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13º IndieLisboa | Olmo e a Gaivota, em análise Cláudio Alves
Em Olmo e a Gaivota, a partir de técnicas que mesclam a observação de um documentário com a improvisação de uma obra ficcionada, Petra Costa e Lea Glob concebem um poderoso retrato da vida de uma atriz durante o processo de gravidez.
Muitos historiadores de cinema apontam Nanook of the North de Robert Flaherty como a génese do cinema documental. Quase que com mesma certeza e relevância, muitos outros negam tal classificação simplesmente pelo facto de Nanookl não ser uma obra completamente despida de ficção. Afinal, os modos de vida expostos no filme são mais encenação e recriação com não atores do que algo puramente autêntico e objetivo na sua observação, como o suposto cinema verité. Olhando a atual coleção de documentários híbridos que tanto caracterizam esta edição do IndieLisboa, é difícil não lembrar tais objeções e limites da denominação de documentário e sorrir com gozo. Afinal, que funcionalidade têm tais limites da nomenclatura e definição de cinema, especialmente quando somos confrontados com obras como Olmo e a Gaivota, em que as barreiras entre a ficção, a realidade, e a realidade em dramática reflexão sobre si mesma são a ordem do dia? Esta produção luso-brasileira realizada por Petra Costa e Lea Glob, toma como seu ponto de partida um casal de atores que iniciam o filme no ensaio para uma representação de A Gaivota de Tcheckov. Olivia Corsini e Serge Nicolaï são rapidamente vistos fora do contexto desse ensaio suspeitamente cinematográfico, quando os observamos numa cena filmada de tal modo que quase exclusivamente poderia existir com a ajuda de uma muito clara dramatização e preparação formal. Aí, o casal faz um teste de gravidez, cada um de um lado da porta da casa de banho de seu apartamento, e o resultado é positivo. Inicialmente, parece que Olivia vai manter a sua gravidez em segredo da companhia, mas durante um jantar é revelado que esta produção da Gaivota irá ser apresentada em Nova Iorque e Montreal. Face a esta informação, ela é forçada a admitir o seu estado e, numa dramática reviravolta, tem de ir de emergência ao hospital onde lhe é revelado que tem um hematoma no útero.
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