EDIÇÃO LISBOA SÁB 25 JUN 2016 HOJE Suplemento Golfe: Entrevista com o campeão Ricardo Pereira O grande sismo tão temido na Europa aconteceu mesmo Cameron demitiu-se, Boris não quer mudar nada, líderes europeus discordam
Referendos: está aberta a caixa de Pandora Já há, pelo menos, seis votações à espreita. E pode não se ficar por aqui
O que pode mudar na economia com o “Brexit” Agora, sofrem as bolsas e a libra, segue-se o comércio e a circulação de pessoas
Geringonça: como a esquerda quer repensar a Europa António Costa prudente, PCP e BE querem enterrar Tratado Orçamental
Decepção e incerteza entre os portugueses do Reino Unido Emigrantes decepcionados com sentimento de rejeição expresso na votação
Desfei a
Editorial, análise de Teresa de Sousa e opiniões de Maria João Rodrigues, Carlos Gaspar, Álvaro Vasconcelos, Margarida Marques, Bagão Félix, Francisco Louçã, Ricardo Cabral, José Pacheco Pereira, Miguel Esteves Cardoso e Manuel Loff Destaque 2 a 21 e 50 a 55 PUBLICIDADE
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Ano XXVII | n.º 9566 | 1,70€ | Directora: Bárbara Reis | Adjuntos: Nuno Pacheco, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio, Sérgio B. Gomes, Victor Ferreira | Dir. Internacional e de Parcerias: Simone Duarte | Dir. Criativa: Sónia Matos
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“BREXIT” PHIL NOBLE/REUTERS
O sismo de grande intensidade que a Europa há muito temia David Cameron não resistiu à derrota no referendo britânico à UE. Boris Johnson, o senhor que se pode seguir, diz que “nada vai mudar no curto prazo”, mas líderes europeus discordam
Ana Fonseca Pereira, em Londres O sismo, sentido através da Europa, aconteceu pouco antes das 5h00. A contagem de votos do referendo não deixava margem para dúvidas: 43 anos depois da adesão, a maioria dos eleitores britânicos decidiu que o Reino Unido deve sair da União Europeia, naquele que é o maior golpe infligido ao projecto europeu nascido das cinzas da II Guerra Mundial. O divórcio demorará anos a ser consumado, mas o referendo começou já a mudar a realidade política no país e na Europa, e no horizonte pairam agora, com maior intensidade, ameaças de desagregação. A intensidade do abalo mediu-se nas declarações de “choque”, “desilusão” e “tristeza” que rapidamente se ouviram em todas as capitais europeias, fazendo antever que os líderes europeus podem não estar (ainda) em
sintonia, mas sentem que têm de dar ao Reino Unido uma resposta que desincentive outros países a seguir-lhe o caminho. Mas foi nas praças europeias que os sismógrafos registaram maior oscilação — quando as televisões deram o resultado como certo, a libra tinha já atingido o seu valor mais baixo face ao dólar desde 1985, sofrendo a maior queda de que há registo. A cotação dos principais bancos caiu também a pique, num dia de transacções que começou com pânico e terminou com grandes perdas. E não foi preciso esperar muito para confirmar uma das poucas certezas do dia — a de que Cameron não sobreviveria à pesada derrota que sofreu naquela que disse ser a luta da sua vida. Ao início da manhã, numa declaração à porta de Downing Street, o líder conservador anunciou a sua demissão — que não é imediata, mas que ele próprio espera ver concretizada antes da próxima convenção do partido, em Outubro. “O
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milhões de britânicos (52% dos votos expressos) votaram a favor da saída do Reino Unido da União Europeia REUTERS
máximo tranquilizar aqueles que na manhã desta sexta-feira acordaram em choque para a nova realidade, assegurando que “nada vai mudar no curto prazo”. Aos investidores disse que o Reino Unido “vai continuar a ser uma grande potência europeia”, que terá na política externa “uma voz equivalente à da quinta maior economia do mundo”. Aos jovens, assegurou que a saída da UE não lhes fechará as portas da Europa, e aos milhões de cidadãos comunitários que vivem no país fez saber que o Reino Unido “não vai virar as costas” ao continente ao qual pertence.
Fracturas e tensão TOBY MELVILLE/REUTERS
povo britânico decidiu de forma muito clara que quer seguir um caminho diferente e para isso o país precisa de uma nova liderança”, afirmou, com a voz incapaz de esconder a emoção”. “Farei tudo o que puder enquanto primeiro-ministro para manter este navio estável nas próximas semanas e nos próximos meses, mas não creio que seria correcto tentar ser o comandante que conduz o nosso país até ao próximo destino.”
Sem pressa O que Bruxelas e todas as capitais europeias queriam saber era se Cameron iria cumprir a promessa de accionar o quanto antes o artigo 50 do Tratado de Lisboa. Só depois de Londres invocar esta cláusula até agora intocada serão desencadeadas as negociações formais para desatar os nós apertados que ligam o Reino Unido a Bruxelas e que, em teoria, devem estar concluídas no prazo de dois anos.
À UE interessa o mínimo de incerteza. Mas o líder conservador é, antes de mais, um pragmático e reconheceu que, desautorizado pelo voto de 17 milhões de britânicos (52% dos votos expressos) não podia ser ele a decidir sequer os moldes em que o difícil processo vai arrancar. “Deve ser o próximo primeiro-ministro a tomar essa decisão”, explicou. O adiamento não agradou à maioria dos líderes europeus, mas em Londres a decisão é vista como inevitável — por um lado, dá à economia algum tempo para absorver o choque inicial da decisão; por outro, é agora evidente que os que fizeram campanha pelo “Brexit” não têm ainda um plano para concretizar a saída. Na primeira comunicação oficial ao país, o antigo mayor de Londres, tido como o grande favorito à sucessão de Cameron, garantiu que “não há necessidade de apressar” os preparativos para a saída. Em tom solene, quase sombrio, Johnson tentou ao
Mas a vitória do “Brexit” não foi só de Boris. Foi também (ou sobretudo) de Nigel Farage, o líder do partido antieuropeu UKIP, que empunhou sem remorso a bandeira da imigração para mobilizar os eleitores descontentes, os excluídos pela globalização e maltratados pelas convulsões da economia. “A UE está a falhar, a UE está a morrer”, declarou em tom triunfante, manhã cedo, frente ao Palácio de Westminster, no qual tenta há anos entrar e onde o UKIP continua a ter apenas um deputado. Selada a saída pela qual luta há mais de 20 anos, o líder populista não poupou na retórica — “Derrubámos o primeiro tijolo do muro, espero que este seja um primeiro passo para uma Europa de nações soberanas”. E, de dedo apontado ao Parlamento, avisou que o passo lento preferido por Boris e os seus aliados não é suficiente para o UKIP: “As pessoas aqui não percebem. São demasiado ricas, não percebem o que a imigração maciça que resulta da UE fez aos salários das pessoas, à capacidade delas para terem acesso a um médico ou porem os filhos nas escolas.” No Partido Conservador, a saída de cena de Cameron — 11 anos depois de ter chegado à liderança dos tories com o desafio de enterrar a “velha obsessão europeia” — escancara a porta de Downing Street aos eurocépticos, a facção que depois de décadas em minoria sai coroada deste referendo. Johnson parte na frente, mas na corrida poderá também estar a actual ministra da Administração Interna, Theresa May, que apesar de se ter mantido ao lado de Cameron no referendo, observou durante toda a campanha um silêncio quase religioso. Fica por perceber o que fará a facção pró-europeia do partido, ainda maioritária no Governo, e co- c
Um dia triste Editorial
A
participação dos britânicos foi expressiva no referendo de quintafeira, com mais de 30 milhões (71,8% dos eleitores) a irem às urnas, o que à partida conferia toda a legitimidade ao resultado, qualquer que ele fosse. Já passava da meia-noite e começavam a sair os primeiros números. Entre os 382 círculos eleitorais, Gibraltar foi o primeiro de onde chegaram os resultados: 96% dos habitantes nesta pequena península no Sul de Espanha tinham escolhido o “Remain” e apenas 4% dos eleitores preferiram o “Brexit”. Muitos, depois dos primeiros números favoráveis à permanência, e reconfortados pelas sondagens em urna, foram dormir convencidos de que o Reino Unido iria continuar a fazer parte desta grande família europeia. Para muitos, a má notícia chegaria de manhã: o “Brexit” tinha conseguido 52% dos votos, provocando naqueles que acreditam no projecto europeu uma reacção inicial de choque, de espanto e de estupefacção. E no final do dia - que começou com um sorriso por causa da votação de Gibraltar e que terminou com a Espanha a reclamar a soberania partilhada do enclave britânico - o sentimento já era de resignação para uns, de indignação para alguns e de medo para outros, depois de os britânicos terem entrado em território inexplorado. É oficial. Após uma crise financeira de dimensões gigantescas e depois da crise económica que rapidamente descambou para uma crise social, a Europa entrou numa grande crise existencial, que pode reiniciar o ciclo das crises. A financeira terá começado esta sexta-feira, que mereceu, com certeza, o epíteto de “negra”. Tal como o investidor George Soros previu no início da semana, o Brexit provocou a derrocada da libra e o pânico nas bolsas: o mercado de acções a nível mundial perdeu 2 biliões de dólares num único dia. O que vai acontecer a partir de agora ninguém sabe. Como dizia Angela Merkel,
“ninguém deve tirar conclusões simples e rápidas” porque estamos todos a andar em território desconhecido. Não sabendo ainda o que fazer - para além dos formalismos do artigo 50 do Tratado de Lisboa -, sabemos o que não fazer. Reduzir o resultado do referendo britânico a uma simples consequência de uma luta partidária interna é não querer ver a real dimensão do problema. Ao dizer que quer apressar a saída do Reino Unido da União Europeia para que “todo um continente não fique refém de uma luta interna entre os tories”, como fez Martin Schulz, é reduzir o fenómeno do “Brexit” a uma dimensão que não tem. É verdade, como diz Donald Tusk, que “este é um momento histórico, mas não é um tempo para reacções histéricas”. Há, no entanto, um meio termo entre o histerismo e a aparente desvalorização que o presidente do Parlamento Europeu quer dar ao fenómeno. O “Brexit” vai abanar os alicerces da Europa porque o que aconteceu no Reino Unido tem raízes em várias outras partes da Europa. Os populistas na França, na Holanda e na Suécia já se colocaram na fila dos referendos, onde a Escócia já tirou a senha para, como diz a primeira-ministra Nicola Sturgeon, um “altamente provável” segundo referendo. O Reino Unido desintegra-se e a Europa desfaz-se. Por enquanto, como escrevia a Reuters, a União Europeia “só” perdeu a quinta maior economia do mundo, o seu maior centro financeiro, o direito de veto do Reino Unido no Conselho de Segurança das Nações Unidas, um exército poderoso, com armas nucleares, e um parceiro comercial relevante no mercado único europeu. Mas, no futuro, podemos perder muito mais se procurarmos respostas onde populistas como Nigel Farage do UKIP (um dos grandes vencedores do referendo) as vão procurar. Haveremos de encontrá-las no mesmo lugar onde fomos buscar os valores da paz, solidariedade e tolerância que serviram de inspiração para construir este grande projecto que é a União Europeia.
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“BREXIT” mo conseguirá o novo líder unir um partido que travou a campanha em clima de guerra civil. Não são, no entanto, só os tories que têm de reparar pontes destruídas. O referendo provou o que as últimas legislativas já tinham mostrado — o UKIP está a canibalizar o descontentamento dos eleitores nas regiões do Norte que foram durante décadas zonas seguras dos trabalhistas. Nestas regiões, dizem os analistas, o que mais pesa é o sentimento anti-imigração e a descrença na classe política. Mas para a oposição interna, que há muito duvida da capacidade de Jeremy Corbyn para ganhar eleições, o líder do partido chegou demasiado tarde à campanha e foi incapaz de defender a importância da UE junto de um eleitorado que teria sido decisivo para evitar o “Brexit”. “Um líder tem de ser alguém que seja capaz de comunicar uma mensagem e inspirar confiança nessa mensagem. E Jeremy Corbyn falhou nas duas frentes”, disse à Sky News a deputada Ann Coffey, co-autora da primeira moção de desconfiança que o líder trabalhista enfrenta desde que foi eleito, há menos de um ano. O documento deverá ser discutido numa reunião do grupo parlamentar no início da próxima semana e, se vier a ser aprovado pelos deputados, desencadeará uma eleição interna. Corbyn, que nunca teve do seu lado a maioria da bancada parlamentar poderá sempre contar com o apoio do grosso dos militantes e dos sindicatos para ser reeleito. Mas a instabilidade política desencadeada por este referendo não se resume a Londres, tanto mais que a votação mostrou fortes assimetrias regionais, com a capital, a Escócia e a Irlanda do Norte a votarem em sentido contrário ao da restante Inglaterra e País de Gales. Ainda as palavras com que Boris Johnson quis tranquilizar os britânicos estavam frescas, quando a líder do governo autónomo escocês veio afirmar que o actual arranjo constitucional pode ser insustentável. A Escócia considera “democraticamente inaceitável” ser arrastada para fora da UE pelo voto inglês, afirmou Nicola Sturgeon, afirmando que “um [novo] referendo à independência é agora altamente provável”. Já antes, o Sinn Féin, maior partido republicano da Irlanda do Norte, avisara que a saída da UE “intensifica o argumento a favor da unificação da Irlanda” — uma alusão que promete gerar calafrios junto dos partidos unionistas com que partilha o Governo em Belfast.
TOBY MELVILLE/REUTERS
“Brexit” alimentou-se do desencanto nos antigos bastiões Labour
Resultados da votação mostram um Reino Unido dividido e também uma forte votação contra a UE nas zonas que eram até agora dominadas pela oposição trabalhistas
Ana Fonseca Pereira, em Londres
O
s britânicos votaram pela saída da União Europeia, mas o referendo de quintafeira ilustrou divisões que vão muito além da opinião que os eleitores têm sobre a União Europeia. A mais evidente é a que separa as grandes cidades — mais diversas e economicamente vibrantes — das zonas rurais, as pequenas cidades e os antigos bastiões industriais onde os receios com a imigração falaram mais alto. Uma mensagem que deve preocupar, antes de mais, o Partido Trabalhista, que, ao contrário dos conservadores, esteve unido no apoio à permanência, mas viu o Norte de Inglaterra votar de forma maciça a favor da saída, apesar de ser uma área de tradição trabalhista. Na região, onde o Governo conservador de David Cameron colocava boa parte das suas esperanças, o “Brexit” só não venceu nas grandes cidades como Manchester, Leeds ou Liverpool, tendo conseguido nas circunscrições do Nordeste algumas das percentagens mais elevadas a favor da saída. Um domínio que se estendeu ao Sul de Inglaterra, tradicionalmente conservador, que foi dominador no Leste (o jornal Telegraph adianta que em algumas zonas três em cada cinco eleitores votaram pelo “Bre-
xit”), e que foi também maioritário no País de Gales. Em sentido contrário, votou a grande metrópole londrina (embora com uma taxa de participação abaixo do que era expectável), a Escócia — a nação mais pró-europeia do Reino Unido, onde 62% dos eleitores votaram a favor da permanência — e também a Irlanda do Norte, onde a anunciada saída vai materializar a fronteira até agora inexistente com a República da Irlanda. Fracturas geográficas que abalam a estabilidade interna britânica, mas que colocam também sob enorme pressão o Labour e o seu líder, Jeremy Corbyn. Ainda os resultados oficiais estavam frescos e já vários responsáveis do partido vinham a público criticar Corbyn, que durante a campanha foi várias vezes acusado de pouco ter feito para convencer os eleitores de que já não é o eurocéptico que durante anos batalhou contra a UE. Mas os analistas avisam que o pouco entusiasmo que Corbyn mostrou nesta campanha não é suficiente para explicar o distanciamento entre a linha adoptada pelo partido e os seus eleitores mais tradicionais. “O referendo posicionou os jovens profissionais, os que frequentaram as universidades e a classe média urbana contra os que enfrentam dificuldades económicas, os mais velhos, os que têm pouca escolaridade e os que se sentem deixados para trás na sociedade”, escreveu
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | DESTAQUE | 5 Resultados do referendo Participação eleitoral 72,2% FICAR
“Brexit” Acompanhe a crise na Europa em www.publico.pt
SAIR
16.141.241
17.410.742
48,1%
51,9%
A independência escocesa pode estar ao virar da esquina
ESCÓCIA
IRLANDA DO NORTE
Vencedores por região (%) Ficar Sair
PAÍS DE GALES
Félix Ribeiro
N
INGLATERRA
80% 70%
Londres
60%
Fonte: Reuters
Os analistas avisam que o pouco entusiasmo que Corbyn mostrou nesta campanha não é suficiente para explicar o distanciamento entre a linha adoptada pelo partido e os seus eleitores mais tradicionais no Guardian Matthew Goodwin, professor da Universidade de Nottingham e especialista em movimentos de extrema-direita, sublinhando que é nestes pólos, cada vez mais opostos, que o Labour assenta a sua influência. Uma análise realizada pelo jornal britânico, que compara os resultados do referendo às características das circunscrições, confirma que o “Brexit” conseguiu a maioria dos seus apoios em zonas onde a média do rendimento das populações é mais baixo, onde os residentes têm
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menos escolaridade ou, ao contrário do que acontece em Londres, têm uma maioria de população nascida no Reino Unido. Divisões que o partido antieuropeu UKIP explora para aumentar a sua base de apoio fora das regiões do Sul (mais conservadoras), onde tem a sua génese, e que se galvanizaram perante o domínio que o tema da imigração assumiu nas últimas semanas de campanha. Para a população mais urbana, que vive em zonas mais diversas, a imigração significa crescimento económico e dinamismo. Para os outros, os 2,1 milhões de europeus a quem a livre circulação na Europa abriu portas representam competição pelo emprego, pela habitação e pelo acesso à saúde. “O eurocepticismo é um problema complexo para o Labour, mas o cepticismo com a imigração está muito mais disseminado entre os eleitores tradicionais do partido do que os sentimentos anti-UE”, escreveu Matthew Goodwin, citando estatísticas que indicam que quase dois terços dos apoiantes do partido criticavam a falta de controlo do Governo britânico sobre as suas fronteiras. A morte da deputada trabalhista Jo Cox, às mãos de um suspeito com ligações a grupos nazis, ou o repúdio gerado pela xenofobia patente num cartaz anti-imigração divulgada por Farage no mesmo dia, parecem não ter invertido esta tendência, ao contrário que indicaram as sondagens divulgadas nos dias seguintes.
ão existe escassez de paralelos entre o referendo britânico para a saída da comunidade europeia e a consulta para a independência da Escócia. Também há dois anos os escoceses tiveram de decidir se votariam no sentido do que vinham aconselhando especialistas e líderes europeus, segundo os quais romper com a união britânica seria catastrófico; e um sentimento nacionalista contrastante, que procurava mais controlo sobre os destinos da nação, abandonados por aquela altura a uma elite distante em quem o eleitorado escocês não votava. Também muita da acrimónia na campanha eleitoral em torno do “Brexit” já tinha surgido no referendo sobre a independência escocesa. Um dos debates mais fracturantes de então aconteceu precisamente sobre o futuro do Reino Unido na UE, algo que parecia improvável mas que poderia complicar-se caso o eleitorado mais europeísta no país — o escocês — subitamente desaparecesse. Bruxelas prometeu que uma Escócia independente sairia da comunidade e acusou os nacionalistas de arriscarem a desintegração europeia. Os papéis alteraram-se na quintafeira com o voto britânico a favor da saída da UE. Os escoceses não optaram pela ruptura em Novembro de 2014 em parte pela preocupação de que isso os retirasse de uma Europa que é encarada como uma peça fundamental para a posição da Escócia no mundo. O Partido Nacionalista Escocês (SNP) perdeu, mas reservou-se o direito de convocar um segundo referendo caso o sentimento eurocéptico mais a Sul acabasse por provocar o que o primeiro referendo afinal não fizera: o corte europeu. Esse já vinha sendo apresentado como o cenário mais provável em caso de “Brexit” e ontem a primeira-ministra escocesa quase o confirmou. “Da forma como as coisas estão, a Escócia enfrenta a possibilidade de ser retirada da UE contra a sua vontade”, disse Nicola Sturgeon. “Considero-o
democraticamente inaceitável. E enfrentamos essa possibilidade menos de dois anos depois de nos dizerem que era o nosso próprio referendo para a independência que iria terminar a ligação à UE e que apenas rejeitando-o a poderíamos proteger.” Sturgeon prometeu esgotar todas as alternativas para que a Escócia continue na comunidade europeia, com ou sem independência, mas disse também que um segundo referendo “é muito provável” e que, a acontecer, deve avançar nos próximos dois anos, a janela que os britânicos têm para negociar com Bruxelas. O referendo depende de Westminster, que o tem de aceitar, mas, como argumenta David Steven, da Brookings Institution, “é difícil imaginar um único argumento credível de quem defendeu a saída [britânica] que possa evitar um novo referendo.”
Ventos nacionalistas O SNP tem muito a seu favor, a começar pelo fosso entre os 62% dos escoceses que votaram pela permanência do Reino Unido na União Europeia e os 47% que o fizeram na Inglaterra. Joga também com o tom da campanha, em que se revelaram as divisões e o ressentimento entre os eleitorados inglês e escocês. “Para muitos eleitores ingleses, isto foi uma oportunidade para acenar com a bandeira de São Jorge e restaurar o
Nicola Sturgeon
orgulho nacional”, escreve Mark Easton, editor de política na BBC. “Em alguns aspectos, o voto no ‘Brexit’ foi um voto no nacionalismo inglês.” Sturgeon marcou uma reunião governamental para a manhã deste sábado, mas a meio da tarde de ontem o SNP já dava conta de que estava a ser “inundado” por mensagens de eleitores que recusaram o voto independentista em 2014 e que agora prometiam fazer o contrário. A rainha Isabel II repetiu o gesto de há dois anos e anunciou uma viagem à Escócia no início da semana, com passagem primeiro pela Irlanda do Norte, onde também as vozes que defendem a união com a República da Irlanda foram acicatadas pelo voto no “Brexit”. O histórico partido republicano Sinn Féin repetiu na sexta-feira o seu antigo apelo à realização de um referendo sobre a união das Irlandas, mesmo que o Partido Democrata Unionista, no poder, o tenha recusado prontamente e que as sondagens recolhidas nos últimos anos sugiram que menos de 30% dos habitantes na Irlanda do Norte desejem unir-se ao vizinho no Sul. E isto apesar de o departamento dos Negócios Estrangeiros da República da Irlanda ter anunciado durante a tarde que recebeu um número fora do normal de pedidos de passaportes. Por enquanto, a única possibilidade credível em cima da mesa é a de um segundo referendo para a independência da Escócia, que pode acabar decidido pelo sucesso das negociações de cessação entre o Reino Unido e Bruxelas. No rescaldo do voto no “Brexit”, porém, os ventos parecem tender para o lado dos nacionalistas escoceses. “Tinha orgulho em ser cidadã da UE porque me parecia que simbolizava o esforço de nos libertarmos do passado e caminhar para um mundo mais pacífico”, conta Sheila Perry ao diário Guardian. “Parece que se vai dar um realinhamento da política britânica e um voto para a independência escocesa. Até agora sempre estive muito oposta a isso, mas se existir um novo voto, vou sentir-me tentada a reconsiderá-lo.”
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“BREXIT” No day after, todos os eurocépticos querem referendos Já Marine Le Pen é dada como possível vencedora da primeira volta, com mais de 20%. Neste discurso, o Presidente não se esqueceu de nomear, sem dizer o nome, o risco que representa Le Pen: “O perigo é enorme perante os extremismos e os populismos. É sempre preciso menos tempo para desfazer do que para fazer, para destruir do que para construir. A França, país fundador da Europa, não o aceitará.” Outros pré-candidatos às presidenciais pesaram no debate. O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy apelou à realização de um “novo tratado europeu”, uma vez que o resultado do referendo britânico expressa “uma rejeição forte da Europa tal como funciona hoje.” O líder do partido Os Republicanos, e um dos muitos desta formação de centro-direita que disputa as primárias para eleger quem será o candidato a concorrer às presidenciais, Sarkozy quis colocar-se no palco do grande debate europeu. “Este sentimento de rejeição é partilhado por muitos franceses
e muitos outros povos europeus. Não podemos ignorá-lo”, afirmou, classificando esta como uma “grande crise”. “A Europa pode funcionar sem os britânicos”, estimou, mas a “Europa a 27 não pode continuar a trabalhar como até agora.”
Uma casa divivida em Itália Matteo Renzi, que tem feito correr rios de palavras a pedir reformas na União Europeia, retomou esse discurso após serem conhecidos os resultados do referendo britânico. “A Europa é a nossa casa e dizemo-lo hoje como nunca, agora que estamos convencidos que temos de renovar a nossa casa”, declarou o primeiro-ministro italiano.
CRISTINA SAMPAIO
O
bater de porta que se ouviu do outro lado do Canal da Mancha deixou cheia de satisfação Marine Le Pen, a líder da Frente Nacional que, tal como os líderes de outros partidos de extrema-direita europeus, aproveitaram o resultado do referendo britânico para exigir que os seus países possam também votar sobre a permanência na União Europeia. Apesar dos apelos a um “Frexit”, logo a seguir ao choque do “Brexit”, François Hollande, Presidente de um dos dois países considerados como pilares da União Europeia (juntamente com a Alemanha), manteve um tom grave e contido. “O voto dos britânicos põe a Europa à prova. A UE terá de demonstrar a sua solidez e a sua força, dando as respostas necessárias para controlar os riscos económicos e financeiros da saída do Reino Unido. Mas a decisão britânica também exige que se tome consciência das insuficiências do funcionamento da Europa e da perda de confiança dos povos no projecto que ela representa”, declarou. Com a saída britânica, as maiores perdas para França serão ao nível da defesa, a maior área de cooperação entre os dois países. O ministro da Defesa francês JeanYves Le Drian tinha publicado um artigo no Daily Telegraph, esperando ainda influenciar os eleitores a votar na permanência na UE. Hollande afirmou que as relações de proximidade terão de continuar, e fontes do Governo disseram à Reuters que o modelo terá de ser desenvolvido nos próximos dias. O Reino Unido “é o país melhor colocado para enviar forças para o estrangeiro quando for necessário, e com o qual podemos ter uma cooperação de alto nível na indústria da defesa”, disseram as fontes da agência britânica. Os resultados do “Brexit” caíram em tempo de longa pré-campanha eleitoral para as eleições presidenciais da Primavera de 2017, para as quais Hollande ainda não anunciou a recandidatura e é extremamente impopular - as sondagens dão-lhe apenas 12% de intenções de voto.
Hoje, Renzi estará em Paris para discutir este grande tornado que ameaça as fundações da casa europeia, antes da reunião de Berlim com a chanceler alemã Angela Merkel e da cimeira europeia de 28 e 29 de Junho em Bruxelas. “É preciso destacar aquilo que nos une sobre aquilo que nos divide. O mundo precisa da Europa da inovação, da Europa da coração, da democracia, da cultura, da liberdade”, acrescentou. Mas isto não quer dizer que Renzi não enfrente o eurocepticismo no seu próprio país, que aliás pode arruinar-lhe o optimismo aparentemente infinito no referendo que se há-de realizar no Outono sobre a reforma constitucional conduzida pelo seu Governo, através da qual seria instituída uma necessária — mas criticada — reforma eleitoral.
Há dois rostos para a resistência à UE: o de Matteo Salvini, líder da Liga Norte, que começou por ser um partido separatista, mas que hoje se afirma como um partido de extrema-direita e anti-imigração, equivalente ao de Marine Le Pen em França, e com expressão nacional, não apenas no Norte de Itália, como antigamente. “Obrigada, Reino Unido, agora é a nossa vez!”, disse Salvini no Twitter. A Liga Norte vai começar a recolher assinaturas para pedir a realização de um referendo “que permita aos italianos exprimiremse sobre os tratados europeus no modelo do referendo britânico. “A Europa tem a oportunidade de se livrar da União Europeia”, afirmou, numa entrevista à Rádio 24. “De Londres chegou uma grande bofetada para [o ex-Presidente Napolitano], [o
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Angela Merkel não foi meiga com as palavras: “Este é um golpe para a Europa. É com tristeza que tomamos conhecimento da decisão da maioria da população britânica. É um golpe contra o processo de unificação europeia”, afirmou a chanceler alemã, que na última década se tornou a líder de facto da União Europeia. Mas a Alemanha que ela lidera não baixou os braços e desdobrase em contactos: hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros recebe os seus congéneres dos países fundadores da UE, segunda-feira Merkel recebe em Berlim o Presidente francês François Hollande, o primeiroministro italiano Matteo Renzi e o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. E na terçafeira discursará no Bundestag, apresentando a posição que
Na corte de Catarina, a Grande W .C
Um “golpe” que Merkel promete ultrapassar
levará à cimeira europeia de 28 e 29 de Março - a primeira para a qual David Cameron não será convidado. Se a agenda da chanceler é cheia, a do seu ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, não deverá ser menos. O jornal Die Welt noticiava que o seu gabinete está a preparar já um “plano secreto” para o futuro do Reino Unido, um quadro estratégico para as negociações que se seguirão sobre o modelo de relação da UE com Londres após o divórcio. Schäuble faz também contas ao quanto Berlim passará a ter de contribuir mais para o Orçamento da UE, para cobrir a saída britânica. A Reuters cita números avançados pelos media alemães, retirados de um memorando interno do Ministério das Finanças, que estima que a Alemanha passará a ter de pagar mais 3000 milhões de euros. A confirmarem-se estes números, seriam preciosas achas a lançar para a fogueira pelo partido de extremadireita Alternativa para a Alemanha (AFD), eurocéptico e anti-imigração (sobretudo anti-islão). Em Maio, uma sondagem do jornal Bild davalhe 13% de intenções de voto nas legislativas do Outono de 2017 — o que o tornaria na terceira maior força política alemã. Mas este partido tem um problema desde o início, que é a fragmentação, e muitas personalidades a pensarem de forma independente e a quererem conquistar proeminência — e isso verificouse também na reacção ao “Brexit”. Se Björn Höcke, líder do partido na Turíngia, exigiu um referendo — “eu sei que a maioria do povo alemão quer sair da escravidão da UE”, afirmou, citado pelo jornal Frankfurter Allgemeine, o vicepresidente Alexander Gauland, disse apenas que a AFD ia lançar uma campanha para fazer regredir o tipo de união já alcançado. Seria melhor que a UE voltasse a ser uma união puramente económica, afirmou.
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ex-Presidente da Comissão Europeia e ex-primeiro-ministro] Prodi, [o ex-primeiro-ministro e comissário europeu] Monti e Renzi. Aqueles para quem a Europa é costa nostra”, declarou, citado pelo jornal Il Sole 24 Ore. Mas em Itália há outro partido anti-sistema, o Movimento 5 Estrelas (M5S), que se afirmou como líder da oposição já este mês, conquistou a câmara municipal de Roma. E, curiosamente, os eleitores da Liga Norte são os que mais se identificam com o M5S, revela um estudo do instituto Demos. Cerca de 30% dos eleitores da Liga simpatizam com o partido fundado pelo humorista Beppe Grillo. Mas o M5S não quer referendar a presença da Itália na UE. “As instituições transformamse de dentro”, diz um comunicado que surgiu esta quinta-feira de manhã na plataforma online do movimento, segundo a Economist. No entanto, o M5S continua empenhado na realização de um referendo sobre a permanência de Itália no euro.
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8 | DESTAQUE | PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016
“BREXIT” A Europa aprendeu a lição? Tudo leva a crer que não
Análise Teresa de Sousa
1.
O que vai fazer a Europa perante o “Brexit”? Ontem foi ainda o dia das reacções a quente e no formato habitual. Toda a gente lamenta, toda a gente considera que foi uma grande perda para a Europa, toda a gente reafirma a sua vontade de prosseguir a integração europeia, agora com um novo e urgente impulso. Basta, no entanto, prestar alguma atenção para perceber como esse desejo sincero de não destruir uma realidade extraordinária que garantiu à Europa a paz e a prosperidade, está muito longe de uma ideia conjunta, viável, realista e, sobretudo, que consiga ser percebida pelos europeus. Ninguém estava preparado para o resultado do referendo britânico. O que, em si mesmo, causa alguma perplexidade. Entre a negação e o choque, os responsáveis europeus não se conseguiram entender sobre o que estava a acontecer no Reino Unido. Ontem, as reacções não evitaram a habitual ordem dispersa. Na fotografia ficaram apenas divergências e desorientação. 2. Já se sabia que tinha sido muito difícil (se não impossível) um entendimento entre Paris e Berlim para uma iniciativa comum destinada, em qualquer dos cenários, a retirar a Europa do seu torpor. O euro foi o grande obstáculo para esse entendimento, e o euro é aquilo que ainda resta de mais forte no coração da Europa. A reacção da chanceler alemã, pedindo calma e tempo, não dá qualquer indício do que tenciona fazer o que, só por isso, é inquietante. François
Hollande carregou nas tintas. Admitiu que a saída britânica foi um “choque explosivo” e alertou para o que em seu entender é primordial: a economia e a necessidade de recentrar a Europa “no essencial”. “A Europa não pode manter-se como antes, perante um perigo imenso dos extremismos e dos populismos”, ignorando a desconfiança dos cidadãos. O que é essencial ficou por esclarecer. Estendeu a mão ao Reino Unido, lembrando que é um velho parceiro da França no que toca a defesa e à segurança. Ontem, o Handelsblatt, jornal económico de referência, escrevia que “ a decisão britânica assinala o dia mais negro da história da União Europeia”. Sven Afhuppe lembrava as responsabilidades da chanceler para salvar o projecto europeu e para travar a ascensão, também na Alemanha, da extremadireita nacionalista. Os europeus estão fartos da “burocracia e da arrogância de Bruxelas”. “Estão descontentes”. Por isso, concluía, “maior integração não pode ser a resposta a esta crise, mesmo que alguns políticos a queiram”. Mero bom senso. Desta vez, pouca gente se atreveu a responder com “mais Europa”. A chanceler convocou para Berlim, segundafeira de manhã (antes do Conselho Europeu), o Presidente francês, o primeiro-ministro italiano e Donald Tusk. Esqueceu-se de Jean-Claude Juncker, o que é manifestamente uma novidade. Justificou esse encontro dizendo que a Alemanha “tem um interesse particular e uma responsabilidade particular em garantir que a unificação europeia continue.” Há um confronto indisfarçável entre o presidente do Conselho Europeu e o presidente da Comissão sobre como lidar com a saída britânica. Juncker quer que Londres accione depressa o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, quer separar a negociação em duas etapas (primeiro sai, depois negoceia), quer que tudo se faça rapidamente. Tusk defende que é o Conselho Europeu quem
tem de negociar, e não a Comissão, inclinando-se para um mero acordo político que não se sabe exactamente o que é. De que lado está a chanceler? A bola está nas suas mãos, porque toda a gente olha para ela. A saída do Reino Unido tem um efeito imediato: torna a hegemonia alemã ainda mais visível. 3. Outro sinal de que não há grande esperança numa resposta de quem percebeu a lição, foi a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros e dos Assuntos Europeu no Luxemburgo. Os ministros francês e alemão estiveram presentes. As divisões também estiveram . “Respeitamos, mas lamentamos”. Todos quiseram tirar carga dramática a uma situação que não podia ser mais dramática. Acreditam que podem colocar em cima da mesa uma visão global da Europa, “numa atitude ofensiva”, disse ao PÚBLICO uma fonte diplomática. É uma mensagem ambivalente que se pode resumir assim: “É um choque mas podemos tirar partido dele”. Querem também pressionar Londres, ainda que de forma discreta, para que resolva depressa o assunto. Precisamente, o assunto acaba de tirar à União a segunda economia europeia, Exército europeu mais forte, uma força nuclear, uma diplomacia de primeira e um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU. Talvez a resposta não pudesse ser outra. O que se sabe em Bruxelas é que se mantêm divergências profundas nos três grandes trabalhos que a Europa tem pela frente: preservar o euro; desenvolver uma política de segurança e defesa; gerir a crise dos refugiados e dos imigrantes. Não há entendimento sobre estas três frentes. A Alemanha dá prioridade total à questão dos refugiados e imigrantes, aceita alguma coisa na defesa (sobretudo na segurança das fronteiras) e já disse que ia
aumentar o orçamento para a Defesa, mas sobretudo “não quer mexer na questão do euro nem um milímetro”. Hollande, pelo contrário, quer uma resposta forte em matéria de defesa e segurança (sobre a qual discutiu com Merkel em Verdun), não gosta de falar muito de refugiados e contesta a forma como a crise do euro está a ser gerida. É possível ultrapassar esta distância? Ninguém verdadeiramente acredita. 4. A reunião dos quatro presidentes também não trouxe grande clarificação. JeanClaude Juncker insiste numa resposta rápida. Curiosamente, em Londres, o novo poder conservador que ganhou o referendo, diz que não tem pressa (talvez nem tenha pensado a sério
no assunto, como a campanha indiciou), quer adiar as coisas para Outubro, depois da mudança de Governo. Juncker (não está sozinho) defende este “tratamento de choque” convencido que só assim pode estancar o efeito dominó, acreditando que pode dissuadir outros países a não caírem na tentação da renegociação ou do referendo. Pura ilusão. A extrema-direita já começou a reclamar uma consulta popular (da Holanda à Dinamarca, passando pela França) e a sonhar com o seu próprio “exit”. Juncker, um veterano, não terá percebido que foi esta lógica do castigo ou da ameaça que afastou as elites políticas europeias dos respectivos povos, como ficou demonstrado no Reino Unido. Outra lição que não foi aprendida. São exemplos
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | DESTAQUE | 9 JOHN MACDOUGALL/AFP
dos ministros no Luxemburgo, falou-se na importância de uma iniciativa na Defesa (sobre a qual Merkel e Hollande conversaram longamente em Verdun), porque os europeus são hoje particularmente sensíveis à necessidade de combater o terrorismo e olham com desconfiança para o que se passa a Leste. E também, valha a verdade, porque os Estados Unidos não vão ficar eternamente a garantir a segurança europeia. Federica Mogherini tratou de contrariar rapidamente a ideia com bons argumentos. Seria patético que a União Europeia tivesse uma iniciativa na Defesa quando o país com maior capacidade militar acaba de abandoná-la e quando estamos a meia dúzia de dias de uma cimeira da NATO. Mogherini, a quem o Conselho Europeu encomendou a revisão da Estratégia de Segurança europeia, já cumpriu a tarefa. Decidiu não a apresentar aos líderes, justamente porque não considera oportuna.
que cheguem para, num só dia, se compreender até onde vão as divisões na União Europeia, a falta de visão dos seus líderes, a distância a que as elites estão da realidade, e a perigosa ascensão dos nacionalismos. O contágio já não pode ser estancado com meia dúzia de ameaças. Na Suécia, na França, na Holanda e um pouco por toda a parte, há gente a beber champanhe e a esfregar as mãos de contente e há governos suficientemente frágeis para não conseguir travar a onda. O que os responsáveis europeus também não conseguiram perceber foi o efeito inevitável que as suas decisões têm na paisagem política europeia, com o colapso ou o enfraquecimento dos grandes partidos do centro. Hoje, a revolta contra o establishment
A chanceler convocou para Berlim, segunda-feira de manhã, o Presidente francês, o primeiro-ministro italiano e Donald Tusk. Esqueceuse de Jean Claude Juncker, o que é manifestamente uma novidade
é mais forte do que se suponha (basta olhar para o lado de lá do Atlântico), e a Europa é vista cada vez mais como uma coisa distante. Mas ontem a velha retórica sobre o caso excepcional de um país que foi sempre eurocéptico (o que não é exactamente verdade) foi também largamente enunciada. A realidade aponta em sentido contrário. O eurocepticismo já não é uma marca britânica e começa a ser um fenómeno geral. O medo da globalização, a desconfiança das decisões europeias, tomadas demasiado longe, a revolta contra os que vêm de fora, vistos como uma ameaça às vidas e as expectativas de muita gente, são um problema europeu. Finalmente, uma outra reunião, convocada para Berlim pelo chefe da diplomacia
alemã (social-democrata FranzWalter Steinmeier), juntou os representantes dos seis países fundadores. Para quem já não se lembre, França, Alemanha, Itália, Bélgica, Luxemburgo e Holanda. A primeira pergunta é: para quê e a que propósito? Não há entre eles unanimidade sobre o futuro da Europa, e o que eles significaram está há muito ultrapassado pela nova realidade da Europa unificada e pela zona euro, que é comum a 19 países. Querem uma “cooperação estruturada” em matéria de defesa, prevista mas já esquecida no Tratado de Lisboa, que poderia fazer algum sentido embora não venha na melhor altura? Tentam encontrar uma fórmula alargada para disfarçar o desentendimento franco-alemão? Na reunião
5. Falta dizer que a crise que a Europa enfrenta atinge hoje uma dimensão incalculável. O Reino Unido corre o risco de se transformar numa “Little England” caso a Escócia insista na independência. A Europa vive um dos momentos mais negros da sua história do pós-guerra, depois de décadas de paz e de prosperidade. Os seus líderes ainda podem evitar o abismo, mas já não terão muito tempo. Lá fora o mundo pasma-se com a capacidade de autodestruição de uma União que continua a ser rica, livre e socialmente justa. “Não quero dizer que o céu está a cair”, disse Nicholas Burns, antigo embaixador americano na NATO. Para acrescentar: “Com a combinação da agressão russa, a crise dos refugiados, a crise económica e agora o “Brexit”, este é o mais crítico momento da história da Europa, desde o fim da Guerra Fria”. Jan Techau, da Carnegie Europa, sublinhava que “a reputação da Europa lá fora sofreu um golpe massivo”. Cá dentro, a procura de uma resposta credível começa da pior forma. Espera-se de Merkel e dos outros líderes europeus que sejam mais responsáveis do que David Cameron. Não é pedir muito.
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“BREXIT” Este é o fim da União Europeia? “Não”, diz Juncker Sílvia Amaro, Bruxelas Líderes europeus apelam à união entre os 27 e querem que o Reino Unido inicie o processo de saída o quanto antes
O
s representantes das instituições europeias em Bruxelas estavam preparados para reagir a uma vitória, ainda que pequena, a favor da permanência do Reino Unido na UE, mas às primeiras horas da manhã tiveram de reescrever os seus discursos e rever as suas posições. Foi um amanhecer difícil na capital europeia, com os líderes incapazes de esconder o choque com a decisão do povo britânico em referendo. “Estou muito triste com esta decisão, mas é claro que temos de a respeitar,” confessou o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, nas suas primeiras palavras aos jornalistas. “É uma situação sem precedente, mas estaremos unidos na nossa resposta”, acrescentou. A um repórter que lhe perguntou se este era o fim da União Europeia respondeu com um lacónico “não”. E saiu da sala da conferência sob forte aplauso do pessoal da Comissão, relata a Reuters. Para os funcionários britânicos da UE deixou ainda uma palavra: não perderam o emprego de um dia para o outro, assegurou. “De acordo com o nosso estatuto, vocês são funcionários da ‘União’. Deixam os ‘chapéus’ nacionais à porta desde que entram nestas instituição. Hoje, esta porta não se fecha para vocês”, escreveu Juncker numa carta enviada aos funcionários — viam-se lágrimas nos rostos de muitos deles.
“Desilusão” Mas as mensagens em Bruxelas, uma atrás da outra foram de “desilusão” com o resultado, e de apelo à “calma” e à “união” entre os restantes 27 membros do bloco rejeitado na véspera pelos eleitores do Reino
Unido. “Tínhamos dois discursos preparados. Mas passámos muito mais tempo a fazer o da vitória da permanência. Para ser sincero, era um discurso muito melhor”, disse à Reuters um elemento da Comissão que esteve envolvido na elaboração desses discursos. Agora que a decisão foi sair, a UE foi clara: que o Reino Unido saia o quanto antes. Só assim, a incerteza política e económica que se instalou com o anúncio do resultado do referendo terá um fim. “Esperamos agora que o Reino Unido inicie o processo para concretizar a sua decisão o mais rápido possível, independentemente do quão doloroso esse processo se possa tornar. Qualquer atraso prolongaria de forma desnecessária a instabilidade política e económica”, declarou o presidente da Comissão. Mas os 27 que ficam devem “evitar a tentação de se tornarem vingativos, e focarem-se em vez disso na construção de consensos em áreas como a segurança, a migração e o crescimento económico”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier. Dado o resultado do referendo, cabe agora às autoridades britânicas accionar o Artigo 50 do Tratado de Lisboa — que dita que um Estado-membro pode deixar a UE e negociar a saída durante um período de dois anos. Há muitas questões jurídicas a resolver, desde as novas regras para o comércio entre o Reino Unido e a UE à reconfiguração do Parlamento Europeu, onde têm assento 73 eurodeputados britânicos. “Qualquer acordo com o Reino Unido como país terceiro terá de reflectir os interesses de ambos os lados, de forma equilibrada em direitos e obrigações,” notou Juncker. “Até este processo estar concluído, o Reino Unido continuará membro da União Europeia.” O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, admitiu que o momento que se vive é “histórico” mas alertou contra “reacções histéricas”. O polaco disse estar “ciente do quão sério e até dramático este momento é politicamente”, mas acrescenta que
a UE a 27 está preparada para lidar com a situação. Haverá muito que discutir na cimeira da próxima terça-feira em Bruxelas. É preciso perceber como continuar com menos um país dentro do clube, e qual o futuro depois desse membro sair — o caminho deve ser mais ou menos integração europeia? Há quem acredite que caminhar para uma Europa federalista é a única forma de impedir o fim da UE. Mas também há quem diga que não se deve dar motivos para a vitória de movimentos populistas. Na tentativa de encontrar e definir um futuro a 27, a Europa desdobrase em reuniões. A chanceler alemã Angela Merkel convidou o primeiroministro italiano Matteo Renzi, o Presidente francês François Hollande e o presidente do Conselho Europeu Donald Tusk para um encontro em Berlim na segunda-feira. O Parlamento Europeu anunciou também uma sessão plenária extraordinária, no mesmo dia, para analisar o resultado do referendo britânico.
Choque e oportunidade A eurodeputada Ana Gomes (PS) disse ter ficado “chocada” com o resultado do referendo e lamentou profundamente a decisão do povo britânico. É um “terramoto para o Reino Unido e para Europa”, afirmou. No entanto, trata-se também de uma “oportunidade para a União de se reformar” e, “sem eufemismos” avançar para uma Europa federalista, considerou. Já Marisa Matias, que representa o Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu, acredita que o referendo inicia um “processo complicado”, sobretudo para o Reino Unido. “Não creio que seja o fim da UE, mas tenho mais dúvidas do que certezas do que será o futuro do Reino Unido”, disse ao PÚBLICO. Marisa não se surpreendeu com a demissão do primeiroministro Cameron, que “tinha obviamente que assumir o resultado”, mas na sua opinião, o líder conservador devia ter tentado criar condições de estabilidade até à sua saída. Finalmente, o eurodeputado do PSD, Paulo Rangel, disse que o resultado apanhou a Europa “de surpresa” e que é preciso agora uma resposta “forte” por parte da União, para evitar uma “multiplicação de referendos”. Já começaram a ouvir-se vozes de partidos eurocépticos, em vários países, que reclamam a realização de novas consultas populares sobre a participação na UE. “Tornouse oficial, estamos numa crise política,” concluiu.
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“E, agora, o que vai acontecer?”, perguntam os ingleses no Algarve Idálio Revez
H
á desde ontem uma grande interrogação entre a comunidade britânica residente no Algarve, depois do referendo — e agora, o que vai acontecer? A pergunta não tem resposta. William Weber é o único do grupo que habitualmente joga “bridge” em São Brás de Alportel a manifestar-se a favor do “Brexit”. “Sim, votei para sair”, diz, declarando-se monárquico, adepto da “recuperação da soberania da Inglaterra”. No intervalo do jogo não se falava noutra coisa, senão da queda da libra e das consequências possíveis para quem vive e tem negócios em Portugal. O que sobressai é o sentimento de inquietação. Mas, bem vistas as coisas, diz Adriano Carapeto, proprietário de uma imobiliária, na Quinta do Lago, “nada está perdido e Portugal até pode tirar partido da situação agora criada com o referendo”. Sugere que “Portugal pode dar a resposta ao vazio que foi criado com esta situação, desde que apresente condições para que os britânicos se sintam confortáveis num país que continua no espaço europeu”. O governo português devia anteciparse a outros parceiros da União Europeia, na sua opinião, para que fosse criado o “estatuto do residente”. Os
fluxos de capitais, particularmente activos nos últimos tempos, diz, podiam ter aqui acolhimento. Carapeto, além de se dedicar ao ramo imobiliário, comercializa na zona de Liverpool produtos tradicionais portugueses, que vão desde o chouriço de porco preto ao mel de rosmaninho. Num primeiro momento, admite, a votação que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia vai causar alguma turbulência nos mercados, “mas depois as relações comerciais tenderão a regressar à normalidade”. Byron Fisher, residente há 28 anos no Algarve, discorda: “Os próximos anos vão ser muito difíceis, para quem vive lá [Reino Unido] e para quem está cá. Todos perdemos”. O conterrâneo Timm Marks está igualmente descontente por dois motivos: o resultado do jogo das cartas e do referendo. “Hoje [sexta-feira] é um dia mau para mim”, declara. A irlandesa Carmel, outro elemento grupo dos “Amigos do Museu do Trajo”, em São Brás de Alportel, tal como Timm, está apreensiva: “Não é possível prever todas as implicações desta decisão”, observa. A Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), em comunicado de imprensa, recorda que o Reino Unido é responsável por cerca de 1,8 milhões de passageiros desembarcados, anualmente, no aeroporto de Faro. VIRGÍLIO RODRIGUES
Desembarcam 1,8 milhões de turistas britânicos em Faro, por ano
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“BREXIT” O que pode mudar na economia com o “Brexit” Efeitos imediatos vêm das bolsas e da libra, que estiveram já ontem em forte queda. A prazo, o impacto será sentido no comércio e na circulação de pessoas Sérgio Aníbal
A
decisão dos eleitores britânicos de retirar o país da União Europeia é um acontecimento com impactos potenciais muito significativos em todo a economia mundial. O Reino Unido será certamente o país que mais tem em jogo, mas os outros membros da UE, numa primeira linha, e todos os restantes parceiros comerciais da Grã-Bretanha serão também afectados. Estas são as áreas em que as mudanças mais importantes se podem vir a sentir.
Reacção negativa das bolsas Se é verdade que, em termos práticos, a saída efectiva do Reino Unido da União Europeia ainda vai demorar algum tempo a concretizar-se, não se pode pensar que os efeitos da decisão agora tomada apenas serão sentidos a prazo. Nos mercados financeiros, as expectativas em relação a potenciais impactos futuros começam logo a produzir efeito, como já foi possível verificar na manhã desta sexta-feira. E como a maior parte das análises (feitas por bancos centrais, organizações internacionais e bancos) é a de que o “Brexit” terá efeitos negativos muito consideráveis tanto na economia britânica como na econo-
mia mundial, foi sem surpresa que se assistiu, na abertura esta sexta-feira dos mercados financeiros internacionais, a um dia de grande nervosismo e perdas muito fortes. Nas bolsas, a queda do valor das acções foi bastante acentuada logo nos primeiros minutos da sessão e manteve-se até ao fim do dia. Depois de perder mais de 7% logo no arranque, a bolsa de Londres recuperou de forma progressiva, acabando ainda assim o dia com uma descida do seu principal índice de 3,15%. Nas restantes bolsas europeias as quedas foram maiores, o que mostra a preocupação que os mercados têm em relação ao impacto potencial para a economia europeia como um todo. O mercado alemão registou uma descida de 6,82%, em Paris a queda foi de 8,04% e em Madrid e Milão o impacto negativo era ainda mais forte, com desvalorizações acima dos 12%. Na bolsa de Lisboa, a perda foi de 6,99%. Noutros continentes, o ambiente também não foi positivo, tendo a bolsa de Tóquio fechado com uma descida de 7,92%, ao passo que Nova Iorque abriu o dia com uma perda próxima de 2,2%.
cambiais. Aí, a principal vítima é claramente a libra. Nos mercados está-se a antecipar não só uma perda da importância da economia britânica, como uma redução da utilização da libra nas trocas comerciais e nos fluxos financeiros à escala global. Por isso, até às 17h00 desta sexta-feira, a libra perdeu 8,44% do seu valor face ao dólar e 6,37% face ao euro. Esta depreciação da divisa britânica irá ter efeitos muito importantes (e imediatos) no comércio internacional e no turismo, por exemplo. Apesar de ter ganho terreno face à libra, o euro poderá também não sair ileso do “Brexit”. Os mercados podem ver a saída da União Europeia como um claro sinal de fraqueza do projecto europeu e, mesmo sabendo que o Reino Unido nunca adoptou o euro, podem ficar ainda mais desconfiados relativamente à capacidade para manter intacta a moeda única europeia. Para já, o que está a acontecer é uma descida de 2,14% da cotação do euro face ao dólar e de 6% face ao iene.
Convulsão no valor das divisas
A seguir à reacção dos mercados, que tenderão a caminhar em direcção a um novo ponto de equilíbrio, o outro efeito de curto e médio prazo será o provável adiamento de investimen-
Aquilo que está a acontecer nas bolsas acontece também nos mercados
Incerteza prolongada
Portugal ainda fragilizado vê nova crise
C
om poucas certezas em relação à força da sua recuperação económica e ainda a ter de enfrentar as dúvidas dos mercados em relação à saúde das suas finanças públicas, Portugal vêse agora a braços com mais uma convulsão nos mercados internacionais. No início do ano, quando nos mercados o clima era de nervosismo por causa da instabilidade na China, Portugal foi um dos países mais afectados, com quedas acentuadas na bolsa e com uma subida das taxas de juro da dívida maior do que a dos outros países periféricos da zona euro. Agora, de novo com os mercados internacionais em polvorosa, Portugal é novamente um dos países mais fragilizados. Ainda assim, na primeira sessão do dia a seguir ao voto no “Brexit”, Portugal não se destacou particularmente nos mercados. Na bolsa de Lisboa, a perda foi de 6,99%, com o PSI 20 a fechar nos 4.362,11 pontos, chegando aos níveis de 1996. A queda foi semelhante
à registada na Alemanha e a França, mas ficou abaixo da verificada em Espanha e Itália. A banca fez-se notar nas perdas. O BCP, que iniciou a sessão a perder mais de 20% terminou a negociação a cair 12,2%, para 1,8 cêntimos, o BPI perdeu 4,16%, para 1,08 euros, e os CTT, que agora também estão expostos ao sector financeiro, recuaram 10,77%, para 6,93 euros. Em comunicado, Associação Portuguesa de Bancos lamentou o “Brexit”, alertando que não poderá “deixar de provocar forte volatilidade nos mercados” Ao PÚBLICO, a presidente da administração da Euronext Lisboa, Maria João Carioca, não arriscou fazer previsões no médio-longo prazo. “Não consigo ter a audácia de fazer perspectivas muito fechadas nesta altura”, afirmou. No mercado secundário de dívida pública, as taxas da dívida portuguesa a dez anos subiram 27 pontos base, para 3,38%, um agravamento ligeiro, mas que ainda assim foi mais forte do que o verificado em Itália e Espanha.
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | DESTAQUE | 13 THOMAS SAMSON/AFP
A Bolsa de Paris registou uma queda de 8,04%
7%
de queda no valor das acções no arranque da bolsa de Londres nesta sexta-feira
2,14% foi quanto desceu a cotação do euro face ao dólar, e 6% face ao iene
3 milhões de pessoas vindas de outro Estado-membro da UE a viver no Reino Unido tos devido ao clima de incerteza que se irá viver até que o “Brexit” se concretize na prática. São muitas as dúvidas que persistem, como saber o que é que acontece às muitas directivas europeias em vigor no Reino Unido, quais os acordos comerciais que irão passar a estar em vigor, qual o efeito da saída na City londrina, e qual o efeito real na economia de todo este processo. Neste ambiente de dúvida, é evidente que o investimento (seja dentro do Reino Unido, seja de empresas britânicas no resto da União Europeia) se irá ressentir, podendo acabar por influenciar o efeito final do “Brexit” na economia mundial.
Comércio limitado Os primeiros impactos do “Brexit” no comércio serão rápidos, já que estão relacionados com as variações no valor das divisas que já estão a acontecer. As exportações britânicas vão tornar-se mais atractivas no estrangeiro e as vendas que outros países queiram fazer ao Reino Unido vão passar a contar com uma concorrência mais forte dos produtos produzidos internamente. A economia portuguesa, e em particular os seus sectores exportadores, podem ser aqui prejudicados, e a situação deficitária que o país já tem face ao Reino Unido tenderá a agravar-se. Depois, a prazo as consequências
no comércio da saída britânica da UE irão depender do tipo de acordos que venham a ser adoptados. Ao perder o acesso ilimitado ao espaço único europeu, o Reino Unido terá agora de negociar com a UE novas regras para a entrada e saída de bens e serviços. Os modelos actualmente em vigor nas transacções da UE como países como o Canadá, a Noruega e a Suíça podem servir de inspiração, mas uma coisa é certa: quanto mais acesso ao mercado europeu o Reino Unido quiser ter, mais regulações da UE e mais contributos para o orçamento europeu terá de vir a aceitar. Para além disso, o Reino Unido terá igualmente de negociar novos acordos bilaterais com outros países fora da UE, um processo diplomático que se prevê difícil e demorado. A expectativa, por isso, é que o resultado final do “Brexit” seja o de uma redução das transacções comerciais do Reino Unido com o resto do Mundo, especialmente a UE.
Menos movimento de pessoas Há, neste momento, cerca de três milhões de pessoas vindas de outro Estado-membro da UE a viver no Reino Unido e 1,3 milhões de cidadãos britânicos a viver noutros países da UE. Para todas estas pessoas, a vitória do “Brexit” trouxe vários motivos para estarem apreensivos.
Obama garantiu que a ‘relação especial’ entre Washington e Londres vai perdurar e que a UE e o Reino Unido continuam a ser “parceiros indispensáveis dos EUA” Ninguém espera que seja exigido a todos estes migrantes que regressem imediatamente ao local de origem (os apoiantes do “Brexit” fizeram questão de garantir que os direitos dos imigrantes actuais seriam mantidos), mas vários especialistas assinalam que haverá certamente mais restrições à circulação de pessoas e à sua permanência assim que o Reino Unido deixar de fazer parte da UE. Em termos económicos, esta mudança tem, para além dos efeitos negativos evidentes para os próprios migrantes, várias consequências: o Reino Unido irá perder o impacto positivo no crescimento da entrada de mão-de-obra, em muitos casos qualificada; países como Portugal perdem o efeito financeiro positivo do envio de remessas provenientes dos emigrantes no Reino Unido (agravado pela depreciação da libra); uma redução do número de cidadãos britânicos a viver no resto da UE implicaria uma perda para a actividade económica nos países (como Portugal) que os recebem. Depois há ainda o movimento de pessoas por via do turismo, um factor muito importante para Portugal. Devido à desvalorização da libra, é possível que menos turistas britânicos se desloquem para o estrangeiro. E além disso, a prazo, Portugal poderá perder a vantagem competitiva que tinha em relação a países fora da UE relacionada com a facilidade de entrada dos turistas britânicos.
Orçamento europeu mais apertado Fazendo as contas àquilo que envia e aquilo que depois acaba por receber de volta, o Reino Unido é o quarto maior contribuidor líquido para o orçamento da UE, a seguir à Alemanha, França e Itália. São cerca de nove mil milhões de euros que podem deixar os cofres de uma União Europeia que já agora se vê a braços com dificuldades para fazer face eventos extraordinários como o afluxo de refugiados. Ainda assim, é preciso ter em conta que os cálculos finais para o orçamento da UE vão depender do tipo de entendimento que vier a ser estabelecido entre as duas partes no futuro. É que, para poder ter um acesso mais favorável ao mercado europeu, o Reino Unido pode vir a ser forçado a continuar a dar um contributo para o orçamento da UE, tal como acontece actualmente com outros países como a Noruega e a Suíça.
Expectativas e receios nas relações comerciais entre Portugal e Reino Unido Ana Brito e Pedro Crisóstomo
A
pesar do resultado do referendo britânico, Portugal e o Reino Unido “vão continuar a ser bons parceiros comerciais”. A convicção é do presidente da Câmara de Comércio Luso-Britânica (CCLB), Chris Barton. “Portugal e o Reino Unido têm uma aliança forte e já eram bons parceiros comerciais antes da União Europeia e não há razão para que não continuem assim”, afirmou ao PÚBLICO. O tom é de optimismo moderado, apesar de a Europa ter pela frente um processo inédito e prolongado para negociar pela primeira vez a saída de um país da comunidade, que tem aqui o seu principal mercado. “As empresas não gostam de incerteza e volatilidade”, mas a “experiência mostra que se sabem adaptar”, desdramatiza Chris Barton. Por isso, o presidente da CCLB antevê que, depois do primeiro impacto, a comunidade empresarial vai saber ajustar-se à nova realidade. “Pode levar dias ou semanas até a poeira assentar, mas depois a realidade tem de ser encarada” de frente. Já para Paulo Nunes de Almeida, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), a decisão “está a ter gravosas consequências nos mercados financeiros, podendo atrasar ainda mais a construção da União Económica e Monetária Europeia”. Isso “interfere negativamente no comércio internacional e subtrai riqueza ao PIB mundial”, alertou através de um comunicado. Neste quadro, diz, a vitória do “Brexit” é uma “perda para as empresas e para a economia portuguesas”. “Há que assegurar que as relações políticas e económicas entre os dois países se reforçam”, sustentou, por seu turno, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, num comunicado onde avisou que “o período que se segue na União terá de ser enfrentado com ponderação, para que os factores de instabilidade não sejam
reforçados”. A Confederação do Comércio e Serviços (CCP) defende ser necessário que “no processo de negociações os líderes europeus reconheçam o Reino Unido como um parceiro comercial fundamental” e que “se assegure um bom clima para a actividade empresarial”. O presidente da Associação de Têxteis e Vestuário de Portugal (ATP), João Costa, não espera que o “Brexit” tenha “efeitos directos significativos ao nível das relações económicas e comerciais” entre a UE e o Reino Unido. “No imediato, [a saída do Reino Unido] afectará com certeza as exportações do nosso país”, mais pela via da contracção da economia britânica e pela queda do consumo, disse o responsável da ATP ao PÚBLICO. “Não penso que o Reino Unido ou a UE vão estabelecer barreiras aduaneiras”, que possam restringir os fluxos comerciais entre ambos, acrescentou. O resultado do “Brexit” veio abrir um quadro de incerteza sobre qual o lugar do Reino Unido no acesso ao mercado único europeu, fundamental para a sua economia (e se no futuro haverá tarifas alfandegárias, por exemplo). Mais de metade das exportações britânicas têm como destino a UE (e também mais de 50% das importações têm origem nos restantes países da União). Para Portugal, o Reino Unido é um mercado com peso determinante no comércio internacional. É o quarto país para onde Portugal mais exporta — depois da Espanha, França e Alemanha — e as vendas têm vindo a aumentar bem acima do ritmo de crescimento global de todas as exportações portuguesas. Portugal vendeu bens ao mercado britânico no valor de 3349 milhões de euros, mais 14% do que no ano anterior, enquanto as exportações nacionais apresentaram no ano passado uma subida de 3,7%. O têxtil e o sector alimentar são algumas das áreas de actividade mais importantes para as vendas de bens portugueses. No topo estão as exportações de máquinas, aparelhos e material eléctrico (633,8 milhões no ano passado).
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“BREXIT” Geringonça a dois ritmos: como a esquerda quer repensar a Europa António Costa e Presidente da República defendem que Portugal deve estar activo no debate europeu, enquanto PCP e BE querem Tratado Orçamental “na gaveta” Liliana Valente
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uestionar não é sair, é querer mudar. Poderia ser o lema do Governo no debate que agora se inicia sobre o que fazer com a União Europeia sem Reino Unido. Mas primeiro, é preciso haver cola na maioria de esquerda. É que se até agora nenhum dos partidos deu o passo para defender uma saída do clube de Bruxelas, os três partidos defenderam que se deve repensar a União, a ritmos diferentes. À esquerda, todos querem mais debate sobre a Europa porque como está não serve, mas PCP e BE dão um passo maior e questionam o Tratado Orçamental. Quando António Costa se apresentou às eleições dizia que queria ter outra voz na Europa, e depois do “Brexit” viu uma porta aberta para questionar a política que está a ser seguida pelas instituições europeias, para pedir um debate intenso e uma refundação da UE. “Esta má notícia tem de ser interpretada devidamente, não para uma depressão colectiva. É preciso ver a mensagem que os cidadãos europeus repetidamente têm dado: a União Europeia tem de ser útil às suas vidas”, disse. A interferência na vida das pessoas foi o ponto a que se agarrou para defender o debate sobre a gestão europeia, sobretudo numa altura em que
a Europa está a braços com várias crises — imigração, refugiados, défices, instabilidade política em alguns estados-membros. Perante o cenário, para Costa, este tempo é uma “oportunidade” para que os países reflictam “o que significam estes resultados e a necessidade que temos de responder aos anseios dos cidadãos da Europa”. Carlos César preferiu chamar-lhe outra coisa. Fora do colete de forças institucional que é o Governo, o líder parlamentar do PS foi mais solto nas palavras e criticou a maneira como a Europa tem lidado com as várias crises: “Mostram essa desorientação e desadaptação das instituições comunitárias à realidade”. Mas criticar não é pôr em causa a União. Governo e PS estão do lado dos que ficam e dos que não querem sequer ver crescer um debate em torno de uma saída. “Este é o momento de dar um sinal muito claro aos cidadãos europeus de que o caminho não é a desintegração”, defendeu Costa. O Presidente da República acompanha a leitura de que os ideais pelos quais a UE se constituiu “manifestamente necessitam de ser repensados e reforçados nas modalidades e práticas da União Europeia”, defendeu em comunicado. O chefe de Estado puxou a brasa para o lado dos que defendem uma posição activa do país, sempre europeísta, dizendo que
Secretário de Estado das Comunidades apela à “tranquilidade”
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secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, declarou ao PÚBLICO que “o comportamento dos portugueses que vivem no Reino Unido deve ser de tranquilidade”, na sequência da vitória da saída da União Europeia em resultado do referendo. Salientando a importância da “leitura histórica”, José Luís Carneiro adverte que a atitude deve ser a de quem “vive num país com quem Portugal tem um dos tratados de cooperação mais antigos do mundo e que é um cofundador da EFTA”. José Luís Carneiro sublinha, porém, que “os portugueses devem procurar obter o estatuto de cidadãos residentes ou a nacionalidade britânica” e também “manter-se em contacto com os serviços consulares ou consultar o portal das comunidades portuguesas”. E anuncia que foi já tomada a
“decisão de enviar um cônsulgeral adjunto para Londres”, assim como “o reforço dos funcionários consulares em Londres e em Manchester”. Contrariando qualquer ideia de dramatismo em relação à situação dos portugueses que vivem no Reino Unido, o secretário de Estado José Luís Carneiro lembra que o Reino Unido terá agora de notificar a União Europeia de que quer sair, após o que “decorrerá período de dois anos em que se desenrolará um processo negocial para estabelecer as novas relações entre Reino Unido e União Europeia e sobre as condições a conceder aos cidadãos da União Europeia que vivem e trabalham no Reino Unido”. Sobre o resultado do referendo britânico, o secretário de Estado das Comunidades considerou que “é um revés muito profundo num projecto de paz, bemestar e desenvolvimento”. São José Almeida
Portugal “deverá continuar a manter o seu empenhamento nos ideais de paz, liberdade, democracia, bem-estar e desenvolvimento em, que está no cerne da construção europeia, como um eixo central da visão e da estratégia nacionais”. Já antes do referendo, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, tinha defendido em declarações ao PÚBLICO que, com o “Brexit”, a Europa enfrenta um risco sério de “desafectação dos europeus em relação às instituições europeias e ao ideal europeu”. Mas mais, “enfrenta um sério risco de desagregação”. Como combatê-lo? “É preciso reagir com sangue-frio, não entrar em pânico e saber evitar o efeito dominó, sobretudo em países que se sentem mais próximos do Reino Unido, como a Holanda, a Dinamarca ou a Polónia.”
Tratados “na gaveta” Se no Governo a preocupação é de conter a crise dentro de portas, os partidos que apoiam António Costa querem mais, querem o Tratado Orçamental “na gaveta”. O BE defendeu um referendo ao Tratado Orçamental, mas não agora, para não contaminar a discussão. Contudo, espera que a “Europa ganhe juízo e não considere que o essencial neste momento é discutir se a prioridade europeia é ter sanções sobre Portugal ou Espanha”,
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | DESTAQUE | 15 DANIEL ROCHA
Donald Tusk, líder do Conselho Europeu, com António Costa, em Lisboa, no início da semana
O QUE ELES DIZEM
Não podemos dramatizar esta situação. O Reino Unido pode ter decidido sair da UE, mas não saiu da Europa. É o nosso mais antigo aliado Pedro Passos Coelho Líder do PSD
Os resultados mostram como esta Europa não satisfaz os cidadãos Carlos César Líder parlamentar do PS
A continuarem estas políticas, este referendo será o primeiro de vários Pedro Filipe Soares Dirigente do BE disse, Pedro Filipe Soares, do BE. A ligação é directa: nos próximos dias há eleições em Espanha (amanhã), Conselho Europeu (a 28 e 29) e depois a Comissão tomará uma decisão no início de Julho sobre sanções a aplicar a Portugal e Espanha por défice excessivo. Olhando para este calendário, o PCP quer que o Conselho Europeu lance “as bases para a convocação de uma cimeira intergovernamental com o objectivo da consagração institucional da reversibilidade dos tratados, da suspensão imediata do Tratado Orçamental e sua revogação, bem como da revogação do Tratado de Lisboa”, disse João Ferreira, do comité central. Bruxelas pediu para que o Reino Unido saísse rápido, mas ainda não se sabe como e uma das preocupações do Governo é em relação aos emigrantes portugueses e às relações económicas bilaterais. Pelo Governo, Santos Silva já tinha dito que o importante era garantir, que “o motor económico britânico se mantenha no avião europeu”. E assegurar acordos bilaterais. Tendo em conta a relação histórica entre os dois países, “esse acordo bilateral deve favorecer especificamente os imigrantes portugueses e é perfeitamente alcançável.” Para já, os socialistas propõem uma estrutura de missão da diplomacia portuguesa para acompanhar os desenvolvimentos. E não serão poucos.
Este momento deve ser encarado como uma oportunidade para se enfrentarem e resolverem os reais problemas dos povos, questionando todo o processo de integração capitalista da União Europeia Comunicado do PCP
Este é um dia de alguma tristeza. A União Europeia está a sofrer uma consternação profunda Assunção Cristas Líderr d do o CDS CDS S
Passos defende que não pode haver pressa na saída do Reino Unido da UE
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um movimento contrário àquele que foi o mais comum um pouco por toda a Europa, Pedro Passos Coelho defendeu ontem, em conferência de imprensa na sede do PSD, que a saída do Reino Unido da União Europeia não pode ser rápida nem precipitada. “Julgo que é importante reafirmar que, como portugueses, estamos convictamente na Europa e no projeto europeu. Coisa diferente é querer artificialmente apressar as negociações, de maneira a pôr tão rapidamente quanto possível um ponto final neste processo, de modo a evitar um efeito de contágio político que pudesse ser seguido por outros países.” O líder dos sociais-democratas aproveitou também para reiterar a confiança no projecto europeu e defendeu que devem evitar-se “excessos de dramatização”, apesar da saída britânica não poder ser desvalorizada. “Devemos evitar nesta altura quer excessos de dramatização quer a pura desvalorização da decisão do referendo britânico”, disse Pedro Passos Coelho, comentando a vitória do ‘brexit’ no referendo no Reino Unido. Também ao contrário do que foram as declarações da esquerda que está comprometida com a geringonça, Passos disse que é preciso reafirmar, com convicção, o envolvimento português no actual projecto europeu. “Ele tem representado para Portugal uma esperança de modernização, progresso e estabilidade e creio que essa é a forma como os portugueses, de modo geral, encaram a nossa pertença europeia.” E acrescentou: “Recomendaria ao Governo português, como a todos os governos europeus, que pudessem maximizar as suas próprias responsabilidades procurando tomar decisões em matéria de política e financeira, mas também em termos de política geral, que reforcem a responsabilidade de cada país para que a nossa resposta colectiva possa ser mais assertiva e ao mesmo tempo mais robusta para enfrentar este tipo de dificuldades.” Antes de Passos, foi Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD, que
reagiu aos resultados britânicos, a partir da Assembleia da República. “É preciso enfatizar que nós estamos sobretudo dependentes de nós próprios, os riscos que impendem sobre Portugal, nomeadamente na política orçamental e na política económica são riscos de natureza interna”, assumiu o social-democrata. “Não devemos acrescentar problemas à nossa afirmação como uma das partes de construção desta Europa unida”, sublinhou Luís Montenegro. “É evidente que a política económica que o Governo tem seguido e a política financeira têm exposto Portugal a uma situação de vulnerabilidade maior que deve ser evitada.” O deputado social-democrata pediu que não se sujeite Portugal a uma situação de vulnerabilidade. “As instituições portuguesas devem reflectir sobre o que tem sido o nosso caminho”, destacou. Mas considerou que é altura de em Portugal se fazer um debate “sério e profundo” sobre o papel do país no processo de construção europeia e sobre o caminho que tem de ser percorrido.
Pelo CDS, a líder Assunção Cristas desabafou que “este é um dia de alguma tristeza. A União Europeia está a sofrer uma consternação profunda”, pelo que considera que os portugueses têm de “respeitar naturalmente aquilo que foi o resultado da escolha dos cidadãos do Reino Unido”, afirmou Cristas. “Em Portugal temos de dar um exemplo de tranquilidade, de reflexão e também de algum optimismo. Este é um momento de inquietude e de transformação mas saberemos estar à altura de o ultrapassar”, acrescentou. E não deixou de referir que há “evidentemente um risco” de contágio, tanto que já se vêem “populismos por toda a Europa a falarem nesse sentido”. Ainda do lado do CDS, Pedro Mota Soares lamentou o “Brexit” e anunciou que o CDS vai convidar a embaixadora britânica em Lisboa, Kristy Hayes, para ir à Comissão dos Assuntos Europeus discutir “os próximos passos e o que é que vai acontecer do ponto de vista da negociação que se inicia agora”. PÚBLICO/Lusa PUBLICIDADE
SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO SUL E ILHAS
MECODEC
União Geral de Trabalhadores
Union Network International
CONSELHO GERAL CONVOCATÓRIA Nos termos do Artigo 30.º dos Estatutos, convoco o colega para a sessão do Conselho Geral do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, que se realiza no próximo dia 28 de junho de 2016, com início pelas 9.00 horas, nas instalações da UGT, sitas na Rua Vitorino Nemésio, 5, em Lisboa, (Metro da Ameixoeira) com a seguinte ORDEM DE TRABALHOS Ponto Único - Contratação Coletiva - Deliberar nos termos do n.º 2 do Art.º 29.º dos Estatutos sobre: a) Delegação nos órgãos próprios da FEBASE, de poderes para outorgar o Acordo Final de Revisão do ACT para o Setor Bancário. b) Delegação nos órgãos próprios da FEBASE para proceder à apresentação de propostas, entre outras, da revisão da tabela salarial e cláusulas de expressão pecuniária e/ou responder a propostas de revisão de outros acordos de que a Febase é subscritora, bem como proceder à sua negociação. Lisboa, 15 de março de 2016 O Presidente da Mesa Coordenadora dos Órgãos Deliberativos Centrais a) Joaquim José Mendes Dias
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“BREXIT” Os portugueses e o peso de um passaporte Vivem em Inglaterra, têm filhos, teses, empregos e incerteza. O “Brexit” não é (só) sobre a Europa, é sobre os estrangeiros. “Quem é que não me quer aqui?” Joana Amaral Cardoso
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avia sinais, sentidos na tensão de um pub, nas conversas dos empregadores ou na retórica dos políticos, mas na manhã de ontem os portugueses que vivem em Inglaterra acordaram com o veredicto do referendo: o país em que vivem afinal é outro, “não me quer”, no autocarro viajam aqueles que “votaram para eu me ir embora”. Sabem que pouco ou nada vai mudar no imediato, salvo que a próxima vinda a Portugal se tornou mais cara porque a libra desvalorizou a pique ou a bolsa que chega em euros despertou a valer bem mais. Há objectos que ganham novo simbolismo, como o passaporte. O ecrã do computador brilha, mas definitivamente não é uma manhã produtiva para Frederico Rodrigues, investigador português que vive há dez anos no Reino Unido e que trabalha em Bristol. O mesmo acontece, a milhas de distância, a Lara Torres em Londres, que tenta escrever a tese de doutoramento. Ana Fonseca rouba tempo ao almoço para falar com o PÚBLICO numa rua do centro da capital britânica, Madalena Dourado faz uma pausa nas limpezas na casa do patrão para um telefonema sobre “revolta” — dos ingleses contra os imigrantes. O músico Diogo Vasconcelos também está em Londres e pensa em
adereços para uma nova vida, João Duarte Ferreira votou “remain” e está de volta à redacção onde trabalha. Os portugueses ouvidos pelo PÚBLICO oscilam entre o “choque” e o esperado que gostariam que não se tivesse confirmado. Uns dormiram e despertaram com a notícia, mas João Medeiros, que ficou acordado para saber o resultado do referendo, garante que “pouca gente conseguiu dormir” na noite da decisão. Numa espécie de modo Keep calm and carry on, o tão desgastado lema da propaganda britânica da II Guerra, o dia corre com pausas para debater o sucedido, mas sem sinais de alerta sobre o futuro. Preocupam-se por constatar que “ninguém tem um plano” e que, estejam há pouco ou há muito tempo em Inglaterra, sobre o estatuto que terão “há uma certa ignorância”, como descreve Medeiros, editor de Ciência da edição britânica da revista Wired. A facilidade de circulação está a ser usada para planear a potencial fuga por outros portugueses. “Neste momento as reacções de vários artistas que vivem cá são de ponderar sair e falam de Berlim como alternativa”, comenta Lara Torres. “Londres já se tinha tornado demasiado caro, mas sentíamonos bem-vindos.” Por outro lado, a preocupação do momento em que pouco se sabe é, para alguns, sobretudo simbólica ou de valores. Há coincidências como a de ontem ser o dia de renovar o contrato de
aluguer da casa por mais um ano, como no caso de Lara Torres, designer de 39 anos, que está a terminar a tese de doutoramento sobre o desenvolvimento de uma estratégia crítica no design de moda em Londres. “Percebes que não te querem cá. Os números dizem-me isso e é uma sensação mesmo estranha.” Vive no Reino Unido desde 2009, com um ano de interrupção e um regresso em 2013 até agora. “Ontem decidi ir almoçar com vários amigos, imigrantes, a um pub inglês e foi uma péssima ideia. O clima estava muito tenso”, lembra-se sobre a sensação de falso conforto que tinha ao acreditar no “remain”. Dá aulas ocasionalmente na Universidade de Rochester, perto de Kent, e tem “estado a preparar o futuro, a concorrer a empregos para continuar a vida académica no Reino Unido. Talvez isso mude. Não sei se deveria planear o meu futuro num país que não me quer. Nem tinha posto outra hipótese”, suspira. Diogo Vasconcelos, músico, 46 anos, acordou a pensar que tinha chegado “a hora de comprar o seu guarda-chuva, um chapéu e deixar crescer o bigode”. Desde os anos 1970 a viver em Londres, onde chegou vindo de Moçambique depois de uma passagem por Lisboa para estudar, nunca sentiu necessidade de mudar de passaporte. “Nunca pensei em ficar britânico, porque Portugal a certa altura se tornou parte da Europa e no aeroporto deixei de ter de ir para uma fila de passaportes dife-
rentes. É engraçado como ligamos a identidade a uma coisa abstracta como o passaporte.” Os problemas que tem para resolver são, provavelmente, mais simbólicos do que reais, uma vez que tem estatuto de residente. “Mas não sei, tenho que perceber a situação.” Os filhos são britânicos e a mulher tem nacionalidade inglesa e brasileira. Todas as pessoas com que falou ontem, para lá do “choque” e do “embaraço” de viverem num país
“É engraçado como ligamos a identidade a uma coisa abstracta como o passaporte”, diz Diogo Vasconcelos que tem medo dos imigrantes, estão a tentar pensar sem ser de uma forma maniqueísta: nem todos os que votaram “Brexit” são “racistas” e “paroquiais”, nem todos os do lado do “remain” são “modernos” e “mais reflectidos e abertos”. “A maior parte das pessoas que votaram sim reconhece que havia alguns argumentos válidos no ‘Brexit’.” Depois, há uma sensação forte de que a classe política tem uma relação com o sul, mas não com o resto do país. “Há uma percentagem significativa que votou
pela saída, que conseguiu identificar alguns dos seus problemas e frustrações neste debate.” João Medeiros, de 36 anos, acredita que o papel que cada cidadão depositou nas urnas no referendo de quinta-feira “não foi um voto à Europa, não teve nada a ver com a Europa. Não se debate a Europa mas sim raivas e frustrações” que se ligam a temas como a imigração, a luta de classes e, frisa, as “classes totalmente esquecidas pelas elites, o mesmo fenómeno que se passa nos EUA”. E será financeira a principal consequência do “Brexit”, defende. Lara Torres recebe “uma bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia, dada pela União Europeia (UE), que é em euros”, ri-se nervosamente. “Neste momento as consequências são bastante directas, a meu favor até, porque a quebra da libra foi tão violenta que chegou a níveis de há 30 anos”, diz, enquanto Ana Fonseca, de 29 anos, dá o reverso da medalha. “Vou a Portugal de férias em Agosto e as minhas férias acabaram de ficar mais caras quando acordei esta manhã”, constata ao telefone à porta do hotel, em Liverpool Street, onde trabalha em marketing e vendas da área de restauração e bares. Frederico Rodrigues, de 33 anos, tem como pequeno consolo o facto de Bristol ter, como Londres, votado “remain”, mas trabalha em ciência e “a maior parte do financiamento vem da UE, e não deve vir mais para aqui no futuro. Não sei qual será
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | DESTAQUE | 17 LINDSEY PARNABY/AFP
o futuro da ciência neste país. Já é difícil arranjar emprego e sem financiamento será ainda pior”. Quinta foi dormir com esperança, sexta acordou com o choque. “Sou casado com um inglês, tenho muitos amigos ingleses e não são essas pessoas que votaram para sair, não são eles essa população xenófoba que votou para sair”, explica sobre o que pensa parte do país — “que me deu muitas oportunidades, que é a minha casa”. Lamenta o “medo da diferença. Um dos motivos que me fizeram mudar para aqui é que era um país liberal, que lutava pela diferença e pela igualdade. Agora não é o país para qual me mudei”, diz. O “Brexit” “mudou um pouco a minha perspectiva das coisas. Hoje a caminho do trabalho olhava para as pessoas nos transportes e perguntava-me: ‘Quem é que não me quer aqui?’”
Geração Europa “Pela primeira vez senti que o meu futuro estava nas mãos de outras pessoas, porque não posso votar.” Ana Fonseca vive há quatro anos em Londres. Faz parte de uma geração que nasceu à porta da UE e para quem Schengen, Erasmus ou livre circulação são termos dados como garantidos. Agora, sente a possibilidade de um fechamento. “Não será tão fácil do que quando crescemos, crescemos com as portas abertas”, diz. Imagina problemas nos aeroportos, fronteiras e linhas imaginárias que
O resultado do referendo trouxe insegurança à comunidade portuguesa
até agora atravessava de forma fluida. Os seus planos não mudam, mas não sabe o que vai mudar na relação do país onde escolheu trabalhar. “Sou uma cidadã europeia e estou a trabalhar no Reino Unido”, define-se. “Não tenho visto nenhum nem estatutos” porque nunca precisou. Já João Duarte Ferreira, jornalista, pôde votar neste referendo. “No ano passado adquiri dupla nacionalidade e agora sou também cidadão britânico. Fi-lo porque queria participar em todos os processos democráticos, depois de 21 anos a viver aqui, e também como forma de acautelar a minha posição”. “Apreensivo” com o resultado, não ficou surpreendido e adivinha, como João Medeiros, “um problema de liderança. Não tenho confiança em Boris Johnson e não vislumbro qual a estratégia que pretende seguir”. A demissão do primeiro-ministro na TV marcou a manhã de Madalena Dourado: “Ver o [David] Cameron, até ele, a desistir”. Tem 40 anos e está em Londres há 21, trabalhando como empregada doméstica. Veio de Monforte, no norte de Portugal, e o pai já tinha sido imigrante em França. Os dois filhos nasceram em Inglaterra. O filho de 16 está no liceu e a filha de 20 na universidade, onde foi feita campanha pelo recenseamento dos jovens. Agora, “a única coisa que é pacífico dizer é que vai haver instabilidade durante os próximos anos, num país que pertence à UE há 43 anos”, defende Duarte Ferreira, apesar da distância dos ingleses da mesma e das “campanhas negativas dos media conectados com a direita — seja os jornais The Sun e The Times ou a Sky News, que pertencem ao australiano Rupert Murdoch. Que diz: ‘Quando venho ao Reino Unido sou recebido em Downing Street, mas quando vou a Bruxelas ninguém sabe quem eu sou’. Isto diz tudo sobre a sua posição face à UE.” Mais do que distância em relação ao conceito da comunidade europeia, Madalena Dourado identifica “revolta”. É o sentimento que diagnostica nos ingleses perante as vagas de imigração polaca, exemplifica, ou a presença de árabes nas ruas. “Queriam mostrar a sua revolta porque acham que lhes roubam o trabalho, mas na realidade não estavam à espera” do resultado. Os filhos “têm o direito de estar aqui”, mas Madalena Dourado viveu 21 anos a achar que “o cartão do cidadão chega”. “Nunca pedi o passaporte porque achei que não precisava. Até hoje de manhã”. com I.S. e V.B.
Portugueses que lá trabalham vão continuar a ser necessários Clara Viana
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úmeros por baixo: 5000 enfermeiros, 600 engenheiros, mais de mil investigadores. Estes são alguns dados da presença portuguesa no Reino Unido fornecidos ao PÚBLICO pelas respectivas Ordens profissionais e pela Portuguese Association of Researchers and Students in UK (PARSUK). No total, em Maio passado, estavam registados nos consulados de Portugal no Reino Unido 210.124 portugueses, informou a Secretaria de Estado das Comunidades, que no entanto “estima que a comunidade tenha crescido substancialmente dado que o número de portugueses inscritos na Segurança Social britânica, em Dezembro de 20154, somou 234.850”. Entre 2013 e 2016, o número de inscritos nos consulados do Reino Unido aumentou 22,3%. É quinto país da Europa onde residem mais portugueses. O que se espera que lhes aconteça quando se concretizar a saída do Reino Unido da União Europeia? O PÚBLICO ouviu representantes de alguns dos grupos profissionais que mais têm procurado trabalho naquele país. Ressalva comum a todos: ainda é cedo demais para se saber quais os impactos desta deserção. “Por agora sobram as incógnitas”, frisa Pedro Antes da PARSUK. Comecemos então pelos enfermeiros e pela sua bastonária, Ana Rita Cavaco. Os registos oficiais dão conta de que, nos últimos cinco anos saíram mais de cinco mil enfermeiros para o Reino Unido, que continua a realizar acções de recrutamento periódicas em Portugal. Mas esta é uma avaliação por baixo, confirma Ana Rita Cavaco, que dá mais dois exemplos: só este mês centenas destes profissionais partiram para aquele país; e metade dos que estão agora a terminar os cursos de enfermagem no ensino público têm já emprego garantido no Reino Unido. Serão cerca de mil. “O impacto maior da saída será para o próprio Reino Unido, que tem muitos hospitais assentes na
força de trabalho dos enfermeiros portugueses. Eles é que têm de ver como irão resolver o problema”, afirma Ana Rita Cavaco. Segundo os dados divulgados ao PÚBLICO pela secretaria de Estado das Comunidades, os portugueses são a segunda comunidade estrangeira entre os enfermeiros que estão a trabalhar no Reino Unido. Os espanhóis são os primeiros. A bastonária da Ordem dos Enfermeiros destaca um traço que é também apontado por engenheiros, médicos e profissionais do turismo: a qualidade da formação que receberam em Portugal e que faz como que estejam entre os mais requeridos pelo estrangeiro. “O fluxo vai manter-se, talvez com uma maior carga burocrática, porque o Reino Unido continua a precisar de médicos”, afirma o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva. Apesar de não saber exactamente quantos clínicos estão a trabalhar naquele país, frisa que é “um número significativo, nomeadamente na área da medicina geral e familiar”.
Propinas a subir Também Mineiro Aires, bastonário da Ordem dos Engenheiros, não se mostra muito apreensivo quanto ao futuro dos profissionais desta área. “Ainda recentemente o Reino Unido avaliou em seis mil o número de engenheiros de que irá necessitar
Ana Rita Cavaco, bastonária da Ordem dos Enfermeiros
nos próximos anos”, lembra. De Portugal, registados na Ordem, estão lá cerca de 250, mas Mineiro Aires estima que o total se aproxime dos 600. Do que não tem dúvidas, portanto, é que o Reino Unido “vai continuar a ser um destino para os jovens engenheiros”. “Agora tempos esperar para ver o que vem a seguir”, diz Pedro Antas, da PARSUK E o que virá a seguir terá impactos mais fortes entre os estudantes que estão ali a fazer o ensino superior do que no grupo dos investigadores. Por uma razão simples. Actualmente, os estudantes da União Europeia que estudam no Reino Unido pagam o mesmo valor de propinas do que os britânicos, mas com a saída da UE estes valores “podem mais do que duplicar”, tornando-se iguais aos que já são pagos pelos estudantes oriundos de fora da União Europeia. Em média os britânicos pagam cerca de 11 mil libras por ano de propinas, enquanto para os estudantes de fora da Europa este valor sobe para 29 mil. Os estudantes do programa Erasmus não serão afectados uma vez que continuam a pagar as propinas do país de origem. Quantos aos investigadores, frisa que o problema é muito maior do que o do financiamento, uma vez que “a ciência vive da globalização, de equipas multidisciplinares, da movimentação de investigadores de um país para outro”, o que poderá tornar-se bem mais difícil com a saída do Reino Unido. Certo é o facto de “não existir um único laboratório de investigação com equipas exclusivamente britânicas”, adianta este dirigente da PARSUK, que conta já com 1200 inscritos. “Entre as qualificações mais baixas há certas tarefas que os ingleses não vão assumir”, diz o directorgeral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), José Esteves. Mas não é só por isso que os portugueses deste sector continuarão a ser precisos no Reino Unido, frisa, destacando a “formação de qualidade” que os faz ser requeridos na hotelaria. “Quando muito, a selecção será mais rigorosa e neste cenário os portugueses até serão os preferidos”, frisa.
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“BREXIT” Get control of our lives!
Opinião Maria João Rodrigues
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et control of our lives! Esta foi a questão central no referendo britânico. Uma questão certa e crucial mas que teve, infelizmente, uma resposta errada: regressar às fronteiras nacionais em vez de forçar a mudança imprescindível na União Europeia. Sim, muitos cidadãos europeus sentem que estão a perder controlo sobre as suas condições e escolhas de vida. O acesso ao emprego para muitos passou a ser uma miragem, os empregos que existem tornamse mais voláteis e precários, sobre esta areia movediça não é possível fazer projetos de vida e muito menos contribuir para a segurança social coletiva. Esta inquietação aumenta em face da concorrência global, da revolução digital e da pressão migratória proveniente do exterior. E a pressão foi levada ao extremo quando, por escolhas políticas europeias, se impôs uma austeridade míope que tem vindo a asfixiar muitas empresas e empregos viáveis e a destruir parte do rico potencial humano existente na Europa. Em Portugal, sabemos bem o que isto quer dizer. Mas qual a resposta a dar a tudo isto? Regressar a soluções nacionais ou reforçá-las com melhores soluções construídas à escala europeia e jogando com o peso político da Europa no mundo? Será hoje possível responder à crise dos refugiados pedindo que estes problemas fiquem apenas a cargo dos países por onde eles entram e fechando as fronteiras nacionais em todos os outros? Ou é antes necessário preservar o espaço europeu de mobilidade com um sistema de asilo europeu, uma fonteira externa comum e uma
ação comum de estabilização e desenvolvimento nos países de origem? Será que é hoje possível responder às novas ameaças terroristas sem uma ação concertada de meios policiais e judiciais? Será que é hoje possível desativar os focos de conflito que cercam a Europa, sem uma real concertação das capacidades de defesa, de ajuda humanitária e de apoio ao desenvolvimento? Será que é hoje possível assegurar bons padrões sociais e ambientais nos grandes acordos comerciais e de investimento
Esta foi a questão central no referendo britânico. Uma questão certa e crucial mas que teve, infelizmente, uma resposta errada: regressar às fronteiras nacionais em vez de forçar a mudança imprescindível na União Europeia
A questão europeia se os países europeus atuarem em ordem dispersa, em vez de jogarem com o peso económico e político da União Europeia? Será que é hoje possível potenciar as empresas e empregos europeus se eles não puderem contar com um mercado de escala continental, tal como os EUA e a China ou Índia? Será que é possível combater o flagelo da evasão fiscal sem uma verdadeira coordenação e transparência à escala europeia e internacional? Será que é possível criar uma base de crescimento com força global se não contarmos com uma moeda própria que nos defenda da pressão do dólar ou renmimbi? A solução não é regressarmos a moedas nacionais, mas antes reformar esta união económica e monetária para pôr em marcha um processo de convergência que permita a todos os seus países investir, criar emprego e sustentar o seu estado social. E isto só pode acontecer se a dotarmos duma união bancária e duma capacidade orçamental. Nos próximos dias vamos assistir a muitos episódios de política europeia à antiga. Com clubes mais ou menos fechados de alguns Estadosmembros a selecionarem prioridades conforme as suas conveniências nacionais: ou segurança, ou refugiados, ou imigração, ou novos acordos comerciais. Há também que mudar a forma de fazer política europeia! Estas escolhas, com profundas implicações para todos cidadãos europeus, tem de passar a ser feitas com o seu envolvimento mais direto e a partir das instituições europeias que existem para os representar democraticamente. O Parlamento Europeu está agora em plena discussão de um novo roteiro para a União Europeia e será bom seguir esta discussão bem de perto! Vice-presidente do Grupo S&D no Parlamento Europeu e negociadora do Roteiro Europeu
Opinião Carlos Gaspar
A
questão britânica está fechada: uma maioria clara votou a favor da saída do Reino Unido da União Europeia e confirmou que os britânicos estão dispostos a pagar um alto preço para recuperar a sua soberania. Mas o mesmo voto britânico abriu a questão europeia. Desde logo, criou uma situação sem precedentes em que um Estadomembro decide separar-se da União Europeia. Por outro lado, a saída de uma das três grandes potências regionais desfaz os equilíbrios internos na União Europeia, onde a Alemanha, contra a sua vontade, passa a ser hegemónica. Por último, a retirada do Reino Unido, uma das cinco maiores potências na hierarquia internacional, não só deixa a União Europeia mais fraca, como compromete a sobrevivência de uma União Europeia atlanticista, um parceiro indispensável dos Estados Unidos. Simultaneamente, o voto britânico confirmou o sentido da crise aberta há 11 anos pelo voto francês no referendum que chumbou o Tratado Constitucional da União Europeia: o dia 23 de Junho de 2016 pode ser o momento de viragem em que as dinâmicas de fragmentação prevalecem sobre o processo de integração europeia. Todas as condições estão reunidas para uma crise existencial da União Europeia. A crise do Euro permanece latente, a crise dos refugiados revelou a vulnerabilidade de uma Europa sem fronteiras externas, a ascensão dos populismos antieuropeus pode pôr em causa a governabilidade da França, da Espanha e da Polónia.
Paralelamente, a Rússia cercou as democracias europeias com um “arco de crises” que se estende do Báltico à Crimeia e à Síria, sem que a União Europeia consiga demonstrar a sua capacidade para garantir a segurança regional. A convergência dessas múltiplas crises pode transformar-se numa catástrofe se for acompanhada por um processo hostil e descontrolado de separação entre a União Europeia e a GrãBretanha. É indispensável não ceder à tentação de marginalizar a Grã-Bretanha — como parece ser o caso com a convocação de uma cimeira inédita entre a chanceler alemã, o Presidente francês e o primeiro-ministro italiano sem o primeiroministro britânico, assim como de um Conselho Europeu sem o Reino Unido. No mesmo sentido, é preciso evitar um “salto em frente” para uma core Europe donde seriam certamente excluídos parte dos membros da “Eurozona”. Pelo contrário, é preciso reconhecer que a Grã-Bretanha é um aliado indispensável da NATO, parte integrante da comunidade das democracias europeias e traduzir essa posição num processo de concertação diplomática que sustente um futuro comum. A questão europeia está aberta: o cenário mais provável é um longo período de instabilidade política e de paralisia europeia sem que nenhuma das potências responsáveis consiga definir uma visão coerente e realista sobre a evolução da União Europeia. O primeiro passo para contrariar essa tendência devia ser assumir a máxima de Winston Churchill, para quem o pior de todos os erros políticos é ficar preso “a falsas esperanças que vão rapidamente ser varridas”. Investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-UNL)
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | DESTAQUE | 19
A revolta europeia
Opinião Álvaro Vasconcelos
A
decisão dos cidadãos britânicos de abandonaram a União Europeia é mais uma prova da grande ameaça que pesa sobre a Europa: o nacionalismo. O problema é gravíssimo: a União Europeia está em risco, a paz na Europa está em risco. Não esqueçamos que o nacionalismo não só não é exclusivo dos Estados membros da União, como já fez ruir a arquitetura europeia de segurança com as políticas de Vladimir Putin. Foi para conjurar o nacionalismo, responsável por duas guerras mundiais, que no pós-guerra foi lançada a construção europeia. O nacionalismo era a guerra. A integração europeia assentou na convicção de que só reforçando a interdependência, deslegitimando o nacionalismo e a xenofobia e vencendo o medo do outro seriam os europeus capazes de viver em paz e garantir a justiça social. E a História provou que tinham razão, durante mais de 60 anos — o mais longo período de paz da Europa. O nacionalismo está de regresso, com uma forte influência política. Para muitos parece corporizar e dar sentido à revolta anti-establishment das classes médias europeias, confrontados com ameaças sérias ao seu bemestar social, mas é também uma resposta aos que consideram que a construção europeia minou a soberania popular assente no voto. Um dos aspetos mais marcantes deste referendo foi a longa lista dos que apelaram à continuação do Reino Unido na União Europeia: os líderes de todos os partidos que governaram o país desde a Segunda Guerra Mundial, os dirigentes da alta finança, as organizações sindicais. Uma longa e impressionante lista repleta
de notáveis que era brandida pelos defensores do “Ficar”, convencidos de que tinham nas mãos um argumento forte contra os defensores do Brexit. O problema é que, em boa medida, essa lista tinha em si mesma muitos argumentos que deram alento à escolha da saída. Para os britânicos, a União Europeia já não é fonte de progresso social, e o mesmo se passa em muitos outros Estadosmembros. Seria um erro grave considerar que a saída do Reino Unido é apenas o produto de idiossincrasias insulares: uma ilha que nunca aceitou bem a adesão e que vive nostálgica de um império que já não existe. Este tipo de argumentos terá tido a sua influência, mas há razões que não são exclusivas dos britânicos. Por muito que custe a alguns, especialmente depois do resultado do referendo, os britânicos são hoje profundamente europeus nas suas inquietações e aspirações. A ilha já não existe, o nevoeiro, se existiu, foi vencido pela dimensão das relações humanas, culturais e económicas, pelas redes, pelos sentimentos que unem os britânicos ao continente e que os defensores do Brexit não serão capazes de romper. As inquietudes que exprimem não são diferentes das expressas por muitos outros europeus — um referendo na França ou na Holanda não teria, muito
provavelmente, resultados substancialmente diferentes. Aliás, isso mesmo foi o que se viu nos referendos francês e holandês ao tratado constitucional. Os cidadãos europeus exprimem duas inquietudes fundamentais: por um lado, preocupam-se com a sua qualidade de vida e com o futuro; por outro, sentem que a sua voz não é ouvida, que o poder foi usurpado pelas elites políticas, económicas e financeiras, numa relação pouco saudável com o capital financeiro, que consideram responsável pela crise financeira de 2008. Esta revolta europeia foi canalizada pelos nacionalistas que apontam como bode expiatório os emigrantes e os refugiados, sobretudo se muçulmanos. O nacionalismo europeu é hoje islamofóbico. Esta corrente já
A revolta dos europeus pode ser factor de mais solidariedade e não de desintegração. Ainda é possível, mas temo que o tempo comece a escassear LEON NEAL/AFP
está presentemente no poder na Hungria e na Polónia, tem uma enorme influência noutros países, como a Dinamarca, e está em franca ascensão em grande parte da Europa, nomeadamente em França. E não é só a extremadireita que usa o argumento xenófobo anti-imigrantes: David Cameron e grande parte dos Conservadores, dos dois lados da barricada, também a ele recorreram. O mesmo fazem, como Sarkozy ou Manuel Valls, outros partidos democráticos na tentativa desajeitada de travar a influência crescente da extremadireita, banalizando assim o discurso xenófobo. Para ter um futuro, é vital que a Europa ouça os seus cidadãos. Tanto os defensores do remain como os defensores do leave exprimiam a mesma convicção de que as instituições europeias não são suficientemente transparentes e democráticas, que o poder já não reside nos cidadãos, mas sim em estruturas distantes e burocráticas, que o Parlamento Europeu não tem as competências de um verdadeiro órgão representativo da soberania popular. Os cidadãos estão hoje empoderados pela educação e pelas tecnologias de informação, têm capacidade para afirmar a sua vontade fora das grandes estruturas partidárias, como acabamos de ver no Reino Unido e como vimos em França, onde um blogue de oposição ao Tratado Constitucional dominou o debate, contra os grandes órgãos de comunicação. Para sobreviver, a União Europeia necessita de dar um salto democrático, o que significa não só criar mecanismos de representação e participação dos cidadãos, mas também de representação dos Estados, em pé de igualdade. Quando JeanClaude Juncker, Presidente da Comissão Europeia, declarou que não se aplicariam sanções à França, porque “a França era a França” e se continua a discutir a sua imposição a Portugal ou a Espanha, estamos perante uma violação grosseira do princípio da
igualdade entre os Estados, o que tem desde logo como efeito direto alimentar o nacionalismo. Se Cameron já se demitiu, resta saber quais serão as lições do referendo que tirarão os dirigentes das instituições europeias: reconhecerão que tratar com arrogância os cidadãos e os estados-membros se paga caro? Irá a chanceler alemã reconhecer que imputar a culpa da crise financeira dos países do sul aos seus cidadãos foi um erro, político e ético, grave? Quando o Muro de Berlim caiu, Gennady Guerasimov, porta-voz de Gorbatchov, afirmou que se aplicaria a “doutrina Sinatra”, o My Way, que cada país do Pacto de Varsóvia seguiria o seu caminho. A União Europeia corre um sério risco de um cenário My Way, com cada Estado a seguir exclusivamente o seu interesse nacional, numa visão estreita e egoísta, comprometendo não só o presente, mas sobretudo o futuro dos nossos filhos e netos. Também não é solução um cenário de integração económica e financeira liderado pela Alemanha, numa União a várias velocidades, que sem a GrãBretanha não teria capacidade para desenvolver uma eficaz e indispensável política de defesa e de segurança. Do lado oposto está o cenário de Europa democrática e cidadã, mas para isso é preciso que a sociedade civil europeia acorde para a gravidade do momento e se una numa multitude de iniciativas em defesa de uma União Europeia democrática, solidária e hospitaleira. Hoje, é na Europa do Sul que vemos alternativas políticas mais favoráveis a esta opção e é aqui que pode residir o impulso para uma grande iniciativa europeia pela Europa aberta. A revolta dos cidadãos europeus pode ser factor de mais solidariedade e não de desintegração. Ainda é possível, mas temo que o tempo comece a escassear. Antigo director do Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia
20 | DESTAQUE | PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016
“BREXIT” Os referendos são bons para a democracia? Os referendos provam o sucesso da democracia, mas também a existência de regimes autoritários. Podem ser uma ilusão de poder do cidadão, mas também reforçar a democracia. O debate está relançado FABRICE COFFRINI/AFP
Bárbara Reis
A
democracia é pedir aos cidadãos que decidam sobre questões tão transcendentais como um país sair da União Europeia? Tudo indica que este debate veio para ficar e que estará cada vez menos fechado nas universidades e mais aberto a todos. Uma coisa é certa: há cada vez mais referendos na Europa e no mundo. Depois do “Brexit”, decidido esta quinta-feira pelos cidadãos do Reino Unido, antecipam-se muitos mais. Itália, França, Irlanda, Dinamarca, Holanda, Escócia. Em Portugal — e mesmo em democracias muito mais consolidadas —, há um argumento que surge sempre nestes momentos: os cidadãos não têm capacidade para decidir “bem” sobre questões complexas, porque sabem pouco sobre os temas e, além disso, são manipulados com facilidade. Para reforçar a tese, são dados exemplos de referendos sobre soberania, devolução de autoridade constitucional ou tratados europeus. Para muitos politólogos, no entanto, isto não é necessariamente verdade. Os cientistas políticos usam uma grelha de quatro critérios para avaliar se os referendos são “bons” ou “maus” para a democracia: se são regulares e já institucionalizados; se partem de cima ou de baixo (elites políticas versus iniciativa popular); se são vinculativos ou consultivos, e se têm limites de participação (o chamado quórum, considerando-se que quanto mais elevado é o quórum exigido, mais desmobilizador é para o eleitorado). A discussão é, no fundo, sobre quanta democracia directa deve a democracia representativa permitir. Ou, mais simples, se a democracia directa — e os referendos são o seu mecanismo-rei — é boa para a democracia. “A democracia directa vai à raiz da noção de democracia — a ideia do auto-governo pelo povo, do governo do povo pelo povo e da governação sem mediadores desenvolvida nos
A Suíça pratica a democracia directa desde a Idade Média (na imagem referendo sobre aos minaretes) cantões suíços na Idade Média e na própria Grécia Antiga”, diz Tiago Fernandes, professor de Estudos Políticos e director do recém-criado Centro Variedades de Democracia na Europa do Sul, na Universidade Nova de Lisboa. “Mas, em si mesma, a democracia directa é boa ou má em função do contexto político e da maturidade da democracia.”
Delegar de mais “O facto de haver mais referendos mostra o sucesso da democracia”, diz o professor, mas também a existência de “mais democracias autoritárias e semi-autoritárias, onde o líder usa o referendo para afirmar o seu poder e ultrapassar o parlamento e o Estado de direito, aproveitandose de uma democracia frágil e pouco consolidada”. Nestes casos, o líder usa o referendo para manipular os
cidadãos, no que é descrito como o “excesso de tendência delegativa” — a ideia de que é sempre o povo quem decide. Este é o lado negativo da democracia directa. E há a parte positiva: a democracia directa pode ser um elemento de aprofundamento da democracia representativa e o seu uso estar associado às “melhores” democracias do mundo. “A ideia de que o cidadão comum não deve decidir questões complexas através de referendos é contrariada pelo facto de os referendos serem mais usados onde a democracia é mais madura, como o Reino Unido ou a Suíça”, diz Tiago Fernandes. “O nosso modelo de democracia é muito século XVIII — é a democracia de representação”, lamenta António Goucha Soares, professor de Direito Europeu e Estudos Europeus no
ISEG, Universidade de Lisboa. “Isso era numa época em que a instrução, a imprensa e o acesso à informação estavam limitados a uma pequena elite. Já não é assim. Todos os anos vejo centenas de jovens na Universidade: é indistinta a qualificação e a informação entre os que vão trabalhar para o Continente e os que vão para a Assembleia da República”.
“Hoje é indistinta a qualificação entre os que vão trabalhar para o Continente e os que vão para a Assembleia da República”
Mesmo em Portugal, nota, já não há um abismo entre os eleitos e os eleitores. No entanto, 22 países já referendaram alguma questão europeia e só seis não o fizeram - um deles é Portugal. O professor do ISEG encontra duas razões: os políticos não querem “perder o monopólio do poder de decisão” e somos “muito um país de senhores doutores: fez-se a democratização, mas a classe política tem tiques de Ancien Régime, é muito auto-reproduzida e exclusivista”. Há no entanto o risco da visão romântica de que “quanto mais democracia directa melhor”, alerta Tiago Fernandes. “Mas essa proposta vem dos extremos: da extrema-esquerda e da extrema-direita.” E por isso os politólogos fazem uma distinção entre os referendos que surgem por iniciativos dos políticos e os que partem dos cidadãos. “Quando parte de baixo — diz Fernandes — e quando estão previstos e institucionalizados, os referendos podem reforçar a democracia representativa e todos saem mais fortes: os partidos, os sindicatos e os movimentos cívicos.” Se, pelo contrário, “partem de cima, são ocasionais e não fazem parte do regular processo democrático, normalmente nascem porque os líderes ou têm uma batata quente nas mãos ou não têm coragem para decidir — e esses podem ter consequências negativas para a democracia”. Porquê? “Porque os líderes podem ter tentações populistas e, mesmo que não tenham, referendos desse tipo podem gerar uma dinâmica de estímulo populista.” É por isso que David Altman, professor na Universidade Católica do Chile e uma autoridade mundial em matéria de referendos, alerta para as consultas populares que, em vez de “darem poder aos cidadãos, submetem os cidadãos aos poderosos”. “A ideia de que os técnicos sabem mais do que os políticos é falsa. Os técnicos sabem tanto ou menos do que os políticos e não têm a visão de conjunto que os políticos têm”, diz Tiago Fernandes. “A verdade é que sabemos todos muito pouco.”
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | DESTAQUE | 21
Sobram as dúvidas mas no desporto todos se preparam para o pior Tiago Pimentel
O
voto favorável à saída do Reino Unido da União Europeia terá implicações no desporto, tanto para os atletas estrangeiros que representam equipas britânicas como para os britânicos que actuam em campeonatos de outros países. Os naturais do Reino Unido perdem o estatuto de cidadãos comunitários, passando a contar como estrangeiros para as respectivas equipas, e para os clubes a desvalorização da libra tornará as transferências mais caras. O regresso da necessidade de vistos de trabalho
deverá ser outra implicação do voto no referendo. Ainda não há certezas e sobram as dúvidas, mas no desporto toda a gente se prepara para mudanças mais ou menos radicais. “Não saberemos quão significativo será o impacto [do ‘Brexit’] até termos uma ideia clara dos termos em que o Reino Unido negoceie a sua relação com a UE. Se o acordo incluir liberdade de circulação, como acontece com os membros do Espaço Económico Europeu, a posição actual no que diz respeito à circulação de atletas entre o continente e o Reino Unido provavelmente vai continuar”, sublinhou o advogado Paul Shapiro ao Guardian. “Na realidade é muito im-
provável que os contratos em vigor sejam afectados de imediato, porque a saída da UE ainda pode demorar dois anos”, corroborou Jake Cohen, especialista em direito do desporto, ao mesmo jornal. “As consequências do ‘Brexit’ são, por ora, difíceis de prever. Mas, sejam quais forem, não deverão ser benéficas para os atletas profissionais, enquanto trabalhadores. E talvez também o não sejam para o próprio futebol do Reino Unido”, destacou João Leal Amado, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, num depoimento ao PÚBLICO. Na época passada, eram 432 os futebolistas europeus nos 20 clubes da Premier League e a grande maioria não reunia as condições para
receber a necessária autorização de trabalho, de acordo com os requerimentos instituídos pela federação inglesa para os jogadores estrangeiros: obrigatoriedade de ter disputado uma determinada percentagem dos jogos da respectiva selecção, em função do lugar no ranking da FIFA, num período de 24 meses. O “Brexit” também foi tema entre as selecções que estão no Euro 2016. Para o inglês Harry Kane, essa é a prioridade da equipa: “Quando nos levantámos, estivemos a ver as notícias. Falámos sobre isso, mas penso que a equipa não está muito concentrada nesse assunto, para ser honesto. A prioridade é o Europeu, queremos seguir em frente e fazer
uma boa exibição.” “A notícia surpreendeu-nos pela manhã. Tínhamo-nos ido deitar com a convicção de que o ‘Brexit’ não venceria, mas infelizmente não foi o que aconteceu. A maior preocupação é o ‘efeito dominó’ que esta decisão poderia causar. [A votação] é uma decepção, um sinal negativo. É sintoma de um descontentamento geral, perceptível em toda a Europa”, disse o italiano Chiellini. O espanhol Nolito, apontado como possível reforço do Manchester City, mostrou estar menos informado. Questionado por uma rádio do seu país sobre o “Brexit”, disse: “Posso estar enganado, mas penso que é uma dança. Uma dança que fazem na NBA.” PUBLICIDADE
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22 | PORTUGAL | PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016
Bloco de Esquerda: 17 anos depois, renasceu uma estrela? Numa conversa em que a sua vida se cruza com a do BE, a propósito da X Convenção do partido, o deputado Jorge Costa deixa uma mensagem: o BE não é um CDS do PS, “é uma força autónoma” Partido Maria João Lopes A escolha do símbolo do Bloco de Esquerda (BE), fundado em 1999, foi logo uma inquietação. O que combinava, de qualquer forma, com a novidade que o partido trazia à cena política. Uma diferença que marcou a identidade do BE e que os bloquistas querem manter, mesmo agora que fazem parte da equação do poder. Um tema que não fugirá da Convenção deste fim-de-semana em Lisboa, a primeira depois do nascimento da geringonça. Voltemos à estrela. Houve uma discussão sobre o símbolo do partido, nesses inícios do BE, em que trotskistas, ex-maoístas, ex-PCP e esquerdistas sem partido se juntaram para criar algo novo, com força política e social. A primeira reacção foi excluir o óbvio: uma estrela, não. Era o símbolo do PSR, do socialismo e o BE era uma novidade. Encontram a solução: uma estrela com cabeça. Nasceu uma estrela foi até o nome do documentário feito pelo agora deputado do BE Jorge Costa e pelo então bloquista Daniel Oliveira. A estrela que nasceu vivaça chegou a perder brilho: pelo caminho, houve desentendimentos na corrida à liderança, bloquistas que saíram, chegou a anunciar-se a morte do partido. Mas acabou por renascer em força em 2015. Nas últimas eleições, teve o melhor resultado de sempre, tanto nas legislativas, como nas presidenciais. Mas foram as primeiras que permitiram criar uma constelação nova. O Parlamento tem uma maioria de esquerda e PS, PCP, PEV e BE entenderam-se, assinaram acordos inéditos. O estado da geringonça, o seu futuro e solidez será naturalmente outro tema da X Convenção. Depois das legislativas, Catarina Martins teve títulos de vitória na imprensa nacional e internacional — um dos ex-líderes mais carismáticos do BE, Francisco Louçã, chamou-lhe heroína. O BE tornou-se a terceira força política do país. O agora deputado Jorge Costa hesita quando lhe perguntamos se o BE se tornou uma
estrela. Não lhe apetece alinhar no sentido de estrelato que a palavra pode ter. Destaca apenas o interessante que é haver um partido anticapitalista que consegue influenciar a vida do país.
A “aversão” da direita A vida de Jorge Costa confunde-se com a do partido. Hoje com 40 anos, alto e magro, mais sério do que descontraído, começou por ser assessor de imprensa do BE, tinha 24 anos. Agora não só é deputado como participou em reuniões com o Governo. Uma estrela em ascensão, como o BE e outros bloquistas sobre quem já tanto se escreveu: Mariana Mortágua é só um exemplo. Ninguém sabe quanto durará este estado de graça, nem como se repercutirão, por exemplo, as exigências de Bruxelas na paz até agora alcançada nos acordos com o PS. Os dois partidos que suportam o Executivo não aceitam a lógica das regras europeias, o PS sempre defendeu o projecto europeu. “Nesta Convenção, há um elemento importante: esta ideia de que o BE está a construir uma nova hegemonia no país”, diz Jorge Costa, que também viu a sua vida virada do avesso desde que foi eleito. “O núcleo dirigente do BE está hoje obrigado a responder, em tempo real, a solicitações enormes, a questões complexas”, diz o deputado que entra na AR às 9h e sai às 19h. Depois vai para casa, mas em casa há Internet. E com Internet o trabalho continua. E fica-se por aqui, não é assunto que lhe valha “muita popularidade” lá em casa. Viajemos de novo até ao futuro: “Estamos a trabalhar para que o nosso contributo nesta maioria, ganhe um peso maior. É isso que nos distingue do CDS. Nós não somos um CDS do PS”, continua. Não o são, desde logo porque não participam no actual Executivo. A justificação foi sempre uma: o programa socialista não ia suficientemente longe para os bloquistas aceitarem cargos governativos. “O Bloco quer é disputar uma maioria política à esquerda. Quer
“Nós queremos ir para o Governo. Queremos governar. Somos um partido que disputa o poder”, diz o deputado Jorge Costa tornar-se na força de referência de uma maioria à esquerda”, diz o deputado que estudou Comunicação Social e chegou ao BE, vindo do PSR, sempre perto de líderes, como Francisco Louçã.
“Queremos governar” “Queremos ir para o Governo. Queremos governar. Somos um partido que disputa o poder. A partir de uma lógica diferente daquela a que as pessoas se habituaram. A nossa disputa pelo poder depende de um protagonismo forte fora das instituições, da
mobilização das pessoas”, explica Jorge Costa. Embora sem fazer futurologia, o deputado não poupa nas imagens quando fala do futuro: “Não está escrito em lado nenhum que, em Portugal, a esquerda será sempre o PS como uma força hegemónica e que toda vida há-de ser assim. Amanhã um acordo à esquerda pode ser desenhado sobre outras bases e sobre uma relação de forças políticas completamente diferente. Pode ir muito mais longe do ponto de vista da recuperação do país.” A direita, continua Jorge Costa, percebeu que “o seguro de vida que teve ao longo dos anos foi o rotativismo do centrão” e que “o pacto de regime entre PS e PSD” pode ser ameaçado “se se conseguirem resultados com esta experiência” governativa. A direita está também a perceber, diz, que o BE “não é necessariamente uma força supletiva em relação ao PS, que o BE contribui positivamente para os resultados desta maioria”. O BE, com 11.734 militantes quer
mesmo “aprofundar com a direcção socialista e com o Governo sobre o que há-de ser o Orçamento do Estado (OE) para 2017”, quais “os planos de recuperação do país para os próximos anos”. E para o BE há um caminho claro: “É preciso ir muito mais longe.” Há, no entanto, pontos sensíveis que toda a gente conhece desde que os acordos foram assinados: a renegociação da dívida, por exemplo. Vão bater o pé a Bruxelas, sempre que for preciso? “Acreditamos que, quando for preciso fazer frente às exigências de Bruxelas e mostrar vontade de um país sair do pesadelo da austeridade, o PS vai contar com a maioria no Parlamento sempre.” Apesar do caminho futuro que o BE quer percorrer, há um passado, a nível interno, que nem sempre foi fácil. Não é um problema para Jorge Costa: um partido sem tensões é um “partido morto”, diz. “O que houve foi uma divisão do campo político que tinha dirigido historicamente o BE, que se apresentou com duas
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | PORTUGAL | 23
Comissão de inquérito à CGD avança já
Desde 1999 que a história de Jorge Costa se cruza com a do BE. Como assessor, viu entrar os primeiros deputados do partido no Parlamento, como dirigente, negociou a geringonça ADRIANO MIRANDA
DANIEL ROCHA
Parlamento Liliana Valente Presidente da AR já não tem dúvidas sobre objecto da comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos proposta por PSD e CDS
candidaturas e duas moções à direcção”, recorda, referindo-se à disputa à liderança entre a actual porta-voz do BE, Catarina Martins, e o líder parlamentar, Pedro Filipe Soares. “Mas isso não foi um dos momentos mais difíceis do BE.” A prova, continua, é que ambos estão juntos na moção que vai à convenção. O agora deputado destaca, como um dos momentos que mais o marcou desde o nascimento do BE, a chegada do partido ao Parlamento. Mais uma vez, a aterragem não passou despercebida. Foi nas legislativas de 1999, foram eleitos deputados Francisco Louçã e Luís Fazenda. “Quando o BE chegou ao Parlamento houve um problema de falta de consenso na conferência de líderes a respeito do local do hemiciclo onde devia ter assento. Houve várias tentativas de subalternizar a presença do BE que era um grupo parlamentar”, recorda Jorge Costa, que diz ter sido o primeiro assessor a enviar sms aos jornalistas, sob o espanto dos outros assessores.
Com a confusão instalada, acerca do lugar no plenário, o que fizeram os deputados do BE? Ficaram de pé. “O primeiro gesto que o BE teve de ter ao chegar ao Parlamento foi afirmar a sua existência e identidade. Escolheu o seu local à esquerda no hemiciclo, à esquerda dos outros partidos, significando a radicalidade da sua proposta e a transformação que vinha trazer ao Parlamento.” Mas o gesto teve também outro significado. Foi “um sinal de rebeldia e de insubmissão ao código e ao protocolo da instituição parlamentar e da política tradicional em geral”. O segundo momento de que Jorge Costa gosta de se lembrar foi a vitória do referendo do aborto em 2007. Quanto ao terceiro momento, hesita. Não foi o acordo à esquerda? Silêncio. Acaba por concordar, mas ressalva: “A importância do acordo não é o acordo, mas as conquistas políticas.”
Dificuldades Já ocasiões que Jorge Costa destaca pela negativa são, por exemplo, a vitória do não no primeiro referendo do aborto, um ano antes da fundação do BE. Pode não fazer parte cronologicamente da história do partido, mas faz em termos de ideário. Sentiram, no movimento em que estavam inseridos, a derrota de não terem sido capazes de enfrentar os sectores mais conservadores, o “espanto” de estarem “num país mais difícil” nestes temas do que estavam à espera. Difícil para o BE foi, naturalmente, a chegada da troika ao país, em 2011. Mais uma vez, repete Jorge Costa, o que aconteceu foi “o medo, o medo social generalizado, e a deslocação para a direita da sociedade”. É nesta altura que o Bloco perde metade dos deputados — de 16 para oito. O
“balanço da experiência do Governo grego” também foi outra “lição muito dura” para o BE, demonstrando que “não se pode subestimar o poder destrutivo das instituições europeias actuais”. A chegada de Jorge Costa ao BE, que ainda foi a algumas reuniões iniciais, foi através do PSR, assim como Francisco Louçã. Resumidamente, o partido foi fundado por Louçã, Luís Fazenda (UDP), Miguel Portas (Política XXI) e Fernando Rosas. “Foi em torno de um programa político e não tanto de uma acumulação de experiências partilhadas que o BE se iniciou”, continua Jorge Costa. Havia esse espaço: “A esquerda precisava de um programa que não se estava a expressar na sociedade e estas correntes, com as suas identidades tão diferentes, com os seus perfis de composição social tão diferentes e com a sua experiência activista tão diferente, podiam, em torno de um programa, oferecer uma alternativa.” Agora que faz parte de uma solução de Governo, que está mais perto do que nunca do poder, o BE tornouse menos irreverente? “Nós não temos de dar provas de irreverência”, responde prontamente Jorge Costa. Diz mesmo, ele que também foi responsável de informação e propaganda do BE, que olhando, por exemplo, para os cartazes do partido, não só a irreverência se mantém, como dá exemplos de outros que, mais do que irreverentes, são agressivos. Para Jorge Costa, o cartaz mais irreverente que fizeram é de 2009: “Quem tem lucros não pode despedir”, na imagem, uma pessoa deita outra ao caixote do lixo. “É o mais agressivo e explícito sobre a injustiça económica. E dessa irreverência o BE nunca vai abdicar.”
Depois de avanços e recuos, a comissão de inquérito da CGD arranca já para a semana. O presidente da Assembleia da República (PAR) decidiu aceitar o requerimento do PSD e do CDS para a constituição de uma comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD), com as alterações que os dois partidos fizeram ao texto inicial. “Entendo estarem agora reunidas as condições para admitir a iniciativa, o que acabo de fazer”, comunicou ontem o PAR, depois de ter desistido de enviar o documento à Procuradoria-Geral da República. Para responder às questões de Ferro, mas sobretudo para evitar que a espera por um parecer da PGR atrasasse o início da comissão de inquérito, PSD e CDS decidiram reformular o texto. Assim querem apenas “avaliar os factos que fundamentam a necessidade da recapitalização da CGD, incluindo as efectivas necessidades de capital e de injecção de fundos públicos e as medidas de reestruturação do banco”. Cai a intenção de avaliar “o processo de recapitalização que está a ser preparado e negociado” e também a vontade de avaliar as “alternativas possíveis”. O PSD acusa Ferro de fugir às responsabilidades. Não por causa da comissão de inquérito, mas por causa do pedido de auditoria externa contratada pelo Parlamento que o PSD e o CDS requereram. O PAR mostrou dúvidas legais sobre o pedido de auditoria à Caixa e ao Banif por acreditar que extravasa os poderes do Parlamento e retirou-a do guião de votações de quinta-feira. Ferro Rodrigues tinha até ontem à noite para admitir ou não o texto, mas em vez disso remeteu o projecto de deliberação para a comissão de assuntos constitucionais da AR. A decisão do PAR foi mal vista pelo PSD. Na reunião da comissão, Marques Guedes disse que esta decisão era uma “manobra dilatória” de Ferro que tinha como único objectivo “fugir às responsabilidades”. O ex-ministro do PSD disse ainda que se tratava de um acto de “censura política e democrática profunda”. Mas as críticas de Marques Guedes
alastraram-se a todas as bancadas da esquerda, dizendo que nos últimos dias se assistiu “a várias atitudes de desespero” para travar as investigações à Caixa. A comissão parlamentar vai aprovar na quarta-feira um parecer do relator nomeado, Pedro Delgado Alves do PS, para aferir da legalidade ou não da proposta. E também nesta questão, a esquerda uniu-se mais uma vez. Jorge Lacão do PS defendeu Ferro Rodrigues dizendo que “o Presidente agiu totalmente de acordo com as regras da prudência, do regimento”, depois de uma dúvida levantada pelo deputado socialista. E não deixou de criticar as palavras de Marques Guedes: o PSD está a “aproveitar para, nas costas dele, colocar em causa a idoneidade da decisão do Presidente da Assembleia da República”. O deputado do PCP, Jorge Machado, concordou com a decisão do PAR por haver “dúvidas que são pertinentes que devem ser discutidas”. Tal como o deputado do BE, José Manuel Pureza, que disse que são dúvidas “absolutamente legítimas”. Em causa está o facto de se tratar de uma deliberação da AR e não de uma recomendação. O pormenor burocrático não é de somenos, uma vez que a votação de uma recomendação serviria apenas para o Governo saber qual a posição do Parlamento e uma deliberação, a ser votada favoravelmente, ter de ser mesmo aplicada. Ou seja, neste caso, se o Parlamento votar (e nem é certo que chegue a esse ponto) uma deliberação a exigir uma auditoria à Caixa e ao Banif, teria de ser contratualizada pela Assembleia. Ora os partidos da esquerda acham que isso vai além dos poderes parlamentares.
Ferro Rodrigues retirou o parecer pedido à PGR
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Sexo NELSON GARRIDO
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | PORTUGAL | 25 Ana Cristina Pereira
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embra-se do movimento das “Mães de Bragança”? Absolviam os maridos. Perdoavam-lhes os desvarios, porque eles, “coitados”, eram “amarrados” pelas “sedutoras”, “macumbeiras”, “pecadoras” vindas de além-mar. As “brasileiras” valiam-se de “falinhas mansas”, “drogas”, “feitiços”, “rezas”, “mezinhas”, “bruxarias” para os deixar “de cabeça perdida”. Muito se escreveu sobre o assunto nos jornais e na Net. E aí a culpa era das mulheres que eles tinham em casa. “A maior parte das críticas partia das hostes masculinas”, afiança o sociólogo José Machado Pais. “Reivindicavam uma ‘entrega sexual mais activa’ por parte das mulheres, o ‘fim dos tabus sexuais’ e o abandono da ‘moral caduca’.” Os homens não precisavam de se redimir. As “danadas”, na expressão de José Machado Pais, eram sempre as mulheres: ou se excediam na sedução e no fervor sexual ou, pelo contrário, ficavam muito aquém do desejado. Até eles se viam como vítimas. Eles são uns machos. E “como entre os desejos sexuais e a sua satisfação se interpunham as persistentes dores de cabeça das mulheres, coitados, vêem-se obrigados a satisfazer os défices sexuais noutro lado”. Estavam “carentes, confusos, necessitados”. “Estas narrativas, dominantes no universo masculino, surgem em muitos CD de música popular”, explica. “Na feira de Bragança, mesmo ao lado do mercado, ouvi muitas dessas músicas, alusivas a carências sexuais. Por exemplo: ‘Ó Maria dá-me o bife/ Dá-me o bifinho agora/ Se me não deres o bife/ Maria vou jantar fora’.” José Machado Pais chamou-lhe Enredos sexuais, tradição e mudança: as mães, os zecas e as sedutoras de além-mar. Não é um livro sobre trabalho sexual, imigração clandestina ou tráfico de pessoas, este que acaba de ser editado pela Imprensa de Ciências Sociais. É “um debate sobre os valores e as representações sociais que encapotam a sexualidade”. É que “a prostituição diz muito sobre a sociedade”.
Sexualidade reprimida Em Outubro de 2003, quando Bragança fez capa da revista Time, o investigador coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa sentiu uma “enorme tentação” de viajar até lá. Os amigos avisaram-no: “Não te metas nesses terrenos”; “arriscas-te a ser perseguido por mães, maridos, proprietários de casas de alterne, putas, polícias, bispos e até pela tua mulher.” Nada o impediu de fazer várias viagens de 400 quilómetros para, ao longo de 12 anos, observar, conversar com traba-
Aprostituição diz muito sobre a sociedade O manifesto das “Mães de Bragança” fez José Machado Pais mergulhar num estudo que levou 12 anos a concluir. O enfoque não tem de estar nas “mães” ou nas “putas”, pode estar nos maridos-clientes, prisioneiros na relação de submissão a que sujeitam as suas mulheres lhadoras do sexo, clientes, mulheres de clientes, donos de bares de alterne e de cafés, barbeiros, cabeleireiras, agentes imobiliários, e vasculhar arquivos de jornais. Queria “desvendar os mecanismos sociais de produção de estereótipos associados quer às trabalhadoras do sexo (tratadas por putas, brasileiras ou macumbeiras), quer às mães (apelidadas de beatas ou papa-hóstias)”. Havia muita sexualidade reprimida por esse país fora. Não convém esquecer que, “entre 1926 e 1974, Portugal viveu numa ditadura conservadora que impunha uma forte moral de contenção sobre a sexualidade”. As mentalidades iam-se abrindo à força do desenvolvimento — indissociável da emigração e da adesão à União Europeia — e Bragança era um exemplo disso mesmo. Em 30 anos, o número de habitantes dedicados ao sector primário passara de 70% para 10%. A área urbana triplicara. O sector do comércio e serviços expandira-se. Na cidade reproduziam-se bares de alterne e cafés “de subir”, isto é, com quartos no piso superior que podiam ser arrendados à hora. Não era só o aumento do poder de compra. “A euforia masculina em torno dos bares de alterne foi também nutrida por uma espécie de mobilização sexual não de todo alheia à crescente influência dos media”, escreve José Machado Pais. O cinema e a televisão “concorriam com os sermões da paróquia no que às moralidades dizia respeito”. Perante o afrouxar da ordem moralista, muitos homens deixavam-se levar pelos
Hoje nada está como antes da capa da Time que indiciava a tomada de Bragança por prostitutas impulsos sexuais. Iam às casas de alterne para “beber um copo”, “lavar a vista”, “desenferrujar os zecas”. O movimento “Mães de Bragança” começou quando duas mulheres descobriram que os maridos “padeciam de semelhante maleita”: chegavam a casa tarde, com desculpas duvidosas e restos de perfume. “A solidariedade feminina permitiu um trabalho de espionagem em rede.” Revoltadas, redigiram um manifesto e entregaram-no ao presidente da câmara, ao governador civil, ao comandan-
te da polícia. Com isso, despertaram a atenção de meios de comunicação social dentro e fora do país. Bragança entrou na rota do turismo sexual. “Curiosos vindos de Espanha, mas também de outros países europeus, passaram a frequentar a pequena cidade e a desfrutar dos prazeres do alterne”, recorda o investigador. Apesar da fama, “nada se passava de diferente de outras regiões do país”.
As “meninas” do Brasil Haveria 80 a 100 trabalhadoras do sexo, a maior parte oriundas do Brasil. Os clientes e os empresários da noite, mas também os comerciantes e os taxistas que com elas ganhavam dinheiro, chamavam-lhes “meninas”. As mulheres dos clientes, auto-intitulando-se “mães”, chamavam-lhes “putas”. Recatadas, fiéis, trabalhadoras, sentiam-se “ultrajadas no seu estatuto de mães”, “desvalorizadas, traídas, trocadas”. Tinham medo de “perder os maridos, a estabilidade económica, a reputação”. E queriam recuperar o seu “estatuto fragilizado” e intimidar as trabalhadoras do sexo, expulsá-las. As “Mães de Bragança”, na opinião de José Machado Pais, constituíram um movimento social. Havia nelas uma revolta que era um “reflexo de uma conquista de liberdade”, ainda que uma “liberdade não liberta das pendências do passado, como as idas à bruxa para quebrarem o feitiço do chá”. “O meu marido estava cheio de porcarias dentro dele”, afiançou uma delas a José Machado Pais. “Pretos e brasileiros em bruxarias são terríveis”, disse-lhe ainda. “Elas também usam um chá de amarração.” Como livrou o marido disso tudo?, perguntou. “Através da oração.” Quando um homem casado vai ao bar de alterne é sinal de quebra de estabilidade conjugal, diz o investigador. “Ou a crise desemboca em divórcio ou se busca o restabelecimento da ordem danificada.” Em vez de se revoltarem contra os maridos, as mulheres acusam as trabalhadoras do sexo de lhos roubarem através de meios ilícitos. “A desculpabilização dos homens alimenta a esperança de se salvar o casamento.” Desde o desembarque das caravelas no Brasil, as brasileiras povoam as fantasias dos portugueses. Primeiro, eram as índias sedutoras. Depois, também as mulatas. Esse imaginário persiste “como uma herança colonial”. E, com o movimento das “Mães de Bragança”, ganhou força o estereótipo da brasileira como mulher acessível, disponível, erótica e sensual. “Elas passaram a constituir uma figura dramática compósita, fonte de desejo e de maldição, de prazer e de dor”, menciona. Para muitos homens, em Trás-osMontes, “’ir às putas’ é um sinal de virilidade, uma marca de masculinidade”. Alguns parecem ignorar que as trabalhadoras do sexo vendem ilusões, “fingem excitação para excitar
os clientes”, despachar o serviço mais depressa, ganhar mais dinheiro. Disseram trabalhadoras do sexo ao investigador que alguns homens não eram capazes de grande desempenho. Por vezes, os “zecas” enferrujavam mesmo. Serviam-se então de todas as suas habilidades e estratégias, incluindo o uso de acessórios, como vibradores. Muitos, apurou, gostam de ter novas experiências sexuais, mas não aceitam que as mulheres as tenham, muito menos a sua. Um homem queixou-se da mulher que, na cama, parecia “um Cristo imóvel na cruz”. Lamentava-se, assim, “do carácter rotineiro e roteirizado da sexualidade, isto é, de um script sexual de natureza cultural, o sexo à ‘missionário’ ou à ‘papai-mamãe’”. Ora, “quando os homens recorrem à prostituição é também porque se sentem prisioneiros de si próprios na relação de submissão a que sujeitam as suas mulheres”. No entender do investigador, “a sexualidade da mulher representada como ‘um Cristo imóvel na cruz’ revela muito mais do que uma rotina sexual. Representa, sobretudo, para muitas mulheres, uma rotina de vida, de uma vida sacrificada, que a crucifica nas suas labutas quotidianas”. “A dignidade conferida ao estatuto de esposa e de mãe exige a prática de uma sexualidade dominada”, nota. “Às mulheres exige-se abnegação, sacrifício, esquecimento de si mesmas.” Sobrecarregadas, são “acusadas de histerismos, maus humores, feitios ruins”. “Alguns casais pouco mais partilham do que as rabugices, o rolo de papel higiénico e o leito conjugal.” Nada está como antes da capa da Time que indiciava a tomada de Bragança por trabalhadoras do sexo. Com o alarido que se seguiu ao manifesto, o despontar da crise económica, a intensificação das rusgas feitas pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, muitas trabalhadoras do sexo instalaram-se do outro lado da fronteira. Quando deixaram de valer “as malbaratadas justificações das voltinhas a Espanha para atestar o depósito de gasolina, algumas meninas montaram apartamentos em Bragança e redondezas”. Queixam-se agora de quebra de clientela. Não será só falta de dinheiro. Algumas mulheres “começaram a deixar esturricar a comida, a tolerar os buracos nas meias dos maridos, a desleixar-se nas tarefas domésticas”, garante o sociólogo. Arranjaram tempo para frequentar salões de beleza, cuidar mais da sua imagem. E “a estabilidade matrimonial começou a ceder à influência de novas correntes socioculturais, propensas à valorização dos enlaces efectivos eróticos e não apenas à dos vínculos patrimoniais”.
26 | PORTUGAL | PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016
Breves Media
Paulo Baldaia é o novo director do Diário de Notícias Continua a dança de cadeiras na direcção de alguns dos principais títulos da imprensa portuguesa: um dia depois de David Dinis ter sido anunciado como novo director do PÚBLICO, substituindo no cargo Bárbara Reis, a Global Notícias anunciou ontem que Paulo Baldaia será o novo director do Diário de Notícias. O jornal ainda é dirigido por André Macedo, que está de saída para a RTP. David Dinis é o actual director da TSF, onde sucedeu a Paulo Baldaia.
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Colégios financiados pelo Estado têm melhores resultados do que o ensino público Educação Clara Viana Conclusão é de um estudo do Conselho Nacional de Educação com base nos resultados dos alunos nos testes PISA da OCDE O desempenho dos alunos das escolas públicas e dos colégios financiados pelo Estado nos testes PISA são próximos, mas tem existido “uma tendência generalizada para que as escolas privadas com financiamento do Estado tenham resultados acima dos da escola pública, apesar de operarem em meios sociais similares”. Esta é uma das conclusões do novo estudo do projecto aQeduto, que será apresentado depois de amanhã. No caso de Portugal, “os resultados
dos colégios dependentes do Estado subiram perto de 60 pontos entre as edições do PISA de 2003 e 2012, enquanto na escola pública se verificou uma melhoria de 20 pontos”. O PÚBLICO foi também comparar a performance nos exames nacionais do ensino secundário. Resultado: 21% das 492 públicas com exames tiveram média negativa, enquanto nos 51 colégios dependentes do Estado que realizaram provas esta percentagem desce para 10%. Com o nome Público ou privado: há um modelo perfeito?, este estudo tem na base os resultados dos testes PISA realizados em 2012 e dos inquéritos a alunos e professores realizados no âmbito da avaliação da literacia dos alunos de 15 anos que é feita de três em três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Para a comparação do desempe-
nho dos alunos do ensino público e privado, o estudo do aQeduto seleccionou os resultados dos estudantes sem retenções no seu historial e que, por isso, estavam no ano de escolaridade certo para a sua idade, que em Portugal é o 10.º ano. Resultados: o score médio destes alunos no ensino público foi então de 517 pontos e o dos que frequentavam o privado dependente do Estado alcançou os 519, numa escala que vai até mil. O score médio de todos os alunos que realizaram o PISA situou-se abaixo dos 500. A diferença acentua-se quando a comparação é feita com todo o universo das escolas privadas e não só com as que são financiadas por verbas do Orçamento do Estado. “Ao analisar o desempenho das escolas privadas (score médio 582), verificase que estas obtêm melhores resultados que as escolas públicas (score
médio 538). Note-se, porém, que apenas alunos de elite têm acesso a estas escolas”, frisa-se no estudo realizado pelo Conselho Nacional de Educação em parceria com a Fundação Francisco Manuel dos Santos. Segundo dados do Ministério da Educação, em 2013/2014, dos 2628 colégios existentes, 982 recebiam algum tipo de financiamento do Estado. No mesmo ano, o número de escolas públicas estava nos 6575. Na Europa, apenas a Holanda e a Irlanda têm “menos de 50% de escolas públicas, o que se deve a uma tradição de ensino de cariz religioso”, destaca-se no estudo sobre o ensino público e privado, onde se adianta também que, em 2012, a Espanha, com 8%, e Portugal, com 7%, “são os países com a maior percentagem de escolas privadas independentes”, ou seja, que não têm financiamento do Estado.
concerto sinfónico ArrábidaShopping 20 anos
25 JUN · 22:00 ENTRADA LIVRE
Orquestra Sinfónica Casa da Música Martin André direcção musical Obras de Mussorgski
Praceta Exterior Norte do ArrábidaShopping
28 | LOCAL | PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016
Setúbal
ilustrada mais uma vez MISÉ PÊ
A arte saiu à rua num dia assim. Da Associação José Afonso (Casa da Cultura) à Galeria 11 (Escola de Hotelaria e Turismo), a Festa da Ilustração distribui-se por 17 exposições e por várias lojas da Baixa de Setúbal. Hoje, André Carrilho vai “desenhar em cima da conserva”, no Museu do Trabalho Giacometti
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | LOCAL | 29 FILIPE VIEIRA
Rita Pimenta Preciso Fazer Um Desenho? Assim se apresenta a Festa da Ilustração de Setúbal, que nesta segunda edição volta a “celebrar ilustradores portugueses contemporâneos e clássicos”, nas palavras de João Paulo Cotrim, director do projecto com o designer José Teófilo Duarte. Até dia 3 de Julho, há desenhos por aí a medir a temperatura da sociedade. Do lado dos contemporâneos, o destaque vai para Nuno Saraiva, com a exposição Fónix (Casa da Cultura), que sintetiza dez anos do seu percurso; dos clássicos, a escolha foi para Luís Filipe de Abreu, com Ilustração (Galeria 11), que espelha 60 anos de actividade do artista, que se reparte por publicidade, medalhística, capas de livros, notas e pintura. Nuno Saraiva inaugurou a sua mostra à meia-noite de 2 de Junho e contou, numa visita informal e divertida, as circunstâncias que deram origem a algumas criações.
É
Sobre a sua primeira ilustração editorial (1989): “Estudava no 11.º ano na escola do Pragal e tinha como colega de carteira o Cascão, baixista dos Mata-Ratos. Na altura já eram uma banda de culto. Os concertos reuniam tudo o que havia de bom e de mau na época, nomeadamente skinheads.” Convidaram-no para fazer a capa do 1.º álbum do grupo e Nuno Saraiva desenhou um neonazi esmagado. “Coloquei no seu dedo um anel com uma cruz celta que é uma simbologia neonazi.” Não passou. “O guitarrista exigiu que aquele símbolo desaparecesse porque estava com medo de ter problemas.” O skinhead continuou esmagado na capa de Rock Radioactivo (EMI Valentim de Carvalho, 1990), mas sem anel. “Já nesta altura eu queria incomodar. Mas fui um bocadinho inconsciente, eles eram perigosos, assassinos. Foi um trabalho de atrevimento com um fim feliz”, conclui. Sobre o retrato de Raul Solnado, Saraiva avisa que a “história tem um lado de misticismo”. E prossegue: “Não é que, quando eu estava no atelier a desenhar o Raul Solnado, com o rádio ligado, é anunciada a morte
dele.” Alguns visitantes da exposição ficam em silêncio, outros arrepiamse. “Quando os meus amigos chegam ao pé de mim e me dizem: ‘Tens de fazer o meu retrato.’ Eu conto-lhes sempre esta história. E imediatamente desistem.” Todos riem agora. Nuno Saraiva detém-se frente a uma ilustração que foi capa do Ípsilon para o tema “A literatura portuguesa é má na cama”: “Uma imagem para mim bastante importante. Ganhou o Prémio Stuart [de Desenho de Imprensa 2010].” Uns dias depois e umas ruas mais adiante, é inaugurada a exposição retrospectiva do trabalho de Luís Filipe de Abreu, Ilustração, cujo comissário, Jorge Silva, começa por descrever no catálogo assim: “O desenho é senhor absoluto de toda a sua vida, dos cenários e figurinos para ópera, teatro e bailado à medalhística, da pintura mural, cerâmica, vitral e tapeçaria integrados em espaços arquitectónicos à ilustração editorial, que na Galeria do 11 é mote exclusivo.” Para o artista, “é uma exposição parcelar, mas bastante representativa”. O material exposto estava em seu poder, mas recorda a prática de,
durante muito tempo, os originais não serem devolvidos aos autores: “Muito do que fiz ficou na posse de quem mandou fazer. Não havia o cuidado de retermos os originais.” Quando se lhe pergunta se lamenta a ausência de algum original, responde: “É melhor nem pensar nisso.” E valoriza o que ali está, alertando-nos para as ilustrações criadas para o Círculo de Leitores: “As pessoas não têm hipótese de avaliar, pelos livros que possam ter, porque estão reproduzidas em formato de página. Mas como está aqui a ver são pinturas com um metro, não é vulgar ver ilustrações assim. E agora cada vez menos.” Entre as várias áreas por onde Luís Filipe de Abreu andou, diz não preferir uma em particular, mas também não se arrepende de nenhuma: “Nada que me envergonhe. Comecei muito novo, evidentemente que evoluí, mas há uma certa unidade e houve continuidade. Uma identidade com que me reconheço e de que não me arrependo.” Além destas duas grandes exposições, a cidade mostra o que de melhor se faz na ilustração em Portugal (Ilustração Portuguesa, Casa da Baía)
e convida as escolas a expor os seus trabalhos. Os alunos fizeram retratos do poeta Bocage, o que resultou em Conheces Bocage? (Oficina do Porto de Setúbal e Sociedade Perpétua Azeitonense). Assim, os 250 anos do nascimento do poeta são assinalados com centenas de imagens. Bocage em versão super-herói ou com o equipamento do Vitória de Setúbal, o poeta ao sol, sentado a escrever ou em pé de braços abertos, com e sem musas. Narigudo, sempre. As escolas foram ainda desafiadas a gravar “o futuro” numa moeda, uma co-produção com a Imprensa Nacional/Casa da Moeda. Hoje, às 17h30, no Museu do Trabalho, André Carrilho vai desenhar ao vivo, encerrando o projecto Desenhar em Cima da Conserva, que começou há um ano no Mercado da Ribeira, em Lisboa. Antes, às 15h, há uma oficina de ilustração com Madalena Matoso e Yara Kono, na Casa da Avenida. A festa continua até 3 de Julho. Se sabe onde fica Lisboa, verá que Setúbal é logo ali. Se for preciso, faz-se um desenho.
30 | ECONOMIA | PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016
Segurança Social promove 600 trabalhadores com 190 euros por mês Processo de mobilidade intercarreiras terá efeitos a partir de 1 de Setembro e custará 442 mil euros até ao final do ano. Instituto diz que objectivo é travar saída de funcionários qualificados FÁBIO TEIXEIRA
Função pública Raquel Martins O Instituto de Segurança Social (ISS) aprovou ontem um processo de mobilidade que permitirá a perto de 600 trabalhadores mudar de carreira, com a correspondente valorização dos seus salários. A medida custará 442 mil euros até ao final do ano e tem como objectivo travar a saída de funcionários do instituto. “O conselho directivo acabou de aprovar um procedimento de mobilidade intercarreiras com efeitos a partir de 1 de Setembro”, refere um comunicado enviado aos trabalhadores esta manhã. Fonte oficial do ISS adiantou ao PÚBLICO que serão abrangidas 581 pessoas, algumas das quais já estão a desempenhar funções relacionadas com as carreiras onde agora serão colocadas, mas sem receberem o salário correspondente. Assim, a partir de 1 de Setembro, 410 trabalhadores que actualmente estão na carreira de assistente técnico e 10 assistentes operacionais (que têm licenciatura) passam para a carreira de técnico superior. A estes há ainda que somar 161 assistentes operacionais que têm o 12.º ano de escolaridade e que transitam para a carreira de assistente técnico. Mais 190 euros por mês Estas promoções custarão 442 mil euros até ao final do ano, um montante que será “totalmente acomodado” no orçamento para este ano e que não implicará aumentos das despesas com pessoal face a 2015. Fonte oficial garante que até haverá uma redução, por causa das aposentações e da saída de trabalhadores, que ocorreu nos primeiros meses do ano, para outros serviços da Administração Pública.
ordem dos 32,4%, ou seja, mais de 2700 trabalhadores”. “Tendo em conta esta conjuntura, e numa lógica assente na motivação dos recursos humanos que terão assim a possibilidade de desempenhar tarefas correspondentes às habilitações que entretanto foram adquirindo, reconhecendo em determinadas situações as funções efectivamente exercidas, serão inseridos neste processo 581 trabalhadores”, acrescenta em resposta ao PÚBLICO.
Sindicatos aplaudem
Mais 190 euros por mês
Em causa estão 581 trabalhadores cujos salários não correspondiam às funções que desempenhavam
Se fizermos uma simples divisão entre o valor que o ISS vai gastar entre Setembro e Dezembro e o número de trabalhadores envolvidos, chegase à conclusão que, em média, cada pessoa receberá mais 190 euros por mês. Contudo, o impacto varia consoante o nível salarial em que os trabalhadores estejam colocados, sendo maior para os que transitam da carreira de assistente operacional para
a de técnico superior. Olhando para a tabela remuneratória única da função pública, fica-se com uma ideia do impacto que a medida terá no bolso dos funcionários. Um assistente técnico tem um salário mensal bruto, na primeira posição remuneratória, de 683 euros e um assistente operacional recebe 530 euros (o valor do salário mínimo). Com a passagem para a carreira
de técnico superior ficarão a ganhar, também na primeira posição, 995 euros. Ou seja, receberão mais 312 a 465 euros por mês. Já um assistente operacional que transite para a carreira de assistente técnico terá um ganho salarial de 153 euros. Fonte oficial do ISS explica que o processo de mobilidade intercarreiras tem como objectivo “reforçar a estabilidade dos serviços prestados
e assegurar a manutenção destes trabalhadores no instituto”, evitando que peçam para mudar para outros serviços que oferecem condições salariais mais atractivas e onde poderão desempenhar funções ajustadas às suas qualificações. O ISS, cuja presidência foi entregue recentemente a Rui Fiolhais, lembra que, de 2011 para 2015, “sofreu uma diminuição de recursos humanos na
Os sindicatos consideram a medida “muito positiva” e esperam que seja alargada a outros organismos. O processo, defende o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (Sintap), “vem resolver um problema vivido diariamente no instituto, de saída de muitos trabalhadores qualificados por falta de reconhecimento profissional e remuneratório e de recusa dos muitos pedidos de mobilidade intercarreiras”. Alerta, contudo, que este não é um caso isolado e que é preciso pôr em prática procedimentos semelhantes noutras áreas, nomeadamente no Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, ou em áreas “sensíveis” como a educação e a saúde. Também a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS) considera a decisão do ISS uma “importante conquista” na valorização das carreiras destes trabalhadores. “A Federação sempre reivindicou, ao longo da última década, a transição para a carreira de assistente técnico e de técnico superior destes trabalhadores que, ao longo dos anos, não só procederam à sua valorização, através da melhoria das suas habilitações académicas, como exerceram funções correspondentes às carreiras citadas”, refere a estrutura ligada à CGTP num comunicado, exigindo que a solução agora encontrada seja “definitiva” e não deixe as pessoas numa situação transitória. A lei geral do trabalho em funções públicas prevê vários tipos de mobilidades dentro do Estado, uma delas é a mobilidade intercarreiras que depende do facto de o trabalhador ter uma determinada habilitação. Por exemplo, o acesso à carreira de técnico superior apenas é possível a quem tenha uma licenciatura.
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | ECONOMIA | 31 NUNO FERREIRA SANTOS
Bolsas O DIA NOS MERCADOS Dinheiro, activos e dívida
Diário de bolsa
Divisas Valor por euro
Portugal PSI20
Euro/Dólar
1,1158
5600
Euro/Libra
0,813
5200
Euro/Iene
114,03
4800
Euro/Real
3,7714
4400
Euro/Franco Suíço
1,0845
4000
Últimos 3 meses
Acções
Taxas de juro Euribor 3 meses
-0,269%
Euribor 6 meses
-0,161%
PSI20
-6,99%
Euro Stoxx 50
-8,62%
Dow Jones
n.d.
Variação dos índices face à sessão anterior
Finanças reafirmam “o compromisso com os objectivos orçamentais estabelecidos” para este ano
Euribor 6 meses
Défice público foi de 3,2% no primeiro trimestre e Governo está optimista
0,0500
Mais Transaccionadas
-0,0125
BCP
-0,0750
Pharol
-0,1375
EDP
6.826.560
-0,2000
Sonae
4.519.442
Últimos 3 meses
BPI
2.870.118
Melhores
Variação
Mercadorias 46,2
Petróleo
1317,61
Ouro
Finanças públicas Sérgio Aníbal Valor mais baixo do que no ano passado, mas ainda acima da meta prevista para o ano O défice público português caiu no primeiro trimestre do ano para 3,2%, uma descida em relação aos 5,5% do ano passado, mas ainda assim acima do objectivo do Governo para o total de 2016. O Ministério das Finanças garante que os dados são melhores do que o previsto e que as metas do OE serão cumpridas. De acordo com os dados publicados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o valor do défice em contabilidade nacional (o método usado por Bruxelas) foi, nos primeiros três meses deste ano, de 1406 milhões de euros, um valor equivalente a 3,2% do PIB do trimestre. Isto significa que, em termos de saldo orçamental, este ano começou melhor do que o ano passado, período em que se registou um défice de 5,5% do PIB. Ainda assim, se se olhar para a meta do Governo para o total do ano, é notório que é preciso que nos três trimestres seguintes o saldo seja menos negativo do que no primeiro trimestre, já que o objectivo do
executivo é neste momento o de um défice de 2,2% em 2016. A Comissão Europeia tem vindo a apontar para um valor do défice próximo de 3% (embora ligeiramente abaixo), assinalando que são precisas medidas de consolidação adicionais para que as metas do OE sejam atingidas, num contexto em que o crescimento da economia é mais baixo. Pelo contrário, o Governo tem defendido que a execução orçamental nos primeiros meses do ano está em linha com aquilo que estava previsto, não antecipando a necessidade de novas medidas.
Nos trimestres seguintes, o saldo terá de ser menos negativo, já que o objectivo do executivo é o de um défice de 2,2% O primeiro-ministro, António Costa, considerou no Porto que a redução do défice demonstra “o acerto” de uma “alternativa que procura virar a página da austeridade”, garantindo, segundo a Lusa, que Portugal teve “neste primeiro trimestre o melhor resultado desde 2008”. “Devemos dar continuidade
a esta estratégia que temos vindo a prosseguir que permitirá consolidar as nossas finanças públicas ao mesmo tempo que dá prioridade ao crescimento e à criação de emprego”, defendeu António Costa. Por sua vez, o Ministério das Finanças diz que estes confirmam uma “execução orçamental rigorosa” e destacam o facto de a redução de 2,3 pontos percentuais face ao primeiro trimestre do ano anterior ser maior do que a melhoria de 0,9 pontos percentuais prevista para o défice do total de 2016 face ao de 2015. Se se excluir a capitalização do Banif, o défice de 2015 foi de 3,1%, dizem as Finanças, que apostam em 2,2% em 2016. Para além disso, os responsáveis das Finanças lembram que no primeiro trimestre “o défice orçamental reduz-se 939 milhões de euros, estando prevista uma diminuição de cerca 1300 milhões para o total do ano”. No comunicado, as Finanças reafirmam “o compromisso com os objectivos orçamentais estabelecidos, que permitirão a saída do Procedimento por Défice Excessivo”, avisando contudo que “a continuação de uma gestão orçamental rigorosa é fundamental para ultrapassar momentos de incerteza que se vivem na União Europeia, como os que resultam da opção ‘Brexit’ expressa pelos eleitores britânicos”.
Volume
486.983.644 25.505.819
Pharol
2,11%
Montepio
-0,39%
Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares
EDP Renováveis
Obrigações
Piores
-2,52%
Variação
OT 2 anos
0,906%
BCP
OT 10 anos
3,384%
CTT
-10,77%
EDP
-10,68%
-12,20%
Europa Euro Stoxx 50
Obrigações 10 anos 4,0
3500
3,5
3250
3,0
3000
2,5
2750
2,0
2500
Últimos 3 meses
Últimos 3 meses
PSI-20 Nome da Empresa
Var%
Fecho
Última Sessão Volume Abertura
Mínimo
Performance (%) 5 dias 2016
PSI 20 INDEX
-6,99
4313,23
4398,59
4175,28
ALTRI
-6,22
3,00
712380
2,83
3,05
2,80
11,97
BPI
-4,16
1,08
4902652
1,05
1,09
1,05
3,76 -0,64
BCP
-12,2
0,02 1316797150
0,02
0,02
0,02 14,53 -63,19
CORT. AMORIM
-4,85
7,02
46204
7,10
7,20
7,00
7,34
CTT
-10,77
6,94
2702939
6,98
7,13
6,60
3,43 -21,65
EDP
-10,68
2,64
16818707
2,55
2,77
2,49
4,87 -20,66
EDP RENOVÁVEIS -2,52
6,61
841041
5,50
6,63
5,50
3,42
-3,39
11,96
1802161
11,25
12,10
11,14
7,05
11,52
-5,5
13,50
1923779
13,00
13,61
12,85
6,52
12,55
GALP ENERGIA J MARTINS
4362,111386383548
Máximo
6,01 -17,90 -37,11
17,96
-8,87
MOTA ENGIL
-9,47
1,53
907447
1,50
1,56
1,50
5,62 -20,52
MONTEPIO
-0,39
0,51
81694
0,51
0,51
0,51
-5,72 -22,29
-10,53
5,43
1183986
5,60
5,72
5,43
5,13 -25,03
-3,71
2,68
1721260
2,47
2,69
2,41
9,37 -25,58
NOS NAVIGATOR PHAROL
2,11
0,10
22829966
0,09
0,11
REN
-5,86
2,50
1808396
2,50
2,56
2,35
7,00 -9,99
SEMAPA
-6,05
10,10
109116
9,38
10,16
9,20
8,48 -20,44
SONAE CAPITAL -4,63
0,56
406071
0,54
0,56
0,47
-1,19
SONAE
0,73
10788599
0,67
0,76
0,66
8,63 -29,96
-10,27
0,08 -26,36 -55,11
9,02
32 | MUNDO | PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016
Sanders vota em Clinton mas mantém exigências para declarar apoio O candidato do Partido Democrata ainda não anunciou formalmente a sua desistência, mas foi taxativo na resposta à pergunta: “Vai votar em Hillary Clinton em Novembro?” JUSTIN SULLIVAN/AFP
EUA Alexandre Martins Nas eleições para a escolha dos candidatos que vão representar o Partido Democrata e o Partido Republicano na corrida à Casa Branca há sempre um momento a partir do qual se torna desnecessário continuar a lutar contra as evidências: meses antes da convenção de cada partido, que costuma limitar-se a ser apenas uma espécie de cerimónia de coroação, os derrotados anunciam publicamente o seu apoio aos vencedores e toda a gente atira o passado recente para trás das costas. Foi o que aconteceu a Hillary Clinton em 2008: lutou quase até ao fim mas acabou por admitir a derrota a dois meses e meio da convenção e fez campanha ao lado de Barack Obama. E foi o que aconteceu a Mitt Romney e Mike Huckabee no mesmo ano: saíram da corrida em Fevereiro e Março e declararam o seu apoio a John McCain mais de seis meses antes da convenção. Mas quem escreveu esta história das eleições primárias nas últimas décadas não contou com o aparecimento em 2015 e 2016 da personagem Bernie Sanders, o senador do estado do Vermont que entrou em cena como um defensor da socialdemocracia ao estilo nórdico, e que ajudou a desbloquear a palavra “socialismo” da boca de muitos eleitores norte-americanos. Há semanas que Hillary Clinton garantiu a vitória nas primárias do Partido Democrata, depois de ter conquistado mais delegados que estão amarrados à disciplina de voto (2220 contra os 1831 de Sanders); mais delegados com liberdade de voto (os “superdelegados”, 591 contra 48); mais vitórias em primárias e caucus (34 contra 23); e mais votos (quase 16 milhões contra 12 milhões). Por ter feito uma campanha muito acima do que todos esperavam quando anunciou a sua candidatura, em finais de Abril do ano passado, e por continuar oficialmente na corrida a um mês da convenção do Partido Democrata, muitos eleitores, analistas, jornalistas e curiosos tendem a ver o cenário a preto e branco — ou Sanders é um messias a quem foi roubado o direito divino à nomeação pelo Partido Democrata
O senador do Vermont confirmou que vai votar em Hillary Clinton e fazer tudo para derrotar Donald Trump por causa de um sistema corrupto, ou Sanders é um mau perdedor que não percebe que está na altura de anunciar a sua desistência e apoiar Hillary Clinton.
Concessões importantes Nos últimos dias, Bernie Sanders tem dado várias pistas de que percebeu muito bem o que lhe aconteceu nas primárias. E o que lhe aconteceu — para confusão de quem vê o mundo a preto e branco — foi um cinzento muito colorido. Por um lado, sabe que não tem delegados suficientes para travar a nomeação de Hillary Clinton; por outro, acredita ter delegados suficientes para forçar a sua adversária a fazer importantes concessões, antes de se deixar de meias-palavras e darlhe o abraço público por que muitos responsáveis do Partido Democrata aguardam há várias semanas. O mais perto que esteve de o fazer foi ontem, numa ronda de entrevis-
tas pelos canais CNN, CBS e MSNBC, depois de na quarta-feira ter dito que “não parece” provável vir a ser nomeado na convenção, entre 25 e 28 de Julho. A pergunta foi feita directamente em todos os programas, mas foi no “Morning Joe”, da MSNBC, que Bernie Sanders foi mais taxativo: “Vai votar em Hillary Clinton em Novembro?” “Sim”, disse Sanders, deixando claro que a sua campanha está unicamente concentrada em influenciar o mais que puder o programa político do Partido Democrata, e que já desistiu de tentar convencer centenas de “superdelegados” a desistirem de apoiar Hillary Clinton na convenção — uma estratégia que alimentou até à fase final das primárias, no início do mês, quando já era evidente que não iria conseguir dar a volta ao resultado. O que tem mantido Sanders na corrida, apesar de já estar completa-
mente fora dela em termos aritméticos, é a determinação em ouvir três coisas de Hillary Clinton antes de desistir oficialmente da corrida: que o salário mínimo deve subir para 15 dólares por hora; que os alunos das universidades públicas não devem pagar propinas; e que o sistema de saúde público deve caminhar no sentido de abranger todos os cidadãos. Nos últimos tempos a presença de Bernie Sanders na campanha deixou de ser a promessa de revolução política esperada pelos seus mais fervorosos apoiantes — muitos dos quais já começaram a mostrar o seu desagrado nas redes sociais depois de o senador ter dito que vai votar em Clinton —, e passou a ser um braço-de-ferro interno para que o Partido Democrata se apresente claramente como “o partido da classe média, o partido dos trabalhadores” nas eleições de Novembro. Até porque Clinton está desejosa de ver o assunto arrumado antes da
convenção, para não perder mais tempo com as primárias e passar a concentrar-se em Donald Trump, com a ajuda inestimável de Bernie Sanders e o seu exército de jovens desiludidos com o sistema. Apesar de ainda não ter abandonado oficialmente a corrida e declarado o apoio a Hillary Clinton, Bernie Sanders já deixou bem claro que não espera ver nenhum dos seus apoiantes a votar em Donald Trump: “Vou fazer tudo o que puder para derrotar Donald Trump. Acho que seria um desastre para este país se fosse eleito Presidente. Não precisamos de um Presidente cujos pilares de campanha são a intolerância, os insultos a mexicanos, latinos, muçulmanos e mulheres. Que não acredita na realidade das alterações climáticas, quando virtualmente todos os cientistas que estudaram esse assunto dizem que é uma crise global. É uma pessoa que não deve ser Presidente.”
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | CULTURA | 33
Morreu o arquitecto que foi o motor do modernismo algarvio Manuel Gomes da Costa (1921-2016) O seu trabalho teve uma notável repercussão e fez escola: muitas casas, prédios e lojas foram erguidos “à maneira de”. Morreu no dia 17 de Junho, ao 95 anos RAGAREZ
Obituário Ricardo Agarez Manuel Gomes da Costa, falecido há uma semana em Faro aos 95 anos, foi um dos mais importantes e influentes arquitectos da sua geração no Algarve. Entre 1950 e 2002, desenhou e construiu cerca de 400 edifícios na região, sobretudo no Sotavento algarvio — em Vila Real de Santo António (sua terra natal), Tavira, Olhão e Faro. A sua extraordinária sensibilidade plástica e o vocabulário distinto que utilizava no desenho de fachadas — a face mais visível das suas criações — tiveram notável repercussão no ambiente construído algarvio no seu todo: um conjunto de actores envolvidos na produção arquitectónica no Algarve, desde engenheiros civis até desenhadores técnicos, construtores e mestres de obra ergueram inúmeras casas, prédios e lojas ‘à maneira de’ Gomes da Costa. O arquitecto e a sua corte alargada de seguidores foram apoiados, de forma essencial, por figuras e comunidades locais ávidas por ver o seu contexto claramente modernizado e detentoras de uma mobilidade e cosmopolitismo de certo modo insuspeitos na nossa visão colectiva do Portugal a preto, branco e cinzento das últimas décadas da ditadura. O renascimento modernista de uma cidade como Faro no pósguerra, resultando num tecido edificado que se pode considerar hoje um exemplo admirável de modernismo regional, foi possível graças a uma conjugação particular de circunstâncias políticas, económicas e sociais — mas quem desenhou a face deste renascimento foi, em muito significativa medida, o arquitecto Manuel Gomes da Costa. “Em arquitectura, temos de exprimir tudo [sobre a nossa sociedade], foi o que fizeram todos os artistas no seu tempo. Arquitectura internacional [fazse] quando se sai da escola: no princípio, a gente vai tacteando, é como a criança que começa a engatinhar até começar a andar,
Edifício Gago Rosa em Faro (1955-1956), uma das obras do arquitecto Manuel Gomes da Costa vai aprendendo. [...] Aqui no Algarve, eu passava por zonas de campo com casas, [meras] paredes com telhado, e dizia: isto é uma coisa de tal maneira equilibrada, humanizada, está a uma escala humana, completamente!” Nestes termos, muito claros, descrevia Gomes da Costa, em entrevista de 2008, o seu próprio processo de aprendizagem e os princípios que guiaram a sua apropriação do vocabulário da arquitectura moderna internacional no pós-guerra. O arquitecto conhecia bem este vocabulário: ingressado aos vinte anos no curso de arquitectura da Escola de Belas-Artes de Lisboa, transferiu-se antes ainda de terminado o primeiro ano para o Porto, lamentando a falta de diálogo entre docentes e estudantes e, em especial, o apertado controle exercido pela polícia política PIDE sobre a escola da capital. No Porto, conheceu e conviveu com outros dois ilustres modernistas algarvios: António Vicente de Castro (1920-2002), de Lagos, e Manuel Laginha (1919-1985), de
Loulé. Os três partilharam não só hospedagem na cidade mas também um interesse ávido pelos desenvolvimentos mais recentes da arquitectura internacional: Gomes da Costa tinha por hábito adquirir revistas francesas e italianas e arquivar, na memória, os projectos publicados — de Le Corbusier a Gropius passando por Bakema e Terragni —, informação à qual depois todo o grupo recorria, nos trabalhos académicos. Nasceu naquele meio o fascínio, também colectivo, pelo trabalho dos brasileiros Costa, Reidy e Niemeyer, que marcou fortemente as primeiras obras dos três arquitectos algarvios. A sedução exercida pela experiência brasileira ficou patente com clareza no excepcional programa dos centros de assistência social polivalente, estruturas de educação e apoio à infância, maternidade e família com que instâncias locais e regionais procuraram mitigar carências sociais profundas dos concelhos algarvios. Gomes da Costa projectou em 1957 os centros de Aljezur (construído), Vila Real e Tavira (não
construídos), numa rede regional de equipamentos que assinalou tanto a afirmação do grupo na sua região natal, quanto o pôr em prática de uma estratégia bem definida: para vingar no Algarve, a arquitectura moderna teria de encontrar um compromisso com as práticas construtivas tradicionais locais. Soluções comuns e bem testadas em contextos específicos — o muro de pedra solta em Loulé, o rendilhado de madeira em Tavira ou o telhado de água simples no Barrocal — foram reformuladas e conciliadas com elementos recorrentes no léxico internacional para atingir uma síntese pragmática, simultaneamente expressiva de uma urgência de modernização e de uma percepção realista das particularidades do contexto. Não abdicando de princípios modernistas (‘verdade’, contemporaneidade, abstracção), estes edifícios garantiam uma materialidade (textura, massa, cor) relevantes para o Algarve. Manuel Gomes da Costa foi uma das figuras principais nesta procura de uma arquitectura
moderna e algarvia, antes de que o tema se tornasse motivo preferido na construção massificada para alojamento turístico, após a abertura do aeroporto internacional em Faro em 1965. Contudo, se uma das suas primeiras casas em Faro, de 1950-1952, foi celebrada pela cultura arquitectónica metropolitana como um ‘milagre’, o seu nome depressa saiu do alcance dos radares sedeados em Lisboa e no Porto. A partir da sua (impressionante) casa-escritório na capital algarvia, trabalhando em regra sozinho e apurando a sua expressão arquitectónica pessoal, o arquitecto teceu pacientemente uma teia de relações pessoais, sociais e profissionais que lhe permitiram transformar-se, a partir do início dos anos 1960, no projectista de referência para um amplo leque de obras na cidade. O reconhecimento da comunidade traduziu-se no apoio das instâncias municipais e regionais e na encomendas de clientes como o Bispado do Algarve, os principais promotores imobiliários, responsáveis oficiais e engenheiros civis / construtores de Faro e de outros centros do Sotavento. Foi nas obras mais icónicas — a Casa de Retiros e Colónia de Férias em Alcantarilha (1957-1962), a ampliação do Colégio da Senhora do Alto em Faro (1960-1965) ou a Igreja de Santa Luzia em Tavira (1956-1958) — mas, sobretudo, nos inúmeros edifícios, pequenos e grandes, para habitação que preenchem frentes de rua em Faro, Tavira e Vila Real de Santo António, que Gomes da Costa ensaiou uma lição de prática arquitectónica universal: é com a comunidade, não contra ela, que se faz boa arquitectura-de-todosos-dias. E é esta a arquitectura que mais importa na qualidade do ambiente construído que nos rodeia. Do Algarve para o mundo. Arquitecto e historiador da arquitectura, é o autor de Algarve Building: Modernism, Regionalism and Architecture in the South of Portugal, 1925-1965 (Routledge, 2016) publicado este mês.
34 CLASSIFICADOS PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016
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EMPREGO
COMARCA DE LISBOA Almada - Instância Central - 2.ª Secção de Execução - J1 ALEXANDRA GOMES Agente de Execução CPN 4009
Processo: 2597/11.0TBALM Execução Comum - Ref. Interna: PE/276/2011 Exequente: Administração de Condomínio do Prédio sito na Rua Comandante António Feio, n.º 19 Executado(s): Faith Owen Asabor Eguavoen e outros
INICIE A SUA PESQUISA
EDITAL DE VENDA Agente de Execução, Alexandra Gomes CPN 4009, com endereço profissional em Rua Dom Sancho I, n.º 17 A/B, 2800-712 Almada. Nos termos do disposto no artigo 817.º do Código de Processo Civil, anuncia-se a venda dos bens adiante designados: Bens em Venda TIPO DE BEM: Imóvel VERBA 1 - ARTIGO MATRICIAL: 3132 da União das Freguesias de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas - Serviço de Finanças de Almada 1 (2151). DESCRIÇÃO: Fração Autónoma, designada pela letra C, correspondente ao 1.º andar esquerdo, habitação com acesso pelo n.º 23, do prédio urbano constituído em propriedade horizontal, sito em Cacilhas, Rua Comandante António Feio, n.ºs 17,19 e 21 e para tardoz os n.ºs 25 e 27, descrito na 1.ª Conservatória do Registo Predial de Almada sob o n.º 351, da freguesia de Cacilhas e inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 3132 da União das Freguesias de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas. PENHORADO EM: 27/05/2013 INTERVENIENTES ASSOCIADOS AO BEM: EXECUTADOS: Kingsley Esemwingie Eguavoen, titular do NIF: 230629113 e Faith Owen Asabor Eguavoen, titular do NIF: 230629180,
casados entre si no regime da comunhão de adquiridos e com residência em Rua D. Dinis, n.º 33 - 1.º Dt.º, Cova da Piedade. MODALIDADE DA VENDA: Venda mediante propostas em carta fechada, a serem entregues na Secretaria do supramencionado Tribunal, pelos interessados na compra, ficando como data para abertura das propostas o dia 06 de Julho de 2016, pelas 14:00 Horas. VALOR-BASE DA VENDA: 76.286,41 euros, sendo que serão aceites propostas iguais ou superiores a 68.843,45 euros, que corresponde a 85% do valor-base. Será aceite a proposta de melhor preço, acima dos valores acima identificados, correspondente a 85% do valor-base de cada verba. A sentença que se executa está pendente de recurso ordinário: Não Está pendente oposição à execução: Não Está pendente oposição à penhora: Não Está pendente de sentença de reclamação de créditos: Não A Agente de Execução - Alexandra Gomes Rua Dom Sancho I, n.º 17 A/B , 2800-712 Almada E-mail: 4009@solicitador.net Telf.: 212 743 259 - Fax: 217 743 259
Público, 25/06/2016 - 2.ª Pub.
AVISO Procedimento concursal comum para a constituição da relação jurídica de emprego público por tempo indeterminado, para um lugar de Técnico Superior (Área de Serviço Social) - Serviço Sociais. Nos termos e para os efeitos do disposto no art.º 19.º da Portaria n.º 83-A/2009, de 22 de janeiro, conjugado com o art.º 33.º da LTFP, aprovada pela Lei n.º 35/2014, de 20 de junho, torna-se público que aceitamos inscrições no prazo de 10 dias úteis, (até dia 7 de julho), para contratação a tempo indeterminado de um posto de trabalho: - Um lugar de Técnico Superior (Área de Serviço Social) – Serviço Sociais. Para efeitos de candidatura, os interessados deverão consultar o aviso n.º 4908/2016, publicado no Diário da República, n.º 72, 2.ª Série, de 13 de abril de 2016 Para mais informações, poderá ser contactada a Junta de Freguesia de Cabeça Gorda, através do telefone n.º 284947294, telemóvel n.º 966210092 ou poderá consultar o site da Autarquia em www.jf-cgorda.com Cabeça Gorda, 20 de junho de 2016 O Presidente, Dr. Álvaro Manuel da Silva Nobre
AVISO Procedimento concursal comum para a constituição da relação jurídica de emprego público por tempo indeterminado, para um lugar de Assistente Operacional - Serviços Urbanos Nos termos e para os efeitos do disposto no art.º 19.º da Portaria n.º 83-A/2009, de 22 de janeiro, conjugado com o art.º 33.º da LTFP, aprovada pela Lei nº 35/2014, de 20 de junho, torna-se público que aceitamos inscrições no prazo de 10 dias úteis, (até dia 6 de julho), para contratação a tempo indeterminado de um posto de trabalho: - Um lugar de Assistente Operacional - Serviços Urbanos Para efeitos de candidatura, os interessados deverão consultar o aviso n.º 4862/2016, publicado no Diário da República, n.º 71, 2.ª Série, de 12 de abril de 2016 Para mais informações, poderá ser contactada a Junta de Freguesia de Cabeça Gorda, através do telefone n.º 284947294, telemóvel n.º 966210092 ou poderá consultar o site da Autarquia em www.jf-cgorda.com Cabeça Gorda, 20 de junho de 2016 O Presidente, Dr. Álvaro Manuel da Silva Nobre
DE EMPREGO AQUI INSCREVA-SE EM EMPREGO.PUBLICO.PT EM PARCERIA COM
COMARCA DE BRAGANÇA
Tribunal da Comarca de Lisboa
Bragança - Inst. Local - Secção Cível - J2 ALEXANDRA GOMES Agente de Execução CPN 4009
Processo: 1684/15.0T8BGC - Execução Comum Ref. Interna: PE/49/2015 - Data: 24/06/2016 Exequente: Paulo Alexandre Gil Pereira da Silva Ribeiro Executada: Cristina Maria Ferreira de Almeida
ANÚNCIO DE VENDA
Agente de Execução, Alexandra Gomes CP 4009, com endereço profissional em Av. João da Cruz, n.º 70, Edifício S. José - 2.º Esq. Frente, 5300-178 Bragança. Nos termos do disposto no artigo 817.º do Código de Processo Civil, anuncia-se a venda do bem adiante designado: Bem em Venda TIPO DE BEM: Bem Imóvel DESCRIÇÃO: Imóvel constante do auto de penhora datado de 04/01/2016, correspondente à fração autónoma designada pela letra “A”, do prédio em propriedade horizontal, correspondente a rés do chão e 1.º andar esquerdo habitação T2 localizado em Rua Dr. Alberto Teixeira, n.º 27, S. Fraústo, 5400-574 - Chaves da freguesia de Samaiões (extinta) atual União das Freguesias da Madalena e Samaiões, concelho de Chaves, distrito de Vila Real descrita na Conservatória do Registo Predial de Chaves sob o númeo 598/19951107-A e inscrita na respetiva matriz sob o artigo 631 atual 1654. PENHORADO EM: 09/12/2015 INTERVENIENTES ASSOCIADOS AO BEM: Executada: Cristina Maria Ferreira de Almeida NIF: 210656557 com morada na Avenida das Cantarias, lote n.º 2, 5300-107 Bragança. MODALIDADE DA VENDA: Venda mediante proposta em carta fechada, a serem entregues na Secretaria do supramencionado Tribunal, sita na Praça Prof. Cavaleiro de Ferrei-
lnstância Central - 1.ª Secção do Comércio - J2
VENDA de lmóvel Negociação particular - Proposta em Carta Fechada Insolvência de Mário José Correia Ramos
ra - 5301-860 Bragança, pelos interessados na compra, ficando como data para abertura das propostas o dia 11 de Julho de 2016, pelas 14.00 horas. VALOR-BASE DA VENDA: 75.196,76 € Será aceite a proposta de melhor preço, em montante igual ou superior a 63.917,24 €, correspondente a 85% do valor-base. Nos termos do n.º 1 do art.º 824.º C.P. Civil “os proponentes devem juntar obrigatoriamente com a sua proposta, como caução, um cheque visado, à ordem do Agente de Execução, no montante correspondente a 5% do valor anunciado ou garantia bancária no mesmo valor”. Os proponentes deverão indicar o seu nome completo, morada, números de bilhete de identidade e contribuinte e apresentar as propostas até ao dia e hora designados para a sua abertura, sendo do seu interesse comparecer em ato de abertura de propostas, atendendo ao disposto no art.º 820.º, n.º 2 e 3 do C.P.C. A sentença que se executa está pendente de recurso ordinário: Não Está pendente oposição à execução: Não Está pendente oposição à penhora: Não A Agente de Execução Alexandra Gomes
Bem lmóvel Prédio urbano, composto por moradia de cave para garagem, rés-do chão e primeiro andar para habitação, com área coberta de 132,00 m2 e área descoberta de 198,90 m2, sito na Avenida Raul Brandão, Lote 206, união das freguesias de Santa Iria de Azóia, São João da Talha e Bobadela, concelho de Loures, a confrontar a norte com Avenida Raul Brandão e Lote 205, a sul com Lote 207 e Lote 194, a nascente com Lote 205 e a poente com Lote 207, descrito na Segunda Conservatória do Registo Predial de Loures sob o n.º 4316/20041108 e inscrito na matriz urbana sob o artigo n.º 9724. VALOR-BASE de VENDA: € 300.220,47 (Trezentos mil, duzentos e vinte euros e quarenta e sete cêntimos). Condições de Venda As propostas serão remetidas em correio registado, até ao dia 06/07/16, por carta fechada, dirigida ao administrador da insolvência Manuel Albuquerque, para o Passeio das Garças, 1 - 4.º B, 1990-395 Lisboa. As propostas deverão conter a identificação completa proponente, morada e número contribuinte. A abertura das propostas realizar-se-á no dia 08/07/16, pelas 11H00, no escritório do administrador da insolvência, sito, no Passeio das Garças, n.º 1 - 4.º B, 1990-395 Lisboa. A adjudicação será feita à proposta válida de maior valor, que seja igual ou superior ao valor mínimo de venda dos bens, e sobre o imóvel, depois de ouvido o credor hipotecário, e parecer favorável dos administradores das insolvências. Os proponentes devem juntar à proposta, como caução, dois cheques de igual valor passados à ordem de cada massa insolvente, no montante conjunto de 20% do valor oferecido. O remanescente será pago até à outorga da escritura de compra e venda, que será realizada logo que esteja reunida toda a documentação necessária, em data e hora a indicar ao adquirente no prazo mínimo de 10 dias, não podendo o mesmo exceder os 30 dias. O imóvel será vendido no estado físico e jurídico em que se encontra, livre de ónus e encargos, sendo da responsabilidade do adquirente todos os custos inerentes à escritura e aos impostos devidos pela transacção. Para visitar o imóvel contactar o Tel 218956142, ou email: manuelalbuquerque@yahoo.com
Av. João da Cruz, n.º 70, Edifício S. José, 2.º Esq.º Frente, 5300-178 Bragança E-mail: 4009@solicitador.net Telf.: 273 328 194 - Fax: 273 382 033
Passeio das Garças, N.º 1 - 4.º B, 1990-395 Moscavide Tel: 218956142; Fax: 218956142; E-mail: manuelalbuquerque@yahoo.com
Público, 25/06/2016 - 1.ª Pub.
Processo n.º 13753/15.2T8LSB
O Administrador da Insolvência - Manuel Albuquerque
Público, 25/06/2016
HASTA PÚBLICA
Dia 12 de Julho de 2016, às 14h30 Um Imóvel no Centro Histórico Base de Licitação: € 324.000,00 Torna-se público que, por deliberação de 21 de Junho de 2016 do Conselho de Administração da Gaiurb - Urbanismo e Habitação, E.M., foi determinada a alienação, em hasta pública, de um imóvel abaixo melhor identificado, propriedade desta Empresa Municipal. I) Identificação dos Imóveis: - Rua do Pilar n.º 108, 110, 114 116 e 118 Freguesia de St.ª Marinha, Concelho de Vila Nova de Gaia. II) Bases de licitação: 1 - O valor-base de licitação será o seguinte: € 324.000,00 (trezentos e vinte e quatro mil euros); 2 - Os lanços mínimos da arrematação serão de € 5.000,00 (cinco mil euros). III) Modalidade de pagamento admitida: a) No acto da arrematação será entregue a quantia correspondente a 25% (vinte e cinco por cento) do valor da adjudicação, a título de sinal, o qual considerar-se-á como princípio de pagamento no caso de ser efectuada adjudicação definitiva; b) O remanescente do preço será liquidado com a outorga da escritura de alienação, a celebrar no prazo máximo de 60 (sessenta) dias após a hasta pública, no Notário a designar. IV) Local e data-limite para apresentação das propostas: As propostas deverão ser entregues na Divisão de Assuntos Jurídicos da Gaiurb - Urbanismo e Habitação, EEM, sita no Largo Aljubarrota, n.º 13 Freguesia de Santa Marinha, Concelho de Vila Nova de Gaia, até às 16h30 do dia 11 de Julho de 2016. V) Local, data e hora da hasta pública: A hasta pública realizar-se-á às 14h30 horas do dia 12 de Julho de 2016, no Auditório da Gaiurb - Urbanismo e Habitação, EEM, sita no Largo Aljubarrota n.º 13 - Freguesia de Santa Marinha, Concelho de Vila Nova de Gaia. VI) Destino do Imóvel: O imóvel destina-se à reabilitação urbana. Vila Nova de Gaia, 21 de Junho de 2016 O Presidente do Conselho de Administração, Daniel Couto, Arq.
COMARCA DE LISBOA OESTE Sintra - Inst. Central - 1.ª Secção de Execução - J1 Processo: 24221/12.4T2SNT Exequente: Caixa Geral de Depósitos, S.A.
HELENA CHAGAS Executados: Marta Sofia Barreira Esteves, Anabela Agente de Execução Cédula 2621
Barreira Esteves Teixeira e Maria Antónia Barreira
ANÚNCIO
Venda mediante propostas em carta fechada Nos autos acima identificados, encontra-se designado o dia 05 de Julho de 2016, pelas 10.00 horas, neste Tribunal para a abertura de propostas, que até esse momento sejam entregues na referida Comarca de Lisboa Oeste, Sintra - Inst. Central - 1.ª Secção de Execução - J1, pelos interessados na compra do seguinte imóvel: Fração autónoma designada pela letra P, correspondente ao quinto andar direito, destinado a habitação, do prédio urbano, sito em Avenida do Parque, n.º 72, 72A, 72B e 72C, Rinchoa, freguesia de Rio de Mouro, concelho de Sintra, descrito na 2.ª Conservatória do Registo Predial de Sintra, sob o n.º 1640/19970210-P, da freguesia de Rio de Mouro, e inscrito na respetiva matriz predial urbana sob o n.º 8126.
O bem será adjudicado a quem melhor preço oferecer, igual ou superior a 85% do valor-base de 49.080,00 euros (quarenta e nove mil e oitenta euros), ou seja, 41.718,00 euros (quarenta e um mil setecentos e dezoito euros). É fiel depositária a executada Maria Antónia Barreira, que a pedido deve mostrar o bem. O(s) proponente(s) deve(m) juntar à sua proposta, como caução, cheque visado, à ordem da Agente de Execução, no montante correspondente a 5% do valor anunciado para a venda. A Agente de Execução Helena Chagas Rua Alberto Serpa, 19-A 2855-126 St.ª Marta do Pinhal Tel.: 212532702 Fax.: 212552353 E-mail: 2621@solicitador.net Público, 25/06/2016 - 2.ª Pub.
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LOLITA ESCHBORN GOLDSTEIN 1917-2016 A família participa o seu falecimento no dia 21 de Junho e que o enterro se realizou em Nova Iorque onde vivia. Que descanse em paz.
TRIBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE LOULÉ Unidade Orgânica 1 Processo: 280/05.5BELLE-B - Execuções
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 CLASSIFICADOS 35
ANÚNCIO Contrainteressado: BANCO COMERCIAL PORTUGUÊS, S.A. (e Outros) Autor: Ministério Público do Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé Réu: Município de Vila Real de Santo António A Dr.ª Maria Helena Paulino Meirinho Filipe, Juíza de Direito da Unidade Administrativa do Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé FAZ SABER que nos autos acima identificados, fica(m) notificados, os contrainteressados abaixo indicados, nos termos do disposto do n.º 1 no art.º 177.º do Código de Processo nos Tribunais Administrativos, para, no prazo de 20 dias, decorrida que seja a dilação de 30 dias, contada da publicação do anúncio, contestar, querendo, a presente execução pelos fundamentos constantes da petição inicial e que em substância o pedido consiste em que o Município de Vila Real de Santo António seja condenado à prática dos seguintes actos: na cassação do alvará de obras de construção n.º 10/96; na cassação dos alvarás de utilização que eventualmente tenham sido emitidos na sequência da conclusão das obras de edificação; na demolição de todo o edifício ao abrigo do alvará de construção n.º 10/96 e na reposição do solo na situação anterior à realização das obras cujo licenciamento foi declarado nulo pela decisão proferida na ação administrativa especial 280/05.5BELLE, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta secretaria, à disposição dos notificandos. O prazo é contínuo, suspendendo-se, no entanto, durante as férias judiciais. Terminando o prazo em dia que os tribunais estiverem encerrados, transfere-se o seu termo para o primeiro dia útil seguinte. De que é obrigatória a constituição de advogado nos termos do n.º 1 do art.º 11.º do CPTA. Faz-se entrega de um duplicado da petição e as cópias dos documentos que se encontram nos autos. A Notificar: Massa Insolvente de SOLMONTEMAR - Sociedade Imobiliária Lda., NIPC 502142820, com sede na Avenida 25 de Abril, n.º 672, 2.º.esq.º, Cascais e Estoril, Cascais, representada pelo administrador judicial de insolvência António José Matos Loureiro, NIF 155395475, com domicílio em Edifício Topázio, Escritório 405, Apartado 2015, 3000-601 Coimbra, 2. MINISTÉRIO DAS FINANÇAS - ATT, com domicílio em Avenida Infante D. Henrique, 1149-009 Lisboa, 3. BANCO COMERCIAL PORTUGUÊS, S.A., com sede na Praça D. João I, n.º 28, Porto, 4. BANCO PORTUGUÊS DO ATLÂNTICO, S.A., com sede na Praça D. João I, n.º 28, Porto, 5. BANCO DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO, S.A., com sede na Rua Augusta, n.º 62, Lisboa, CRÉDITO PREDIAL PORTUGUÊS, S.A., com sede na Rua Augusta, n.º 237, Lisboa, 7. BANCO BILBAO VIZCAYA ARGENTINA (PORTUGAL) S.A. com sede na Avenida da Liberdade, n.º 222, Lisboa, 8. NOVO BANCO S.A., NIPC 513204016, com sede na Avenida da Liberdade, N.º 195, Lisboa, 9. BANCO NACIONAL ULTRAMARINO, S.A., com sede na Avenida 5 de Outubro, n.º 175, Lisboa, 10. CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS, S.A., com sede na Avenida João XXI, n.º 63, Lisboa, 11. BANCO BIC PORTUGUÊS S.A., com sede na Avenida António Augusto de Aguiar, 132, Lisboa, 12. José Manuel da Silva Saraiva e Joaquina Rita Simões Fandinga Saraiva, casados, respetivamente com os NIF n.º 109575024 e n.º 138983542, residentes na Rua César Luís, n.º 37, Benavente, 13. José Modas dos Reis e Amélia das Dores Prazeres Reis, casados, residentes na Av. Beato Nuno, n.º 52, Fátima, Ourém, 14. Adília Marques Barata Bandeira e António Barata Bandeira, casados, residentes na Rua Luís Derouet, n.º 4, 2.º dt.º, Lisboa, 15. Vítor Manuel Soares Castelo Lopes e lida Simões Martins Castelo Lopes, casados, respetivamente com os NIF n.º 107681846 e n.º 107681854, residentes na Rua Jorge de Barros, n.º 1, 1.º, Santa Iria de Azóia, Loures, 16. Adriano Jorge de Sousa e Maria Teresa Mendes Moreira Sousa, casados, residentes na Praça João de Deus Ramos, lote C, r/c, Alcobaça, 17. Carlos Alberto Barradas Ferreira e Maria José Canário Lopo Ferreira, casados, respetivamente com os NIF n.º 128309350 e n.º 128309342, residentes na Quinta das Oliveiras, n.º 19, Estremoz e em Rua da Restauração, n.º 39, Estremoz, 18. Manuel Francisco de Oliveira Pimenta e Maria Elsa Cardoso Martins Ramos Pimenta, casados, residentes na Rua da Rasa, 539, 4.º esq.º Trazeiras, Vila Nova de Gaia, 19. Francisco José Passinhas Peixe e Marta da Glória dos Santos Mandão Peixe, casados, residentes na Praceta Fernando Pessoa, n.º 11, 3.º dt.º, Setúbal, 20. Carlos Vicente Figueiredo Xavier da Silva e Maria de Lurdes Libório Neves Travessa, casados, residentes na Rua 25 de Abril, lote G, 1.º, Salvaterra de Magos, 21. SUN HOUSE II PROPERTY, Unipessoal Lda., com NIF 513302638, sede na Avenida de Portugal, n.º 348, Cascais e Estoril, Cascais, 22. Joaquim José Pio Carvalho e Maria Clara Grazina Vaz de Carvalho, casados, residentes em 19, Rue de L’Ourcq, 75019 Paris, França, 23. José António Duarte Reis e Teresa Isabel Loureiro Caria Reis, casados, residentes na urbanização da Capela Norte, lote 11, Cartaxo e em Rua Dr. Manuel Correia Ramalho, n.º 8, 1.º, Cartaxo, 24. Carla Alexandra Batista Mourão, solteira, residente na Urbanização Real Village, Praia Verde, 13-A, Castro Marim, 25. Maria Isabel Ribeiro de Almeida Felgueiras Dinis, Alexandre Manuel Ribeiro de Almeida Felgueiras Dinis e Maria Inês Ribeiro de Almeida Felgueiras Dinis, todos residentes na Rua Antero de Quental, n.º 10, 5.º dt.º, Carnaxide, Oeiras, 26. Maria Teresa Delgado Ribeiro Pires e António Mendes Pires, casados, residentes na Rua Ilda Valentim Mesquita, s/n, Silvares, Fundão, 27. Margarida de Jesus Rodrigues Oliveira e Alexandre de Sousa Rodrigues, casados, respetivamente com os NIF n.º 208552545 e n.º 179764390, residentes em Estrada Nacional 356, n.º 9, Cristóvãos, Seiça, 28. Eugénio da Silva Ramos e Albina da Silva Miranda Ramos, casados, residentes na Rua Trás da Lavandeira, n.º 160, 1.º, Vila Chã, Vila do Conde, 29. J. P. VIEIRA DE ANDRADE, LDA., NIF n.º 508291836, com domicílio na Avenida da Zona Industrial da Rebordosa, 221, Rebordosa, 30. RIBADÃO - INDÚSTRIA DE MADEIRAS, SA, NIF
501430040, com sede em Guarita, São João de Areias, 31. NOVELBASTO - COMÉRCIO E INDÚSTRIA DE COMPONENTES DE MADEIRAS, LDA., NIPC 504181971, Fermil, Molares, 32. LUMINA TURISM SRL, NIPC 980518911, Sector 3, Strada Alexander Von Humbolt, n.º 18, biroul nr. 1, Etaj 1, Bucareste, 33. Camilo Silvino Palmeiro Serra e Suzanne O’Hara Serra, casados, residentes em 89 Stewart Ave, NJ 07032 Estados Unidos da América, 34. Alexandre Ramos Rodrigues Pires e Maria da Conceição Godinho de Oliveira Valente Rodrigues Pires, casados, respetivamente com os NIF n.º 165543221 e n.º 125707622, residentes na Rua Casal da Moreira, n.º 31, Camaxide, Oeiras, 35. António Gonçalves Batista e Maria Alice Ferreira de Almeida Batista, casados, residentes no Largo do Casal Vistoso, n.º 5, 10.º A, Lisboa, 36. BRITALAR - SOCIEDADE DE CONSTRUÇÕES, S.A., com sede na Avenida da Uberdade, n.º 459, 2.º apartado 166, Braga, 37. PM - MÉDIA - COMUNICAÇÕES SA, NIF n.º 505642867, c. Empresarial de Lionesa, 446, fração 19, Leça do Balio, Matosinhos, 38. GARVETUR - SOCIEDADE DE MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA S.A., NIPC n.º 503377600, com sede na Torre 20, loja A, Abertura Mar, Quarteira, 39. José Francisco Graça Costa e Maria Manuela Crisóstomo Correia Costa, casados, respetivamente com os NIF n.º 116512628 e n.º 10947219, residentes na Rua Baltazar Álvares, n.º 1, Sesimbra, 40. Mário Alexandre Quintino Fialho e Maria Paula Ramalho Trinca Fialho, casados, residentes na Av. Dr. Francisco Sá Carneiro, n.º 267, Évora, 41. Maria da Nazaré Quina Feliciano Khanfri, residente na Rua Professor Egas Moniz, n.º 34-B, 1.º frente, Vila Real de Santo António, 42. José Manuel Medeiros Pinto e Maria Cândida Canhoto Mota Medeiros Pinto, casados, residentes na Rua dos Veleiros, lote 34, 2.º-C, Cascais, 43. Ana Isabel Gomes da Costa Rodrigues Palma, NIF n.º 214333434, residente na Avenida Aureliano Mira Fernandes, n.º 9, 1.º esq.º, Mértola, 44. Maria Teresa Rodrigues Palma, residente na Rua Dr. Manuel Francisco Gomes, n.º 3, Mértola, 45. Antónia Rocha Moreira e António Maria Mira Júnior, casados, residentes em Capelins, Monte Juntos, Alandroal, 45. Alfred Eberhard Wolfgang Muno, residente em Paulsborner Sfrass, 91, Berlin, Alemanha, 47. António Manuel Grincho Ribeiro e Maria José da Conceição Rosado Grincho Ribeiro, casados, residentes na Avenida da Quinta Grande, n.º 28, 8.º dt.º, Alfragide, Amadora, 48. Maria Manuela Romão Xavier de Oliveira e Vítor Manuel de Castro Dias de Oliveira, casados, respetivamente com os NIF n.º 148619126 e n.º 146492536, residentes na Praça Augusto Lino Santos, n.º 286, Vila Nova de Gaia, 49. Helena Maria Ceia de Oliveira Calleya Rebelo Cardoso, residente no Largo Casal Vistoso, 2.º dt.º, Lisboa, 50. Teresa Maria Calleya Rebelo Cardoso Santos e Nuno Alexandre dos Santos Bastos, casados, residentes na Rua Desidério Beça, n.º 1, cave esq.ª, Lisboa, 51. Pedro Filipe Calleya Rebelo Cardoso, residente no Largo Casal Vistoso, n.º 1, 2.º dt.º, Lisboa, 52. Miguel Calleya Rebelo Cardoso e Susana Leal do Livro Rebelo Cardoso, residente na Rua Sena, n.º 32, Almargem do Bispo, Sintra, 53. André Calleya Rebelo Cardoso, residente no Largo Casal Vistoso, n.º 1, 2.º dt.º, Lisboa, 54. José Daniel Pereira Figueira de Araújo e Maria de Fátima Rodrigues Clemente Figueira de Araújo, casados, residentes na Rua Infante D. Henrique, n.º 4, 1.º esq.º, Portela, Loures, 55. Carla Isabel Cartaxo Moreira Parreira Coelho, NIF n.º 137744781, residente na Rua de Farim, n.º 7, Cruz de Pau, Amora, 56. Rita Maria Cartaxo Moreira Parreira Coelho, NIF n.º 216260825, residente na Rua Pero Anes do Canto, n.º 44, Conceição, Angra do Heroísmo, 57. Miguel José Costa Canteiro, residente na Avenida Luís Vaz de Camões, lote 11, Quintinha, Sesimbra, 58. Célia Maria Costa Freitas Gomes, casada com Miguel Joaquim Serol Gomes, com o NIF n.º 185175511, residente na Rua Gonçalo Velho, n.º 18, 2.º Esq.º, Monte Gordo, Vila Real de Santo António, 59. Jerónimo Diogo Freitas, NIF n.º 160403669, residente na Rua Heróis da Índia, n.º 26, Estremoz, 60. António Lourenço de Sousa Lobato e Maria dos Anjos Soares Brandão Lobato, casados, respetivamente com os NIF n.º 102550620 e n.º 102550638, residentes na Vivenda Alcateia, Albarraque, Rio de Mouro, Sintra, 61. Francisco Miguel Seriz Nobre Martins, residente na Rua Pedro Nunes, n.º 17, Barreiro, 62. António Manuel Pereira Bernardo e Águeda Maria Fontoura Brito Bernardo, casados, residentes na Rua da Escola, n.º 18, Valejas, Barcarena, Oeiras, 63. Vitorino de Jesus Ferreira Rodrigues e Ana Luísa de Sousa Alves Rodrigues, casados, residentes na Rua das Violetas, n.º 6, Murganhal, Caxias, Paço de Arcos, Oeiras, 64. Maria Augusta da Silva Soares, residente em Monte da Eira, Sítio do Javali, S. Brás de Alportel, 65. João Paulo Canteiro Jesus, NIF n.º 218369867, residente na Rua José Carlos Ary dos Santos, n.º 8, Quintinha, Sesimbra, 66. Catarina Guiomar Porifica Narciso Raimundo e Custódio José Coelho Raimundo, casados, residentes no Bairro Salsinha, lote 57, Estremoz 67. Maria Alzira Venâncio da Silva Marques e António Carlos Rodrigues Marques, casados, residentes na Rua Luís de Camões, n.º 40, Vale de Milhaços, Corroios, Seixal, 68. Fernando Manuel Inácio Ribeiro e Ana Maria Mata Pêgo Ribeiro, casados, residentes na Rua 5 de Outubro, n.º 11, Casais da Lapa, Cartaxo, 69. Dionísio Guerreiro e Maria Santos Guerreira, casados, residentes na Urbanização Monte Velho, 70. Zïlda Maria Dias Caldeirinha Roma, residente na Rua Actriz Palmira Bastos, lote 38 B, 2.º esq.º, Lisboa, 71. António Manuel Balancé Rocha e Cidália Maria Salgueiro Dias Rocha, casados, respetivamente com os NIF n.º 198769270 e n.º 205189920, residentes na Quinta da Tapada, lote 25, Reguengos de Monsaraz, 72. Ana Maria Marques Gomes Dias, residente na Rua José Felix Ribeiro, n.º 31, 1.º esq.º, Estremoz, 73. António Carlos Sousa Coelho e Maria Judite Freire Antunes Coelho, casados, residentes em Crêtes 106, 2300 La Chaux de Fonds, Suíça, 74. Maria Margarida Nunes Marques Latas Escarduça e Nuno Jorge Lopes de Oliveira Escarduça, casados, residentes na Avenida da Piedade, n.º 44, Elvas,
75. ADQUIRSALE - COMPRA E VENDA DE BENS IMÓVEIS, LDA., NIPC 507542983, com sede na Av. de Portugal, 348, Estoril, 76. Cláudia Maria Margaretha de Klerk, NIF n.º 235339008, residente na Rua 1, Lote 2/87, Parque dos Reis I, Monte Gordo, Vila Real de Santo António, 77. William David Pritchard e Althea Mary Pritchard, casados, respetivamente com os NIF n.º 259127175 e n.º 259129305, residentes em Nant Bran Cottage Dyffryn St. Nicholas, Cardiff, Reino Unido, 76. Maria Graciete Pereira Garcez Palha, residente na Rua Chianca de Garcia, lote 619, r/c B, Lisboa, 79. José António Agostinho Ferraz Rebelo e Ana Cristina Henriques Pereira Rebelo, casados, residentes na Avenida M.F.A., n.º 55, 2.º, Portela de Sintra, Sintra, 80. Fernando Henriques da Costa e Maria Isabel Gomes de Pina Aragão Costa, casados, residentes na Rua Garcia de Resende, n.º 1, 2.º dt.º, Queluz, Sintra, 81. Alice Martins Gonçalves Rei de Oliveira e Armindo Lopes de Oliveira, casados, residentes na Rua Garcia de Resende, n.º 3, 3.º dt.º, Queluz, Sintra, 82. Aldemira Pereira Gonçalves Fernandes, NIF n.º 154328057, residente na Rua de Berlim, 73-A, 2.º dt.º, Faro, 83. Carlos Manuel Pinto Moreira, Helena Isabel Pinto Moreira, Constantino Moreira Valverde e Maria de Lurdes dos Reis Correia Pinto Moreira, respetivamente com os NIF n.º 239591690, n.º 239591704, n.º 137499540 e n.º 172237190, todos residentes na Rua Duarte Lopes, lote 28, bloco A. 7.º esq.º, Bairro das Amendoeiras, Lisboa, 84. José Pereira de Lima e Maria Emília de Jesus Cerqueira casados, residentes na Rua de Santo António, n.º 71, Águas Santas, 85. Viorel Eni e Svetlana Eni, casados, respetivamente com os NIF 235209740 e 243781067, residentes na Urbanização Parque da Glória, lote 14, na esq.º, Vila Real de Santo António, 86. Maria de Lurdes D’Oliveira Pegado Marquos e Sérgio Luís Poço Marques, casados, residentes no Parque Habitacional da NAV, Rua D, n.º 40, Aeroporto de Santa Maria, Vila do Porto, 87. Cátia Vanessa Correia de Assunção e Nuno Rodrigo Coelho Reis, casados, respetivamente com os NIF n.º 226765245 e n.º 220119295, residentes na Rua Fernando Namora, n.º 24, 1.º C, Odivelas, 88. Maria José Ribeiros Teixeira Diogo e António Cavaco Diogo, casados, residentes na Rua Sacadura Cabral, lote 2567 Quinta do Conde, Barreiro, 89. Paula Maria Mestre dos Santos Carvalho, residente na Avenida Dr. António Rodrigues Manito, n.º 111, 6.º fr., Setúbal, 90. António Manuel Varão Remédio, residente na Avenida D. Pedro V, n.º 4, 50 dt.º, Setúbal, 91. Maria Aldomira da Conceição Palma Conde Blanco, residente na Rua Coronel Luna de Oliveira, n.º 15, 2-C, Lisboa, 92. Gonçalo Nuno Fortes Vilela Freire Horta, residente na Rua Quinta das Palmeiras, n.º 91, 11.º D, Oeiras, 93. Paula Maria Vilela Freire Horta, residente em Albergaria, Almoster, Santarém, 94. Teresa Maria Vilela Freire Horta Sales Lopes e Álvaro Alberto Sales Lopes, casados, residentes na Rua Julieta Ferrão, lote RS, Apartamento 203, Lisboa, 95. Paulo Ricardo Guerreiro Nunes, residente na Urbanização Encosta do Brejo, n.º 45, Olhão, 96. Pedro Proença de Oliveira Alves Garcia, residente na Avenida Natália Correia, lote 191, Urbanização Vila Serena, Pinhal Novo, Palmela, 97. Cremilde dos Santos Vieira, Dina Maria Pires, José Mateus Pereira e Valdemar José Vieira Mateus Ferreira, todos residentes na Rua da Liberdade, n.º 67, Vila Moreira, Alcanena, 98. Francisco Marques Rato Quintas e Olinda da Silva Missas Quintas, casados, respetivamente com os NIF n.º 129865575 e n.º 174797770, residentes na Rua da Escola, Vivenda Vai-Indo, Lugar de Perolivas, Reguengos de Monsaraz, 99. Adalberto Lopes Duarte e Chantal Marie Michel Dhalluin Lopes Duarte, casados, residentes em 82, TER Rue Lazare Hoche, 62750 Loos-en-Gohelle, 100. Cristina Maria Pires Capelo Ferreira e Paulo Alexandre Gomes Ferreira, casados, residentes na Rua Caldas da Rainha, 3, Casal de Cambra, Belas, Sintra, 101. António Adolfo Almeida da Maia Romão, residente na Via Diagonal, n.º 37, 1.º dt.º, traseiras, Santa Maria de Avioso, Maia, 102. Ana Maria Corage Rodrigues e Fernando Manuel da Conceição Tomás, casados, residentes em Parque Residencial do Cabo, n.º 30, 1.º dt.º, Vila Franca de Xira, 103. Álvaro Manuel Gonçalves de Figueiredo Lopes e Rima Joseph Barrak, casados, residentes em 2315 Rue Tillemont, H 2E1E8 Montreal, Canadá, 104. Manuel, Gomes Paulino e Ana Teresa Palma, casados, residentes na Rua da Quinta, n.º 10, Corte do Pinto, Mértola, 105. José Eduardo Lucas e Maria Helena Caracol Duarte Galrão Lucas, casados, residentes na Rua Gil Eanes, n.º 41, Mem Martins, Sintra, 106. Ana Margarida Duarte Ramos Canelas, residente na Praceta Infante D. Henrique, n.º 5, 2.º esq.º, Carnaxide, Oeiras, 107. José Carlos Henriques e Maria Graciete Puidival Marques Henriques, casados, residentes na Rua Palmira Bastos, n.º 14, 5.º esq.º, Lures, 108. Alfredo Ribeiro Gomes e Isolina Maestre Martinez de Gomes, casados, residentes na Rua Marques da Silva, n.º 59, 1.º esq.º, Lisboa, 109. Carlos Manuel Faia São Martinho Gomes e Cesaltina Serra São Martinho, casados, residentes no Sítio da Ponte, Prédio S. Martinho, 1.º frente, Silvares, Fundão, 110. Ana Paula Alves de Oliveira, residente na Rua Cidade de Bolama, Torre 21, 16.º Esq.º, Lisboa, 111. José Francisco Racha Cubaixo e Maria Helena Soares Chícharo Cubaixo, casados, residentes no Loteamento Monte da Vinha, n.º 43, Vila Nova de S. Bento, Serpa, 112. Jorge Luís Cardona Fernandes e Maria Margarida Godinho, casados, residentes na Rua Professor Fernando Fonseca, n.º 8, 2.º dt.º, Linda-a-Velha, Oeiras. N/ Referência: 004334111 Loulé, 14-06-2016. A Juíza de Direito Maria Helena Paulino Costa Meirinho Filipe O Oficial de Justiça António Boaventura Pereira Antunes da Silva Público, 25/06/2016
TRIBUNAL DA COMARCA DE PORTALEGRE
ANÚNCIO
Portalegre - Inst. Local - 2.ª Sec. Cível - J1
Processo 815/16.8T8VFX - Comarca Lisboa Norte, Vila Franca de Xira, Instância Central, Secção Comércio - J2
VENDA EM PROCESSO DE INSOLVÊNCIA
Insolvência de “LÚCIA FILOMENA DIAS NERES RIBEIRO”
(PROPOSTA EM CARTA FECHADA) Processo n.º: 266/16.4T8PTG (J1) Insolvente: Isabel Maria Gonçalves Belo Administrador da Insolvência: Carlos Alberto Teixeira Salgado. Bem a vender: Prédio Urbano, descrito na Conservatória do Registo Comercial de Portalegre sob o n.º 581/19991123, e na matriz predial urbana sob o artigo 981, habitação composta de rés do chão, primeiro andar e pátio, com área total 92m2 e área coberta 76m2, sito no lugar de Moinho, freguesia de Reguengo e S. Julião, 7300-451 São Julião - PORTALEGRE. Será vendido no estado físico e jurídico em que se encontra e livre de quaisquer ónus ou encargos. Modalidade de venda e apresentação das propostas: Nos autos acima identificados procede-se à venda através de apresentação de proposta em carta fechada (registada) ou entregue em mão com remetente da sede do administrador da insolvência, sita na Avenida São Gonçalo, 319 - 2.º andar, 4810-525 Guimarães, telefone 253088817 e fax 253088817 e e-mail aj.carlossalgado@gmail.com ou carlos-a-salgado@aj.caaj.pt. As propostas devem dar entrada na sede do administrador da insolvência até ao dia 11 de julho de 2016 às 18.00 horas. Os proponentes devem indicar a sua identificação e direção completa, contactos telefónicos e eletrónicos e no envelope deve constar por fora a palavra “Proposta e processo n.º 266/16.4T8PTG (J1) - Verba Única”. Valor-base de Venda para o imóvel: 12.535,09€. Valor mínimo de venda para o imóvel: 85% do valor-base, ou seja, 10.654,83€. Caução: Juntamento com a proposta deve ser apresentado um cheque visado ou bancário no valor de 2.130,97€, ou garantia bancária do mesmo montante, emitida a favor da Massa Insolvente de Isabel Cristina Goncalves Belo, correspondente a 20% do valor mínimo de venda que será imediatamente devolvido caso não seja adjudicado. Em caso de desistência da proposta apresentada o valor da caução reverte para a massa insolvente. Data e hora para mostrar o bem: O imóvel pode ser mostrado a potenciais compradores desde que o solicitem para os telefones 916 616 157 ou 253 088 817. Data, hora e local para abertura das propostas: As propostas serão abertas no escritório do administrador da insolvência, sito na Avenida São Gonçalo, 319 - 2.º andar, 4810-525 Guimarães, no dia 11 de julho de 2016 às 18.30 horas.
Por determinação do Administrador da Insolvência e com conhecimento do Credor Hipotecário, vai proceder-se à venda, por propostas em carta fechada, do bem apreendido a favor da Massa Insolvente, que a seguir se identifica: BEM IMÓVEL Verba primeira - Fracção autónoma Z: habitação T3, sito na Rua Prof. Alberto Pereira Gonçalves, número 22, segundo andar direito, com área bruta privativa de 71,25 m2 e garagem na cave, inscrito na respectiva matriz predial sob o artigo 10855 e descrito na Conservatória do Registo Predial de Odivelas sob o número 2917/19950601-Z da freguesia de Odivelas. Valor-base de licitação: 73.930,00 € (setenta e três mil e novecentos e trinta euros), sendo aceites propostas de valor mínimo correspondente a 85 % (62.840,50 euros) do valor-base de licitação. As propostas deverão ser entregues até às 17 (dezassete) horas do dia 15 (quinze) de Julho de 2016 (dois mil e dezasseis), no escritório do Administrador da Insolvência, Armando Carragoso, sito na Avenida 25 de Abril, n.º 19F - 1.º H, em Santa Maria da Feira, em carta fechada, devendo mencionar no exterior do envelope “Contém proposta”, identificando o número do processo. Conteúdo das propostas: a) todos os elementos de identificação do proponente, designadamente, nome, morada e número de contribuinte; b) Valor proposto; c) Assinatura do proponente. Os proponentes deverão juntar às suas propostas um cheque visado/bancário, no montante correspondente a 20% do valorbase de licitação, à ordem da Massa Insolvente de Lúcia Filomena Dias Neres Ribeiro. A abertura das propostas far-se-á no mesmo dia, logo após o fecho da sua apresentação, no escritório do Administrador da Insolvência, podendo estar presentes todos os interessados. O imóvel a vender poderá ser visto no dia 07-07-2016, das 11h às 13h, com pré-agendamento junto do Administrador da Insolvência, através dos n.ºs 256 025 715 ou 939 803 359. Administrador da Insolvência reserva-se na faculdade de não aceitar ou rejeitar qualquer proposta que considere não se adequar aos interesses da Massa Insolvente. O Administrador da Insolvência - Armando Carragoso
O Administrador da Insolvência Carlos Alberto Teixeira Salgado Público, 25/06/2016
Av. 25 de Abril, n.º 19F - 1.º H | 4520-161 Santa Maria da Feira
Público, 25/06/2016
Rita Magalhães Notária CERTIFICO: Para efeitos de publicação que, por escritura de Justificação, lavrada em dezasseis de Junho de dois mil e dezasseis, de folhas quarenta e três a folhas quarenta e cinco do Livro de Notas Duzentos e Trinta e Cinco-A, no meu Cartório Notarial, sito na Rua Galileu Saúde Correia, número nove-C, Pragal, em Almada: a) CARLOS MANUEL NUNES ALEXANDRE, natural da freguesia de Santa Justa, concelho de Lisboa e mulher ALDA MARGARIDA BRANCO BOTELHO ALEXANDRE, natural da freguesia de Matriz, concelho de Ponta Delgada, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes na Avenida 25 de Abril, n.º 3, 4.º direito, Amada; b) MARIA EDUARDA CARLOS CASTANHEIRA FAGUNDES DUARTE, natural da freguesia de São Vicente de Fora, concelho de Lisboa e marido LUIZ MANUEL FAGUNDES DUARTE, natural da freguesia de Serreta, concelho de Angra do Heroísmo, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes na Rua Poeta Bocage, n.º 8, 6.º direito, Lisboa. e) - 1 - JUDITE MARIA DA SILVA FERREIRA ALEXANDRE, viúva, natural da freguesia de Santa Engrácia, concelho de Lisboa, residente na Av. de Roma, n.º 95, 3.º esquerdo, Lisboa; 2 - PEDRO MIGUEL FERREIRA ALEXANDRE, natural da freguesia de Santa Justa, concelho de Lisboa, casado com José Alexandre Lima Tavares, sob o regime da separação de bens, residente na Rua Adolfo Coelho, n.º 5, 1.º esquerdo, Lisboa; 3 - ANDREIA RAQUEL FERREIRA ALEXANDRE, divorciada, natural da freguesia de Santa Justa, concelho de Lisboa, residente na Avenida de Roma, n.º 95, 3.º esquerdo, Lisboa, estes na qualidade de herdeiros de JOSÉ ALBERTO ASSUNÇÃO NUNES ALEXANDRE, intitularam-se donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, na proporção de um quarto indiviso, para os da alínea a), metade indivisa para os da alínea b) e um quarto indiviso para a herança da alínea c), representada pelos herdeiros ali identificados, dos seguintes prédios rústicos, situados na freguesia de Pomares, concelho de Arganil, não descritos na Conservatória do Registo Predial de Arganil: Um - sito em Prado, com a área de quatro mil e novecentos metros quadrados, composto de Pinhal e Mato, confrontando de norte com caminho, sul e poente com Herdeiros de José Duarte Cardoso, nascente com Cristina da Assunção Fernandes, inscrito na matriz da dita freguesia em nome de António Nunes Alexandre, Cab. Casal Herança de, sob o artigo 5099; Dois - sito em Temporão, com a área de mil quatrocentos e noventa metros quadrados, composto de Semeadura e Mato, confrontando de norte com Armando Castanheira, sul com Eduardo Lopes, nascente com António Nunes Inverno e poente com Adelino Lopes, inscrito
na matriz da dita freguesia em nome de António Nunes Alexandre, Cab. Casal Herança de, sob o artigo 5116; Três - sito em Prado, com a área de mil novecentos e quarenta metros quadrados, composto de semeadura com vinte videiras e mato, confrontando de norte e poente com Ribeira, sul com Estrada, nascente com Armando Castanheira, inscrito na matriz da dita freguesia em nome de António Nunes Alexandre, Cab. Casal Herança de, sob o artigo 7181; Quatro - sito em Vale Mourisco, com a área de três mil e quinhentos metros quadrados, composto de semeadura com cinquenta videiras, pastagem com quatro oliveiras e mato, confrontando de norte com Manuel Marques Afonso, sul com Canada, nascente com António Rodrigues e poente com Herdeiros de Serafim Madeira, inscrito na matriz da dita freguesia em nome de António Nunes Alexandre, Cab. Casal Herança de, sob o artigo 7278; Cinco - sito em Vale Mourisco, com a área de setecentos metros quadrados, composto de Pinhal, confrontando de norte com Manuel Martins Afonso, Sul com Canada, nascente e poente com Herdeiros de Serafim Madeira, inscrito na matriz da dita freguesia em nome de António Nunes Alexandre, Cab. Casal Herança de, sob o artigo 7281; Seis - sito em Vale Mourisco, com a área de mil e quatrocentos metros quadrados, composto de Pinhal, confrontando de norte e nascente com Herdeiros de Serafim Madeira, sul com Canada e poente com Baldio, inscrito na matriz da dita freguesia em nome de António Nunes Alexandre, Cab. Casal Herança de, sob o artigo 7283, ao qual atribuem igual valor; Sete - sito em Vale Mourisco, com a área de mil e quatrocentos metros quadrados, composto de Pinhal, confrontando de norte e sul com Herdeiros de Serafim Madeira, nascente com António Nunes Alexandre e poente com Baldio, inscrito na matriz da dita freguesia em nome de António Nunes Alexandre, Cab. Casal Herança de, sob o artigo 7285; Oito - sito em Vale Mourisco, com a área de duzentos e noventa metros quadrados, composto de pastagem com cinco oliveiras, confrontando de norte com António Gramaço, sul com Herdeiros de Serafim Madeira, nascente com Manuel Marques Afonso e poente com Carlos Ramos, inscrito na matriz da dita freguesia em nome de António Nunes Alexandre, Cab. Casal Herança de sob o artigo 7303. Que entraram e continuaram na posse destes oito prédios rústicos, por doação verbal de metade indivisa para os da alínea b) e de um quarto indiviso, para cada um deles das alíneas a), e ao já falecido da herança da alínea c) (aqui representado pelos herdeiros, supraidentificados, que aceitaram a herança aberta, ainda no estado de solteiros, menores), foi feita por sua avó, Maria da Assunção Castanheira
Nunes Alexandre Júnior, (já falecida), por conta da quota disponível e com dispensa de colação, em dia e mês que não sabem precisar do ano de mil novecentos e sessenta. Que, anteriormente, a sua avó havia continuado a posse destes prédios rústicos por partilha verbal da sua meação, em face da dissolução conjugal por óbito do seu marido, António Nunes Alexandre, que também usava António Nunes Alexandre Júnior, ocorrido em trinta e um de Julho de mil novecentos e quarenta e três, como consta da fotocópia certificada do óbito, que juntam, com quem foi casada sob o regime da comunhão geral de bens e residentes em Foz da Moura, e adjudicação que, a ela meeira, foi feita pelos herdeiros João Nunes Alexandre e mulher Maria da Assunção Nunes Alexandre, casados sob o regime da comunhão geral, António Nunes Castanheira e mulher, Celeste Castanheira, casados sob o regime da comunhão geral e Albino Nunes e mulher Celeste Nunes, casados sob o regime da comunhão geral, em dia e mês que não sabem precisar do ano de mil novecentos e quarenta e cinco. Que desconhecem os segundos ante possuidores devido à distância temporal. Que, desde a supra-indicada data, vêm possuindo, em compropriedade, nas ditas proporções, estes prédios rústicos, cultivando-os e colhendo os seus frutos, de forma ostensiva e à vista de toda a gente, usufruindo ainda de todas as suas utilidades, tendo adquirido e mantido a sua posse em nome próprio, em termos ininterruptos e exclusivos, sem a menor oposição de quem quer que seja e com conhecimento de toda a gente, agindo sempre por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, tendo por isso uma posse pública, pacífica, continua e de boa-fé, que dura há mais de vinte anos, pelo que os adquiriram por usucapião, não tendo, todavia, dado o modo de aquisição, documento algum que lhes permita fazer a prova do seu direito de propriedade. Que apesar das buscas que realizaram nos Cartórios Notariais mais próximos, não conseguiram encontrar qualquer título com validade formal que lhes permitisse o registo predial. Que, desta forma, justificam a aquisição do direito de propriedade dos ditos prédios rústicos, por usucapião, por não possuírem o documento com validade formal que lhes permita efectuar o registo para estabelecimento do trato sucessivo na competente Conservatória do Registo Predial. É certificado que fiz extrair e está conforme o original. Almada, aos dezasseis de Junho de dois mil e dezasseis A Notária - Assinatura Ilegível Conta registada sob o n.º 1843
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FICAR
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FONTE: CAEM
RTP1 RTP2 SIC TVI Cabo
16,1% % 1,9 16,9 20,7 35,4 iWhiplash - Nos Limites
CINEMA Whiplash — Nos Limites Título original: Whiplash De: Damien Chazelle Com: Miles Teller, J.K. Simmons, Melissa Benoist EUA, 2014, 107 min. TVC1, 13h50 O maior sonho de Andrew, baterista de 19 anos, é fazer carreira no mundo do jazz. Metódico e perfeccionista, está determinado a entrar no Shaffer Conservatory of Music, uma das mais conceituadas escolas de música do país. É lá que conhece Fletcher, um professor cuja fama de genialidade apenas se compara ao terror que incute aos alunos. Andrew dá tudo o que pode nas aulas, absorvendo todos os conhecimentos de Fletcher. Porém, com o passar do tempo, o mentor transforma-se no seu mais implacável carrasco. Esta relação transforma-se assim numa ligação de abuso de poder que quase retira ao jovem o que lhe resta da sua humanidade. Estreado internacionalmente no Festival de Cinema de Sundance
(EUA), o filme venceu um Globo de Ouro na categoria de Melhor Actor Secundário ( J.K. Simmons) e foi nomeado para cinco Óscares. O Solista Cinemundo, 11h O jornalista Steve Lopez fica fascinado com a forma como um sem-abrigo expõe os seus sentimentos através das notas do seu violino de duas cordas, pensando imediatamente cobrir o assunto num dos seus artigos no Los Angeles Times. Quando descobre que o homem já foi um aluno exemplar da famosíssima Juilliard School, quer compreender o que poderá ter levado um jovem tão talentoso à vida nas ruas. Protagonizado por Robert Downey Jr. e Jamie Foxx, O Solista adapta um livro de Steve Lopez baseado em factos reais. Depois da Terra AXN, 16h08 Num futuro não muito distante, uma catástrofe à escala planetária força toda a raça humana a abandonar a Terra e formar uma nova colónia num planeta distante chamado Nova Prime. Dez séculos
passados, os Ranger Corps, comandados pelo general Cypher Raige, regressam a casa após uma missão de resgate. Por seu lado, tudo o que o jovem Kitai Raige ( Jaden Smith), de 13 anos, deseja é tornar-se digno da admiração do progenitor, com quem tem uma relação conturbada desde a trágica morte da irmã mais nova. Um filme de ficção científica com argumento e realização de M. Night Shyamalan, segundo uma ideia original de Will Smith, que aqui contracena com o filho Jaden. O Nosso Amor de Ontem TVC2, 20h Katie (Barbra Streisand) e Hubbel (Robert Redford) conhecem-se na universidade. Ela, uma militante comunista, defende a causa republicana na Guerra de Espanha e luta contra a subida do nazismo na Europa. Ele gosta de desporto. Anos mais tarde, quando se reencontram, a atracção mútua e as diferenças subsistem. Por essa altura, começa a caça do Senador McCarthy aos comunistas... Um filme de Sydney Pollack para ver ou rever. Estreado em 1973, foi nomeado para seis Óscares e
arrecadou duas estatuetas pela música. Uma Vida Inacabada AXN White, 22h40 Einer (Robert Redford) e o seu capataz e amigo Mitch (Morgan Freeman) vivem e trabalham juntos há 40 anos no rancho de Einer, seguindo as suas próprias regras. Até ao dia em que são surpreendidos por Jean, a nora de Einer, que está a tentar fugir do passado. Einer e Mitch têm então de descobrir uma forma de se adaptar e, ao mesmo tempo, aprender a ultrapassar a dor de perder alguém. Cake — Um Sopro de Vida TCV1, 23h10 Claire está em constante sofrimento. A dor física que a persegue resulta tanto das mazelas de um terrível acidente de automóvel como da incapacidade de lidar com as perdas da sua vida. Transformou-se numa mulher amargurada e fechada na sua própria dor. Quando descobre que Nina, uma mulher pertencente ao mesmo grupo de apoio que frequentava, cometeu suicídio,
Claire torna-se quase obsessiva em perceber as razões. Ao fazer esse esforço de se descentrar de si mesma, vai finalmente conseguir apaziguar a sua angústia e encontrar a cura de que precisava. Um filme dramático que conta com a realização de Daniel Barnz e com Jennifer Aniston no papel principal. Paixões Proibidas RTP1, 1h20 Os anos passaram, mas a amizade de Roz e Lil não se alterou. Depois de o destino as ter reunido, e em plena recuperação de relações anteriores, passam algum tempo juntas num lugar paradisíaco, com os respectivos filhos. É então que o inesperado acontece: cada uma acaba por se apaixonar pelo filho da outra. Os quatro acabam por ceder à atracção e vivem apaixonadas histórias de amor. Mas terão eles força suficiente para ultrapassar o preconceito? Realizado por Anne Fontaine, um drama baseado no conto The Grandmothers, da escritora inglesa Doris Lessing, laureada com o Nobel da Literatura em 2007.
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | 39
Os Pinguins do Sr. Popper, SIC, 15h15
Televisão lazer@publico.pt
CULINÁRIA
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Manual de Instruções RTP1, 11h42 Estreia. A proposta é simples: fornecer receitas fáceis de fazer em casa, no dia-a-dia, mas com um cunho profissional. Este é dado pelo chef Henrique Sá Pessoa. Além de mostrar como tirar o melhor partido dos os ingredientes, ensina técnicas nicas que vão do cozer ao confi fitar, à razão de uma por episódio dio (13 no total). Além da emissão semanal, ao sábado, Manual de Instruções struções vai para o ar todos os dias as úteis, antes do Jornal da Tarde, com receitas em segmentos de e um minuto e meio cada. O alcance do programa vai além do pequeno ecrã: paralelamente, é desenvolvida uma parceria ria com escolas de hotelaria..
DESPORTO Futebol: Euro 2016 Sport TV1, 14h | Suíça x Polónia Sport TV1, 17h | País de Gales x Irlanda do Norte RTP1, 19h50 | Croácia x Portugal
6.30 Zig Zag 8.00 Bom Dia Portugal Fim-de-semana 10.11 A Praça (compacto) 10.52 Agora Nós (compacto) 11.42 Manual de Instruções 12.18 Diga Doutor 13.00 Jornal da Tarde 14.10 Voz do Cidadão 14.32 Portugal Fome de Vencer 18.09 Euro 2016 - PréMatch 19.00 Telejornal 19.50 Futebol: Croácia x Portugal (Euro 2016) 22.01 Euro 2016 23.01 Don Donos Disto Tudo 00.04 A Culpa é do Ronaldo 1.20 Filme: Pa Paixões Proibidas 3.15 Euro 2016 - RTP3 4.09 A Grandiosa Enc Enciclopédia do Ludopédio
Cake: Um Sopro de Vida 00.50 Effie Gray 2.35 Whiplash - Nos Limites 4.25 Noite em Fuga
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Ginástica Artística RTP2, 15h | Taça do Mundo 2016
9.45 Casa de Doidas 11.45 Sky High Escola de Heróis 13.30 Invictus 15.55 Puro Aço 18.05 Na Corda Bamba 20.00 Comer Orar Amar 22.25 Dos Homens sem Lei 00.25 Ghost Rider: Espírito de Vingança 2.05 Entrega Armadilhada 3.30 Blue Valentine - Só Tu e Eu 5.20 Zoom In 5.30 O Cavaleiro das Trevas
AXN 13.14 Forever 14.04 Sinais do Futuro 16.08 Depois da Terra 17.51 A Dupla Face da Lei 19.41 Sinais do Futuro 21.45 The Grey - A Presa 23.51 Soldado Universal: Regeneração 1.35 Forever 2.25 Forever 3.15 Forever 4.00 Forever 4.45 Forever 5.30 Blade Trinity: Perseguição Final
Design PT RTP2, 13h07 As peças e os projectos mais emblemáticos do arquitecto Álvaro Siza Vieira (n.1933, Matosinhos), que recebeu o prémio Pritzker em 1992, estão em destaque neste episódio. É transmitido na altura em que o Museu de Serralves (Porto) tem patente Matéria-Prima, uma exposição sobre a sua carreira (até 18 de Setembro). O programa conduzido por Isabel Lopes Gomes dá também espaço à apresentação do trabalho de três designers: Olga Noronha (joalharia), João Machado ADRIANO MIRANDA
(comunicação) e Catarina Sobral (ilustração). No alinhamento cabe ainda a referência à revista Almanaque. Publicada entre 1959 e 1961, constitui uma referência do design gráfico português.
INFANTIL FOX LIFE 13.45 Um Belo Par... de Patins 15.57 Nora Roberts: O Pântano da Meia Noite 17.30 Nora Roberts: Montana Sky - O Testamento 19.07 Rookie Blue 20.10 Rookie Blue 21.17 Rosewood 22.20 Basta de Conversa 23.52 A Última Noite 1.30 No Limite 2.17 No Limite 3.08 No Limite 3.57 Body of Proof 4.47 Body of Proof 5.32 Body of Proof
DISNEY 15.00 Liv e Maddie 15.25 K.C. Agente Secreta 16.15 Manual do Jogador para Quase Tudo 17.00 Acampamento Kikiwaka 19.05 High School Musical 3 - Último Ano (V.Orig.) 21.00 K.C. Agente Secreta 21.22 A Irmã do Meio 21.46 K.C. Agente Secreta 22.12 Jessie 22.37 Randy Cunningham: Ninja Total 22.59 Rapaz-Ostra 23.45 Randy Cunningham: Ninja Total 00.10 Sabrina: Segredos de Uma Bruxa 00.55 Rekkit Rabbit 1.46 Randy Cunningham: Ninja Total
Barbie: Magia da Moda Cinemundo, 8h Barbie deixa a sua problemática vida de actriz em Hollywood e decide ir para Paris (França), para ajudar a sua tia que tem um atelier de moda. Mas, ao chegar, apercebe-se que o negócio está quase arruinado. Para o evitar, Barbie, com a ajuda da dedicada mas tímida assistente e de um trio de fadas estilistas chamadas Flairies, vai organizar um fantástico desfile de moda. Sky High — Escola de Heróis Hollywood, 11h45 Will é um jovem com os habituais problemas de um adolescente no que toca a amigos, notas da escola e raparigas. Mas, para além de todas estas dificuldades normais, Will tem ainda a pressão adicional de pertencer à terceira geração da
DISCOVERY SIC
MAGAZINE
16.45 Transporter - Correio de Risco 3 18.48 Scorpion 19.37 Scorpion 20.26 Scorpion 21.19 Scorpion 22.15 Um Cidadão Exemplar 00.24 Colateral 2.42 Sleepy Hollow 3.28 Sleepy Hollow 4.15 Sleepy Hollow 5.06 Flashpoint
6.00 Etnias 6.30 Animações Infantis 12.00 O Nosso Mundo 13.00 Primeiro Jornal 14.15 Alta Definição 14.45 E-Especial 15.15 Filme: Os Pinguins do Sr. Popper 17.45 Filme: Agentes de Reserva 20.00 Jornal da Noite 21.30 Coração d´Ouro 22.30 Vale Tudo 1.45 Filme: Predador Sexual
AXN BLACK 13.50 Eraser 15.40 Assalto à 13ª Esquadra 17.22 Encontros Imediatos do 3.º Grau 19.36 Super-Homem: O Regresso 22.00 Batman - O Início 00.17 O Grande Homem 2.13 Encontros Imediatos do 3.º Grau 4.27 Super-Homem: O Regresso
TVI
AXN WHITE
6.30 Animações / Kid Kanal 9.26 Inspector Max 13.00 Jornal da Uma 14.57 MasterChef Júnior 17.05 Havai: Força Especial 18.04 Filme: Tudo Por Elas - A Vitória é Nossa 20.00 Jornal das 8 21.53 A Única Mulher 23.00 Love on Top 00.30 Super Quiz 1.34 Filme: O Guru do Amor 3.18 Love on Top - Extra 4.40 Queridas Feras
13.17 Melissa e Joey 13.43 Melissa e Joey 14.09 Melissa e Joey 14.35 Mr. Jones 16.26 Era Uma Vez 17.14 Trocadas à Nascença 18.01 Chicago Fire 18.48 Mr. Jones 20.39 Chicago Fire 21.26 Póquer de Rainhas 21.51 Dois Homens e Meio 22.15 Melissa e Joey 22.40 Uma Vida Inacabada 00.29 Coração de Cavaleiro 2.38 Melissa e Joey 3.00 Dois Homens e Meio 3.22 Póquer de Rainhas 3.47 Uma Vida Inacabada 05.33 Coração de Cavaleiro
TVC1 10.25 Cake: Um Sopro de Vida 12.05 Effie Gray 13.50 Whiplash - Nos Limites 15.40 A Idade de Adaline 17.35 Magic Mike XXL 19.35 Mapas Para as Estrelas 21.30 O Senhor Manglehorn 23.10
FOX 13.02 Hawai Força Especial 13.51 Hawai Força Especial 14.40 Caos
17.20 Como Funciona a Terra 19.10 A História do Universo 21.00 Já Estavas Avisado! 22.00 Os Caçadores de Mitos 23.50 Já Estavas Avisado! 4.35 Caçadores de Leilões 5.25 Pesca Extrema com Robson Green
HISTÓRIA 17.42 O Preço da História 19.07 Caça Tesouros 19.51 Regatear à Antiga 20.36 O Preço da História 22.00 Caça Tesouros 23.26 Restauradores 00.28 Caça Tesouros 1.54 Alienígenas 3.23 Dia D, Os Arquivos Perdidos 4.48 Alienígenas
ODISSEIA 17.00 Escócia, Terras Altas e Ilhas 17.51 O Fantasma do Bosque 18.49 Tian Shan: Terra de Ursos e Cavalos 19.47 Soundbreaking 20.39 Soundbreaking 21.32 O Lado Oculto da Google 22.30 Tão Gay! 23.25 Tão Gay! 00.19 Tão Gay! 1.15 Tão Gay! 2.08 Soundbreaking 3.00 Soundbreaking 3.49 Escócia, Terras Altas e Ilhas 4.39 O Fantasma do Bosque 5.35 Tian Shan: Terra de Ursos e Cavalos
família Stronghold e frequentar a tão famosa escola de heróis, Sky High. A instituição tem como missão formar os super-heróis de amanhã, mas Will vai começar o ano sem superpoderes... E não tem coragem de contar todos os seus problemas aos seus pais, que são os super-heróis mais amados de sempre. High School Musical 3 — Último Ano (V. Orig.) Disney, 19h05 O liceu está a chegar ao fim e Troy e Gabriella são confrontados com a perspectiva da separação, pois vão estudar para universidades diferentes. Com a ajuda dos restantes Wildcats, organizam então um musical que reflecte as suas experiências, esperanças, desejos e receios face ao futuro. Os alunos voltam assim a compor música e a criar contagiantes números de dança.
40 | PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016
SAIR
Em estreia lazer@publico.pt
CINEMA Lisboa Cinema City Alvalade Av. de Roma, nº 100. T. 218413040 Alice do Outro Lado do Espelho M12. 11h25 (V.Port./2D); Mudar de Vida. José Mário Branco, vida e obra M12. 19h20; Angry Birds: O Filme M6. 11h10, 13h20, 15h20 (V.Port./2D); Rainha do Deserto M12. 15h55, 21h20, 24h; Deusas em Fúria M12. 21h50, 23h55; Mestres da Ilusão 2 M12. 13h30, 16h10, 17h55, 21h30, 00h10; À Procura de Dory M6. 10h15, 11h20, 13h35, 15h40, 17h30, 19h45, 21h35, 23h50 (V.Port./2D) Cinema Ideal Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295 Love is Strange - O Amor é uma Coisa Estranha M12. 18h30; Monstrinhas de Verão | Curtas para Pais e Filhos 12h; Love M18. 22h; O Que Está Por Vir M12. 16h45, 20h15 CinemaCity Campo Pequeno Centro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420 O Livro da Selva M6. 11h20 (V.Port./2D); Alice do Outro Lado do Espelho M12. 16h20 (V.Orig./2D); Robinson Crusoe M6. 11h25; X-Men: Apocalypse M12. 18h20, 23h55; Bons Rapazes M12. 00h30; Angry Birds: O Filme M6. 11h35, 13h40, 15h40, 17h50, 19h55 (V.Port./2D); Um Dia Perfeito M12. 11h45, 14h; The Conjuring 2 - A Evocação M16. 18h45, 21h30, 00h15; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 13h15, 15h45, 21h25, 00h05; Mestres da Ilusão 2 M12. 13h25, 15h55, 18h40, 21h20, 21h50, 24h; À Procura de Dory M6. 11h20, 13h25, 15h30, 16h10, 17h40, 19h50, 21h40 (V.Port/2D) 11h40, 13h55, 18h25 (V.Port./3D) 11h30, 13h35, 15h35, 17h35, 19h35, 21h50, 00h05 (V.Orig./2D); O Dia da Independência: Nova Ameaça 13h30, 16h, 18h30, 21h45, 00h15 (V.Orig./2D) 21h30, 24h (V.Orig./3D) Cinemas Nos Alvaláxia Estádio José Alvalade, Cpo Grande. T. 16996 Angry Birds: O Filme M6. 11h, 13h20, 15h40, 18h10, 21h, 23h30 (V.Port.); Mestres da Ilusão 2 M12. 13h05, 16h, 18h50, 21h40, 00h30; À Procura de Dory M6. 11h, 13h10, 13h35, 15h30, 16h10, 18h, 18h40, 21h10, 23h40 (V.Port.); O Dia da Independência: Nova Ameaça 13h10, 15h50, 18h30, 21h30, 00h10; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 13h40, 16h20, 19h10, 21h50, 00h35; X-Men: Apocalypse M12. 13h35, 16h40, 20h50, 24h; The Conjuring 2 - A Evocação M16. 14h, 17h, 21h20, 00h15; Tartarugas Ninja Heróis Mutantes: O Romper das Sombras M12. 20h45, 23h20; Bons Rapazes M12. 13h45, 16h50, 19h25, 22h, 00h35; A Febre do Mississípi M12. 18h25; Alice do Outro Lado do Espelho M12. 13h25, 15h55, 21h25, 23h55; Sing Street M12. 13h50, 16h30, 21h55, 00h20; Housefull 3 18h55; O Livro da Selva M6. 11h15, 14h10, 16h35, 19h (V.Port.); Money Monster M12. 21h45, 00h05 Cinemas Nos Amoreiras Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996 À Procura de Dory M6. 13h20, 16h, 18h50 (V.Port./2D) 21h40, 00h10 (V.Orig./2D); À Procura de Dory M6. 13h20, 16h, 18h50 (V.Port./2D), 21h40, 00h10 (V.Orig./2D); O Dia da Independência: Nova Ameaça 13h, 15h40, 21h20, 24h (V.Orig./2D) 18h30 (V.Orig./3D); O Dia da Independência: Nova Ameaça 13h, 15h40 (2D), 18h30 (3D), 21h20, 24h (2D); Mestres da Ilusão 2 M12. 12h30, 15h20, 18h10, 21h, 23h50; Deusas em Fúria M12. 18h40; Ele + Ela M12. 13h10, 15h50, 21h10, 23h55; Maggie Tem Um
Plano M12. 13h30, 16h10, 19h, 21h30, 00h05; Sing Street M12. 18h20; Money Monster M12. 21h50, 00h15; Angry Birds: O Filme M6. 12h50, 15h10, 18h (V.Port./2D) Cinemas Nos Colombo Av. Lusíada. T. 16996 The Conjuring 2 - A Evocação M16. 12h45, 15h35, 18h35, 21h30, 00h35; Rainha do Deserto M12. 18h30; E Agora Invadimos o Quê? M12. 12h55, 15h45, 21h25, 00h15; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 13h05, 15h50, 18h45, 21h40, 00h30; À Procura de Dory M6. 10h45 (V.Port./3D), 11h, 13h, 13h30, 15h40, 16h10, 18h10 (V.Port./2D), 18h40 (V.Port./3D), 21h15, 23h45 (V.Port./2D); O Dia da Independência: Nova Ameaça 12h50, 15h30, 18h15, 21h05, 23h55 (2D); Sala Imax: 13h20, 16h00, 18h50, 21h45, 00h25 (3D); Tartarugas Ninja Heróis Mutantes: O Romper das Sombras M12. 21h10, 00h05; X-Men: Apocalypse M12. 20h50, 24h; Angry Birds: O Filme M6. 13h10, 15h55, 18h25 (V.Port./2D); Mestres da Ilusão 2 M12. 12h40,15h25, 18h20, 21h20, 00h20 Cinemas Nos Vasco da Gama Parque das Nações. T. 16996 Mestres da Ilusão 2 M12. 13h, 15h50, 18h50, 21h40, 00h30; Alice do Outro Lado do Espelho M12. 12h50 (V.P.); The Conjuring 2 A Evocação M16. 15h30, 18h20, 21h50, 00h40; X-Men: Apocalypse M12. 21h10, 00h20; Angry Birds: O Filme M6. 11h, 13h30, 16h10, 18h30 (V.P.); O Dia da Independência: Nova Ameaça 13h10, 16h, 18h40, 21h30, 00h10; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 12h40, 15h20, 18h10, 21h20, 24h Cinemateca Júnior Praça dos Restauradores - Palácio Foz. T. 213596252 As Férias do Sr. Hulot M12. 15h Cinemateca Portuguesa R. Barata Salgueiro, 39 . T. 213596200 Fim-de-Semana M16. 15h30; A Matter of Time 21h30; Killer Joe 15h30 Medeia Monumental Av. Praia da Vitória, 72. T. 213142223 Uma Nova Amiga M12. 19h20; O Clube M18. 11h20, 13h20, 15h20, 17h20, 21h30, 23h50; Mestres da Ilusão 2 M12. 11h15; E Agora Invadimos o Quê? M12. 19h30; Maggie Tem Um Plano M12. 11h20, 13h20, 15h20, 17h20, 21h30, 23h30; O Que Está Por Vir M12. 12h, 14h, 16h, 18h, 20h, 22h, 24h; A Academia das Musas M12. 13h40, 15h40, 17h40, 19h40, 21h40, 23h40 Nimas Av. 5 Outubro, 42B. T. 213574362 Siberiada 14h, 17h45, 21h30 UCI Cinemas - El Corte Inglés Av. Ant. Aug. Aguiar, 31. Love is Strange - O Amor é uma Coisa Estranha M12. 14h15, 16h40, 21h40; Alice do Outro Lado do Espelho M12. 13h55, 16h20, 18h45, 21h50 (V.Orig./2D); Os Anarquistas 14h05, 16h35, 19h10, 21h40, 00h10; Love M18. 00h05 (V.Orig./3D); Money Monster M12. 21h35, 23h50; Desejos, O Amor Faz-se 19h05; Bons Rapazes M12. 21h30; Angry Birds: O Filme M6. 13h45, 16h25 (V.Port./2D); The Conjuring 2 - A Evocação M16. 18h55, 00h05; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 13h40, 16h20, 21.30 (V.Orig./2D) 19h, 00.20 (V.Orig./3D); Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 14h15, 16h50, 19h15, 21h35, 23h55; Rainha do Deserto M12. 13h40, 16h20, 19h05, 21h50, 00.30; Deusas em Fúria M12. 14h15, 16h50, 19h15, 21h35, 23h55; Mestres da Ilusão 2 M12. 13h40, 16h20, 19h, 21h45, 00h30; E Agora Invadimos o Quê? M12. 13h45, 16h25,
A Academia das Musas De José Luis Guerín. Com Rosa Delor, Emanuela Forgetta, Patricia Gil, Mireia Iniesta. ESP. 2015. 92m. Drama. M12. Ao chegar a casa depois de um dia de aulas, um professor de Filologia, é questionado pela mulher sobre o projecto académico que tem em mãos: a criação de uma “Academia das Musas“ para regenerar o mundo através da poesia. Durante a discussão, o casal faz uma avaliação da sua vida afectiva, ao mesmo tempo que debate vários tópicos filosóficos: o amor, o belo, a subjectividade ou o papel do criador e da criação. À Procura de Dory De Andrew Stanton, Angus MacLane. Com Ellen DeGeneres (Voz), Albert Brooks (Voz), Idris Elba (Voz), Diane Keaton (Voz), Hayden Rolence (Voz). EUA. 2016. 97m. Animação, Comédia. M6. Dory conquistou os nossos corações no momento em que a conhecemos, quando procurava o peixinho Nemo. Todos nos lembramos do seu coração enorme e optimismo contagiante, mas também do quanto é esquecida. A sua (falta de) memória já lhe causou vários problemas. O maior de todos foi ter-se perdido da família. Um dia, ela tem um “flashback“ inesperado da sua infância na costa da Califórnia (EUA). Cheia de saudades, resolve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para voltar para junto dos seus... Maggie Tem Um Plano De Rebecca Miller. Com Travis Fimmel, Julianne Moore, Ethan Hawke, Maya Rudolph, Greta Gerwig. EUA. 2015. 015. 98m. Comédia. M12. Cansada de relacionamentos ionamentos breves e de saborr amargo, Maggie decide que ue é chegado o momento nto de ter um filho através ravés de inseminação artificial. Nesse momento, conhece ce John, um professor or de Antropologia cujo O Dia da Independência: Nova Ameaça
casamento está à beira da ruptura. Maggie e John apaixonam-se, o casamento dele acaba e ela encontra o par de que precisava. Porém, três anos e um filho depois, ela percebe que, para além de extraordinariamente infantil, ele é totalmente centrado em si mesmo... O Dia da Independência: Nova Ameaça De Roland Emmerich. Com Maika Monroe, Joey King, Liam Hemsworth, William Fichtner, Charlotte Gainsbourg, Bill Pullman. EUA/Afeganistão. 2016. 120m. Drama, Ficção Científica. Em 1996, uma força extraterrestre invadiu a Terra e quase extinguiu a raça humana. Quando tudo parecia perdido, foi a coragem e determinação de alguns que tornaram possível a vitória. Desde então, através de tecnologia alienígena recuperada dessa invasão, as nações de todo o mundo têm colaborado num programa especial para proteger o planeta. O que ninguém poderia prever era que, 20 anos depois, viesse uma força ainda mais poderosa...
19h05, 21h50, 00h25; À Procura de Dory M6. 13h50, 16h15, 18h45 (V.Port./2D) 14h15, 16h45, 19h15 (V.Port,/3D) 21h20, 23h50 (V.Orig./2D) ; O Dia da Independência: Nova Ameaça 13h45, 16h25, 21h45 (V.Orig./2D) 19h05, 00h25 (V.Orig./3D); Maggie Tem Um Plano M12. 14h, 16h30, 19h10, 21h40, 23h55; Sing Street M12. 24h; O Que Está Por Vir M12. 14h10, 16h40, 19h, 21h25, 23h45
Almada Cinemas Nos Almada Fórum Estr. Caminho Municipal, 1011 Vale de Mourelos. T. 16996 Money Monster M12. 21h05, 23h55; À Procura de Dory M6. 13h15, 13h30, 15h50 (V.Port./2D), 16h05 (V.Port./2D), 18h30 (V.Port./3D), 18h45 (V.Port./2D), 21h10, 23h45 (V.Orig./2D); O Dia da Independência: Nova Ameaça 12h40 (4DX), 12h55 (2D), 15h30 (4DX), 15h40 (2D), 18h10 (4DX), 18h35 (2D), 21h10 (4DX), 21h30 (2D), 24h (4DX), 00h25 (2D); Mestres da Ilusão 2 M12. 12h30, 15h25, 18h25, 21h20, 00h15; Angry Birds: O Filme M6. 13h20, 16h, 18h30 (V.Port.); Tartarugas Ninja Heróis Mutantes: O Romper das Sombras M12. 20h55, 23h35; Bons Rapazes M12. 12h35, 15h20, 18h, 21h15, 24h; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 12h45, 15h35, 18h30, 21h25, 00h15; E Agora Invadimos o Quê? M12. 13h05, 15h55, 21h35, 00h25; Sing Street M12. 18h45; Maggie Tem Um Plano M12. 12h55, 15h30, 18h05, 21h, 23h50; The Conjuring 2 - A Evocação M16. 12h25, 15h20, 18h20, 21h20, 00h25; Rainha do Deserto M12. 12h40, 15h35, 18h30, 21h25, 00h20; X-Men: Apocalypse M12. 13h35, 17h, 20h45, 23h55; A Febre do Mississípi M12. 21h35, 00h10; Alice do Outro Lado do Espelho M12. 13h35, 16h15, 18h55 (V.Port.)
Amadora Os Anarquistas De Elie Wajeman. Com Tahar Rahim, Adèle Exarchopoulos, Swann Arlaud. FRA. 2015. 101m. Drama, Animação. Final do século XIX. A Europa atravessa uma série de mudanças e os ideais alternativos atraem os mais jovens, que anseiam por um mundo mais justo. Jean Albertini é um sargento em início de carreira que é convidado pelo seu superior a agir como agente infiltrado numa organização anarquista em (França). Quando, Paris (Franç finalmente, ele se consegue depara-se inserir no meio, m com jjovens idealistas, empenhados em emp encontrar um modo enc de ajudar os mais pobres e acabar po ccom as elites governantes. g E um conflito interior tornase, a cada dia, mais difícil de suportar...
CinemaCity Alegro Alfragide C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030 O Livro da Selva M6. 13h10 (V.Port./2D); A Febre do Mississípi M12. 19h25, 24h; Alice do Outro Lado do Espelho M12. 15h45, 21h50 (V.Orig./2D) 11h30 (V.Port.2D); Money Monster M12. 00h20; Desejos, O Amor Fazse 00h15; Uma Aventura no Jurássico M6. 11h25 (V.Port./2D); X-Men: Apocalypse M12. 21h10, 00h05; A Canção do Mar M6. 11h15 (V.Port./2D); Angry Birds: O Filme M6. 11h30, 13h30, 15h30, 17h35, 19h40 (V.Port./2D) 11h35, 13h40 (V.Port./3D); Tartarugas Ninja Heróis Mutantes: O Romper das Sombras M12. 11h20; The Conjuring 2 - A Evocação M16. 15h50, 18h35, 21h25, 00h10; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 13h40, 16h05, 18h40, 21h55, 00h15; Deusas em Fúria M12. 11h40, 13h45, 15h20, 17h25; Mestres da Ilusão 2 M12. 13h20, 16h, 17h55, 18h50, 21h30, 21h45, 00h25; À Procura de Dory M6. 11h20, 11h25, 13h30, 13h35, 15h30, 15h35, 16h10, 17h40, 19h40, 21h40, 23h55 (V.P./2D) 11h45, 14h, 18h25 (V.P./3D); O Dia da Independência: Nova Ameaça 13h35, 15h55, 17h50, 21h20, 23h50 (V.Orig./2D) 18h55, 21h40, 00h10 (V.Orig./3D)
Barreiro Castello Lopes - Fórum Barreiro Campo das Cordoarias. T. 212069440 Angry Birds: O Filme M6. 11h, 13h05, 15h10, 17h20 (V.Port./2D); Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 13h20, 15h50, 18h30, 21h30, 24h; Mestres da Ilusão 2 M12. 13h, 15h40, 18h20, 21h20, 24h; À Procura de Dory M6. 11h, 13h10,
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | 41 DR
Cascais com muito groove Até domingo, o Parque Palmela serve de cenário ao Cascais Groove. O programa do novo festival estabelece-se entre três vértices: música, experiências e ambientes “descontraídos e cuidadosamente decorados” em modo “urban chic”, refere a organização. Às oficinas, gastronomia e actividades lúdicas para crianças e adultos durante o
15h20, 17h30, 19h30, 21h (V.Port./2D); O Dia da Independência: Nova Ameaça 13h20, 15h50, 18h30, 21h30, 24h
Cascais Cinemas Nos CascaiShopping CascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996 X-Men: Apocalypse M12. 20h40, 23h45; Angry Birds: O Filme M6. 13h20, 16h, 18h20 (V.P.); The Conjuring 2 - A Evocação M16. 12h20, 15h15, 18h10, 21h, 23h55; Mestres da Ilusão 2 M12. 12h25, 15h20, 18h30, 21h20, 00h10; O Dia da Independência: Nova Ameaça 12h30, 15h10 (2D), 17h50 (3D), 21h40, 00h20 (2D); À Procura de Dory M6. 13h30, 16h10 (V.P./2D), 18h45 (V.Port./3D), 21h30, 00h05 (V.P./2D); Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 12h45, 15h50, 18h40, 21h25, 00h20; Alice do Outro Lado do Espelho M12. 13h, 15h35, 18h15 (V.P.); Money Monster M12. 20h50, 23h20
Caldas da Rainha Vivacine - Caldas da Rainha C.C. Vivaci. T. 262840197 X-Men: Apocalypse M12. 21h10 (V.O./2D); Angry Birds: O Filme M6. 13h15, 15h40, 21h15, 23h45 (V.Port./2D), 18h20 (V.P./3D); Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 15h30, 21h25, 24h; Rainha do Deserto M12. 18h20; Mestres da Ilusão 2 M12. 13h15, 15h30, 18h25, 21h20, 23h45; O Dia da Independência: Nova Ameaça 13h30, 15h25, 18h15, 21h20, 00h05
Carcavelos Atlântida-Cine R. Dr. Manuel Arriaga, Centro ComercialCarcavelos. T. 214565653 E Agora Invadimos o Quê? M12. 17h30; Maggie Tem Um Plano M12. 15h, 17h30; Ele + Ela M12. 17h30; O Que Está Por Vir M12. 15h, 21h30
Sintra Cinema City Beloura Beloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9, Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643 O Livro da Selva M6. 11h30 (V.P./2D); Alice do Outro Lado do Espelho M12. 18h35 (V.O./2D); Uma Aventura no Jurássico M6. 11h25 (V.P./2D); Angry Birds: O Filme M6. 11h40, 13h50, 15h50, 17h55; Tartarugas Ninja Heróis Mutantes: O Romper das Sombras
M12. 13h20, 18h10, 23h50; The Conjuring 2 A Evocação M16. 21h30, 00h15; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 15h35, 21h55, 00h25; Rainha do Deserto M12. 13h10, 15h55; Deusas em Fúria M12. 20h, 22h, 00h10; Mestres da Ilusão 2 M12. 13h35, 16h15, 18h55, 21h40, 00h20; À Procura de Dory M6. 11h40, 14h, 18h25 (V.P./3D) 11h20, 13h35, 15h30, 15h40, 16h10, 17h30, 19h40, 21h35, 21h50, 24h (V.P./2D); O Dia da Independência: Nova Ameaça 13h25, 16h, 18h30, 17h55, 18h30, 23h55 (V.O./2D) 21h45, 00h15 (V.O./3D)
Leiria Cinema City Leiria Rua Dr. Virgílio Vieira da Cunha, Ponte das Mestras. T. 244845071 Bons Rapazes M12. 00h25; Angry Birds: O Filme M6. 11h30, 13h35, 15h35, 17h45, 19h45 (V.P./2D); The Conjuring 2 - A Evocação M16. 21h40, 00h25; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 13h45, 16h20, 18h55, 21h55, 00h30; Mestres da Ilusão 2 M12. 13h10, 15h50, 18h40, 21h25, 21h45, 00h05; À Procura de Dory M6. 11h20, 13h30, 15h30, 16h10, 17h40, 19h40, 21h35, 23h50 (V.P./2D) 11h45, 14h, 18h25 (V.P./3D); O Dia da Independência: Nova Ameaça 13h30, 16h, 18h30, 21h30, 24h (V.O./2D) 13h10, 15h40, 19h, 21h50, 00h20 (V.O./3D) Cineplace - Leiria Shopping Centro Comercial Leiria Shopping, IC2. T. 244826516 Alice do Outro Lado do Espelho M12. 16h20 (V.P./2D); Má Vizinhança 2 M16. 21h50, 23h55; X-Men: Apocalypse M12. 16h10; Angry Birds: O Filme M6. 13h20, 15h30, 17h40, 19h50 (V.P./2D); Tartarugas Ninja Heróis Mutantes: O Romper das Sombras M12. 14h40, 17h; The Conjuring 2 - A Evocação M16. 13h40, 18h50, 21h30, 00h10; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 13h40, 19h10, 21h40, 00h15; Mestres da Ilusão 2 M12. 13h20, 16h, 18h40, 21h20, 00h05; E Agora Invadimos o Quê? M12. 19h20; À Procura de Dory M6. 13h, 15h10, 17h20 (V.P./2D) 19h30 (V.P./3D) 21h40, 23h50 (V.O./2D); O Dia da Independência: Nova Ameaça 13h, 15h10, 17h20 (V.P./2D) 19h30 (V.P./3D) 21h40, 23h50 (V.O./2D); Ele + Ela M12. 22h
Cinemas Nos Fórum Montijo Centro Comercial Fórum Montijo. T. 16996 À Procura de Dory M6. 11h, 13h30, 16h10 (V.P./2D), 18h35 (V.Port./3D), 21h, 23h30 (V.P./2D); O Dia da Independência: Nova Ameaça 12h50, 15h30 (2D), 18h20 (3D), 21h30, 00h10 (2D); The Conjuring 2 - A Evocação M16. 12h45, 15h40, 18h35, 21h25, 00h20; Mestres da Ilusão 2 M12. 12h40, 15h30, 18h45, 21h35, 00h30; Angry Birds: O Filme M6. 11h, 13h20, 15h45, 18h10 (2D); Tartarugas Ninja Heróis Mutantes: O Romper das Sombras M12. 21h10, 23h40; Alice do Outro Lado do Espelho M12. 10h50, 13h25, 16h, 18h40 (V.Port.); Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 21h15, 24h
Odivelas Cinemas Nos Odivelas Parque Centro Comercial Odivelasparque. T. 16996 Mestres da Ilusão 2 M12. 12h40, 15h20, 18h10, 21h10, 24h ; À Procura de Dory M6. 13h15, 15h30, 18h, 21h, 23h30 ; O Dia da Independência: Nova Ameaça 13h, 15h50, 18h30, 21h20, 24h ; Angry Birds: O Filme M6. 13h30, 16h, 18h20 (V.Port.); Tartarugas Ninja Heróis Mutantes: O Romper das Sombras M12. 21h30, 23h50 ; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 12h50, 15h35, 18h15, 20h50, 23h40
Oeiras
Cineplace - Loures Shopping Quinta do Infantado, Loja A003.
Cinemas Nos Oeiras Parque C. Com. Oeirashopping. T. 16996 Deusas em Fúria M12. 13h15, 15h55, 18h40; Sing Street M12. 21h10, 24h; À Procura de Dory M6. 10h40, 13h, 15h20 (V.Port./2D), 18h (V.Port./3D), 21h, 23h50 (V.Port./2D); Bons Rapazes M12. 21h45, 00h25; Angry Birds: O Filme M6. 10h50, 13h20, 15h50, 18h15 (V.Port./2D); Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 13h10, 16h, 18h50, 21h40, 00h30; O Dia da Independência: Nova Ameaça 12h50, 15h40 (2D), 18h30 (3D), 21h20, 00h10 (2D); Rainha do Deserto M12. 12h35, 15h25, 18h20, 21h15, 00h15; Mestres da Ilusão 2 M12. 12h40, 15h30, 18h25, 21h30, 00h25
Jorge Mourinha
Academia das Musas
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Luís M. Oliveira
Vasco Câmara
À Procura de Dory
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O Clube
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O Dia da Independência
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E Agora, Invadimos o quê?
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Maggie tem um plano
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O Amor é uma Coisa Estranha
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O Que Está por Vir
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Love
Montijo
Loures
AS ESTRELAS DO PÚBLICO Anarquistas
A Febre do Mississípi M12. 22h, 00h15; Alice do Outro Lado do Espelho M12. 16h20 (V.P./2D); Angry Birds: O Filme M6. 13h20, 15h30, 17h40 (V.P./2D); Tartarugas Ninja Heróis Mutantes: O Romper das Sombras M12. 16h40; The Conjuring 2 - A Evocação M16. 13h50, 21h40, 00h20; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 13h40, 21h20, 23h55; Rainha do Deserto M12. 16h10; Mestres da Ilusão 2 M12. 13h30, 21h30, 00h05; À Procura de Dory M6. 13h, 15h10, 17h20 (V.P./2D), 21h40, 23h50 (V.O./2D); O Dia da Independência: Nova Ameaça 14h, 16h30, 21h30, 24h (V.O./2D); Maggie Tem Um Plano M12. 14h50, 17h10, 21h50, 00h10
a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente
dia, juntam-se noites com anfitriões musicais como Mayra Andrade (na imagem), Jorge Palma & Sérgio Godinho (hoje), Jamie Cullum ou Miguel Araújo (amanhã). Entre as 09h e as 16h30, a entrada custa 7€ (grátis para crianças até aos 10 anos). A partir das 19h30, o bilhete custa entre 30€ e 55€. Mais informações disponíveis em www.cascaisgroove.pt.
Torres Novas Castello Lopes - TorreShopping Bairro Nicho - Ponte Nova. T. 249830752 Angry Birds: O Filme M6. 11h, 13h05 (V.Port./2D); Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 18h30, 24h; Mestres da Ilusão 2 M12. 21h20; À Procura de Dory M6. 10h50, 13h, 15h10, 17h20, 21h (V.Port./2D); O Dia da Independência: Nova Ameaça 15h40, 18h20, 21h30, 00h05 (V.Orig./2D) 13h05 (V.Orig./3D)
Torres Vedras Cinemas Nos Torres Vedras C.C. Arena Shopping. T. 16996 Angry Birds: O Filme M6. 13h30, 16h15, 19h (V.P./2D); The Conjuring 2 - A Evocação M16. 21h15, 00h10; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 12h50, 15h30, 18h10, 20h50, 23h45; Mestres da Ilusão 2 M12. 13h, 15h50, 18h50, 21h40, 00h30; À Procura de Dory M6. 11h, 13h20, 15h45, 21h, 23h30 (V.Port./2D) 18h30 (V.Port./3D)
Santarém Castello Lopes - Santarém Largo Cândido dos Reis. T. 243309340 Angry Birds: O Filme M6. 11h, 13h05, 15h10, 17h20, 19h30 (V.Port./2D); The Conjuring 2 - A Evocação M16. 13h, 15h40, 18h20, 21h10, 23h50; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 21h40, 00h10; Mestres da Ilusão 2 M12. 13h, 15h50, 18h30, 21h20, 24h; À Procura de Dory M6. 11h, 13h20, 15h30, 17h40, 21h (V.P./2D) ; O Dia da Independência: Nova Ameaça 13h10, 16h, 18h40, 21h30, 00h05; Maggie Tem Um Plano M12. 13h30, 16h10, 18h50, 21h45, 00h15
Setúbal Auditório Charlot Av. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446 Rainha do Deserto M12. 16h, 21h30 Cinema City Alegro Setúbal C. Comercial Alegro Setúbal. T. 265239853 Alice do Outro Lado do Espelho M12. 11h15, 13h30, 13h40 (V.P./2D) 21h35 (V.O./2D); Má Vizinhança 2 M16. 00h25; X-Men: Apocalypse M12. 15h55, 24h; Angry Birds: O Filme M6. 11h25, 13h30, 15h30, 17h55, 20h (V.P./2D); Tartarugas Ninja Heróis Mutantes: O Romper das Sombras M12. 15h45; Um Dia Perfeito M12. 11h35, 13h40; The Conjuring 2 - A Evocação M16. 15h45, 18h30, 21h30, 00h15; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 11h20, 13h45, 16h20,
18h55, 21h45, 00h20 (V.O./2D); Mestres da Ilusão 2 M12. 13h10, 15h50, 18h40, 21h25, 22h, 00h05; E Agora Invadimos o Quê? M12. 11h15, 13h35, 19h10; À Procura de Dory M6. 11h20, 13h35, 15h40, 16h10, 17h35, 19h45, 21h30, 23h45 (V.P./2D) 11h40, 14h, 18h25 (V.P/3D); O Dia da Independência: Nova Ameaça 11h20, 13h35, 15h40, 16h10, 17h35, 19h45, 21h30, 23h45 (V.P./2D) 11h40, 14h, 18h25 (V.P/3D)
Seixal Cineplace - Seixal O Livro da Selva M6. 16h20 (V.P./2D); A Febre do Mississípi M12. 22h, 00h20; X-Men: Apocalypse M12. 18h10, 21h10, 00h05; Angry Birds: O Filme M6. 13h20, 15h30, 17h40, 19h50 (V.P./2D); Tartarugas Ninja Heróis Mutantes: O Romper das Sombras M12. 16h50; The Conjuring 2 - A Evocação M16. 13h30, 16h10, 18h50, 21h30, 00h10; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 14h20, 19h10, 21h40, 00h15; Mestres da Ilusão 2 M12. 13h40, 18h40, 21h20, 23h55; À Procura de Dory M6. 13h, 15h10, 17h20, 19h30, 21h40, 23h50 (V.Port./2D); O Dia da Independência: Nova Ameaça 14h, 16h30, 21h30, 24h (V.Orig./2D) 19h (V.Orig./3D)
Faro Cinemas Nos Fórum Algarve C. C. Fórum Algarve. T. 289887212 Angry Birds: O Filme M6. 11h, 13h25, 15h55, 18h10 (V.P./2D); The Conjuring 2 - A Evocação M16. 12h40, 15h30, 18h20, 21h10, 24h; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 21h, 23h50; Mestres da Ilusão 2 M12. 13h05, 15h50, 18h40, 21h30, 00h15; À Procura de Dory M6. 10h40, 13h, 15h20 (V.P./2D) 17h50 (V.P./3D) 10h50, 21h20, 23h40 (V.O./2D); O Dia da Independência: Nova Ameaça 12h50, 15h40, 21h40, 00h20 (V.O./2D) 18h30 (V.O./3D)
Albufeira Cineplace - AlgarveShopping Estrada Nacional 125 - Vale Verde. Alice do Outro Lado do Espelho M12. 16h10 (V.P./2D); Angry Birds: O Filme M6. 13h20, 15h30, 17h40, 19h50 (V.P./2D); Tartarugas Ninja Heróis Mutantes: O Romper das Sombras M12. 16h30; The Conjuring 2 - A Evocação M16. 13h50, 18h50, 21h30, 00h10; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 13h40, 18h40, 21h10, 23h45; Rainha do Deserto M12. 22h; Deusas em Fúria M12. 22h, 00h25; Mestres da Ilusão 2 M12. 13h40, 16h20, 19h, 21h40, 00h20; À PUBLICIDADE
Miraflores Cinemas Nos Dolce Vita Miraflores Centro Comercial Dolce Vita - Avenida das Túlipas. T. 707 CINEMA O Dia da Independência: Nova Ameaça 15h30, 18h30, 21h30, 00h30 ; Mestres da Ilusão 2 M12. 15h10, 18h10, 21h10, 00h10; À Procura de Dory M6. 15h, 17h20, 19h40, 22h; Angry Birds: O Filme M6. 14h50, 17h, 19h10; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 21h20, 24h
Recorte este cupão e aceda a http://cinecartaz.publico.pt/p/OlmoeaGaivota para reservar um dos 10 convites duplos que estamos a oferecer para a estreia do filme.
Reservas através do Cinecartaz no dia 25 de Junho. Válido apenas para a edição papel. É necessária a apresentação do cupão no local.
42 | PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016
SAIR Procura de Dory M6. 12h50, 13h20, 15h, 15h30, 17h10, 17h40, 19h50 (V.P./2D) 19h20, 21h30, 23h40 (V.O./2D); O Dia da Independência: Nova Ameaça 13h50, 14h10, 16h20, 16h40, 18h50, 21h20, 21h50, 23h50, 00h10 (V.O./2D) 19h10 (V.O./3D); Maggie Tem Um Plano M12. 13h50, 18h50, 21h30, 00h10
Portimão Algarcine - Cinemas de Portimão Av. Miguel Bombarda. T. 282411888 The Conjuring 2 - A Evocação M16. 24h, 00h15; Mestres da Ilusão 2 M12. 13h40, 19h, 21h45; À Procura de Dory M6. 13h40, 15h45, 17h45, 19h45, 21h30 (V.Port./2D) Cineplace - Portimão Quinta da Malata, Lote 1 - C.C. Continente. Alice do Outro Lado do Espelho M12. 16h20 (V.Orig./2D); Angry Birds: O Filme M6. 13h20, 15h30, 17h40, 19h50 (V.P./2D); Tartarugas Ninja Heróis Mutantes: O Romper das Sombras M12. 16h10; The Conjuring 2 - A Evocação M16. 13h40; Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos M12. 13h30, 18h30, 21h10, 23h40; Mestres da Ilusão 2 M12. 13h10, 16h, 18h40, 21h20, 00h05; À Procura de Dory M6. 13h, 15h10, 17h20 (V.P./2D) 19h30 (V.P./3D) 21h40, 23h50 (V.O./2D); O Dia da Independência: Nova Ameaça 14h, 16h30, 21h30, 24h (V.O./2D) 19h (V.O./3D); Sing Street M12. 22h, 00h20
TEATRO Lisboa Culturgest Rua Arco do Cego - CGD. T. 217905155 Loveable Comp.: Plataforma285. De 24/6 a 28/6. Todos os dias às 21h30. M/12. Fábrica do Braço de Prata R. Fábrica Material Guerra, 1. T. 925864579 Viajantes Solitários Teatro do Vestido. Enc. Joana Craveiro. Até 26/6. 4ª a Dom às 21h. Lisboa Três Irmãs: Olga Comp.: Umcolectivo. Com Cátia Terrinca. De 20/6 a 26/6. Todos os dias às 22h (na Escola Primária, n.º 60 - Ajuda. Inf: 935039151). Maria Matos Teatro Municipal Av. Frei Miguel Contreiras, 52. T. 218438801
ESTELLE VALENTE
Meu Deus, Eu Vejo Com Maria Duarte, Miguel Loureiro, Gonçalo Ferreira de Almeida. De 21/6 a 25/6. 3ª a Sáb às 21h30. Teatro da Comuna Praça de Espanha. T. 217221770 Os Vigilantes Comp.: Resina Teatro. Enc. João Silva. De 3/6 a 26/6. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. Teatro da Luz Largo da Luz. T. 217120600 Abarca Companhia da Esquina. Enc. Jorge Gomes Ribeiro. De 4/6 a 25/6. Sáb às 19h. Teatro da Politécnica Rua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 Prado de Fundo Com Ana Sampaio e Mia, Cátia Tomé, Ivo Silva, Ricardo Teixeira, Rita Morais. De 15/6 a 25/6. 3ª e 4ª às 19h. 5ª a Sáb às 21h. Teatro da Trindade Largo da Trindade, 7A. T. 213420000 Esperança Enc. André Paes Leme. Com César Mourão. De 22/6 a 10/7. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 18h. M/16. Terra Sonâmbula De Mia Couto. Comp.: Este Estação Teatral. Enc. Nuno Pino Custódio. De 9/6 a 26/6. 5ª a Sáb às 21h45. Dom às 17h. Teatro Ibérico Rua de Xabregas, 54. T. 218682531 El Gringo Enc. Rita de Azevedo. De 24/6 a 25/6. 6ª e Sáb às 21h30. M/12. Teatro Nacional D. Maria II Praça Dom Pedro IV. T. 800213250 Voz Alta - Festival de Leituras Encenadas De 22/6 a 26/6. 4ª a Dom das 17h às 23h. Teatro-Estúdio Mário Viegas Largo do Picadeiro. T. 213257650 Variações, de António De Vicente Alves do Ó. Com Sérgio Praia. De 24/6 a 10/7. 4ª a Sáb às 22h. Dom às 17h30.
Amadora Espaço Cultural Recreios da Amadora Avenida Santos Mattos, 2. T. 214369055 América, Suitamérica Teatro dos Aloés. Enc. Rui Mendes. De 15/6 a 26/6. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/14.
Caldas da Rainha Centro Cultural e Congressos Rua Dr. Leonel Sotto Mayor. T. 262889650 Allo, Allo! Enc. Paulo Sousa Costa, João Didelet. Dia 25/6 às 21h30. Dia 26/6 às 17h.
Setúbal Fórum Municipal Luísa Todi Avenida Luísa Todi, 65. T. 265522127 O Último dos Românticos Enc. João Mota. Dia 25/6 às 21h30. M/12.
O Enigma - Arte Portuguesa na Colecção Berardo De Rui Chafes, Jorge Molder, João Maria Gusmão, Pedro Paiva, Pedro Cabrita Reis, João Tabarra, Ana Vieira. De 23/3 a 25/9. Todos os dias das 10h às 19h.
Sérgio Praia interpreta o monólogo Variações, de António
Mosteiro dos Jerónimos Pç. Império. T. 213620034 Festival Coral de Verão Dia 25/6 às 21h30. O’Culto da Ajuda Travessa das Zebras, 25/27. T. 214575068 Joana Gama Dia 25/6 às 21h30. Praça do Comércio (Terreiro do Paço) Arraial Lisboa Pride 2016 Dia 25/6 das 16h às 04h. Com The Legendary Tigerman. Teatro Nacional de São Carlos Largo de São Carlos, 17. T. 213253045 Cinderela Enc. Mário Redondo. De 25/6 a 26/6. Sáb às 21h. Dom às 16h. M/6.
Baixa da Banheira
MÚSICA
Fórum Cultural José Manuel Figueiredo Rua José Vicente. T. 210888900 V BB Blues Fest Dia 25/6 às 21h30. Com Doug MacLeod, Travellin’ Brothers, outros.
Lisboa
Cascais
Centro Cultural de Belém Praça do Império. T. 213612400 Continuidade De Eduardo Souto de Moura. De 21/6 a 18/9. 3ª a Dom das 10h às 18h. Fundação e Museu Calouste Gulbenkian Avenida de Berna, 45A. T. 217823000 Convidados de Verão De Asta Groting, Bela Silva, Diogo Pimentão, Fernanda Fragateiro, Francisco Tropa, Rui Chafes, Susanne Themlitz, Vasco Araújo, outros. De 23/6 a 3/10. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h (até às 22h nos dias 25 e 26 Junho e 1, 2 e 3 Julho). Kum Kapi: Tapetes Viajantes De Hagop Kapoudjian, Mekhitar Garabedian. De 13/5 a 19/9. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Linhas do Tempo De 23/6 a 2/1. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb, Dom e feriados das 10h às 18h (até às 22h nos dias 25 e 26 Junho e 1, 2 e 3 Julho). Molière: A Escrita Encenada De 23/4 a 25/7. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Museu Colecção Berardo Praça do Império - CCB. T. 213612878 Colecção Berardo Todos os dias das 10h às 19h. Matter Fictions De Ana Hatherly, Mumtazz, Diogo Evangelista, outros. De 4/5 a 21/8. Todos os dias das 10h às 19h. Novo Banco Photo 2016 De Félix Mula, Mónica de Miranda, Pauliana Valente Pimentel. De 18/5 a 2/10. Todos os dias das 10h às 19h.
Aula Magna Cidade Universitária. T. 217967624 Orquestra Académica da Universidade de Lisboa Dia 25/6 às 18h. Centro Cultural de Belém Praça do Império. T. 213612400 Festival Coral de Verão Dia 25/6 às 09h30. Coliseu dos Recreios Rua Portas de Santo Antão, 96. T. 213240580 Pentatonix Dia 25/6 às 21h. Fórum Lisboa Avenida de Roma, 14L. T. 218170400 Orquestra Philarmónica de Lisboa Dia 25/6 às 21h30. Fundação e Museu Calouste Gulbenkian Avenida de Berna, 45A. T. 217823000 Carlos do Carmo e Orquestra Gulbenkian Dia 25/6 às 21h30 (com o convidado Ivan Lins). Os Músicos do Tejo Dia 25/6 às 16h. Lisboa Festival Com’Paço – IX Festival de Bandas de Lisboa Dia 25/6 às 18h. Em vários locais: Jardim da Estrela, Rossio, Intendente. Lux Frágil Av. Infante D. Henrique. T. 218820890 Honey Dijon Dia 25/6 às 23h45. Bairro da Graça FNAC Live Dia 25/6 das 17h às 04h. Com Dead Combo, Cais Sodré Funk Connection, Ghost Hunt, Filho da Mãe, outros.
Parque Palmela Cascais Groove ‘16 Dia 25/6 das 09h às 16h e das 19h30 às 02h.
Maria Cabeça Constância - Baptista , Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Higiene Covilhã - Mendes Crato - Misericórdia Cuba - Da Misericórdia Elvas - Lux Entroncamento - António Lucas Estremoz - Costa Évora - Misericórdia Faro - Batista Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Graciosa , Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda) , Correia Suc. Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão Avenida Gavião - Gavião Golegã - Salgado Grândola - Moderna Idanha-a-Nova Andrade (Idanha A Nova) , Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/ Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Vieira Santos (Estombar) Lagos - Telo Loulé Pinheiro , Algarve (Quarteira), Paula (Salir) Loures - Pinheirense , Central da Bobadela (Bobadela) Lourinhã - Marteleirense , Ribamar (Ribamar) Mação - Saldanha Mafra - Popular (Encarnação) , Barros (Igreja Nova) Marinha Grande - Sta. Isabel Marvão - Roque Pinto Mértola - Pancada Moita - Cardoso (Baixa da Banheira)
Monchique - Higya Monforte - Jardim Montijo - Diogo Marques Mora - Canelas Pais (Cabeção) , Falcão, Central (Pavia) Moura - Nataniel Pedro Mourão - Central Nazaré - Ascenso , Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos) , Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Leitão Ribeiro , Nova (Olival Basto) Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros) , Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Olhanense Ourém - Verdasca Ourique - Nova (Garvão) , Ouriquense Palmela - Galiano (Quinta do Anjo) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Proença Pombal - Vilhena Ponte de Sor - Matos Fernandes Portalegre - Nova Portel Misericordia Portimão - Arade Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda , Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo Xavier da Cunha Reguengos de Monsaraz - Moderna Rio Maior - Ferraria Paulino Salvaterra de Magos - Martins Santarém São Nicolau Santiago do Cacém - Barradas
EXPOSIÇÕES Lisboa
Ericeira Ericeira Camping Estrada Nacional, 247 - Km 49. T. 261862706 Sumol Summer Fest 2016 Dia 25/6 às 16h. Com Robin Schulz, Tinie Tempah, Madcon, Elliphant, Jimmy P, Bispo, outros.
Sines Castelo de Sines Largo do Poeta Bocage. T. 269630600 Cuca Roseta e Orquestra de Sopros do Algarve Dia 25/6 às 21h30.
DANÇA Lisboa Rua das Gaivotas 6 Rua das Gaivotas, 6. T. 210962355 Perto... Tanto Quanto Possível Joana Castro. De 24/6 a 25/6. 6ª e Sáb às 21h30. Teatro Camões Parque das Nações. T. 218923470 Carnaval Companhia Nacional de Bailado.
FARMÁCIAS Lisboa/Serviço Permanente Almeida (Campo de Ourique) - Rua Silva Carvalho, 136 - Tel. 213881726 Azevedo e Filhos (Baixa) - Rossio, 31 - Tel. 213427478 Jaime Matos (Igreja dos Anjos(Alm. Reis)) Rua Álvaro Coutinho, 8 - 10 - Tel. 218121671 Oriental de Lisboa (Igreja de Arroios Chile) - Rua Alves Torgo, 2 - B de Lisboa - Tel. 213545079 Central de Telheiras (Lumiar) - Rua Prof. Eduardo Araújo Coelho, Loja 5 - A e B - Tel. 218872060 República (Entrecampos) - Avenida da República, 74A, Entrecampos - Tel. 214068508 Outras Localidades/Serviço Permanente Abrantes - Silva Tavares (Alferrarede) Alandroal - Santiago Maior , Alandroalense Albufeira - Santos Pinto Alcácer do Sal Alcacerense Alcanena - Ramalho Alcobaça - Belo Marques Alcochete - Cavaquinha , Póvoas (Samouco) Alenquer - Nobre Rito Aljustrel - Pereira Almada - Silva Junior , Chai (Costa da Caparica) Almeirim - Correia de Oliveira Almodôvar - Ramos Alpiarça - Gameiro Alter do Chão - Alter , Portugal
(Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama , Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Carlos , Gaspar Pote Ansião - Medeiros (Avelar) , Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Vieira Arronches - Batista , Esperança (Esperança/ Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva , Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro Piçarra Batalha - Ferraz , Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Oliveira Suc. Belmonte Costa , Central (Caria) Benavente - Miguens Bombarral - Hipodermia Borba - Central Cadaval - Central , Luso (Vilar Cadaval (Fev,Abr,Jun)) Caldas da Rainha - Branco Lisboa Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Central do Cartaxo Cascais Alvide (Alvide) , Macau (Parede), Primavera (Parede) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco Progresso Castelo de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana Chamusca - Joaquim
São Brás de Alportel - São Brás Sardoal Passarinho Seixal - Fonseca (Amora) Serpa - Central Sertã - Lima da Silva , Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - de Santana (Santana) Setúbal - Santiago , Higiene Silves - Edite Sines - Monteiro Telhada (Porto Covo) , Central Sintra - Garcia (Cacém) , Claro Russo (Mercês), André (Queluz) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano) , Andrade Tavira - Sousa Tomar - Ribeiro dos Santos Torres Novas - Higiene Torres Vedras Torreense Vendas Novas - Nova Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Raposo , Higiénica (Póvoa de Santa Iria), Higiene Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) , Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António Carrilho Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha Alvito - Baronia Ansião - Moniz Nogueira Montemor-o-Novo Sepúlveda Oeiras - Carnaxide (Carnaxide) Redondo - Alentejo
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | 43
CRIANÇAS FÉRIAS OCUPADAS Lisboa Artes nas Férias do Verão / Os Alquimistas das Histórias Centro Cultural de Belém, Fábrica das Artes (Praça do Império). T. 213612400 / 213612899 ou fabricadasartes@ccb.pt De 4 a 8 e de 11 a 15 de Julho. Das 10 às 17h (acolhimento a partir das 9h30 no espaço Fábrica das Artes) A Associação Partilha Narrativa e a Livraria Gatafunho contam belas histórias através das vozes de Antonella Gilardi, Rodolfo Castro, Rita Raposo e Inês Tarouca. São alquimistas, mágicos, encantadores, cantadores… contadores! Contadores de histórias vão dar vida a relatos reais, irreais e triviais, em oficinas de narração, de música, de artes plásticas e de escrita criativa. As palavras, o corpo, as formas, a música e as cores vão habitar estas oficinas. Com elas as crianças irão mergulhar no mundo das histórias. Com materiais simples e algum truque na manga, será criado O Livro dos Livros, o resultado alquímico de onde cada um vai tirar a sua história, para encantar, no último dia, os ouvidos e os olhares dos presentes. O lema destas férias é “Conta connosco!” Bonito, não? Oficinas Teatro Lisboa / Artes Performativas para Crianças e Jovens Instituto Superior de Agronomia (Tapada da Ajuda). T. 934512418 / 213261350 e geral@oficinasteatrolisboa.com De 27 de Junho a 1 de Julho, de 4 a 8 de Julho, de 11 a 15 de Julho, de 18 a 22 de Julho e de 25 a 29 de Julho. Das 9h às 18h, de segunda a sexta-feira. Para crianças e jovens dos 6 aos 16 anos. Preço: 130€/ semana A arte dramática, a imaginação, as ideias e os sentimentos vão estar na ordem do dia neste workshop, que apresenta várias etapas artísticas e actividades que encorajam o desejo natural das crianças e jovens para o desenvolvimento da sua personalidade. A apresentação do trabalho final, ou seja, a performance teatral que sintetizará os dias felizes passados no Instituto Superior de Agronomia,
acontecerá às sextas-feiras, das 17h às 18h. A entrada para as oficinas faz-se pela Calçada da Tapada, entre Monsanto e Alcântara (próximo do Largo do Calvário e ao lado da Ponte 25 de Abril). Oficinas de Férias de Verão Museu do Oriente (Av. Brasília Doca de Alcântara Norte). T. 213585200 De 4 a 8 Julho ou de 1 a 5 Agosto / de 11 a 15 Julho ou 8 a 12 Agosto / de 18 a 22 Julho ou 16 a 19 Agosto/ 25 a 29 Julho ou 22 a 26 Agosto. Das 14h às 17h (tolerância até às 17h45). Para crianças dos 7 aos 12 anos. Preço: 12€/tarde São quatro tipos de oficinas que se repetem nas datas acima indicadas. A primeira é à volta de guarda-roupa. Quimono, Sari, Hanbok ou Kebaya? No Japão, o quimono; na Índia, o sari, hanbok na Coreia e kebaya na Indonésia. O que nos dizem estes trajes sobre os seus países de origem? Quando se vestem? E quem será que os veste? Em cada dia haverá um país-mistério e os participantes vão descobri-lo através de pistas. A segunda chama-se Viagem de Sabores: do caril ao sushi, passando pelo kimchi. Caril na Índia, peixe cru no Japão, couve picante na Coreia e porco doce na China são algumas das iguarias que, numa viagem ao Oriente, se podem descobrir. Em cada país, um sabor. Nesta oficina, está previsto construir um livro de receitas e mapas numa lógica de diário gráfico, ao sabor das “viagens” feitas a cada país. A terceira oficina tem o imaginativo título É Uma Casa Japonesa com Certeza! Durante algumas tardes, as crianças irão reflectir sobre as casas de cá e do lado do sol nascente (nem sempre uma casa se faz de pedra ou tijolo…). Das ideias à prática, os participantes irão construir uma casa japonesa com diferentes materiais. Por último, Ideias Geniais: Inventores e Invenções, em que se vai dar consciência de que muitas das coisas a que recorremos diariamente tiveram origem no Oriente. O primeiro carro da História surgiu na China e foi criado por um missionário jesuíta para o imperador. Há quem diga que os gelados deliciosos que comemos sobretudo no Verão terão surgido também naquele nesse país. Nestas oficinas, as crianças vão ser criadoras de grandes invenções da humanidade, interpretando a sua história.
Livros Porto Uma “viagem ao espaço” nas férias de Verão Teatro Carlos Alberto (Rua das Oliveiras, 43). T. 223401900 De 8 a 15 de Julho. Para crianças dos 6 e os 13 anos. De quarta a sexta-feira, entre as 9h e as 18h. Sábado, entre as 10h e as 13h. Preço: 14€/dia Orientada por Carla Veloso e Igor Gandra, esta oficina de Verão no teatro conta o seguinte: “Era uma vez uma menina-marioneta que, movida pela curiosidade, decide partir numa viagem espacial inesquecível. O seu nome é Carla Cosmonauta e, acompanhada por dois actores e uma pianista, vai descobrir o espaço da cidade, o espaço da natureza, o espaço das emoções e, é claro, o grande espaço desconhecido – o Cosmos.” Uma Aventura no Espaço, que estará em cena de 8 e 15 de Julho no Teatro Carlos é assim o mote desta oficina, que propõe uma iniciação ao trabalho de manipulação de marionetas e objectos cénicos. No último dia, 15 de Julho, os pais são convidados a acompanhar as crianças na aventura pelo teatro de marionetas. Olhar para Criar e Se Eu Fosse… Gambiarra Livraria (Rua de Gondarém, 782). T. 93459386 e gambiarra.livraria@gmail. com De 18 a 22 de Julho e de 25 a 29 de Julho. Das 10h às 13h. Dos 5 aos 10 anos. 70€ Experimentação e aproximação ao conhecimento das artes plásticas e das suas técnicas são os objectivos das oficinas de expressão plástica que ocuparão com arte as manhãs de férias das crianças, sempre orientadas por Catarina Claro, durante o mês de Julho. Hoje, das 15h às 16h30, é a 5.ª edição de Pequenos Grandes Artistas, onde mestres da História de Arte, como Joan Miró, Picasso, Matisse, em diferentes épocas e com diferentes formas de expressão, servem de referência para as obras dos pequenos (grandes) artistas. Inscrição: 15€.
Serpa Ateliers de Tempos Livres de Verão Câmara Municipal de Serpa (Praça da República). T. 284540100
Os Alquimistas das Histórias vão estar no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a animar o mês de Julho
Vamos Jogar? Texto e ilustração Hervé Tullet Tradução Maria Graça Pinhão Edição Editorial Presença 34 págs., 10,90 euros Não, não estamos a falar de bola (de futebol), mas de um jogo interactivo que convida a criança a mover uma bolinha amarela, mas apenas a duas dimensões. Assim que se abre o livro, ele conversa connosco. “Olá, até que enfim! Já estava a ficar aborrecido... Vamos jogar?” É difícil negar o convite, pelo que o desafio começa de imediato. Assim, se seguir as instruções descritas, a bolinha amarela irá seguir o percurso que lhe destinamos. Ora “no canto em cima à direita”, ora “no centro da página”, ora ainda às voltas como um carrossel. Até vai ser possível jogar às escondidas e subir umas escadas às escuras. Um livro divertido e imaginativo que permite exercitar e desenvolver capacidades motoras. Hervé Tullet é muito hábil na construção de actividades que interpelam o leitor e o convidam a participar nos desafios propostos. O autor nasceu em 1958 na Normandia e foi director de arte durante dez anos. Depois, decidiu lançar o seu primeiro livro infanto-juvenil. Fez bem. Já venceu muito prémios, sem nunca deixar de ser original na abordagem que faz da arte e da edição. Percebe-se que tem uma memória muita vívida da infância ou talvez continue a ter muitas crianças por perto. Outra das obras editadas em Portugal que obteve merecido sucesso foi o Livro das Cores. Mas há mais. É preciso não desistir de procurar, ler e brincar. Rita Pimenta
Até 31 de Agosto (crianças dos 6 aos 12 anos) e de 4 de Julho a 31 de Agosto (crianças em idade pré-escolar). Das 8h45 às 12h30 e das 13h45 às 17h45, de segunda a sexta-feira. Actividades gratuitas. Almoço 0,70€. Alunos com escalão A estão isentos e com escalão B pagam 0,85€). Actividades lúdicas, desportivas e culturais para as crianças do concelho. Todas terão direito a um kit constituído por uma mochila, uma camisola, um boné e um cantil. As inscrições já estão a decorrer no sector de atendimento ao público da câmara (para os residentes em Serpa) e nas freguesias junto dos funcionários do préescolar.
Tavira Férias de Verão Centro Ciência Viva de Tavira (Convento do Carmo). T. 281326231 / 924 452 528 e geral@ cvtavira.pt Das 14h30 às 17h. Para crianças dos 6 e os 12 anos. Preços: 1 dia: €7/criança; 3 dias: 18€/criança; 4 dias: €20/criança. As crianças que estiverem no Algarve podem desfrutar, durante várias tardes, de um programa com ciência e muita diversão. Assim prometem os responsáveis do Centro Ciência Viva de Tavira.
TEATRO Amadora Teatro Infantil na Biblioteca da Amadora Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos (Av. Conde Castro Guimarães, n.º 6 – Venteira). T. 214369054 e bibliotecas@ cm-amadora.pt. Hoje, às 15h30 e às 21h. Gratuito e para toda a família Sophia e a Joaninha (à tarde) e A História do Rei Lambão (à noite) serão dois espectáculos apresentados na biblioteca. O primeiro, musical, é dinamizado pelo Teatro Infantil Didáctico Muzumbos. O segundo, do autor José Vaz, será interpretado por crianças entre os 8 e os 14 anos, participantes no Curso Acordar para o Teatro, realizado na biblioteca desde Janeiro e que agora termina. Sophia e a Joaninha é baseado no livro com o mesmo nome, da autoria de Maria de Mesquita. Em parceria com a escritora, a história do livro foi adaptada para a linguagem do teatro e das canções, criando uma peça estimulante e didáctica.
Lisboa Abarca Teatro da Luz (Largo da Luz). T. 217120600 Hoje, às 19h. Bilhete de entrada no castelo. Grátis para residentes no concelho de Lisboa Com base no clássico Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, Jorge Gomes Ribeiro encena para a Companhia da Esquina um espectáculo de teatro físico, numa ampliação dos elementos simbólicos do espectáculo, uma farsa grotesca com possibilidades de diálogo entre a gestualidade, a máscara e a performance. Abarca somos nós... que vamos. Ou que também... por vezes... ficamos parados!
lazer@publico.pt
44 | PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016
JOGOS
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CRUZADAS 9566
TEMPO PARA HOJE
Horizontais 1. Pouco dinheiro (fig.). Cada uma das varas a que se atrela o cavalo, nos veículos. 2. Produziu som. Grupo musical organizado principalmente por estudantes. 3. Cair neve. Limpar com areia, cinza, etc. 4. Rio afluente da margem direita do Rio Douro. Tubo de metal em que se coloca a palheta de alguns instrumentos musicais. 5. Relativo a Erasmo, humanista holandês (1466/91536). 6. Grande saco. Organização Internacional do Trabalho. 7. Gravidade inerente aos corpos. A totalidade (pl.). 8. Pequeno orifício da derme. Décima sexta letra do alfabeto grego. Ligação (fig.). 9. Atmosfera. Indecente. 10. Discursar. Concordância dos sons finais de dois ou mais versos. 11. Prejudicar. Residir.
Verticais 1. Narrativas curtas. Terra alagadiça. 2. A minha pessoa. Aplicar. 3. Desvanecer, desmaiar. Eles. 4. Corda de reboque. Tudo o que nivela. 5. Grande artéria. Grande massa de água salgada. 6. Costume. Preposição designativa de substituição. 7. Aceitar. 8. Propenso. Argola. 9. Rua pequena. Dissolver em líquido. 10. Nome feminino. Neologismo (abrev.). Símbolo de miliampere. 11. Que tem grande extensão no sentido oposto ao do comprimento. Adicionar.
Solução do problema anterior: Horizontais 1. Areado. Lar. 2. Olaria. Iate. 3. GATO. NASCEM. 4. Estar. Rua. 5. Vai. Edace. 6. Adorno. DE. 7. ET. Cuia. 8. TRABALHOS. 9. Sam. Iroso. 10. Costela. Ler. 11. ASAE. Arfar. Verticais 1. Ogiva. Toca. 2. Ala. Adir. OS. 3. Rateio. Assa. 4. Eros. Rebate. 5. Ai. Tentame. 6. DANADO. LA. 7. Ara. Chiar. 8. Is. Cruor. 9. Lacre. Isola. 10. Ateu. Da. Ser. 11. Remate. Por. Provérbio: De gato danado nascem os trabalhos.
Depois do problema resolvido encontre o título de uma obra de Clarice Lispector (3 palavras).
Bragança
Viana do Castelo 13º 26º Braga
13º 29º
14º 30º
Vila Real 15º 30º
Porto
16º
14º 26º Viseu 2-3m
16º
Guarda
13º 29º
Aveiro
13º 28º Penhas Douradas 12º 24º
24º Coimbra 13º 28º
Castelo Branco
Leiria
17º 34º
14º 25º Santarém
Portalegre
14º 29º
16º 31º
Lisboa
BRIDGE
SUDOKU
Dador: Norte Vul: NS NORTE ♠ Q7 ♥ 73 ♦ AK642 ♣ K743 OESTE ♠ A865 ♥ 654 ♦ Q98 ♣ Q105
ESTE ♠ J10432 ♥ J8 ♦ J1073 ♣ 86 SUL ♠ K9 ♥ AKQ1092 ♦5 ♣ AJ92
Oeste
16º 25º
Norte 1♦ passo 1ST passo 2♦ passo 4♥ passo 5♦ Todos passam
Este passo passo passo passo passo
Sul 1♥ 2♣ 3♥ 4ST 6♥
Leilão: Equipas ou partida livre. Carteio: Saída: 4♥. Aparece o Valete de copas em Este. Qual a melhor linha de jogo? Solução: Claro que se a passagem a paus resultar o cheleme será extremamente simples. Alternativamente, seria ótimo se fosse possível apurar o quinto ouro do morto após dois cortes, a passagem a paus já não seria necessária. Porém, não existem entradas suficientes no morto para tal…Ou, talvez haja! Sim, tem aqui a sua oportunidade para chantagear a defesa (técnica conhecida por Morton´s Fork), oferecendo-lhe duas opções perdentes. Depois de destrunfar, vá ao morto no Ás de ouros e corte um ouro na mão. Agora jogue simplesmente o Rei de espadas e a defesa ficará sem resposta:
Problema 6906 Dificuldade: Fácil
- Se a defesa tomar o Rei de espadas com o Ás, passará a ter a entrada que lhe faltava para ir ao morto e cortar outro ouro na mão. O Rei de paus será a entrada para aceder ao Rei de ouros e ao ouro apurado onde se verá livre das duas perdentes a paus; - Se a defesa deixar fazer o Rei de espadas, então poderá ir ao morto no Rei de paus para apresentar o Rei de ouros e baldar o 9 de espadas da sua mão, cede apenas uma vaza a paus. Nesta variante a defesa nunca fará uma vaza a espadas. O mais importante deste jogo é o timing correto! É necessário encaixar apenas uma das figuras de ouros e cortar um ouro antes de apresentar o Rei de espadas. Considere o seguinte leilão: Oeste Norte Este 3♥ passo
Setúbal Évora
15º 27º
12º 33º
18º
Beja
Sines 15º
14º 33º
23º
2-3m Sagres
Faro
16º 22º
18º 30º
Solução do problema 6904
20º 0,5-1m
Açores Corvo Flores
Graciosa
19º
17º 20º
Sul ?
19º
Problema 6907 Dificuldade: Difícil
Resposta: Acha possível um cheleme tendo uma barragem em frente? Se o parceiro tiver sete cartas de copas encabeçadas pelo Ás, haverá boas chances de vir a realizar sete vazas a copas, três vazas a ouros e o Ás de espadas. Uma vaza suplementar poderá surgir através de um corte a paus ou do 10 de ouros, mesmo que o parceiro não mais nada para além das copas. Avance para 4ST para ver se o parceiro tem um Ás. Mesmo que venha a acontecer que esse Ás seja o de paus, as hipóteses de haver cheleme são grandes.
1-2m
S. Jorge Faial
17º
O que marca em Sul, com a seguinte mão? ♠AJ862 ♥K73 ♦AKQ10 ♣9
19º
Terceira
22º
Pico
18º
1-2m
22º
S. Miguel
17º 21º
1-2m
Ponta Delgada Sta Maria
Madeira Porto Santo
19º 22º
Sol
21º
Nascente 06h13 Poente 21h05
1,5-2m
Lua Q. Minguante Funchal
Solução do problema 6905
º 0,5-1m 23
27 Jun. 19h19
19º 23º
Marés Leixões
© Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
Cascais
Faro
Preia-mar 07h01 19h21
3,1 06h36
3,1 06h41
3,2 18h56
3,3 19h02
3,2
Baixa-mar 13h01
0,9 12h34
1,1 12h25
0,9
0,8 01h11*
1,0 01h00*
0,9
01h36*
João Fanha/Pedro Morbey (bridgepublico@gmail.com)
AMANHÃ
Fonte: www.AccuWeather.com
3,0
*de amanhã
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | DESPORTO | 45
Portugal procura recuperar estatuto frente a uma Croácia moralizada O triunfo frente à bicampeã europeia Espanha reforçou a confiança da selecção balcânica. Fernando Santos vai mexer no “onze” e tem fé no apuramento português GONZALO FUENTES/REUTERS
Futebol Paulo Curado, em Lens Se Portugal partiu para a primeira fase do Euro 2016 com expectativas elevadas, a Croácia chegou a França com um moderado optimismo. Mas uma coisa é certa, nenhuma das duas selecções esperaria encontrar-se nos oitavos-de-final da prova. Um cenário que só foi possível porque o conjunto balcânico se superou no seu agrupamento, ao contrário do desempenho frustrante da equipa nacional. Agora, depois de vencer a bicampeã Espanha, o adversário dos portugueses vai entrar de peito feito no Estádio Bollaert-Delelis, em Lens. Depois das exibições dos croatas nos três primeiros jogos deste Europeu é difícil entender a 27.ª posição que ocupam no ranking da FIFA, a par da Polónia (os portugueses são oitavos). Mas o facto demonstra que as estatísticas têm de ser relativizadas, assim como o histórico entre os dois adversários desta noite. Em três encontros, um oficial e dois amigáveis, Portugal ganhou sempre, marcou seis vezes e nunca sofreu golos. Na única partida a valer, disputada há 20 anos, na fase de grupos do Euro 1996, a equipa nacional venceu por 3-0, com golos de Luís Figo, João Pinto e Domingos Paciência. Uma partida que surgiu num período de grande brilho das duas selecções, que apresentavam um leque de grandes futebolistas que, em ambos os casos, apelidaram de “geração de ouro”. Um pouco como agora. Na altura, brilhavam na Croácia jogadores como Suker (actual presidente da federação do seu país), Boban, Prosinecki ou Jarni. Hoje, o talento que desfila na equipa balcânica não fica atrás: Modric, Rakitic, Mandzukic, Perisic, Pjaca ou Srna. Muitos destes jogadores são bem conhecidos de Fernando Santos, que defrontou os croatas quando liderava a Grécia, na qualificação para o Euro 2012. Empatou a zero bolas em Zagreg e venceu em casa, por 2-0. O seleccionador nacional lembrou isto mesmo, esta sexta-feira, em Lens, na antecipação dos oitavos-de-final. Uma conferência de imprensa que começou com quase duas horas de atraso, depois da selecção ter optado por viajar para o norte de França de autocarro. O intenso trânsito
A selecção portuguesa no seu último treino antes da partida frente à Croácia Estádio Bollaert-Delelis Lens
20h SP-TV 1
Croácia 4-2-3-1 Subasic Vida
Corluka
Strinic Badelj
Brozovic Srna Rakitic Modric
Perisic
Mandzukic Cristiano
Nani
João Mário João William Moutinho Carvalho R.Guerreiro Vieirinha Ricardo Pepe Carvalho Rui Patrício Adrien
Portugal 4-4-2 Árbitro: Carlos V. Carballo Espanha
provocou que a deslocação durasse praticamente quatro horas. Uma contrariedade que, somada ao facto de Portugal ter menos 21 horas de descanso em relação aos croatas, poderá ter algum tipo de influência na partida de hoje. Fernando Santos admitiu não saber em que condições físicas se vão apresentar alguns dos jogadores mais utilizados na fase de grupos, cinco dos quais são totalistas, tendo alinhado os 270 minutos. São os casos de Rui Patrício (menos preocupante face à sua posição em campo), Vieirinha, Pepe, Ricardo Carvalho e Cristiano Ronaldo. Uma situação que poderá implicar mexidas na equipa titular, nomeadamente no centro da defesa, onde José Fonte é candidato a ocupar o lugar do veterano jogador do Mónaco, que já acusou algum desgaste na última partida frente à Hungria, em Lyon, embora seja provável que inicie o jogo.
Mas as alterações no “onze” deverão ser mais alargadas. Raphaël Guerreiro está totalmente recuperado dos problemas físicos e voltará, provavelmente, ao lado canhoto da defesa, que cedeu a Eliseu na última ronda da fase de grupos. No meio-campo, William Carvalho e João Moutinho devem manter a confiança do seleccionador nacional, assim como João Mário no lado direito. Mais incerto é quem ocupará a posição contrária. André Gomes tem
Hoje, o talento que desfila na equipa balcânica não fica atrás [do de 1996]: Modric, Rakitic, Mandzukic, Perisic, Pjaca ou Srna
sido o escolhido, mas a exibição apagada frente à Hungria poderá implicar outra solução, que passará por Adrien, Renato Sanches ou até João Mário, caso Quaresma alinhe de início no lado direito. Já no ataque não haverá novidades, com a dupla Nani e Cristiano Ronaldo a serem as principais setas apontadas a baliza de Danijel Subasic. Frente a uma selecção croata que gosta de ter a bola e assumir o jogo, tal como Portugal, prevê-se uma partida bem diferente das primeiras três que a selecção disputou neste Euro. Ao contrário dos adversários da primeira fase, que se apresentaram muito fechados nas suas defesas e na expectativa do contra-golpe, a equipa balcânica promete um encontro bem mais dividido e aberto. A segunda “final” da selecção nacional em França segue dentro de momentos e irá decidir o próximo destino: Marselha ou Lisboa.
46 | DESPORTO | PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016
Em nome do pai GEORGES GOBET/AFP
Paulo Curado, em Lens A história do clã Srna é uma espécie de tragédia shakespeariana, mas o jogador transformou-a numa fonte de inspiração Uzeir tinha quatro anos quando a II Guerra Mundial terminou. O conflito devastador deixou-o órfão e indefeso na sua Bósnia natal. A mãe e a irmã foram queimadas vivas por paramilitares sérvios; o pai foi mortalmente baleado pouco tempo depois. Foi adoptado e, mais tarde, fixou-se na Croácia, onde casou e constituiu família. Morreu a 12 de Junho, no mesmo dia em que o filho ajudava a selecção croata a vencer a Turquia, na partida de estreia do Euro. Darijo Srna foi ao enterro do pai, que idolatrava, mas regressou para defrontar a República Checa e chorou enquanto escutava o hino do seu país, no estádio de Saint-Étienne. A história dos Srna parece retirada de uma tragédia de William Shakespeare, fundida com alguns parágrafos de Charles Dickens. Foi sempre uma fonte de inspiração para Darijo ultrapassar as dificuldades e triunfar. Emotivo, com um enorme coração, o capitão da Croácia é também um lutador, com um carácter inquebrável e um líder dentro e fora dos relvados. Aos 34 anos, continua a ser uma fonte de inspiração para a selecção balcânica e um herói no seu país. A epopeia desta família é uma espécie de paradigma das tragédias que flagelaram as repúblicas da ex-Jugoslávia ao longo do século XX. Nascido em 1941, no leste da Bósnia-Herzegovina, Uzeir Srna, ainda era recém-nascido quando a sua aldeia, Gornji Stopici, foi atacada por forças nacionalistas sérvias (os chetniks). Conseguiu fugir com o pai e o irmão mais velho, mas a mãe, grávida, e a irmã não tiveram a mesma sorte. Foram barbaramente assassinadas quando os agressores incediaram a casa onde viviam.
Separação e reencontro No meio do caos instalado, Uzeir foi parar a Sarajevo, onde acabou separado da família que lhe restava. Pouco depois, o pai foi morto por uma bala perdida e, ao mesmo tempo,
Srna é um símbolo e fonte de inspiração para os mais jovens que chegam à selecção croata
Srna é também um filantropo. Recentemente doou 100 computadores perdeu o rasto do irmão, Safet. No final do conflito foi parar a um lar para órfãos de guerra no norte da Eslovénia, onde seria adoptado pela família de um chefe da polícia local. Safet nunca desistiu de encontrar o irmão mais novo. Com o fim da guerra integrou o exército da nova República Popular Federal da Jugoslávia, sob as ordens de um superior esloveno, a quem contou a sua história. Por uma incrível coincidência, o comandante do pelotão conhecia uma família que tinha perfilhado uma criança, com a mesma idade que teria Uzeir, a quem rebaptizaram de Mirko Kelenc. Foi uma pincelada de sorte no meio de tanta desgraça. Safet procurou a ajuda da Cruz Vermelha e acabou por reencontrar o irmão. Ambos regressaram à Bósnia, onde Uzeir passou a frequentar a escola e, mais tarde, tornou-se padeiro.
Anos depois, explicaria que escolheu esta profissão por ter passado fome durante toda a sua vida. Com o primeiro salário, Uzeir partiu para Sarajevo, onde começou a jogar futebol, como guarda-redes, num pequeno clube local. Chamou a atenção e foi contratado pelo Celik, onde foi quase sempre suplente, até um golpe de sorte alterar outra vez a sua vida. Durante uma partida amigável com o Neretva, um clube de Metkovic, no sudeste da Croácia, o guarda-redes da equipa adversária lesionou-se e Uzeir foi “emprestado” para o substituir até ao final do encontro. Acabou por convencer e já não regressou à Bósnia, instalando-se definitivamente nesta cidade, onde iria nascer Darijo Srna, em 1982. Numa família em que o dinheiro não abundava, o futuro internacional croata teve de contribuir cedo para a economia doméstica, vendendo vegetais no mercado local. Com o dinheiro que foi poupando comprou o seu primeiro par de chuteiras, mas Uzeir reagiu mal, por achar que Dajiro estava a desprezar os estudos. “Ele ficou com raiva e foi devolver as chuteiras à loja, mas depois voltou com as melhores botas da Adidas
que eles tinham”, recordou mais tarde o jogador. O investimento acabou por ser recompensado, com Dajiro a ser recrutado pelo Hadjuk Split, com apenas 13 anos. Entretanto, a guerra que desmembrou a Jugoslávia trouxe novas dificuldades aos Srna, com o clube a marginalizar a jovem promessa face às suas origens bósnio-muçulmanas. A sua determinação e talento acabariam por se impor ao preconceito e Srna tornou-se num dos mais cotados futebolistas do país. Em 2013, com 21 anos, aceitou o convite dos ucranianos do Shakhtar Donetsk, naquela que foi a primeira grande contratação de um clube que pretendia ascender à elite europeia. Em 13 temporadas na Ucrânia conquistou uma Liga Europa, oito campeonatos, cinco taças e sete supertaças. Afirmou-se também como um dos melhores laterais direitos europeus, embora tenha começado a carreira como médio-ala.
Novo país outra guerra Mas nem aqui a guerra deixou de perseguir o clã Srna. Com o início do conflito civil no leste ucraniano, em 2014, o Shakhtar foi obrigado a dei-
xar as suas instalações em Donetsk, mas Dajiro nunca equacionou abandonar o clube e o país, ao contrário de muitos dos seus colegas. A lealdade tornou-o num símbolo e fonte de inspiração para os mais jovens que chegam à equipa. O mesmo se passa na selecção, onde se estreou em 2002 e é recordista de internacionalizações, somando neste sábado a sua 133.ª, frente a Portugal. Com a idade perdeu alguma velocidade, mas não a eficácia. Continuam a sair do seu pé direito cruzamentos preciosos, que inúmeras vezes são transformados em golos, como o que marcou Modric frente à Turquia, na estreia da equipa no Euro 2016. Apelidado de “Beckham dos Balcãs” é igualmente letal nos lances de bola parada. Soma 22 golos ao serviço da Croácia. A determinação e dedicação à camisola é a sua imagem de marca. É um lutador, nunca desiste de um lance e parece imparável. A um ponto que levou Slaven Bilic, ex-seleccionador croata, a defini-lo como “Robocop”, antes de lhe atribuir a braçadeira de capitão, em 2010. Com uma tatuagem no coração com o nome do irmão, Igor, que sofre do síndrome de Down, e a quem dedica todos os golos que marca, Srna é também um filantropo. Recentemente doou 100 computadores e 20 toneladas de laranjas para as crianças de Donetsk afectadas pela guerra, mas muito do que faz não é do domínio público. A morte de Uzeir Srna (que sofria de cancro) apanhou-o de surpresa no final da partida com a Turquia. Não escondeu o desgosto, mas, depois do enterro, regressou para enfrentar a República Checa. “Quando estive no funeral do meu pai, em Metkovic, as pessoas disseram-me que o seu último desejo era que voltasse para jogar pela Croácia, naquele que será o meu último grande torneio [irá despedir-se no final do Euro]”, justificou: “Sem a sua dedicação e apoio eu não estaria aqui.” A perda de Dajiro Srna comoveu todos os seus colegas e reforçou a união da equipa. O capitão anseia agora por um inédito título europeu da Croácia para dedicar ao pai. Parecia um sonho improvável no arranque do torneio, mas os sonhos de Srna tendem a tornar-se realidade.
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | DESPORTO | 47
50
Número de remates feitos pela Croácia no torneio. É a quinta selecção mais rematadora da prova, num ranking liderado por Portugal, com 69
Fale com o nosso chatbot no Messenger. Uma forma diferente de acompanhar o Euro 2016 http://m.me/Publico
Raios-X da Croácia: fantasia e solidariedade
P
ela melhor das razões, o momento da escolha dos 23 convocados para o Euro 2016 deve ter provocado uma enxaqueca daquelas a Ante Cacic. Matéria-prima, e de qualidade refinada, não faltava ao seleccionador da Croácia e o facto de o poderoso Dejan Lovren e de o criativo Alen Halilovic terem ficado de fora está aí para o provar. Muito contestado pela modéstia de um currículo construído à custa de clubes sem grande expressão, o técnico de 62 anos começou por assustar graças à irregularidade das suas opções (no plano táctico, variava entre o 4-4-2 clássico e o 3-5-2), mas o apuramento sem sobressaltos para a fase final e a excelente fase de grupos que cumpriu conferem-lhe alguma margem de manobra. Com a equipa entretanto estabilizada num 4-2-3-1, este antigo dono de uma loja de reparação de electrodomésticos em Zagreb resolveu (em parte) o problema dos equilíbrios defensivos com a aposta continuada em Badelj, num duplo pivot comandado por Modric, e deu plena expressão ao génio de Rakitic atirando-o para as imediações do ponta-de-lança. Por força dos artífices de que dispõe, a Croácia é hoje uma selecção que gosta de comandar com bola, mas que, ao mesmo tempo, tem a arte de saber jogar — e bem — sem ela.
Defesa Influência de Srna e Corluka
A
linha de quatro de que Danijel Subasic, um especialista na defesa de grandes penalidades, dispõe à sua frente é relativamente fiável. Nas laterais, a Croácia tem no inesgotável Srna um jogador que faz todo o corredor direito com qualidade e que se distingue (para além de bater cantos e livres directos) no capítulo do cruzamento. Do lado oposto, o único lateral esquerdo de raiz na convocatória, Strinic, é mais retraído e preocupa-se
essencialmente em compensar as arrancadas de Perisic. No eixo, o experiente Corluka é o mais evoluído dos centrais e importante no controlo do espaço aéreo defensivo, bem como nas bolas paradas ofensivas, enquanto Domagoj Vida tem na agressividade o seu principal trunfo. A alternativa, Tin Jedvaj, um jovem polivalente, tem ainda muitas lacunas no posicionamento, expostas de forma flagrante pela Espanha. Entre as fragilidades deste sector, contam-se o espaço concedido nas laterais no momento da transição defensiva e as dificuldades em travar diagonais interiores, bem como a abordagem à profundidade.
Meio-campo Modrid, o regente
É
um dos segredos menos bem guardados destes oitavos-definal. Luka Modric, a construir praticamente a partir da área croata, assume o papel de regente de uma orquestra que produz notas invulgarmente afinadas no processo ofensivo. É ele que decide quando acelerar ou travar, quando soltar ou progredir em posse, libertando os centrais da tarefa de iniciarem a primeira fase de construção. As suas acções de condução são vigiadas, nas costas, por Milan Badelj, um elemento-chave na ideia de jogo de Cacic que joga curto e simples nas saídas e se revela um operário incansável nos equilíbrios defensivos, também graças à habilidade para o desarme. No momento da organização ofensiva, a competência desta dupla é amplificada pelo binómio jogo interior/exterior que os extremos
asseguram, quase sempre com qualidade. Com Rakitic a pisar terrenos mais adiantados — e decisivo na primeira fase de pressão —, Modric tem no médio do Barcelona um parceiro privilegiado quando tenta verticalizar mais o jogo. No banco, figuram ainda duas opções válidas: o promissor Marko Rog, um médio-centro puro, e o virtuoso Mateo Kovacic.
Ataque Perisic, o croata voador
D
os quatro elementos que normalmente compõem a frente de ataque, o credenciado Mario Mandzukic tem sido o mais discreto e a exibição demolidora de Nikola Kalinic frente à Espanha poderá provocar alterações. Mais móvel — recua muitas vezes até ao meiocampo e abre mais espaços para as investidas de Rakitic —, o avançado da Fiorentina combina arte com poder de fogo, ainda que fique a perder para o goleador da Juventus no jogo aéreo. É a influência dos extremos, porém, que permite à Croácia variar com frequência o assalto à muralha adversária. Ivan Perisic tem sido uma das estrelas mais cintilantes deste Europeu, combinando diagonais perigosas em posse e movimentos verticais a uma velocidade alucinante. Excelente no momento da decisão (cruzamento ou remate) é de longe o maior criador de desequilíbrios no último terço, podendo actuar nos dois corredores laterais. Do lado oposto, estará o seu colega no Inter Milão, Marcelo Brozovic — uma das faces mais visíveis da solidariedade de processos da equipa, sempre atento às compensações —, ou o indomável Marko Pjaca, mais forte no drible, rápido nas diagonais e destemido no um para um. Um leque de talentos suportado pela leitura inteligente de Rakitic, decisivo no último passe e subtil na arte da finalização. Nuno Sousa
Ante Cacic: “Portugal tem grandes individualidades” Nuno Sousa Por estes dias, Ante Cacic é um seleccionador orgulhoso do trabalho que a Croácia tem desenvolvido no Euro 2016, mas não propriamente eufórico. Ciente de que os adeptos elevaram o nível de expectativas quanto ao objectivo final, o treinador que substituiu Niko Kovac no comando da selecção mantém um discurso cauteloso e deixa elogios a Portugal, o obstáculo que o separa dos quartos-de-final da prova. Quem tem mais condições para sair por cima do embate desta noite, em Lens? “Não há uma resposta evidente. Quando olhamos para a selecção de Portugal e para os seus jogadores, verificamos que o terceiro lugar não é condizente com o seu valor. Portugal tem grandes individualidades, mas nós temos estado bem e a Croácia tem grandes ambições neste Campeonato da Europa”, resumiu Cacic. Para o treinador de 62 anos, o rendimento da sua equipa não é surpreendente, ainda que esteja mergulhado numa competição que já produziu vários resultados inesperados. “Não se pode dizer que haja adversários fáceis neste torneios. Houve algumas surpresas, equipas que foram apuradas e que a maioria das pessoas não esperaria ver nos oitavos-de-final, mas estou focado apenas neste jogo. Espero que joguemos ao mesmo nível da fase de grupos”, elencou. Para isso, será determinante poder contar com Luka Modric, o principal motor do jogo croata, que foi poupado por causa de algumas mazelas musculares no último embate com a Espanha. Tudo indica que o influente médio do Real Madrid esteja a 100% para defrontar Portugal, mas Cacic fez o seu papel e preferiu esconder o jogo: “Só amanhã [hoje] decidirei se vai jogar a titular ou quanto tempo irá jogar”. Igual peso na selecção portuguesa terá Cristiano Ronaldo, “um de vários bons jogadores” que Fernando Santo tem ao dispor. Ante Cacic admite que há sempre arestas a limar na equipa em função do rival: “Cada jogo é diferente, a preparação tam-
bém é diferente, temos é de estar ao melhor nível para vencer. Temos de defender bem, porque Portugal tem grandes individualidades e temos de as anular. Há que impedir o adversário de desenvolver o seu jogo e limitar o impacto de Cristiano Ronaldo”. Para essa missão muito pode contribuir o médio defensivo Milan Badelj, que tem sido escolha habitual para o “onze” croata. O futebolista da Fiorentina, que antecedeu o treinador na conferência de imprensa de ontem, reforça que Portugal “tem outros jogadores que podem ser decisivos” e deixa elogios às estrelas com as quais partilha o balneário. “O Modric é um grande jogador. É muito importante para nós. O Rakitic também. São os nossos líderes”. O optimismo que reina entre a selecção que relembrou a Espanha do que é perder na fase final de um Europeu é perceptível nas palavras de Badelj — “A nossa equipa é muito forte e podemos ganhar” — e visível nas ruas e nas bancadas dos estádios franceses em que se sentam os adeptos. “Essa euforia pode ser realmente positiva para o povo croata, é bom estarmos optimistas. Temos feito bons jogos e o estado de espírito é bom. Talvez seja um pouco cedo para tanto entusiasmo, mas não é grave”, assinala Cacic, sem esboçar o mínimo sorriso.
Cacic e a euforia: “Talvez seja um pouco cedo, mas não é grave”
48 | DESPORTO | PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016
Siga o Euro 2016 no site que o PÚBLICO criou para acompanhar a competição publico.pt/euro-2016
CALENDÁRIO, RESULTADOS E CLASSIFICAÇÕES
O primeiro “Brexit” do Euro 2016
Gunther
Davies
A. Williams
Ledley
Allen
Taylor
Ramsey Vokes
Bale Washington Ward
Dallas Norwood J. Evans
Davis C. Evans
Cathcart
McAuley
Hughes
McGovern
Irlanda do Norte 4-5-1 Árbitro: Martin Atkinson
Inglaterra
mais qualificarem-se para os jogos a eliminar. Apesar de ser uma das rivalidades mais antigas do futebol internacional (o primeiro jogo entre ambas disputou-se em 1882), nunca se encontraram numa fase final de uma grande competição, e, nos 98 jogos disputados, foram 44 vitórias para o País de Gales, 29 para a Irlanda do Norte e 22 empates. Foi este o resultado que aconteceu da última vez que se defrontaram na preparação para este Euro, um 1-1 em Cardiff.
Qua, 22
Bélgica - 3 R. Irlanda - 0 Bordéus Roménia - 0 Albânia - 1 Lyon Rússia - 0 P. Gales - 3 Toulouse Ucrânia - 0 Polónia - 1 Marselha Islândia - 2 Áustria - 1 Paris: Saint-Denis
Grupo B Grupo C Grupo E Grupo D
Lyon R. Checa - 2 Croácia - 2
Grupo A
Paris: P. Príncipes Ucrânia - 0 Irlanda Norte - 2
Grupo C
Saint-Étienne Roménia - 1 Suíça - 1
Saint-Étienne Islândia - 1 Hungria - 1
Grupo F
Grupo B Grupo C Grupo E
Grupo A Grupo D Grupo D Grupo F
Grupo F Grupo A Grupo C Grupo D
Toulouse
Paris: Saint-Denis Portugal - 1 Islândia - 1
Marselha
Marselha Alemanha - 2 Ucrânia - 0 Lille Bélgica - 0 Itália - 2 Lyon
França - 2 Albânia - 0 Marselha Alemanha - 0 Polónia - 0 Paris: Saint-Denis Espanha - 3 Turquia - 0 Nice Portugal - 0 Áustria - 0 Paris: P. Príncipes
Suíça - 0 França - 0 Lille Eslováquia - 0 Inglaterra - 0 Saint-Étienne Irlanda Norte - 0 Alemanha - 1 Paris: P. Príncipes Hungria - 3 Portugal - 3 Lyon
R. Checa - 0 Turquia - 2
Grupo C
Chester
Ter, 21
Lens Itália- 1 Suécia - 0
Nice R. da Irlanda - 1 Suécia - 1
Inglaterra - 1 Rússia - 1
Lens Itália - 0 R. Irlanda - 0
Grupo E
Hennessey
Seg, 20
Lille Inglaterra - 2 P. Gales - 1
Bordéus Polónia - 1 Irlanda Norte - 0
Grupo D
País de Gales 3-5-2
Dom, 19
Bordéus Rússia - 1 Eslováquia - 2
P. Gales - 2 Eslováquia - 1
Grupo E
17h RTP1
Parque dos Príncipes Paris
Para além do “Brexit”, as atenções estão focadas em Gareth Bale e a presença do homem do Real Madrid é o suficiente para colocar o País de Gales como favorito face a uma Irlanda do Norte sem “estrelas” e feita à base de muitos jogadores das divisões secundárias do futebol inglês. Os galeses chegaram mesmo a ganhar o seu grupo, com duas vitórias (Eslováquia e Rússia) e uma derrota (Inglaterra), enquanto os norte-irlandeses passaram como um dos melhores terceiros, com uma vitória sobre a Ucrânia e derrotas pela margem mínima com Alemanha e Polónia, em que a solidariedade defensiva e as exibições espectaculares do guarda-redes Michael McGovern foram factores decisivos. Nenhum dos lados nega que este será um encontro com grande carga emocional. O seleccionador galês não quer que se repita o que aconteceu no jogo com a Inglaterra, em que Gales deixou fugir um jogo que começou a ganhar, e pede cabeça fria aos seus jogadores. “Se formos demasiado emotivos, o plano de jogo vai pela janela”, diz Coleman. O’Neill, por seu lado, pede exactamente o contrário: “Quero que os meus jogadores joguem com carradas de emoção. Quero que eles mostrem em campo o significado deste jogo. Não lhes vou pedir que joguem sem emoção porque não espero que algum deles consiga fazer isso.”
Toulouse Áustria - 0 Hungria - 2
Grupo F
O País de Gales é favorito frente à Irlanda do Norte
Paris: P. Príncipes Espanha - 1 R. Checa - 0
Grupo A
Sáb, 18
Lens Turquia - 0 Croácia - 1
Grupo B
Sex, 17
Paris: Saint-Denis Albânia - 0 Suíça - 1
Grupo C
Qui, 16
França - 2 Roménia - 1
Grupo F
Qua, 15
Grupo B
Ter, 14
Grupo B
Seg, 13
Grupo E
Dom, 12
Grupo E
“Desculpa lá Escócia, mas vais ter de continuar a regar as plantas e a passear o cão por mais alguns dias”, escrevia o jornal The Guardian no dia em que ficou fechado o apuramento de todas as selecções das ilhas britânicas presentes no Euro 2016 para os oitavos-de-final. Hoje, em Paris, uma delas vai ficar pelo caminho e vai fazer companhia à Escócia, que ficou “em casa” a ver o torneio pela televisão. Entre os estreantes (e colegas de país) Irlanda do Norte e País de Gales (Martin Atkinson, um árbitro inglês pelo meio), o primeiro “Brexit” deste Euro está garantido. É inevitável a associação com o referendo que decidiu quinta-feira a saída do Reino Unido da União Europeia, tratando-se de duas nações que votaram em sentidos opostos — os galeses pela separação e os norte-irlandeses pela manutenção. Votos diferentes em territórios do mesmo país e que também usam hinos diferentes. A Irlanda do Norte canta o “God save the Queen”, hino do Reino Unido e de vários membros da Commonwealth, o País de Gales canta o “Hen Wlad Fy Nhadau” (“Terra dos meus pais”). Mas, para continuar neste Euro, ambos votam sim. “Falar de ficar ou sair da Europa... nós ainda cá estamos e é tudo o que me interessa. Temos visto as notícias e falamos sobre isso quando regressarmos a casa, seja quando for”, limitou-se a dizer Chris Coleman, o seleccionador galês. De Michael O’Neill, seleccionador norte-irlandês, apenas um breve lamento sobre o assunto. “Cometi um erro, não votei por correspondência”, disse O’Neill, sem revelar em que quadrado teria colocado a sua cruz, preferindo, depois, destacar que este jogo será um assunto britânico: “Queremos que isto seja como um jogo de Taça. Temos um árbitro inglês e queremos que este jogo mostre tudo o que o futebol britânico tem de bom.” Tudo o que está a acontecer neste Euro 2016 é território desconhecido para as duas selecções, que nunca antes tinham participado na fase final da competição, quanto
Grupo A
Marco Vaza
Grupo B
Sáb, 11
Grupo C
MIGUEL MEDINA/AFP
Grupo F
Sex, 10
Grupo A
PRIMEIRA FASE
Lille
Croácia - 2 Espanha - 1 Bordéus Suécia - 0 Bélgica - 0 Nice
CLASSIFICAÇÕES Grupo A França (Q) Suíça (Q) Albânia Roménia Grupo D Croácia (Q) Espanha (Q) Turquia Rep. Checa
J 3 3 3 3 J 3 3 3 3
V 2 1 1 0 V 2 2 1 0
ED 1 0 20 02 1 2 ED 1 0 0 1 02 1 2
M-S Pts 4-1 7 2-1 5 1-3 3 2-4 1 M-S Pts 5-3 7 5-2 6 2-4 3 2-5 1
Grupo B P. Gales (Q) Inglaterra (Q) Eslováquia (Q) Rússia Grupo E Itália (Q) Bélgica (Q) R. da Irlanda (Q) Suécia
OITAVOS-DE-FINAL QUARTOS-DE-FINAL 1 Suíça-Polónia Saint-Étienne Sáb, 25 14h, SP-TV1 P. Gales-Irl. Norte 2 Paris: P. Príncipes Sáb, 25 17h - RTP1 Croácia - Portugal 3 Lens Sáb, 25 20h - SP-TV1 França-Rep. Irlanda 4 Lyon Dom, 26 14h, SP-TV1 Alemanha-Eslováquia5 Lille Dom, 26 17h, SP-TV1 Hungria-Bélgica 6 Toulouse Dom, 26 20h, RTP1 Itália-Espanha 7 Paris: Saint-Denis Seg, 27 17h - SP-TV1 Inglaterra-Islândia 8 Nice Seg, 27 20h - RTP1
Venc. 1 - Venc. 3 Marselha Qui, 30 20h - RTP1 Venc. 2 - Venc. 6 Lille Sex, 1 20h - RTP1 Venc. 5 - Venc. 7 Bordéus Sáb, 2 20h - RTP1 Venc. 4 - Venc. 8 Paris: Saint-Denis Dom, 3 20h - RTP1
J 3 3 3 3 J 3 3 3 3
V 2 1 1 0 V 2 2 1 0
ED 0 1 20 1 1 1 2 ED 0 1 0 1 1 1 1 2
M-S Pts 6-3 6 3-2 5 3-3 4 2-6 1 M-S Pts 3-1 6 4-2 6 2-4 4 1-3 1
Grupo C Alemanha (Q) Polónia (Q) Irlanda Norte (Q) Ucrânia Grupo F Hungria (Q) Islândia (Q) Portugal (Q) Áustria
MEIAS-FINAIS
J 3 3 3 3 J 3 3 3 3
V 2 2 1 0 V 1 1 0 0
ED 1 0 1 0 02 03 ED 20 20 30 1 2
M-S Pts 3-0 7 2-0 7 2-2 3 0-5 0 M-S Pts 6-4 5 4-3 5 4-4 3 1-4 1
FINAL
A
B Venc. A - Venc. B Lyon Qua, 6 20h - RTP1 C Venc. C - Venc. D Marselha Qui, 7 20h - RTP1 D
I
II
Venc.I - Venc.II Paris: Saint-Denis Dom, 10 20h - RTP1
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | DESPORTO | 49 JASON CAIRNDUFF/REUTERS
A dramática memória de “Kuba” Blaszczykowski
O avançado polaco Lewandowski ainda não marcou nenhum golo neste Europeu
Suíça e Polónia nunca tinham chegado tão longe mas a história só tem lugar para um Tiago Pimentel
Estádio Geoffroy Guichard Saint-Étienne
O pontapé de arranque nos oitavosde-final do Euro 2016 é dado por duas selecções que nunca tinham chegado tão longe num Europeu. Suíça e Polónia tinham caído sempre na fase de grupos do torneio continental (três participações anteriores para os suíços, duas para os polacos), mas em França escreveram história. Esta tarde, em Saint-Étienne (14h, SP-TV1), disputam um lugar nos quartos-definal, fase em que irão defrontar o vencedor do Croácia-Portugal. “Começámos a criar algo. Demos alguns passos, atravessámos a porta que tínhamos à nossa frente e agora estamos diante de uma segunda porta. Juntamente com os meus jogadores, quero abrir todas as portas que for possível”, admitiu o seleccionador suíço, Vladimir Petkovic. “Estamos muito bem preparados — física e mentalmente — e vamos tentar implementar o nosso plano táctico para este jogo. Os jogadores estão conscientes de que têm uma grande oportunidade de obter um excelente resultado neste Europeu”, sublinhou o técnico da selecção polaca, Adam Nawalka. O historial de duelos entre Suíça e Polónia é claramente favorável aos polacos, que perderam apenas um dos dez encontros disputados entre as duas selecções — foi em 1976, num jogo particular em Basileia. Houve
Suíça 4-2-3-1
14h SP-TV1
Sommer Schär Lichsteiner G. Xhaka Shaqiri
Djourou R. Rodríguez Behrami
Dzemaili
Mehmedi
Seferovic Milik Lewandowski Blaszczykowski
Grosicki
Maczynski Krychowiak Jdrzejczyk Pazdan
Glik
Piszczek
Fabianski
Polónia 4-4-2 Árbitro: Mark Clattenburg Inglaterra
ainda cinco empates e quatro triunfos da Polónia, incluindo um duplo 2-0 quando se defrontaram no apuramento para o Euro 1980. As duas equipas falharam a qualificação para esse torneio — os suíços teriam de esperar até 1996 pela estreia em fases finais do Europeu, os polacos conseguiram-no apenas em 2008. Adam Nawalka tem motivos de preocupação mas também de orgulho. Por um lado, a Polónia foi, a par da Alemanha, uma das selecções que
ainda não sofreram golos no Euro 2016. Mas, por outro, continua à espera do primeiro golo da sua principal referência, Robert Lewandowski: “Não temos problemas pelo facto de o Lewandowski ainda não ter marcado. Ele tem feito um excelente trabalho. Adaptou-se muito bem às novas funções na equipa”, vincou o técnico. “Vamos ter de aproveitar as oportunidades, porque provavelmente não teremos muitas contra esta rochosa defesa suíça”, acrescentou. Os elogios foram retribuídos pelo seleccionador suíço. “A Polónia é um conjunto muito forte e compacto. Ainda não sofreram golos e têm óptimos jogadores no ataque. O Lewandowski trabalha muito para a equipa, tal como o Milik e todos os outros. Têm grandes jogadores atrás deles e três guarda-redes de topo”, afirmou Vladimir Petkovic, que, no entanto ,não se deixa intimidar: “Individualmente, o nosso adversário é muito forte. Mas eu não sou um treinador que tenha medo. Tenho respeito pela Polónia, mas nós também existimos. Quero ter três ou quatro jogadores na área quando estivermos no ataque.” Se o desejo de Petkovic se concretizar, o jogo pode ter vários golos. O último encontro entre Suíça e Polónia, um particular disputado em 2014, terminou 2-2. E os dez jogos do historial entre as duas selecções têm uma média de golos por jogo superior a três.
Se a Polónia está nos oitavos-de-final do Euro 2016, deve-o, em grande medida a ele, autor do golo com que os polacos derrotaram a Ucrânia (10) no último jogo do Grupo C. Mas Jakub Blaszczykowski chegou ao futebol depois de uma infância marcada por um drama familiar que levou muito tempo para ser ultrapassado. Blaszczykowski nasceu em Czestochowa, no sul da Polónia, e tinha 11 anos quando a sua mãe Anna lhe morreu nos braços, apunhalada pelo seu pai num episódio de violência doméstica. Hoje, com 30, o médio olha para o céu cada vez que marca um golo. “É um gesto simbólico de agradecimento à minha mãe, que tinha tanta confiança em mim”, explicou. A infância de Blaszczykowski nunca mais foi a mesma após a morte da sua mãe. Depois do homicídio, o pequeno “Kuba” — diminutivo de Jakub em polaco — e o seu irmão passaram a viver com uma avó. Teve também um importante apoio do seu tio materno, Jerzy Brzeczek, antigo médio e capitão da selecção polaca. Este medalhado com a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, ajuda o pequeno rapaz a recuperar o equilíbrio emocional e a regressar ao futebol, que, entretanto, tinha colocado de parte. “Foram precisos muitos anos até conseguir deixar de pensar com ódio no coração”, disse Kuba numa entrevista que acompanhou o lançamen-
to da sua autobiografia, em 2015. Blaszczykowski, cuja ortografia é um quebra-cabeças para a imprensa internacional, construiu um palmarés impressionante. Campeão da Polónia ao serviço do Wisla Cracóvia, bicampeão alemão com a camisola do Borussia Dortmund, em 2011 e 2012, vencedor da Taça da Alemanha em 2012 e finalista da Liga dos Campeões em 2013, eleito futebolista polaco do ano em 2008 e 2010... O médio destacou-se em Dortmund, onde jogou na companhia de Piszczek e Lewandowski, naquele que foi um trio polaco de luxo e que fez as delícias dos adeptos do Borussia até ao momento em que Lewandowski rumou ao Bayern Munique. Mas o destino também o traiu em algumas grandes competições internacionais de futebol. A poucos dias do início do Euro 2008, Blaszczykowski lesiona-se e vê-se obrigado a renunciar ao torneio. No início de 2014, rompe os ligamentos cruzados de um joelho e fica praticamente todo o ano sem poder jogar. Em 2015, o Borussia empresta-o aos italianos da Fiorentina, mas acaba por ficar quase sempre no banco de suplentes, vendo a sua convocatória para o Euro 2016 seriamente em perigo. No entanto, mereceu a confiança do seleccionador e a presença na competição é uma recompensa para um jogador que nunca baixou os braços. AFP JEAN-PAUL PELISSIER/REUTERS
Blaszczykowski a dedicar um golo à sua mãe
50 | PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016
ESPAÇOPÚBLICO Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores
CARTAS À DIRECTORA O “Brexit” aconteceu, a Europa acabou
As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor, bem como um número telefónico de contacto. O PÚBLICO reserva-se o direito de seleccionar e eventualmente reduzir os textos não solicitados e não prestará informação postal sobre eles. Email: cartasdirector@publico.pt Contactos do provedor do Leitor Email: provedor@publico.pt Telefone: 210 111 000
Contra as mais recentes expectativas, o “Brexit” aconteceu. Por “medo” nosso de “acabar por décadas e décadas” com o que ainda resta (restava) da (Des)União Europeia, fomos “falando alto” para convencer o Reino Unido a não sair da Europa. E, até, dando-lhe prerrogativas especiais, por serem diferentes, como sempre foram, até conduzem ao contrário do resto da Europa, e não resultou, saiu. E o primeiro responsável directo será o ainda primeiro-ministro, David Cameron, mas claro que a Europa, a Alemanha, a França, e não só, são os grandes culpados. Isto num tempo em que os políticos não têm qualquer carisma e vão para a política — unicamente — para terem emprego e para estarem sempre a aparecer nos media (...). O que se seguirá? Le Pen a querer
fazer o mesmo numa França onde “um” PR pior seria difícil? Na Catalunha, com os eternos gritos de independência? A Holanda, e por aí adiante, tudo a querer ficar “soberano”? A economia nunca deveria ser tudo o que nos governa e orienta, mas está a sê-lo. A política deveria ser feita por políticos a sério e isso não está a acontecer. E todos, seja nas governações, seja nas oposições, que nestes últimos 20/25 anos de intensa desconstrução de um projecto europeu — que nasceu genuinamente no fim da II Guerra Mundial e está a cair peçamos a peça, país a país — têm “culpa”, todos. (...) Augusto Küttner de Magalhães, Porto
Que a sorte esteja connosco Com a primeira fase de grupos, desta XV Edição do Euro 2016-França, já resolvida e com
as 16 selecções já apuradas e devidamente conhecidos os “acasalamentos” dos jogos das selecções apuradas, vamos entrar assim na 2ª. fase desta competição, isto é, nos oitavos-definal. E, vamos lá a ser honestos, a selecção nacional de futebol lá acabou por ser apurada, tendo ficado no 3.º lugar do grupo F, que graças à vitória da Islândia frente à Áustria por 2-1, nos vai permitir não calhar no grupo dos chamados “monstros ou os habituais papões” do futebol, como são os casos da Alemanha; Espanha; França; Inglaterra e Itália. (...) Vamos lá agora esperar que a nossa “rapaziada” repouse (...) para quando defrontarmos a Croácia (no qual será o IV encontro entre as duas selecções, sendo o saldo de três jogos e três vitórias, a favor de Portugal e um saldo de golos de 6-0) sejam suficientes e se apresentem com uma outra atitude e um pouco
de mais sorte, que é tão importante e também faz parte dos campeões. Vamos selecção portuguesa, com humildade, trabalho, determinação, vontade e união de todos aqueles que fazem parte desse grupo, sermos mais fortes e capazes de podermos ultrapassar este adversário e passarem esta fase e continuarem a vossa caminhada.o mais longe que possam conseguir, para chegarem a um lugar que honre a língua de Luís de Camões e os portugueses de cá e em especial os nossos emigrantes. Mário da Silva Jesus, Odivelas
O PÚBLICO ERROU A foto publicada na pág. 11 da edição de ontem sobre a viagem do bacalhau 500 milhões da Noruega para Portugal não foi devidamente creditada. O fotógrafo Rui Dias é o seu autor.
A oportunidade de um reencontro com a Europa
N
Debate Referendo britânico Margarida Marques os últimos 40 anos, o Reino Unido deu um inestimável contributo para a Europa. No Mercado Único. Na Política Externa. Na Segurança Comum. A pertença do Reino Unido à União Europeia sempre foi valorizada pelos Estadosmembros e pelas instituições europeias. É por essa razão que, tal como declarou hoje o Presidente do Conselho Europeu, não vale a pena esconder o facto de que pretendíamos outro resultado no referendo britânico. Embora lamentando este desenlace, impõe-se respeitar a vontade soberana dos cidadãos britânicos, democraticamente expressa. Impõe-se igualmente dissipar quaisquer alarmismos. Essa foi a reação unânime dos responsáveis dos Assuntos Europeus dos 27, reunidos ontem no Conselho Assuntos Gerais. Em face dos resultados do referendo, que espelham quão fraturante é esta questão na sociedade britânica, o Governo vai seguir muito atentamente o impacto desta decisão
para a Europa, para Portugal e para os portugueses que vivem no Reino Unido. O Reino Unido é um importante parceiro económico e político para Portugal. O Reino Unido converteu-se nos últimos anos no principal destino da emigração nacional, acolhendo, oficialmente, 235 mil pessoas (podendo o número total chegar a 500 mil). Também os britânicos em Portugal são uma das principais comunidades estrangeiras. O Primeiro-Ministro David Cameron declarou que deixará ao seu sucessor a notificação formal da decisão. Ontem, o Conselho Assuntos Gerais manifestou ao representante britânico a expectativa de que o Reino Unido introduza, tão rapidamente quanto possível, para evitar vazio e ambiguidade, o recurso ao artigo 50.º do Tratado da União Europeia, que define a modalidade de saída de um país da UE. Este artigo define que a União deverá chegar a um acordo com o país que pretende sair, preparando a sua saída e tendo em conta o futuro da relação entre esse país e a UE. Pretendemos agora do Reino Unido a mesma solidariedade que os 27 manifestaram a David Cameron quando em fevereiro pediu a ajuda da Europa para realizar o seu referendo. Que futuro para um novo relacionamento
entre a UE e o Reino Unido? Sem percorrer uma lista exaustiva de possibilidades, mencionaria quatro tipos de opções possíveis. A adesão britânica ao Espaço Económico Europeu, que enquadra as relações da UE com Islândia, Liechtenstein e Noruega? Um modelo “suíço”, que passaria pela celebração de vários acordos bilaterais (a Suíça tem cerca de 120!)? Um modelo “canadiano”, ou seja, baseado num acordo de comércio livre de última geração, mais ou menos ambicioso do que os atuais acordos em vigor ou em negociação? A possibilidade da UE encontrar um modelo à medida do Reino Unido (e da UE), um caso inédito de saída de um Estadomembro porque também inédita é a situação. A Europa sempre mostrou criatividade institucional e política para ultrapassar crises
Que futuro para um novo relacionamento entre a UE e o Reino Unido?
anteriores. É nesta imaginação e criatividade que nos empenharemos na resposta a mais este desafio. Independentemente do cenário, o Reino Unido continua a ser um parceiro estratégico da UE e de Portugal. Orgulhamonos de ter a mais antiga aliança do mundo com o Reino Unido, que remonta ao século XIV, e partilhamos uma vocação atlântica que deve permanecer uma dimensão essencial da Europa. O Brexit é uma perda inestimável e um desafio para o curto e médio prazo para os cidadãos europeus. Mas não pode bloquear a agenda europeia nem os progressos necessários em domínios tão importantes como o aprofundamento do mercado interno designadamente o mercado interno digital e da energia, a conclusão da União Económica e Monetária, o combate ao terrorismo ou a resolução da crise dos refugiados. De facto este é um dia triste para os europeus, mas é preciso aprender a lição e transformar esta votação no referendo na oportunidade para que a Europa — cidadãos e instituições — se reencontre consigo própria, com os seus valores, com os seus princípios, com os seus objetivos.
Secretária de Estado dos Assuntos Europeus
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | 51
A nova revolução do BE
A
São José Almeida A semana política influência do poder governativo e mesmo o exercício desse poder é o objectivo assumido pela direcção do Bloco de Esquerda na moção que apresentam à X Convenção do partido, que este fim-de-semana decorre em Lisboa. O próprio título da moção não disfarça o objectivo: “Força da esperança. O Bloco à conquista da maioria”. Longe vai o tempo em que o BE era um partido que se assumia como revolucionário e que não partilhava com os partidos do poder os objectivos de ter “mais capacidade de determinar o que acontece no país”, como Catarina Martins assumiu claramente que agora acontece em entrevista à Lusa. A frontalidade com que direcção do BE se assume como partido de poder é a nova no partido que ainda há dois anos se rachou ao meio. E se em Novembro de 2014 era clara a ruptura entre a corrente UDP, liderada por Luís Fazenda, Pedro Filipe Soares e Joana Mortágua, que insistia numa atitude política de contrapoder face à corrente que juntava os herdeiros do PSR de Francisco Louçã e da Política XXI de Miguel Portas, liderados então por Catarina Martins e João Semedo, que evidenciavam já o que veio a ser uma atitude de disponibilidade para procurar influenciar um Governo de esquerda. Hoje, as duas sensibilidades estão juntas na mesma tarefa de apoiarem parlamentarmente o Governo do PS liderado por António Costa e as duas moções que hoje põem em causa a linha oficial diferenciam-se não tanto em torno do afastamento ou da proximidade do poder, mas sobretudo nas críticas internas ao centralismo das decisões da actual direcção. A unidade da direcção na firmeza do
BARTOON LUÍS AFONSO
apoio ao Governo do PS, ainda que advirta, para que não haja dúvidas que o Bloco não aceitará cortes em salários e pensões ou nova carga fiscal sobre esses rendimentos por via directa ou através do agravamento da tributação de bens essenciais e espera que os parceiros deste entendimento não o violem”. O que é verdadeiramente interessante nesta Convenção do BE é a disponibilidade da direcção para ampliar a sua influência enquanto partido de poder. A forma como assume claramente que quer crescer eleitoralmente para determinar a governação passa pela sinalização das autárquicas como um pólo de implantação social. Aliás, a moção aponta como objectivo que a “prioridade organizativa deve ser dirigida para alargar a capacidade de intervenção social do Bloco e aumentar a ligação aos movimentos sociais e de cidadania”. Isto porque “o Bloco precisa de se transformar rapidamente numa ampla rede de participação democrática e de influência política e social”. Sem hesitações, o BE assume que quer levar a cabo uma espécie de revolução de novo tipo em que o objecto do confronto é a actual orientação política da União Europeia. Um objectivo em que assume não estar sozinho ao garantir que “é com essa orientação” que “dialoga com outras forças políticas e movimentos sociais, no Partido da Esquerda Europeia como noutros fóruns.” O BE mantém, assim, vertente internacionalista. E ainda que não refira o Podemos nem o Syriza, condena as “instituições europeias que rapidamente organizaram o esmagamento da esquerda na Grécia”, enquanto “ protegem a cada dia regimes protofascistas como o húngaro”. A facilidade com que o BE deixou o discurso de contrapoder não significa, assim, que os seus objectivos políticos e estratégicos tenham mudado. Pelo contrário. A assunção da vontade de aumentar e conquistar poder tem precisamente esse fim: “As actuais responsabilidades do Bloco incluem a
O Reino Desunido tomada de iniciativa por uma renovação da luta social que contraponha, às elites e às instituições europeias, um novo protagonismo popular capaz de alterar a relação de forças”. Ou seja, o BE quer alterar a relação de forças para mudar a União Europeia. É com absoluta frontalidade que a moção afirma que “não é hoje credível o projecto de uma redefinição democrática das instituições europeias”. Mais. O documento de orientação estratégica assume que “o combate à austeridade e ao autoritarismo exige a disputa de maiorias sociais em cada país, impondo instrumentos de soberania popular que permitam corresponder à vontade de ruptura com a usura da dívida e a austeridade”. Para, noutro momento da moção, afirmar: “Só é possível salvar o Estado Social, relançar o investimento e criar mais emprego, rejeitando a chantagem da dívida, renegociando-a de forma profunda e assumindo o controlo público da banca.” Conclusão: o BE pode ter mudado na sua predisposição para disputar e conquistar o poder, mas não mudou o seu objectivo estratégico de luta internacionalista por uma revolução política na Europa, que se concretize numa outra União de povos europeus.
O BE assume que quer levar a cabo uma espécie de revolução de novo tipo em que o objecto do confronto é a orientação política da UE
Jornalista. Escreve ao sábado sao.jose.almeida@publico.pt
C
Miguel Esteves Cardoso Ainda ontem omo português, meio-inglês e europeu, fico triste que uma pequena maioria (52%) de cidadãos do Reino Unido tenha decidido sair da União Europeia. Mas fico ainda mais triste ao pensar na enorme minoria (48%) que preferia que o Reino Unido ficasse na União Europeia e agora vai ter de vê-la sair. É preciso ser-se claro. Os 48% são os mais bem educados, mais cosmopolitas, mais jovens, mais liberais — e obviamente os mais privilegiados. Nesses 48% estão também as maiorzinhas maiorias de escoceses (62%), londrinos e mancunianos (60%) e irlandeses do Norte (56%). Nos 52% que ganharam estão os ingleses, escoceses, galeses e irlandeses do Norte que são os menos simpáticos — incluindo os mais repugnantes — cidadãos deste Reino cada vez mais desunido. Que bom seria que Londres e Manchester se tornassem cidades independentes que pudessem permanecer na União Europeia. Já se pode começar a celebrar uma Escócia independente dentro da União Europeia. E seria bem feito que a Irlanda do Norte se desligasse de uma vez por todas do chamado Reino Unido. Talvez se pudesse arranjar um novo estado soberano — O Reino Unido da Inglaterra e do País de Gales — com capital em Birmingham, passando para Swansea nos meses quentes do Verão — que abarcasse todos os ingleses e galeses que quiseram sair da União Europeia. Que pena não se poderem aproveitar os resultados deste referendo para redistribuir as populações do Reino Unido de maneira a juntar pessoas que partilham a mesma mentalidade insular e inglesinha e impedir que fossem incomodadas por alienígenas...
52 | PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016
O “Brexit” pode ser o abanão de que a Europa precisa
M
José Pacheco Pereira ais do que uma vez disse que tinha “mixed feelings” em relação ao “Brexit”, era sensível a argumentos a favor ou contra a permanência do Reino Unido, embora estivesse convencido que no fim ganharia o “remain” por uma pequena margem. Depois do assassinato da deputada trabalhista, pensei que o efeito perverso seria inverter as tendências que apontavam para a vitória do “Brexit” e foi isso que pareceu nas últimas sondagens. No entanto, nada disso se verificou e basta olhar para o mapa dos resultados para percebermos como a divisão do voto no referendo penetrou fundo no tecido social, nacional e político inglês. Vai muito para além dos anátemas com que os europeístas quiseram exorcizar um monstro que em grande parte criaram quando estão há décadas a erodir a democracia na Europa. “Take our country back” é um slogan poderoso, entre outras coisas, porque é verdadeiro. O “país”, sob formas mais ou menos capciosas e nunca legitimadas pelo voto com a clareza que é precisa nestas matérias, tinha de facto sido “roubado”, como aliás acontece com muitos países da Europa, a começar pela Europa do Sul. Querer impor sanções a Portugal e Espanha e não à França, porque “a França é a França”, como diz Juncker, é o exemplo do que é a Europa de hoje, indiferente ao voto nacional, comportando-se de forma diferente conforme o tamanho dos países, e correndo para punições como um polícia velho. Aliás o referendo inglês teve algo de parecido com o grego: as tácticas do medo reforçaram o sentimento nacional. No Reino Unido não votaram os antiemigrantes contra os amigos dos emigrantes, porque o benefício que Cameron levou para a campanha, dado por uma Europa sem princípios, foi exactamente a excepção para o Reino Unido de poder retirar direitos aos emigrantes. No Reino Unido não votaram os velhos contra os jovens, o campo contra cidade, os populistas emotivos contra os “racionais”, os que olham para o “futuro” contra os que olham para o “passado”. Votaram os escoceses a favor da independência da Escócia por via do sim à Europa, votaram os irlandeses do Norte que não querem uma fronteira externa da União ao lado da República da Irlanda, e votaram os mais pobres e mais excluídos, tirando o tapete ao Partido Trabalhista, e recusaram o voto a tudo quanto é grande interesse, a começar pelo capital financeiro e pelas grandes empresas que são, há muito, mais internacionalistas do
que qualquer Internacional Comunista. Era uma combinação muitas vezes contraditória de intenções de voto? Era, mas as democracias são assim. E os ingleses têm uma velha democracia, e um conjunto de “peculiaridades”, que permitiram a E. P. Thompson um dos mais notáveis ensaios sobre como o adquirido democrático e liberal, penetrou tão fundo no Reino Unido sem paralelo na Europa, e “pertence” a todos. Do habeas corpus, ao julgamento por um júri, do respeito pelas tradições próprias mesmo quando parecem irracionais e pouco eficazes, como seja a recusa do sistema métrico, ou a condução pela esquerda, a resistência ao controlo de identificação, a momentos que só podiam acontecer em Inglaterra como o apoio dos homossexuais aos mineiros durante as grandes greves contra Thatcher, que ainda hoje faz com que um dos sindicatos mais duros do Reino Unido, participe por gratidão nas paradas gay. Existe uma forte cultura nacional identitária. Umas coisas são mais importantes, outras menos e nem todas são boas, mas isso é que significa “ser inglês”, um complexo de história, cultura, tradição, laços de identidade, que justificaram o “take our country back”. Os burocratas europeus e os interesses internacionais do dinheiro não percebem esta realidade, e acham que é um anacronismo, mas Jean Monnet, um dos fundadores de uma Europa que já não existe, percebia-o bem demais. E por isso defendia uma Europa de iguais, de “pequenos passos”, de solidariedade e que, para existir, tinha de ter em conta a diversidade das nações. Uma classe política como a portuguesa, que andou anos a jurar nas campanhas eleitorais que não era federalista e que agora acordou toda federalista e hiper-europeia, não percebe isso, porque há muito perdeu os laços com a identidade nacional e aceita tudo. Aceita tudo agora porque o modelo económico imposto é próximo dos seus interesses, porque se a política europeia fosse keynesiana, havíamos de os ver todos antieuropeus. De há muito que de cada vez que há um sobressalto ao acelerar de “mais Europa” prometemse juras de reforma e “debate” e, mal o susto passa, tudo continua na mesma ou pior, torneia-se o voto de que não se
A saída do Reino Unido pode ser muito positiva para a União Europeia, que, já se viu, se não muda “a bem”, só pode mudar “a mal”
GEOFF CADDICK/AFP
gosta através de estratagemas muito pouco democráticos. A actual liderança europeia já vinha de ter feito um Tratado de Lisboa que é um verdadeiro exemplo de dolo na vida pública, visto que foi assente no engano de fazer passar as medidas que tinham sido recusadas nos referendos holandês e francês debaixo da mesa, com a traição de vários governos e partidos de fazer um referendo. Como, em Portugal, fizeram o PS e PSD. Claro que o referendo tem riscos e o mecanismo referendário não pode sobrepor-se ao normal funcionamento dos parlamentos. Mas o que acontece é que não há um normal funcionamento dos parlamentos, em que maiorias “centrais” de conservadores e partidos muito virados à direita e socialistas que abandonaram o socialismo, aceitaram um caminho que punha em causa a soberania das nações europeias e o próprio poder dos parlamentos nacionais que nenhum tratado, nem nenhum debate público eleitoral clarificou a nível nacional. Como em Portugal, a União Europeia usurpou poderes nacionais sem nunca ter havido uma discussão democrática que dissesse claramente “o meu Parlamento vai perder este e aquele poder, estão de acordo?”, sendo que os poderes perdidos estavam, como estão, no centro da democracia, como seja o poder orçamental. Bem pelo contrário, uma discussão com puros objectivos de marketing, como aconteceu quando do Tratado de Lisboa, dizia exactamente que o contrário ia acontecer: ia haver “devolução” de poderes aos parlamentos nacionais. A saída do Reino Unido pode ser muito positiva para a União Europeia, que, já se viu, se não muda “a bem”, só pode mudar “a mal”. Claro que os países da União podem acantonar-se numa atitude revanchista
contra o Reino Unido para lhe fazer “pagar” a ousadia. Não é impossível que isso aconteça, num remake do que se fez à Grécia com os brilhantes resultados conhecidos. Ou podem compreender que há um vasto conjunto de laços com o Reino Unido que nada impede serem mantidos, mesmo que o país não faça parte das instituições políticas da União. O Reino Unido continua a ser fundamental para a defesa da Europa, por exemplo, numa Europa que deixou de ter forças armadas credíveis. É parceiro na NATO de muitos países europeus, que precisam desse laço para manterem a sua soberania face à Rússia. E por aí adiante. Se seguirem uma linha à grega de vingança, que é o que presumo passa pela cabeça de alguns gnomos europeus e pela burocracia, cujo comportamento teve um grande papel em alimentar o “Brexit”, os problemas da Europa só se agravarão. Uma negociação punitiva com o Reino Unido favorece a independência escocesa com os efeitos que isso tem em Espanha, e agravará nas opiniões públicas a reacção soberanista que tem crescido com a política de dolo das últimas décadas e com a transformação da política “austeritária” na vulgata imposta na Europa. O que aconteceu no Reino Unido não é da mesma natureza da ascensão da Frente Nacional em França, embora a ecologia que a União Europeia está a criar seja propícia a estes movimentos. Por isso, o abanão inglês pode incentivar uma crescente contestação, à direita em França, na Hungria, na Polónia, e à esquerda em Espanha e em Portugal. Não adianta, como fazem os nossos europeístas, que nunca percebem nada do que se passa a não ser quando têm o fogo à porta, meter todos os movimentos de contestação ao actual estado de coisas na Europa no mesmo saco de “populistas e extremistas”. Mas deviam meter no mesmo saco as causas dessa ascensão, porque as causas são de sua responsabilidade: a engenharia política do “mais Europa” à revelia da vontade dos povos e feita com truques e sem democracia, a erosão das democracias que, verifica-se agora, funcionam apenas no espaço da soberania, o poder solitário de um país e dos seus aliados com políticas económicas e sociais de “austeridade” que levaram à estagnação económica da Europa, a captura pelo poder financeiro dos centros de poder, a mono política de ir atrás de salários e pensões enquanto se fecha os olhos aos paraísos fiscais, e o tratamento inaceitável dos refugiados (anote-se, muito pior do que o do Reino Unido) inscrito no acordo sinistro com a Turquia. Continuem assim e o fim da União não vai ser bonito de se ver. O abanão do Reino Unido pode ser a última oportunidade de a mudança na Europa não ser convulsiva. Historiador. Escreve ao sábado
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | 53
Achavam que não? ROB STOTHARD/AFP
Manuel Loff Pelo contrário
início do cessar-fogo do IRA e do novo ciclo político que continua sem resolver o problema irlandês.
Não, o “Brexit” não se explica só por racismo e “populismo” Todas as vezes que alguns europeus (nós nunca...) tiveram o privilégio de se poder pronunciar especificamente sobre políticas europeias se quis despachar a crítica à integração europeia como xenofobia, tacanhez e iliteracia política. Uma certa social-democracia mostrou-se sempre horrorizada quando viu a base social da esquerda a votar contra Maastricht (1992), Nice (2001) e Lisboa (2007), o projeto de Constituição (2005) ou as imposições austeritárias do Eurogrupo aos gregos (2015). Se não percebeu antes, não havia de ter percebido agora os motivos que levam a grande maioria das classes populares britânicas a mostrar tanto desamor europeu: o fundamental da política económica decide-se em Bruxelas, entre a eurocracia da Comissão, o BCE e a decisão voluntária dos próprios governos (de que tantos sociais-democratas fazem parte e dirigem) que há muito impuseram um euroconsenso da precarização do trabalho, da desregulação e privatização, da eliminação de direitos sociais. Enganaramse os britânicos que julgaram que votar pela saída impediria a degradação das condições sociais e dos salários? É muito provável. Mas não tem sido precisamente a UE (isto é, o consenso neoliberal que nela vigora) a impor uma coisa e a outra? Em que ficamos: se não vale a pena partir, vale a pena ficar? É verdade que as sondagens dizem que o sim à UE (o “Remain”) triunfou nas zonas urbanas com população mais rica e com mais formação escolar (a primeira característica propicia sempre a segunda, é essa a lógica da desigualdade social), o não (“Leave”) triunfou por maior diferença nas regiões urbanas e rurais da Inglaterra e do País de Gales mais deprimidas e mais envelhecidas — mas não foi unicamente a Inglaterra conservadora do Sul que votou contra, foi também o Norte maioritariamente trabalhista, desindustrializado e abandonado por Thatcher, Blair e Cameron, que votou “Leave”. É porque são ambos racistas e pateticamente temerosos da mudança? Não: o modelo social britânico revela-se hoje tão consolidadamente xenófobo, incómodo com o estatuto pós-colonial e multiétnico que resultou do fim do Império, quanto o francês, o alemão, o holandês, o belga, o italiano, ou o português — ou ainda se julgará que não, que o defeito está só lá? Quem achava que bastava a unidade do establishment político e económico para impedir que os britânicos votassem a favor da saída da UE, prepare-se para perceber
Recomposição das direitas europeias Uma das consequências mais evidentes do “Brexit”, e que a demissão de Cameron comprova, é a da recomposição da direita britânica, com o triunfo de uma velha tendência nacionalista que nunca desapareceu, obscurecida entre nós por essa perceção embevecida e algo bacoca que várias gerações das nossas elites têm mantido sobre um país cuja história se simplifica até à caricatura. Essa “Inglaterra” (nestes casos nunca se fala da GrãBretanha) que se descreve democrática e cosmopolita, feita de Oxfords e Cambridges, cerimoniais setecentescos, 007 e primeiros-ministros de sotaque pedante, é, afinal, muito mais Trump que Obama, mais hooliganismo que fair-play, muito mais paroquial que cosmopolita. Ali — como em Espanha, aliás — é o nacionalismo e a naturalização social do racismo que está a operar uma recomposição das direitas, semelhante em muito ao processo que se operou com as direitas dos anos 30 e 40. Quem continua a acreditar nos “populistas” maus e na UE boazinha e esforçada vai continuar a não perceber nada.
1.
3. como Hillary Clinton é a pior candidata para impedir que Donald Trump vença as próximas eleições norte-americanas.
2.
Os divórcios políticos não são arrufos do coração Desde os referendos escocês e catalão de 2014 que se tem discutido os projetos de separação política (independência, “Brexit”) no plano da discussão matrimonial, contrapondo-se a retórica das virtudes do casamento-apesar-dasnossas-diferenças a uma espécie de precipitação egoísta dos partidários de redefinir os âmbitos de decisão. Tretas. Os separatismos triunfam ou fracassam por motivos puramente materiais. Da mesma forma que uma grande parte dos escoceses e dos catalães pretendem ganhar o direito a decidir do seu futuro sem terem de se submeter à vontade dos Estados britânico e espanhol, a maioria dos britânicos (e especialmente os ingleses) decidiram pelo “leave Europe, take back control”, mesmo que muitos tivessem sido os mesmos que em 2014 cobriam os escoceses de declarações de amor dorido para conseguir que a Escócia não se separasse do Reino Unido. Hoje, é a consistência do Estado britânico que volta a estar em causa. As duas regiões onde a questão nacional não está resolvida (a Escócia e a Irlanda do Norte), o “Remain” venceu por larga margem, aquelas onde triunfa o nacionalismo inglês (Inglaterra,
País de Gales) votaram amplamente pelo “Leave”. O governo autónomo escocês apressou-se a advertir Londres que, “tendose produzido uma significativa mudança material nas circunstâncias” em que a Escócia votou maioritariamente contra a independência há dois anos, torna-se “perfeitamente óbvio que a opção de um segundo referendo à independência escocesa deve estar em cima da mesa, e que o está já” por ser “democraticamente inaceitável” que a Escócia seja arrastada para fora da UE depois de 62% dos escoceses terem votado a favor da permanência (Guardian, 24.6.2016). Da mesma forma, os nacionalistas irlandeses vieram imediatamente exigir idêntico referendo sobre a permanência da Irlanda do Norte no Reino Unido. Os irlandeses sabem ao que se arriscam, com o regresso das fronteiras cortando a ilha em dois, que poderão voltar a ser o foco de tensão que eram até 1998,
Uma das consequências mais evidentes do “Brexit”, e que a demissão de Cameron comprova, é a da recomposição da direita britânica
4.
A “policrise” ( Juncker) da UE Por último, é tudo menos difícil perceber como o “Brexit” mostra à saciedade como a UE Schäuble, Juncker&Dijsselbloem, SA, mete água por todos os lados! Depois de anos da tensão a que sujeitou a Europa do Sul, o “Brexit” vem abrir uma brecha muito evidente que percorre toda a Europa do Norte, da França à Suécia, passando pela Holanda e pela Alemanha. Os mesmos que no Norte impuseram precarização, exploração, paraísos fiscais e segregação racista da mão-de-obra imigrante, prescrevem ao Sul do continente austeridade e desprezo. A leste do Oder, a sul do Danúbio, triunfam as mesmas direitas patrioteiras com que, como nos anos 30, o Ocidente diz querer conter a Rússia. Só boas notícias. Desde há muitos anos que percebemos que a UE é daquelas coisas que nem precisa de um grande empurrão para cair ribanceira abaixo. Os seus líderes têm-se mostrado completamente eficazes para esse efeito. Historiador. Escreve quinzenalmente ao sábado
54 | PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 2 de Junho de 2016 20 Por António Bagão Félix P
A insustentável importância do futebol falado entre jogos Há dias, assisti, incrédulo, a uma alteração súbita da programação dos canais televisivos de informação. Estavam todos a transmitir o debate quinzenal na AR com o Governo sobre a CGD. Estava o PM a responder a uma questão e, eis que, de repente, todos os canais, em sintonia perfeita, interromperam a emissão e voltaram-se para (mais) uma conferência de imprensa da selecção de futebol. Era uma conversa, três dias antes de uma partida. Não estou a defender
que não se deva interromper um assunto político (às vezes, é até higiénico). Do que discordo é da troca de um directo que a todos nos diz respeito (CGD) por um directo sem objecto. Claro está que o que se pôde ouvir foi mais um cacharolete de lugares-comuns e banalidades (por exemplo, “é preciso marcar e não sofrer” ou “num jogo não há só aspectos positivos, mas também negativos”). Os canais competem na igualdade do vazio, em vez de o fazerem na diversidade das abordagens, onde o futebol também tem o seu lugar sem, contudo, ser asfixiante e estupidamente totalizante. Millôr Fernandes escreveu que se “o futebol é o ópio do povo, é também o narcotráfico dos media”. Foi dito no Brasil na década passada, mas já chegou cá para ficar. Como alguém disse, “o futebol é a mais importante das coisas menos importantes “, mas não abusem…
2 de Junho de 2016 20 Por Francisco Louçã P
O charme maravilhoso do mercado Cotação da Smith and Wesson 24,0 23,5 23,07
23,0 22,5 22,0 21,5 8
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O massacre na discoteca de Orlando foi a 12 de Junho, domingo. Quando as bolsas abriram no dia seguinte registaram uma subida das acções dos fabricantes de armas (veja a cotação da Smith and Wesson, na segunda-feira dia 13). Não há nenhuma surpresa. O “mercado” antecipou que aumentariam as compras de armas por quem quisesse proteger-se de novas leis mais cuidadosas. As cinquenta mortes na discoteca gay de Orlando foram o princípio de um bom negócio.
2 de Junho de 2016 21 Por Ricardo Cabral P
As machadadas (finais?) no mercado de capitais português A generalidade dos portugueses não confia aos mercados financeiros a aplicação do seu capital. Prefere: depósitos à ordem e a prazo, em particular, na Caixa Geral de Depósitos que é pública; certificados de aforro do Estado junto dos CTT (que era, até há pouco tempo, empresa pública); ou ainda adquirir propriedade (terras e casas). A principal razão é que, o retorno do capital aplicado (i.e., a devolução do dinheiro aplicado) é mais provável nessas aplicações, ainda que a sua taxa de rendimento (o retorno sobre o capital) seja mais baixa. Noutro tipo de aplicações financeiras, com rating ou sem rating, o retorno do capital aplicado é incerto. É frequente que ocorram perdas muito significativas a alguns investidores em mercados financeiros, muitas vezes associadas a escândalos financeiros, também noutros países. Contudo, o caso recente dos accionistas
e credores da antiga Portugal Telecom (PT) é sintomático do pior que pode ocorrer aos investidores portugueses e estrangeiros que confiam no mercado de capitais português, porque a PT era uma das empresas líderes portuguesa (uma “blue chip”). Pior que Portugal, está ainda o Brasil, onde se têm verificado situações muito graves. Por iniciativa da gestão da antiga PT, esta adquire em 2010 uma participação de 22% na Oi brasileira por 3,65 mil milhões de euros. Anos depois, decide realizar uma fusão “de iguais” com a Oi, em que esta, na prática, compra a PT pagando com acções da nova Oi. E esta semana, nem dois anos passados sobre tal fantástica “fusão”, a Oi convoca Assembleia Geral extraordinária para aprovar um pedido de protecção contra credores junto do tribunal, i.e., entra num processo de insolvência em que os accionistas deverão perder tudo e os credores a retalho 50% dos seus créditos. A Oi, estrategicamente, só “garantiu” a dívida dos credores da antiga PT até ao final de 2015. Em 2016, estes credores serão tratados como os restantes credores da Oi. E em Portugal, “no pasa nada”. Uma situação em que investidores nacionais e internacionais aplicaram as suas poupanças numa “blue chip” nacional, que em dois anos é desmembrada com os credores e os accionistas da antiga PT a serem expropriados de metade ou de todo o seu património, respectivamente, é vista com normalidade e fatalismo. E isto diz tudo, ou quase tudo, sobre o mercado de capitais português…
2 de Junho de 2016 22 Por Francisco Louçã P
A orquestra do Titanic A promessa de “agora é que é”, “desta vez é diferente” e a União vai corrigir-se, tem cabimento? Não. A UE está preparada para seguir algum outro caminho que não seja ou a desagregação ou uma concentração de poderes com o reforço da hegemonia germânica? Não. Ainda é possível um federalismo europeu, ou mesmo uma confederação em que os Estados tenham estatutos iguais e que inclua transferências orçamentais entre os países superavitários e os países deficitários? Não. A livre circulação de capitais vai continuar a acentuar a divergência entre as várias economias? Sim. O euro é um instrumento para essa
blogues.publico.pt/tu
PÚBLICO, SÁB 25 JUN 2016 | 55 diferenciação (embora não o único)? Sim. O esvaziamento da legitimidade nacional dos órgãos eleitos democraticamente vai continuar a pressionar ou a corroer os regimes políticos em cada país? Sim. O populismo crescerá em outros países europeus? Sim. Portugal pode resolver o seu empobrecimento cumprindo as regras europeias? Não. Para que Portugal possa recuperar políticas úteis para criar emprego e reduzir a dependência é preferível não estar no euro? Sim. Para Portugal é vantajosa uma situação de desagregação da União Europeia, se produzida por um colapso súbito ou um desentendimento generalizado? Não. Para que Portugal possa recuperar a sua economia, reduzir a sua dívida externa e criar emprego é vantajosa uma negociação faseada sobre a recuperação de soberania dos países em divergência? Sim.
2 de Junho de 2016 24 Por Ricardo Cabral P
O voto a favor da saída da União Europeia Apesar das sondagens, nunca pensei que o voto a favor da saída ganhasse. Mas ganhou e é surpreendente por várias razões. • Inspira sempre mais receio o diabo que se desconhece, do que o diabo que se conhece. Por conseguinte, os britânicos não tiveram medo do desconhecido. Em contraste com o medo de saída do euro da Grécia ou de Portugal, o voto a favor da saída revela a coragem do povo britânico. • As consequências económicas no curto JUSTIN TALLIS/AFP
prazo serão profundas. Os britânicos com o seu voto valorizaram a soberania e a democracia mais do que a economia e isso diz mesmo muito. • A imigração deve ter desempenhado um enorme papel na votação e isso mostra quão pouco preparada estava a Europa para a livre circulação de pessoas. • Uma parte significativa do voto a favor da saída é um voto de protesto pela situação económica, o que sugere que muitos britânicos passam por dificuldades e que querem que algo mude. • A saída do Reino Unido é uma pena. A União Europeia fica mais pobre. O génio saiu fora da caixa de pandora e a perspectiva da desintegração da União Europeia reforça-se. Mas é um enorme sinal de aviso para as instituições de governo da União Europeia: o modus operandis e os objectivos das políticas têm de mudar. • O voto dos britânicos a favor da saída da União Europeia deve servir de exemplo para os portugueses e, sobretudo, para as nossas elites políticas. A subserviência em relação às instituições europeias tem de acabar, e a coragem do voto de tantos britânicos deve inspirar-nos!
2 de Junho de 2016 24 Por Francisco Louçã P
A União Europeia é um projecto falhado Enganei-me na previsão sobre o resultado do referendo, pois admiti que a morte de Jo Cox tinha invertido as emoções que concluiriam uma campanha povoada de demagogia (dos chefes do “Brexit” sugerindo a xenofobia e dos chefes do “Remain” negociando com Bruxelas a restrição dos direitos dos europeus imigrados no Reino Unido). Agora, contados os votos, conclui-se que, no argumento e na preparação para o futuro, o Reino Unido não sabe para onde vai – mas rejeita continuar numa União que não vai para lado nenhum. Falhou a aventura de Cameron, que foi apoiada a contragosto pelas autoridades europeias, mas a Escócia pode a partir de hoje escolher ser independente e a Irlanda pode escolher unificar-se, pelo menos duas consequências merecidas. A UE não tinha mais nada para oferecer se não o medo, foi a esse ponto que caiu. E os seus líderes sempre pensaram que bastaria. Não perceberam – será desta? – que perderam todos os referendos importantes até agora. Quando aceitam consultar os povos, momento raro, et pour cause, arriscam-se a perder e isso diz tudo
TOBY MELVILLE/REUTERS
sobre o que tem vindo a ser a “construção europeia”. Terão os líderes europeus a tentação de correr em frente, nomear um ministro das finanças, esquartejar os orçamentos nacionais, fazer do euro o santo e a senha da concentração de poderes, normalizar as políticas neoliberais no mercado de trabalho e na segurança social? Hollande, um político da craveira de Cameron, acha que Paris vale bem a missa de uma proibição do direito de manifestação para impor essa visão sobre o emprego. E, se isto é Hollande, fica Merkel para decidir. E assim vai a liderança europeia na sua diversidade uniforme. Para Portugal, mais um susto nas exportações, mas muito mais um susto político. Se e quando vierem as sanções, se a tanto atrevimento chegar a violência das instituições europeias agora imbuídas de um novo espírito de missão desesperada, só poderemos então concluir que a discricionariedade tomou conta da política europeia, que a falta de soberania se paga com a vulnerabilidade da democracia. O sonho acabou. A União Europeia é um projecto falhado.
2 de Junho de 2016 24 Por António Bagão Félix P
O medo do conhecido mais do que do desconhecido Venceu o Brexit com 52% da expressiva votação referendária. O Reino Unido (RU) está agora diante de um salto para o desconhecido, sem que saibamos, por ora, qual o pensamento estruturado para o “day after”? Venceu a tese de Paul Valéry: “tenho medo do conhecido, mais
do que do desconhecido”. O Remain achou que bastaria a artilharia do medo, sem argumentação para permanecer na União. Quis beneficiar do voto do conformismo, administrando “benzodiazepinas”. A saída do Reino Unido da UE é uma forte machadada identitária na chamada construção europeia (aos soluços), vivendo da sistemática procrastinação dos problemas e da palavrosa arte de mudar a aparência para tudo ficar na mesma. Este modo de “martelar” a União contribuiu para reforçar nacionalismos exacerbados, partidos radicais, défices democráticos, domínio financeiro sobre a política. Cameron comprou em Bruxelas o que julgou suficiente para convencer os eleitores diante de um partido fragmentado. Negociou excepcionalidades europeias para uso doméstico. Vai ficar na história pelas piores razões. Corbyn não sabe o que fazer com a falta de entusiasmo de que deu fartas provas. A Escócia não se aguentará no reino de Sua Majestade e aí virá um novo referendo. A Irlanda do Norte é outro bico-de-obra. O vencedor Boris Johnson é uma incógnita despenteada, mas que, agora ou depois, vai chefiar a revolta na Bounty. O outro vencedor N. Farage tudo fará para desbloquear o travão do sistema eleitoral britânico. E, por essa Europa fora, a ideia da desintegração é, agora, menos ficcional. Esta vitória do “Brexit” é uma estalada no pensamento mercantil de quem achava que, com euros e opting-out à discrição, tudo se resolveria com mais ou menos dificuldade. Desta vez, porém, sem poder usar o truque habitual de repetir referendos até o povo chegar ao resultado previsto e preferido na Europa, como se fez e abusou na Irlanda, Dinamarca, Holanda. Os britânicos recordaram-nos que Europa e União Europeia não são necessariamente a mesma coisa. Que entender a especificidade de cada país ou nação deveria ser a regra. Que desvalorizar o papel dos parlamentos nacionais substituídos muitas vezes, por instâncias sem rosto é mandar às malvas a “Europa dos cidadãos”. Que deixar avançar demasiado o poderio alemão (com o inefável “side-car” francês) conduziria a um indisfarçável mal-estar na Europa. Para Portugal e países da “2.ª Liga europeia”, a saída do RU não é boa notícia. O RU era, na prática, um travão ao monolitismo centralizador e ao pensamento único desta UE. Uma curiosidade: a língua inglesa, língua franca de hoje, vai deixar de estar representada na UE (haverá a relativa excepção da Irlanda cujo verdadeiro idioma é o gaélico)! E esta, hein?
udomenoseconomia/
Por Bagão Félix, Francisco Louçã e Ricardo Cabral
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INIMIG NO EURO
SÁB 25 JUN 2016 ESCRITO NA PEDRA
“Chorar sobre as desgraças passadas é a maneira mais segura de atrair outras” William Shakespeare (1564 -1616)
CROATAS DEMASIADO Bloco de Esquerda: 17 Segurança Social anos depois renasceu promove 600 PREOCUPADOS COM trabalhadores CALCANHAR DE RONALDO uma estrela? BE não é um CDS do PS, diz São mais 190 euros/mês e PODEM DESCURAR Jorge Costa, a propósito da X objectivo é travar saída de JOANETE DE QUARESMA Convenção do partido p22/23 funcionários qualificados p30
Na Arménia, o Papa usou a palavra “genocídio” ALESSANDRO BIANCHI/REUTERS
Euromilhões 11
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28
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3
10
1.º Prémio
40.000.000€
Laboratório antidoping do Rio de Janeiro perde acreditação internacional
Religião O texto inicial não previa o uso, por Francisco, da palavra que a Turquia rejeita O Papa Francisco denunciou ontem o “genocídio” dos arménios entre 1915 e 1916, durante o Império Otomano, pronunciando pela segunda vez a palavra que a Turquia considera inaceitável. “Infelizmente, esta tragédia, este genocídio, marcou o início de várias catástrofes do último século”, disse o Papa, em visita oficial à Arménia. No palácio presidencial em Ierevan, Francisco dirigiu-se ao chefe de Estado, Serge Sarkissian, à classe política e ao corpo diplomático. A palavra não fazia parte do texto distribuído previamente. Estava previsto que ao massacre de 1,5 milhões de arménios usasse a frase “a grande catástrofe”, expressão que normalmente ajuda a resolver esta antiga questão diplomática. O Papa já a tinha pronunciado a palavra “genocídio” uma primeira vez no Vaticano em Abril de 2015, provocando a fúria em Ancara. Desde então, o Vaticano evitou utilizá-la. A Turquia recusa o termo “genocídio” para os massacres entre 1915 e 1916 no Império Otomano, afirmando que se vivia um cenário de guerra civil e que muitos turcos também morreram.
Controlos A decisão foi tomada pela AMA, quando faltam 50 dias para o início dos Jogos Olímpicos
“Estas catástrofes horríveis do século passado foram tornadas possíveis por aberrantes motivações raciais, ideológicas ou religiosas, que assombraram o espírito dos torturadores ao ponto de eles planearem a aniquilação de povos inteiros”, denunciou. O Papa Francisco “prestou homenagem ao povo arménio, que, mesmo nos momentos mais trágicos da sua história, sempre encontrou na Cruz e na Ressureição e Cristo a força de se elevar e de continuar o caminho com dignidade”. Sublinhou ainda que os perigos são sempre actuais: “Temos diante dos nossos olhos os resultados nefastos a que conduziu, no século passado, o ódio, o preconceito e o
desejo horrível de dominação, eu espero vivamente que a humanidade consiga aprender a lição de agir com responsabilidade e sabedoria com estas experiências trágicas para prevenir os perigos de cair outra vez em tais horrores”. “Os crentes em particular, e talvez mais do que no tempo dos primeiros mártires, são discriminados em certos lugares e perseguidos apenas por professarem a sua fé”, denunciou mais uma vez. Durante a visita de três dias, o Papa Francisco vai a Tsitsernakaberd, conhecido geralmente como o memorial do genocídio, e prestar homenagem às vítimas. Mas o programa da viagem chama-lhe “memorial dos massacres”. AFP
A Agência Mundial de Antidopagem (AMA) retirou a acreditação do laboratório do Rio de Janeiro, devido ao incumprimento dos padrões internacionais. Isto a 50 dias do início dos Jogos Olímpicos. A suspensão, que entrou em vigor a 22 de Junho, data da notificação, inibe o laboratório “carioca” de realizar qualquer análise antidoping a amostras de urina e de sangue. A decisão é passível de recurso para o Tribunal Arbitral do Desporto. A Agência Mundial de Antidopagem referiu ainda que a suspensão não será retirada caso o laboratório não funcione de “forma perfeita”. “Enquanto a suspensão se mantiver, a Agência Mundial de Antidopagem vai trabalhar juntamente com o laboratório para tentar resolver as anomalias identificadas. A AMA informou ainda que, de momento “vai assegurar que as amostras que deveriam ser analisadas pelo laboratório do Rio serão transportadas de forma segura e
fiável para outro laboratório que cumpra com os critérios da AMA. “Isto assegura que não existirão interrupções nos procedimentos antidoping estabelecidos e que a integridade das amostras não será colocada em causa”, afirmou Olivier Niggli, futuro directorgeral da Agência Mundial de Antidopagem. Esta não é a primeira vez que o laboratório do Rio de Janeiro perde a acreditação internacional, uma vez que tal já tinha sucedido em 2013 — viria a recuperá-la em 2015. Para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro estão previstas a realização de 5000 controlos antidoping aos atletas em competição.
F528BE76-9EC9-41FA-B2D4-0E925D271932 Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: António Lobo Xavier, Cláudia Azevedo, Cristina Soares E-mail publico@publico.pt Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial 210111006; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Praça do Coronel Pacheco, nº 2, 4050-453 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade, Distribuição 226151011 Madeira Telef.: 934250100; Fax: 707100049 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €50.000,00. Detentor de 100% de capital: Sonaecom, SGPS, S.A. Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA, Estrada Consiglieri Pedroso, 90, Queluz de Baixo, 2730-053 Barcarena. Telf.: 214345400 Distribuição Urbanos Press – Rua 1.º de Maio, Centro Empresarial da Granja, Junqueira, 2625-717 Vialonga, Telef.: 211544200 Assinaturas 808200095 Tiragem média total de Maio 32.857 exemplares Membro da APCT – Associação Portuguesa do Controlo de Tiragem PUBLICIDADE
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