actividade artística desenvolvida no concelho e concilia diferentes valências que se encontram ao serviço do movimento associativo e da população. Tem uma Escola de Música da Sociedade Musical Capricho Setubalense, um Centro
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de Documentação, Estudo e Promoção da Canção Popular Portuguesa, desenvolvido pela Associação José Afonso, o Espaço das Artes, gerido pela Artiset – Associação de Artistas Plásticos de Setúbal, um Centro de Documentação Local dinamizado pelo Centro de Estudos Bocageanos, o Gabinete da Juventude da autarquia sadina e outros serviços.
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Um dos melhores mercados do mundo
Convento de Jesus Bocage e a Nossa Cidade
A Casa de visitas da cidade
leito recentemente pelo conceituado jornal americano USA Today como um dos melhores e mais famosos mercados do mundo, o Mercado do Livramento é, sem dúvida, um dos grandes ex-libris da cidade. Milhares de pessoas, vindas de vários locais da região de Lisboa e até do Alentejo, visitam diariamente a mítica “praça setubalense” em busca dos melhores e mais frescos produtos, sobretudo o peixe que aqui se encontra em grande variedade. O emblemático painel de azulejos, que retrata cenas de actividades locais do dia-a-dia, como a pesca e a agricultura, é outra característica distintiva do mercado que ultimamente tem estado nas bocas do mundo, também muito devido a ser um dos principais cenários da novela “Mar Salgado”, exibida na SIC em horário nobre. O Mercado tem, actualmente, instalações renovadas e modernas, após obras de requalificação realizadas pela Câmara Municipal, entre 2010 e 2012, que custaram quatro milhões de euros e permitiram criar novas valências, ampliar o mercado para a zona traseira e requalificar antigas infraestruturas, de acordo com as novas exigências legais.
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Convento de Jesus é o monumento nacional mais emblemático da cidade e é considerado como um dos primeiros exemplos do estilo manuelino e um dos mais relevantes exemplares deste estilo de arquitectura a sul do Rio Tejo. Ficou ainda na história por ter sido o palco da ratificação do Tratado de Tordesilhas, em 5 de Setembro de 1494, pelo rei D. João II (em cujo reinado foi fundado o convento). Razões mais do que suficientes para ter sido incluído em Junho de 2013, pela federação pan-europeia de património cultural, Europa Nostra, no primeiro lugar de uma lista de sete monumentos ameaçados pela degradação que urgem recuperar. O convento esteve fechado ao público durante mais de 20 anos, devido precisamente ao avançado estado de degradação, e reabriu parcialmente no dia 20 de Junho deste ano, após obras de recuperação, realizadas por iniciativa da Câmara Municipal de Setúbal, num investimento global de 3 milhões e 264 mil euros, comparticipado em 65 por cento por fundos comunitários. O arquitecto Carrilho da Graça foi o autor do projecto que proporcionou melhores condições também para o funcionamento do Museu da Cidade, instalado no Convento, onde é possível ver de novo obras emblemáticas como a pintura "Bocage e as Musas", de Fernando Santos, ou a mais recente aquisição para o espólio do museu, o valioso "Calvário - Cristo Crucificado, Nossa Senhora, São João e Santa Madalena".
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Medalhas
A Câmara Municipal de Setúbal distingue amanhã, Dia da Cidade, 32 personalidades e entidades do concelho com a Medalha da Cidade. Dos distinguidos, destaque para o Bispo D. Gilberto Canavarro dos Reis que receberá a Medalha de Prata da Cidade.
CIÊNCIA E TECNOLOGIA COMÉRCIO
DESPORTO
Bocage e a Nossa Cidade
ASSOCIATIVISMO No âmbito do associativismo, a câmara decidiu homenagear a Associação dos Comerciantes do Mercado do Livramento que, de acordo com a autarquia, demonstrou dinâmica e empenho, quer no apoio aos seus associados, quer na colaboração com o município, no âmbito da requalificação do mercado. A APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima é outra das entidades distinguidas. Desde 1996, o Gabinete de Apoio à Vítima em Setúbal apoiou na região cerca de 12 mil pessoas. Nesta área vão também receber medalhas António da Cunha Bento, que tem desempenhado papel de relevo na direcção da Associação Cultural Sebastião da Gama e da Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão (LASA); António Manuel Fernandes Alves, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome de Setúbal; Francisco Alves Monteiro, dirigente do Corpo Nacional de Escutas; João Marques de Carvalho, dirigente do Círio de Nossa Senhora da Arrábida; Armando Oliveira, presidente da Comissão de Festa da Nossa Senhora do Rosário de Tróia; José Lopes (Zé da Gaia), tesoureiro da Comissão da Festa da Nossa Senhora do Rosário de Tróia; Josué Monteiro, proprietário da Ourivesaria Pedroso, que foi durante várias décadas dirigente desportivo do Vitória Futebol Clube.
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Na área do desporto as distinções recaem sobre Mário Narciso, treinador setubalense que levou a selecção nacional ao título de campeã do Mundo de Futebol de Praia em Julho e da Europa, em Agosto; o também treinador de futebol Manuel Santana, que desempenhou a função de dirigente do Vitória Futebol Clube e destacou-se também na direcção da secção do Ténis de Mesa do Vitória de Setúbal; o actual presidente do Clube Desportivo “Os Pelézinhos”, Mário Mestre; Domingos Vieira, que durante 25 anos foi director da Meia Maratona Internacional de Setúbal, considerada uma das maiores maratonas realizadas em Portugal. Também nesta área merece destaque o Vólei Clube de Setúbal que comemora este ano o 25º aniversário, sendo considerado um dos clubes mais antigos da modalidade a participar nos Campeonatos Nacionais. Ainda na classe de desporto, será homenageado Custódio Pinto, promotor e impulsionador da natação em Setúbal, foi impulsionador e monitor das escolas de natação dos Bancários da Secção Regional de Setúbal e do Grupis – Grupo das Piscinas de Setúbal. Para além da sua forte ligação ao desporto através da natação, é também colaborador do jornal O Setubalense, onde, através das suas crónicas, aborda os mais variados assuntos relacionados com a cidade.
Este ano, a autarquia vai atribuir várias medalhas a comerciantes. Entre eles João Casimiro, mais conhecido como “João Farelo”. A conhecida loja de noivas Celui também vai ser agraciada, assim como a empresa Quinta de Alcube, diversas vezes premiada com medalhas em concursos nacionais e internacionais. A grande impulsionadora dos recentes projectos de decoração e animação da Baixa, a comerciante Tininha, que abriu recentemente uma nova loja de pronto-a-vestir (Casa das Manteigas), também não foi esquecida pelo seu espirito dinâmico e empreendedor. Por último, mas não menos importante, a última medalha de honra nesta classe será atribuída à Óptica Pita, empresa familiar com 35 anos.
PAZ E LIBERDADE Em “Paz e Liberdade”, a Câmara Municipal vai entregar uma medalha ao Padre Constantino Alves, que há 14 anos desenvolve a sua função na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, assumindo causas sociais, nomeadamente no bairro da Bela Vista e outros, com vários dispositivos de Intervenção Social e solidária, entre os quais o Restaurante Social e a Clínica Social Dentária. Também o Padre Luís Manuel Ferreira, pároco de Faralhão e Praias do Sado, será distinguido nesta classe, pelo seu destaque na congregação de esforços e de meios que permitiram a edificação da Nova Igreja e Centro Paroquial do Faralhão. Rui D’Espiney será outro dos homenageados, pelo trabalho desenvolvido como membro de diferentes associações no âmbito do desenvolvimento local, da educação, da igualdade de género, da cultura e da cidadania.
Na área de ciência e tecnologia, o município vai entregar medalhas a: Maria da Fé Costa, professora que implementou projectos de inovação pedagógica no Agrupamento de Escolas Cetóbriga, onde foi sub-directora e no Agrupamento de Escolas Sebastião da Gama; Carlos Cunha, docente da Escola D. Manuel Martins onde foi o principal mentor e actual coordenador da Sala de Aula do Futuro; Luís Laginha de Sousa, setubalense com um vasto currículo em funções administrativas na área da economia, a nível nacional e internacional, área em que é licenciado.
CULTURA A título póstumo, vão ser atribuídas medalhas de honra da cidade ao actor Nuno Melo, que faleceu em Junho último, aos 55 anos de idade, e ao escultor João Limpinho. Ainda na classe de actividades culturais, vão ser homenageados Pedro Marquês de Sousa, presidente da direcção da Sociedade Filarmónica Providência (Vila Fresca de Azeitão), director do Jornal de Azeitão e vice-presidente da Associação Cultural Sebastião da Gama; o maestro José Marquês de Sousa; Noëlle Perez da Fonseca, investigadora francesa, esposa do falecido descarregador de peixe setubalense José Miguel da Fonseca; Stefano Lenzi, pesquisador etnológico cujo trabalho baseou-se na vida dos descarregadores de peixe de Setúbal; João Pereira Bastos, director artístico, encenador e produtor teatral e de rádio, que desde 15 de Setembro de 2012 desempenha funções de director do renovado Fórum Municipal Luisa Todi; o pintor e ilustrador setubalense Eduardo Carqueijeiro; e a bailarina e coreógrafa Ana Sendas.