O que une e separa os filmes “Como Fernando Pessoa Salvou Portugal” e “9 Dedos” vidaextra.expresso.pt/artes/2018-10-14-O-que-une-e-separa-os-filmes-Como-Fernando-Pessoa-Salvou-Portugal-e-9Dedos
Dois filmes luso-franceses sui generis, reunidos pela coincidência de uma coprodução comum, dão à costa e fazem a diferença: “Como Fernando Pessoa Salvou Portugal” e “9 Dedos” Francisco Ferreira
23h00 14 Out 18 O que têm em comum “9 Dedos”, última longa-metragem do francês F.. J. Ossang, e “Como Fernando Pessoa Salvou Portugal”, nova curta do francês de origem norteamericana, Eugène Green? No fundo e na forma, não têm nada. Vêm, aliás, de autores extremamente peculiares dos quais se reconhece imediatamente a assinatura. Acontece que as duas obras, ambas filmadas em Portugal, são coproduções da O Som e a Fúria com parceiros francófonos — e por intermédio da distribuidora Desforra Apache, filial daquela, chegam agora às salas num ‘casamento’ que, a priori, não era nada provável. Explicação dada para o súbito encontro, passemos à primeira, que é uma comédia com imensa graça. Eugène Green, poliglota apaixonado pelas línguas românicas (a um ponto tal que evita a todo o custo falar inglês) e pelo cinema português (sobretudo Manoel de Oliveira), escreveu não há muito tempo um livro dedicado a Fernando Pessoa a que chamou “L’ami du chevalier de Pas”. Foi por essa altura que se recordou de um episódio anedótico bem conhecido nosso. É o de uma célebre frase de Pessoa, “primeiro estranhase, depois entranha-se”, achado de slogan encomendado ao maior dos nossos poetas no final dos anos 20, pelo importador luso de uma estranha bebida açucarada e gaseificada, 1/2