Viveiro de amor à camisola do Arcozelo

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ID: 83626575

23-11-2019

Meio: Imprensa

Pág: 34

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Diária

Área: 25,50 x 30,00 cm²

Âmbito: Informação Geral

Corte: 1 de 1

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"Viveiro" c_e amor à camisola do Arcozolo Miguel Conde Coutinho mccoutinhoOjn.pt

FILME Existem por aí mui-

tos "senhores Cunha" ou "donas Conceição", figuras omnipresentes e sempre invisíveis que garantem que as máquinas das instituições nunca param. Dentro de "Viveiro", título que remete de imediato para uma abordagem a um microcosmos - aqui o lugar são as paredes verdes e gastas de um pequeno clube -, "São" e Cunha são trazidos para a linha da frente da bolha reconhecível dos balneários, bancadas e traseiras de um campo de futebol. São eles os improváveis protagonistas de um documentário rodado no Sporting Clube de Arcozelo, em Gaia, por Pedro Filipe Marques, que irá ser exibido

hoje, às 16.30 horas, no dia em que arranca a 6.a edição do festival de cinema Porto/Post/Doc. Acontece que, embora identificável, esse pequeno mundo em que "São" e Cunha vivem é um mundo só deles, deles e dos seus meninos, com uma vivência que reflete dinâmicas únicas. Quem já passou por um pequeno clube perceberá que "Viveiro" é uma amostra fiável das minudências de que todas estas comunidades precisam. Mas quem ver "Viveiro" vai notar que "São" e Cunha são grandes personagens, e pessoas ainda maiores, imprescindíveis e insubstituíveis. "Viveiro" foi gravado entre novembro de 2016 e dezembro de 2017 e dentro de cada plano deste filme cabem todas as pequenas coi-

sas que os dois funcionários têm de tratar. Numa só imagem, pode haver cestos de equipamentos, caixas de detergentes e chicletes, embalagens de cartão esquecidas em estantes metálicas. Conceição fala sobre os "kispos" que tem de lavar ou sobre os novos equipamentos (que são "muito bonitos", mas que a "obrigam a ir para o tanque"). É ela quem varre, quem cose meias, quem pendura as camisolas, quem se preocupa: "Ai meu Deus, são duas e meia, estão a chegar os meninos!". Os meninos retribuem como meninos. Uns ignoram, outros dão um beijinho. Conceição pede-lhes vitórias.

Cunha, menos expansivo, separa chuteiras, trata do recinto, assegura-se que o relvado se mantém em condições, até que um dia chegue a desejada renovação. SEM VER FUTEBOL

Em todas as imagens há diligência e dedicação. "O filme cresceu com eles", explica ao JN Pedro Filipe Marques, que tinha o objetivo inicial de fazer um documentário sobre futebol jovem, sem o mostrar. "Todos conhecemos já as histórias do futebol, são muito familiares", acrescenta o realizador, que não estava inted. no fenóme-

Conceição faz, nos bastidores, o Arcozelo andar

no desportivo. "Queria fugir da abordagem do negócio, das grandes contratações". O Arcozelo recebeu o autor de "A nossa forma de vida"(2011) de "braços abertos", longos como os dos protagonistas. Eles são o faz tudo e pouco interessa aqui o como o executam. Apenas o que resulta da observação lenta dos seus múltiplos trabalhos. Ambos são o olhar que a câmara explora para nos devolver o amor não declarado a esta comunidade de dezenas de miúdos e famílias. O filme foi premiado no DocLisboa com o galardão de Melhor filme da competição portuguesa e está incluído na secção "Cinema falado" do Porto/Post/Doc, que este ano elegeu o tema "Identidades" e vai decorrer em vários salas da Baixa, até 1 de dezembro. •

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Documentário vencedor do DocLisboa é exibido hoje, primeiro dia do Porto/Post/Doe

EXEBIÇÃO

Curta-metragem de Leonor Teles rodada no Porto A curta de Leonor Teles "Cães que ladram aos pássaros", selecionada para a competição de Veneza 2019, e gravada no Porto no âmbito do Cultura em Expansão, da C.M. Porto, conta a história de uma família da cidade, interpretada por ela própria. Sucede à longa "Terra Franca" (2018) e à curta "Balada de um batráquio" (2016) - Urso de Ouro na Berlinale 2016. É "uma história de ficção, mas que tem uma base documental", explicou a realizadora ao JN. Será exibida a 3o de novembro.


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