Uma série de bons filmes para ver no Indie Lisboa visao.sapo.pt/actualidade/visaose7e/ver/2018-04-26-Uma-serie-de-bons-filmes-para-ver-no-Indie-Lisboa
26.04.2018 às 14h14
O cinema português e os “heróis independentes” são o prato forte de uma edição que se adivinha memorável Manuel Halpern
Pela primeira vez na sua história, o Indie vai exibir dois episódios de uma série televisiva. É um sinal dos tempos. Mas isto não acontece por acaso. O autor de Sara, a série portuguesa que em outubro se estreará na RTP2, é Marco Martins, presença habitual no festival. E para escrever o argumento juntou-se a Bruno Nogueira e a Ricardo Adolfo. Marco surpreende também porque a comédia não lhe é um registo nada comum. A atriz principal é Beatriz Batarda. Tudo bons motivos para não perder esta oportunidade de ver a série (ou parte dela) em tamanho grande. Sara conta a história de uma atriz farta de papéis dramáticos e que perdeu a capacidade de chorar. Entre os filmes portugueses, grandes expectativas para Raiva. Sérgio Tréfaut envereda novamente pela ficção ao adaptar um conto de Manuel da Fonseca, uma história alentejana. Edgar Pêra, por seu lado, faz um retrato poético e visual de Alberto Pimenta, em O Homem Pykante, obra com um lado provocatório e experimental que celebra um dos grandes escritores de língua portuguesa. Em competição, Sandro Aguilar apresenta Mariphasa, depois de estrear-se em Berlim, um filme sobre a dor e a transformação, na linha do que nos tem apresentado em curtasmetragens. Também estreados em Berlim, Our Madness, nova incursão africana de João 1/3
Viana; e Drvo, a Árvore a primeira longa- metragem de André Gil Mata. Objeto interessantíssimo é também Tempo Comum, híbrido entre documentário e ficção que acompanha os primeiros dias de um bebé na vida de um casal. Entre as curtas, um programa de luxo, bem equilibrado nos consagrados e nas novas promessas, que inclui filmes de João Salaviza, de Filipe Melo e de Miguel Seabra Lopes/Karen Akerman.
"Tempo Comum", de Susana Nobre, é um híbrido entre documentário acompanha os primeiros dias de um bebé na vida de um casal
e ficção que
Nesta edição, há dois heróis independentes de latitudes e gerações distintas. Jacques Rozier é um dos mais discretos nomes da Nouvelle Vague. O realizador, 91 anos, que estará presente no festival, tem um percurso muito intermitente, que passa por obras como Adieu Philippine, Du Côté d'Orouët ou Fifi Martingale. Por outro lado, a argentina Lucrecia Martel que, apesar de ter uma obra curta e muito espaçada, se revelou uma das mais influentes realizadoras contemporâneas. No Indie estreia-se a sua quarta longa, Zama. Dentro do vastíssimo programa, encontram-se muitas outras preciosidades. É o caso de O Processo, de Maria Augusta Ramos, filme brasileiro que mostra de forma sóbria o processo de destituição de Dilma Rousseff no Brasil. O ucraniano Sergei Loznitsa, um dos gigantes do cinema contemporâneo, apresenta dois filmes: o documentário Victory Day e a ficção A Gentle Creature (ambos sobre o fim do regime soviético). Há também as antestreias dos filmes de Eugène Green, En Attendant Les Barbares; de Claire Simon, Premières Solitudes; de Claude Lanzmann, Les Quatre Soeurs, e de Radu Jude, Tara Moarte. Destacam-se ainda os filmes-concerto, a começar pela primeira atuação a solo de John Parish, em Portugal. O músico habituado a tocar com PJ Harvey traz-nos o programa Screenplay. Há, também, o concerto de António Pedro, My Macao. E, no Indie Júnior, os filmes de Buster Keaton ganham som através de um duelo de baterias entre Quim Albergaria e Ricardo Martins. 2/3
Lucrecia Martel vem a Lisboa apresentar "Zama" e será uma das homenageadas na secção "heróis independentes" No Indie Lisboa serão exibidos 245 filmes, entre curtas e longas, espalhados pelas diferentes secções. O cinema português estará em grande destaque com 17 longas metragens em estreia e 32 curtas Indie Lisboa > Cinema São Jorge, Culturgest, Cinema Ideal, Cinemateca Portuguesa e Palácio Galveias > Lisboa > 26 abr-5 mai > €4
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